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Centro Universitário de Brasília

Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD

ANÁLISE, DIAGNÓSTICO E METODOLOGIA DE REPARO DE


MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FACHADAS: Estudo de caso
em Condomínio residencial na cidade de Guarujá-SP.

Guilherme Gonzaga Pereira*

RESUMO

As fachadas necessitam de manutenções periódicas após a sua confecção, porém,


durante sua fase de projetos, quando é realizado, os problemas começam a se
evidenciarem. Erros de projetos, execução e falhas de manutenções são frequentes
quando o assunto é: fachadas de edificações. O estudo realizou-se em um
condomínio residencial, onde apresentou manifestações patológicas relacionadas à
desplacamentos do revestimento argamassado e cerâmico e de corrosão das
armaduras do concreto armado. Este trabalho tem como objetivo identificar as
manifestações patológicas e a prescrição de um método de reparo para sanar o
problema identificado. Para obter o resultado da análise, foram realizadas inspeções
visuais com registros fotográficos, testes in loco e coletas de testemunhos para
provação laboratorial e visitas periódicas. Através dos resultados obtidos, concluiu-
se que a principal causa das manifestações patológicas apresentadas no local está
relacionado aos problemas de projeto, execução e contaminação de cloretos no
traço do revestimento argamassado.

Palavras-chave: Manifestações Patológicas. Fachada. Corrosão. Revestimento.


Cloretos.

________________

Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-requisito para
obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu, sob orientação do
Prof. MSc. Nielsen José Dias Alves.
1

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Possan e Demoliner (2013), degradação precoce das


edificações, e a consequente redução de desempenho, é um problema frequente em
todo o mundo. Esta degradação ocorre pelo envelhecimento precoce das mesmas,
que é desencadeado entre outras causas pela qualidade inferior dos materiais de
construção utilizados, por problemas de projeto e execução e falta de manutenção.

Segundo Cerqueira (2018) e Silva (2014), o surgimento de manifestações


patológicas nas fachadas tem se destacado neste cenário, já que as fachadas das
edificações, muito além da função estética, constituem a envoltória vertical de
proteção das edificações atuando como a primeira barreira para os diferentes tipos
de solicitações causadas por esforços externos e internos.

Para Bauer (2015), as edificações estão sujeitas a movimentações


diferenciadas causadas por tensões mecânicas, tensões térmicas, fadiga, choque
térmico, expansão por umidade (elementos cerâmicos), infiltrações, esforços
higrotérmicos, dentre outros fenômenos, podendo afetá-las de forma global ou em
suas partes.

Os fatores de degradação, segundo Bauer e De Silva (1998) resultantes


do clima, tais como incidência de chuva, variações de umidade relativa e
temperatura, interferem nas condições específicas de exposição das edificações,
pois, estes afetam também a degradação dos materiais.

Como ressalta Araújo (2010), em função da alta agressividade, há uma


constante preocupação quanto à durabilidade das estruturas de concreto no
ambiente marinho. Considerando que a deterioração da estrutura pode ocorrer em
curto intervalo de tempo, a estratégia mais apropriada para este ambiente seria
adotar um concreto de qualidade e também uma proteção.

Em todo país, torna-se cultural o uso revestimento cerâmico em


fachadas. Em regiões marinhas, não são dados os devidos cuidados referentes aos
ataques que possam sofrer pela região em que se encontram. Por isso, os números
de casos de aparecimento de manifestações patológicas referente ao
desplacamento de revestimento ou devido à corrosão das armaduras e massas
metálicas, tornam-se frequentes.
2

Segundo Lima e Lencioni (2015), o ambiente marinho é


reconhecidamente agressivo ao local construído. A influência do ambiente marinho
na durabilidade das construções depende do micro-clima no qual a construção se
encontra, podendo para cada um deles atuar de forma específica, com reações de
degradação características.

Os objetivos deste trabalho são: analisar as causas dos problemas


relacionados à fachada da edificação, como principal anomalia os deplacamentos
dos revestimentos e corrosão das armaduras, considerando as possíveis causas,
identificando as principais manifestações patológicas para identificar o diagnóstico
correto para a edificação, levando em consideração a presença de ambiente
agressivo.

