Gestão de Pessoas 02
Gestão de Pessoas 02
Gestão de Pessoas 02
Elaine Neiva
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Expediente
Presidente
Diogo Costa A Escola Nacional de Administração Pública (Enap)
é uma escola de governo vinculada ao Ministério
Diretora-Executiva da Economia (ME).
Rebeca Loureiro de Brito
Tem como principal atribuição a formação e o
Diretora de Altos Estudos desenvolvimento permanente dos servidores pú-
Diana Coutinho blicos. Atua na oferta de cursos de mestrados
profissionais, especialização lato sensu, cursos de
Diretor de Educação Executiva aperfeiçoamento para carreiras do setor público,
Rodrigo Torres educação executiva e educação continuada.
Elaine Neiva
83
Ficha catalográfica elaborada pela equipe da Biblioteca Graciliano Ramos da Enap
Inclui bibliografia.
ISSN: 0104-7078
CDU: 35.08:316.472.4
Enap, 2021
Este trabalho está sob a Licença Creative Commons – Atribuição: Não Comercial – Compartilha
Igual 4.0 Internacional
Analisar a efetividade da gestão de pessoas não se apresenta como tarefa fácil. Autores
se debatem em propostas e medidas que pouco avançam sobre como avaliar o quanto
a área de gestão de pessoas contribui para o sucesso da organização (Guest; Conway,
2011). As revisões sobre a relação entre gestão de pessoas e desempenho (por exemplo,
Boselie; Dietz; Boon, 2005; Combs; Ketchen; Hall; Liu, 2006) confirmam a associação
entre o uso mais extensivo de práticas de gestão de pessoas e vários indicadores de
desempenho organizacional. No entanto, essas associações são frequentemente
modestas e, como ambas as análises observam, elas deixam um número de questões
não resolvidas. A questão central reside na preocupação sobre o processo pelo qual
as práticas de gestão de pessoas estão ligadas ao desempenho. Nesse contexto, duas
questões são regularmente sinalizadas, embora relativamente pouco pesquisadas:
1) a efetividade das práticas de gestão de pessoas e de sua implementação, além da
mera presença de práticas; e 2) o papel das atitudes e comportamentos dos funcio-
nários como potenciais mediadores da relação entre GP e desempenho. Há um foco
crescente na pesquisa sobre o papel das atitudes e comportamentos dos funcionários
na ligação entre a gestão de pessoas e o desempenho, mas a questão da eficácia, em
oposição à presença de práticas, permanece relativamente negligenciada. Na tentativa
de remediar essa negligência, este estudo explora o impacto das práticas de gestão
de pessoas e o quanto elas são efetivas. Alguns autores sugerem que a avaliação da
efetividade seja feita por meio do julgamento dos participantes, considerando também
o grau de consenso nas avaliações dos gestores de GP, dos colaboradores, dos gestores
organizacionais em geral e dos gestores de topo (Bowen; Ostroff, 2004; Ostroff;
Bowen, 2015).
5
que podem estar mais fortemente ligados à política e à prática de gestão de pessoas.
Esta pesquisa explora essa proposição examinando o impacto da efetividade da GP
nos resultados proximais e distais percebidos.
Além de fatores relacionados à própria área de gestão de pessoas, muitos autores têm
destacado o papel da análise de redes sociais no estabelecimento de indicadores de
efetividade e de avaliação de gestão de pessoas. A análise de redes sociais se dedica
ao estudo dos vínculos (laços) entre pessoas, entre unidades e entre organizações
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e seu impacto nas pessoas, nas práticas de gestão de pessoas, nas unidades e nas
organizações. O estudo das redes sociais nas organizações tem lançado luz sobre
os fatores que influenciam a implantação de intervenções. Os laços fortes e fracos
entre organizações e entre unidades podem influenciar as ações e os resultados orga-
nizacionais (Tenkasi; Chesmore, 2003). Algumas pesquisas têm mostrado que laços
intraorganizacionais de redes sociais no trabalho – particularmente a densidade dos
laços fortes entre unidades, considerando diferentes redes ou uma única rede – podem
influenciar a implementação de intervenções e planos de mudança nas organizações.
Além disso, tais laços também influenciam o fato de os indivíduos estarem adotando
os novos comportamentos de interesse da organização (Tenkasi; Chesmore, 2003;
Bos-Nehles, 2010).
O papel de construir pontes, incumbência dos líderes das unidades, também tem
sido apontado como um dos fatores de sucesso na implementação bem-sucedida de
intervenções. A densidade dos laços dos líderes com seus seguidores e com líderes
de outras unidades dentro da rede é indicada como um fator crucial para o sucesso
das mudanças (Tenkasi; Chesmore, 2003; Bos-Nehles, 2010).
Considerando o exposto sobre redes sociais, este trabalho avalia também o grau de
conectividade, densidade das conexões, força dos laços, centralidade das áreas e o grau
de efetividade das práticas de gestão de pessoas. Este estudo identifica a percepção
das práticas e de sua efetividade, o grau de consenso sobre efetividade e os indicadores
da rede sobre o bem-estar dos trabalhadores. Conforme dito anteriormente, fatores
atitudinais e comportamentais também são usados como indicadores que apontam
a efetividade da gestão de pessoas/recursos humanos. Nesse sentido, o esforço pela
excelência dos resultados, que tem pautado as agendas das organizações atualmente,
afeta tanto as práticas de gestão e paradigmas vigentes nas organizações, quanto o
bem-estar e a saúde dos seus trabalhadores (Paschoal et al., 2013).
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CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA
As constantes mudanças no ambiente organizacional demandam que o trabalhador
seja capaz de se adaptar a novas exigências e dificuldades (Ribeiro; Mattos; Anto-
nelli; Canêo; Goulart, 2011), o que desencadeia desafios e responsabilidades para
pesquisadores e gestores no sentido de ampliar a compreensão do comportamento
humano e das interações sociais ocorridas no contexto laboral (Estivalete; Costa;
Andrade, 2014). Assim sendo, o papel da gestão de pessoas/recursos humanos
(GP/RH) nas organizações tem sido apontado como estratégico (Guest; Conway,
2011; Bohlander; Snell, 2009; Legge, 2006), com atuação alinhada ao planejamento
e à estratégia organizacional. Contudo, esse papel estratégico da gestão de pessoas
no serviço público é bastante questionado (Bach, 2010; Ingraham; Rubaii-Barrett,
2007) por suas dificuldades de implantação e funcionamento.
Durante muito tempo, a gestão de pessoas na área pública passou apenas por processos
repetitivos e atividades operacionais comuns no seu dia a dia, não existindo nenhuma
diretriz interna (Bergue, 2007). A administração pública está em uma fase diferente
em relação às épocas passadas em se tratando de reformas na gestão de recursos
humanos. Essas reformas partem de ajustes visando a políticas mais consistentes e à
integração de objetivos estratégicos. A implantação de políticas de gestão de pessoas
que preconizam o desenvolvimento e a valorização das pessoas nas organizações
deve trazer norteadores como: produção de produtos e serviços inovadores de alta
qualidade, bem como atendimento mais flexível e atencioso, porque, teoricamente,
um colaborador que se sente atendido, satisfeito e valorizado tende a realizar suas
funções com maior afinco (Demo; Fogaça; Fernandes; Sá, 2015).
9
público caracteriza-se pela necessidade da harmonização de interesses de variados
atores políticos e sociais, o que resulta em múltiplos objetivos alinhados a princípios
de responsabilidade fiscal e social (Bach, 2010; Fonseca et al., 2013), e tal aspecto
geraria grande dificuldade de obtenção do consenso e alinhamento quanto ao que está
sendo objeto da avaliação (fonseca et al.,2013).
Nos últimos anos, a gestão de pessoas no setor público tem sofrido pressões para se
modernizar, pois até então suas ações são voltadas para a função clássica de registro
e controle de custos de funcionários (Pacheco, 2002). Muitos teóricos e profissionais
da área advogam as necessidades de alinhar o posicionamento estratégico da organi-
zação com o desenvolvimento das pessoas para deixar de lado uma visão paternalista
e verticalizada e dar início a um modelo colaborativo e horizontal de trabalho (Hood,
1991, 2000; Horwitz, 1999).
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É amplamente argumentado que os gestores públicos têm sido encorajados, exortados
e, em último caso, forçados a adotar um estilo de gestão de recursos humanos que
reflete práticas do setor privado (Fanham; Horton, 1996). Apesar do fato de o setor
público estar definido como uma estrutura bastante estável e segura, com pouca
influência externa, mudanças sociais, econômicas e da situação política expandem o
escopo dos requisitos de qualificação para funcionários do Estado. Esses requisitos
salientam a importância do profissionalismo de recursos humanos (RH), com ações
que incentivam e motivam os funcionários a se esforçarem intensamente por novos
conhecimentos e habilidades correspondentes. Tais conhecimentos e habilidades devem
contribuir para que os servidores planejem efetivamente a atividade, sejam capazes de
trabalhar coletivamente, agir qualitativamente em algum ambiente especial, pois são
correspondentes a mudanças no modo de pensar estrategicamente. Espera-se que os
funcionários públicos se tornem empreendedores e melhorem ainda mais as formas
de prestação de novos serviços e fornecimento de bens (Fanham; Horton, 1996).
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recursos humanos de uma maneira que aprimora o desempenho organizacional. É difícil
alcançar essa integração, por exemplo, se não houver um processo de planejamento
estratégico em andamento, nenhuma participação do diretor de pessoal e nenhum
desenvolvimento subsequente de iniciativas de pessoal projetadas para apoiar os
objetivos identificados (Bach, 2010; Tompkins, 2002).
12
(Harris; Doughty; Kirk, 2002) e fortaleceria sua atuação junto aos beneficiários dos
seus serviços (Hou et al., 2000).
Considerando o mote deste estudo, a gestão de pessoas no setor público também foi
avaliada para que cada vez mais sua atuação seja pautada em dados sistematizados
que possam gerar políticas, práticas e ações que visem atender às demandas sociais.
13
REFERENCIAL TEÓRICO
Outro fator apontado pelos autores na gestão de pessoas no serviço público são
as relações patronais coletivizadas, um forte papel dos sindicatos nas negociações
salariais, o que refletiu níveis mais altos de densidade sindical no setor público.
As organizações públicas aspiravam a ser “empregadores modelo” e, assim, estabelecer
padrões para outras organizações seguirem, por exemplo, em áreas como treinamento
de equipe e igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho. Esse papel implicava
que, acima de tudo, aqueles em posições de autoridade aceitam normas e convenções
mais brandas no emprego público, o que difere dos valores de mercado, e às vezes
anti-sindicais, do setor privado (Fanham; Horton, 1996).
15
foram adotadas como referência com propósito de gerar maior eficiência e foco em
resultados (Bresser-Pereira, 1998; Fonseca et al., 2013; Peci; Pieranti; Rodrigues,
2008). A doutrina da NPM enfatizava a flexibilização na gestão, o estabelecimento
de metas e objetivos, o foco nos resultados e não nos processos, as recompensas
atreladas ao desempenho, a descentralização da administração de recursos humanos
e o aumento da eficiência (Hood, 1991, 2000). Nesse contexto, ferramentas de gestão
utilizadas no setor privado eram propostas como opções para o funcionamento da
administração pública.
16
para o público sem adaptar seu desenho e implementação às características únicas
das organizações públicas. Atualmente, ainda existem muitos problemas não resolvidos
sobre quais modificações são necessárias e as probabilidades de seu sucesso. Para
que a gestão estratégica de pessoas consiga alterar fundamentalmente o papel do
departamento de pessoal e a prática da gestão pública de pessoal, é necessária maior
clareza em relação ao conceito de gestão estratégica de pessoas e como ela deve ser
implementada em organizações públicas (Bach, 2010; Tompkins, 2002).
