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RESUMO – A grande preocupação com o meio ambiente e as condições finitas das fontes
energéticas não renováveis tornam importante o desenvolvimento de novas tecnologias
vinculadas a fontes de energia limpas e renováveis. O glicerol, principal resíduo da
produção de biodiesel, é um subproduto abundante e com diferentes aplicações na
indústria. Com este trabalho abordou-se a análise de uma planta industrial para a
produção de hidrogênio a partir do glicerol, por meio da reforma em fase líquida, em um
reator de leito fixo, gerando valor agregado à matéria-prima utilizada. Observou-se uma
boa produtividade no processo, impactando em baixos gastos energéticos e geração de
resíduos menos poluentes quando comparado as rotas de reforma mais tradicionalmente
utilizados na indústria.
1. INTRODUÇÃO
Dentre as inúmeras alternativas de substituição dos combustíveis de origem fóssil, o biodiesel
tem papel de destaque. Biodiesel é um combustível biodegradável, não tóxico e pouco poluente,
produzido a partir de óleos vegetais extraídos de diversas matérias-primas, que pode ser usado em
motores a diesel (LAI, 2014). Ao fim da sua rota de produção, aproximadamente 10% de todo o
produto final é constituído por glicerol, que após um processo de purificação pode ser reutilizado
(FROZZA, 2014).
O processo de reforma em fase líquida, ou em inglês Aqueous Phase Reforming (APR), produz
hidrogênio gasoso através de reação catalítica dos reagentes em estado líquido (água e glicerol) em
condições de pressões elevadas e baixas temperaturas (OLIVEIRA, 2014).
O processo apresentado pela reforma em fase líquida do glicerol é composto por duas etapas.
Inicialmente ocorre a desidrogenação do glicerol, que é um processo endotérmico (ΔH = +250 kJ.mol-
1
) e corresponde a decomposição desse composto por meio da quebra das ligações da molécula. A
clivagem das ligações C-C pode originar, além dos produtos requeridos, concentrações satisfatórias
de monóxido de carbono que podem reagir e formar produtos indesejáveis. Já a quebra de ligações
C-O fornece a formação de álcool intermediário que, ao reagir na superfície do catalisador, produzirá
hidrocarbonetos (ALMEIDA, 2011).
As equações envolvidas em cada uma das etapas da reforma, bem como a equação geral estão
apresentadas a seguir:
Segundo Pérez (2014), estudos em cima dos catalisadores utilizados para a reforma líquida do
glicerol foram feitos desde que esta rota foi apontada ao longo dos anos, indicando os metais de
transição suportados como melhores resultados.
Mediante esta revisão bibliográfica, o presente trabalho tem por fim propor uma rota para
produção de hidrogênio a partir do glicerol proveniente de uma planta química de produção de
biodiesel, utilizando para isso o processo de reforma aquosa com catalizador a base de Pt suportada
em Puralox®.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O diagrama PFD, juntamente com os balanços de massa e energia das correntes do processo
desenvolvido para a obtenção de hidrogênio a partir do glicerol serão detalhados nesse tópico. Os
cálculos do presente trabalho foram desenvolvidos por método analítico utilizando o software Excel
2016.
Figura 1 – Diagrama PFD da rota química para produção de hidrogênio a partir do glicerol, utilizando
para isso o processo de reforma aquosa com catalizador a base de Pt suportado em Puralox®.
2.2. Balanços de Massa
Uma simbologia específica foi utilizada com a finalidade de elucidar os passos e cálculos
realizados para o balanço de massa do processo de produção de hidrogênio:
Correntes 01, 02 e 03: Segundo estudos de Liu et al. (2006) e Shabaker et al. (2004), para
uma melhor produção, a condição ideal de operação para o processo de APR do glicerol para
produção de hidrogênio é alcançada utilizando-se 10% de glicerol e 90% de água na corrente de
alimentação do reator de reforma catalítica. Empregando-se uma menor vazão de água acarreta
em um maior consumo de energia para aquecer-se a mistura aquosa.
Corrente 04: A equação de balanço de massa pode ser apreciada conforme a Equação 4.
Lehnert e Claus (2008) realizaram estudos onde demonstraram que uma maior atividade
catalítica para APR do glicerol é dada pela utilização de catalizador de Pt suportada em Puralox, com
uma taxa de reação para produção de hidrogênio de rH2=7,6.10-3 mol.min-1.g-1cat , 45% de conversão
de glicerol e seletividade de hidrogênio de 85%. Determinaram que havia na corrente de saída do
reformador, além do hidrogênio, CO (0,2 mol%), CO2 (32 mol%) e metano (3,3 mol%).
Esses resultados foram obtidos nas condições de 250º C e 20 bar de pressão e serão utilizados
para o desenvolvimento desse trabalho. A concentração de CO, por ser mínima comparada as outras,
foi desconsiderada.
Corrente 05: Desconsiderando perdas de massa durante a troca térmica, tem-se o balanço de
massa para o trocador de calor 1(TC01) dado pela Equação 5. O fluido frio utilizado para a troca
térmica foi a água, proveniente do TQ03, resfriando a corrente 04 para temperatura ambiente (25 ºC).
dFMet
( Fco2 FH 2 FMet ) ( FCO 2 FH 2) (6)
dT
dFCO 2
(FCO2 FH2) - (FH2) (7)
dT
Reator de Reforma (RE01): O balanço de energia para o reformador é dado pela Equação
9.
Onde ∆HRE01 é a variação de entalpia para o reator. As expressões de calor para cada uma
das substâncias envolvidas foram calculadas pela Equação 10, sendo TRE01= 250 oC.
Colunas de adsorção: O acúmulo de energia para as duas colunas de adsorção LF01 e LF02 foi
negligenciado devido às baixas quantidades de acúmulo de material.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os valores para os balanços de massa e energia calculados para o processo estudado nesse
trabalho estão apresentados nas Tabela 1 e Tabela 2, respectivamente.
Tabela 1 – Valores das vazões molares (kmol.h-1) para as correntes dos componentes utilizados na
planta química do processo de reforma em fase aquosa do glicerol para produção de hidrogênio de
acordo com o balanço de massa.
RE01 -64505118,57
46361264,11
TC01
LF01 -
LF02 -
6. CONCLUSÃO
As quantidades de CO foram mínimas com relação aos demais produtos, mostrando que o
processo APR tornam-se importantes e necessários para redução de gases poluentes.
ALVARADO, P.V.T. Catalisadores de níquel derivados de compostos tipo hidrotalcita para reforma
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CHERIC (Chemical Engineering and Materials Research Information Center). KDB. Disponível em <
https://www.cheric.org/research/kdb/ Acesso em 05-01-2016.
FROZZA, M. S.; TATSCH, A. L. Sistema sectorial do biodiesel no Rio Grande do Sul: caracterização
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LIMA et al. Estudo da capacidade de adsorção de CO2 em zeólita 13 x para a separação de gases
industriais. 4º PDPETRO, Campinas, 21-24 out. 2007.
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Research. United States, 2014.
PÉREZ, R.S. Produção de hidrogênio a partir da reforma em fase líquida do glicerol: Avaliação
econômica e logística. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos).
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Brasil, 2014.