Para alcançar estes objetivos, procedeu-se, primeiramente com a


análise visual e registros fotográficos de toda edificação, seguindo para o ensaio de
Teste de Percussão, em seguida realizou-se o Teste de Resistência de Aderência à
Tração e a remoção de amostras laboratoriais do Ensaio de Teor de Cloretos (Cl-)

O seguinte trabalho foi estruturado nas seguintes seções: na seção dois


apresentam-se a descrição da edificação, com suas principais características
construtivas, a seção três mostra a localidade da edificação, um critério importante
para este estudo de caso, pois sua localidade geram anomalias e consequências
importantes relatadas, na seção quatro apresenta-se como metodologia de
inspeção, uma síntese dos ensaios e como a inspeção foi dirigida, na quinta seção
são apresentados os resultados da pesquisa, onde engloba os resultados e análises
dos ensaios executados realizados in loco na edificação. Nesta seção mostra como
foram conduzidos os ensaios de Resistência de Aderência à Tração, Ensaio de
Percussão e o ensaio laboratorial de Teor de Cloretos (Cl-), principais ensaios para
o diagnóstico da edificação em estudo que tem como consequência a metodologia
de reparo para sanar os problemas elencados de uma forma fácil, correta e
econômica.
3

2 DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO

o Residencial Condomínio Brasil 70;

o Quantidade de torres:1;

o Pavimentos: 15 pavimentos tipo, 1pavimento térreo, 1 subsolo e 1 ático;

o Estrutura em concreto armado;

o Revestimento cerâmico nas fachadas laterais e frontal com pastilhas de porcelana e fachada
e fachada posterior com revestimento argamassado e pintura.

3 LOCALIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO

A edificação analisada fica situada na cidade de Guarujá, no litoral do


estado de São Paulo, especificamente na Rua Brasil – Barra Funda.

Figura 1 – Localização do Condomínio Residencial Brasil 70.

Fonte: Google Street View


4

Figura 2 – Vista geral do Condomínio Residencial Brasil 70 (fachada posterior).

Fonte: Acervo pessoal.

4 METODOLOGIA DE INSPEÇÃO

Nas constatações das manifestações patológicas presentes na edificação,


foram utilizados 4 (quatro) métodos de verificações diferentes. Primeiramente,
iniciou-se a inspeção com verificação visual com relatos fotográficos, para registros
das trincas e fissuras, desplacamento do revestimento argamassado e cerâmico,
ausências de juntas de dilatação, movimentação e dessolidarização, eflorescências
e possíveis flambagens das peças cerâmicas.

Após, realizou-se o ensaio de Percussão, onde consistiu na descida de


profissionais com rapel por toda área das fachadas, identificando os locais que
apresentaram desplacamentos, por deficiência na aderência do reboco e também
devido a corrosão da armadura.

A etapa seguinte consistiu na realização de ensaios de resistência de


aderência à tração, seguindo os conceitos que preconiza a NBR 13528 –
Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação da
resistência de aderência à tração e NBR 13755 – Revestimento de paredes externas
e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante –
Procedimentos.
5

Após a execução dos procedimentos citados realizados e para finalização


do processo de coleta de dados, efetuou-se o ensaio de Teor de Cloretos, com
auxílio das prescrições presentes na NBR 12655 – Concreto de cimento Portland –
Preparo, controle e recebimento – Procedimento. Onde, consistiu na coleta de
amostras da argamassa usada em todas as fachadas da edificação.

Posteriormente aos ensaios e inspeção visual realizada, possibilitou a


definição das razões dos surgimentos das manifestações patológicas na edificação e
definição do método recomendado para a solução das anomalias presentes.

5 ANÁLISE E RESULTADOS

5.1 Histórico

De acordo como síndico do Condomínio e com o funcionário com mais


tempo de atividade, a edificação possui cerca de 50 anos, sendo o 4º prédio
construído na cidade de Guarujá-SP.

A edificação já passou por reparos na fachada ao longo do tempo. De


acordo com os entrevistados, os reparos consistiram em serviços pontuais nos locais
em que houve desplacamento total do revestimento, executando o reparo através da
troca do revestimento argamassado e cerâmico e aplicação de argamassa
polimérica nas armaduras que apresentou corrosão com substituição da mesma em
caso grave de corrosão.

No mês de dezembro de 2018, o síndico solicitou aos moradores a


realização de uma Assembléia Geral, para tratar da reforma das fachadas da
edificação, onde ficou decidido que as cores da fachada tinham que ser mantidas e
a execução de reparos da fachada de acordo com propostas de empresas
terceirizadas e com o orçamento do Condomínio.
6

Figura 3 – Fatores e agentes intervenientes no SRF

Fonte: CCET – UEG-Go

5.2 Análise Visual

A análise visual na metodologia empregada baseou-se, na avaliação das


mesmas com intuito de identificar áreas deterioradas. Em todas as fachadas,
evidenciou-se a presença de trincas e fissuras referentes às falhas de aderência do
revestimento e por corrosão das armaduras.

Notou-se que nas fachadas da edificação não existem juntas de


movimentação e dessolidarização na fachada da edificação, tanto no sentido vertical
quando no sentido horizontal. No projeto, a localização das juntas de movimentação
horizontais e verticais tem como ponto mais favorável (ideal) a interface base da
viga/alvenaria e pilar/alvenaria e em locais de mudança direcional de planos do
revestimento, respectivamente.

De acordo com Paladini (2015) a junta de movimentação pode ser


definida como uma separação entre duas partes da estrutura, para que essas
possam deformar-se livremente, permitindo assim as movimentações da edificação,
que de acordo com Ribeiro e Barros (2010) podem ser causadas por: variação
térmica, expansão hidráulica, pelas vibrações do edifício (vento, cargas dinâmicas,
vibrações externas como carros) ou pela retração do revestimento.
7

Figura 4 e 5 – Desplacamento do sistema argamassado e ausência de junta de movimentação e


ausência de juntas de movimentação.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 6 e 7 – Ausência de juntas e movimentação e desplacamento do revestimento.

Fonte: Acervo Pessoal

No revestimento da fachada, observou-se a presença de trincas e fissuras


nos locais onde se localizam as peças estruturais da edificação, como: vigas e
pilares. As anomalias ocorrem devido ao surgimento da corrosão, onde haverá uma
expansão da armadura, ocasionando o surgimento de trincas, fissuras e redução da
aderência do aço ao concreto. A corrosão ocorre primeiramente devido a penetração
de agentes agressivos, após a formação da ferrugem ocasionando a expansão do
aço e o surgimento de fissuras, posteriormente a fragmentação do concreto seguido
de redução da seção do aço, deixando a armadura exposta ao meio ambiente.
Asfiguras5 a 10 ilustra as partes do processo.
8

Figura 8 – Processo de corrosão da armadura

Fonte: Revista ALCONPAT, Volumen 8, Número 1 (enero – abril 2018)

Figura 9 e 10 – Desplacamento e corrosão da armadura e fissuras causadas pela expansão do aço.

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 11 e 12 – Fissuras causadas pela expansão do aço e desplacamento e corrosão do aço.

Fonte: Acervo Pessoal


9

Figura 13 – Desplacamento e perda da seção do aço.

Fonte: Acervo Pessoal

5.3Teste de Percussão

Ainda durante as inspeções visuais, executou-se o Teste de Percussão. Onde


consiste na descida de profissionais com rapel em “cadeirinhas”. O processo do
ensaio iniciou-se desde a cobertura da edificação até o térreo, para que a execução
seja realizada por toda superfície de revestimentos, onde consistiu no mapeamento
das áreas com emissão de som cavo.

Durante a descida, portando um martelo pena de 100g e golpeando o


revestimento para identificação do desplacamento do mesmo. Através do som obtido
proveniente dos golpes executados, o som cavo indicou a falta de aderência do
revestimento argamassado e também de expansão das armaduras metálicas
proveniente da ação de corrosão.O registro foi realizado através de marcação com
giz de cera na fachada, sendo utilizado as cores azul (para desplacamento
relacionado ao reboco) e vermelho (para desplacamento relacionado a expansão do
aço/corrosão). Após a marcação in loco, os registros de marcações foram
repassados para as plantas confeccionadas no AutoCAD.

Figura 14 – Execução do teste de percussão.

Fonte: OCB Pinturas


10

Figura 15 – Croqui da planta de cobertura

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 16 – Mapeamento da fachada 1 (lateral esquerda).

Fonte: Acervo Pessoal


11

Figura 17 – Mapeamento da fachada 2 (fachada frontal).

Fonte: Acervo Pessoal

Figura 18 – Mapeamento da fachada 3 (lateral direita).

Fonte: Acervo Pessoal


12

Figura 19 – Mapeamento da fachada 4 (fachada posterior).

Fonte: Acervo Pessoal

5.4 Ensaios de Resistência de Aderência à Tração

O ensaio foi elaborado in loco e em todas as fachadas da edificação


(posterior, frontal e laterais), na altura do primeiro pavimento, onde foi usado como
padrão de execução a norma da ABNT NBR 13528:2010 (Revestimento de parede
de argamassa inorgânica – Determinação da resistência de aderência à tração). A
finalidade do ensaio foi para determinar se o revestimento argamassado da fachada
estava bem aderido ao substrato, em vista aos grandes problemas relacionados aos
desplacamentos.

O equipamento utilizado no ensaio, foi o Proseq dy-225 com 12 corpos-


de-prova metálicos em formato circular com diâmetro de 5 cm. Para os cortes no
revestimento, utilizou-se furadeira acoplada com serra copo diamantada de 50mm
de diâmetro. Em todas as fachadas realizou-se a coleta de resultados de 12 corpos-
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de-prova por amostragem, com o corte até o substrato e uso de cola epóxi para
fixação dos corpos-de-prova metálicos no revestimento.

Figura 20 – Equipamendo utilizado para o ensaio de resistência de aderência à tração.

Fonte: http://www.directindustry.com/pt/prod/proceq/product-7242-1064015.html

Para a coleta dos resultados, primeiramente realizou-se o ensaio na


fachada posterior (sem presença de revestimento cerâmico), onde foi observado que
antes da pintura, havia sido realizado a aplicação de massa PVC para regularização,
com espessura de aproximadamente 1mm e que essa massa estava atrapalhando a
realização completa do ensaio, haja vista que o rompimento na interface
massa/reboco foi causado pelo peso próprio da pastilha metálica utilizada. A massa
PVC foi removida de todos os corpos-de-prova para a realização completa do
ensaio, como preconiza a norma.

Figura 21 – Tipos de ruptura sem o uso de chapisco.

Fonte: ABNT NBR 13528:2010 (Revestimento de parede de argamassa inorgânica – Determinação


da resistência de aderência à tração)
14

Figura 22 – Colagens das pastilhas para realização do ensaio de resistência de aderência á tração.

Fonte: Acervo Pessoal

Para as fachadas laterais e frontal (com presença de revestimento


cerâmico), primeiramente realizou-se a limpeza do local e logo em seguida a
realização do arrancamento com o equipamento apropriado.

Como resultado, todas as fachadas foram reprovadas perante ao valor


referido na norma ABNT NBR 13528:2010 (Revestimento de parede de argamassa
inorgânica – Determinação da resistência de aderência à tração), onde diz que para
fachadas externas o valor mínimo obtido teria que ser igual ou superior a 0,3Mpa.
Os resultados do ensaio seguem no Anexo 1.

Através dos corpos-de-prova extraídos no ensaio de resistência de


aderência à tração, foi possível identificar que o reboco das fachadas tem espessura
superior ao preconizado na ABNT NBR 13749:2013(Revestimento de paredes e
tetos de argamassas Inorgânicas - Especificação), onde seu valor médio estava
entorno de 4,3 cm e a norma diz que para reboco externo este valor teria que ser
entre 2 e 3cm e também que não foi utilizado telas metálicas nos locais de trocas de
materiais, como: a interface de alvenaria/estrutura e uso de chapisco para melhorar
a aderência do revestimento argamassado ao substrato.
15

Figura 23 – Espessura do reboco com 4,2cm.

Fonte: Acervo Pessoal

5.5 Ensaio laboratorial de Teor de Cloretos (Cl-)

Para Carmona (1998) o íon de cloreto é um dos principais agentes


agressivos no processo corrosivo, sendo capaz de provocar corrosão generalizada
das armaduras, assim como a corrosão localizada com a formação de pites.

Devido à localização da edificação, cerca de 100m do banco de areia da


praia e pela entrevista realizada como o síndico da edificação, foi salientado que
havia suspeita de que a empresa que realizou a construção da edificação fez o uso
de areia contaminada com sal no traço do reboco para o revestimento de fachada.
Diante do fato relatado e dos resultados do teste de resistência de aderência à
tração ter sido inferior ao recomendado, foram retirados testemunhos da argamassa
usada no revestimento e levado ao laboratório para a realização do Ensaio de
Cromatógrafo de íons, Método Smeww, 22ª Edição, APHA 2012, 4110 B.
16

Figura 24 – Ação do ataque de cloretos até a edificação.

Fonte: (CEB – FIP, BULLETIN 183, 1992)

Para execução do ensaio, retiraram-se duas amostras, sendo uma da


fachada lateral esquerda (frente ao mar) e uma da fachada posterior (fachada com
os piores resultados de resistência de aderência à tração). As amostras
constituíram-se em fragmentos do primeiro, segundo e terceiro centímetro de
profundidade do revestimento argamassado, para então saber se a contaminação foi
devido a maresia ou se usou o traço de reboco com areia contaminada de cloretos.

De acordo com Mangat, Molloy e Helene (1992), concluíram que o fator


a/c (água/cimento) é um ponto importante para proteção da armadura do concreto
armado, sendo esse valor de a/c ≤ 0,45 quando o consumo de m³ de cimento no
concreto estiver variando entre 330 a 530 kg/m³.

Na norma ABNT NBR 6118:2014:2014 (Projeto de estruturas de concreto


– Procedimento) não foi encontrada especificação do teor máximo de cloretos, então
foi considerado os valores presentes na norma ABNT NBR 12655:2006, que permite
o teor máximo de cloreto no concreto de 0,15% sobre a massa de cimento.

Após a análise laboratorial, os resultados obtidos foram calculados


através do consumo de cimento. Como não há informações do traço utilizado pela
construtora da edificação, considerou o consumo médio de cimento por m³ de
330kg, devido à falta de tecnologia e informações limitadas da época de construção.
17

Figura 25 – Resultados obtidos da fachada posterior e lateral direita, em partes por milhão.

Fonte: Acervo pessoal

O cálculo realizado para o valor máximo de 0,15% de teor máximo de


cloreto sobre a massa de cimento, a partir dos resultados apresentado na figura 25,
considerando que em 1m³ de concreto possui aproximadamente 2600kg e consumo
médio de cimento por m³ de 330kg, constituiu da seguinte forma:

Quantidade de Cl- por m³ de concreto = 1 quilos de concreto ------- Cl- em ppm

Kg de concreto por m³ ---- x

Considerando o valor de 330Kg por m³ de concreto, divide-se o valor obtido


para a quantidade de Cl- por m³ pelo consumo de cimento por m³ de concreto,
temos o seguinte resultado:

Para a fachada posterior com profundidade de 1cm, o valor foi de 0,0059%,


para a profundidade de 2cm, o valor foi de 0,014% e para a profundidade de 3cm, o
valor foi de 0,0068%. Para a fachada lateral direita (frente ao mar), o valor com
profundidade de 1 cm foi de 0,10%, para a profundidade de 2cm, o valor foi de
0,022% e para a profundidade de 3cm, o valor foi de 0,015%.

Sendo assim, as fachadas estão dentro do limite de cloreto por m³ de


concreto.
18

5.5 Metodologia de reparo da edificação

De acordo com os resultados obtidos pelo ensaio de Resistência de


Aderência à Tração e pelo Teor de Cloretos (Cl-), a edificação necessita-se da troca
total do revestimento argamassado e cerâmico juntamente com o tratamento
indicado para os principais pontos de corrosão das armaduras. Todos os serviços a
serem executados, devem ser realizados por empresas capacitadas e
especializadas para cada frente de serviço, com auxílio de projetos.

Após a remoção de todo revestimento argamassado, inicia-se o processo de


revitalização da fachada. O primeiro passo para a tomada de ações, será a remoção
dos resíduos do revestimento argamassado antigo com o auxílio de escova de aço
acoplada em furadeira e posteriormente a limpeza com hidrojateamento de alta
pressão, deixando a alvenaria e peças estruturais aparentes.

