353 Brasil
353 Brasil
353 Brasil
/
...
I
INFORME SOBRE A SITUAQAO TERRITORIAL E
DEMOGRAFICA NO ALTO XINGU
PEDRO AGOSTINHO
1 - Introdu~o
'
La situación del indígena en América del Sur 357
2 - Evolu~áo demográfica
grupos, muito aculturados, vivem nos POs tos Indígenas Simoes Lopes, Rto
NOvo e Batovf.
Em 188 7, os Bakairi Oci,dentais tinham um total de 81 indivfdUOS',
distribuidos por trés grupos locais (Schmidt 1947:12-16), e, em 1884, os
Ocidentais contavam com 165 habitantes em quatro das aldeias. do Bat'Dv1.
Esta média de 41 h . por aldeia darla, para as 9 existentes em 18 8 7, 3 6 9
in:divfduos. ~·o entant o, nesta última data Galvao e Simoes consideram
apenas 8 aldeias , ou seja, urna populagáo avaliável e m 3 28 habitantes.
Sem opta r entre a s a valiagóe.s , cabe-nos apenaS' asslnalar que, de 1886 A
segunda década .do sécu1o seguinte, a de p'()pulagao dos altos Batovi e Ku-
lisehu atingiu os cem por cento. Em 1901, havia no Paranatinga 34 xtn.
guanos emigrados , que até '1915 chegara m a 180 (Schmtdt 1947: 27 ) ,
mas neste a no , em s ua aldeia d ésse vale, sobravam apenas 9. Os outros
haviam-se d ispersa do. Ignoramos quantos Bakairí de origem xinguana exis-
tirá'() ainda: sornados a seus iguais de octdente, cifram-se hoje em 230
indivt1u os, nos trés postos que citamo.s . (Kietzman 1967:29) , e isto, em
térmos da regiao que nos tnt er1essa, significa a extin~ao dos Bakairt
Orientais.
Restam-nos agora os Trumai, o pequeno grupo a loglótioo de que v. d .
Steincn encontrou 43 fn,d ividuos (1942 :2 26, 416-17), mas n ao seria éste
todo o conU.ngente tribal, porquanto em 1938 , quand·o gue-r ras e epidemias
já os tinham atin gido duramente, Quain arrolou 43 individuos na aldeia
onde viveu. Em 1948, Lima registrou 18 indios, mas Ober g dá um total
de 25. Em 1953 , SimoeS' d e parou-se com uma aldeia Jl1)voada por 18 indi-
viduos; mas, ao declarar-se a epidemia de sarampo, éles eram 21, redu-
zidos a 19 apó.s as duas mortes causada ~ pel a doen~a . No cens o de 196 3.
Simoes e ncontrou 21 Trumaí. '1 7 na aldeia e 4 no pOsto Diaua rum (Si-
moes Ms. ) , e outros havia. -Oigpersos P"Or diferentes tr'ibos. Aliás, é isto
que parecem tradu zir as m á ximas e mínimas que verifica m<0s : aquelas
seriam as do total de Trumaf r ecenseadas em d et erminado ano, estas as
dos residentes na alde,i a. Nao se tratarla, portanto, de bruscas oscila~oes
demográfica s, nem de erros d e recenseam ento, e sim de critérios divers<0s
adotados pelos investigadores. Em 1966 , Monod contou 26 Trumaf, e na
epidemia de gripe de 1970 éles eram25. I sto nos leva r ía a intel1pretar os
dados da forma que segue: entre 1884 a 1948, é imp-oss:lvel determ1nar
a intensidade da depopula~áo , que há d E) t er sido gra nde. De 1948 a 1954 .
o ritmo de reduGao teria abrand ado pois de 25 cafram a 21 a·ntes, e a 19
depois do surto .1 e sarampo, parla logo se recuperarem até obterem 26
individu'O s em 1966, d epois do que perderam a.inda um . :Esse seria o quadro
ao constderarmos a penas as m áximas popu lacionais , que nao coincidem
com a popula~áo da aldeia: · esta, que em 1948 apresentava sinais de
franca extin~ áo, ch egou a inexistir há um ou dois anos, quando, tendo Q
ftlho do chefe sido atacado d e paraUsia. os Trumaf passaram a residir
no POsto Diauarum. Tal fato nao implicou ·n uma dissol uGiio do grupo,
qu e, recentem ente (já o dissemos ) , passou ao POsto L eonardo Villas B-oas
( Olympio Serra, con1unicagao pessoal) . Segundü nos inforrna ram ; a r e-
organiza~ao da tribo como entidade social integrada e autOnoma conta
com algumas perspectivas; em 1963 Mário Simoes observou que ela t en -
t ava reunir seu s eleme nt os .disper sos, e é possível que a mudan~a para o
ambiente mais propicio do POsto Leonardo favor ec;a a te ndén cia. Aqui, a
rnaior fa cilidade de intercasame ntos com tribos cult uralmente afins talvez
lhes permita eludir a extingao, que há duas décadas lhes estava reservada.
O panorama, individualizado por tribo, que acabam·os de esbogar,
fica. longe de um r etrato fiel do que foi a a~áo e efeito d as compulsóes
qiótica s e ecológicas a que os xing uanos ficaram s ubrnetidos pelo apareci-
mento dü civilizado. Vimos o ·desaparecimento das 8 ou 9 alde1as Baka1rf,
suplantado somente pelo da.s do grande agrupamento Nahu'k wá: das 1'5
que ·eram, restam 3. , produto da fu.sáo m ais oü menos demorada ·de outros
La situación del indígena en América del Sur 363
3 - Epidemias
familia de um deles, que, desgostosa pela perda de um filho, se des '. ocou
para perto d·o que lhe resta va. O primeiro grupo t eve, ao contrárío do
segundo intenso convivio com os civilizados e s·eus germes, e pode-se sus-
peitar que os colhid·os pela gripe pertencessem dominantemente aquele
último; e daí a altíssima percentagem de complica~ oes, 83 o/o.
Aplicaríamos a-os Kayabi do POsto raciocinio semelhante. ~stes vieram
de suas terras nos formadores do Tapajós em tres etapas: os primeiros
fizeram rela!t6es com os Villas Boas em 1950, no Rio Peixoto de Azeve.ao,
e, déles, aproximadamente 40 mudaram-se para as proximidades de Diaua-
rum em 1955 (Simoes 1963:81). Em 1966, nóvo grupo se transferiu do
Rio do.s Peixes para o Parque, seguido, em 1970, por outra parcela da
tribo, essa originária <lo Rio S. Benedito.
Do pessoal indígena do Posto os que ocupam posi ~oea de maior res-
po-nsabilidade pertencem ao primeiro contingente Kayabi, mas recente-
mente membros de outras levas vieram juntar-se-lhes. Isto explicaría o
motivo de, com uma percentagem de incidéncia tao baixa q uanto 2·0 % ,
as complica~oes montarem a 215 % : esta corre.sponderiam, tal vez, a mem-
bros dos grupos mais recentes. Há a. acrescentar que, de modo geral, o
aspecto fisico dos Kayabi é mais fi1.anzino que o dos xinguanos.
