Fichamento O Capital
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Capítulo 1 - A Mercadoria
-Mercadoria = “um objeto externo, uma coisa a qual pelas suas propriedades satisfaz
necessidades humanas de qualquer espécie. A natureza dessas necessidades, se elas se
originam do estômago ou da fantasia, não altera nada na coisa.” (p.165)
“Descobrir esses diversos aspectos e, portanto, os múltiplos modos de usar as coisas é um ato
histórico.”
-Valor de Troca = “a relação quantitativa, a proporção na qual valores de uso de uma espécie
se trocam contra valores de uso de outra espécie, uma relação que muda constantemente no
tempo e no espaço.” (é relativo) A troca pressupõe que “algo em comum da mesma grandeza
existe em duas coisas diferentes”, portanto uma relação quantitativa.
“Ao desaparecer o caráter útil dos produtos do trabalho (mercadoria), desaparece o caráter
útil dos trabalhos neles representados, e desaparecem também, portanto, as diferentes formas
concretas desses trabalhos, que deixam de diferenciar-se um do outro para reduzir-se em sua
totalidade a igual trabalho humano, a trabalho humano abstrato.” (p.168) Assim, o que o
valor de uso e o valor de troca têm em comum, não é uma propriedade da mercadoria,
mas o trabalho humano medido pelas horas para produzí-la, é a substância que dá valor
as coisas nos preços, por meio do dinheiro. Na época, durante o padrão-ouro, era reproduzida
a equivalência na compra e venda do valor do ouro.
-A medida que as técnicas de produção avançam, mais barata é a mercadoria que resulta dela:
“Genericamente, quanto maior a força produtiva do trabalho, tanto menor o tempo de
trabalho exigido para a produção de um artigo, tanto menor a massa de trabalho nele
cristalizada, tanto menor o seu valor.” (p.170)
“Uma coisa pode ser útil e produto do trabalho humano, sem ser mercadoria. Quem com seu
produto satisfaz sua própria necessidade cria valor de uso mas não mercadoria. Para produzir
mercadoria, ele não precisa produzir apenas valor de uso, mas valor de uso para outros, valor
de uso social.” (p.170)
“O trabalho cuja utilidade representa-se, assim, no valor de uso de seu produto ou no fato de
que seu produto é um valor de uso chamamos, em resumo, trabalho útil.”, assim “Valores de
uso não podem defrontar-se como mercadoria, caso eles não contenham trabalhos úteis
qualitativamente diferentes.”
“Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição
de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade
natural de mediação do metabolismo entre homem e natureza e, portanto, da vida humana.”,
mas não necessariamente transformação de valores de uso em mercadoria.
“as mercadorias apenas possuem objetividade de valor na medida em que elas sejam
expressões da mesma unidade social de trabalho humano, pois sua objetividade de valor é
puramente social e, então, é evidente que ela pode aparecer apenas numa relação social de
mercadoria para mercadoria.” (p.176)
-Deve-se reduzir o valor das mercadorias à mesma unidade, pois “Somente como expressões
da mesma unidade, são elas homônimas, por conseguinte, grandezas comensuráveis.” (p.178)
“Ao equiparar-se, por exemplo, o casaco, como coisa de valor, ao linho, é equiparado o
trabalho inserido no primeiro com o trabalho contido neste último. [...] Somente a
expressão de equivalência de diferentes espécies de mercadoria revela o caráter específico do
trabalho gerador de valor, ao reduzir, de fato, os diversos trabalhos contidos nas
mercadorias diferentes a algo comum neles, ao trabalho humano em geral.”
Aristóteles: “É, porém, em verdade, impossível que coisas de espécies tão diferentes sejam
comensuráveis, isto é, qualitativamente iguais. Essa equiparação pode apenas ser algo
estranho à verdadeira natureza das coisas, por conseguinte, somente um artifício para a
necessidade prática.” O que representa a igualdade entre as coisas é o trabalho humano,
este expresso socialmente como trabalho humano igual, mas “não podia Aristóteles deduzir
da própria forma de valor, porque a sociedade grega baseava-se no trabalho escravo e tinha,
portanto, por base natural a desigualdade entre os homens e suas forças de trabalho.” (p.187)
“Nossa análise provou que a forma de valor ou a expressão de valor da mercadoria origina-se
da natureza do valor das mercadorias, e não, ao contrário, que valor e grandeza de valor
tenham origem em sua expressão como valor de troca.” (p.188)
→ o valor da mercadoria vem de sua natureza (o trabalho humano) ≠ a mercadoria tem
valor pois é possível trocá-la por outra de igual valor. (forma equivalente da mercadoria)
→ o entendimento da segunda forma de valor da mercadoria nos leva a acreditar que “O
número de suas possíveis expressões de valor é apenas limitado pelo número de espécies de
mercadorias diferentes dela.” (p.189), escondendo de nós o primeiro entendimento e
equiparando todos os trabalhos a qualquer outro trabalho.
