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L.2. Sebenta (2 Frequência)

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Carolina Rosa

Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra


Apontamentos de Contratos Públicos
2ª frequência

TIPOS DE PROCEDIMENTOS PARA A FORMAÇÃO DE CONTRATOS PÚBLICOS

O procedimento de ajuste direto e o procedimento de consulta prévia: critérios de


escolha e referência à tramitação do procedimento

O ajuste direto simplificado

Tipos de procedimentos para a formação de contratos públicos no CCP

Artigo 16º do CCP


Procedimentos para a formação de contratos

1 – Para a formação de contratos cujo objeto abranja prestações que estão ou sejam suscetíveis de estar
submetidas à concorrência de mercado, as entidades adjudicantes devem adotar um dos seguintes tipos de
procedimentos:
a) Ajuste direto;
b) Consulta prévia;
c) Concurso público;
d) Concurso limitado por prévia qualificação;
e) Procedimento de negociação;
f) Diálogo concorrencial;
g) Parceria para a inovação
2 - Para os efeitos do disposto no número anterior, consideram-se submetidas à concorrência de mercado,
designadamente, as prestações típicas abrangidas pelo objeto dos seguintes contratos, independentemente da
sua designação ou natureza:
a) Empreitada de obras públicas;
b) Concessão de obras públicas;
c) Concessão de serviços públicos;
d) Locação ou aquisição de bens móveis;
e) Aquisição de serviços;
f) Sociedade.

I. O procedimento de ajuste direto e o procedimento de consulta prévia

1. Noção de consulta prévia e de ajuste direto - artigo 112º


1.1. A consulta prévia é o procedimento em que a entidade adjudicante convida
diretamente pelo menos três entidades à sua escolha a apresentar proposta,
podendo com elas negociar os aspetos da execução do contrato a celebrar – nº1
do artigo 112º e nº1 do artigo 114º
1.2. O ajuste direto é o procedimento em que a entidade adjudicante convida
diretamente uma entidade à sua escolha a apresentar proposta

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1.2.1. No entanto, possíveis exceções (concurso de conceção, concurso de ideias


e o nº3 do artigo 24º)

II. Adoção dos procedimentos de ajuste direto e de consulta prévia no


CCP: adoção segundo o critério financeiro

1. Contratos de empreitada de obras públicas – artigo 19º


Para a celebração de contratos de empreitadas de obras públicas pode adotar-se um dos
seguintes procedimentos:
a) Concurso público ou concurso limitado por prévia qualificação, com publicação
de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, qualquer que seja o valor do
contrato;
b) Concurso público ou concurso limitado por prévia qualificação, sem publicação
de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, quando o valor do contrato seja
inferior ao limiar referido na alínea a) do nº3 do artigo 474º (€ 5.548.000);
c) Consulta prévia, com consulta a pelo menos três entidades, quando o valor do
contrato for inferior a € 150 000;
d) Ajuste direto, quando o valor do contrato for inferior a € 30 000.

2. Contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de aquisição de serviços –


artigo 20º
Para a celebração de contratos de locação ou de aquisição de bens móveis e de
aquisição de serviços, pode adotar-se um dos seguintes procedimentos:
a) Concurso público ou concurso limitado por prévia qualificação, com
publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, qualquer que seja
o valor do contrato;
b) Concurso público ou concurso limitado por prévia qualificação, sem
publicação de anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, quando o valor do
contrato seja inferior aos limiares referidos nas alíneas b) (144.000 euros, para
o Estado) ou c) (221.000 euros, para as outras entidades adjudicantes) do nº3
do artigo 474º;

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c) Consulta prévia, com consulta a pelo menos três entidades, quando o valor
do contrato seja inferior a € 75 000;
d) Ajuste direto, quando o valor do contrato for inferior a € 20 000.

3. Critério financeiro para os contratos de concessão de obras públicas e de serviços


públicos - artigo 31º
“1 - Sem prejuízo do disposto nos artigos 24º e 30º-A, para a formação de contratos
de concessão de obras públicas e de serviços públicos, bem como de contratos de
sociedade, deve ser adotado, em alternativa, o concurso público, o concurso limitado
por prévia qualificação, o procedimento de negociação ou o diálogo concorrencial.
2 – O disposto no número anterior é também aplicável quando os contratos nele
referidos não impliquem o pagamento de um preço pela entidade adjudicante ou
sejam contratos sem valor.
3 – Quando razões de interesse público relevante o justifiquem, pode adotar-se o
ajuste direto para a formação de contratos de sociedade.
4- Caso o valor do contrato de concessão de obra ou serviço público seja inferior a €
75 000 e a sua duração seja inferior a um ano, podem ser utilizados os procedimentos
de consulta prévia ou ajuste direto”.

4. Limites à escolha das entidades convidadas


4.1. Limite em função do valor acumulado - artigo 113º, nº2: “Não podem ser
convidadas a apresentar propostas, entidades às quais a entidade adjudicante já
tenha adjudicado, no ano económico em curso e nos dois anos económicos
anteriores, na sequência de consulta prévia ou ajuste direto adotados nos
termos do disposto nas alíneas c) e d) do artigo 19º e alíneas c) e d) do nº1 do
artigo 20º, consoante o caso, propostas para a celebração de contratos cujo
preço contratual acumulado seja igual ou superior aos limites referidos naquelas
alíneas”.
Ou seja:
a) O carácter trienal: “ano económico em curso e nos dois anos económicos
anteriores”;

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b) O limite abrange indistintamente o ajuste direto e a consulta prévia;


c) Solução que resulta do ponto anterior para o limite trienal
EXEMPLO (artigo 20º, nº1, alínea c) – consulta prévia para a aquisição de serviços (75.000
€):
Janeiro 2018 - 50.000 €
Março 2019- 20.000 €
Maio de 2020 - ? Pode celebrar contrato até € 74.999.
Nota: o valor do novo contrato que se pretenda celebrar por ajuste direto/consulta prévia
não é incluído no cálculo do preço contratual acumulado

i) Cada tipo de procedimento tem um limite trienal próprio


ii) Cada operador terá duas “conta-correntes”: uma para ajustes diretos e outra para
consultas prévias
iii) Os contratos de empreitada contam-se sempre autonomamente relativamente aos
contratos de aquisição/locação de móveis e de aquisição de serviços.

4.2. Delimitação do âmbito subjetivo para a aplicação do limite trienal


a) No Estado e Regiões Autónomas: distinção entre gabinetes governamentais,
serviços centrais, serviços periféricos e secretarias regionais - artigo 113º, nº3.
b) Nos Municípios: distinção por serviço municipalizado – artigo 113º, nº4.

4.3. Critério do valor no caso de entidades convidadas em agrupamento – artigo


117º, nº2, alínea a)
4.3.1. No caso de ajuste direto/consulta prévia adotados em função do critério do
valor, as entidades convidadas não podem integrar agrupamentos (artigo
117º, nº2, alínea a))
4.3.2. O escasso valor do contrato, o “carácter pessoal” do convite e a
possibilidade (inconveniente) de o agrupamento integrar um operador
económico que a entidade adjudicante nunca convidaria (mas se estas duas
últimas razões forem válidas, então não se percebe a razão pela qual não
deveriam valer para a – regra geral – do nº1 do artigo 117º).

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4.4. “Liberalidades” – artigo 113º, nº5 (“Não podem ser convidadas entidades que já
tenham executado obras, fornecidos bens móveis ou prestado serviços à entidade
adjudicante, a título gratuito, no ano económico em curso ou nos dois anos económicos
anteriores”)
a. O limite não se aplica a comportamentos juridicamente enquadráveis (p. ex:
descontos comerciais em contratos)
b. Mas inclui-se o que se tenha feito por preços “simbólicos”
c. A liberalidade tem de ser feita para a própria entidade adjudicante
d. Não abrange a oferta de liberalidades ou doações feitas aos membros de uma
entidade adjudicante, mas sim à própria entidade adjudicante
e. Vale para qualquer ajuste direto/consulta prévia (em função do valor ou de
critério material)
f. Regra geral: para que uma prestação gratuita escape ao nº5 do artigo 113º é
necessário que a mesma esteja prevista no caderno de encargos do
procedimento e, consequentemente, no contrato (ex: a obrigação de prestar
formação profissional, como contrapartida da adjudicação de um
determinado contrato)
g. Se a entidade adjudicante exigir ao fornecedor que, fora do contrato, efetue
uma qualquer prestação gratuita e o fornecedor aceder, ficará este sujeito à
proibição de ser contratado.