Quanto a éstes, apresentaram r ssistencia que c·omparativamente se
aeve considerar boa, com a exce~ao dos Trumai, cujo convivio, aliás, foi
menos intenso nos últimos anos. Isso eonfirma o que se disse ao finalizar
o capítulo anterior e pode ser verifica·do no quadro n.0 3.
Ainda no dominio da contamina<;ao por doen!tas alienígenas, há um
ponto a considerar. A depopulacao do Xingu foi prjovocada por epidemias,
práticas restritivas da natalidade, e guerras (em m enor escala); mas, cu-
mulativamente e sem tintas de catástrofe. háo- de ter C'Ontribuído decisi-
vamente outras doenca.s, endémicas principal-m ente, trazida.s também pelo
civilizado. Diante disto, cobra grande importa.ncia a artgumenta!tao de Darcy
Ribeiro a favor de ter sido ~ malária levada ao Xingu pelo branco (1970:
281). Esta endemia oolaborava decisivamente para a alta mortalidade in-
fantil, sobretudo pela infec!tao das criancas nascidas uo início e durante
a estacáo chuvoS'a, antes de adquirirem a lguma resistencia física. A situa-
cáo peñlurou até que a administracáo de anti-maláricos a pOs sob controle
e e1iminou um obstácul'O que, aliado A baixa fertilidade, dificultava o in-
cremento populacional (13). Neste caso, como provavelmente noutros, a
presen!ta continua de um pOs'to assistencial foi de fundamental importan-
cia para a superacaQ do ponto crítico entre a extingáo e a sobrevivéncia
com possibilidades de crescimento. Crescimento este que, estruturalmente,
se revela va potencial na piramide Kuikúro de 1954 (Ribeiro 19 70: 307).
4 - Situa~io de contato
lacao foi de 4 por dia, i:na.s deve-se ter em mente que há . um maior afluxo
na estaca.o seca, e uma regressao na época das chuvas.
Nesse mesmo ano de 1967, a p'Opulacá o índia do Pósto inc.uia lo
Kayabi, tres <léle.s casaaoi::, cujo grau de. acuituriacao e muho super10J.' ao
dos xinguanos. Destes, havia :ti morando no local,. e ainda, 1 'l'xukahamat::
e 1 ~uyá. o contingente total se·r ia, portanto, de 36 inciivíduos•. ta doa
quais indios e 13. civilizadQ.s (Lima l:t67: Z8). Em l~ti~, o numero de
brancos permanentes subira, po_r causas tortuitas, para 12, mas nao ternos
dados. quant.o aos flutuantes e aos indios. :F'aitan també1n e.1.ement'Os re-
ferentes a populacao passageira em l,:t '/O; mas o.s civilizaaos fixos haviam
v:oltado a ser nove, enqua~to 9s Kay'abi subiam a 20 e <0,s Txukahamae
a 11. Há a acrescentan.lhes um número ignoraao de xinguanos. De qual-
qu-er forma, nesse ano a populacao do Pósto alcan~ou um mínimo de -iO '-1
in°aivíduos.
As tendencias .sao nítidas: enquanto os "quadros" civilizados se mau- 1
tem estacionários (e o.s vi~1tantes ~alvez ..el)tejam e.m aumento), os auxilia-
res indígenas acusam significativo incremento, diretamente relaconado a
expansao dos servic;_o s assistencia'is e de subsistencia do Parque, que de-
pendem dos indios para nao r·e crutar · mao..de-obra externa..
O outro Posto pertence a :F'órca Aérea Brasileira, e em 1966 tínha
25 habitantes, um dos quais indio, e, os restantes 24, eivilizados, ass1m
distribuídos: ~ militares, 5 servidores civis e 10 agrícultores assaiariados
(Lima 19 6 7 : 3 4,) .
Preenchendo funcoes específicas e predeterminadas, nao há motiva.
<;ao para o aumento dos civilizados fixos nesses postos, de modo que a
sociedad.e naci<0nal se faz presente por uma díminuta parcela, isenta, por
.suas próprdas características e atribuigoes, da maioria dos fatóres nega-
tivos -normalmente. associados as frent t:s pioneiras. Surgiram evidentemen-
te alguns problemas, como os levanta,dos pe.a existéncia de uma popu-
lagao exc1us.ivament.e masculina no Póst·o Jacaré, e pelas tensoes,. aliás de
pouca gravidade, entre os xinguanos e os indios de cultura diversa que
trabalham no Posto Leonardo. Suas maiores possibilidades de interagáo
com civilizados,_ e de acesso ª'ºS ben.s destes últimos, suscitam invejas;
por outro lado, certas tarefas que lhes •e stá.o atetas (como a con-ducao- de
veiculos) transferem-1.hes uma fragao de poner e prestigio que escapa. aos
habita-ntes das aldeias, que dissQ se ressentem e o fazeni notar.
:Este problema do poder é talvez das mai.s mareantes conseqüecias da
cniacao do Parque. Sendo o POsto a única via normal e legal para a im-
portacao de assistencia médica e sobretudo de manufatur:as, viu..se inves-
tido de uma fór!;a económica que se transform()u, de imediato, em po-
tencial e logo depois efetivo poder político. :S:ste, centralizado, introdu- ..
)
ziu -novo aspecto nas relacoes inergrupais da área, que ante.s se faziam
numa. base igualitária e descentralizada: maior prestigio podía derivar
apenas das dimen.soes da tmbo, de sua generosida.de, ou de habilidades
manufatureiras intertribalmente re.conhecidas. Ou ·o renome vinha do odio
e temor que inspiravam as que se mantinham em hosti.idade. O poder
institucionalizado no POsto funciona como mediador e.ntre as tribos e a
civilizacao, ·e entre Q,s xinguanos e os ma.rginais, ten.do eliminado a guerra
endémica que com eles preva.lecia. ~·o tocante as rielacoes das tribos xin-
guanas urnas com as outras._, o Parque respeita-lhes. e pre.stigia-lhes os
mecauismos de interacáo, mas a. aprovacao . do poder supra e extratribal
é sempre desejada e to-m ada em conta, quer as decisoes se situem ao nivel
intra.tribal, quer intertribal. Por outI'o lado, os indios estao conscientes de
q~e do Parque depende a pres~rvacao de seus territórios, e, a.través dela,
.d e sua pr.ó pria .. existencia seciat ·
La situación del indígena en América del Sur 367
Kamayurá
Alveti
Walll'á
ano tonte
Yawalapití
Kulkúro
Kalapálo
Nabu.k.lvá · - ~latipúhy
Trumaí
I
Dlstn.ncfa A B e D
do P.L.iV.B. 1955-1966-1970 (1884} 1946 1954 1964
? ? ? ?
1884 - 1920 Gripes (no in- Bakairí e ? ? ? ?
det¡;rminaclos) ou t r os ( ?)
