ArtigoIbracon C 2019
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Carlos Cordeiro da Silva Santos Junior (1); Vinícius Almeida Coelho (2); Luanne Bastos de Britto
Barbosa (3); Milena Borges dos Santos Cerqueira (4); Francisco Gabriel Santos Silva (5).
Resumo
Mesmo diante do grande avanço nas técnicas de execução de acabamentos em fachadas, ainda existem
manifestações patológicas associadas ao assentamento de placas pétreas em revestimentos externos, cuja
solução eficaz ainda é de difícil alcance. Observando as diversas fachadas pelo Brasil, é possível identificar
que suas ocorrências se destacam em áreas litorâneas e centros de cidades. A presente pesquisa tem como
objetivo apresentar detalhes e procedimentos adequados para um projeto de fachada, revestido com placas
de pedras de mármore ou granitos, levando em consideração levantamento de dados feito em edificações da
cidade de Salvador-BA, com o propósito de aprofundar os conhecimentos e auxiliar profissionais do ramo de
Engenharia Civil no que diz respeito a prevenção, manutenção e reabilitação de fachadas, aumentando
assim, o grau de satisfação dos usuários e o conhecimento dos projetistas e engenheiros para futuros
edifícios. A metodologia adotada consta de coleta de dados através de visita técnica, com registros
fotográficos em diferentes edifícios da região metropolitana de Salvador-BA, com o intuito de auxiliar na
análise do objeto de estudo e na obtenção de soluções para enfrentar os problemas encontrados. Dentre as
principais manifestações patológicas identificadas, destacam-se os manchamentos, fissuras, colônias
biológicas e mudança de coloração. É significativa a necessidade do conhecimento das manifestações
patológicas nas fachadas com rochas ornamentais, para que assim, possa ser evitada sua ocorrência no
presente, bem como problemas futuros.
Palavra-Chave: Manifestações patológicas; fachadas; pedras ornamentais.
Abstract
Even in the face of the great advance in finishing techniques in facades, there are still pathological
manifestations associated with the settlement of stone plates in external claddings, whose effective solution is
still difficult to reach. Looking at the different facades in Brazil, it is possible to identify that their occurrences
stand out in coastal areas and city centers. The aim of this research is to present details and project procedures
for a facade covered with slabs of marble or granite, taking into account data collection made in buildings of
the city of Salvador-BA, with the purpose of deepening the knowledge and assist professionals in the field of
civil engineering with regard to the prevention, maintenance and rehabilitation of facades, thus increasing the
degree of user satisfaction and the knowledge of designers and engineers for future buildings. The
methodology adopted consists of data collection through a technical visit, with photographic records in different
buildings of the metropolitan region of Salvador-BA, with the purpose of assisting in the analysis of the study
object and in obtaining solutions to face the problems encountered. Among the main pathological
manifestations identified are staining, fissures, biological colonies and color change. There is a significant need
in knowing the pathological manifestations in the facades with ornamental stones, so that their occurrence in
the present, as well as future problems, can be avoided.
Keywords: Pathological manifestations; façades; ornamental stones.
ANAIS DO 61º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2019 – 61CBC2019 1
1 Introdução
Desde a pré-história, o homem utiliza de rochas para diversos fins construtivos, tanto para
áreas externas como internas. Tal utilização dava-se inicialmente pelos bons resultados
estéticos e ornamentais, posteriormente, pela grande resistência mecânica e durabilidade.
Até pouco tempo atrás, o uso das rochas ornamentais era restrito às construções luxuosas;
hoje está mais difundido nas residências e registra um acréscimo considerável, não só
pelas vantagens já explicitadas, mas também pelo preço que se tornou mais acessível. Este
aumento no consumo de placas pétreas para revestimento aumentou, em concomitância,
o consumo de argamassa para assentamento e rejuntamento, fazendo com que houvesse
um maior interesse nos procedimentos construtivos envolvendo rochas, bem como da
qualidade de aderência, tanto da argamassa com a placa quanto da mesma com o
substrato.
Mesmo diante do grande avanço tecnológico atual, ainda existem patologias associadas ao
assentamento de placas pétreas em revestimentos externos cujas soluções são de difícil
obtenção. Ribeiro e Barros (2010), salientam que a crescente série de problemas
patológicos ocorrentes nesses revestimentos vem prejudicando a sua utilização. Entre os
problemas mais usuais estão os manchamentos, fissuras, desplacamentos,
incompatibilidade entre produtos impermeabilizantes e escolha do tipo adequado de rocha.
Segundo Kondo (2003) vários critérios devem ser bem planejados para o sucesso do
sistema de revestimento, incluindo desde o custo e condições do meio ambiente até os
valores culturais dos usuários e capacitação de mão de obra.
Dada a necessidade de consolidar, organizar e ampliar os conhecimentos nesta área, este
estudo tem como foco identificar os principais tipos de manifestação patológicas associadas
ao uso de rochas ornamentais (mármore e granito) nas fachadas de edifícios com base em
levantamento de dados feito em edificações na cidade de Salvador-BA.
2 Fachadas
2.1 Sistema de revestimento
Os revestimentos das fachadas são de grande importância para as edificações. Segundo
Goldberg (1998), o principal objetivo deste sistema é separar o ambiente externo do interno
e atuar como uma barreira ou filtro seletivo, que permite o controle de uma série de forças
e ocorrências na edificação. Tal narrativa é complementada pelo exposto na NBR 13755
(ABNT, 1996), onde a função do revestimento externo é proteger a edificação da ação de
chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgaste mecânico oriundo da ação conjunta do
vento e partículas sólidas e dar acabamento estético à edificação.
Para fachadas moldadas in loco tem-se dois modelos de execução: Aderentes e Aeradas.