III. Escolha do ajuste direto (ou da consulta prévia) segundo critérios materiais (Nota:
a escolha do ajuste direto segundo critérios materiais, nos termos dos artigos
23.o, 24.o, 25.o, 26.o e 27.o do CCP, não condiciona o valor do contrato a
celebrar, permitindo a celebração de contratos de qualquer valor (no entanto,
existem algumas exceções de limite de valor).
1. Regra fundamental de interpretação das normas que facultem o recurso ao ajuste
direto (ou à consulta prévia) com base em critérios materiais
1.1. A Jurisprudência do TJUE
I. As normas que estabelecem desvios às regras gerais da contratação pública
devem ser objeto de interpretação estrita e o ónus da prova cabe à entidade
adjudicante - TJ, Comissão/Itália, de 14–9-2004, Processo C-385/02.

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Ou seja: as derrogações às regras que têm por finalidade garantir a efetividade


dos direitos reconhecidos pelo Tratado no sector dos contratos públicos
devem ser objeto de interpretação estrita - Acórdão do Tribunal de Justiça, de
8 de Abril de 2008, Processo C-337/05, Comissão/Itália, sobre «A adjudicação
de contratos públicos sem publicação prévia de anúncio – Não abertura à
concorrência – Helicópteros das marcas Agusta e Agusta Bell», na sequência
do Acórdão de 18 de Maio de 1995, Comissão/Itália, Processo C-57/94, do
Acórdão de 28 de Março de 1996, Comissão/Alemanha, Processo C-318/94, e
do Acórdão de 2 de Junho de 2005, Comissão/Grécia, Processo C-394/02.
II. É a quem pretende invocar uma derrogação que incumbe provar que as
circunstâncias excecionais que justificam essa derrogação se verificam
efetivamente - Acórdão de 10-03-1987, Comissão/Itália, Processo nº 199/85, e
acórdão Comissão/Grécia.

2. Razões procedimentais que facultam o recurso ao ajuste direto qualquer que seja o
objeto do contrato a celebrar
2.1. Situação em que um concurso fique deserto, por (artigo 24º, nº1, alínea a)):
i) Num concurso limitado por prévia qualificação nenhum candidato se
tenha apresentado;
ii) Ou num concurso público nenhum concorrente tenha apresentado
proposta;
iii) E ainda a hipótese prevista no nº6 do artigo 24º, conjugado com o nº5 do
mesmo artigo, quando estejam em causa entidades dos sectores especiais
(ou atividades dos sectores especiais), abrangendo-se também aqui o
procedimento de negociação.
2.2. Situação em que, num concurso público, num concurso limitado por prévia
qualificação ou num procedimento de diálogo concorrencial, todas as propostas
são excluídas por razões formais – artigo 24º, nº1, alínea b), conjugada com o
artigo 146º.
2.3. Situação em que todas as propostas são excluídas por razões materiais – artigo
24º, nº1, alínea b), e nº2, conjugados com o artigo 70º, nº2 (na generalidade dos

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casos, as razões de exclusão mencionadas neste nº equivalem a razões


materiais).

3. As razões de urgência: os casos de urgência imperiosa resultantes de acontecimentos


imprevisíveis – artigo 24º, nº1, alínea c).
“Na medida do estritamente necessário e por motivos de urgência imperiosa
resultante de acontecimentos imprevisíveis pela entidade adjudicante, não possam
ser cumpridos os prazos inerentes aos demais procedimentos, e desde que as
circunstâncias invocadas não sejam, em caso algum, imputáveis à entidade
adjudicante”

3.1. O ónus da entidade adjudicante


Demostrar a verificação dos pressupostos necessários e de aplicação cumulativa para
o recurso ao procedimento por ajuste direto por motivos de urgência imperiosa:
i) Motivos de urgência imperiosa;
ii) Resultantes de acontecimentos imprevisíveis;
iii) Não imputáveis, em caso algum, à entidades adjudicante
iv) Que o recurso ao ajuste direto é, ou seja, feito na medida do estritamente
necessário; e
v) Que não possam ser cumpridos os prazos previstos para os processos de
concurso público
(exemplo)
3.2. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo do Sul (desde 2007). Acórdão
de 21-06-2007, Proc. 02613/07: a subsunção das circunstâncias do caso concreto
aos pressupostos legais passa pela averiguação do sentido dos conceitos
abstratos indeterminados utilizados na lei, a saber, razões de “urgência
imperiosa” na decorrência de “acontecimentos imprevistos”, “não imputáveis” à
entidade adjudicante e em que o contrato é celebrado “na medida do
estritamente necessário”.
3.3. A jurisprudência do Tribunal de Contas (desde 2009): Acórdão nº35/2009, de 15-
09: não basta que se conclua que o interesse público em realizar a empreitada
com a máxima urgência seja superior ao interesse público em a realizar através

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de procedimento concursal, sendo ainda necessário que essa urgência imperiosa


seja resultante de acontecimentos imprevisíveis pela entidade adjudicante, e as
circunstâncias que a condicionam ou rodeiam não sejam, em caso algum, a ela
imputáveis.
Entendendo-se por acontecimentos imprevisíveis aqueles que um decisor público
normal, colocado na posição do real decisor, não podia nem devia ter previsto.
Estão, portanto, fora do conceito de acontecimentos imprevisíveis, os
acontecimentos que aquele decisor público podia e devia ter previsto.

4. Razões relativas ao objeto do contrato – alínea d) e subalíneas i), ii) e iii) da alínea e)
do artigo 24o (telecomunicações, criação ou aquisição de uma obra de arte ou de um
espetáculo artístico, motivos técnicos, direitos exclusivos)
4.1. Motivos técnicos – artigo 24º, nº1, alínea e): “e) As prestações que constituem o
objeto do contrato só possam ser confiadas a determinada entidade por uma das
seguintes razões: ii) Não exista concorrência por motivos técnicos;”
4.1.1. Um só operador com a especialidade/expertise pretendida ou que dispõe
do produto ou serviço pretendido e inexistência de alternativa razoável
equivalente: problema das especificações (técnicas e de outra natureza).
Nº4 do artigo 24º: “O ajuste direto com fundamento no disposto nas
subalíneas ii) e iii) da alínea e) do nº1 só pode ser adotado quando não exista
alternativa ou substituto razoável e quando a inexistência de concorrência
não resulte de uma restrição desnecessária face aos aspetos do contrato a
celebrar”.
4.1.2. A jurisprudência do TJUE
i) O dever de averiguação prévia a nível europeu
ii) Irrelevância da prova do “melhor operador do mercado” - TJUE,
Comissão /Itália, Processo C-199/85.
iii) A relevância do ónus da prova e as prestações adicionais
No caso vertente, deve concluir-se que a entidade adjudicante não demonstrou
suficientemente a razão pela qual apenas os helicópteros produzidos pela Agusta seriam
dotados das especificidades técnicas exigidas.

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Além disso, o Estado-Membro limitou-se a sublinhar as vantagens de uma


interoperabilidade dos helicópteros utilizados pelos seus diferentes corpos. No entanto,
não demonstrou de que modo uma mudança de fornecedor o teria obrigado a adquirir
um material fabricado segundo uma técnica diferente, suscetível de provocar uma
incompatibilidade, ou dificuldades técnicas de utilização ou de manutenção
desproporcionadas - Acórdão do Tribunal de Justiça, de 8 de Abril de 2008, Processo C-337/05,
Comissão/Itália, sobre «A adjudicação de contratos públicos sem publicação prévia de anúncio – Não
abertura à concorrência – Helicópteros das marcas Agusta e Agusta Bell», e especificamente sobre as
prestações adicionais o Acórdão de 14-09-2004, Comissão/Itália, Processo C-385/02.