± 1 920 Grip e
"es1>anhol a "
Bakairí
O u t ras
? ? ? ? .
? ? ? ?
1946 Gripe Kala;pálo 180 individuos ? 25 ~5 13, 66 % 13,66 % Pósto Kuluen e + 15 días Galvllo 1953
1954 S a r ampo e Kamayur á 112 100 % 18 114 16,07 ? P os to Jacaré 4 meses :;y1ota, L. S. cla 1955
complicagoes Aweti 31 100 % 8 25,80 % (FBC) ~1ota, J . L. 1955
Yawalapitr 25 100 % o
vVaurá 104 100 % 21 20,1 9 %
Mehináli::u ? 7 i nd. o
Kuikúro 139 100 % 9 6,47 %
Kalapálo 150 100 % 40 26,66 %
Nahukwá ? 4 in el. o ( ?) ?
l\1atipúhy 18 a 27 100 % 9 ( '?) o a 33,33 %
Trum at 21 100 % 2 9,52 %
Outros
xiguanos 28 i no. ;) 17,85 %
Kayabí 15 10 0 % 2 13,33 %
1967 Gripe e Trikao 53 100 % 1 1 6,47 % 6,4 7 % Pos to Leona r do ? Villas B oas
pne umo nia Villa s Boas 1968 :444
(FUNAI)
MONOD, Aurora -
1970 Multili nguisme des indiens Trumai du Haut-Xing u (Br ésil Central) Lan-
gages, n.o 18 (Etnolinguistique) pp. 78-94, Paris, Larousse, jun. 1970.
M OTA, J ºªº
L eao da -
1955 A e pidemia de saram po no Xin gu, in SPI-19·5 4 : 131-144, Rio de J aneiro.
1.10TA, Lourival Seroa da
1955 Informacao (ao Sr. Diretor do SPI, com r e lacao ll. e pidamia de saran1po
grassada entre os fndio s xinguanos, em 25 de setembro de 19·54), in
SPI-1 954: 142-144, Rio d e J a n eiro
QI,JVEIRA, Adélia; AGOSTINHO, Pedro; AZEVEDO, Gilda -
ms. [ 1965) Relatório de viagem ao Alto X lngu, apresentaclo ao Dep. de An-
t r opologia da Universidade de Brasnia. Dat.
OLIVE'IRA, Roberto Cardoso de -
1955 Relatório de u rna investigacao sóbre terras em Mato Grosso, in 8.PI -
1 95 4: 173-184, Rio de Janel ro. ·
1968 Indigenis mo ou c olon ialismo? Revista C lvlllzn<:fto Brnslleirn, a. IV, n.º 19
e 20, maio -ag6sto, Rio d e Janeiro.
OBERG, Kalerno -
1953 Indino Trlbes of Northern !Unto Grosso, Brnzll . With apendlx Anthro-
pometry of the U m utina , Namb!cuara a n d Iranxe, with comparative data
fro m oth e r Nor t h ern M ato Grosso tribes by M:arshall T . Newman, Smith-
sonian I nstitution, Institute of Social Anth ropol ogy, p ubl. no 15, Was h-
ington. '
RIBEIRO, Darcy
196 7 Indigenous cul tures and langu a.i:re1< of Brazil, in Jndlnns of Brnzil In the
Twentleth Century, pp. 77-165, W ashington, Ins titute for Cross Cultural
Research.
1970 0• Indio• e n efvlliza~fto, Rio de J aneiro, Ed . Civ.ilizacao Braslleira.
RONDON, Candldo Mariano da Silva -
19·5 3 tudlos do Drusll 11: dns enhecelrns tlo Rlo X lngu, clos Rlos Arngualn e
OlnpGque, Rio de Janeiro.
SCHMIDT, Max -
1942 Est11do11 ele Etnolo~·fn Drmdleiru. Braslllo.na, Grde. Formato, vol. Il, S a o
Paulo.
1947 Los Hakairi. Rev . tlo Muse n Pnulis ta, N.S. I, 11-58, Sáo Paul o .
1947 Los Bakairi. Rev. do Musen Pnullstn, N.S. I, 11-58, Sáo Paulo .
.. SERVIQO DE PROTEQAO AOS íNDIOS
1954 SPI-1953, Rio de J aneiro.
1955 SPI-1954. Anuário das a tivi dacles do ... , Rio ele J aneiro.
SILVA, Rosa Virgfn ia Mattos e -
ms ( 1970) I nformacao prel iminar so bre o po r tugu~s fa lado na aldeia K ama-
y urá.
Sll<IOES, Mário F. -
m s. (19 63) Relat ório <le excursao. Situagáo atual das t ribos do Alt o Xingu e
do s grupos margi nais (estru tu ra demográfic a e mudanga c ultural). (Jul./
S e t. 1963) Ms. Inédito.
SJMOES, M. F . -
1963 Os Txikao e outras trlbos marginals do A l to Xingu, It.e·v . do Mu111en Pnn-
lhftn, N.S. XIV, pp: 76-101.
STEINEN, Karl V. d. -
Úl40 Entre os nborlgenes do n ·rnsil Centrnl. [Sep., Rev . do Arquivo n o XXX!V
a LVIII], S. Paulo, Departamento de Cultura.
1942 O Brnsll Central, Brasiliana, Grde. Form. , Vol. III, Sáo Paulo.
VALVERDE, Orlando -
1968a Sistema de rocas (agricultura n6made ou ilinerante). In 1 Seminario
Internnclonnl de Geog'rnfln, Lisboa, 13 a 26 de mar~o de 1967, p . 97-111,
Lisboa, Centro de Estudios G eográficos.
1968b A Amazonia brasileira. Alguns aspectos sóc io-e c on~micos. I n I Seminñ-
La situación del indígena. en América del Sur 379
,
,
56• M" ,~
\\ o 20 40 60 80 lOOknt
~
~ "'
--~---
~
~
IO" ~ 10•
"'\: ~
~
~
~
(/)
11'
»
»
1"
o
o(/)
(')
12•
-
1"
1"
a>
12•
1"
(/)
o
o
»
poliad'Os das terras que por sesmaria lhes foram doadas e m Guarapua-
va; a reivindica0ao destas terras usurpadas, e o restabelecimento do
aldeamento de Palmas, cujas ventagens s·ao manifestas en1 razao de s·ua
posi<;áo topográfica nas margens do Iguassú, parecem ser empresas di-
\ fíceis, porque para a primeira é preciso dinheiro a fim se intentare1n
as a~oes judiciais competentes, para a segunda c·onvém com muito tento
e peseveranga desvanecer a desconfian~a de que os ín.1.ios daquelas para.
gens estao dominados em razáo dos fatos que ali acorreram: algumas me-
didas tendentes ao restabelecimento e manuten!}ao déste aldeamento vos
f'Oram apreesentadas pelo Diretor dos Indios em urna representa~áo que ele
vos dirigiu". (Nabuco de Araújo, 1852:31).
