Avl 4
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Course Outline
1.
Objetivos
2.
Onde, quando e quanto produzir
3.
A estrutura de mercado de concorrência perfeita
4.
Custos não lineares
5.
Curvas de custos totais e curvas unitárias
Objetivos
UNIDADE 4.
Produção, concorrência e custos
Rodrigo Vinícius Sartori
OBJETIVOS DA UNIDADE
Assimilar os critérios objetivos que norteiam as decisões
inerentes aos sistemas de produção;
Analisar os elementos que movem os sistemas de produção
de modelos de concorrência mais imperfeita, para uma
concorrência mais perfeita;
Entender os conceitos e aplicações das estruturas não
lineares de preços;
Relacionar as diferentes informações acerca das mais
variadas curvas de custo.
TÓPICOS DE ESTUDO
Onde, quando e quanto
produzir
A produção, a distribuição e a disposição de bens e serviços
são as atividades econômicas básicas do cotidiano.
Inevitavelmente, no curso dessas atividades, toda sociedade
precisa enfrentar o fato da escassez de recursos. E,
justamente por causa dessa escassez, toda sociedade precisa
decidir como melhor alocar os recursos escassos.
No modelo capitalista, os problemas centrais do que
produzir, quanto produzir, como produzir e para quem
produzir são determinados pelo mecanismo de preços livres.
O QUE E QUANTO PRODUZIR
A estrutura de mercado de
concorrência perfeita
No campo das ciências econômicas, mais precisamente na teoria do
equilíbrio geral, existe o conceito de mercado perfeito (também
conhecido como mercado atomístico). Trata-se da concretização de
várias condições idealizadoras, que resultam na configuração de
competição perfeita ou competição atomística. Nos modelos
teóricos em que as tais condições são observadas, a teoria prevê
que o mercado alcance um equilíbrio, no qual a quantidade ofertada
para cada produto ou serviço, incluindo-se aí mão-de-obra, seja
igual à quantidade demandada pelo preço atual. Esse equilíbrio
equivale a um ótimo de Pareto.
EXPLICANDO
EXPLICANDO
pelo mercado.
CONDIÇÕES IDEALIZADORAS DE
CONCORRÊNCIA PERFEITA
Há um conjunto de diferentes condições de mercado que se
apresenta como requisito para a configuração de concorrência
perfeita, conforme descrito por Frank (2014) e O'Hara (2015). Entre
elas:
LUCRO NORMAL
Em um mercado perfeito, os vendedores
operam com superávit econômico zero,
porque eles obtêm um nível de retorno do
investimento conhecido como lucro
normal. Isso se trata de um componente
dos custos implícitos, e não um
componente do lucro comercial. Afinal,
ele engloba também o custo de
oportunidade, pois o tempo que o
proprietário gasta administrando sua
empresa poderia muito bem ser
empregado na administração de um
empreendimento diferente.
O parâmetro do lucro normal é, portanto, o lucro que o
proprietário de uma empresa considera necessário para fazer com
que a empresa valha a pena, ou seja, é comparável ao próximo
melhor valor que o empresário poderia auferir ao desempenhar
algum outro trabalho. Particularmente, se o empreendimento não
é contabilizado como um fator de produção, ainda pode ser
considerado o retorno sobre o capital de investidores, incluindo o
empreendedor, equivalente então ao retorno que o proprietário do
capital poderia esperar (comparando com a alternativa de aplicar
em um investimento seguro), além de uma compensação pelo risco
assumido.
Em suma, o custo do lucro normal varia dentro de um setor e entre
os setores, e é proporcional ao risco associado a cada tipo de
investimento, conforme o espectro risco-retorno. Somente os
lucros normais surgem em circunstâncias de concorrência perfeita,
quando o equilíbrio econômico de longo prazo é alcançado, em tal
configuração que não há incentivo para que as empresas entrem
ou saiam do setor.
MERCADOS COMPETITIVOS E
DISPUTADOS
Conforme ilustra o Gráfico 3, é somente no curto prazo que uma
empresa, que opera em um mercado perfeitamente competitivo,
pode obter lucro econômico.
EXPLICANDO
primeiros.
INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL
Conforme ilustra o Gráfico 5, em um setor econômico
regulamentado, o governo examina a estrutura de custos
marginais das empresas e restringe os preços a um patamar que
não seja maior que esse custo marginal. Isso não implica
necessariamente em um lucro econômico zero para a empresa,
mas elimina um lucro do tipo “puro monopólio”, naquele sistema
de produção.
Gráfico 5. Comportamento de mercado regulado. Fonte: SAMUELSON; NORDHAUS,
2013, n.p. (Adaptado).