4.1.3. Jurisprudência do Tribunal Central Administrativo do Norte – Acórdão de


08-10-2010, Processo 03003/09.6BEPRT
i) Face ao que se mostra enunciado conjugadamente nos artigos 16º, 18º,
19º, 20º, 21º e 23º do CCP, a opção inicial pelo concurso público ou pelo
limitado, ou ainda pelo ajuste direto, não envolve por parte da
Administração o exercício dum poder discricionário, mas ao invés um poder
vinculado
ii) A opção pelo ajuste directo, tendo como fundamento a alínea e) do nº1 do
artigo 24º do CCP, só ocorrerá quando no mercado, por razões técnicas,
artísticas ou de proteção de direitos exclusivos, apenas exista ou se mostre
habilitada uma pessoa/empresa capaz de executar a
prestação/fornecimento de serviço, pelo que não faria sentido à
Administração ter de se socorrer do procedimento concursal quando de
antemão sabia que só aquela pessoa/empresa poderia ser admitida.
iii) O recurso ao ajuste direto por uma questão de premência de cumprimento
de prazos e de compromissos assumidos em matéria de execução de
missões e objetivos definidos pela entidade adjudicante ou que lhe são
impostos não encontra cobertura legal no artigo 24º, nº 1, al. e) do CCP,
nem igualmente nesta sede vale a argumentação que contenda com
aproveitamento dos dinheiros já pagos no âmbito de anterior execução
contratual que se veio a mostrar ineficaz em termos financeiros, nem com
um potencial ou real aumento de custos financeiros envolvidos na

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intervenção de nova empresa e/ou da não continuação da anterior


adjudicatária
iv) Da referência a uma “especificidade técnica do software” não resulta como
reunida e adquirida a conclusão de que apenas a entidade adjudicatária se
afirme como a única entidade disponível no mercado que detém
capacidade e aptidão técnicas bastantes para fazer face à complexidade e
exigência dos serviços a prestar/fornecer.

4.2. Motivos artísticos – artigo 24º, nº1, alínea e), subalínea i).
“i) O objeto do procedimento seja a criação ou aquisição de uma obra de arte ou
de um espetáculo artístico”
4.2.1. Aquisição de uma obra de arte (diferente de arquitetura) ou contratação
de um artista: a questão da reputação da obra ou do artista e os motivos
justificativos da aquisição de uma certa obra ou de um certo artista. A
Diretiva 2014/24, relativa aos contratos públicos (artigo 32º, alínea b):
“Quando as obras, os produtos ou os serviços só puderem ser fornecidos
por um determinado operador económico, por uma das seguintes razões
(...): i) o objetivo do concurso é a criação ou a aquisição de uma obra de arte
ou de um espetáculo artístico únicos”.
4.2.2. Jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia: As disposições
das Diretivas que autorizam derrogações às regras que visam garantir a
efetividade dos direitos reconhecidos pelo Tratado no sector dos contratos
públicos de serviços, devem ser objeto de interpretação estrita, cabendo o
ónus da prova de que se encontram efetivamente reunidas as circunstâncias
excecionais que justificam a derrogação a quem delas pretenda prevalecer-
se. Pelo que as disposições das Diretivas que permitam aquela derrogação
por razões técnicas ou artísticas apenas podem aplicar-se quando se provar
que, por motivos técnicos, artísticos ou atinentes á proteção de direitos
exclusivos, apenas existe uma empresa que está efetivamente em condições
de executar o contrato em causa – Acórdão do Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias, de 10 de Abril de 2003, Comissão/República Federal
da Alemanha.

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4.3. Motivos relacionados com a proteção de direitos exclusivos – artigo 24º, nº1,
alínea e), subalínea iii): “iii) Seja necessário proteger direitos exclusivos, incluindo
direitos de propriedade intelectual”.
4.3.1. Os exclusivos legais - ou com tutela legal -, como, por exemplo, os direitos
de propriedade industrial ou intelectual (marcas, patentes, etc.),
4.3.2. A inexistência de alternativa razoável (operador com condições
irrepetíveis): “O ajuste direto com fundamento no disposto nas subalíneas
ii) e iii) da alínea e) do nº1 só pode ser adotado quando não exista alternativa
ou substituto razoável e quando a inexistência de concorrência não resulte
de uma restrição desnecessária face aos aspetos do contrato a celebrar”) –
nº4 do artigo 24º.

5. Algumas aplicações do ajuste direto em função dos contratos a celebrar


5.1. Empreitadas de obras públicas por ajuste direto: artigo 25º
5.2. Locação e aquisição de bens móveis por ajuste direto: artigo 26º
5.3. Aquisição de serviços por ajuste direto: artigo 27º
5.3.1. Alínea b) do nº1 do artigo 27º: “b) A natureza das respetivas prestações,
nomeadamente as inerentes a serviços de natureza intelectual, não permita
a elaboração de especificações contratuais suficientemente precisas para
que sejam definidos os atributos qualitativos das propostas necessários à
fixação de um critério de adjudicação, nos termos do disposto no artigo 74º,
e desde que a definição quantitativa dos atributos das propostas, no âmbito
de outros tipos de procedimento, seja desadequada a essa fixação tendo
em conta os objetivos da aquisição pretendida”.

6. Limite à escolha do ajuste direto ao abrigo dos critérios materiais:


Artigo 27º-A (Consulta prévia): “Nas situações previstas nos artigos 24º a 27º, deve
adotar-se o procedimento de consulta prévia sempre que o recurso a mais de uma
entidade seja possível e compatível com o fundamento invocado para a adoção deste
procedimento”

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6.1. A introdução desta limitação, designadamente quando esteja em causa a adoção


do ajuste direto por razões de urgência, e o (novo) regime do contencioso pré-
contratual urgente.
6.2. Razões que poderão ser invocadas para fundamentar o recurso ao ajuste direto:
o confronto entre a razão da urgência e o “risco” procedimental e o “risco”
processual (contencioso).

7. O critério do interesse público (apenas) para contratos de sociedade: “Quando razões


de interesse público relevante o justifiquem, pode adotar-se o ajuste direto para a
formação de contratos de sociedade” – nº3 do artigo 31º

8. A faculdade de adotar o ajuste direto na sequência do “concurso de ideias”, nos


termos do nº8 do artigo 219º-J: “2 - Quando a entidade adjudicante pretenda adquirir
por ajuste direto, adotado ao abrigo do disposto na alínea g) do nº1 do artigo 27º,
planos, projetos ou quaisquer criações conceptuais que consistam na concretização
ou no desenvolvimento dos trabalhos de conceção referidos no número anterior,
deve a mesma conduzir previamente um concurso de conceção, nos termos previstos
no presente capítulo”.

9. A faculdade de adotar o ajuste direto na sequência do “concurso de ideias”, nos


termos do nº8 do artigo 219º-J: “8— A entidade adjudicante pode prever, no anúncio
do procedimento, a possibilidade de o vencedor ou vencedores do concurso de ideias
realizarem sucessivos níveis de desenvolvimento do projeto apresentado, através de
um procedimento de ajuste direto, desde que se encontre demonstrado que reúnem
os requisitos de capacidade técnica e financeira previstos no anúncio, em relação ao
projeto a desenvolver”.

IV. Tramitação do procedimento


Fase do convite à apresentação de propostas – artigo 115º
a. Convite: o programa do procedimento é substituído por um convite,
acompanhado de um caderno de encargos

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b. A escolha das entidades convidadas cabe ao órgão competente para tomar a


decisão de contratar – artigo 113º, nº1
c. Conteúdo do convite:
i. Conteúdo do convite em geral (ajuste direto/consulta prévia) – as diversas
alíneas do nº1 do artigo 115º
ii. Conteúdo do convite no caso de consulta prévia – acrescem as diversas
alíneas do nº2 do artigo 115º,
iii. Indicação se as propostas apresentadas serão objeto de negociação e, neste
caso:
• Quais os aspetos da execução do contrato a celebrar que a entidade
adjudicante não está disposta a negociar;
• Se a negociação decorrerá, total ou parcialmente, por via eletrónica
e os respetivos termos;
iv. O critério de adjudicação e eventuais fatores/subfactores que o densificam
(dispensando-se o modelo de avaliação)
d. Modo de formular o convite – artigo 115º, nº4: deve ser formulado por escrito
I. Para o convite e para a entrega da proposta não é obrigatória a
utilização de plataforma eletrónica – artigo 115º, nº4
II. Os procedimentos poderão continuar a decorrer via fax ou por e-mail:
pode ser fixado um modo diferente do previsto no artigo 62º nº1,
através de qualquer meio de transmissão escrita e eletrónica de dados
- artigo 115º, nº1, alínea g)
III. Deve assegurar-se, no caso da consulta prévia, o envio simultâneo a
todos os operadores económicos convidados.

