Aula 4
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1 – 8 slides
4.1.1Transitoriedade e desfazimento dos contratos.
As obrigações, direitos pessoais, têm como característica fundamental seu
caráter transitório. A obrigação visa a um escopo mais ou menos próximo no
tempo. Atingida a finalidade para a qual foi criada, a obrigação extingue-se.
Essa é a exata noção presente no contrato.
O contrato desempenha importantíssima função social, mas nasce para em
determinado momento ser extinto em prazo mais ou menos longo. Essa é sua
nobre e importante função social. Não existem obrigações perenes.
Ao contrair uma obrigação, ao engendrar um contrato, as partes têm em mira,
desde o início, a possibilidade de seu término, ainda que não se fixe a priori um
prazo para o cumprimento.
O vínculo contratual, quando o bojo de suas obrigações atinge o desiderato,
desfaz-se.
Como não existe concordância na doutrina acerca dos termos extinção,
resolução, resilição, rescisão, revogação, melhor que partamos da noção de
DESFAZIMENTO, que vai englobar todos esses institutos, qualquer que seja a
compreensão jurídica a eles outorgada.
A dificuldade terminológica surge entre nós por não estar a questão totalmente
disciplinada na lei. O vínculo chega a um final, termina, desfaz-se, de várias
maneiras
4.1.2 Extinção da Relação Contratual.
O tema da “extinção do contrato” é tratado nos arts. 472 a 480 do Código Civil
brasileiro.
De fato, como o próprio ciclo da vida, o contrato nasce, desenvolve-se e
“morre” (extingue-se), por diversas modalidades
Um estudo aprofundado da matéria nos permite constatar que há uma
lamentável assistematização das previsões legais, bem como comuns
divergências terminológicas no trato das formas de extinção.
Cláusula resolutiva.
DIREITO DE ARREPENDIMENTO.
A lógica da celebração de um contrato é no sentido de que as partes, ao
estabelecê-lo, já tenham a convicção de que querem efetivamente a prestação
pactuada.
AULA 4.3
CAUSAS SUPERVENIENTES À FORMAÇÃO DO CONTRATO.
Quando mencionamos a ocorrência de causas supervenientes à formação do
contrato, partimos do pressuposto de que ele se concretizou de forma plena,
como negócio jurídico, nos planos da existência, validade e eficácia.
Assim, celebrado para ser cumprido, sem vícios ou previsão de
arrependimento, sua dissolução posterior pode-se dar por diversas formas, que
variam desde a manifestação expressa da vontade até os efeitos extintivos do
eventual inadimplemento ou da morte de um dos contratantes.
Resolução.
Resolução por inexecução voluntária e por inexecução involuntária.
Resolução por onerosidade excessiva.
Resolução por inadimplemento antecipado.
AULA 4.4
RESILIÇÃO
A expressão “resilição” (utilizada expressamente, de forma técnica, pelo
Código Civil de 2002, em seu art. 473, aperfeiçoando a redação legal
codificada, outrora omissa) refere-se à extinção do contrato por iniciativa de
uma ou ambas as partes.
Registre-se, portanto, de logo, que tal extinção não se opera retroativamente,
produzindo seus efeitos ex nunc. Assim, nos contratos de trato sucessivo, não
se restituem as prestações cumpridas, a menos que as partes assim o
estabeleçam.
Em verdade, partindo da concepção de que o contrato gera um vínculo jurídico
obrigatório às partes, a conclusão lógica é que a mesma manifestação conjunta
da vontade possa extingui-lo.
Assim sendo, temos que a regra, no direito brasileiro, é que a resilição seja
bilateral (distrato), embora se possa falar, em casos permitidos expressa ou
implicitamente pela lei, em uma manifestação unilateral de vontade extintiva do
contrato.
- Compreendamos estas duas espécies.
DISTRATO E FORMA.
A resilição bilateral é chamada, pela doutrina e pelo próprio texto codificado, de
distrato.
Se foi a autonomia da vontade que estabeleceu a relação contratual, é óbvio que
esta mesma autonomia poderá desfazê-la, na forma como pactuado,
possivelmente celebrando um novo negócio jurídico que estabelece o fim do
vínculo contratual, disciplinando as consequências jurídicas deste fato.
Assim, por exemplo, se a empresa X tem um contrato de prestação de serviços
com um escritório de advocacia, celebrado por tempo indeterminado, as partes
podem, de comum acordo, extingui-lo, estabelecendo as indenizações que
acharem cabíveis por tal rompimento contratual.