RESULTADOS
LUCRATIVIDADE
PONTO DE DESLIGAMENTO
No horizonte de curto prazo, uma empresa que opera
com prejuízo (receita menor que o custo total, ou preço menor
que o custo unitário) precisa decidir se continua operando ou se
encerra ou suspende operações – mesmo que temporariamente. A
regra de desligamento enuncia o critério de que, no curto prazo,
uma empresa deve continuar operando se o preço exceder os
custos variáveis médios. Isto posto, para uma empresa continuar
produzindo no curto prazo, ela deve obter receita suficiente para
cobrir seus custos variáveis (FRANK, 2014).
A lógica da regra é bastante direta: ao fechar uma empresa, deixam
de existir custos variáveis – todos eles. No entanto, a empresa
ainda deve pagar seus custos fixos. Contudo, como tais custos
precisam ser pagos, independentemente de uma empresa operar
ou não, na prática isso implica que custos fixos não devem ser
considerados na decisão de continuar ou encerrar operações.
Por isso, para a tomada da decisão gerencial sobre a continuidade
do empreendimento, deve-se comparar a receita total com o custo
variável total, em vez do custo total (soma de todos os custos fixos
e variáveis). Se a receita que a empresa está produzindo for maior
que seu custo variável total, a empresa está cobrindo todos os
custos variáveis e ainda há uma receita adicional (a
chamada margem de contribuição), que pode ser aplicada para
cobrir custos fixos.
É interessante observar que o tamanho dos custos fixos (por
maiores que sejam) é irrelevante, pois se trata de um custo
irrecuperável. O critério para um custo fixo de poucos reais a
milhões de reais é estritamente o mesmo. Por outro lado, se os
custos variáveis excedem a receita, a empresa não está
conseguindo cobrir seus custos de produção e, portanto, a decisão
mais assertiva é a interrupção imediata das atividades.
Por convenção, a regra é usualmente trabalhada em termos de
preço (receita média) e custos variáveis médios. As regras são
equivalentes: ao se dividir os dois fatores pela quantidade
produzida, o que continua se obtendo é que o preço precisa ser
maior que os custos variáveis médios. Sendo assim, se a empresa
vê condições de continuar operando, ela continuará produzindo,
sendo regulado ao ponto em que a receita marginal é igual aos
custos marginais, porque essas condições garantem não apenas
a maximização do lucro (portanto, minimização de perdas), mas
também a contribuição máxima.
Outra maneira de aplicar a regra é que uma empresa deve
comparar os lucros que aufere quando opera, com o que obtém
quando parada, optando pela alternativa que produz maior lucro.
Naturalmente, uma empresa que está fechada está gerando
receita zero e não incorre em custos variáveis. No entanto, a
empresa ainda tem que pagar um custo fixo. Portanto, o lucro da
empresa é igual a custos fixos.
Uma empresa operacional está gerando receita, incorrendo em
custos variáveis e pagando custos fixos. O lucro da empresa
operacional é a receita (R), menos os custos variáveis (CV) e menos
os custos fixos (CF). A empresa deve continuar operando se R - CV -
CF ≥ −CF, que, de forma simplificada, impõe que R ≥ CV. A diferença
entre R e CV é a contribuição para os custos fixos – e
qualquer contribuição é melhor que nenhuma. Portanto, se R ≥
CV, a empresa deve operar. Mas se R < CV, o empreendimento deve
ser interrompido.
CRÍTICAS
O uso da suposição de concorrência perfeita como fundamento da
teoria dos preços para os mercados de produtos é frequentemente
criticado por representar todos os agentes como passivos,
desconsiderando assim as iniciativas de aumentar o bem-estar ou
os lucros de uma pessoa por fatores como precificação predatória,
design de produtos, publicidade e inovação, atividades que (de
acordo com os críticos) caracterizam a maioria das indústrias e
mercados.
Gráfico 8. Tipos de tarifa. Fonte: REISS; WHITE, 2013 (Adaptado). Acesso em:
27/0/2020.
APLICAÇÃO
Tipicamente, mercados que fazem uso de estruturas de
precificação não linear são as concessionárias de energia elétrica,
as prestadoras de serviços de telecomunicações, as companhias
aéreas, as agências publicitárias e os locadores de maquinário
produtivo e de infraestrutura fabril.
NOTAÇÃO
A literatura da área econômica costuma adotar siglas, de forma
razoavelmente padronizada, para expressar cada conceito de
custo, resultando nos seguintes principais descritores:
Acerca das convenções para o terceiro grupo, observa-se que, na
língua inglesa (idioma de produção da mais vasta obra na área de
Economia, incluindo os livros e artigos originais das teorias centrais
deste campo do conhecimento), “média” e “marginal” costumam
ser simplesmente abreviados por A e M, uma vez que tais iniciais
correspondem respectivamente às palavras correspondentes
naquele idioma (“average” e “marginal”). Em Português, a
diferenciação torna-se um pouco mais desafiadora na sigla, porque
tanto “média” quanto “marginal” iniciam com a letra M, justificando,
portanto, uma maior diversidade de siglas de diferenciação.