O ano de '1 8 5 3 marca a separac;áo de tóda a regiao sul da provincia
de S. Paulo, que passa a constituir a província do Paraná. A maioria
dos Kainga.ng, inclusive os de Guarapuava e Palmas, do Piquiri e do
Tibagi, passam a fazer parte da nova provincia. Os grupos que perma-
n ecem em território paulista, na regiáo de Baurú, s·ó passaráo a im-
portar para os propósitos deste trabalho na primeira década do século
XX. Vale entretanto ·u,m a , última r eferéncia a documenta~ ao paulista para
urna visao de conjunto da .situa~ao indígena na provincia, em 1856, se..
gundo r elatório do presidente Roberto d'Almeida; analis1,ndo as causas
dos repetidos insucessos da acao indigenista leiga e missionária, o pre-
si.::Ien te ex-pressa a crenca de que o segrédo de trañsforn1ar indios bár-
baros em cidadaos prestantes desapareceu com os jesuítas. S. Paulo ofe-
rece urna "prova caba.l desta triste verdad e". Pelo recenseamento de 1732,
havia na província 141.1 82 indios, "os quais foram entregues pela ex-
tingao d a Companhia a administra<;áo de váTias ordens religiosas, e seu
inúmel'o em 1821 era quase nulo segundo memória do Governo Provin-
cial ao Ministro do Im.pérh'.> em 22 de f evereiro de 1827". (D'Almeida,
1856:25).
A conclusao a que chega o presidente, face as causas e remédios
desse d espovoamento das aldeias, exprime urna atitude característica-
mente anti-indígena, própria do círculos dominantes· do Império em mea-
dos do século XIX. O rela tório q uase sugere que a extincao rápida dos
indios da provincia é mais ·urna prova de sua barbárie: preferem morrer
a se civilizar e. ser úteis. Diz-., o presidente a Assembléia Provincial: "No
meu entender, senhores, enquanto os ai!deamento.s nao forem submeUdos
a um r egime especial e severo, em virtude d'O qual os indígenas, sobre..
tudo os jovens, sejam obriga.1os ao regular desempenho de certos deve-
r es, de cuja prática possa resultar sua paulatina civiliza~ao, quais, entre
outros, os de residirem efetivamente nas aldeia.s. . . de se instruirem na
do·utrina crista, de aprenderem as primeiras let ras , de se empregarem
na lavoura ou em "Oficios mecanicos, nada se pode rá obter, quer em re-
lagao ao Estado . . . q uer mesm·o em rela~áo aos indios, que continuarao
a permanecer nos antigos hábitos de vida errante e de barbaría, tra.
zendo sempre em continuo sobressalto as provoacoes vizinhas". (Relat.
cit.: 25).
~·aturalmente , nada se diz do· preco pago pe-~os índios por éste enga.
jamento que, em última análise, esclarece as causas de seu rápido 'exter-
minio. Na verda-Oe, os problemas existenciais dos fndiüs náo tém qualquer
imp'()rta.n cia, a na o ser quando referidos como utilida.:le ou entrave a rea.
lizac;ao dos inter ésses da .s ociedade nacional. Como se ve, as teses da sub-
missao do indio a um "regime severo" (A Carta R,égia de 18:018, que
manda fazer guerra aos Kaingang usa os mesmos termos ) de expoliacao
e violencia, C'Ontínuam atua.ntes na ideología oficial do império, e assim
será até o fin do regim e.
Na recém-criada provincia do Paraná, os sérios problemas vividos pe-
los Kaingang dos campos de guarapuava foram agravados pe'a nomea~ao
d e um rico faze ndeiro da vila de Castro, Manoel Ignacio do Canto e Silva,
La situación del indígena en América del Sur 389
Nao será necessário esgotar as- fontes <le informa~ao sóbre os Kain.
gang durante o século XIX para demostrar a continuidade do processo
de violencia e de expolia~aQ territorial como padrao definidor das rela~oes
entre a sociedade regional e ésses indios. Sao selecionados a seguir alguns
ele.mente>s exemp:' ificativos de tal S'itua~ ao nas províncias do Paraná, de
Santa Cata.rina e do Río .Grande do Sul, passando-se a seguir ! análise de
La situación del indígena en América del Sur 391
Santa, Cata1·ina
praticada com tOda a p ru d encia , "correndo a des pesa com éste servi~o
por c·onta daqu e le cidada o , a utorize,j o Dr. Oh efe d e Polícia a despender
com ba t e d·or es do m a t o, n o Tubarao, 20•0 m il r éis" ( R elat . Cit., Sta.
Cta., 1 88 3 : 11 ) .
I
396 Carlos de Araújo Moreira Neto
bitos e trabalhos de nossa sociedade é a s·ua mor te" ( Rel. cit.: p. 19) .
Os <...n·os qu e se seguem, até a extin<;ao do regime monárquico, m ar.
caráo urna decadencia lenta mas continuada dos vários aldeamentos Kain-
gang da província, com a transferencia ocaS'ional dos índios de alde ... n1en.
tos extintos para· Nonoái, o que causa una constante e as vézes bruscas va.
riacao no número de seus habitantes e compensa, por outro lado, as perdas
por desercao ()U depopulagáo. Em 1880, por exemplo, eram rE.gistrados os
seguintes aldeamentos Kaingaug no Río Grande .do Sul: Nhacorá ("tribo''
Fong: 250 hab.); Guarita (Fong: 11:0 hab.); Pinheiro Ralo (Fong: 140
hab.); Nonohay· "tribo" Non·ohay: 285 hab.); Campo do Meio (?: 90
hab.); Pontáo ("tribo" Dobie, que afinal se negou a ser internada e1n
Nonoái: 20 O hab.) ; Cé.zeros prováve.1nente "triho" do capitáo Chico:
140); Camp·os de José Bueno(?: .50 hab.). O aldeamento de Guarita, re-
nascido após a transferencia de todos os seus habita..nte,s para Nonoái, eru
1854, foi mais urna vez extinto em 1880, por solicitacao de faz.endeiros
da área, que alegavan prejudicar os indios a tranqüílidade da regíao con1
correrías, roubos e outros atos agres&iv·os. Os índios evacuado·s de Gua.rita
deveriam ser aldeados em Nhacorá ou Pinheiro Ralo ( Rel. Pres. Thompson
FlOres, RGS, 18 8 O).
A última informagao sObre os grupos do RGS é extraída de un rela-
tóri() do Pres Galdino Pimentel, encaminhado a Assembléia Legislativa
em 1889: •o s indios esta.o empenhados na abertura de estradas em direcao
aos aldeamentos de lnhacorá, Estiva e Campina do Meio. É provável
que alguns deS'ses aldeamentos se tenham extinguido antes de fim do
século, pela fixacao de co:onos nacionais ou estrangeiros nas regioes t'Ol'-
nadas accesiveis pelas entradas. Mai una vez, portanto, obedecendo aos
padroes us uais, os indios sáo engajados em urna a tividade que contraria
seus direitos e interesses mais elementares. A submissao forcada do indio
a um regin1e geral de expolia~ao, de maus tratos e de marginidade eres.
centes, e que se exprime na distancia cada vez maior que o separa do
co:ono branco, é sintetizada pelo próprio Presidente da provincia nas nor-
mas que determina para o traba1ho n us mencionadas estradas: os indios
trabalharao nestas obras "em troca de comida diária", sendo dirigidos
P'Ol' "pessoas competentes , com gratificacoes razoáveis" (Rel. Cit., RGS:
p . 3 4).
Ltda ... , de que nao foi concluido o abate dos treze mil quinhentos e cin-
quenta e oito pinheiros a que tinha direito essa firma, em virtude da
inexisténcia dessa quantidade na área daquele POsto Indígena, o que deu
motivo a um pedido de transferéncia do saldo para outra área indígena.
causa ainda maior estranheza a circunstancia de ser o próprio Servic;o d b
Protecao aos indios que concorda coro ésse pedido de transferéncia, au-
torizando a continuaga"O do abate do alegado saldo de pinheiros, na área
do Pósto Indígena de Xapecozinho, municipio de Xanxeré, Estado de San-
ta Catarina" (p. 5). A comissao concluí que, para uma autorizagao ini-
cial de abate de 24. 700 pinheiros em Cacique Doble, foram na verdade
abatidas mai.s de 150.000 árvores. "Dessa f-orma, a área que ostentava
a exuberante floresta de pinheiros do Pósto Indígena de Cacique Doble,
atualmente é revestida de uma vegetac;ao expontanea e rasteira, i·ncapaz
de neutralizar a agao do vento e da chuva, aliando-se a maior inimiga do
solo, a erosa(). Restam em Cacique Doble de 800 a 1. 000 pinheiros em
condic;oes de corte, assim inesmo dispersos e em locais de dificil a cesso"
(pp. 8-9).
Em Nonoái e Guarita, a situac;ao era a mesma, com a agravante de
que foram também arrendadas t erras para o cultivo de terc·e iros, que pas-
saram a ocupar área muito s uperior a originalmente fixada. A partir
désses acontecimentos, a situaQao nos diversos aldeamentos comeQou a de-
teriorar-se: em 1963, a área d e Nonoái já havia sido ... invadida por cente-
nas de agricultores, e os indios perderam uma demanda judicial que re-
presentou () fracionamento de mais de 1. 2010 hectarbs de terras, sem que
o SPI se fizesse representar no processo. Em junho de 1963, já havia em
Nonoái mais de 600 famílias de colonos brancos, o que r epresentar ía um
total superior ao número de índi()s. Os invasores recebiam apoio e soli-
daridade d e órgáos e instituic;oes de várias tendencias, d esde os sindicatos
de agricultores "sem-terra", a políticos de nível regional .e nacional. A
Superintendéncia de Política Agrária deu amparo e prestigio aos. chamados
"sem-terra", muit'Os dos quais se apresentavam bem vestidos e conduzindo
veículos motorizados e equipamentos agrícolas modernos. · ·
A deposi~iio do governo Goulart em 1964 por um moviment_o militar
·poderia induzir a esperan~a d e novas perspectivas de solu~ao aos suces-
sivos esbulhos e violencias que se vinham cometendo contra os índios de
Nonoái e de outros toldos do RGS. Dot ado de ampl·os poderes, sem estar
preso a conveniencias ou compromissos políticos r egi·onais, supunha-se que
o novo govérno melhorasse fundamentalmente a eficácia da a~ao indige.
·ntsta, sanando abusos e ·e rros anteri·ores e garantindo aos in.dios um mi-
·n imo de condi!,;oes essenciais a vida. Tal nao se deu, entretanto: o acúmu-
lo de vicios e deformac;oes do passado, a má qua '. idade da maioria dos
!uncionários, incapazes e sem q ualq uer vincula~a·o en1ocional com o pro-
blema indígena, a submissao progressiva e irremediável aos interésses
de agricultores e explotadores de recursos florestais, inimigos tradicionais
do indio, e, finalmente, o comprometilnento total do novo diretor em uma
série de atoa irregulares e altamente danosos aos interesses indígenas,
acabou por desmoralizar de tal sorte o SPI, que o govérno viu-se obrigado
a extinguí-lo criando <>utro órgao, a Fundacao Nacional do indio.
Em rela!,;ao ao problema que vem sendo especificamente discutido, isto
é, a situacáo atual dos indios Kaingang do RGS, principalmente no que se
retere as sucessivas invasoes d-e Nonoái por intruso.s, a posic;ao da ~'UNAl
e de outros setores oficiais interessados. é caracterlsticamente cautelosa e
.
,dilatória, o que leva ao fortalecimento do "status-quo" ~·este sentido, -nao
há qualquer diferenc;a entre a a<;ao da. FU~'AI e a do SPI, ambas incapazes
de uma modificacao significat iva no sistema geral de expolia<;áo e avilta-
.mento ·a que estév.e (e está) submetido o índio. Em 1963, os ·c riadores
de gado de Barra do Gorda invadiram urna aldeia Timbira, mataram al.
La situación del indígena en América del Sur 405
dfzer-lhe que éles seriam e xpulsos. A 200 m etros do local do encontro, so-
freu uma emboscada, tendo sido d isparados dois tiros contra o ji~ em que
la com dois indios. Es<!apou por sorte, pois haviam colocado paus na es-
tra.da para retardar a marcha do jipe. Esclareceu o Sr. Francisco Bra.s tle iro
que, em sua ida, tomou conhecimento de que houve várias violencias dos
fnvaso~s contra os indios. P essoalmente, esteve com um indio que apresen-
tava o rosto todo marcado por chicot adas, e tomou conhecimento de outro
nas mesmas condic;oes. Na o sabe in!ormar o que estará ocorrendo com os
que ficaram em Porongos e Pinhalzinho" (Jornal do Brasil, 8-7-1969).
0
por vosSú meio annualmente conta de todo o progresso que resultar desta
minha paternal providencia em beneficio da maior cultura e augmento de
povoa!;ao, ficando multo a vosso cargo e dando-vos toda a resP"OnsabiU-
dade sobre a obrigayáo, de que vos incumbo, de fazer subir tod<>s os annos
a minha real presenc;a esta conta pela reparti~ao de Guerra e pela da Fa-
zenda, com todas aquellas reflexoes que vossa intelligencia e zelo pe!o
meu real servi<;:o puder suggerir-vos. O que assim tereis entendido e fa-
reis executar com<> nesta vos ordeno. Escripta no Palacio .10 Río de Ja-
neiro em 5 d e Novembro de 1808.
PRINCIPE.
I
CARTA R~GIA - de 1.0 de Abril de 1809
PR,INCIPE.
MC NICKLE, D' Arcy - "Las trius indias de los Estados Unidos". Editorial
Universitaria de Buenos Aires, • . . 1965.
METRAUX, Alfred - "The Kaingang" in Handbook of South American Indian
Tribes. voJ. I. Smithsonian Institute, "\-Vashlngton, 1946.
1"10NIZ BARRE'TO, Domingos A. B. - "Plano sobre a civiliza~a.o dos Indios
do Brasil". Revista do Instituto Historico e Geografico Brasilelro., t.
XIX, Rio de J"aneiro, 1856.
1\IOREIRA NETO, C. A. - "Constan te Histórica do Indigenato no Brasil".
Atas do Simpósio sObre a Biota Amazónica, v. 2 (Antropolog1a), Rio de
Janeiro, 1967.
MORENO e outros, Jayme - "Relatório n. l 2. 504/61". Comissao de Sin-:11·
canci.a do Sub-Gabinete Militar no Río Grande do Sul. POrto Alegre, 16.
9. 61. Cópia nos arquivos do SPI.
NIMUENDAJú UNKEL, Curt - "As Leudas da CriaQao e destrui~ao do .Mundo
co.mo Bases da Religiao dos Apapocuva-Guaranl". Traduzido por F. W.
Sommer, M. S. do Museu Nacional, do original em Zeitss·chrift fur Ethno-
logie, Berlim, 1914.
PAULA SOUZA, Geraldo de - "Notas sobre urna Visita A. Acampamentos de
Indios Caing·angs pelo Dr ... ". Typographia do Diário Official, Sao Paulo,
191:8.
PE'RDIGA.O -? vIALHEIRO, A. M. - "A Escravidao no Bras il". Parte 2.ª -
Indios - Typ. Nacional, Rio de Janeiro, 1867. r
Provincia do Paraná:
8 - RELA TóRIO com que o Exm. Sr. Dr. Carlos Thompson .lí..,lores
passou a Administrac;ao da Provincía ele Sao Pedro do Río Grande
do Sul ao 3er. Vice-Presiden te o Exm. Sr. Lr. Ant'Onio Corréa. d~
Oliveira a 15 de Abril de 1880; este ao Exm. Sr. Dr. Henríque
d'Avila a 19 do mesmo mez a Falla com que o ultimo abrio a 2•
Ses.sao da ·isa Legisiatura d'AS'Sembléa Provincial no dia 1.0 de
Maio de 18 8 o . Porto Alegre . Typ . A Reforn1a. 18 8 O•
1 - Os Xokleng
Il - Os Kaingang.
,
GRUPOS .INDfGENAS DO BRASIL
b) ·nome da tribo;
(1) Ver Eduardo GALVAO: "Areas Culturais I ndfgenas do Bras ll: 1900-
1959", In: Bolettm¡ do Museo Paraenee Emilllo Goeldl. N . S. Antro.p·ologta, n. 0 8;
Belém, Pará, 19·6 0.
Reproduzido em: J'an1ee H. HOPPER (Ed.): lntllane nf Brazll tn tite
Twendetll CenturT. Washington, ln stitute for Cross-Cultura.! Research, 1967.
426 Sllvio Coelho Dos Santos
Fonte•s
AC Acre
AL Alagoas
AM Amazonas
AP Ama:pá
BA Bahia.
GO Goiás
MA Maranhao
l\1G Minas Gerals
MT Mato Gross o
PA Pará
l'B Paratb-a
PE Pernambuco
PR Paraná
RA Roraima
RO Rond~nla
RS Rio Grande do Sul
se Santa Catarina
SP Sao Paulo
La aituación del lndigena en América del Sur 427
12 -
alto-Uraricá'á (RA); 17 (MI)
A WETI - tupi, V
Parque Nacional do Xingu (MT); 41 (EP)
13 BAKAIRI - karib, V
Paranatinga e RiQ NOvo (MT); 230 (K), 230 (SIL·)
14 BANl\VA (incl. Curipaco, Karupáka) - arawak, I
I~ana (Af\f) e ColOmbia; 1. ·0100 ? (K)
20 DIARRól - ? , IV
Rio Préto, alto-Marmelos (AM); 100 (K)
37 KAL'\IB'1 - portugués, XI
P . 1 . eaimbé, perto de Mirandela (BA); 500 (K)
38 KAINGANG - je, X
em vários P . 1. do Brasil meridional (SP, PR, se, R.S) ; PR: 2. 983
( FUN), 2.239(HE); se: 1.017(FUN); RS : 2 . 408(FUN), 3.651
(S'\iV ); total: 5 . 60·0 :..7.600
39 KALAPALO - karib, V
Parque Nacional do Xingu (MT); 115 (AG), 85 (EP)
4 Ot KAMAYURA - tupi, V
Parque Nacional do Xingu (MT) ; 1'18 (AG), 123 (Mtt), 128 (EP)
41 KAMBI\VA - portugués ? , XI
perto .de Serra Talhada, centro de PE; 500 (K )
42 KAMPA - a rawak, LI
cabeceiras do Juruá (Ae ) e no P eru; 115 ( K )
43 KARAJA - se, VI
ilha do Bana·n a l, Araguaia (GO) ; 8 65(K ) , 1.0 00 (FU ), 2.000(SIL)
44 KARIPUNA - tupi / portugués, 1
earipi, afluente do Uaga, P.I. Luiz Horta (AP); 400 (K), 523 (AR)
45 KARITIANA - tupi ?, 111
baixo-eandeias (RO); 45 (K)
46 KATUKINA (Kulina ?) - pan-o ? , II
rios Biá, Jandituba e perto de Feijó (AM e AC); 275 (K)
47 KAWAHIB (incl. Parintintin, Tenharim, Paranawát, Wiraféd, Tuku- )
naféd, Itogapuk e BOca Negra) - tupi, IV
entre Madeira, Roosevelt e Jiparaná, nas zonas limítrofes de AM, RO
e MT; Parintintin: 90 (SIL); total: 500 ( K)
48 KAXARARt - arawak, II /
cabel eira s do Ituxi (AM); 510 (K) A
49 KAYINÁ\VA - pano, II
rios Cha ndless, Muru, alto-Juruá e perto de Feijó (AC ) ; 100 (K); e
no P e ru
50 KAYABt - tupi, IV / V
rio dos P eixes, Teles Pires, Sao B.enedito e Par que Nacional do Xingu
(MT e PA); 1.0tO O(K ) , 250(GR ) ; no P.N.X . : 179(GR), 200(FU)
52 KOBEWA (Cubeo) - tucano, I
entre Uaupés e as cabeceir a s do Ay'ari (AM ) e na Colómbia; 500
? (K)
53 KOl{RAIMORO - je-kayapó, VI
margem direita do médio-Xingu acin1a d e S . F~lix, e Serra Econ-
trada (PA); 104 (AR)
54 KBAHó - jé-timbira, VI
marg em direita do Tocantius, sul de Carolina ( GO); 50:0l(FU), 519
(ME)
G5 KRIKATl - jé-timbira, VI
ao norte de Imperatriz (MA); 100 (K), 19 6 (AR)
430 Sllvio Coelho Dos San~
61 MAií.U - se, I
entre Uaupés e Japurá (AM), na ColOmbia e na Venezue la; 300 (K),
1. 0.00 (Mtl), 150 (SIL)
1
88 POYANAWA - pano, II
a :to-Móa (AC); 50 (K)
89 PURUBORA - tupi ? , III
cabeceiras do Sao Miguel (RO); 100 (K)
90 SUYA - jé, V
Parque Nacional do Xingu (l\o1T); 70 (K), 75 (FU)
91. TAPIRAPJ1: -, tupi, VI
rio Tapirapé (MT); 50 (K), 1001(FU)
432 Silvio C.o elho Dos santos
92 TARIANA - araw.ak/tu-cano, 1
médio e baixo-Uaupés (AM); 5'0·0 (K)
93 tupi, VII
.' l'E)liBÉ -
entre Gurupi e Acará (PA); 200 (K), no Gurupi: 60 (AR)
94 TER11:NA (Guaná) - arawak, VliíI
entre os rios Miranda e Aquidauana (MT); 5.000-6.000(K).