O primeiro grupo é aquele onde as placas de rocha têm ligação direta com o substrato,
sendo composto pela base (substrato), chapisco, emboço, camada de argamassa de
assentamento e as placas de rochas com posterior preenchimento das juntas de
assentamento com rejunte. Tais camadas são descritas detalhadamente na NBR 13755
(ABNT, 1996), sendo um esquemático do sistema apresentado na Figura 1.
As fachadas aeradas são aquelas onde as placas pétreas são fixadas no substrato por meio
de inserts metálicos (Figura 2), dispensando o uso de argamassa para sua aderência. Tal
grupo também é conhecido como fachadas respirantes pelo fato de ficarem afastadas do
substrato e permitirem o fluxo de ar entre as placas e a alvenaria, favorecendo o isolamento
térmico do edifício.
É o ensaio que determina a tensão que provoca a ruptura da rocha quando solicitada por
esforços compressivos. Sua finalidade é avaliar a resistência da rocha quando utilizada
como elemento estrutural e obter um parâmetro indicativo de sua integridade física.
Neste ensaio é determinada a tensão que provoca a ruptura da rocha quando submetida a
esforços de flexão. Com o resultado é possível aferir sua aptidão para uso em
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revestimentos, sendo particularmente importante para fins de dimensionamento das placas
a serem utilizadas no revestimento das fachadas onde a pressão do vento constantemente
gera esforço perpendicular à área da placa, especialmente quando do uso de ancoragem
metálica para sua fixação.
2.2.5 Resistência ao impacto de corpo duro
A NBR 12764 (ABNT, 1992) determina o ensaio a resistência ao impacto de corpo duro, em
uma placa de rocha de 20 x 20 x 3 cm, através de queda de uma esfera de aço com 6 cm
de diâmetro e massa de 1 kg, assentada sobre um colchão de areia. A esfera é solta, de
uma altura inicial de 20cm, em queda livre e, o procedimento é repetido aumentando a
altura de 5 em 5 cm até que a mesma provoque a fissuração ou quebra da placa. Este
ensaio visa fornecer um indicativo da firmeza da rocha.
2.2.6 Resistência à compressão após gelo-degelo
A variação térmica diária que o material é exposto também contribui para o destacamento
da placa, visto que, como exposto anteriormente, a movimentação térmica de um material
está relacionada às suas propriedades físicas e com a intensidade das variações de
temperatura, provocando assim variação dimensional (Figura 5).
A mudança de coloração original das placas está associada a diversos fatores, sendo os
principais:
Desgaste e/ou lixiviação de minerais pela ação das intempéries (chuva ácida,
rajadas de vento com partículas de areia em suspensão, etc.) e, principalmente,
por agentes de limpeza agressivos (Ex.: ácido muriático);
Deposição de sujeira na superfície que pode produzir aspecto encardido;
Amarelecimento em função de aplicação de produtos impermeabilizantes.
As rochas são compostas por diversos minerais e, a presença de outros minerais podem
acabar modificando as características originais da rocha, podendo interferir na estética da
fachada. Com o contato, o mineral transforma-se em outro por decomposição, podendo
haver a liberação de certos elementos químicos. Os minerais mais susceptíveis à alteração
são os sulfetos de ferro amarelos, granadas ferríferas e as magnetitas. Todos adquirem um
tom avermelhado semelhante à coloração usual de ferrugem (Figura 8).
Devido a abundância de água de amassamento, que por exudação permeia nos poros no
sentido da argamassa para o meio externo, pode ocorrer manchas escuras com aspecto
molhado nas placas pétreas. Está água, por não estar quimicamente relacionada ao
cimento, está livre para preencher os poros das rochas, e se não dispuser da oportunidade
de se comunicar com o meio externo ela ficará aprisionada e dará o efeito de sombreamento
à placa.
3.1.7 Fissuração
3.1.8 Deterioração
Os selantes são essenciais para vedar juntas contra infiltrações e também possibilitar alívio
de tensões térmicas experimentais pelas fachadas em detrimento de alterações térmicas.
Com o uso incorreto ou insuficiente pode ocorrer entrada de água e de agentes agressivos
causando infiltrações, e com o uso em excesso, ocasionar manchamento ao seu redor. Os
selantes, portanto, devem ser capazes de se manter íntegro e capaz de absorver
deformações durante sua vida útil.
3.1.10 Eflorescências
Na tentativa de criar maior aderência das placas ao substrato, muitas vezes são
empregadas soluções impróprias que podem trazer danos ao revestimento. Um exemplo
disso, é a tentativa de reforço com o uso de arame não galvanizado no verso das placas,
que, com o tempo ocorria a corrosão deste e consequentemente dano das placas (Figura
14).
Nas fachadas, o surgimento de fungos, e de outros organismos como algas e líquens, causa
o aparecimento das manchas com tonalidades de acordo com a deterioração do substrato.
Pelo fato das fachadas receberem água de chuva e o possível desagregamento do material
do rejuntamento, é possibilitada a existência de plantas em pequenas fendas. Com o
crescimento da planta haverá um esforço de expansão das raízes que comprometerá a
estabilidade da fachada.
4 Conclusão
Dado o exposto, observa-se que é significativa a necessidade do conhecimento das
manifestações patológicas nas fachadas com rochas ornamentais, sendo necessário a
análise desde a fonte da matéria-prima, sua produção, utilização e manutenção para que
assim se evite a ocorrência de problemas futuros e seja possível realizar a manutenção
mais adequada nas estruturas já existentes.
______. NBR 12768: Rochas para revestimento – Análise petrográfica. Rio de Janeiro,
1992.
______. NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas
e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.
FLAIN, E.P; FRAZÃO, E.B; RIGHI, R. Patologias em revestimentos com placas pétreas em
edificações e espaços no Brasil. III Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e
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