17
Como a gestão pública de pessoal se desenvolve em complexidade, é necessário
continuar a explorar e desenvolver novas maneiras de descrever a pesquisa e a prática
nesse cenário cada vez mais diversificado e dinâmico (Herrera; Miller, 2018).
O Decreto no 5.707/2006 definia a gestão por competência, em seu art. 2º inciso II,
como a “gestão da capacitação orientada para o desenvolvimento do conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao desempenho das funções dos
servidores, visando ao alcance dos objetivos da instituição”. As finalidades da política
seriam: (i) a melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos prestados
ao cidadão; (ii) o desenvolvimento permanente do servidor público; (iii) a adequação
das competências requeridas dos servidores aos objetivos das instituições, tendo como
referência o Plano Plurianual – PPA; (iv) a divulgação e gerenciamento das ações de
capacitação; (v) e a racionalização e efetividade dos gastos com capacitação (Camões;
Menezes, 2016).
Alguns documentos indicam que a política não foi efetivada (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2010b), pois o fato de haver um decreto
não implica em consecução das diretrizes propostas. O relatório anual dos planos de
capacitação publicado em 2010 afirma que apenas 20% dos órgãos do Sistema de
Pessoal Civil da União (Sipec) haviam iniciado a implementação da gestão por com-
petência em suas unidades. As diversas mudanças nos atores políticos envolvidos,
o excesso de desarticulação entre os órgãos, a grande heterogeneidade da administração
pública e outros fatores dificultaram a implantação e análise dos possíveis resultados
da política. As práticas de gestão de recursos humanos no Governo Federal brasileiro
tendem a concentrar-se mais no controle do cumprimento das regras e normas básicas,
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com pouco espaço para a gestão estratégica baseada em competências e desempenho
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2010a). A gestão
por competência ainda é insipiente, o rígido sistema de carreiras e a falta de capaci-
dade das unidades de recursos humanos para lidar com as reformas estratégicas que
extrapolam atividades operacionais e administrativas cotidianas geram empecilhos
para sua completa consecução (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico, 2010a).
O fato de o conceito de gestão por competência ser vago gera métodos cristalizados de
mensuração com identificação apenas de competências fáceis de serem mensuradas
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2010b). Além
disso, a gestão por competência não é integrada ao cotidiano da gestão operacional;
os quadros de pessoal não necessariamente consideram a gestão por competência como
valor agregado à organização; há dificuldade de integrar o sistema de competência e o
de desempenho; existe lacuna entre a elaboração de um método ou proposta de gestão
e sua aplicação em termos práticos; há rigidez na aplicação de normas, impedimento
de desligamento de funcionários; os quadros funcionais e a direção nem sempre
aceitam a influência da área de gestão de pessoas; e há o risco dos instrumentos de
avaliação de competência tornarem-se um fim em si mesmos (Camões; Menezes, 2016;
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2010b).
19
indispensável nas organizações, as pessoas são as protagonistas fundamentais na
consecução dos resultados organizacionais (Legge, 2006).
Bowen e Ostroff (2004) também argumentaram que modelos mais abrangentes devem
examinar possíveis ligações intermediárias entre a implementação de RH e o desem-
penho da organização. Os autores sugerem que o uso de práticas eficazes de RH
pelos gerentes de linha é influenciado por uma variedade de fatores do contexto social,
incluindo interações, cultura organizacional, clima organizacional e considerações polí-
ticas. Prevê-se que esses fatores sejam combinados para influenciar a capacidade de
gerenciamento de linha e/ou vontade de executar as práticas de RH de sua organização
e, finalmente, influenciar resultados dos funcionários, como intenção de rotatividade,
satisfação no trabalho, desempenho no trabalho e percepção de justiça processual
(Bowen; Ostroff, 2004).
20
Muitos autores têm investido no conceito de força da gestão de recursos humanos
para avaliar o alcance das práticas de gestão de pessoas (Ostroff; Bowen, 2015).
As principais premissas da “força do sistema de gestão de pessoas” incluem:
Assim sendo, o alcance das atividades de gestão de pessoas será maior com um sistema
forte. As principais características de seu sistema “forte” são altos níveis de distinção,
consistência e consenso (Bowen; Ostroff, 2004; Ostroff; Bowen, 2015). Nos casos
em que estes estão presentes, os autores argumentam que haverá uma situação de
apoio à implementação das práticas de gestão de pessoas. Uma característica central
do consenso é o “acordo entre os principais tomadores de decisão de GP” (Bowen;
Ostroff, 2004, p. 212). Muitos autores têm investigado sobre o impacto do consenso
entre os funcionários e entre a gerência e os funcionários (por exemplo, Liao; Toya;
Lepak; Hong, 2009), mas tem havido pouca pesquisa explorando o consenso entre os
gerentes seniores. É preciso, portanto, explorar o acordo entre os principais tomadores
de decisão de GP referidos por Ostroff e Bowen (2015).
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Para o presente estudo, políticas de GP são entendidas como propostas articuladas
da organização no que tange a relações humanas com vistas à obtenção de resultados
desejados (Demo; Neiva; Nunes; Rozzett, 2014). Com referência a práticas de GP, elas
são entendidas como ações e rotinas pelas quais as políticas de GP se operacionali-
zam no ambiente organizacional (Demo; Neiva; Nunes; Rozzett, 2014; Legge, 2006).
O construto adotado neste estudo é o proposto por Demo et al. (2014), com índices de
validade no Brasil e nos EUA.
Os autores se debatem em propostas e medidas que pouco avançam sobre como avaliar
o quanto a área de gestão de pessoas contribui para o sucesso da organização (Guest;
Conway, 2011). As revisões sobre a relação entre gestão de pessoas e desempenho
(Boselie; Dietz; Boon, 2005; Combs; Ketchen; Hall; Liu, 2006) confirmam associação
entre o uso mais extensivo de práticas de gestão de pessoas e vários indicadores de
desempenho organizacional. No entanto, essas associações são frequentemente
modestas e, como ambas as análises citadas observam, elas deixam um número de
questões não resolvidas. A questão central é uma preocupação sobre o processo pelo
qual as práticas de gestão de pessoas estão ligadas ao desempenho. Nesse contexto,
duas questões são regularmente sinalizadas, mas permanecem relativamente pouco
pesquisadas. Estas dizem respeito à efetividade das práticas de gestão de pessoas
e de sua implementação, além da mera presença de práticas, e ao papel das atitu-
des e comportamentos dos funcionários, como potenciais mediadores da relação
GP-desempenho. Há um foco crescente na pesquisa sobre o papel das atitudes e
comportamentos dos funcionários na ligação entre a gestão de pessoas e o desem-
penho, mas a questão da eficácia, em oposição à presença de práticas, permanece
relativamente negligenciada. Na tentativa de remediar essa negligência, este estudo
22
explora o impacto das práticas de gestão de pessoas que são consideradas mais
ou menos efetivas. Outro conjunto de pesquisas tratam a efetividade da gestão de
pessoas atrelada à ideia de gestão estratégica de pessoas, na medida em que existe
um alinhamento das práticas aos resultados organizacionais e esse alinhamento tem
como consequência o impacto nos resultados organizacionais (Huselid; Jackson;
Schuler, 1997).
23
As evidências empíricas sugerem que elementos do ambiente externo de uma empresa
podem ter um efeito moderador na utilidade de várias práticas de RH. Por exemplo,
Way et al. (2013) descobriram que as práticas de RH que promovem flexibilidade
estavam relacionadas positivamente ao desempenho da empresa quando o dinamismo
do setor era alto, mas que a relação focada era negativa quando o dinamismo da
indústria era baixo.
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pelos diretores e supervisores de serviços sociais do condado da Carolina do Norte,
a gestão estratégica de recursos humanos foi percebida como afetando as avaliações
de resultados (ou medições de desempenho) e o bem-estar dos trabalhadores (Daley;
Vasu, 2005).
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sistemas de RH e desempenho organizacional em uma ampla variedade de confi-
gurações organizacionais. Os resultados mostraram que a estratégia geral afeta
as práticas de RH e estas, por sua vez, afetam diretamente o desempenho organi-
zacional (Lengnick-Hall; Lengnick-Hall; Andrade; Drake, 2009). A estratégia de
negócios modera o relacionamento entre práticas de RH e desempenho organizacional.
A eficácia da gestão estratégica reduz significativamente a rotatividade, o que, por sua
vez, aumenta avaliação do desempenho de mercado da empresa. As empresas com
níveis mais altos de desempenho eram mais propensas a adotar certas práticas de
gestão estratégica de pessoas, tais como planejamento, remanejamento de pessoal,
avaliação, remuneração e treinamento e desenvolvimento. Essas empresas também
eram mais propensas a integrar suas funções de RH com estratégias de negócios,
devolver atividades de RH para os gerentes de linha, adotar planejamento formal e
explícito de procedimentos e planejamento de longo prazo, e vincular estreitamente o
planejamento de RH e o planejamento de negócios. De maneira geral, e com algumas
formas de avaliação, os estudos mostram uma relação entre a prática de RH e o
desempenho organizacional para todas as práticas, exceto a segurança no trabalho
(Lengnick-Hall; Lengnick-Hall; Andrade; Drake, 2009). Lepak, Taylor, Tekleab, Marrone
e Cohen (2007) não encontraram efeito diferenciado no nível de investimento nas
práticas de RH para funcionários de alto escalão e funcionários de suporte dentro da
mesma organização. Nikandrou e Papalexandris (2007) examinaram as práticas de
gestão estratégica de pessoas que distinguem as empresas com melhor desempenho
de outras no que diz respeito ao gerenciamento de pessoas em fusões e aquisições.
Os pesquisadores descobriram que empresas de sucesso tinham maior envolvimento do
RH em decisões estratégicas, práticas formalizadas de RH, construção de capacidade
organizacional por meio de treinamento e atividades de desenvolvimento. Além disso,
essas empresas transferiram a condução das atividades de RH para os gerentes de
linha e enfatizaram as oportunidades do mercado de trabalho interno.
Delery e Doty (1996) distinguiram três modos de teorizar em GRH estratégica: uma
abordagem universalista que afirma que as práticas de RH são universalmente eficazes;
26
uma abordagem configuracional que assume efeitos sinérgicos entre as práticas de
RH; e uma abordagem de contingência que sugere que a gestão de recursos humanos
depende da estratégia de uma organização. Esses três modos sugerem um nível
crescente de contextualização que vai além de uma abordagem de melhores práticas.
Boxall et al. (2007) também reivindicam a contextualização.
27
internamente diferentes modelos de desenvolvimento de pessoas (Fonseca et al.,
2013; Paauwe, 2004).
Existem poucas pesquisas empíricas sobre a efetividade das funções de gestão de pes-
soas no setor público (Teo; Crawford, 2005), pois entidades públicas, em muitos países,
passaram por períodos de transição para uma atuação mais voltada para resultados.
Estudos recentes sugeriram que em entidades do setor público, a gestão de pessoas,
como função ou conjunto de funções, não é considerada estratégica e não está alinhada
adequadamente com as missões e objetivos corporativos (Teo; Crawford, 2005).