Esses descritores podem ser combinados de várias maneiras, para
expressar diferentes conceitos de custo. Na prática, os termos CP
e LP (e mesmo o T) são comumente omitidos quando o contexto de
análise é suficientemente claro. A combinação usual então é
formar uma sigla, composta por esta sequência de quatro termos
ou quatro componentes:
Observa-se que, como o custo fixo, por definição, não varia com a
produção, o custo fixo médio de curto prazo (CFMED) por unidade
de produção é menor quando a produção é maior, dando origem à
curva inclinada para baixo, apresentada no Gráfico 10.
Nota-se, ainda, que o custo médio de curto prazo (CMED ou
CMEDCP) é sempre igual aos custos fixos médios (CFMED) mais os
custos variáveis médios (CVMED). Em especial, o formato da curva
de CVMED é determinado diretamente pelo aumento e, em
seguida, pela diminuição dos retornos marginais do insumo
variável (labor convencional).
Por fim, a curva de custo médio de longo prazo (CMEDLP) é
graficamente semelhante à curva de curto prazo, mas a partir dela
permite-se variar o uso de capital físico. Afinal, quando se toma
um horizonte de variação de anos, e não de meses ou semanas, na
prática, a maioria dos custos torna-se variável. Por exemplo,
empregados podem ser desligados do quadro funcional, ou
mesmo não serem substituídos. Maquinário pode ser
eventualmente vendido ou deixar de ser reposto, em caso de
obsolescência ou dano funcional.
Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nesta unidade. Vamos lá?!
SINTETIZANDO
O que se observa no modo de produção capitalista é que os
problemas centrais no tocante ao que produzir, quanto produzir,
como produzir e para quem produzir são regidos pelo mecanismo
de preços livres, apresentado como as engrenagens que
proporcionam o equilíbrio entre oferta e demanda, em busca de
viabilizar economicamente o sistema de produção. Ressalta-se que
equilíbrio, em uma perspectiva de concorrência perfeita, é o ponto
no qual as demandas do mercado se igualam à oferta do mercado.
E é nesse momento que se determina o preço praticado pela
empresa.
Em horizonte de curto prazo, a demanda afeta o equilíbrio.
Contudo, em longo prazo, a demanda e a oferta dos produtos
alteram o equilíbrio na condição de perfeita concorrência. Por
consequência, uma empresa consegue, no máximo, perceber lucro
normal no longo prazo, trabalhando no ponto de equilíbrio. Em
quadro típico, mercados que se prevalecem de estruturas de
precificação não linear são as companhias aéreas, as
concessionárias de energia elétrica, as prestadoras de serviços de
telecomunicações, as agências publicitárias e os locadores de
maquinário produtivo e de infraestrutura fabril.
Quanto à interpretação visual, uma curva de custo é definida como
o gráfico da evolução dos custos incorridos na produção, em
função da quantidade total que é produzida. Dentro de uma
economia de livre mercado, a situação corriqueira é que as
empresas produtivas eficientes otimizem seu processo de
produção. Ao fazê-lo, minimizam os custos consistentes com cada
nível possível de produção. A partir daí, resulta-se o
correspondente traçado da curva de custos.
Com efeito, a curva CMARLP é modelada não pela lei de retornos
marginais decrescentes (conceito de curto prazo), mas sim por
retornos de escala (conceito de longo prazo). Dessa forma, a curva
CMARLP apresenta a clara tendência de ser visualmente mais plana
que sua a correspondente de curto prazo (CMARCP), e isso se
explica dado o aumento da flexibilidade dos insumos. E,
novamente fazendo analogia ao que ocorre no curto prazo, a curva
CMARLP cruza a curva CMEDLP em seu ponto mínimo.
É importante sempre ter em mente que, para cada quantidade de
produto, existe um correspondente nível de capital que
proporciona a minimização dos custos de produção. Por isso,
sempre há uma curva de custos médios de curto prazo (CMEDCP)
que é única, em associação à produção da quantidade em questão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAYE, M.; PRINCE, J. Managerial economics and business
strategy. 9. ed. Nova York: McGraw-Hill, 2016.
FRANK, R. Microeconomics and behavior. 9. ed. Nova York:
McGraw-Hill, 2014.
KURZ, H.; SALVADORI, N. Theory of production: a long-period
analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.
O’HARA, F. Introduction to economics. Londres: Forgotten Books,
2015.
REISS, P. C.; WHITE, M. W. Evaluating welfare with nonlinear
prices. National bureau of economic research working papers,
2006. Disponível em: <https://www.nber.org/papers/w12370>.
Acesso em: 27/02/2020.
SAMUELSON, P.; NORDHAUS, W. Microeconomics. 19. ed. Nova
York: McGraw Hill Education, 2013.
SEXTON, R.; GRAVES, P.; LEE, D. The short-and long-run marginal
cost curve: a pedagogical note. The Journal of Economic
Education, v. 24, n. 1, 1993, p. 34-37.