“O produto de trabalho é em todas as situações sociais objeto de uso, porém apenas uma
época historicamente determinada de desenvolvimento — a qual apresenta o trabalho
despendido na produção de um objeto de uso como sua propriedade “objetiva”, isto é,
como seu valor — transforma o produto de trabalho em mercadoria. Segue daí que a
forma simples de valor da mercadoria é ao mesmo tempo a forma mercadoria simples do
produto do trabalho e, que, portanto, também o desenvolvimento da forma mercadoria
coincide com o desenvolvimento da forma valor.”
→ O produto do trabalho em nossa sociedade só se tornou mercadoria, pois se entendeu que
o trabalho gasto em sua produção adiciona valor a este objeto. Assim, com o aprimoramento
(desenvolvimento) dessa mercadoria, isto é, o aprimoramento das técnicas para produzi-la,
mais valor é adicionado à mercadoria.
"A forma mercadoria e a relação de valor dos produtos de trabalho, na qual ele se representa,
não têm que ver absolutamente nada com sua natureza física e com as relações materiais que
daí se originam. Não é mais nada que determinada relação social entre os próprios homens
que para eles aqui assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas.” (p.198)
“os homens relacionam entre si seus produtos de trabalho como valores não porque
consideram essas coisas meros envoltórios materiais de trabalho humano da mesma
espécie. Ao contrário. Ao equiparar seus produtos de diferentes espécies na troca, como
valores, equiparam seus diferentes trabalhos como trabalho humano.” (p.200)
→ “o caráter de valor dos produtos de trabalho apenas se consolida mediante sua efetivação
como grandezas de valor.” e foi assim que os produtores entenderam o valor de seu trabalho.
“É exatamente essa forma acabada — a forma dinheiro — do mundo das mercadorias que
objetivamente vela, em vez de revelar, o caráter social dos trabalhos privados e,
portanto, as relações sociais entre os produtores privados.”
-“os personagens econômicos encarnados pelas pessoas nada mais são que as personificações
das relações econômicas, como portadores das quais elas se defrontam.” (p.210)
-Pressuposto para a troca: “Todas as mercadorias são não-valores de uso para seus
possuidores e valores de uso para seus não-possuidores. [...] Se o trabalho é útil para outros,
se, portanto, seu produto satisfaz as necessidades alheias, somente sua troca pode
demonstrar.” (p.210) → “O primeiro modo, pelo qual um objeto de uso é possivelmente
valor de troca, é sua existência como não-valor de uso, como quantum de valor de uso que
ultrapassa as necessidades diretas de seu possuidor.” (p.212)
-“Ser equivalente geral passa, por meio do processo social, a ser a função especificamente
social da mercadoria excluída. Assim ela torna-se — dinheiro.”(p.211) → mercadoria geral
-“A constante repetição da troca transforma-a em um processo social regular. Com o correr
do tempo, torna-se necessário, portanto, que parte do produto do trabalho seja
intencionalmente feita para a troca. A partir desse momento, consolida-se, por um lado, a
separação entre a utilidade das coisas para as necessidades imediatas e sua utilidade para a
troca. Seu valor de uso dissocia-se de seu valor de troca. Por outro lado, torna-se a relação
quantitativa, em que se trocam, dependente de sua própria produção. O costume fixa-as como
grandezas de valor.” (p.213)
-“Essas coisas, ouro e prata, tais como saem das entranhas da terra, são imediatamente a
encarnação direta de todo o trabalho humano. [...] O enigma do fetiche do dinheiro é,
portanto, apenas o enigma do fetiche da mercadoria, tornado visível e ofuscante.”(p.217)
Capítulo 4 - Transformação do Dinheiro em Capital
-Quem é capitalista? “O valor de uso nunca deve ser tratado, portanto, como meta imediata
do capitalismo. Tampouco o lucro isolado, mas apenas o incessante movimento do ganho.