Ainda sobre o tema, pertinente é a observação do sempre lembrado mestre baiano
ORLANDO GOMES:
“Todos os contratos podem ser resilidos, por distrato. Necessário, porém, que os
efeitos não estejam exauridos, uma vez que a execução é a via normal da
extinção. Contrato extinto não precisa ser dissolvido. Se já produziram alguns
efeitos, o acordo para eliminá-los não é distrato mas outro contrato que modifica a
relação. Geralmente o distrato é utilizado nos contratos de execução continuada
para desatar o vínculo antes do advento de seu termo extintivo, mas pode ser
convencionado para pôr termo a contrato por tempo indeterminado. Claro é que se
o contrato cessa por se ter expirado o prazo estipulado, não há que falar em
distrato, pois, nesse caso, dá-se a extinção normal, por execução”.
RESILIÇÃO UNILATERAL:
Partindo-se da concepção tradicional do princípio da força obrigatória dos
contratos (pacta sunt servanda), é lógico que a extinção unilateral do contrato,
por mera manifestação de vontade, não poderia ser bem vista.
Em verdade, essa visão específica continua válida, pois seria ilógico — ou, no
mínimo, atentatório à segurança de uma estipulação contratual — imaginar que
toda contratação pudesse ser simplesmente desfeita, ao alvedrio de uma das
partes.
Nessa linha, admite-se, portanto, a resilição unilateral somente com
autorização legal expressa ou implícita (pela natureza da avença) e, sempre,
com a prévia comunicação à outra parte326.
É o que se infere do caput do art. 473 do CC/2002, sem equivalente na
codificação anterior:
“Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou
implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra
parte”.
REVOGAÇÃO
A revogação consiste em uma modalidade de desfazimento de determinados negócios
jurídicos, por iniciativa de uma das partes isoladamente.
É o exemplo da resilição unilateralmente feita nos contratos de mandato (arts. 682 a
687 do CC/2002) e doação (arts. 555 a 564 do CC/2002)328.
Especificamente sobre o mandato, vale registrar que é possível o estabelecimento de
cláusula restritiva da sua resilição, leia-se, cláusula de irrevogabilidade, na forma do
art. 684.
Distinguindo revogação de denúncia, afirma ORLANDO GOMES que
“esta põe fim, diretamente, à relação obrigacional, enquanto aquela extingue o
contrato e, só como consequência mediata, a relação, fazendo cessar, ex tunc ou ex
nunc, os efeitos do negócio.
RENÚNCIA
Como a outra face da moeda, compreendemos que o sentido que se dá ao vocábulo
“renúncia”, em matéria de extinção contratual, nada mais é do que a resilição
contratual por iniciativa unilateral do sujeito passivo da relação obrigacional, sendo
também especialmente aplicável a algumas modalidades contratuais.
“Posto que seja unilateral, a renúncia pertence à categoria dos negócios extintivos,
apresentando-se normalmente como comportamento abdicativo destinado a extinguir
uma relação jurídica pela autoeliminação de um dos seus sujeitos, o ativo. No direito
das obrigações, a remissão da dívida é a figura mais característica da renúncia. No
mandato, tanto o mandante pode desvincular-se do contrato, revogando os poderes do
mandatário, como este, com a mesma liberdade de ação, se libera, renunciando-os.
Exerce, deste modo, o poder de resilir unilateralmente o contrato, pelo que indeferimos
a postulação do item ‘a’ da inaugural. Deve notificar sua intenção ao mandante e, em
certos casos, aguardar substituto. Da renúncia distinguem-se os negócios omissivos,
como o repúdio
RESGATE
Exemplo clássico e difundido de resgate encontrávamos no Código Civil anterior,
quando preceituava acerca do instituto da enfiteuse, direito real na coisa alheia não
mais disciplinado pela codificação nacional.
Em casos tais, o contrato se extingue de pleno direito, situação que ocorre, por
exemplo, na fiança. Para este contrato, os herdeiros não recebem como herança o
encargo de ser fiador, só respondendo até os limites da herança por dívidas
eventualmente vencidas durante a vida do seu antecessor (art. 836 do CC). Em
reforço, a condição de fiador não se transmite, pois ele tem apenas uma
responsabilidade, sem que a dívida seja sua (“obligatio sem debitum” ou “Haftung sem
Schuld”).
RESCISÃO.
Se há uma modalidade de extinção contratual em que se constata profunda
imprecisão terminológica e desvios teoréticos, não há menor dúvida de que é
“rescisão”.
AULA 4.6
Responsabilidade Pós-Contratual.
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL.
O Direito e, em especial, o direito das obrigações impõem deveres de conduta.
Esses deveres que nos são impostos resultam de um dever geral de conduta
segundo o Direito e os bons costumes ou de obrigações voluntariamente
contraídas, emanadas de contratos.
O contrato pode até excluir o dever de indenizar, que pode ser cláusula válida,
ou pode o contrato predeterminar uma indenização, incluindo cláusula penal
compensatória, evitando custoso exame da culpa.
Não havendo contrato, a responsabilidade extracontratual ou aquiliana parte,
desde o início, dos postulados fundamentais do art. 159 do Código Civil de
1916: