Estudo de Caso - TCC Joy
Estudo de Caso - TCC Joy
Estudo de Caso - TCC Joy
Joy (nome fictício), 20 anos, sexo feminino, solteira, branca, residia com os pais,
graduanda em História. Procurou atendimento psicológico por estar se sentindo ansiosa
com o início do estágio extracurricular em uma escola de educação básica. Além disso,
ela relatou experimentar episódios de ansiedade desde a adolescência e dificuldades
familiares. A maior queixa da paciente era em relação aos níveis elevados de sintomas
ansiosos relacionados às atividades da universidade e às dúvidas sobre o futuro
acadêmico. Desde o momento em que iniciou a graduação, passou a desenvolver alguns
sintomas fisiológicos (palpitação, sudorese, respiração ofegante e insônia) e chegou a
pensar em desistir do curso.
Os sintomas pioraram quando a paciente precisou dar aula em uma escola pública. Joy
identificou-se como uma pessoa muito ansiosa. Ela relata que passou mal em uma
viagem após sentir um desconforto estomacal, nessa ocasião, teve a sensação de perder
o controle, de que poderia ter um ataque cardíaco e desmaiar. Outras vezes teve
dificuldades para dormir quando lembrava e eventos futuros, como sair com grupos de
amigos, organizar o conteúdo da aula e até mesmo reencontrar com o namorado.
Os sintomas pioraram quando começou a participar de um grupo de estudos em que
estava inserida, deixava-a insegura, levando-a ao comportamento da procrastinação
(adiamento de realizar as atividades solicitadas pelo professor líder do grupo). Não
sentia mais vontade de dar continuidade à universidade, alegando que um dos colegas
do grupo era autoritário e não aceitava outras opiniões.
A paciente não tinha histórico de tratamento psiquiátrico e nunca fez uso de substâncias
psicoativas. Seu pai, encontrava-se em afastamento do emprego por acidente e já
apresentou
histórico de alcoolismo (a paciente relatou que o pai havia diminuído consideravelmente
seu vício com o álcool e estavam em uma relação harmônica). A mãe, é otimista, amiga
e confidente, Joy sempre podia contar com ela.
A paciente mantinha um ciclo social restrito a poucos colegas da Universidade, sendo
que eram participantes do grupo de estudo que ela fazia parte. Sentia medo de
conhecer alguém de fora do grupo e de que essa pessoa não a aceitasse. Tinha
dificuldade em se relacionar devido sua timidez excessiva e autocobrança pessoal.
Na primeira sessão de avaliação, Joy demonstrou-se insegura e ansiosa, principalmente
quando relata suas dificuldades acadêmicas. Com a voz baixa, quase não conseguia
relatar seus obstáculos durante o estágio extracurricular em uma escola.
De acordo com o DSM-V (APA, 2014) e CID-11 (WHO, 2021), a paciente preencheu os
critérios de diagnóstico para TAG. Para tanto, Joy apresentava os seguintes sintomas:
ansiedade que persiste por vários meses; angústia significativa nas áreas pessoal,
familiar, social e educacional; e preocupação excessiva focalizada em múltiplos eventos
cotidianos.
Formulação de Caso
Joy passou a apresentar os sintomas após ingresso na Universidade, quando se viu
diante de diversos obstáculos ao lidar com a quantidade de conteúdo e trabalhos que
seriam apresentados no semestre. A paciente também passou a ter dificuldades em
lidar com um colega de grupo, que era de difícil convivência. Quando dava opinião, o
colega a criticava, além de pedir atividades complexas de última hora.
A paciente relata que durante a sua infância ocorreu um evento que desencadeou os
sentimentos de confusão e aflição. Joy descre-veu que seu pai tinha um amigo que
ficava dando abraços e beijos em seu rosto, o que a deixava extremamente
desconfortável. Joy passou por um acontecimento traumático, aos 17 anos, vivenciou
uma situação que testemunhou um acidente auto-mobilístico ao andar de bicicleta em
uma determinada rua perto de sua casa. Pensar nesse evento gerava na paciente pen-
samentos como: “foi horrível ver aquilo”; “estava confusa e cul-pada”; “não consegui
expressar tristeza”.
Depois que a paciente passou a namorar, sentiu-se com-preendida e que pode contar
com o apoio dele de modo incon-dicional. O namorado foi diagnosticado com depressão
e faz tratamento psiquiátrico e psicológico. Pensar nele gerava na paciente pensamentos
positivos como: “mesmo com depressão ele consegue enxergar a vida de forma
positiva”; “admiro ele”; “passou por tanta coisa e continua lutando”; “sei o quanto a te-
rapia é importante para o tratamento dele”.
Diante disso, evitava falar de seus problemas para seu na-morado, principalmente por
medo de ocasionar uma piora durante o tratamento dele para depressão. Devido à
ativação de sua insegurança, a paciente passou a apresentar dificulda-des para lecionar,
especialmente pelo medo de cometer erros e fugir dos planos de aula. Os gatilhos eram
ir para a escola e pensar que precisava realizar uma boa aula para os alunos. Pensar
nessa circunstância gerava em Joy pensamentos como: “se pudesse não cometia
nenhum erro”; “fico apavorada só em pensar que posso errar”; “não vou dar conta”. Joy
apresentou crenças de desamparo formadas possivel-mente devido às autocríticas que
fazia sobre seu desempenho ao lecionar e da possibilidade de errar.
Além disso, apresentava dificuldades de expressar suas opiniões sobre os trabalhos pro-
duzidos no grupo de pesquisa que participava.Suas crenças eram ativadas em situações
que não conseguia obter bom desempenho, mantendo estratégias comportamen-tais
compensatórias de passar o fim de semana todo realizando os planos de aula. Outras
vezes deixava para repassar os con-teúdos que ministraria nas aulas de última hora,
mantendo-se na procrastinação. Ao abandonar seus planos, era conduzida a um estado
de excesso de angústia e aumento de ansiedade, reforçando sua crença de
incapacidade.
Quais possíveis planos de tratamento para este caso?
Quais possíveis intervenções e procedimentos?
Quais possíveis obstáculos?
Quais possíveis resultados?