6.000(SIL)
e 97
ra) -
~
I
Abreviaturas:
Arnaud, Expedito
1961 Breve noticia sobre os índi·os Asuriní e Parakanan; Río Tocantins,
Pará. In: Boletim do Muse u Paraense Emílio Goeldi, N.S., An-
tropología N. 0 11; Belém.
Notas sobre a •·1uta armada entre indios e castanheiros"' de 1927 a 1953
(p. 1), a "pacificagü.o'· dos Asuriní em 1953 (P. 1-8) e as t entatíva.s <te
pacificar os Parakanan a partir de 19 2 7 (p. 18-2 O).
1964 Notícia sobre os índlos Gavioes de Oeste - Rio Tocantins, Pará.
In: BlVIP, ~·.s., Arnropol ogia N. 0 20; Belém.
História dos conf litos entre os ditos indios e a popula~ao regional, repre-
sentada por tres frentes da penetra~ao ec"Onómica extr activa ( ca!,itanhei-
ros, seríngueiros, garimpeiros) e pela "pacificagao" dos G. (p. 1-13) .
19 6 7 Grupos t upi do 'l'ocantin.s. In: Atas do SimpóS'io sobre a biota
amazOnica, vo •. 2:57-68; Rio de Janeiro.
História <ta luta arn1ada c-ontra os Parakanan e Asuriní e da "pacifica~ao"
pelo Servi~o de Prote~áo aos índios.
0
Ualdus, Herbert
1962 Métod·os e resultados da a~ ao indigenista no Brasil. In: RdA 10:
27-42.
Análise critica do indigenismo brasiieiro e do seu fracasso.
Chia1·a, Vilma
1968 Le processus d'exterminat.ion des Indiens du Brésil. In: Les Temps
Modernes 270: 1072-1079; París.
Noticias de vários crimes cometidos recentemente contra tribos brasileiras.
"Si les victin1es de ces guerres permanentes restent nombreuse.s, la sur-
vie des s·ociétés indigenes est tout autant menacée sur le plan économique:
l'appropriation sy·stématique de leurs t erres par les propriétaires brési-
liens les conduit peu a peu a la ruine. Ce processus se poursuit silencieuse-
ment, malgré les garanties données par le S. P. I., puisque les délimita-
tions que cet orga nis·me avaint fixées ne sont pas reconnue.s par les
g'Ouvernements des ti::tats ou sont situées les terres en question'' (p. 1073).
Frikel, Protálrio
19 6 3 ~·o tas
sObre a situacao atual dos in.dios Xtkri-n do rio Caeteté. In:
R.MP 14 : 145-168.
N'Otas sObre a Iuta da ·populac;ao r eig onal contra os X . ; chacinas e "ex-
pedicoes punitivas" (p. 1,47-149'), prostituigáo forc;ada (p. 154-165), es-
poliaciio econOmica e discriminagao racial (p . 156-158) .
Fuerst, René
1969 (a) Gegenwartige Lage und dringende volkerkundliche Forschungsaur-
gaben bei brasilianischen Wildbeutern. In : BICUAER 11:107-125.
Dados sobre a situa~ao atual dos grupos Nambikwára, Xavante, Kayapó e
Yanomamt.
1969 (b) Deux tribus Gé non étu.diées par Curt Nimuendaju. In: Bulletin
de la Société suisse des Américani.stes 3 3: 12-21 ; Geneve.
Ligeiras noticiaS' refer entes a<0s Xavante e Xikrin.
Grünberg, ~org
:¡
Jobhn, Danton
1970 O problema do indio e a acusac;lo de genocidio In: Mintstério da
Justic;a, Conse 1 ho de defensa dos direitos da pessoa huma·n a Bo-
letim N.o 2: Brasilia.
Relatório, aprovado pelo Conselh'O de Defesa dos Direitos ·d a Pessoa Hu-
mana, sobre a acusagao contra o Govérno brasileiro de praticar ou tolerar
o genocidio, visand'O a exterminar grupos indígenas.
"No caso do Brasil, mesmo que se qualifique de genocidio certas ac;óes
levadas a efeito por particulares ao longo da faixa pioneira, onde o civili-
zado se encontra com tribos indígenas, a política do Govér·no Federal
sempre !oi a .de proteger o fndio ameagado de perseguic;oes e de exter-
minio" ( p . 6) .
"Assim, nao se pode fa 1 ar de questao racial no caso dos conflitos
entre brancos (térmo de conotac;ao mais cultural que racial, no Brasil)
e os remanescentes da populac;ao indígena. ~'inguém odeia o fndto por-
que éle é i·ndio. O antagonismo surge no momento em que se encontram
as duas !ronteiras culturais, entre mentalidades que se chocam e até se re-
pelem, pois cultivam tábuas de valores totalmente distintas, vendo o
mundo por prismas diferentes, 'O que faz com que o pioneiro branco
enxergue no f.ndio um estranho, um ser inferior, quando multo uma
crianga grande e mal-educada, de maus hábitos , que se pode tornar agres-
siva e perigo.sa" (p. 8) .
"O problema se poe, geralmente, o.uando o civilizado eomec;a a cobi~ar
as terras dos indios, terras que sft.o reconhecidas como suas e est!o de-
limitadas na carta. Af come<;a o drama, náo na avers!o racial pelo indio.
Dai vém os crimes que poderiam ser chamados melhor de latrocfnio que
de genocf.dio, urna vez que o elemento preponderante no delito é a tnten-
gáo <ie roubar, mesmo que seja preciso matar.
"Há. casos em que pessoas a servi<(o do Govérno sáo cúmplices ou autoreS'
désses crimes ou déles se locupletam. Em conseqüéncia de inquérlto já
citado, no antigo Servi~o de Protegao aos fn.1.ios, apuraram.se revoltantes
casos dessa espécie e numerosos servid.ores foram punidos. na esfera admi-
nistrativa, inclusive com a demissa'O do Servi<;o Pú bUco" (p. 9) .
