Apostila AÃ Ã o 1 (1o Bimestre)
Apostila AÃ Ã o 1 (1o Bimestre)
Apostila AÃ Ã o 1 (1o Bimestre)
“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos.
Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm
tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus
ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão,
agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre
o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os
estorva no falar, no comer ou no beber.”
“Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram
para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-
lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam por a mão; e depois a tomaram como que
espantados.”
“Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram
comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho
numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em
uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora.”
“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e
Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá́. Águas são muitas; infindas. E em tal
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á́ nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o
melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será́ salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
Essa carta nos revela muitas questões sobre a chegada dos portugueses nas terras
do chamado “Novo Mundo”, tal como suas ambições e seu primeiro contato com a
população nativa. Esse primeiro registro escrito sob o olhar do colonizador conecta a
nossa história com a de Portugal, ao mesmo tempo que revela que antes de sua chegada
aqui já havia grupos portadores de cultura, hábitos e vivencias próprias.
O mundo indígena
Estudos apontam que o território brasileiro deve ter sido povoado há pelo menos
15 mil anos por diferentes grupos humanos, o mapa acima mostra os grupos indígenas
distribuídos pelo território que hoje constitui o Brasil. Na época da chegada dos
portugueses estima-se que havia aqui cerca de 3 milhões de pessoas, segundo
informações divulgadas pela FUNAI. Eles pertenciam a grupos étnicos diferentes,
falavam suas próprias línguas e tinha ritos religiosos específicos. Temos registros
arqueológicos anteriores à chegada da frota de Pedro Álvares Cabral (imagem abaixo),
tal como histórias que se replicavam na oralidade. Contudo, as fontes escritas, como já
foi dito, foram elaboradas apenas com o contato com europeus. Muitas coisas sobre a
cultura dos povos nativos foram perdidas, atualmente existem 274 línguas indígenas
registradas, estima-se que muitas desapareceram sem a chance de serem sequer
registradas.
De uma forma geral o que temos de material escrito sobre o período dos
primeiros contatos entre europeus e nativos é de autoria de cronistas, viajantes e,
especialmente, jesuítas. Dessa forma, muitas vezes a representação dos povos nativos
foi feita através do exotismo, da magia ou da ingenuidade. Assim, a análise da
sociedade e dos costumes indígenas é de extrema complexidade, seja pela dificuldade
de obtenção de dados, seja pelo preconceito e incompreensão.
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
metade entre 1500 e 1570, mas precisamos considerar também transmissão de doenças
até então desconhecidas.
O mundo português
No entanto, essa viagem não era nada fácil, muitas foram as expedições que
fracassaram na missão, uma delas foi a de Pedro Álvares Cabral que, impossibilitado de
contornar a África, chegara em 1500 na costa brasileira. Vale lembrar que antes de 1500
já figuravam em alguns mapas portugueses a representação de terras que constituíam o
Brasil, mas ainda não se tinha a real dimensão sobre o território. Na ponta do continente
africano havia o chamado Cabo das Tormentas, que dado à corrente marítima de
Humboldt levava as caravelas para longe do seu objetivo e cada vez mais próximo das
terras desconhecidas, por isso chamadas de “Novo Mundo”. Após a viagem bem
sucedida de Vasco da Gama o Cabo das Tormentas mudou de nome passando a se
chamar “Cabo da Boa Esperança”. Essa dificuldade ficou eternizada no poema “Mar
Português” de Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
(Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html)
Dicas
Exercícios
(ENEM – 2020)
1 - Os pesquisadores que trabalham com sociedades indígenas centram sua atenção em
documentos do tipo jurídico-administrativo (visitas, testamentos, processos) ou em
relações e informes e têm deixado em segundo plano as crônicas. Quando as utilizam,
dão maior importância àquelas que foram escritas primeiro e que têm caráter menos
teórico e intelectualizado, por acharem que estas podem oferecer informações menos
deformadas. Contrariamos esse posicionamento, pois as crônicas são importantes fontes
etnográficas, independentemente de serem contemporâneas ao momento da conquista
ou de terem sido redigidas em período posterior. O fato de seus autores serem
verdadeiros humanistas ou pouco letrados não desvaloriza o conteúdo dessas crônicas.
PORTUGAL, A. R. O ayllu andino nas crônicas quinhentistas: um polígrafo na literatura brasileira
do século XIX (1885-1897). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
(ENEM 2020)
2 - Para dar conta do movimento histórico do processo de inserção dos povos indígenas
em contextos urbanos, cuja memória reside na fala dos seus sujeitos, foi necessário
construir um método de investigação, baseado na História Oral, que desvelasse essas
vivências ainda não estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relações de
fronteira daí decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de
deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem
como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta pela
sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade.
MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos entrelugares da
fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008
O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas
urbanas brasileiras justifica-se por
a) focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.
b) permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.
c) neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.
d) promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.
e) registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.
ENEM 2016
TEXTO I
Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas Como
“os brasis” ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro”
era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito
mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais
frequência do que qualquer outro.
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil a Construção de um
povo. In: MOTA, C. G. (Org.) Viagem incompleta a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo
Senac, 2000 (adaptado)
TEXTO II
Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus.
Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o
outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões
terminaram por denominar da mesma forma povos tão dispares quanto os tupinambás e
os astecas.
SILVA, K. W.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos, São Paulo: Contexto, 2005
4 - UNIRIO
“A 16 de setembro, vimos flutuar pequenos maços de ervas marinhas que pareciam
ainda frescas..., o que fez todos acreditarem que a terra se aproximava.”
COLOMBO, Cristóvão. In: ISAAC, J. & ALBA. A História Universal
Este breve fragmento, extraído do diário de bordo escrito em 1492 por Cristóvão
Colombo, tem um significado especial no processo de expansão das fronteiras
europeias. Podemos afirmar que a chegada à América faz parte do processo da(o):
a) expansão da economia mercantil e do fortalecimento da classe burguesa;
b) ampliação do movimento da Reconquista e da consolidação dos Reinos Cristãos
Ibéricos;
c) decisão tomada no Tratado de Tordesilhas e do fortalecimento econômico da
Espanha;
d) utilização de novas rotas em direção ao Oriente e da tomada de Constantinopla pelos
turcos;
e) descobrimento das novas técnicas de navegação e da assinatura da Bula Inter Coetera.