Por exemplo, o estudo de Kane (1995, citado por Teo; Crawford, 2005) identificou que
quase metade das agências do setor público australiano indicaram que suas funções
de gestão de pessoas eram menos eficazes que o setor privado. Isso levou as partes
interessadas a questionar a relevância da função e, consequentemente, a adequação
dos consideráveis recursos gastos na função. Isso coloca os profissionais em um
ambiente de defesa e justificativa, em vez de poder avançar rapidamente e se envolver
no planejamento para atingir as metas organizacionais (Teo; Crawford, 2005). Nesse
sentido, abre-se uma demanda para que os profissionais façam esforços conjuntos
para se tornarem relevantes e operarem estrategicamente se desejam ser incluídos
no planejamento de negócios.
Muitos autores advogam que, para tornar as organizações do setor público mais com-
petitivas com as organizações do setor privado, os sistemas de gestão e os processos
devem ser reestruturados para enfatizar a responsabilidade das partes interessadas
(Teo, 2002). Portanto, um departamento de RH eficaz é um que é considerado pelos
seus stakeholders como atendendo a todas as suas expectativas e objetivos e que
agrega valor à governança corporativa (Ulrich, 1997; Wright; McMahan; Snell;
Gerhart, 2001).
28
da função de GRH (Teo, 2002). A maioria desses estudos adotou uma abordagem de
constituintes múltiplos ao examinar as diferenças nas percepções da efetividade do
departamento de pessoal entre os grupos de partes interessadas. Essa abordagem
considera as influências dos principais interessados na organização e pressupõe que
cada parte interessada busca a satisfação de necessidades de interesse próprio (Teo;
Crawford, 2005). Na literatura de GRH, nem sempre os interessados possuem a mesma
avaliação sobre a efetividade da gestão de pessoas e sua atuação estratégica. Além
disso, muitos afirmam preferir uma atuação mais operacional que estratégica (Teo,
2002; Teo; Crawford, 2005).
29
demonstrado que planejamento e preparação, juntamente com um forte monitora-
mento, aumentam as chances da descentralização, melhorando a gestão de recursos
humanos no setor da saúde (Liu; Martineau; Chen; Zhan; Tang, 2006). Competências
para gestão estratégica e a filosofia da gestão baseada em competências não foram
adequadamente implantadas no setor público, embora tenham sido no setor privado
(Skorková, 2016; Organisation for Economic Cooperation and Development, 2015).
Achados iniciais sugerem que a GRH estratégica tem efeitos positivos na motivação
dos funcionários e no desempenho organizacional no setor público (Messersmith;
Patel; Lepak; Gould-Williams, 2011). No entanto, permanecem questões relevantes
sobre o que constitui desempenho no setor público. Dado que as organizações do
setor público têm vários objetivos e prioridades que frequentemente conflitam entre
si devido às demandas de diferentes grupos de partes interessadas – governo central,
cidadãos, usuários de serviços, políticos locais (Perry; Porter 1982; Rainey, 2009),
adotar uma abordagem estratégica para a GRH pode ser especialmente desafiador
sob essas condições (Knies; Leisink, 2014). Os mecanismos que vinculam as práticas
de RH aos resultados organizacionais e resultados dos funcionários no setor público
podem diferir daqueles encontrados nas organizações do setor privado, devido às
características da força de trabalho, tais como motivação (Vandenabeele; leisink;
knies, 2013).
Com base nas diferenças contextuais entre organizações dos setores público e privado,
teorias institucionais podem auxiliar no entendimento da relação entre gestão estra-
tégica de pessoas e desempenho (Boselie; Paauwe; Richardson, 2003). Por exemplo,
os mecanismos coercitivos, normativos e miméticos são populares nas pesquisas
de gestão de recursos humanos no setor público, especialmente no entendimento de
escolhas estratégicas e espaço de manobra para os diretores executivos. As diferentes
lógicas de Scott (1995) (citado por Kristof-Brown; Zimmerman; Johnson, 2005),
incluindo eficiência e lógicas profissionais, também são populares, dada a difícil tarefa de
gerenciar profissionais em organizações do setor público. Essas estruturas contextuais
podem ser estendidas ou complementadas com outras teorias para entender melhor
a gestão estratégica de pessoas no contexto público. Em particular, ao alternar entre
níveis individual e institucional, teorias como a teoria da autodeterminação e a teoria do
ajuste pessoa-ambiente (Kristof-Brown; Zimmerman; Johnson, 2005) podem ser úteis
para explicar o comportamento resultante da interação entre identidades individuais e
o ambiente de organizações públicas.
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debate sobre desempenho no setor público: a natureza do desempenho organizacional,
a natureza da gestão de recursos humanos e as ligações entre os dois (Knies; Leisink,
2017). A primeira característica que distingue organizações públicas de organizações
privadas é o fato de que as organizações do setor privado têm um único resultado
final (maximização de lucro), enquanto organizações do setor público não (Boxall;
Purcell, 2011). Alcançar a missão é o objetivo final das organizações públicas, pois
a missão define o valor que a organização pretende produzir para seus stakeholders
e para a sociedade em geral (Moore, 2000). A missão pode envolver vários objetivos,
que frequentemente conflitam (Rainey, 2009). Essa é uma característica distintiva das
organizações públicas que tem implicações importantes para o estudo da gestão de
recursos humanos nesse contexto. Por exemplo, o serviço policial tem que combater o
crime, por um lado, mas evitá-lo, por outro. Essas funções tendem a envolver situações
extremas, como lidar com criminosos e o público em geral e saber como gerenciar
interações pacíficas e violentas. As organizações públicas também se esforçam para
fornecer serviços de alta qualidade de maneira equitativa com o dinheiro público usado
para criar valor público em benefício do público em geral (Rainey, 2009).
As evidências empíricas mostram que nem todas as práticas de RH são adequadas para
aplicação em organizações do setor público, dada a natureza dos serviços prestados,
características dos funcionários do setor público e o fato de as organizações públicas
serem responsáveis pela maneira como gastam fundos públicos (Kalleberg; Marsden;
Reynolds; Knoke, 2006). Muitas organizações públicas adotaram pacotes de práticas
de RH para melhorar as habilidades e oportunidades, mas poucas práticas de aprimo-
ramento da motivação (Kalleberg et al., 2006; Vermeeren, 2014). Práticas de RH que
são compatíveis com as metas humanísticas das organizações públicas, destinadas
a fortalecer as habilidades e as oportunidades dos funcionários para participar da
tomada de decisões, são mais prevalentes no setor público, enquanto os incentivos
financeiros são usados em menor grau, porque podem “afastar” a motivação intrínseca
(Georgellis; Iossa; Tabvuma, 2011). No entanto, nem todas as decisões relacionadas
à implementação de práticas de RH são estratégicas, pois as práticas de RH do setor
público também estão sujeitas a um alto grau de institucionalização. Várias partes
interessadas (como políticos ou sindicatos) têm mais influência nas práticas de RH do
setor público em comparação com o setor privado. Por exemplo, políticas relacionadas
a salários e benefícios a empregados estão sujeitas à negociação coletiva. Como tal,
isso implica que a adoção de práticas de RH precisa ser contextualizada ao se estudar
organizações públicas.
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Algumas diferenças de gestão ainda podem ser encontradas em organizações do setor
público. É o caso de um estilo paternalista de gestão, que visa proteger e promover o
bem-estar da força de trabalho. Também verifica-se o emprego padronizado de práticas
adotadas no setor público, em que trabalhadores que realizam a mesma tarefa têm os
mesmos termos e condições em várias organizações públicas. As relações industriais
foram coletivizadas – um amplo escopo para a consulta e participação do pessoal
– e assim se estabelece um forte papel dos sindicatos nas negociações salariais,
o que se reflete em níveis mais altos de densidade sindical no setor público (Bozeman,
1993; Knies; Leisink, 2014; Rainey, 2009). As organizações públicas aspiravam a ser
“empregadores modelo” e, assim, estabelecer padrões para outras organizações
seguirem, por exemplo, a igualdade de oportunidades no ambiente de trabalho. Esse
papel implica que, acima de tudo, aqueles em cargos de autoridade aceitam normas e
convenções mais brandas na área pública, o que difere dos valores de mercado, e às
vezes anti-sindicais, do setor privado (Fanham; Horton, 1996).
32
de metas e/ou desempenho financeiro, que pode ser afetado por uma variedade de
fatores, como estratégia de marketing e ambiente competitivo.
33
Para cada nível de análise existe um conjunto de medidas que revelam padrões da
estrutura da rede e da posição dos grupos e atores nela imersos. No nível macro é
possível avaliar, por exemplo, o tamanho da rede, a proporção de relações existente
diante das possíveis (densidade), a maior (diâmetro) e menor distância (distância
geodésica) possível entre os atores e centralização. O grau de centralização informa
sobre o padrão geral de distribuição dos laços, se estão concentrados em determinados
atores da rede ou se estão distribuídos de maneira mais equitativa (Carpenter; Li; Jiang,
2012). Essas medidas macro informam sobre o grau de coesão da rede e possibilitam
avaliar, por exemplo, o grau de disponibilidade e a velocidade dos fluxos de informação
entre os nós da rede (Hanneman; Riddle, 2005).
Pesquisas demonstram que laços entre atores não semelhantes são extintos com
maior frequência, quando comparados em seus processos de formação e dissolução
(Mcpherson; Smith- Lovin; Cook, 2001). Embora seja considerada uma tendência
“natural”, a predominância de padrões mais homogêneos expressa disputas entre
membros dos subgrupos coesos por reconhecimento e poder social. Nesse sentido,
a convivência entre grupos distintos precisa ser gerida nas organizações para evitar a
expressão de comportamentos de discriminação, conflitos interpessoais, absenteísmo
e baixos comprometimento e desempenho (Guillaume; Dawson; Woods; Sacramento;
West, 2013).
No nível do ator, é possível avaliar o lugar que ele ocupa na rede por meio de medidas
de centralidade e de posição estrutural. No final da década de 1940, Bavelas e Leavit
desenvolveram a medida de centralidade estrutural, fundamentada na distância de cada
34
ator para todos os outros. Ela foi utilizada para explicar diferenças no desempenho
e no comportamento moral de empregados de uma organização. A partir de então
foram desenvolvidas muitas medidas de centralidade, sendo as mais estudadas:
grau; intermediação; proximidade e poder (Freeman, 2011). A centralidade de grau
é a mais simples e contabiliza quantas pessoas o ator citou (out-degree) e quantas
pessoas citaram esse ator na rede (in-degree). A depender do tipo de laço estudado,
alta centralidade de entrada pode indicar prestígio na rede e alta centralidade de saída
identifica atores com elevada expansividade. Em geral, atores que têm mais ligações com
outros podem estar em posição vantajosa, por ter formas alternativas para satisfazer
suas necessidades e aproveitar os recursos da rede (Hanneman, 2001; Wasserman;
Faust; 1994). O alcance e a direção da interpretação das medidas de centralidade vão
sempre depender da estrutura da rede e do contexto que está sendo estudado. Se, por
exemplo, as conexões tornam-se redundantes ou se os atores com os quais um ator se
conecta não estiverem bem relacionados, as conexões não serão eficazes em termos
de fluxos de informação.
As medidas de posição identificam atores que possuem semelhanças nos seus padrões
de conexão. Essa similaridade ou equivalência pode assumir três formas, que variam
progressivamente quanto ao grau de abstração: estrutural – atores estabelecem mesmas
relações com todos os outros atores da rede; automórfica – os atores podem ser trocados
de lugar e a distância entre os outros atores da rede não sofre alterações; e regular –
identificação de padrões de relações em redes distintas (Hanneman; Riddle, 2005).
Laços fracos são relevantes por serem conexões ponte que, embora apresentem
baixa coesão, são o único caminho possível entre dois grupos de atores. Para um laço
apresentar essa propriedade, ele precisa ser fraco e ser ponte ao mesmo tempo, e sua
força está em ser potencial fonte de novas informações. O autor usou essa asserção
teórica para explicar por que as pessoas conseguem seus empregos mais através de
conhecidos, do que através de amigos próximos. No caso, pessoas com maior número
de laços fracos obteriam mais sucesso na busca por emprego (Lozares; Roldán; Verd;
Martí; Molina, 2011; Carpenter; Li; Jiang, 2012).
Os laços fortes geram grupos coesos através de interações frequentes (alta densidade),
compartilhamento de experiências cotidianas e proximidade afetiva. A coesão define
o conteúdo do recurso a ser acessado pelo ator e exerce pressão isomórfica em cada
díade. Ao mesmo tempo em que facilitam a troca de recursos, geram redundância
nos conteúdos trocados e dirigem os atores a agir de acordo com a expectativa dos
outros. Laços fortes formam clusters estáveis quase imutáveis e pouco influenciados
pelo entorno. Ao contrário disso, laços fracos ou com baixa coesão permitem que os
participantes recebam recursos diferentes e sejam menos pressionados por expectativas
e normas implícitas a estas (Freeman, 2011).
Na teoria dos buracos estruturais, elaborada por Burt (2002), um ator encontra-se em
uma posição privilegiada quando estabelece contatos que não possuem conexão direta
35
entre si. Esta teoria adere às considerações de Granovetter (1973) sobre laços fortes
e fracos e considera que a formação de buracos estruturais só acontece em grupos
com laços fracos. A existência de buracos estruturais é vantajosa em situações de
competitividade na relação com grupos externos. Já nas relações intragrupo a presença
de buracos estruturais representa pontos de fragilidade que podem ser usados por
atores externos (Lemieux; Ouimet, 2008).
O estudo das redes sociais nas organizações tem lançado luz sobre os fatores que
influenciam a implantação de intervenções nas organizações. Os laços fortes e fracos
entre organizações e entre unidades podem influenciar as ações e os resultados orga-
nizacionais (Tensaki; Chesmore, 2003). Algumas pesquisas têm mostrado que laços
intraorganizacionais de redes sociais no trabalho, particularmente a densidade dos
laços fortes entre unidades considerando diferentes redes ou uma única rede, podem
influenciar a implementação de intervenções e planos de mudança nas organizações.
Além disso, tais laços também influenciam o fato de os indivíduos estarem adotando
os novos comportamentos de interesse da organização (Tensaki; Chesmore, 2003,
Bos-Nehles, 2010).
Considerando o exposto sobre redes sociais, este estudo avaliou o grau de conecti-
vidade, densidade das conexões, força dos laços, centralidade das áreas e o grau de
efetividade das práticas de gestão de pessoas. Também buscou-se avaliar o grau
de consenso e os indicadores da rede sobre o bem-estar dos trabalhadores.
36
das organizações atualmente, afeta tanto as práticas de gestão e paradigmas vigentes
nas organizações, quanto o bem-estar e a saúde dos seus trabalhadores (Paschoal
et al., 2013). O bem-estar do trabalhador é apontado como fenômeno essencial para
o funcionamento adequado e competitivo da organização (Rodríguez-Carvajal
et al., 2010). A conceituação do bem-estar no trabalho engloba experiências positivas.
Quando existe bem-estar, o afeto positivo no trabalho prevalece sobre o negativo e,
além disso, existem experiências de desenvolvimento de potenciais individuais
e realização pessoal (Warr, 2007).
Resultados de estudos confirmam que esta é realmente uma área cada vez mais
importante e em rápido crescimento da pesquisa de GRH (Peccei; Van De Voorde,
2012, 2019). Do ponto de vista teórico/conceitual, a primeira grande descoberta-chave
diz respeito ao número restrito de estudos e modelos sobre a relação entre práticas
de gestão de pessoas e bem-estar no trabalho que foram propostos e testados até
o momento. Uma das poucas exceções aqui é o estudo de Wood et al. (2012). Essa
cobertura restrita em termos de modelos teóricos está, pelo menos em parte, ligada
às medidas restritas de bem-estar cobertas na pesquisa até o momento. A pesquisa
existente é fortemente voltada para a chamada forma de “felicidade” como medida de
bem-estar, com a exclusão quase completa das formas de bem-estar relacionadas à
saúde (Peccei; Van De Voorde, 2019).
37
atenção prestada a essas formas particulares de bem-estar nas pesquisas existen-
tes sobre gestão de recursos humanos e bem-estar (Peccei; Van De Voorde, 2019;
Van De Voorde et al., 2012).
Do lado empírico e metodológico, o primeiro ponto importante a ser observado diz respeito
à extensão em que os modelos propostos em estudos existentes realmente receberam
apoio empírico. Especificamente, os resultados mostram que, no geral, apenas 37% dos
modelos hipotéticos encontraram apoio empírico nos estudos (Peccei; Van De Voorde,
2019; Peccei et al., 2013; Van De Voorde et al., 2012). Os modelos mais simples de
resultados paralelos receberam o apoio mais forte (65%), em comparação com 48% e
34% que forneceram suporte para os modelos de mediação parcial e total de ganhos
mútuos entre gestão de pessoas e bem-estar no trabalho (Peccei; Van De Voorde, 2019;
Peccei et al., 2013; Van De Voorde et al., 2012). Em vez disso, eles forneceram apenas
suporte para um conjunto de vínculos mais limitado e fragmentário entre três variáveis
de interesse, incluindo, por exemplo, casos em que apenas a relação entre GRH e BE,
ou entre GRH e desempenho, ou entre BE e desempenho emergiu como significativa
(Peccei; Van De Voorde, 2019).
38
medidas de gestão de recursos humanos, bem-estar e desempenho; (b) se eles usaram
dados de seção transversal ou alguma forma de desenho com coletas variadas no tempo
(não transversal); e (c) se a análise se concentrou no nível individual ou da unidade
(por exemplo, organizacional e departamental) ou foi com base em uma abordagem
multinível (Peccei; Van De Voorde, 2019; Peccei et al., 2013; Van De Voorde et al., 2012).
Embora não seja incomum esse tipo de fonte única na pesquisa de GRH, projetos sec-
cionais são claramente problemáticos, em razão, por exemplo, de problemas potenciais
de variância comum do método que necessariamente levantam questões sérias sobre
a validade e a confiabilidade dos resultados (Beijer; Peccei; Van Veldhoven; Paauwe,
2019). Os estudos foram distribuídos de maneira mais uniforme em termos de níveis
de análise, com 37% com foco no nível individual, em comparação com 22% no nível
da unidade e 41% que usaram uma abordagem multinível (Peccei; Van De Voorde,
2019). Em outras palavras, a falta de consideração sistemática dos modelos dirigidos
a desempenho individual, grupal e organizacional nos estudos existentes representa
uma lacuna importante nessa área de pesquisa. Claramente, existe uma grande família
de modelos que podem ser testados nesse contexto, incluindo, por exemplo, modelos
longitudinais multiníveis mais ambiciosos, projetados para examinar a dinâmica da
relação entre GRH, bem-estar e desempenho em diferentes níveis de análise ao longo
do tempo (Peccei; Van De Voorde, 2019).
39
MÉTODO DE PESQUISA
PARTICIPANTES
Os participantes foram escolhidos de modo não aleatório, por conveniência e acessi-
bilidade. Participaram deste estudo 232 servidores de organizações públicas do Poder
Executivo federal, predominantemente do sexo masculino (51,30%), com uma média de
idade de 45 anos (DP = 8,75), 11 anos de tempo de serviço na organização (DP = 6,86)
e 17 anos no serviço público (DP = 9,18). Quanto a outros aspectos do perfil da amostra,
56,50% afirmaram possuir especialização, 53% se declararam brancos, 96,60% não
possuíam algum tipo de deficiência e 85,80% eram servidores públicos efetivos. Além
disso, 67,39% afirmaram não possuir cargo de gerência/gestão. Dos respondentes
da pesquisa, 85,8% são servidores públicos efetivos e apenas 11,2% são empregados
públicos. Dos respondentes da pesquisa, 198 não atuam na área de Gestão de Pessoas
(85,3%) enquanto apenas 34 respondentes atuam na área de GP (14,75).
Os órgãos de origem dos respondentes são variados, isso pode ser observado na
Tabela 1.
41
TABELA 1 – Órgão de trabalho do respondente (conclusão)
Além disso, o tempo de atuação nas carreiras variou entre 2 a 41 anos, sendo que a
média foi de 13,15 anos (DP = 8,46). O tempo de atuação no serviço público variou entre
4 e 44 anos, sendo que a média foi de 16,86 anos (DP = 9,17). O tempo de atuação no
órgão atual de trabalho variou entre 6 meses e 41 anos, sendo que a média foi de 11,19
anos (DP = 7,73). Esses dados retratam a variabilidade dos respondentes.
MEDIDAS
Foram utilizados dois tipos de questionários: um aplicado a todos os servidores públi-
cos, gestores e servidores não ocupantes de cargos comissionados e outro aplicado
somente aos servidores/empregados que atuavam na área de gestão de pessoas da
organização. O instrumento de redes sociais organizacionais foi aplicado apenas aos
42
gestores de RH para avaliar o relacionamento entre as áreas. Os instrumentos usados
são descritos a seguir.
Medidas de redes sociais – para avaliar as redes sociais, foram produzidas medidas
no nível da unidade que associam a área de gestão de pessoas com outras áreas da
organização e com áreas externas à organização. Os servidores responderam a itens
sobre o grau de relacionamento da área de gestão de pessoas com outras áreas da
organização. Essa conectividade da área de GP foi medida por meio da realização
43
das seguintes questões: com quais unidades da organização a sua unidade mais se
relaciona para alcançar os objetivos da unidade (indicar cinco unidades); com quais
áreas externas da administração pública, a sua unidade mais se relaciona para alcançar
os objetivos da unidade (indicar cinco unidades).
Para análise das medidas em ARS, as respostas dos participantes acerca das relações
que a área de gestão de pessoas do seu órgão constitui com outras unidades internas
e outros órgãos externos foram organizadas em matrizes adjacência que permitem a
análise de dados de centralidade e agrupamento para cada ator da rede. Para as redes
mapeadas, foram geradas as medidas degree, indegree e outdegree centrality, authority,
excentricity, modularity class, clustering coefficient, através do software Gephi (Bastian;
Heymann; Jacomy, 2009). A Tabela 2 descreve o significado de cada medida.
Medida Significado
Indegree Quantidade de citações recebidas por determinado ator (Hanneman; Riddle, 2011).
Outdegree Quantidade de citações realizadas por determinado ator (Hanneman; Riddle, 2011).
Degree Soma do Indegree e Outdegree (Hanneman; Riddle, 2011).
Identifica atores que assumem o papel de conectores críticos na rede
Bridging
(Everett; Valente, 2016).
Authority Atores mais importantes em subgrupos específicos na rede (Lü et al., 2016).
O escore do ator é proporcional à soma dos escores dos seus vizinhos
Eigenvector
(Borgatti; Halgin, 2011).
Como medida de ego, informa a quantidade de comunidades que cada ator participa
Modularity Class
(Newman, 2006).
Como medida de ego, informa a proporção em que cada nó participa de subgrupos
Clustering Coefficient
altamente conectados (Katona; Zubcsek; Sarvary, 2011).
Fonte: elaboração própria.
44
pesquisa. Muitas organizações não alcançaram um número superior a 4 participantes
que permitisse uma comparação adequada.
Para análise dos dados, foram utilizadas estatísticas descritivas, inferenciais multiva-
riadas e análises envolvendo o nível individual. As análises no nível de grupo não foram
possíveis em virtude do número reduzido de pessoas participantes no nível da unidade
e dos órgãos participantes. As análises de redes sociais informais envolveram o nível
das unidades das organizações. Do ponto de vista do método de análise de dados, este
estudo seguiu prescrições de Field (2013) e Tabachnick e Fidell (2013).
Afetos Afetos
Itens Autorrealização
negativos positivos
BE13. Irritado 0,966
BE12. Tenso 0,96
BE6. Nervoso 0,892
BE14. Ansioso 0,864
BE18. Com raiva 0,844
BE8. Impaciente 0,753
BE5. Chateado 0,656
BE4. Preocupado 0,642
45
TABELA 3 – Cargas fatoriais e confiabilidade da escala de bem-estar (conclusão)
Afetos Afetos
Itens Autorrealização
negativos positivos
BE16. Deprimido 0,609
BE3. Incomodado 0,573
BE20. Frustrado 0,558
BE24. Realizo atividades que expressam minhas capacidades. 0,903
BE27. Atinjo resultados que valorizo. 0,873
BE23. Desenvolvo habilidades que considero importantes. 0,873
BE26. Supero desafios. 0,871
BE30. Expresso o que há de melhor em mim. 0,861
BE28. Avanço nas metas que estabeleci para minha vida. 0,826
BE29. Faço o que realmente gosto de fazer. 0,805
BE22. Realizo meu potencial 0,769
BE25. Consigo recompensas importantes para mim. 0,635
BE2. Animado 0,942
BE11. Entusiasmado 0,932
BE10. Contente 0,909
BE9. Empolgado 0,879
BE1. Alegre 0,867
BE17. Feliz 0,821
BE7. Disposto 0,746
BE15. Orgulhoso 0,673
BE21. Tranquilo 0,49
Número de itens 11 9 9
Variância explicada 49,30% 16,20% 6,10%
Alfas de Cronbach 0,95 0,96 0,96
Fonte: elaboração própria.
46
TABELA 4 – Cargas fatoriais e indícios de validade do instrumento de práticas de gestão de pessoas (continua)
Avaliação de Condições
Itens Envolvimento Seleção Remuneração TD&E
desempenho de trabalho
PG11. O órgão onde trabalho reconhece o trabalho que faço e os resultados que apresento. 0,969
PG12. O órgão onde trabalho privilegia a autonomia na realização das tarefas e tomada de decisões. 0,968
PG18. No órgão onde trabalho, há coerência entre o discurso e a prática gerenciais. 0,84
PG10. No órgão onde trabalho, há um clima de compreensão e confiança da chefia imediata
0,835
em relação aos servidores.
PG15. O órgão onde trabalho estimula minha participação nas tomadas de decisão
0,816
e resolução de problemas.
PG16. No órgão onde trabalho, há um clima de confiança e cooperação entre os colegas de trabalho. 0,786
PG9. O órgão onde trabalho me trata com respeito e atenção. 0,757
PG14. No órgão onde trabalho, servidores e dirigentes desfrutam da troca constante
0,729
de informações para a boa execução das atividades.
PG13. O órgão onde trabalho procura conhecer minhas necessidades e expectativas profissionais. 0,685
PG8. O órgão onde trabalho se preocupa com meu bem-estar. 0,677
PG19. Eu consigo aplicar no meu trabalho os conhecimentos e comportamentos aprendidos
0,588
nos cursos/capacitação de que participo.
PG17. O órgão onde trabalho incentiva a integração dos servidores (ex.: confraternizações,
0,536
eventos sociais e esportivos etc.).
PG7. O órgão onde eu trabalho acompanha a adaptação dos seus servidores no ingresso em carreiras. 0,479
PG31. No órgão onde trabalho, a avaliação de competências subsidia a elaboração do plano
0,901
de desenvolvimento dos servidores.
PG29. No órgão onde trabalho, os critérios e os resultados da avaliação de competências
0,839
são discutidos com os servidores.
PG27. No órgão onde trabalho, a avaliação de competências subsidia as decisões
0,838
sobre promoções e progressões.
PG25. O órgão onde trabalho realiza avaliações de competências periodicamente. 0,77
PG32. No órgão onde trabalho, a avaliação de desempenho subsidia a elaboração
0,766
do plano de desenvolvimento dos servidores.
47
48
TABELA 4 – Cargas fatoriais e indícios de validade do instrumento de práticas de gestão de pessoas (continuação)
Avaliação de Condições
Itens Envolvimento Seleção Remuneração TD&E
desempenho de trabalho
PG33. No órgão onde trabalho, os critérios e resultados da avaliação de competências
0,73
são divulgados para os servidores.
PG28. No órgão onde trabalho, a avaliação de desempenho subsidia as decisões
0,587
sobre promoções e progressões.
PG30. No órgão onde trabalho, os critérios e os resultados da avaliação de desempenho
0,559
são discutidos com os servidores.
PG44. No órgão onde eu trabalho, minha remuneração é influenciada
0,532
pelos meus resultados e desempenho.
PG5. O órgão onde eu trabalho divulga aos candidatos as informações a respeito das etapas e critérios
0,939
dos processos seletivos para cargos comissionados.
PG4. O órgão onde trabalho utiliza-se de vários instrumentos de seleção para a ocupação de cargos
0,914
em comissão (ex.: entrevistas, provas etc.).
PG6. O órgão onde eu trabalho comunica aos candidatos seu desempenho ao final do processo
0,865
seletivo para cargos comissionados.
PG1. Há processos seletivos para ocupação dos cargos em comissão preenchidos no órgão. 0,851
PG2. Os processos seletivos para ocupação de cargos em comissão no órgão onde trabalho são
0,837
disputados atraindo pessoas competentes.
PG3. O processo de seleção para a ocupação dos cargos em comissão do órgão em que eu trabalho
0,773
são conduzidos por pessoas capacitadas e imparciais.
PG37. O órgão onde eu trabalho preocupa-se com a minha saúde e qualidade de vida. 0,801
PG36. O órgão onde eu trabalho oferece programas de qualidade de vida. 0,694
PG38. No órgão onde trabalho, existem ações e programas de prevenção de acidentes
0,654
e enfrentamento de incidentes.
PG35. O órgão onde eu trabalho me oferece benefícios complementares (plano de saúde, convênios
0,64
com academias, clube, espaços de convivência etc.).
PG39. O órgão onde eu trabalho preocupa-se com a segurança de seus servidores,
0,56
controlando o acesso de pessoas estranhas.
PG34. No órgão onde trabalho, os critérios e os resultados da avaliação de desempenho são
0,425
divulgados para os servidores.
TABELA 4 – Cargas fatoriais e indícios de validade do instrumento de práticas de gestão de pessoas (conclusão)
Avaliação de Condições
Itens Envolvimento Seleção Remuneração TD&E
desempenho de trabalho
PG40. As instalações e as condições físicas (iluminação, ventilação, ruído e temperatura) do local onde
0,407
eu trabalho são ergonômicas (adequadas e confortáveis).
PG41. A remuneração recebida é compatível com as oferecidas em outras organizações públicas
0,908
para a minha função.
PG42. O órgão onde eu trabalho me oferece remuneração compatível
0,811
com a minha formação/escolaridade.
PG43. O órgão onde eu trabalho adota e promove incentivos (promoções,
0,409
funções comissionadas, gratificações etc.)
PG21. O órgão onde trabalho investe em meu desenvolvimento, propiciando meu crescimento pessoal
e profissional de forma ampla. (ex.: patrocínio total ou parcial de graduações, pósgraduações, cursos 0,501
de línguas, aperfeiçoamento, educação continuada etc.).
PG20. O órgão onde trabalho me ajuda a desenvolver as competências necessárias à boa realização
0,488
das minhas atividades de trabalho. (ex.: capacitações, participações em congressos etc.).
PG22. No órgão onde trabalho, as capacitações são avaliadas pelos participantes. 0,481
PG24. No órgão onde trabalho, as necessidades de capacitação são levantadas periodicamente. 0,447
PG23. O órgão onde trabalho estimula a aprendizagem e a produção do conhecimento. 0,43
PG26. O órgão onde trabalho realiza avaliações de desempenho periodicamente. 0,416
Número de itens 13 9 6 7 3 6
Variância explicada pelo fator 42,50% 8,03% 6,67% 4,34% 4,16% 3,52%
Alfa de Cronbach 0,95 0,91 0,95 0,85 0,83 0,87
Fonte: elaboração própria.
49
O instrumento de efetividade das práticas de gestão de pessoas apresentou bons resulta-
dos na análise fatorial exploratória, condizentes com os indícios de validade anteriormente
alcançados em estudos internacionais. A matriz de correlações mostrou-se fatorável,
com uma média de correlações de 0,62. O KMO foi de 0,89 e o índice de Esfericidade
de Bartlet também foi significativo. As comunalidades após extração estiveram entre
0,414 e 0,672. A variância explicada do instrumento foi de 49,7%. Foi extraído um único
fator, contendo dez itens, o que corrobora resultados anteriores de validade da escala.
As cargas fatoriais estiveram entre 0,511 e 0,82, sendo que o Alfa de Cronbach do fator
foi 0.90. A extração do fator ocorreu pelo método dos Eixos Principais.
Itens Cargas
EFPG3. Os programas de valorização de servidor realizados no órgão. 0,82
EFPG5. A avaliação de desempenho existente no órgão. 0,782
EFPG6. O sistema de avaliação de desempenho presente no órgão. 0,775
EFPG8. O sistema de gestão por competência realizado no órgão. 0,767
EFPG4. Os planos anuais de capacitação executados no órgão. 0,708
EFPG10. Os programas de movimentação de pessoal realizados no órgão. 0,704
EFPG7. Os planos de progressão e promoção na carreira. 0,657
EFPG2. Os programas de qualidade de vida no trabalho realizados no órgão saúde do trabalhador. 0,643
EFPG9. Os programas de segurança no trabalho realizados no órgão. 0,634
EFPG1. Os processos seletivos para ocupação de cargos em comissão. 0,511
Fonte: elaboração própria.
50
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira análise realizada envolveu o cálculo dos dados descritivos das variáveis da
pesquisa. Os dados apresentados na Tabela 6 demonstram as médias, desvios-padrão
e correlações entre as variáveis. É importante ressaltar que a amostra foi bastante
restrita e somente os órgãos Codevasf, Controladoria Geral da União, EBSERH e os
Ministérios Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cidadania, da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações, da Defesa, da Economia, da Educação, da Infraestrutura,
da Justiça e Segurança Pública, da Saúde, de Minas e Energia, do Desenvolvimento
Regional e do Meio Ambiente apresentaram um número superior a quatro respondentes.
Por motivos de falta de representatividade, as análises não consideraram o nível dos
órgãos dos respondentes.
Apesar da amostra ter sido restrita, os dados de validade dos instrumentos foram
bastante satisfatórios e conseguiram reproduzir índices anteriores alcançados
pelos instrumentos.
Correlações
Variável N Média DP
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1. Autorrealização 232 3 1,08
2. Afetos positivos 232 2,57 1,06 ,67**
3. Afetos negativos 232 2,71 1,08 -,35** -,59**
4. Envolvimento 232 3,77 1,5 ,60** ,63** -,44**
5. Avaliação de des. e comp. 232 2,84 1,49 ,36** ,38** -,21** ,55**
6. Condições de trabalho 232 3,73 1,5 ,33** ,36** -,25** ,58** ,62**
7. Remuneração 232 3,89 1,84 ,37** ,36** -,23** ,49** ,33** ,50**
8. Treinamento 232 4,23 1,56 ,41** ,42** -,29** ,70** ,67** ,68** ,47**
9. R&S 126 3,4 1,95 ,27** ,30** -0,11 ,36** ,40** ,32** ,37** ,43**
10. Efetividade 232 2,61 1,14 ,43** ,38** -,26** ,60** ,66** ,69** ,50** ,63** ,46**
53
que elas possuem algum grau de relação entre si. Para avaliar o grau de consenso,
foram realizadas comparações entre gestores com servidores públicos em geral,
e comparações entre gestores de RH e gestores de outras áreas.
Como pode ser observado, seis dos dez fatores obtiveram índice significativo de diferença
entre os dois grupos, sendo que os servidores que possuem cargo gerencial avaliaram
de maneira positiva a todos os seis fatores em comparação aos servidores que não
possuem cargo/função gerencial. Não há consenso interno nas percepções indicadas
pelos índices de correlação intraclasse (ICC) e pelos coeficientes de variação (CV). Para
que seja considerada a existência de consenso dentro dos grupos, o coeficiente de
variação precisa ser inferior a 0,25 e os índices de correlação intraclasse (ICC) devem
ser superiores a 0,12 (James, 1982). Somente os fatores de autorrealização e a prática
de recrutamento e seleção apresentam algum nível de consenso interno no que diz
respeito à percepção dos grupos. É importante ressaltar que a prática de recrutamento
e seleção foi respondida apenas pelos servidores que consideram que essa prática
existe em sua organização.
54
TABELA 8 – Teste t de student, coeficiente de correlação intraclasse e coeficiente de variação
para comparação entre profissionais da área de gestão de pessoas e outras áreas
Atua na
Fator área de N Média DP T Sig ICC CV
GP?
Sim 34 3,21 1,17 0,36
1. Autorrealização -1,266 0,207 0,01
Não 198 2,96 1,07 0,36
Sim 34 3,00 0,91 0,30
2. Afetos positivos -2,6 0,01 0,09
Não 198 2,50 1,07 0,43
Sim 34 2,55 0,92 0,36
3. Afetos negativos 0,952 0,342 0,002
Não 198 2,74 1,11 0,41
Sim 34 4,23 1,46 0,35
4. Envolvimento -1,943 0,053 0,05
Não 198 3,69 1,50 0,41
5. Avaliação de Sim 34 3,48 1,54 0,44
-2,774 0,006 0,10
desempenho Não 198 2,73 1,46 0,53
Sim 34 2,98 1,24 0,42
6. Efetividade -2,091 0,038 0,06
Não 198 2,54 1,11 0,44
Sim 34 4,14 1,78 0,43
7. Remuneração -0,856 0,393 0,004
Não 198 3,85 1,85 0,48
Sim 34 4,92 1,51 0,31
8. Treinamento -2,835 0,005 0,11
Não 198 4,11 1,54 0,37
Sim 24 4,38 1,83 0,42
9. R&S -2,836 0,005 0,15
Não 102 3,16 1,91 0,60
Sim 34 3,59 1,48 0,30
10. Condições
-3,341 0,001 0,16
de trabalho Não 198 4,54 1,37 0,41
Como pode ser observado na Tabela 8, somente nos fatores de bem-estar (afetos
negativos e autorrealização) e na prática de gestão de pessoas relacionada à remune-
ração não há diferenças estatísticas nas percepções de profissionais da área de GP
e profissionais de outras áreas. Não há consenso interno nas percepções indicadas
pelos índices de correlação intraclasse (ICC) e pelos coeficientes de variação. Pelo ICC,
apenas as percepções dos fatores recrutamento e seleção e condições de trabalho
possuem algum consenso interno que permite inferir uma percepção grupal.
55
consideram que elas não são efetivas. Tal achado, apesar de ser restrito à amostra
investigada, corrobora as afirmações de autores sobre a dificuldade da implantação
das políticas e práticas de GP em órgãos públicos (Boudreau; Lawler, 2014; Camões;
Menezes, 2016; Horton, 2000; Longo, 2007; Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico, 2010; Teo; Crawford, 2005).
56
relações de causa e efeito, validade de práticas e consistência nas mensagens entre
os funcionários); e 3) consenso (acordo entre os remetentes de mensagens e justiça
das práticas). Essas atribuições trabalham em conjunto para entregar a mensagem de
gestão de pessoas. Assim sendo, o alcance das atividades de gestão de pessoas será
maior com sistema forte. As principais características de seu sistema “forte” são altos
níveis de distinção, consistência e consenso (Bowen; Ostroff, 2004; Ostroff; Bowen,
2015). Nos casos em que estes estão presentes, os autores citados argumentam que
haverá uma situação de apoio à implementação das práticas de gestão de pessoas.
Uma característica central do consenso é o “acordo entre os principais tomadores de
decisão de GP” (Bowen; Ostroff, 2004, p. 212). Muitos autores têm investigado sobre
o impacto do consenso entre os funcionários e entre a gerência e os funcionários
(por exemplo, Liao; Toya; Lepak; Hong 2009), mas tem havido pouca pesquisa explo-
rando o consenso entre os gerentes seniores. É preciso, portanto, explorar o acordo
entre os principais tomadores de decisão de GP referidos por Ostroff e Bowen (2015).
57
denotam que os órgãos e as unidades de GP necessitam investir em políticas de
envolvimento e valorização da atuação dos servidores para que resultados positivos
sejam alcançados e resultados negativos sejam minimizados. A prática de gestão de
pessoas que enfatiza uma remuneração justa, compatível com habilidades e formação
dos servidores também foi preditora de bem-estar no trabalho com o fator autorrea-
lização (Daley; Vasu, 2005; Paschoal; Tamayo, 2008). Tais resultados corroboram a
pressuposição de que fatores atitudinais e comportamentais podem ser usados como
fatores que apontam a efetividade da gestão de pessoas/recursos humanos (Paschoal
et al., 2013). O bem-estar do trabalhador é apontado como fenômeno essencial para o
funcionamento adequado e competitivo da organização (Rodríguez-Carvajal et al.,
2010), porque engloba experiências positivas. O afeto positivo no trabalho prevalece
sobre o negativo com a existência de experiências de desenvolvimento de potenciais
individuais e realização pessoal (Warr, 2007).
58
indivíduos faltam ao trabalho por motivos pessoais. Por outro lado, quanto mais eles
percebem as práticas de avaliação de desempenho, mais eles faltam por motivos
pessoais. Esse último resultado mostra-se bastante contraditório, na medida em que
a avaliação de desempenho está associada ao aumento das faltas por motivos pes-
soais. Também esse resultado corrobora a proposição de que as práticas de gestão
de pessoas podem ter objetivos conflituosos no contexto das organizações públicas
(Ingraham; Rubaii-Barrett, 2007), gerando dificuldade para que os seus objetivos
sejam alcançados, além das dificuldades peculiares da avaliação de desempenho
no setor público. Questões como utilização dessa prática de GP como instrumento
para inserir gratificações e bonificações, dificuldades de visualização da prática
como instrumento de gestão, má gestão da avaliação de desempenho no contexto da
administração pública quando ela é utilizada somente como instrumento de controle
burocrático, falta de conhecimento do servidor público sobre os requisitos e orientações
para que essa prática seja usada – todos esses aspectos apontam para a hipótese de
que talvez esse resultado esteja relacionado ao fato dessa prática, quando realizada,
apresentar objetivos que não favoreçam o alcance de resultados no trabalho (Camões
& Menezes, 2016).
A Tabela 9 demonstra uma regressão realizada para verificar o efeito preditivo das
variáveis de práticas de gestão e de efetividade no bem-estar dos servidores.
Avaliação de Condições
Variável resposta Envolvimento Remuneração Treinamento R&S Efetividade
des. e comp. de trabalho
Autorrealização
Constante 1,281 Beta 0,34 -0,03 -0,07 0,12 -0,03 -0,01 0,19
R 0,642 T 4,45 -0,32 -0,87 2,31 -0,30 -0,20 1,71
R² Ajustado 0,412 p 0,00 0,75 0,39 0,02 0,76 0,84 0,09
Afetos positivos
Constante 0,855 Beta 0,379 0,044 0,042 0,009 -0,061 0,044 0,02
R 0,625 T 4,9 0,54 0,505 0,172 -0,691 0,934 0,178
R² Ajustado 0,39 p 0,000 0,59 0,614 0,864 0,491 0,352 0,859
Afetos negativos
Constante 3,629 Beta -0,259 0,043 -0,09 0,102 0,022 -0,002 -0,078
R 0,405 T -0,377 0,064 -0,133 0,183 0,032 -0,004 -0,087
R² Ajustado 0,164 p 0,005 0,65 0,354 0,085 0,834 0,968 0,548
Fonte: elaboração própria.
59
TABELA 10 – Regressão linear padrão para as variáveis critério de resultados
na gestão de pessoas (proximais e distais)
Avaliação de Condições
Variável resposta Envolvimento Remuneração Treinamento R&S Efetividade
des. e comp. de trabalho
Quantidade de cursos
Constante 3,514 Beta -1,051 0,632 0,338 -0,372 0,368 0,401 0,184
R 0,297 T -2,047 1,18 0,611 -1,114 0,632 1,283 0,252
R² Ajustado 0,088 P 0,043 0,24 0,542 0,267 0,528 0,202 0,802
Carga horária dos cursos
Constante 89,625 Beta -17,583 16,469 2,51 -8,889 9,193 -9,046 24,44
R 0,292 T -1,368 1,228 0,181 -1,062 0,631 -1,155 1,332
R² Ajustado 0,085 P 0,174 0,222 0,856 0,29 0,529 0,25 0,185
Carga horária pela Enap
Constante 50,685 Beta -2,332 0,471 -4,641 1,489 1,642 -6,56 11,617
R 0,149 T -0,306 0,059 -0,566 0,3 0,19 -1,413 1,068
R² Ajustado 0,022 P 0,76 0,953 0,573 0,765 0,85 0,16 0,288
Faltas por motivos pessoais
Constante 3,372 Beta -1,694 1,586 -0,464 0,48 -0,281 0,598 0,101
R 0,289 T -2,104 1,888 -0,536 0,915 -0,308 1,22 0,088
R² Ajustado 0,084 P 0,038 0,061 0,593 0,362 0,759 0,225 0,93
Faltas por motivos de saúde
Constante 8,046 Beta -1,584 0,313 1,094 -0,466 0,056 0,727 -0,653
R 0,16 T -1,178 0,223 0,755 -0,532 0,037 0,888 -0,34
R² Ajustado 0,026 P 0,241 0,824 0,452 0,595 0,971 0,377 0,734
Fonte: elaboração própria.
Para avaliar a relação entre resultados proximais da área de GP, efetividade e percepção
das práticas de GP e resultados distais da área de GP, foram realizadas regressões
múltiplas. Os resultados proximais da área de GP foram medidos em termos do
número de cursos e eventos de treinamento realizados, carga horária dos cursos e
eventos de treinamento e capacitação, além da carga horária dos cursos e eventos de
treinamento realizados pela Enap. Os resultados distais da área de gestão de pessoas
foram medidos por meio de percepção de alcance dos resultados da área a que o
indivíduo pertence. Os bem-estar dos servidores (afetos positivos, afetos negativos
e autorrealização), o número de faltas por motivos pessoais e o número de faltas
por motivos de saúde foram considerados resultados distais da área de gestão de
pessoas. As práticas de gestão de pessoas, a efetividade e o bem-estar no trabalho
não foram preditores da percepção de alcance das metas da unidade, apesar desses
resultados serem perceptuais. As práticas de gestão de pessoas de envolvimento dos
indivíduos (b=-0,242; p=0,086) e avaliação de desempenho dos indivíduos (b=0,230;
p=0,091) são marginalmente preditoras do número de dias que o indivíduo faltou por
motivos pessoais no último ano. Os afetos negativos sentidos pelo servidor também
são marginalmente influenciadores do número de dias que o respondente faltou ao
trabalho por motivos pessoais no último ano. O R2 dessa predição é de 0,11. Os afetos
60
negativos sentidos (b=-0,220; p=0,060) também são marginalmente preditores do
número de dias que o servidor faltou por motivos de saúde no último ano. O R2 dessa
predição é de 0,06.