"Mesmo considerado a falsidade ou exagéro, devemos reconhecer honesta-
mente que nossos governos, se tem manti.1.o urna pilftica indígena que ser-
viu de modélo as normas baixadaS' em Rec-omenda<;ao da 39 .Q. Conferéncia
Internacional do Trabalho para o tratamento dos indios, náo fizeram tudo
o que deveriarn fazer para assegurar o respeito aoi:i seus direitos. Abusos
tém sido tolerados, quase sempre pela impoténcia dai:r autoridades incum-
bidas de zelar pela sorte de indio, mas nA.o se pode afirmar, em s! conscfén-
cia, que o Governo brasileiro "patrocine" a Uquida<;ao dos remanescentes
dos grupos i·n dfgenas" (p. 12).
1\-Iatta, Roberto da
1963 Notas sobre o C'Ontato e a extinc;ao dos índios Gaviües do médio río
Tocantins. In: RMP 14:182-202.
Estuda o processo de extingao dos G. por mo tivos economicos.
"Vemos assim , que o indio Gaviao recebeu 'OS atributos de se'vagem, cruel
e assassino, na medida em que a sua presenc;a na área era marcada por
atos puramente defensivos de seus territórios e também que a transfor-
macao do papel de guerreiro por ele desempenhado, corresponde a duas
fases da 'Ocupac;ao da á r ea do m édio Tocantins: a primeira c¡uando as
populac;oes r egionais evitavam os indios sabedoras que era1n de sua capa..
cidade de reagao violenta. A segunda destas fases marca o mom ento em
que a extracao dos produtos vegetais provoca o sur gíment·o de um outro
sistema econOn1ico. :Esse siste1na resultou numa altíssima integragao dos
núcleos regionais (transporte de castanha, pontos de abastecilnent·:) e es-
coamento do produto), e também em agencias de fin a nciamento de explo-
rac;ao das matas, e urna classe de proprietários de terras e capitais. O
medo ao fndi'O passou a nao ser mais suficiente para manter afastados os
regionais. For taleceu-se, em conseqüencia, a visáo do indio Gaviao como
um obstáculo a ser eliminado a to do custo" (p. 187 ).
La situaclón del indígena en América del Sur 439
l\'Iétraux, ~lfred
Saake, Wilhelm
1967 Erste Kontakte der Canoeiro, Nord-West Mato Grossos mit der Kul-
tur der Weissen. In: Sta.den-J ahrbuch 15: 31-5·0 ; Sao Pau!o.
Notaa sObre os contlitos sangrentos entre Aripaktsa e aeringueiros na ár.a
do Juruena. O autor responsabiliza os aeringallstas de Cuiabá e o ¡o-
vérno mato-grossense (p. 38).
44'6 S1lvio Coelho Dos Santoe
Schaden, Egon
1965 Acultura<;áo Indígena. Ensaio sóbre os fatores e tendencias d e
tribos indias em contacto com o mundo d·os brancas. In: RA 13:
1-31 7.
O título sintetiza o conteúdo do trabalho. Importante para a análise das
relagoe.s intertribais e da interacao entre grupos indígenas e agentes ci-
vilizados.
1967 Acultura<;áo e assimla<;füo dos indios no Brasil. In: Revista do Ins-
tituto de Estudos Brasileiros 2: 7-14; Sáo Paulo.
Neste artigo, o autor chega a co-nc:u sáo: "Enguanto o indio continua a
identificar-se e a s e:r identificado com·o tal, a m el ho r ajuda que se lhe
pode dar será, por certo, combater os preconceitos de que é vítima e que
em grande parte ele próprio aprende u a endossar" (p. 14) .
Turner, Terence
1971 Brazilian Statute of the Indian: Resolution 8. In: Newsletter of
the American Anthropological Association 12(1):16; Washington.
Riesoluc;ao apresentada a American Anthropological Association. Chama a
aten9ao para os efeitos desastro.sos do Titulo III. ("Das Terras e Áreas
Ocupadas"), dq novo Estatuto do fndio, que se torno u lei no día 8 de no-
vembro de 1970.
Sectiou III departa from the heretofore prevailing Indian law of Brazil
in several crucial respects, which are fraught with extreme danger to the
cultural integrity and physical survival of the indigenous populations of
t he country. It deprives Indians of the legal right of ownership of the
lands they inhabit (guaranteed to them by the previous Indian law) and
vests all ownership and subsoil mineral rights in such lands in the na-
tional government. It then states five legal grounds for removal of in.di-
genous populations from their native lands by the national gov~rnment,
by force it necessary. ( ... ) .
Following so close1y upon the revelations of the atricities and massacres
of Indiana perpetrated by private interests in collaboration with the old
Indian Protection Service, which led to a world outcry and a major re-
!orm of the Indian Service by the Brazilian government, this new law
provides official legal sanctions for some of the worst abuses of the old
system.
elege o Parque Indígena dü Xingu como área para recoloca<;ao dos gru-
pos indígenas afastados de s·eus territórios tradicionais, o próprio Par-
que é concreta e indiretamente a mea<;ado como "reserva" ou área de
refúgio por urna rodovia pionerira (BR.-808), que ü corta diagonalmen-
te. Isso quer significar que os indios sáo afafrtados de s uas regioes pela
pressáo do progresso trazido pela SUDAM: e pela rodovia Transamazo-
nica e transferid'Os a outra área que é, concomitantem ente, submetida as
m esmas compu ~soes . Vale acentuar que a defesa da BR-080 como ins-
trumento de aculturagao sustentada energicamente pelaFUN.AI, deveria,
por coeréncia necessária, estend er -se as áreas indígenas hoje existentes
no curso da Transamazónica. A única alternativa possível a e.s ta hipó-
tese nao faz justi<;a a FUNAI, a SUDAM, a SUDECO e aos outros órgaos
administrativos e de planejament-o: é a qu e consagra o v elho axioma bra-
sileiro, de raízes coloniais, segundo o qual os indios S'iio basicamente
inca pazes de progredir e de ser úteis e aos quais n ao se reconhecem
quaisquer direitos.
Os signatários do presente, do m esm'O modo que seus ilustres ante-
cessores que firma r am em 1 908 o documento do Museu Nacional, está.o
convencidos de que é possfvel, a despeito e além d e qualsquer interés.
ses ou preco·nceitos eventuais e m·om entaneos, se nsibilizar os setoreS'
mais responsáveis da sociedade nacional , impondo ao prob~ ema do indio
urna solu~ao mais justa e hu1nana.
Nesta esp eran~a . firman o presente docu1nento.
Sfüo Paulo, 19 de maio d e 197'1.
1
Moto Grosso
\
'
Brasilia
'·-·-· 11
Rio de Janeiro
XI - Brasil
Áreas Culturais:
N
1 Norte-Amazonas
II Juruá-Purus
III Guaporé
IV Tapaj ós-Madeira
V Alto Xingú
VI Toca·n tins-Xingt1
VII Pindaré-Gurupi
o 250 500 750 VIII Paraguai
IOOOkm
IX Paraná
X Tieté-Uruguai
XI Nordeste
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org