5 - UFRJ
“Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal ou
ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados
como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo dagora assim os achávamos
como os de lá. (As) águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E
esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não
houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de
Calicute (isso) bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que
Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!”
CAMINHA, Pero Vaz. Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, em 1o/5/1500.
6 - UECE
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
ENEM
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes,
bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir,
nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em
mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.
(ENEM 2006)
9 - Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos
asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering há 18 mil anos. A
partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses
grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando
até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados
no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da
presença humana que teriam até 50 mil anos de idade. Validadas, as provas materiais
encontradas pelos arqueólogos no Piauí:
a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico até o Piauí
há 18 mil anos.
b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois,
povoou os outros continentes.
c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e,
depois, cruzou o Estreito de Bering.
d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering há 18 mil
anos.
e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos.
Chegança
Sou Pataxó,
Sou Xavante e Carriri,
Ianomâmi, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancaruru,
Carijó, Tupinajé,
Sou Potiguar, sou Caeté,
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
Ful-ni-ô, Tupinambá
Gabarito do módulo1
1–D
2–E
3–C
4–A
5–D
6–C
7–A
8–C
9–E
10 - E
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
“Se existir vida inteligente lá, nós devemos ouvi-la (...) Um dia receberemos um
sinal de um planeta como este, mas devemos ter cuidado ao respondê-lo. Encontrar
uma civilização avançada pode ser como o encontro entre Colombo e os índios. Nós
sabemos que isso não acabou muito bem.”
Stephen Hawking no documentário Stephen Hawking’s Favorite Places
apenas isso, os europeus participaram como aliados ou inimigos nos conflitos entre
nativos, sendo esses serviços fundamentais na construção das relações de interesses
entre europeus e indígenas. Dessa forma, europeus e nativos tinham seus próprios
objetivos nessa relação que, como alerta Stephen Hawking, “não acabou muito bem”.
Vamos ver melhor como isso aconteceu.
Essa frase teria sido dita pelo rei Francisco I da França contestando o Tratado de
Tordesilhas. Por não aceitar tal ordenamento, tivemos várias invasões no território que
hoje compõe o Brasil. Os franceses evocavam o princípio romano do “uti possidetis”,
argumentando que a posse da terra seria de quem desse uso efetivo a ela. Percebam que
nesse debate entre europeus a presença do nativo e o uso que ele por tempos
imemoriáveis já havia dado à terra não era considerado. A cosmologia, ou seja, as
formas de entender o mundo e se organizar dos nativos e dos europeus eram muito
distintas. Se hoje falamos português, nos organizamos em Estados Nacionais e somos,
em grande parte cristãos, é porque as formas dos europeus pensar e agir no mundo se
sobrepôs as dos nativos.
Portugal, que detinha legalmente a posse da terra pelas leis europeias, não
tinham controle sobre os franceses ou outros estrangeiros que aportavam por aqui. Mas
sabia-se que as vistas eram frequente, tanto que preocupada com a posse da terra, a
Coroa portuguesa apoiou o envio de expedições de caráter policiador (guarda-costeiras),
com o intuito de proteger o litoral e combater os franceses. As expedições foram
comandadas por Cristóvão Jacques, entre 1516 e 1519, depois, entre 1526 e 1528.
Contudo, não surdiram muito efeito tanto que duas invasões já no período colonial
foram muito marcantes e duradouras: uma no Rio de Janeiro (França Antártida) em
1555 até 1567 e outra no Maranhão (França Equinocial) em 1612 até 1615. No Rio de
Janeiro, os franceses se aliaram aos tupinambás, enquanto os portugueses lutavam ao
lado dos tupiniquins. Nos autos anchietianos e do padre Manuel da Nobrega vemos
várias referencias aos franceses e tupinambás como inimigos.
AIMBIRÊ
Usarei de igual destreza
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
ANJO
Os franceses seus amigos,
inutilmente trouxeram armas.
Por nós combateram
Lourenço, jamais vencido,
e São Sebastiao flecheiro.
Estes santos, em verdade,
das almas se compadecem
aparando-as, desvanecem
(Ó armas da caridade!)
Do vício que as envilece.
Quando o demônio ameaçar
vossas almas, vós vereis
com que força hão de zelar.
Santos e índios sereis
pessoas de um mesmo lar.
Tentai
velhos vícios extirpar,
e as maldades cá́ da terra
evitai, bebida e guerra,
adultério, repudiai
tudo o que o instinto encerra.
Trecho de Auto de São Lourenço de José de Anchieta. Disponível em
http://www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/pdf/00069.pdf
inimigas dos portugueses, acima das rivalidades e divisões dos povos, contra a invasão
de suas terras e a escravidão de seus povos.” Essa união de tribos foi batizada de
Confederação dos Tamoios.
Frente a ameaça dessas invasões, como também dado a redução da lucratividade
no comércio com as Índias e as recém descobertas de metais preciosos na América
Hispânica, a Coroa Portuguesa mudou de estratégia. A partir de 1530 iniciou um projeto
específico de colonização e povoamento das terras portuguesas na América Continental
baseada nas Capitanias hereditárias, método já empregado por Portugal em algumas
de suas colônias Caribenhas, que envolvia a produção açucareira.
Formalmente a colônia tinha a missão de servir a metrópole, não podendo fazer
comércio ou estrutura política independente. Ela seria uma colônia de exploração,
participando da economia como fornecedora de produtos tropicais e minerais para o
mercado externo, via metrópole. Passou a vigorar legalmente o pacto colonial.
As capitanias hereditárias
Esse modelo de exploração e povoamento não exigia grandes recursos da Coroa
portuguesa, que transferia os investimentos para os donatários. Eles eram a autoridade
máxima dentro da capitania, apesar de não serem nobres com importantes posições
políticas em Portugal, nem grandes comerciantes. Em sua maioria eram cristãos-novos,
ou seja, pessoas recém convertidas ao catolicismo que sofriam com as perseguições
religiosas na Europa, o que evidencia que as capitanias não ofereciam suficiente atrativo
econômico. Comumente, tinham condições financeiras razoáveis, mas não suficientes
para empreender com sucesso o projeto neles confiado. Em 1532, foram criadas
quatorze capitanias ou donatárias com fins de facilitar o povoamento da colônia. Os
documentos que garantiam a posse da capitania e as obrigações dos donatários para com
a Coroa Portuguesa eram:
Muitos donatários simplesmente não vieram tomar posse de suas terras. Dos
para cá vieram, não foi raro que tivessem os recursos econômicos exauridos e a
vidas perdidas. Os ataques indígenas, a rigorosidade da vida nos trópicos com o
desconhecimento do espaço e possíveis ataques de animais, tal como as longas
distancias que separavam as áreas habitadas tornavam difíceis a comunicação e a
cooperação entre os donatários Por fim, a própria terra não era, em todas as
capitanias, adequadas ao cultivo da cana-de-açúcar. Assim, só́ obtiveram sucesso
duas capitanias: Pernambuco e, temporariamente, São Vicente.
Foi durante o Governo Geral que foram tomadas decisões que marcaram o destino
do Brasil como a decisão pelo uso da mão de obra escrava africana e a participação dos
jesuítas na catequização indígena. Tomé de Sousa (1549 – 1553) foi o primeiro
governador-geral. Ele aportou na Bahia, que foi elevada a sede administrativa da
colônia, com os funcionários necessários à administração e, também, com os primeiros
jesuítas destinados à evangelização dos indígenas. Duarte da Costa foi o segundo
governador geral e governou entre 1553 e 1558, com ele veio ao Brasil o Padre José de
Anchieta. Seu governo foi marcado por inúmeros atritos entre colonos e jesuítas em
função da crescente utilização de escravos indígenas na produção, levando ao
desentendimento do governador com o bispo. Destaca-se, também, a invasão francesa
com a fundação da França Antártica no Rio de Janeiro, a realização das primeiras
expedições ao interior e, ainda, a fundação, pelos jesuítas, do Colégio de São Paulo. O
governo seguinte foi de Mem de Sá (1558 – 1572), que teve uma administração
duradoura, sendo por isso considerado “o consolidador” expulsando os franceses do Rio
de Janeiro e intensificando o combate aos nativos que se opunham à conquista colonial.
Ele incentivou a importação de escravos negros da África, como solução para a carência
de mão de obra e como atenuante dos conflitos entre colonos e jesuítas.
Dicas
Exercícios
(UERJ)
(Fuvest 2009)
2 - Os primeiros jesuítas chegaram à Bahia com o governador-geral Tomé de Sousa, em
1549, e em pouco tempo se espalharam por outras regiões da colônia, permanecendo até
sua expulsão, pelo governo de Portugal, em 1759. Sobre as ações dos jesuítas nesse
período, é correto afirmar que:
(FAETEC – 2019)
O projeto de ocupação populacional da Colônia foi estabelecido entre 1534 e 1536, com
a adoção do sistema de capitanias hereditárias, que já havia sido empregado com
sucesso nas ilhas atlânticas e, além do Brasil, seria estendido à Angola. O objetivo do
rei D. João III com o sistema de capitanias hereditárias era promover a ocupação
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
UFSE
4 - Durante o chamado Período pré́-colonizador, a ocupação portuguesa, a atividade
econômica básica e a mão-de-obra nela empregada ficaram caracterizadas, respectiva-
mente pelas:
ministro católico, André Thevet, que mais tarde escreveria um dos relatos sobre aquela
experiência.
(BICALHO, Maria Fernanda B. A França Antártica, o corso, a conquista e a “peçonha luterana”. In:
Revista HISTÓRIA, São Paulo, 27 [1], 2008. p. 32.)
(UERJ)
O Estado português reproduziu no Brasil duas feições metropolitanas, possibilitando
uma permanente tensão entre as forças sociais dos poderes locais e as forças de
centralização do absolutismo.
(INEP – 2017)
As capitanias hereditárias eram uma forma de administração do território colonial
português na América. Basicamente eram formadas por faixas de terra que partiam do
litoral para o interior, comandadas por donatários e cuja posse era passada de forma
hereditária.
Para o melhor aproveitamento para a administração da colônia, a Coroa Portuguesa
delega a exploração e a colonização aos interesses privados, contudo o seu
desenvolvimento foi desigual.
7 - Assim o desenvolvimento desigual das capitanias hereditárias deve ser explicado
prioritariamente a partir
(UECE – 2018)
8 - Atente para o seguinte excerto:
“(...) trocar manufaturas baratas por negros na costa ocidental da África; permutar os
negros por matérias-primas nas colônias americanas: por fim, vender as matérias primas
na Europa a altos preços, ou seja, a dinheiro contado. Comércio de resultados
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
fantásticos em que o lucro nunca ficava por menos de 300% e podia em certos casos
render até 600%”.
FREITAS, Décio. O escravismo brasileiro. 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982. p.24.
Esse sistema de comércio que foi fundamental para a colonização brasileira por custear
a Coroa portuguesa através da sua taxação é conhecido como sistema
a) de comércio liberal.
b) de comércio triangular.
c)de comércio quadrangular.
d) internacional de comércio livre.
“Eu, o rei, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa, que vendo quanto
serviço de Deus e meu é conservar e enobrecer as capitanias e povoações das Terras do
Brasil (…); ordenei ora de mandar nas ditas terra fazer uma fortaleza e povoação grande
e forte, em um lugar conveniente, para daí se dar favor e ajuda às outras povoações (…);
e por ser informado que a Bahia de Todos os Santos é o lugar mais conveniente da costa
do Brasil (…), que na dita Bahia se faça a dita povoação e assento, e para isso vá uma
armada com gente (…) e tudo o mais que for necessário. E pela muita confiança que
tenho em vós (…) vos enviar por governador às ditas terras do Brasil (…).”
(Regimento de Tomé de Sousa, 17 de dezembro de 1548)
(UERJ - 2017)
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
Gabarito Módulo 2
1–B
2–C
3–A
4–A
5–B
6–B
7–E
8-B
9)
a) O interesse da metrópole em repassar a particulares os gastos com a colonização.
b) Centralizar a administração na colônia, buscar riquezas minerais no interior,
coordenar esforços para a defesa do território, desenvolver a construção naval, visitar e
fiscalizar as capitanias, estabelecer a política de relação com as comunidades indígenas.
c) O controle exercido pela classe produtora escravista e o isolamento das vilas e seu
afastamento dos centros de poder metropolitano.
10)
O primeiro mapa aponta elementos da paisagem natural da costa brasileira como a fauna
e a flora enquanto o segundo mapa apresenta o brasão da coroa portuguesa e menciona
os nomes de localidades e acidentes. No século XVI ocorreu o início da Conquista,
criação das Capitanias Hereditárias, Governo Geral, início da plantação da cana-de-
açúcar, surgimento de vilas e cidades, entre outras medidas. No século XVII, podemos
destacar a expansão da lavoura canavieira, ampliação do uso de africanos na condição
de escravos, a expansão para o interior, as invasões holandesas no Nordeste brasileiro
etc.
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
Nos engenhos
Durante o período colonial Portugal traçou o destino de suas terras na América
como produtora de cana de açúcar. Os engenhos era o principal símbolo da colonização
portuguesa, enquanto o açúcar era chamado de ouro branco pelo seu alto valor no
mercado externo. Podemos definir os engenhos como uma unidade de produção baseada
no sistema de plantation que consistia na monocultura, no latifúndio, no trabalho
escravo e na produção voltada para o mercado externo. O engenho tinha uma
estrutura de poder patriarcal, pois a força de mando se concentrava no senhor de
engenho. A mão de obra utilizada no cultivo de açúcar era majoritariamente escrava
africana, mas muitos indígenas foram escravizados legal e ilegalmente, trabalhando lado
a lado com as pessoas traficadas da África.
A presença de mulheres no interior do engenho é uma questão importante para
ser tratada. Havia uma demanda dos membros religiosos, sobretudo dos jesuítas, para
que se trouxesse mulheres portuguesas à colônia. Os religiosos apontavam a
necessidade de trazê-las para evitar as relações interétnicas que ocorriam com, ou sem,
o consentimento das africanas e das indígenas que foram vítimas de estupros. As
mulheres brancas, esposas, filhas legítimas ou outras parentes do senhor de engenho
viviam submetidas a condutas morais e religiosas muito restritivas em uma vida quase
exclusivamente doméstica. Elas tinham pouco ou nenhum estudo e cuidavam do serviço
da casa junto com as escravas domésticas. As mulheres escravas negras e indígenas, por
sua vez, trabalhavam no serviço doméstico, mas também como carregadoras nos
canaviais, nas hortas, como amas de leite e em outros serviços.
Caio Prado Jr formulou a teoria dos ciclos econômicos para mostrar a histórica
posição subalterna do Brasil no comércio exterior, o primeiro desses ciclos seria o ciclo
do açúcar. É verdade que os condicionantes de ser uma colônia de exploração e precisar
cultivar a cana de açúcar em um regime de Pacto Colonial teve forte influência no
desenvolvimento econômico do Brasil. Contudo, não era apenas a cana de açúcar que se
produzia por aqui. Veja a esquematização das estruturas física dos engenhos e sua
funções:
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
Nessa imagem vemos algumas construções típicas dos Engenhos, como: a Casa
Grande – residência do senhor de engenho, de sua família, de empregados de confiança
e centro administrativo do engenho; a Capela – destinada às cerimônias religiosas; a
Senzala – habitação rústica de escravos composta normalmente de um único
compartimento; a Casa do Engenho – local destinado à moenda e às fornalhas; e a Casa
de Purgar – onde o açúcar era branqueado. A área do cultivo da cana era dividida em
partidos, que podiam ser explorados pelo proprietário ou cedidos a lavradores. Estes
ficavam obrigados a moer sua produção no engenho do proprietário. Eram as chamadas
fazendas obrigadas, nas quais o lavrador ficava apenas com metade da produção, além
de pagar aluguel pelo uso da terra.
Para abastecer o mercado interno e as necessidades das pessoas aqui instaladas
muitas outras atividades econômicas existiam com pouquíssima interferência da Coroa
Portuguesa. Plantava-se tabaco que era muito usado como moeda, inclusive entre
mercadores ilegais de escravos; o algodão tinha a função de suprir a necessidade de
tecidos grossos; o arroz era plantado nas áreas alagadas nas franjas dos engenhos, tal
como acontecia com o cultivo da mandioca. Essas atividades poderiam ser feitas por
pessoas livres ou escravas, em pequenas propriedades próximas aos engenhos ou na
chamada brecha camponesa, que era um tempo que as pessoas escravizadas usavam
para cultivar roçado e trabalhar na agricultura.
A pecuária era feita pelos trabalhadores livres e pobres, mestiços, filhos
bastardos, ou mesmo indígenas que deixaram suas terras para viver junto aos
colonizadores. O pagamento não era feito por dinheiro, mas em cabeças de gado. A
pecuária foi muito importante para a interiorização da colonização, visto que os
vaqueiros levavam os animais para o interior, longo dos canaviais. Os produtos dessas
atividades poderiam ser trocados ou vendidos, funcionando como uma forma de
circulação de riqueza sem controle colonial, apesar da proibição pelo Pacto Colonial.
Resistência à exploração
Para o território que hoje forma o Brasil foram trazidas milhares de pessoas de
diferentes regiões da África. Elas eram vendidas como escravas aos portugueses e
outros europeus dada às guerras internas no continente africano, em muito motivadas
pelo comércio de pessoas, mas também por conflitos religiosos e étnicos. Homens,
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mulheres e crianças eram trazidas de maneira insalubre nos navios negreiros, também
chamados de tumbeiros. Esse nome vem da palavra tumba, pois muitas vezes doentes,
famintos e sob fortes castigos físicos muitas pessoas acabavam morrendo. A viagem das
pessoas escravizadas da África para o destino de sua escravidão é chamada de diáspora.