A percepção de efetividade não foi preditora de nenhum dos fatores envolvendo resulta-
dos organizacionais proximais e distais da área de GP. Apesar de a literatura indicar que
a efetividade das práticas contribui para resultados proximais e distais, os resultados
do presente estudo não corroboraram prescrições anteriores (Bowen; Ostroff, 2004;
Liao; Toya; Lepak; Hong, 2009; Ostroff; Bowen ,2015). Além disso, as medidas de
consenso entre as percepções das práticas e da efetividade dessas não indicaram
uma homogeneidade de percepções. É preciso criar medidas que avaliem com vários
mecanismos a efetividade e estimem o grau de consenso entre as percepções.
61
constitucionais devem ser seguidas na administração pública de pessoal. Os processos
de pessoal também ajudam a determinar quem faz e implementa políticas públicas.
Esses processos devem equilibrar as demandas que envolvem inerentemente conflitos
– melhoram a produtividade, protegem os direitos dos funcionários, promovem práticas
afirmativas de contratação e promoção – e ainda refletem as reformas tradicionais do
sistema de mérito. As práticas de contratação e treinamento de pessoal geralmente
se chocam com os valores do debate político partidário e do conflito que, por sua vez,
afetam os órgãos públicos por meio de executivos e legislações políticas eleitas, bem
como os princípios e valores promovidos pelos sindicatos de funcionários públicos
(Oke, 2015). Tais fatores afetam consideravelmente a possibilidade de as práticas de
gestão de pessoas serem consensuais, alcançarem resultados organizacionais distais
ou proximais.
Todos os resultados da pesquisa, apesar de sua amostra restrita, mostram que a gestão
de pessoas no setor público é bastante desafiadora. A gestão estratégica de pessoas
no setor público parece ter efeitos positivos na motivação dos funcionários e no
desempenho organizacional (Messersmith; Patel; Lepak; Gould-Williams, 2011), mas
esses efeitos não foram corroborados em larga escala por este estudo. Uma possível
explicação pode estar nas características distintas no setor público: a natureza do
desempenho organizacional, a natureza da gestão de recursos humanos e as ligações
entre os dois (Knies; Leisink, 2014). As organizações do setor privado têm um único
resultado final (maximização de lucro), enquanto organizações do setor público possuem
vários objetivos relacionados ao alcance de missões sociais (Boxall; Purcell, 2011).
Alcançar a missão é o objetivo final das organizações públicas, pois a missão define
o valor que a organização pretende produzir para seus stakeholders e a sociedade em
geral (Moore, 2000). Portanto, resultados distais na esfera pública são mais difíceis de
serem alcançados pela gestão de recursos humanos, pois o alcance da missão pode
envolver vários objetivos que frequentemente conflitam (Rainey, 2009). As organizações
62
públicas também se esforçam para fornecer serviços de alta qualidade de maneira
equitativa com o dinheiro público usado para criar valor em benefício do público em
geral. A segunda característica distintiva diz respeito à gestão de recursos humanos,
mais precisamente, o conjunto de práticas de gestão de recursos implementadas para
contribuir para o desempenho ou a realização da missão.
63
subgrupos incluem praticamente as redes de ego de cada unidade de gestão de pessoas
dos respondentes. A Figura 1 mostra a estrutura visual da rede de relacionamentos
das unidades de gestão de pessoas dos órgãos dos respondentes participantes.
Esses resultados pouco corroboram as prescrições da área de GP no sentido de
oferecer suporte, atuar nas interconexões e exercer influência sobre as outras áreas
(Harris; Doughty; Kirk, 2002; Hou; Ingrahan; Bretschneider; Selden, 2000; Tessema;
Soeters; Ngoma, 2009; Thompkins, 2002). A descentralização das funções de gestão
de pessoas tem sido apontada como um dos fatores que maximizam o sucesso da
gestão estratégica de pessoas no setor público (Tessema; Soeters; Ngoma, 2009),
na medida em que a responsabilidade pelas ações de gestão de pessoas é delegada
aos chamados gerentes de linha ou gerentes de áreas finalísticas (Harris; Doughty;
Kirk, 2002). Em um modelo descentralizado, as áreas de recursos humanos se respon-
sabilizam apenas pelo suporte, planejamento e supervisão das ações (Hou; Ingrahan;
Bretschneider; Selden, 2000). Tal posicionamento fortaleceria uma visão positiva dos
membros organizacionais para a unidade (Harris; Doughty; Kirk, 2002) e fortaleceria
sua atuação junto aos beneficiários dos seus serviços (Hou et al., 2000).
64
FIGURA 1 – Redes sociais das áreas de GP dos respondentes
65
Em se tratando dos dados que consideram a separação entre relacionamentos inter-
nos e externos ao órgão, as áreas de administração, planejamento e gestão interna,
as áreas de GP do órgão setorial, as áreas de gestão central do órgão e as áreas de
GP de outros órgãos foram aquelas que internamente apresentaram maior número de
conexões e índices de centralidade. As áreas de administração, planejamento e gestão
interna foram destacadas com a cor rosa por se tratar do maior índice de conexões e
centralidade em toda a rede social. As áreas finalísticas dos órgãos e áreas de tecno-
logia da informação apresentam um posicionamento mais periférico na rede social.
Provavelmente as conexões indicadas para essas áreas são restritas a unidades de
GP de alguns órgãos. No que se refere aos relacionamentos externos à área de GP,
o Ministério da Economia, a Presidência e Casa Civil, empresas externas prestadoras
de serviços e a Enap aparecem como os órgãos com mais conexões e centralidade.
Outros órgãos como TCU e associações de empregados apresentam posicionamentos
mais periféricos na rede social.
A figura retratada aqui parece ser de uma atuação muito voltada para as áreas centrais
da administração interna do órgão, para a aprovação do Ministério da Economia com
sua área de Gestão de Pessoas, que fomenta os demais órgãos, e para outras áreas
de gestão de pessoas. Esses dados parecem retratar a área de gestão de pessoas dos
órgãos procurando aprovação superior e de seus pares, mantendo pouco relacionamento
com as áreas finalísticas, associações de empregados e outras áreas intermediárias
dos órgãos. É importante ressaltar que esses dados são restritos à amostra conseguida
pelo estudo, o que pode gerar vieses de interpretação.
67
REGRESSÕES MÚLTIPLAS COM OS INDICADORES DE REDES SOCIAIS
A partir deste momento são apresentados três modelos explicativos para cada um dos
fatores de bem-estar na seguinte sequência: realização profissional, afetos positivos
e afetos negativos, em que foram testadas as variáveis de redes sociais descritas no
método. Para cada um dos três modelos apresentados informaremos quais variáveis
de rede se estabeleceram como preditoras.
Realização Profissional
O modelo final para realização no trabalho, uma dimensão de bem-estar no trabalho,
explicou 22,3% da variância dos escores de realização profissional (R2ajustado=0,223;
F(13,136)=4,6; p<0,001). A regressão linear permitiu identificar como relevantes para
este primeiro modelo métricas relativas aos laços estabelecidos (Tabela 11). Uma das
métricas de maior importância foi a eigenvector (B=-7,522; t(9)=-3,65; p<0,001), com
o poder de predizer a diminuição do fator realização. A eigenvector centrality de cada
unidade de GP é gerada com base na soma dos escores dos seus vizinhos na rede. Esse
resultado indica que, quanto mais a unidade de GP está próxima de outros órgãos ou
unidades muito citados, menor a realização profissional dos colaboradores.
68
TABELA 11 – Modelo final para dimensão Realização
95% Intervalo
Erro de confiança
Termo modelo Coeficiente t Sig. Importância
padrão
Inferior Superior
Eigenvector -7,522 2,006 -3,75 0 -11.488 -3,557 0,213
Coeficiente de Clustering 3,602 1,051 3,427 0,001 1,524 5,68 0,178
Coef. clustering -1,542 0,608 -2,537 0,012 -2,743 -0,34 0,098
Indegree 0,25 0,125 2,009 0,046 0,004 0,496 0,061
Autoridade 5,892 3,761 1,567 0,119 -1,543 13,328 0,037
Fonte: elaboração própria.
Afetos Positivos
O modelo final para afetos positivos explicou apenas 12% da variância dos escores de
afetos positivos (R2ajustado=0,12; F(5,144)=5,04;p<0,001). A regressão linear permitiu
identificar como relevantes para esse segundo modelo métricas relativas a rede social
(Tabela 12). A métrica authority (B=7,16; t(5)=2,35; p<0,020), ser central no subgrupo
de origem, é capaz de predizer o aumento dos afetos positivos nos respondentes.
O bridging coefficient (B=0,23; t(5)=2,26; p<0,025) sinaliza o aumento dos escores
relativos ao fator afetos positivos. As unidades com maiores índices de bridging
coefficient são os atores que funcionam como pontes, ou seja, são conectores críticos
das redes sociais.
95% Intervalo
Erro de confiança
Termo modelo Coeficiente t Sig. Importância
padrão
Inferior Superior
Coef. de autoridade 7,162 3,053 2,346 0,02 1,127 13,196 0,188
Bridging coef. 0,23 0,102 -2,265 0,025 0,431 0,029 0,175
Fonte: elaboração própria.
Afetos Negativos
O modelo preditivo encontrado para a dimensão de bem-estar afetos negativos foi o de
menor potencial explicativo das métricas de redes dentre os três fatores de bem-estar
(Tabela 13). Esse terceiro modelo explicou apenas 11,7% da variância dos escores
relativos a afetos negativos (R2 ajustado= 0,117; F(6,143)= 4,30; p<0,001). Na rede
social da área de GP, a degree centrality (B= 0,25; t(6)=2,35; p<0,020) prediz o aumento
dos afetos negativos. A degree centrality é a soma da quantidade de atores que a
unidade citou com a quantidade de vezes que a unidade foi citada. Já a centralidade
de eigenvector (B= -3,72; t (6) = -1,94; p<0,054), que informa o quanto os vizinhos da
69
unidade são centrais, é capaz de sinalizar a diminuição dos afetos negativos. A métrica
que integra o modelo é a modularity class (B= -0,03; t(6)=-1,79; p<0,001), sendo esta
potencialmente capaz de sinalizar a redução dos afetos negativos. A modularidade de
classe informa a quantidade de subgrupos coesos de que a unidade participa. Nesse
sentido, o dado indica que a presença em mais de um subgrupo coeso pode auxiliar
na redução dos afetos negativos.
95% Intervalo
Erro de confiança
Termo modelo Coeficiente T Sig. Importância
padrão
Inferior Superior
Degree apoio 0,253 0,107 2,35 0,02 0,04 0,465 0,167
Eigenvector externo -3,718 1,917 -1,939 0,054 -7,508 0,071 0,114
Modularidade de classe -0,032 0,018 -1,788 0,076 -0,068 0,003 0,097
Fonte: elaboração própria.