Esse impulso absoluto de enriquecimento, essa caça apaixonada do valor é comum ao
capitalista e ao entesourador, mas enquanto o entesourador é apenas o capitalista demente, o
capitalista é o entesourador racional.” (p.273)
"O meio circulante (!) que é usado para fins produtivos é capital." (MACLEOD. 1855)
"Capital (...) valor que se multiplica permanentemente." (SISMONDI.)
- A troca:
para o valor de uso = transação em que ambas as partes ganham
para o valor de troca = “Onde há igualdade, não há lucro”
“Afirmar que a mais-valia para os produtores surja de que os consumidores pagam as
mercadorias acima do valor significa apenas mascarar essa simples frase: o possuidor de
mercadorias possui como vendedor o privilégio de vender caro demais.” (p.280)
"O intercâmbio de dois valores iguais não aumenta a massa dos valores existentes na
sociedade nem a diminui. O intercâmbio de dois valores desiguais (...) também não altera
nada na soma dos valores sociais, já que acrescenta à fortuna de um o que retira da do outro."
(SAY,) → portanto, nenhum dos dois exemplos tem mais valia. → “A circulação ou o
intercâmbio de mercadorias não produz valor” (p.282)
“Mostrou-se que a mais-valia não pode originar-se da circulação, que, portanto, em sua
formação deve ocorrer algo por trás de suas costas e que nela mesma é invisível.” (p.283)
→ o trabalho!!
“O que, portanto, caracteriza a época capitalista é que a força de trabalho assume, para o
próprio trabalhador, a forma de uma mercadoria que pertence a ele, que, por conseguinte,
seu trabalho assume a forma de trabalho assalariado. Por outro lado, só a partir desse instante
se universaliza a forma mercadoria dos produtos do trabalho.” (p.288)
→ “O valor da força de trabalho, como o de toda outra mercadoria, é determinado pelo tempo
de trabalho necessário à produção, portanto também reprodução, desse artigo específico. [...]
o valor da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência necessários à
manutenção do seu possuidor.” → representado no valor de um salário, incluindo os meios
de sobrevivência de seus substitutos, seus filhos.
“o trabalhador adianta ao capitalista o valor de uso da força de trabalho; ele deixa consumi-la
pelo comprador, antes de receber o pagamento de seu preço; por toda parte, portanto, o
trabalhador fornece crédito ao capitalista.” (p.291)
→ “O processo de consumo da força de trabalho é, simultaneamente, o processo de produção
de mercadoria e de mais valia.”
“Toda matéria-prima é objeto de trabalho, mas nem todo objeto de trabalho é matéria-prima.
O objeto de trabalho apenas é matéria-prima depois de já ter experimentado uma modificação
mediada por trabalho.” (p.298)
→ meio de trabalho: “A própria terra é um meio de trabalho, mas pressupõe, para servir
como meio de trabalho na agricultura, uma série de outros meios de trabalho e um nível de
desenvolvimento relativamente alto da força de trabalho.” (p.299) ex: pedra e madeiras
trabalhadas e animais domesticados. → “Não é o que se faz, mas como, com que meios de
trabalho se faz, é o que distingue as épocas econômicas.”
“O trabalho gasta seus elementos materiais, seu objeto e seu meio, os devora e é, portanto,
processo de consumo. Esse consumo produtivo distingue-se do consumo individual por
consumir o último os produtos como meios de subsistência do indivíduo vivo, o primeiro,
porém, como meios de subsistência do trabalho, da força de trabalho ativa do indivíduo. O
produto de consumo individual é, por isso, o próprio consumidor, o resultado do consumo
produtivo um produto distinto do consumidor.” (p.302)
2.O processo de valorização
(o capitalista) “Quer produzir não só um valor de uso, mas uma mercadoria, não só valor de
uso, mas valor e não só valor, mas também mais-valia.” (p.305)
Não quer produzir o produto em si, mas o seu valor é o que lhe interessa.
→ processo de produção = processo de geração de valor no tempo socialmente necessário
“O fato de que meia jornada seja necessária para mantê-lo vivo durante 24 horas não impede
o trabalhador, de modo algum, de trabalhar uma jornada inteira. O valor da força de
trabalho e sua valorização no processo de trabalho são, portanto, duas grandezas
distintas. Essa diferença de valor o capitalista tinha em vista quando comprou a força de
trabalho. [...] Na verdade, o vendedor da força de trabalho, como o vendedor de qualquer
outra mercadoria, realiza seu valor de troca e aliena seu valor de uso. Ele não pode obter
um, sem desfazer-se do outro. O valor de uso da força de trabalho, o próprio trabalho,
pertence tão pouco ao seu vendedor, quanto o valor de uso do óleo vendido, ao comerciante
que o vendeu. (p.311)
“A jornada de trabalho não é, portanto, constante, mas uma grandeza variável. É verdade
que uma das suas partes é determinada pelo tempo de trabalho exigido para a contínua
reprodução do próprio trabalhador, mas sua grandeza total muda com o comprimento ou a
duração do mais-trabalho. A jornada de trabalho é, portanto, determinável, mas em si e
para si, indeterminada.” (p.346)
→ no capitalismo, não é possível que a duração do mais-trabalho seja zero
“O capitalista apóia-se pois sobre a lei do intercâmbio de mercadorias. Ele, como todo
comprador, procura tirar o maior proveito do valor de uso de sua mercadoria. De repente,
porém, levanta-se a voz do trabalhador, que estava emudecida pelo estrondo do processo de
produção:” (p.347)
“O capitalista afirma seu direito como comprador, quando procura prolongar o mais possível
a jornada de trabalho e transformar onde for possível uma jornada de trabalho em duas. Por
outro lado, a natureza específica da mercadoria vendida implica um limite de seu consumo
pelo comprador, e o trabalhador afirma seu direito como vendedor quando quer limitar a
jornada de trabalho a determinada grandeza normal.” (p.349)
→ “a regulamentação da jornada de trabalho apresenta-se na história da produção capitalista
como uma luta ao redor dos limites da jornada de trabalho — uma luta entre o capitalista
coletivo, isto é, a classe dos capitalistas, e o trabalhador coletivo, ou a classe trabalhadora.
“Entende-se, pelo exposto, por que o relatório da Comissão classifica os oficiais de padeiros
entre os trabalhadores de vida curta, que, depois de terem a sorte de escapar à dizimação
normal de crianças que se verifica em todos os setores da classe trabalhadora, raramente
alcançam o 42º ano de vida.” (p.366)
“Em alguns ramos, as meninas e as mulheres trabalham também à noite junto com o pessoal
masculino.”432: [...] “Essas mulheres que trabalham junto com os homens e que pelas
roupas mal se distinguem deles, sujas e enfumaçadas, expõem-se à degenerescência de
caráter, causada pela perda de seu auto-respeito, conseqüência quase inevitável dessa
ocupação não feminina.” (p.371) → Marx, como um homem de seu tempo, expondo uma
visão particular a respeito do sexo feminino e sua “degradação” no sentido tradicional.
“O capital não tem, por isso, a menor consideração pela saúde e duração de vida do
trabalhador, a não ser quando é coagido pela sociedade a ter consideração.” (p.383)
→ É interessante observar a essa altura da obra o conceito de “capital” sendo usado como
um sujeito, que coage, que faz. Com impulsos regidos por leis próprias. Entretanto não é um
sujeito! Capital é uma relação encarnada por sujeitos. → “A livre-concorrência impõe a cada
capitalista individualmente, como leis externas inexoráveis, as leis imanentes da produção
capitalista.”
“responde o autor do Essay on Trade and Commerce: “a humanidade em geral tende, por
natureza, para a comodidade e indolência, comprova a experiência fatal com o
comportamento de nossa plebe da manufatura, que não trabalha, em média, mais que 4 dias
por semana, salvo no caso de encarecimento dos meios de subsistência.” (p.388)
6. A luta pela jornada normal de trabalho. Limitação por força de lei do tempo
de trabalho. A legislação fabril inglesa de 1833/64
“Um quantum maior de mercadorias prontas tem, por exemplo, de ser fornecido em
determinado prazo. O trabalho é por isso dividido. Em vez de o mesmo artífice executar as
diferentes operações dentro de uma seqüência temporal, elas são desprendidas umas das
outras, isoladas, justapostas no espaço, cada uma delas confiada a um artífice diferente e
todas executadas ao mesmo tempo pelos cooperadores.”(p.454) → “Por um lado a
manufatura introduz portanto, a divisão do trabalho em um processo de produção ou a
desenvolve mais; por outro lado, ela combina ofícios anteriormente separados.” (p.455)
“Essa relação externa do produto acabado com seus elementos de diferentes espécies torna
aqui, como em fabricações semelhantes, acidental a combinação dos trabalhadores parciais na
mesma oficina.” (p.459)
→ “Na medida em que tal manufatura combina ofícios originalmente dispersos, ela reduz
a separação espacial entre as fases particulares de produção do artigo. O tempo de sua
passagem de um estágio a outro é reduzido, do mesmo modo que o trabalho que media
essa passagem.” (p.460)
“Uma vez que as diferentes funções do trabalhador coletivo podem ser mais simples ou
mais complexas, mais baixas ou mais elevadas, seus órgãos, as forças de trabalho individuais,
exigem diferentes graus de formação, possuindo por isso valores muito diferentes. A
manufatura desenvolve portanto uma hierarquia das forças de trabalho, à qual corresponde
uma escala de salários.” (p.465) → “surge a simples separação dos trabalhadores em
qualificados e não qualificados.”
→ “A desvalorização relativa da força de trabalho, que decorre da eliminação ou da
redução dos custos de aprendizagem, implica diretamente uma valorização maior do
capital, pois tudo que reduz o tempo de trabalho necessário para reproduzir a força de
trabalho amplia os domínios do mais-trabalho.” (p.466) (Quanto mais específica a função no
processo de produção, menos conhecimento sobre todo o processo e assim mais barata a mão
de obra, pois é menos custosa mantê-la)
“Enquanto a divisão do trabalho no todo de uma sociedade, seja ou não mediada pelo
intercâmbio de mercadorias, existe nas mais diferentes formações sócio econômicas, a
divisão manufatureira do trabalho é uma criação totalmente específica do modo de
produção capitalista.” (p.473)
“Ela (a força de trabalho) apenas funciona numa conexão que existe somente depois de sua
venda, na oficina do capitalista. Incapacitado em sua qualidade natural de fazer algo
autônomo, o trabalhador manufatureiro só desenvolve atividade produtiva como acessório da
oficina capitalista.” (p.475)
1.Desenvolvimento da maquinaria
“A máquina, da qual parte a Revolução Industrial, substitui o trabalhador, que maneja uma
única ferramenta, por um mecanismo que opera com uma massa de ferramentas iguais ou
semelhantes de uma só vez, e que é movimentada por uma única força motriz, qualquer que
seja sua força.” (p.11)
“Como qualquer outro componente do capital constante, a maquinaria não cria valor, mas
transfere seu próprio valor ao produto para cuja feitura ela serve. À medida que tem valor e,
por isso, transfere valor ao produto, ela se constitui num componente de valor do mesmo. Ao
invés de barateá-lo, encarece-o proporcionalmente a seu próprio valor.” (p.21)
→ “A produtividade da máquina se mede portanto pelo grau em que ela substitui a força de
trabalho humana.” (p.25) → “Como ele (capitalista) não paga o trabalho aplicado, mas o
valor da força de trabalho aplicada, o uso da máquina lhe é delimitado pela diferença
entre o valor da máquina e o valor da força de trabalho substituída por ela. (p.26)
3. Efeitos imediatos da produção mecanizada sobre o trabalhador
c) Intensificação do trabalho
“que a redução forçada da jornada de trabalho, com o prodigioso impulso que ela dá ao
desenvolvimento da força produtiva e à economia das condições de produção, impõe maior
dispêndio de trabalho, no mesmo tempo, tensão mais elevada da força de trabalho,
preenchimento mais denso dos poros da jornada de trabalho, isto é, impõe ao
trabalhador uma condensação do trabalho a um grau que só é atingível dentro da jornada
de trabalho mais curta.” (p.42)
4. A fábrica
“A maquinaria não atua, no entanto, apenas como concorrente mais poderoso, sempre pronto
para tornar trabalhador assalariado “supérfluo”. Aberta e tendencialmente, o capital a
proclama e maneja como uma potência hostil ao trabalhador. Ela se torna a arma mais
poderosa para reprimir as periódicas revoltas operárias, greves etc., contra a autocracia
do capital.” (p.66)
“Os fatos verdadeiros, transvestidos pelo otimismo econômico, são estes: os trabalhadores
deslocados pela maquinaria são jogados da oficina para o mercado de trabalho, aumentando o
número de forças de trabalho já disponíveis para a exploração capitalista. [...] Assim que a
maquinaria libera parte dos trabalhadores até então ocupados em determinado ramo
industrial, o pessoal de reserva também é redistribuído e absorvido em outros ramos de
trabalho, enquanto as vítimas originais em grande parte decaem e perecem no período de
transição.” (p.72)
“De forma alguma o economista burguês nega que surjam também aí aborrecimentos
temporários; mas onde existiria uma medalha sem reverso! Para ele, é impossível outra
utilização da maquinaria que não seja a capitalista. A exploração do trabalhador pela
máquina é, por conseguinte, para ele, idêntica à exploração da máquina pelo trabalhador.