FASE DA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS


a) Esclarecimentos sobre as peças do procedimento e retificações a estas peças -
artigo 116º:
I. Faculta-se às entidades convidadas a possibilidade de pedirem
esclarecimentos sobre as peças do procedimento, facultando-se também
à entidade adjudicante a possibilidade de introduzir retificações no prazo
aí referido;

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II. Em regra, aplicar-se-á o regime do artigo 50º do CCP, podendo os


esclarecimentos sobre as peças ser prestados e as retificações ser
efetuadas até ao termo do segundo terço do prazo de apresentação de
propostas.
b) Prazo para a apresentação das propostas:
I. Não há um prazo mínimo legal e imperativamente fixado;
II. Ou seja: o prazo para a apresentação das propostas é o que for fixado no
convite – artigo 115º, nº1, alínea f);
III. Pode ser um prazo inferior ou superior a nove dias;
IV. A fixação do prazo está na discricionariedade da entidade adjudicante,
mas tem de ser um prazo adequado/proporcionado.
c) Apresentação de proposta por agrupamentos – artigo 117º, nº1
I. A regra: pode apresentar proposta em ajuste direto/consulta prévia um
agrupamento de pessoas singulares ou coletivas, desde que um dos seus
membros tenha sido a entidade convidada para esse efeito.
II. A exceção à apresentação de proposta por um agrupamento: se o
procedimento for escolhido em função do valor (artigo 117º, nº2 –
remissão).

FASE DE NEGOCIAÇÕES (EVENTUAL)


a) Só existe no caso de consulta prévia e se estiver previsto no convite
b) Objeto das negociações – artigo 118º, nº1, conjugado com o artigo 115º, nº2:
I. As negociações devem incidir sobre os atributos das propostas (os
aspetos da execução do contrato a celebrar submetidos à concorrência
pelo caderno de encargos) e não sobre os termos e condições;
II. O direito dos concorrentes à negociação e o dever (dos mesmos) de
negociar.
c) Formalidades a observar – artigo 120º:
I. Convocatória – artigo 120º, nº1: o local pode ser um endereço eletrónico;
II. Formato adotado para as negociações – artigo 120º, nº2;
III. Elaboração de atas – artigo 120º, nº 3;
IV. Dever de sigilo durante a fase de negociação – artigo 120º, nº4

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V. Modo de realização das negociações – artigo 120º, nº2: trata-se de um


critério discricionário da entidade adjudicante (podem decorrer em
separado, ou em conjunto com os diversos concorrentes)
VI. O princípio da alterabilidade das propostas: os concorrentes devem ter
idênticas oportunidades de propor, de aceitar e de contrapor
modificações das respetivas propostas durante as sessões de negociação
– artigo 120º, nº 4
VII. Modo de representação dos concorrentes nas negociações – artigo 119º:
os concorrentes podem fazer-se representar, bem como fazer-se
acompanhar de técnicos nas sessões de negociação.

FASE DA APRESENTAÇÃO DAS VERSÕES FINAIS INTEGRAIS DAS PROPOSTAS


a) Apresentação das propostas em prazo fixado pelo júri – artigo 121º
b) A existência de um duplo limite:
i. As propostas não podem conter atributos diferentes dos constantes das
respetivas versões iniciais no que respeita aos aspetos da execução do
contrato a celebrar que a entidade adjudicante tenha indicado não estar
disposta a negociar (causa de exclusão – artigo 122º, nº2)
ii. Depois de entregues as versões finais das propostas, não podem as
mesmas ser objeto de quaisquer alterações: passa a valer inteiramente
o princípio da inalterabilidade/intangibilidade das propostas.

FASE DA ANÁLISE E AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS E POSSÍVEL DISPENSA DE JÚRI


a) Na consulta prévia, o órgão competente para a decisão de contratar poderá
dispensar a existência de júri (artigo 67º, nº3)
b) Em tal caso, os procedimentos são conduzidos pelos serviços da entidade
adjudicante: os serviços assumem a função de júri

Nota: quando não exista júri ou este seja dispensado, deverá haver lugar à designação de
um responsável do procedimento, nos termos do artigo 55º do Código do Procedimento
Administrativo

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FASE DA AUDIÊNCIA
a) Momento em que ocorre: depois da elaboração, pelo júri, do Relatório Preliminar,
no qual reflete a análise das versões iniciais e finais das propostas e a aplicação
do critério de adjudicação, ordenando as propostas ou propondo a sua exclusão
- artigo 122º, conjugado com o artigo 146º, nº 2 e 3
b) Prazo da audiência – artigo 123º: não inferior a três dias (úteis).

FASE DA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO FINAL E ADJUDICAÇÃO (ARTIGO 124º)


a) Possível exclusão de propostas ou reordenação das propostas, caso em que tem
de existir uma nova audiência prévia
b) Envio do Relatório Final ao órgão competente para a decisão de contratar – artigo
124º, nº 3 e 4
c) Tomada da decisão de adjudicação e celebração do contrato (com eventual
redução a escrito).

TRAMITAÇÃO – quando apenas haja a apresentação de uma proposta (artigo 125º)


a) Adoção de um procedimento simplificado:
i. Os serviços da entidade adjudicante pedem (podem pedir) esclarecimentos
sobre a proposta;
ii. Submissão do projeto de decisão de adjudicação ao órgão competente para
a decisão de contratar
b) Características:
i. Desnecessidade de júri (mas deve haver um responsável pela direção do
procedimento);
ii. Não há lugar à fase de negociação;
iii. Não há lugar a audiência prévia;
iv. Não há lugar à elaboração dos relatórios preliminar e final;
v. Possibilidade de convite para melhorar a proposta– artigo 125º, nº2, in fine;
vi. Manutenção da obrigação de publicitação (artigo 127º).

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MINUTA DO CONTRATO
a) Encurtamento do prazo para reclamar da minuta do contrato: no ajuste direto e
consulta prévia, são dois dias após a notificação da minuta (artigo 101º, in fine);
b) A notificação da minuta do contrato é, em regra, feita com a decisão de
adjudicação (artigo 98º, nº1).

HABILITAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE EFICÁCIA


a) Integração de eficácia: publicitação da ficha, pela entidade adjudicante, no portal
dos contratos públicos (artigo 127º, nº1): é “condição de eficácia do respetivo
contrato” (nomeadamente, eficácia financeira para “quaisquer pagamentos”) -
artigo 127º, nº3;
b) Nota: eliminação, em 2017, do nº2 do artigo 127º do CCP, na medida em que,
antes, exigia-se que nos contratos de valor igual ou superior a € 5000, se incluísse
a fundamentação da necessidade de recurso ao ajuste direto, em especial, sobre
a impossibilidade de satisfação da necessidade por via dos recursos próprios da
Administração Pública)

IV. Regime simplificado do ajuste direto (128º)


“1 — No caso de se tratar de ajuste direto para a formação de um contrato de aquisição
ou locação de bens móveis e de aquisição de serviços cujo preço contratual não seja
superior a € 5 000, ou no caso de empreitadas de obras públicas, a € 10 000, a
adjudicação pode ser feita pelo órgão competente para a decisão de contratar,
diretamente, sobre uma fatura ou um documento equivalente apresentado pela
entidade convidada, com dispensa de tramitação eletrónica”
a) Âmbito: ajuste direto relativo à formação de contratos de aquisição ou locação
de bens móveis ou de aquisição de serviços cujo preço contratual não seja
superior a 5.000 € e também de empreitadas de obras públicas até 10.000 €
b) Derrogação de formalidades: o procedimento de ajuste direto simplificado está
dispensado de quaisquer outras formalidades previstas no CCP, incluindo as
relativas à celebração do contrato e à publicitação prevista no artigo 465º (cfr. o
nº3 do artigo 128º do CCP).
c) Condições (artigo 129º do CCP):

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i. Prazo de vigência não superior a um ano, nem prorrogável (exceto


obrigações acessórias)
ii. Preço insuscetível de revisão
iii. Adjudicação “sobre fatura” – ausência de formalidades (incluindo
publicitação da ficha)
iv. Conta para efeitos do “limite trienal” (artigo 113º, nº2).