Mesmo com muitos mortos o comércio humano era uma atividade muito lucrativa,
ocorrendo formalmente através da Coroa Portuguesa e informalmente por parte dos
colonos que por sua conta e risco comerciavam ilegalmente na costa da África. Esses
homens eram chamados de comerciantes de grosso trato
As pessoas traficadas que chegaram ao território que hoje corresponde ao Brasil
vieram de diferentes espaços da África. Elas tinham línguas, hábitos e culturas
diferentes entre si. Muitas vezes existiam conflitos por conta dessas diferenças. Eles
eram classificados através de vários termos como Nagôs, Jejes, Mina, Angolas, Congos
e Fulas, os quais se referem mais propriamente à região de origem do que a nações ou
culturas. As identidades nascidas na África foram ressignificadas em um longo
processo que começa na diáspora e origina a cultura afro-brasileira. O historiador Luiz
Felipe de Alencastro afirma que deveríamos falar que o Brasil passou por uma
colonização africana (além de portuguesa), tendo em vista que recebemos muito mais
pessoas da África (ainda que como escravizadas) do que da Europa.
Muitas foram as formas que os africanas e africanos buscaram para lutar contra a
escravidão. Existiam formas diretas, como fugas, rebeliões, formação de quilombos ou
até mesmo o suicídio e o infanticídio. E existiam também formas de resistência pela
cultura, que não deixavam de ser confrontativas. Embora legalmente reduzidos a
mercadoria e forçados a trabalhos baixo variadas ameaças, incluindo castigos físicos e a
separação de famílias pela venda, as pessoas escravizadas tentaram preservar sua
religião, suas festas, montaram caixas de alforria e formaram família.
Vejam trechos da carta enviada pelos escravos em rebelião no engenho de
Santana no Sul da Bahia em 1789 ao dono do engenho – Manuel da Silva Ferreira.
Percebam que não se contesta o estatuto da escravidão, ao mesmo tempo que
percebemos que, mesmo escravizados, buscavam lutar por melhores condições de vida,
trabalho, tal como pela preservação de sua cultura.
Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que conservaram
levantados (1789)
"(...) queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa
conformidade" - "(...) nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós" - "Para
podermos viver, nos há de dar rede, tarrafa e canoas" - "(...) quando quiser fazer camboas e mariscar
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mandes os seus pretos Minas" - "Na planta de mandioca, nós homens queremos que só tenham tarefa de
duas mãos e meia e as mulheres de duas mãos" - "Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de
outros com a nossa aprovação" - "(...) no dia santo há de haver remediavelmente peija no Engenho" - "(...)
além da camisa de baeta que se lhe dá, hão de ter gibão de baeta e todo vestiário necessário" -
"Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença,
e poderemos cada um tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos parte para isso" - "A estar por todos os
artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para o servirmos
como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos mais Engenhos" - "Podemos brincar,
folgar, cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença"
(disponível em: https://www.historia.uff.br/impressoesrebeldes/wp-content/uploads/2013/07/SAN1789.1-
Tratado-proposto-por-escravos.pdf)
Dicas:
● Sabia que mesmo morando muito tempo em um lugar existem roteiros mais
conhecidos pelos turistas do que pelos moradores da cidade? O Rio de Janeiro é uma
das cidades que mais receberam pessoas vítimas do tráfico negreiro. Suas marcas
ainda estão por aí e podem ser vistas no passeio pela chamada “Pequena África”.
Confiram: http://pretosnovos.com.br/educativo/circuito-de-heranca-africana/
Exercícios
(PUC-Campinas 2015)
1 - No sistema colonial português, o trabalho compulsório indígena
a)foi empregado em pequena escala nas missões e em regiões onde não se dispunha de
outra mão de obra, até a expulsão da Companhia de Jesus, no século XVII, momento em
que a Coroa Portuguesa regulamentou essa forma de exploração.
b) mostrou-se menos vantajoso aos proprietários de terras, nas grandes lavouras,
considerando, entre outros fatores, as rebeliões e fugas frequentes, favorecidas pelo
conhecimento da região e a eficácia do tráfico negreiro no abastecimento de mão de
obra.
c) assumiu formas distintas ao longo do processo de colonização, sendo empregado
sistematicamente nas Entradas e Bandeiras mediante acordos entre brancos e indígenas,
os quais previam a divisão das riquezas eventualmente encontradas.
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UFRN
2 - A implantação do sistema colonial transformou as relações amistosas existentes
entre indígenas e portugueses no início da ocupação do Brasil.
Essa transformação se deveu à:
a) grande inabilidade dos indígenas para a agricultura, recusando-se a trabalhar nas no-
vas plantações açucareiras, atitude que desagradou aos portugueses;
b) crescente ocupação das terras pelos portugueses e à necessidade de mão-de-obra,
levando à escravização dos índios, que reagiram aos colonos;
c) importação de negros africanos, cuja mão-de-obra acabou competindo com a dos in-
dígenas, excluindo estes do mercado de trabalho agrário;
d) introdução de técnicas e instrumentos agrícolas europeus nas aldeias indígenas,
desestruturando a economia comunal dos grupos nativos.
(FUVEST – 2005)
Para um homem ter o pão da terra, há de ter roça; para comer carne, há de ter caçador;
para comer peixe, pescador; para vestir roupa lavada, lavadeira; ... e os que não podem
alcançar a tanto número de escravos, ou passam mi- séria, realmente, ou vendo- se no
espelho dos demais lhes parece que é miserável a sua vida. (Padre Vieira, 1608-1697.)
3 - O texto mostra que, para se viver bem na Colônia, seria preciso ter, sobretudo,
a) escravos.
b) terras.
c) animais.
d) cultura.
e) habilidades.
(Fuvest 2012)
Os indígenas foram também utilizados em determinados momentos, e sobretudo na fase
inicial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar problema nenhum de maior ou
melhor “aptidão” ao trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação
demográfica dos aborígines, e as dificuldades de seu apresamento, transporte, etc. Mas
na “preferência” pelo africano revela-se, mais uma vez, a engrenagem do sistema
mercantilista de colonização; esta se processa num sistema de relações tendentes a
promover a acumulação primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto
é, o abastecimento das colônias com escravos, abria um novo e importante setor do
comércio colonial, enquanto o apresamento dos indígenas era um negócio interno da
colônia. Assim, os ganhos comerciais resultantes da preação dos aborígines mantinham-
se na colônia, com os colonos empenhados nesse “gênero de vida”; a acumulação
gerada no comércio de africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realizavam-na os
mercadores metropolitanos, engajados no abastecimento dessa “mercadoria”. Esse
talvez seja o segredo da melhor “adaptação” do negro à lavoura ... escravista.
Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão
africana colonial, e não o contrário.
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec,
1979, p. 105. Adaptado.
(UFF)
"Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não
é possível fazer, conservar e aumentar fazenda."
(Antonil, CULTURA E OPULÊNCIA DO BRASIL, 1711, livro 1, Capítulo, IX).
(CFTSC 2010) Onde houve escravidão, houve resistência. E de vários tipos. Mesmo
sob a ameaça do chicote, o escravo negociava espaços de autonomias com os senhores
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(Enem)
Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo
muito semelhante ao que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão.
A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também
ali não faltaram as canas, por duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o
cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo
parte foi de noite sem dormir, parte de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os
vossos dias. Cristo despido, e vos despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo
em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as
chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for
acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado)
8 - O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão
de cristo e
a) A atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
b) A função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) O sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) O papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) O trabalho dos escravos na produção de açúcar.
(UNICAMP 05)
9 - O termo ‘feitor’ foi utilizado em Portugal e no Brasil colonial para designar diversas
ocupações. Na época da expansão marítima portuguesa, as feitorias espalhadas pela
costa africana e, depois, pelas Índias e pelo Brasil tinham feitores na direção dos
entrepostos com função mercantil, militar, diplomática. No Brasil, porém, o sistema de
feitorias teve menor significado do que nas outras conquistas, ficando o termo ‘feitor’
muito associado à administração de empresas agrícolas.
(Adaptado de Ronaldo Vainfas (org.), Dicionário do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva,
2000, p. 222).
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UERJ 2018
A raça africana constitui uma parte grande da população dos países da América, e
principalmente no Brasil, um elemento essencial da vida civil e das relações sociais que
não teremos dúvida em consagrar grande parte desta obra aos negros, a seus usos e
costumes. Compreende-se ainda melhor que assim o façamos escrevendo uma viagem
pitoresca. Entretanto, se alguém julgar que em semelhante viagem dois cadernos de
figuras de pretos são demais, queira considerar que o único lugar da terra em que é
possível fazer semelhante escolha de fisionomias características, entre as tribos de
negros, é talvez o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro; é, em todo caso, o lugar mais
favorável a essas observações. Com efeito, o destino singular dessas raças de homens
traz aqui membros de quase todas as tribos da África. Num só golpe de vista pode o
artista conseguir resultados que, na África, só atingiria através de longas e perigosas
viagens a todas as regiões dessa parte do mundo.
Adaptado de RUGENDAS, J. M. Viagem pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia.
Gabarito módulo 3
1–A
2-B
3–A
4–E
5–C
6–D
7–D
8-E
9)
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a) Por meio do sistema de feitorias, a metrópole restringiu sua ação ao âmbito mercantil,
procurando estabelecer contatos comerciais com as populações nativas. Estas lhe
forneciam mercadorias de elevado valor no mercado europeu, em troca de produtos de
baixo valor ou do pagamento em moedas.
b) Nos dois séculos iniciais de nossa História, a produção agrícola predominante foi a
da cana-de-açúcar, que se organizou no sistema de plantation. Nesse tipo de empresa
agrícola, o feitor era o principal representante do grande proprietário. Ele gerenciava
todo o sistema produtivo, isto é, era responsável pela organização do trabalho escravo, o
plantio e todas as etapas da produção do açúcar.
10)
Um dos aspectos:
- variedade étnica dos africanos/ - diversidade de fisionomias dos africanos/ - percepção
de hábitos culturais expressos nas marcas, pinturas e tatuagens
Contudo, essa situação não durou muito tempo. Após o Rei D. Sebastião
desaparecer em 1578, após uma das guerras que Portugal empreendia no Norte da
África, abriu-se uma crise de sucessão do trono português. D. Sebastião, com apenas 24
anos, não deixou descendentes e o trono passou a ser ocupado por seu tio-avô, o cardeal
D. Henrique, que veio a falecer, em 1580, sem possuir herdeiros. Era o fim da dinastia
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As invasões holandesas
Para entendermos porque o nordeste brasileiro passou por essas invasões
precisamos primeiro saber sobre alguns conflitos da Espanha que antecederam a União
Ibérica. Tal como Portugal, a Espanha também tinha um grande império ultramarino,
que englobava o território da Holanda, predominantemente protestante. Os comerciantes
da região da Holanda tinham fortes relações com Portugal: eles compravam as
produções dos engenhos coloniais da América Portuguesa (através de Portugal), faziam
o refino e a distribuição do produto na Europa. Assim, ao mesmo tempo que os
holandeses ficavam com a maior parte dos lucros, eles eram fundamentais no processo
de revenda do produto cultivado nas áreas coloniais.
Contudo, a Holanda, que fizera parte do Império Espanhol, declarou-se
independente em 1581, iniciando um conflito militar com a Espanha que acabou por
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afetar os negócios dos engenhos brasileiros. Isso aconteceu porque em retaliação, Felipe
II proibiu o acesso de holandeses aos portos luso-espanhóis. O embargo afetou os
comerciantes holandeses no tráfico de escravos, no comércio de produtos orientais e no
açúcar brasileiro.
Dessa maneira os holandeses criaram em 1601 a Companhia de Comércio das
Índias Orientais que tinha como principal objetivo efetivar o domínio comercial no
oriente. A Companhia atacou e desmontou parte do império lusitano no oriente.
Contudo, o que mais interessa para nós é a Companhia de Comércio das Índias
Ocidentais, criada em 1621 para atuar na América e na África, ela foi a responsável
pela conquista de grande parte do Nordeste açucareiro do Brasil. O domínio dos
holandeses marcou a região e promoveu profundas transformações no Brasil colonial.
Vejamos como isso aconteceu.
Sendo o território que hoje constitui o Brasil um espaço importantíssimo para a
Holanda, visto da daqui partia o açúcar comercializado por ela e tão valioso no mercado
externo, era preciso fazer algo para reestabelecer o comércio embargado pela Coroa
Luso-Hispânica. A primeira tentativa veio através da frustrada invasão à Salvador, sede
administrativa da colônia. A segunda cerca de cinco anos depois, em 1630, ocorreu de
forma mais planejada e acabou sendo bem sucedida, fundando a Nova Holanda. Essa
investida foi na capitania de Pernambuco, que possuía poderosos engenhos e tomou as
cidades de Olinda e Recife. Muitos atribuem a vitória dos Holandeses à cooperação de
Calabar, que ficou reconhecido na história de Portugal e do Brasil como um grande
traidor. Em 1973 Ruy Castro e Chico Buarque criaram uma peça chamada “Calabar – o
elogio da traição”, na qual adaptaram o drama aos fatos históricos do século XVII, a
peça foi completamente censurada.
O estabelecimento dos holandeses em Pernambuco não foi fácil. A cidade de
Olinda, sede do poder português foi completamente incendiada e Recife foi
transformada no novo centro administrativo. Um alvo dos holandeses foram as igrejas,
símbolo do poder católico dos ibéricos, tanto que atualmente em Recife temos poucas
igrejas pré-invasões holandesas, dos grandes templos restou apenas a Basílica Nossa
Senhora do Carmo, que servia como espaço de descanso para Nassau. Uma das grandes
razões de conflitos entre colonos e holandeses foi a religião, visto que enquanto os
invasores eram protestantes, a população era católica.
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Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020
Fonte: VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2008. p. 188-189. (adaptado)
Ainda sob o domínio de Felipe II, a nobreza lusa começou a entender que seus
ganhos e poderes haviam deteriorado com a União Ibérica. De forma que foi dado início
a um conturbado processo de libertação de Portugal, que deu origem a Dinastia Orleans
de Bragança. A Espanha não aceitou de imediato a independência de Portugal. A
Inglaterra funcionou como mediadora das negociações. Para Holanda foi dado um
período de trégua de 10 anos. Portugal recém refundado tinha muitos desafios pela
frente: a) a ameaça constante de uma invasão espanhola; b) pressões externas, sobretudo
inglesas, no sentido de reconhecer e dar apoio político à Portugal com vista a garantir
sua existência independente; c) grandes perdas territoriais na Ásia, América e África
que fazia Portugal perder o controle do mercado de açúcar e escravos; d) necessidade de
negociar com os invasores de seus territórios.
Extremamente fragilizado e buscando encontrar soluções para sair da crise
econômica e garantir seu território na Europa e nas colônias que lhe restava, Portugal
recorreu à Inglaterra e foi pressionado a assinar diversos tratados e acordos econômicos,
entre eles o Tratado de Meuthen de 1703, também conhecido como Tratado de Panos
e Vinhos. Por ele Portugal se comprometia a comprar tecidos ingleses e, em troca, a
Inglaterra adquiriria seus vinhos. Tal tratado foi extremamente desvantajoso para
Portugal porque paralisou uma possível industrialização do setor têxtil português e
resultou em elevados déficits com a Inglaterra. Portugal saiu da órbita do domínio
político espanhol, mas passou a ser economicamente dominado pela Inglaterra.
A questão territorial era outro problema que se prolongou por muito tempo,
havia disputas entre Portugal e Espanha pelo uso dos caudalosos rios da região
Amazônica e por territórios ao sul da colônia. Por hora o que mais nos interessa é a
querela com os holandeses, que como vimos estavam ocupando ricas regiões do
nordeste. Portugal chegou a propor vender o território aos holandeses, que não se
interessaram pela oferta. Ao contrário disso, entendendo que em breve poderia haver
uma investida Portuguesa, os holandeses diminuíram os investimentos na Companhia de
Comércio das Índias Ocidentais e destituiu Mauricio de Nassau de seu cargo em 1644.
A saída de Nassau levou a quebra da política de tolerância religiosa. Aliado a
isso, a cobrança dos empréstimos anteriormente feitos aos colonos gerou muita
insatisfação. Os revoltosos formaram um grupo militar que ficou conhecido como
“amálgama de três raças” porque, além dos pelotões chefiados pelos luso-brasileiros,
possuíam um grupo de indígenas chefiados por Felipe Camarão e um de negros, por
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Dicas
● Ficou com curiosidade sobre a peça “Calabar – um elogio à traição”? Veja uma
versão encenada pelo Grupo de Teatro Colégio CAVE
https://www.youtube.com/watch?v=0ijFkQEgCSI
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Exercícios
1 - (Upe 2015) A primeira metade do século XVII em Pernambuco foi marcada pela
invasão holandesa à capitania. A presença holandesa em Pernambuco durou 24 anos, de
1630 a 1654. A invasão foi motivada por vários fatores, dos quais podemos destacar
Trata-se da(s)
a) invasões francesas, cujo objetivo era redistribuir as terras divididas entre Portugal,
Espanha, França e Inglaterra através do Tratado de Madri.
b) invasões holandesas ocorridas, entre outras razões, com o intuito de permitir um
comércio e refino do açúcar pelos holandeses, diretamente em terras brasileiras.
c) Guerra dos Mascates, envolvendo os comerciantes portugueses e os senhores de
engenho nordestinos, revoltados com os abusos cometidos em relação ao preço do
açúcar.
d) Revolta dos Malês, conflito grave que envolveu todo o nordeste, cuja causa principal
era a invasão de terras devolutas, demarcadas pelo governo português na região
açucareira.
(ENEM 2019)
A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em 1644 e explodiu em
13 de junho de 1645, dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João
Fernandes foi decretar nulas as dívidas que os rebeldes tinham com os holandeses.
Houve grande adesão da “nobreza da terra”, entusiasmada com esta proclamação
heroica.
VAINFAS, R. Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.
(ENEM)
No princípio do século XVII, era bem insignificante e quase miserável a Vila de São
Paulo. João de Laet davalhe 200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas;
a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65 andavam
homiziados*. (*homiziados: escondidos da justiça). Nelson Werneck Sodré. Formação
histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964.
Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais rica de
Pernambuco. Cerca de 10% da população, calculada em aproximadamente 2.000
pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o qual muita gente fazia fortuna. Cronistas da
época afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações)
(Enem)
O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século
VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e
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XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente
Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto
de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras".
CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.
(Enem)
Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada
"Calabar", pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar,
pernambucano que ajudou decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste
brasileiro, em 1632. - Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação
que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma
sociedade escravista e discriminatória, traiu a elite branca? Os textos referem-se
também a esta personagem.
Texto I: "... dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível História, lhe chamará
infiel, desertor e traidor, por todos os séculos"
Visconde de Porto Seguro, in: SOUZA JÚNIOR, A. "Do Recôncavo aos Guararapes". Rio de
Janeiro: Bibliex, 1949.
Texto II: "Sertanista experimentado, em 1627 procurava as minas de Belchior Dias com
a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde
fora ferido, e desertara em consequência de vários crimes praticados..." (os crimes
referidos são o de contrabando e roubo).
CALMON P. "História do Brasil". Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.
7 - Leia o texto:
"Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do administrador. Seu
período é o mais brilhante de presença estrangeira. Nassau renovou a administração (...)
Foi relativamente tolerante com os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto,
como também com os judeus (depois dele não houve a mesma tolerância, nem com os
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católicos, nem com os judeus — fato estranhável, pois a Companhia das Índias contava
muito com eles, como acionistas ou em postos eminentes). Pensou no povo, dando-lhe
diversões, melhorando as condições do porto e do núcleo urbano (...), fazendo museus
de arte, parques botânicos e zoológicos, observatórios astronômicos."
(Francisco lglésias)
d) V, V e V.
e) F, F e V
(UERJ – 2017)
9 - Na pintura religiosa renascentista, o índio, uma vez submetido aos valores cristãos,
tornou-se humanizado. O pintor holandês Albert Eckhout representou essa ruptura
conceitual na sua obra: nos quadros que retratam os índios Tupis e Tapuias, os índios
“aliados” eram pacíficos, trabalhadores, tinham família, andavam vestidos (foram
“domesticados"), estavam acessíveis ao trabalho cotidiano, enquanto os índios “bravos”
(bárbaros) eram antropófagos que andavam nus, carregando despojos esquartejados
como alimentação, e guerreavam os colonizadores.
Adaptado de OLIVEIRA, . P. e FREIRE, C. A presença indígena na formação do Brasil Brasilia:
MEC LACED/Museu Nacional, 2006.
Os retratos de indígenas acima revelam algumas das intenções por parte dos agentes da
colonização, como a Coroa, a Igreja e os colonos, diante das populações nativas na
América Portuguesa no século XVII.
(UFMG)
"Restituídas as capitanias de Pernambuco ao domínio de Sua Majestade, livres já dos
inimigos que de fora as vieram conquistar, sendo poderosas as nossas armas para
sacudir o inimigo, que tantos anos nos oprimiu, nunca foram capazes para destruir o
contrário, que das portas adentro nos infestou, não sendo menores os danos destes do
que tinham sido as hostilidades daqueles."
("Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do Governador D. Pedro de
Almeida, de 1675 a 1678", citado por CARNEIRO, Edson. Quilombo dos Palmares. 2.ed. São Paulo:
CEN, Col. Brasiliana, 1958. v.302.)
10 - O texto faz referência tanto às invasões holandesas ("... dos inimigos que de fora as
vieram conquistar") quanto ao quilombo de Palmares (“... o contrário, que das portas
adentro nos infestou"). O quilombo de Palmares, núcleo de rebeldia escrava no
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Gabarito Módulo 4
1–C
2–B
3–E
4–D
5–A
6–E
7–B
8–D
9)
Um dos objetivos: controle de terras/ exploração da mão de obra. Uma das formas de
resistência: guerras/ canibalismo/ boicote ao trabalho/ rejeição da catequese/ fugas e
deslocamento das tribos/ aliança com outros colonizadores europeus, como os franceses
10)
a) Os holandeses atacaram o Nordeste brasileiro em decorrência do embargo açucareiro
decretado por Filipe II, rei da Espanha e, nos termos da União Ibérica de 1580 a 1640,
também rei de Portugal.
b) A longa duração de Palmares é, em grande parte, fruto do longo conflito com os
holandeses em Pernambuco (1630-54). Apesar de um período de apaziguamento, os
atritos entre holandeses e portugueses ou brasileiros estimulavam as fugas de escravos e
contribuíam para o fortalecimento do quilombo.
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Gabarito do módulo 8
1–B
2–B
3–A
4–E
5–D
6–E
7–A
8–C
9–C
10)
a) O estabelecimento da Corte Lusitana no Brasil, a partir de 1808, exigiu a criação de
órgãos político-administrativos, como ministérios, a imprensa oficial, o Banco do
Brasil, a Casa da Moeda e outros. Esse processo representou a constituição de um
aparelho de Estado central que assumiu relevante papel na independência concretizada
em 1822.
b) A chamada Revolução Pernambucana de 1817 levantou os setores liberais mais
radicais, entre civis e militares, com o intuito de romper o domínio colonial português e
estabelecer uma república federativa no país segundo o modelo norte-americano de
Estado livre vigente desde 1776.
Bibliografia consultada
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MOTT, Luiz. Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu. In: História da
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PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (Org.). Nova História das
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WEHLING, Arno. Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994
Apostila História do Brasil - 1º Bimestre
Autoria: Flavia Ribeiro Veras Entregue em 03/12/2020