Quem, portanto, revela o que realmente ocorre com a utilização capitalista da
maquinaria simplesmente não quer sua utilização, é um adversário do progresso social!
(p.73)
“Sua riqueza (dos capitalistas) crescente e a diminuição relativamente constante dos
trabalhadores exigidos para a produção dos gêneros de primeira necessidade geram,
além de novas necessidades de luxo, simultaneamente novos meios para sua satisfação. Uma
parte maior do produto social transforma-se em produto excedente e uma parte maior do
produto excedente é reproduzida e consumida em formas mais refinadas e mais variadas. Em
outras palavras: cresce a produção de luxo. O refinamento e a diversificação dos produtos
brotam igualmente das novas relações de mercado mundial, criadas pela grande indústria.”
(p.76)
pag.76 do pdf
mais valia relativa = a redução do tempo socialmente necessário para a produção “por meio
de métodos pelos quais o equivalente do salário é produzido em menos tempo.”
"A mera existência dos patrões transformados em capitalistas, como classe especial, depende
da produtividade do trabalho." (RAMSAY. An Essay on the Distribution of Wealth.
Edinburgo. 1836. p 206.) “Se o trabalho de cada homem fosse suficiente apenas para produzir
seu próprio alimento, não poderia haver propriedade.” (RAVENSTONE, Op. cit., p. 14.)
→ “o mais-trabalho de um torna-se a condição de existência do outro.” (p.140)
“Do mesmo modo como o trabalhador individual pode fornecer uma quantidade de
mais-trabalho tanto maior quanto menor for seu tempo de trabalho necessário, assim, quanto
menor for a parte da população trabalhadora exigida para a produção dos meios de
subsistência necessários, tanto maior a parte dela disponível para outras obras.” (p.141)
“Na realidade o trabalhador adianta, de fato, seu trabalho ao capitalista durante uma semana
etc. de graça, para no final da semana etc. receber seu preço de mercado; isso faz dele,
segundo Mill, um capitalista! Na planície, até montes de terra parecem colinas; que se meça a
trivialidade de nossa burguesia hodierna pelo calibre de seus “grandes espíritos”.” (p.146)
“Neste capítulo, tratamos da influência que o crescimento do capital exerce sobre o destino
da classe trabalhadora. Os fatores mais importantes nessa investigação são a composição do
capital e as modificações que ela sofre no transcurso do processo de acumulação.” (p.245)
“As massas de capital soldadas entre si da noite para o dia pela centralização se reproduzem
e multiplicam como as outras, só que mais rapidamente e, com isso, tornam-se novas e
poderosas alavancas da acumulação social.” (p.259)
“Como a demanda de trabalho não é determinada pelo volume do capital global, mas por
seu componente variável, ela cai progressivamente com o crescimento do capital global,
ao invés de, como antes se pressupôs, crescer de modo proporcional com ele.” (p.260)
→ quanto mais capital global, menos pessoas empregadas.
“Não basta à produção capitalista de modo algum o quantum de força de trabalho disponível
que o crescimento natural da população fornece. Ela precisa, para ter liberdade de ação, de
um exército industrial de reserva independente dessa barreira natural.” (p.265)