I. Tipos de procedimentos para a formação de contratos públicos (cont.)


1. Concurso público
2. Concurso limitado por prévia qualificação.
II. Proposta e candidatura e requisitos de participação
III. Peças do procedimento
IV. Adjudicação: critério de adjudicação e modelo de avaliação de propostas
V. Outros procedimentos (concurso público urgente, procedimento de
negociação, parceria para a inovação)
VI. Referência aos instrumentos procedimentais especiais: concurso de
conceção (artigos 219º-A a 219º - I do CCP); concurso de ideias (artigo 219º-
J do CCP); sistemas de aquisição dinâmicos (artigos 237º a 241º- D do CCP)
VII. Acordos quadro e centrais de compras (artigos 251º a 266º do CCP).

Os procedimentos do concurso público e do concurso limitado por prévia qualificação


para a formação de contratos públicos

1. Concurso público
1.1. Princípio geral relativo à escolha do procedimento: a escolha do concurso público
permite a celebração de contratos de qualquer valor - artigo 19º, alínea a), artigo
20º, nº 1, alínea a), artigo 21º, alínea a)
1.2. Limites à celebração de contratos em função do valor:
1.2.1. Limites nos contratos de empreitada de obras públicas: a escolha do
concurso público só permite a celebração de contratos de empreitada de
obras públicas sem publicidade no Jornal Oficial da União Europeia se o seu

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valor for inferior ao limiar da Diretiva 2014/24, ou seja, inferior a 5 milhões


548 mil euros (a partir deste valor o anúncio do concurso deve ser publicado
no Jornal Oficial da União Europeia) - artigo 19º, alínea b), do CCP.
1.2.2. Limites nos contratos de locação ou de aquisição de bens móveis: a
escolha do concurso público só permite a celebração destes contratos sem
publicidade no Jornal Oficial da União Europeia se o seu valor for inferior ao
limiar da Diretiva 2014/24, ou seja, inferior a 221 mil euros e inferior a 144
mil euros se adjudicados pelo Estado (a partir destes valores o anúncio do
concurso deve ser publicado no Jornal Oficial da União Europeia) - artigo
20º, no 1, alínea b), do CCP.
1.2.3. Limites nos contratos de aquisição de serviços: a escolha do concurso
público só permite a celebração destes contratos sem publicidade no Jornal
Oficial da União Europeia se o seu valor for inferior ao limiar da Diretiva
2014/24, ou seja, inferior a 221 mil euros e inferior a 144 mil euros se
adjudicados pelo Estado (a partir deste valor o anúncio do concurso deve ser
publicado no Jornal Oficial da União Europeia) - artigo 20º, nº 1, alínea b),
do CCP.
1.3. Princípio geral da adoção do concurso público independentemente do valor do
contrato a celebrar e sem publicação do anúncio no jornal oficial da união
europeia: pode adotar-se o concurso público sem publicação do respetivo
anúncio no Jornal Oficial da União Europeia, nos casos em que pode ser adotado
o ajuste direto ao abrigo do critério material – artigo 28º -» e artigos 23º a 27º.

1.4. Tramitação do procedimento de concurso público

FASE DA INICIATIVA
a) Início do procedimento – artigo 36º -» o procedimento inicia-se com a decisão de
contratar.
b) Publicitação do anúncio -» publicação do anúncio do concurso público no Diário
da República e no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE) quando seja exigível a
publicidade internacional – artigos 130º e 131º, nº 1

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c) Dever de publicitação na plataforma eletrónica da entidade adjudicante – artigo


133º, nº 1, 2 6 e 7.
d) Disponibilização das peças do procedimento – artigo 40º, conjugado com o artigo
132º:
I. O programa do procedimento (isto é, o programa do concurso público).
Noção – artigo 41º;
II. O caderno de encargos. Noção – artigo 42º, nº1; (o convite, mas apenas
quando se preveja a realização de leilão eletrónico – artigo 142º).
e) O ónus de os interessados identificarem os erros e as omissões do caderno de
encargos – artigo 50º (consequências da omissão/ incumprimento deste dever)
f) Retificação de erros ou omissões das peças do procedimento pela entidade
adjudicante – artigo 50º
g) Princípio da prevalência dos esclarecimentos e das retificações sobre as peças do
procedimento em caso de divergência - artigo 50º.

FASE DA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS PELOS CONCORRENTES


a) Distinção entre candidato e concorrente – artigos 52º e 53º
b) Noção de proposta – artigo 56º e ANEXO I do CCP (Modelo de Declaração).
c) Documentos que devem acompanhar a proposta – artigo 57º e ANEXO I do CCP
(Modelo de Declaração).
d) DEUCP: nos procedimentos com publicação de anúncio no Jornal Oficial da União
Europeia, é apresentado, em substituição da declaração do anexo I do CCP, o
Documento Europeu Único de Contratação Pública – nº6 do artigo 57º
e) Quem pode apresentar propostas:
• pessoas singulares - artigo 53º;
• pessoas coletivas – artigo 54º;
• agrupamentos (podem ser concorrentes agrupamentos de
pessoas singulares ou coletivas - artigo 54º: inexigibilidade de
qualquer modalidade jurídica de associação);
f) Quem não pode ser concorrente ou integrar qualquer agrupamento – artigo 55o
-» requisitos de participação -» impedimentos: o “compromisso de honra”
(ANEXO I do CCP - Modelo de Declaração e DUECP, nos concursos internacionais).
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• Os concorrentes não têm de demonstrar, mas apenas de declarar


que não se encontram em nenhuma das situações de
impedimento previstas no CCP: apenas o adjudicatário vai ter de
fazer prova relativamente à inexistência de impedimentos. Trata-
se da habilitação (dos documentos de habilitação) – artigo 132º,
no 1, alínea f) -» estes documentos só irão ser apresentados pelo
adjudicatário.
g) Prazos mínimos para a apresentação das propostas: nos concursos públicos sem
publicidade internacional (o prazo mínimo não deve ser inferior a 6 dias) e nos
concursos públicos com publicidade internacional – Jornal Oficial da União
Europeia (o prazo mínimo não deve ser inferior a 30 dias), – artigos 135º e 136º
h) Publicitação das listas de concorrentes – artigo 138º -» no dia imediato ao termo
do prazo para a apresentação das propostas, o júri deve publicitar a lista dos
concorrentes na plataforma eletrónica utilizada pela entidade adjudicante.

FASE DA ANÁLISE E AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS PELO JÚRI. A tarefa do júri é dupla:
analisa e avalia as propostas
a) Análise das propostas
I. O “saneamento do concurso/das propostas”: a exclusão de propostas na fase
de análise – artigo 70º, nº2: as propostas têm de ser analisadas tendo em vista
a sua admissão ou exclusão
II. Causas de exclusão das propostas - artigos 70º, nº2, e 146º do CCP (remissão
para a Fase de Elaboração do Relatório Preliminar)
b) Avaliação das propostas – artigos 74º e 75º -» o júri avalia em função do critério
de adjudicação definido no programa de concurso, isto é, dos fatores e
subfactores em que se decompõe o critério de adjudicação
a. Critério de adjudicação – artigo 74o -» o critério da proposta
economicamente mais vantajosa:
i. A melhor relação qualidade-preço;
ii. Ou só o preço ou custo.
b. Obrigatoriedade da elaboração de um modelo de avaliação quando o
critério de adjudicação seja o da melhor relação- qualidade preço – artigo

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132º, nº 1, alínea n) e artigo 139º -» o “modelo de avaliação” consiste na


definição de fatores e subfactores, e dos respetivos coeficientes de
ponderação, e, ainda, relativamente a cada um dos fatores ou subfactores
elementares, a respetiva escala de pontuação, bem como a expressão
matemática, ou o conjunto ordenado de diferentes atributos suscetíveis
de serem propostos que permita a atribuição de pontuações parciais.
c. Admissibilidade do critério do mais baixo preço ou custo – artigo 74o, no
1, alínea b): apenas quando o caderno de encargos defina todos os
restantes aspetos da execução do contrato a celebrar, submetendo
apenas à concorrência o preço (ou o custo) a pagar pela entidade
adjudicante pela execução de todas as prestações que constituem o
objeto daquele. Ou seja: só é admissível o critério do mais baixo preço
quando todos os aspetos da execução do contrato sejam definidos pela
entidade adjudicante, não havendo qualquer outro aspeto, mesmo que
não submetido à concorrência, que tenha de ser proposto pelos
concorrentes.
d. Os atributos das propostas e a noção de “aspetos submetidos à
concorrência” – artigo 56º, nº 2. A distinção entre “termos e condições”
(aspetos da execução do contrato não submetidos à concorrência pelo
caderno de encargos) e “atributos das propostas” (aspetos da execução
do contrato submetidos à concorrência pelo caderno de encargos) –
Conjugação dos artigos 139º, nº 3, com os artigos 56º, nº2, 74º, 75º e 57º,
nº1 e 2.
e. Pedidos de esclarecimento pelo júri para efeitos de análise e avaliação das
propostas – artigo 72º
i. Limite:
1. Os esclarecimentos não podem alterar ou completar os
atributos das propostas;
2. Nem suprir omissões determinantes da sua exclusão. Os
esclarecimentos nunca podem servir para trazer
informações a posteriori; esclarecer é apenas aclarar o que
já está na proposta, não devendo ultrapassar-se esta

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fronteira para aproveitar o esclarecimento para trazer


informação a posteriori. Por ex., numa proposta volumosa
não se consegue encontrar a página em que o concorrente
apresenta o prazo - na página 100 ou na página 150?
3. No entanto, a possibilidade de suprir irregularidades
formais não essenciais das propostas – nº3 do artigo 72º.