Este trabalho teve como um dos objetivos explorar como associações entre as posições
e associações da área de gestão de pessoas de órgãos públicos da administração
pública explicam bem-estar no trabalho. Para atingir esse objetivo, foram identificados
três modelos preditivos para cada uma das dimensões de bem-estar. Nesses modelos
foi testado o quanto os laços e suas respectivas métricas baseadas na posição dos
atores (órgãos e unidades da administração pública federal) em cada rede mapeada
influenciam o bem-estar dos trabalhadores.
A comparação entre os fatores influenciadores para cada fator de bem-estar indica que
as variáveis de redes sociais analisadas têm um maior potencial preditivo em relação ao
fator de realização. O fato de o conteúdo dos itens de realização (diferente dos de afetos
negativos e positivos) estarem declaradamente associados ao contexto da atividade
do trabalho (os órgãos e instituições) pode ter contribuído para esse resultado. Além
disso, as perguntas geradoras estão relacionadas ao quanto existe relacionamento
entre as áreas citadas. A natureza do laço implicou resultados de predição distintos,
assim como no estudo de Luria e Kalish (2013).
70
Quanto às posições assumidas nas redes, chama a atenção a influência positiva
em afetos positivos para atores com alto grau de bridging centrality na rede. Essa
posição implica estabelecer conexões críticas na rede. Em termos mais simples,
em contextos de gestão de pessoas, estabelecer pontes entre diferentes subgrupos e
ser responsável pela não fragmentação desses subgrupos está relacionado ao aumento
dos afetos positivos. Esse achado aponta para um impacto da unidade na rede por estar
intermediando prováveis disputas políticas entre grupos favoráveis e desfavoráveis às
propostas na organização, como alertam Pichault e Schoenaers (2003). A posição de
ponte, nesse caso, coloca a unidade numa posição de manejo e negociação de expec-
tativas e incertezas, o que Franco et al. (2016) alertam como sendo possíveis fatores de
aumento do bem-estar do trabalhador. Seria importante avaliar em estudos futuros se
essas unidades que possuem papel de atores-ponte estão em posições intermediárias
ou hierarquicamente melhor posicionadas, pois a percepção da necessidade de mais
esforços para implantar as propostas (Soltis et al., 2013) pode gerar impactos sobre
os afetos positivos dos colaboradores.
Ser integrante de subgrupos com alto grau de coesão, posição indicada pelo clustering
coefficient, prediz o aumento do fator realização na rede interna e externa das unidades
de gestão de pessoas. Subgrupos coesos são formados por um conjunto de atores com
alta proximidade, através de laços mútuos. Tal configuração tem como consequência
rápido acesso à informação disponível no subgrupo, homogeneidade de crenças e
baixa possibilidade de sofrer influência do entorno (Freeman, 2011). A promoção do
fator realização no trabalho pode estar relacionada à disponibilidade de informação
relativa aos processos de gestão de pessoas.
Ainda no campo das reflexões sobre o papel dos subgrupos na promoção do bem-estar,
a medida modularity class da rede integrou o modelo explicativo de afetos negativos
sinalizando a diminuição destes. A modularidade, compreendida no nível da unidade/
ator, é uma medida que indica a proporção em que cada unidade de GP estabelece
laços intragrupais ou laços com outras unidades próximas. O resultado indica que,
quanto mais a unidade de GP estabelece relações intragrupais com outras unidades,
menor a proporção de afetos negativos.
71
A diminuição do bem-estar no trabalho dos servidores esteve associada ao grau em
que a unidade se posiciona como conector central na rede (bridging centrality, degree
centrality). Quanto mais a unidade centraliza as atividades na rede, menor é o bem-
-estar dos servidores. A promoção de bem-estar no trabalho esteve associada ao grau
de participação e influência da unidade em subgrupos coesos na rede. Além disso,
o aumento de bem-estar no trabalho também esteve associado à proximidade da uni-
dade a atores centrais na rede (eigenvector centrality). Essa associação pode ter como
explicação o acesso a informações funcionais, sem a sobrecarga e responsabilidade
que recai sobre as unidades conectoras centrais.
72
LIMITAÇÕES DO ESTUDO E AGENDA DE PESQUISA
A primeira grande limitação do estudo diz respeito ao tamanho, acessibilidade e
representatividade da amostra. A pesquisa foi realizada a partir da base de dados de
servidores da administração pública federal que realizaram cursos na Escola Nacio-
nal de Administração Pública. O projeto inicial previa a coleta de dados por meio da
Secretaria de Gestão de Pessoas do Ministério da Economia com alcance de todos
os órgãos da Administração Pública Direta influenciados por tais políticas. Contudo,
tal proposta não foi possível de ser concretizada.
O projeto passou por uma longa fase de negociação do espaço para coleta de dados da
pesquisa. O grande problema no andamento da pesquisa foram as difíceis negociações
para aplicação dos questionários junto aos órgãos pertencentes à população-alvo da
pesquisa. Foram encaminhados e-mails à Secretaria de Gestão de Pessoas do antigo
Ministério do Planejamento, além de realização de reuniões com servidores do Minis-
tério extinto. As negociações não avançaram nem com a intervenção direta da Enap.
A equipe da pesquisa foi informada que existia uma pesquisa concorrente (financiada
pelo Banco Mundial) que impedia a realização da presente pesquisa.
Com a utilização da base de dados da Enap, foi impossível ter uma amostra representativa
da população-alvo pretendida, o que limita as conclusões e discussões da pesquisa,
tendo em vista a limitação dos dados coletados. Foi impossível realizar comparações
entre órgãos e considerar diferentes níveis gerenciais. Outra limitação diz respeito ao
alcance dos dados de redes sociais que seriam respondidos por gestores das áreas
e gestores da área de recursos humanos de forma diferenciada. Nesse caso, seria
possível ter uma visão dos relacionamentos na perspectiva das áreas de GP e das
áreas dos órgãos pesquisados. Tais perspectivas permitiriam inferir um panorama
mais fidedigno dos relacionamentos e importância das áreas de GP. Tais perspectivas
permitiriam avaliar o impacto das redes sociais das unidades de GP sobre o bem-estar
dos empregados. Os dados sobre o alcance das metas das unidades poderiam ser
respondidos por servidores e por gestores da unidade. Dessa forma, também teríamos
dados mais fidedignos que permitiriam avaliar a influência das práticas e da efetividade
sobre o bem-estar dos empregados.
75
Inicialmente é importante ressaltar que os instrumentos usados na presente pesquisa
mostram bons indícios de validade e fidedignidade, que permitem dizer que são muito
plausíveis para uso em pesquisas na administração pública. As adaptações foram
pequenas e os resultados das estruturas repetiram dados de pesquisas anteriores.
Uma grande conclusão a ser extraída é que os servidores públicos da amostra possuem
níveis de bem-estar no trabalho com prevalência de afetos positivos e autorrealização,
embora existam ainda consideráveis níveis de afetos negativos que merecem uma
atenção para entendimento dos fatores causadores. As práticas de gestão de pessoas
apresentam algum nível de visibilidade, mas a efetividade delas não alcançou níveis
que possam ser avaliados como adequados. Os principais resultados mostram que
os participantes percebem que a organização cuida do seu bem-estar, apesar de
apresentarem altos índices de afetos negativos em relação ao trabalho. Em relação às
práticas de gestão de pessoas, os participantes avaliaram as práticas de envolvimento,
condições de trabalho e recrutamento e seleção como positivas, já as práticas de
avaliação de desempenho e competências foram avaliadas de forma negativa. Além
disso, a efetividade dessas práticas não foi avaliada positivamente. Na comparação
entre grupos, somente nos fatores de bem-estar (afetos negativos e autorrealização)
e na prática de gestão de pessoas relacionada à remuneração, não há diferenças
estatísticas nas percepções de profissionais da área de GP e profissionais de outras
áreas. Não há consenso interno nas percepções dos participantes da pesquisa indicadas
pelos índices de correlação intraclasse (ICC) e pelos coeficientes de variação. Pelo ICC,
apenas as percepções dos fatores recrutamento e seleção e condições de trabalho
possuem algum nível de consenso interno que permite inferir uma percepção grupal.
Esse resultado mostra que não existem percepções compartilhadas relacionadas à
atuação e efetividade da área de gestão de pessoas que permitam a formação de uma
força da área de gestão de pessoas. Se não há uma força na atuação das áreas de
gestão de pessoas como prescreve a literatura, então sugere-se que ela seja estimulada
nos órgãos implicados.
A influência das práticas de gestão de pessoas sobre o bem-estar no trabalho foi bas-
tante considerável, principalmente para a autorrealização. A percepção de efetividade
não afeta nenhum dos aspectos do bem-estar. Somente a existência das práticas já
é capaz de afetar o bem-estar dos colaboradores. As práticas de GP de envolvimento
e de remuneração afetam o bem-estar no trabalho. A prática de envolvimento aumenta
a autorrealização e afetos positivos no trabalho e diminui os afetos negativos. A prática
de GP de remuneração também afeta positivamente a autorrealização no trabalho.
Esse resultado sugere que o investimento nas ações que promovem o envolvimento e
a valorização dos servidores e ações que favoreçam uma remuneração mais adequada
devem ser estimuladas para que o bem-estar dos servidores seja impulsionado. Essa
influencia da prática de envolvimento sobre o bem-estar também se traduz na influência
sobre a quantidade de faltas por motivos pessoais.
76
Os resultados relacionados à avaliação de desempenho parecem mostrar que existe
um desvirtuamento da prática na medida em que ela influencia positivamente as faltas
por motivos pessoais, ou seja, quanto maior a percepção da avaliação de desempenho,
maior a presença de faltas por motivos pessoais.
No que diz respeito aos resultados de redes sociais informais, foi detectado que se trata
de uma rede que envolve elos com áreas internas e órgãos externos à unidade de gestão
de pessoa. Em termos gerais, a rede é caracterizada por conexões que ainda podem
ser aproximadas com diminuição de intermediários. A rede apresenta um percentual
considerável de centralização (41%), um grau de conectividade baixo entre as áreas
de 19% e 82% de fragmentação. A rede possui muitos subgrupos mais fechados que
incluem os parceiros próximos da unidade de gestão de pessoas dos respondentes.
Nesse caso, as prescrições que podem ser lançadas dizem respeito a ampliação das
conexões das áreas de GP com áreas finalísticas internas, diminuir a centralização
das atividades no órgão central, como o Ministério da Economia, e aumento de rela-
cionamentos laterais com outras áreas de GP de outros órgãos para parcerias e troca
de experiência e conhecimento. Dentre as três dimensões de bem-estar pesquisadas
(realização profissional, afetos positivos e negativos), a posição dos atores na rede
pesquisada foi mais capaz de predizer a realização profissional. As redes estabelecidas
pelas unidades de gestão de pessoas junto às outras unidades organizacionais e a
organizações externas foram capazes de influenciar os escores de bem-estar nas três
dimensões pesquisadas. Os aspectos da rede das unidades de GP dos órgãos que
influenciam o bem-estar dos indivíduos foram: a quantidade de vezes que a unidade
de GP é indicada e indica outras unidades, a proximidade que a unidade possui de
vizinhos muito citados, o grau de participação da unidade em subgrupos coesos, o grau
em que assume posição central nos subgrupos aos quais pertence. Assim, esses são
indicadores das posições dos atores capazes de predizer bem-estar dos colaboradores.
Em linhas gerais, quanto maior a conectividade das redes das unidades de GP com
órgãos internos e externos, maior o bem-estar dos servidores no trabalho.
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