FASE DE PREPARAÇÃO DA ADJUDICAÇÃO


a) Elaboração do Relatório Preliminar pelo júri do procedimento – artigo 146º, nº1
b) Causas de exclusão das propostas - conjugação do artigo 146º nº2, com o artigo
70º, nº2.
a. Causas de exclusão das propostas previstas no artigo 146º, nº 2. São
excluídas as propostas numa das seguintes situações:
i. Entregues fora de prazo;
ii. Entregues por um concorrente desrespeitando a proibição de uma
mesma entidade participar, no mesmo concurso, com duas
propostas (p. ex., um concorrente integrar um agrupamento e
apresentar uma proposta isoladamente ou participar num outro
agrupamento de concorrentes);
iii. Propostas entregues por um concorrente que esteja nalguma
situação de impedimento (a possibilidade de a entidade
adjudicante conhecer, por alguma forma, a situação de
impedimento);
iv. Proposta na qual falte algum documento ou que viole algumas
exigências formais nos documentos entregues (p. ex., o
desrespeito da língua ou idioma previsto ou a falta de assinatura
ou assinatura sem observância dos requisitos legais - certificado
qualificado de assinatura eletrónica, nos termos da Lei no 290-
D/99, de 2-8 e da Lei no 96/2015, de 17-08);
v. Propostas apresentadas como variantes quando estas não sejam
admitidas no programa do concurso, ou em número superior ao
admitido, ou ainda quando não seja apresentada proposta base;

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vi. Quando se trate de propostas variantes, mas em que é excluída a


respetiva proposta base;
vii. Quando seja apresentada mais do que uma proposta e não sejam
admitidas variantes (artigo 59º nº 7);
viii. Que desrespeitem as formalidades quanto ao modo de
apresentação da proposta (artigo 62º);
ix. Que sejam constituídas por documentos falsos ou que contenham
falsas declarações;
x. Que desrespeitem regras específicas constantes do programa do
concurso para cujo desrespeito o programa preveja tal sanção;
xi. As propostas que estejam numa das situações previstas no nº 2 do
artigo 70º, que respeitam, não a razões formais, mas ao conteúdo
da proposta:
• a não apresentação de algum atributo exigido pelo caderno
de encargos;
• a proposta que contenha atributos que violem parâmetros
do caderno de encargos;
• ou que violem aspetos do caderno de encargos não
submetidos à concorrência;
• com preço contratual superior ao preço base (o juízo de
prognose reportado à fase da execução do contrato);
• ou com preço anormalmente baixo cujos esclarecimentos
não tenham sido apresentados ou não tenham sido aceites;
• se conduzirem à celebração de um contrato que viole
vinculações legais ou regulamentares;
• a existência de fortes indícios de atos, acordos, práticas ou
informações suscetíveis de falsear as regras da
concorrência;
• a impossibilidade de avaliação das mesmas em virtude da
forma de apresentação de algum dos respetivos atributos.

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c) Momento em que os concorrentes conhecem a causa (ou causas) da sua


exclusão: quando forem notificados do relatório preliminar e é só neste momento
que vão ter oportunidade de se pronunciarem em audiência prévia.
d) Eventual realização de um leilão eletrónico: no caso de contratos de locação ou
de aquisição de bens móveis ou de contratos de aquisição de serviços, a entidade
adjudicante pode recorrer a um leilão eletrónico que consiste num processo
interativo baseado num dispositivo eletrónico destinado a permitir aos
concorrentes melhorar progressivamente os atributos das respetivas propostas,
depois de avaliadas, obtendo-se a sua nova pontuação global através de um
tratamento automático. Só podem ser objeto de um leilão eletrónico os atributos
das propostas, desde que: i) O caderno de encargos fixe os parâmetros base dos
respetivos aspetos da execução do contrato a celebrar submetidos à
concorrência; e ii) Tais atributos sejam definidos apenas quantitativamente (n.º 1
e 2 do artigo 140º e artigos 141º a 145º))
e) Elaboração do Relatório Preliminar pelo júri do procedimento
a. Momento em que o júri elabora o Relatório Preliminar – artigo 146º, nº 1:
após a análise das propostas, a utilização (eventual) de um leilão
eletrónico e a aplicação do critério de adjudicação, o júri elabora
fundamentadamente um relatório preliminar.
b. O que deve fazer o júri no Relatório Preliminar – artigo 146º, nº 1, 2 e 3
i. Propõe a ordenação das propostas (das propostas avaliadas)
ii. Propõe, fundamentadamente, a exclusão de propostas, com base
num dos motivos já referidos.
f) Audiência prévia – artigo 147º: Elaborado o relatório preliminar ..., o júri envia-o
a todos os concorrentes, fixando-lhes um prazo, não inferior a cinco dias (dias
úteis – artigo 470º), para que se pronunciem por escrito, ao abrigo do direito de
audiência prévia.
g) Elaboração do Relatório Final pelo júri do concurso e proposta de adjudicação -
artigo 148º
a. Dever de realizar nova audiência prévia -» o júri, sempre que, na
sequência da audiência prévia, “resulte uma alteração da ordenação das
propostas constante do relatório preliminar”, deve realizar uma nova

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audiência prévia. Para o efeito, basta que tenha havido alguma alteração
da ordenação das propostas (p. ex., a classificada em segundo lugar passa
para primeiro, ou a classificada em terceiro lugar passa para quarto).

FASE DA ADJUDICAÇÃO
a) A decisão de adjudicação. Noção – artigo 73º
b) Notificação da decisão de adjudicação a todos os concorrentes, que deve ser feita
simultaneamente – artigo 77º
c) O dever de adjudicar – artigo 76º
d) Causas de não adjudicação – artigo 79º
e) Consequências da decisão de não adjudicação – artigo 79º, nº 3 e 4
f) Decisão de não adjudicação e revogação da decisão de contratar – artigo 80º
g) Notificação para a apresentação dos documentos de habilitação pelo
adjudicatário – artigo 85º. Apresentação dos documentos de habilitação pelo
adjudicatário: documentos relativos à inexistência de impedimento para
contratar e eventual documento de habilitação legal para a execução do contrato
- artigo 81º
(Nota: a habilitação decorre depois da adjudicação e todos os concorrentes que
não venham a ser adjudicatários estão dispensados desta obrigação)
h) Consequências se o adjudicatário não apresentar os documentos de habilitação:
a caducidade da adjudicação – artigo 86º
i) Eventual prestação de caução pelo adjudicatário – artigo 88º (que é sempre
obrigatória nos contratos que impliquem o pagamento de um preço pela
entidade adjudicante e em que o preço seja igual ou superior a 200 000 euros)
j) Finalidade da caução – artigo 88º, nº 1
k) Valor da caução – artigo 89º -» em regra, o valor da caução é até 5% do preço
contratual
l) Consequências se não for prestada a caução: caducidade da adjudicação – artigo
91º
m) Eventual confirmação de compromissos assumidos por terceiras entidades
relativamente a atributos ou a termos ou condições da proposta

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n) Consequências se o adjudicatário não confirmar os compromissos: a caducidade


da adjudicação – artigo 93º.

CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: aspetos essenciais do regime do CCP:


I. Redução do contrato a escrito e inexigibilidade e dispensa de redução do contrato
a escrito (artigos 94º e 95º);
II. Conteúdo do contrato e preço contratual (artigos 96º e 97º);
III. Aprovação da minuta do contrato pela entidade adjudicante, notificação da
minuta do contrato ao adjudicatário, aceitação da minuta do contrato ou
reclamação da minuta do contrato pelo adjudicatário (artigos 98º, 100º, 101º e
102º);
IV. Ajustamentos ao conteúdo do contrato a celebrar e notificação dos ajustamentos
ao contrato (artigos 99º e 103º);
V. Outorga do contrato e representação na outorga do contrato (artigos 104º e
106º);
VI. Não outorga do contrato (artigo 105º).

2. Concurso limitado por prévia qualificação: um procedimento bifásico


2.1. FASE DA QUALIFICAÇÃO DOS CANDIDATOS (AVALIAÇÃO E QUALIFICAÇÃO);
2.1.1. Quem pode apresentar candidaturas – artigo 52º
• pessoas singulares;
• pessoas coletivas;
• Agrupamentos (apresentação de candidatura por agrupamentos
de pessoas singulares ou coletivas – artigo 171º, conjugado com
o artigo 54º -» podem ser candidatos agrupamentos de pessoas
singulares ou coletivas)
2.1.2. Quem não pode ser candidato ou integrar qualquer agrupamento –
artigo 55º -» requisitos de participação -» impedimentos
2.1.3. Documentos que devem instruir a candidatura – artigo 168o, conjugado
com o artigo 165º -» sendo essencial para a qualificação dos candidatos:
• Apresentação de documentos que provem capacidade técnica –
artigo 165o, no 1 e alíneas a), b), c) e d) e nº 4 -» (p. ex.,
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equipamento, pessoal – está em causa a emissão de um juízo


valorativo pelo júri do procedimento);
• Apresentação de documentos que provem capacidade
financeira – artigo 165º, nº 3 e 4 -» capacidade financeira não
significa ter bens e dinheiro; significa demonstrar aptidão para
mobilizar os meios financeiros necessários à integral e boa
execução do contrato a celebrar. Mas o programa do concurso
pode prever outros requisitos relativos à capacidade financeira.
2.1.4. Analise das candidaturas pelo júri do concurso – artigo 178º - » para efeitos
de qualificação dos candidatos, fundamentalmente com base no critério da
sua capacidade técnica e financeira. Aqui visa-se a avaliação da capacidade
técnica e da capacidade financeira.
2.1.5. Existência de dois modelos de qualificação:
• Modelo simples de qualificação – artigo 179º -» neste modelo são
qualificados todos os candidatos que preencham os requisitos mínimos
de capacidade técnica e de capacidade financeira fixados no programa
do concurso
• Modelo complexo de qualificação – artigo 181º -»: neste modelo há
seleção de um número pré-determinado de candidatos, não inferior a
cinco, qualificados segundo o critério da maior capacidade técnica e
financeira. A seleção é realizada com base no modelo de avaliação
(artigo 139º) das respetivas candidaturas estabelecido no programa do
concurso, no qual se fixaram os fatores e eventuais subfactores que
densificam o critério da qualificação, os valores dos respetivos
coeficientes de ponderação e a respetiva pontuação e expressão
matemática.
2.2. FASE DO CONVITE À APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS, análise e avaliação destas
e adjudicação. Remissão para a tramitação do concurso público (esta fase segue
a tramitação do concurso público, exceto quanto à negociação, que não é
admitida no concurso limitado por prévia qualificação).

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Proposta e candidatura
1. Proposta -» concorrente
A proposta é a declaração pela qual o concorrente manifesta à entidade adjudicante a
sua vontade de contratar e o modo pelo qual se dispõe a fazê-lo - artigo 56º, nº1

2. Candidatura -» candidato
É candidato a entidade, pessoa singular ou coletiva, que participa na fase de qualificação
de um concurso limitado por prévia qualificação, de um procedimento de negociação, de
um diálogo concorrencial ou de uma parceria para a inovação, mediante a apresentação
de uma candidatura - artigo 52º

3. O princípio da imodificabilidade das propostas (e das candidaturas)


a. Os limites aos pedidos de esclarecimento pelo júri para efeitos de análise
e avaliação das propostas: os esclarecimentos não podem alterar ou
completar os atributos das propostas, nem suprir omissões determinantes
da sua exclusão - artigo 72º nº 1 e 2.
b. A possibilidade de suprir irregularidades formais não essenciais das
propostas – nº3 do artigo 72º (“apresentação de documentos que se
limitem a comprovar factos ou qualidades anteriores à data de
apresentação da proposta ou candidatura, e desde que tal suprimento não
afete a concorrência e a igualdade de tratamento”).

Peças do procedimento, em especial:


• o programa do procedimento;
• e o caderno de encargos.

Tipo de peças – artigo 40º


“1 – As peças dos procedimentos de formação de contratos são as seguintes:
a. No ajuste direto, o convite à apresentação das propostas e o caderno de encargos, sem
prejuízo do disposto no artigo 128.o;
b. Na consulta prévia, o convite à apresentação de propostas e o caderno de encargos;
c. No concurso público, o anúncio, o programa do procedimento e o caderno de encargos;

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d. No concurso limitado por prévia qualificação, o anúncio, o programa do procedimento,


o convite à apresentação de propostas e o caderno de encargos;
e. No procedimento de negociação, o anúncio, o programa do procedimento, o convite à
apresentação de propostas e o caderno de encargos;
f. No diálogo concorrencial, o anúncio, o programa do procedimento, a memória descritiva,
o convite à apresentação de soluções, o convite à apresentação de propostas e o caderno
de encargos;
g. Na parceria para a inovação, o anúncio, o programa do procedimento, o convite à
apresentação de propostas e o caderno de encargos.
2 — As peças do procedimento referidas no número anterior, incluindo a minuta do anúncio, são aprovadas
pelo órgão competente para a decisão de contratar.
3 — Nos concursos de conceção, os termos de referência constituem a única peça do procedimento, sendo
aprovados pelo órgão competente para a decisão de selecionar um ou vários trabalhos de conceção.
4 — As indicações constantes do programa do procedimento, do caderno de encargos e da memória
descritiva prevalecem sobre as indicações do anúncio em caso de divergência.
5 — As peças do procedimento prevalecem sobre as indicações constantes da plataforma eletrónica de
contratação, em caso de divergência”.

1. PROGRAMA DO PROCEDIMENTO - artigo 41º


“O programa do procedimento é o regulamento que define os termos a que obedece a
fase de formação do contrato até à sua celebração”

1.1. Conteúdo típico do programa do procedimento:


 Identificação do procedimento (concurso público, concurso limitado por
prévia qualificação, etc.);
 Identificação do contrato a celebrar (prestação de serviços, empreitada de
obras públicas, aquisição de bens móveis, etc.);
 Júri do procedimento;
 Consulta e fornecimento das peças do procedimento;
 Esclarecimentos e retificação sobre as peças do procedimento;
 Erros e omissões do caderno de encargos;
 Preço base e preço anormalmente baixo;

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 Documentos da proposta, idioma dos documentos, admissão, ou não, de


propostas variantes, modo de apresentação das propostas, entrega das
propostas e prazo de obrigação de manutenção das propostas;
 Documentos de habilitação;
 Critério de adjudicação;
 Relatórios do júri do procedimento (preliminar e final);
 Decisão de adjudicação;
 Decisão não adjudicação (causas de não adjudicação);
 Notificação da adjudicação;
 Prestação de caução;
 Aprovação e aceitação da minuta do contrato, etc.

2. CADERNO DE ENCARGOS (artigo 42º):


“O caderno de encargos é a peça do procedimento que contém as cláusulas a
incluir no contrato a celebrar”
2.1. Conteúdo típico do caderno de encargos:
a) Cláusulas jurídicas:
 Objeto do contrato;
 Local da execução do contrato;
 Prazo de execução do contrato;
 Obrigações específicas do adjudicatário;
 Preço base do contrato;
 Preço contratual;
 Condições de pagamento;
 Existência, ou não, de sigilo/confidencialidade;
 Subcontratação e cessão da posição contratual;
 Penalidades contratuais;
 Incumprimento e resolução do contrato;
 Casos fortuitos ou de força maior;
 Disposições sobre a caução e pressupostos da respetiva execução;

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 Foro competente para julgar os litígios contratuais (p. ex., a


designação de tribunal arbitral); etc.
b) Cláusulas técnicas (eventuais): especificações relativas à execução do
contrato (artigo 49º)

2.2. Parâmetros base, aspetos da execução do contrato submetidos à concorrência e


aspetos da execução do contrato não submetidos à concorrência – artigo 42º: “3
— As cláusulas do caderno de encargos relativas aos aspetos da execução do contrato submetidos
à concorrência podem fixar os respetivos parâmetros base a que as propostas estão vinculadas; 4
— Os parâmetros base referidos no número anterior podem dizer respeito a quaisquer aspetos
da execução do contrato, tais como o preço a pagar ou a receber pela entidade adjudicante, a sua
revisão, o prazo de execução das prestações objeto do contrato ou as suas características técnicas
ou funcionais, bem como às condições da modificação do contrato, devendo ser definidos através
de limites mínimos ou máximos, consoante os casos, sem prejuízo dos limites resultantes das
vinculações legais ou regulamentares aplicáveis; 5 — O caderno de encargos pode também
descrever aspetos da execução do contrato não submetidos à concorrência, nomeadamente
mediante a fixação de limites mínimos ou máximos a que as propostas estão vinculadas; 6 — Os
aspetos da execução do contrato, constantes das cláusulas do caderno de encargos, podem dizer
respeito, desde que relacionados com tal execução, a condições de natureza social, ambiental, ou
que se destinem a favorecer (...); 11 — Para efeitos do disposto nos nº 3 e 5, consideram-se
aspetos submetidos à concorrência todos aqueles que são objeto de avaliação de acordo com o
critério de adjudicação, e aspetos não submetidos à concorrência todos aqueles que, sendo
apreciados, não são objeto de avaliação e classificação”.

3. O princípio da estabilidade/imodificabilidade das peças do procedimento, a


prestação de esclarecimentos e a retificação das peças do procedimento - artigo
50º
3.1. A previsão de um dever geral: o artigo 50º do CCP atribui aos
interessados um dever geral de apresentação de uma lista com a
identificação de erros e omissões constantes do caderno de encargos
3.2. Possível consequência da retificações e aceitação de erros ou de
omissões do caderno de encargos – artigo 64º, nº2: “Quando as
retificações ou a aceitação de erros ou de omissões das peças do
procedimento referidas no artigo 50º, independentemente do momento
da sua comunicação, implicarem alterações de aspetos fundamentais
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das peças do procedimento, o prazo fixado para a apresentação das


propostas deve ser prorrogado, no mínimo, por período equivalente ao
tempo decorrido desde o início daquele prazo até à comunicação das
retificações ou à publicitação da decisão de aceitação de erros ou de
omissões”.

Critério de adjudicação: o critério da proposta economicamente mais vantajosa e


modelo de avaliação das propostas - artigos 74º e 139º

“1 - A adjudicação é feita de acordo com o critério da proposta economicamente mais


vantajosa para a entidade adjudicante, determinada por uma das seguintes modalidades:
a. Melhor relação qualidade-preço, na qual o critério de adjudicação é composto por um
conjunto de fatores, e eventuais subfactores, relacionados com diversos aspetos da execução
do contrato a celebrar;
b. Avaliação do preço ou custo enquanto único aspeto da execução do contrato a celebrar”.

1. Duas modalidades:
a. O critério multifatorial da proposta economicamente mais vantajosa com
base na melhor relação qualidade-preço
b. Ou o critério unifatorial da proposta economicamente mais vantajosa com
base na avaliação do preço ou custo
i. Contudo, a utilização desta segunda modalidade só é permitida
quando as peças do procedimento definam todos os restantes
elementos da execução do contrato a celebrar – nº3 do artigo 74º.

Concurso público urgente – artigos 155º e segs. do CCP


1. Pressuposto
Em caso de urgência na celebração de um contrato de locação ou de aquisição de bens
móveis ou de aquisição de serviços de uso corrente, ou de contratos de empreitada, pode
adotar-se o procedimento de concurso público urgente.

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2. Âmbito: Só para contratos de locação ou de aquisição de bens móveis ou de


aquisição de serviços de uso corrente e de contratos de empreitada, desde que:
I. O valor do contrato a celebrar não exceda os limiares previstos no artigo 474º, no
caso de locação ou de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços, ou
€ 300 000, no caso de empreitada de obras públicas; e
II. O critério de adjudicação seja na modalidade prevista na alínea b) do nº1 do artigo
74.o (ou seja, a avaliação do preço ou custo enquanto único aspeto da execução
do contrato a celebrar).

3. Tramitação procedimental “acelerada”: p. ex., o prazo mínimo para a


apresentação das propostas é de 24 horas, no caso de aquisição ou locação de
bens móveis ou de aquisição de serviços, e de 72 horas, no caso de empreitada
de obras públicas, desde que o prazo decorra integralmente em dias úteis; não
há lugar a audiência prévia; não há lugar a relatórios (preliminar e final); dispensa
de júri.

4. Remissão, na parte não prevista, para a aplicação das regras relativas ao concurso
público, desde não sejam incompatíveis com a natureza urgente deste tipo
procedimental (o concurso público urgente).

Procedimento de negociação
1. Situações em que é admissível a adoção, pelas entidades adjudicantes, do
procedimento de negociação - artigo 29º do CCP
A entidade adjudicante pode adotar o procedimento de negociação quando:
a. As suas necessidades não possam ser satisfeitas sem a adaptação de
soluções facilmente disponíveis;
b. Os bens ou serviços incluírem a conceção de soluções inovadoras;
c. Não for objetivamente possível adjudicar o contrato sem negociações
prévias devido a circunstâncias específicas relacionadas com a sua
natureza, complexidade, montagem jurídica e financeira ou devido aos
riscos a ela associados;

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d. Não for objetivamente possível definir com precisão as especificações


técnicas por referência a uma norma, homologação técnica europeia,
especificações técnicas comuns ou referência técnica.
2. Fases do procedimento de negociação – artigos 193º a 203º do CCP:
a) Fase da apresentação das candidaturas e qualificação dos candidatos;
b) Fase da apresentação e análise das versões iniciais das propostas;
c) Fase da negociação das propostas;
d) Fase da análise das versões finais das propostas e adjudicação.
2.1. Aplicação (subsidiária) do regime do concurso limitado por prévia
qualificação.

Parceria para a inovação


1. Decisão de escolha da parceria para a inovação - artigo 30º-A: a entidade
adjudicante pode adotar a parceria para a inovação quando pretenda a realização
de atividades de investigação e o desenvolvimento de bens, serviços ou obras
inovadoras, independentemente da sua natureza e das áreas de atividade, tendo
em vista a sua aquisição posterior, desde que estes correspondam aos níveis de
desempenho e preços máximos previamente acordados entre aquela e os
participantes na parceria.
2. Fases do procedimento da parceria para a inovação - artigo 218º-A
1 - A parceria para a inovação integra as seguintes fases, as quais podem ser adaptadas
em função da complexidade e relevância financeira da parceria a celebrar:
a. Fase de apresentação das candidaturas, podendo a respetiva seleção
incluir a qualificação dos candidatos quando se trate do desenvolvimento
de projetos dotados de especial complexidade;
b. Fase de apresentação de propostas de projetos de investigação e
desenvolvimento;
c. Fase de análise das propostas de projetos de investigação e celebração da
parceria.
2 - Aplica-se ao anúncio da parceria para a inovação, com as devidas adaptações, o
disposto no artigo 167º
3 - Nas peças do procedimento a entidade adjudicante deve:

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a. Identificar a necessidade de bens, serviços ou obras inovadoras que não


possam ser obtidos mediante a aquisição de bens, serviços ou obras já
disponíveis no mercado, indicando ainda os requisitos mínimos que
concretizam a necessidade;
b. Definir as disposições aplicáveis aos direitos de propriedade intelectual;
c. Incluir os requisitos inerentes às capacidades que os concorrentes devem
possuir no domínio da investigação e desenvolvimento, bem como no
desenvolvimento e implementação de soluções inovadoras.
4 - A parceria para a inovação não pode ser utilizada com o intuito de restringir ou falsear
a concorrência.
5 - À parceria para a inovação aplica-se supletivamente o regime previsto para o
procedimento de negociação.

3. Regime dos contratos com forte componente de inovação - artigo 301º-A

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