Figura 26 e 27 – Escova de aço e limpeza com hidrojateamento.

Fonte: Universo dos Parafusos e Vertical Extreme.

A recuperação das peças estruturais corroídas inicia-se pelo apicoamento do


concreto nos locais onde foram delimitados pelo Teste de Percussão (Bate-fofo),
considerando Souza e Ripper (1998), o corte pode ser definido como sendo a
remoção profunda de concreto degradado. Este processo tem como objetivo a
remoção integral de todo concreto danificado, como também deixando amostra os
locais afetados pela corrosão do aço. A profundidade do corte deverá ir além da
armadura, por pelo menos 2cm ou o diâmetro das barras, facilitando o manuseio no
processo de recuperação. Nas barras de aço, também deve ser removido o concreto
até que atinja a parte de aço não corroída, para que toda peça afetada por corrosão
19

seja recuperada. Portanto, em caso de degradação intensa, a peça afetada poderá


ser escorada, respeitando os critérios de segurança.

Figura 28 – Exemplo de corte do concreto – Profundidade de remoção.

Fonte: Patologia, Recuperação e Reforço de Estrutura de Concreto (1998).

Após a realização do apicoamento, o local a ser recuperado deve ser limpo,


como auxílio de hidrojateamento para remoção de partículas soltas do concreto.Para
as barras de aço, as mesmas devem ser limpas com escova de aço e
posteriormente hidrojateadas, evidenciando com precisão os locais que serão
recuperados ou as peças a serem substituídas.

Figura 29 – Aparência final após remoção das áreas degradadas.

Fonte: http://www.tecknicas.com.br/2016/11/11/condominio-edificio-monte-verde-guaruja-sp/

Com o concreto e as barras de aço de toda edificação limpas, instaura-se o


processo de recuperação estrutural com a verificação do estado final das armaduras
que sofreram corrosão. De ordem, as barras de aço que perderam até 10% de sua
20

massa, não se realizam reparos. As barras que perderam de 10 a 20% de sua


massa, faz-se complementação, ou seja, considera-se que a armadura existente
ainda é atuante e apenas complementa o que foi perdido e para as barras que
perderam massa superior a 20%, ignora-se a barra existente e faz a ancoragem de
nova barra com a seção original de projeto.

Os locais de ancoragem de novas barras, segue os parâmetros da ABNT


NBR 6118:2014 para armadura longitudinal passiva por aderência. De acordo com
Chrust (2014), a norma define como comprimento de reto de ancoragem básico ( )
aquele necessário para ancorar a força limite . em uma barra de diâmetro Ø,
da armadura passiva, admitindo, ao longo desse comprimento, tensão de aderência
uniforme e igual a . A equação 1 mostra o cálculo de :

Onde, Ø é o diâmetro da barra, é a resistência de cálculo do aço e


obtido pela equação 2:

Onde, é o coeficiente obtido sendo 1 para barras lisas CA25, 1,4 para
barras entalhadas CA60 e 2,25 para barras de alta aderência CA50. O coeficiente
é obtido com o valor de 1 para situações de boa aderência e 0,7 para situações de
má aderência. O coeficiente é obtido com o valor de 1 para 32mm e
para Ø 32mm. O valor do é obtido do resultado de:

Caso seja necessário a redução do comprimento de ancoragem, em situação


onde a armadura existente é maior que a necessária calculada, o comprimento de
ancoragem necessário é reduzido de acordo com a equação 3, baseado na ABNT
NBR 6118:2014 e Chrust (2014):

Onde, é o coeficiente obtido sendo 1 para barras em gancho e 0,7 para


barras tracionadas com gancho e cobrimento no plano normal ao do gancho ≥ 3*Ø.
21

dado pela equação 1, sendo a área de armadura calculada para resistir ao


esforço solicitante, sendo a área de armadura efetiva (existente) e sendo
o maior valor entre 0,3* , 10*Ø e 100 mm.

Nos locais onde serão necessárias as reposições das barras de estribos


corroídas, de acordo com a ABNT NBR 6118:2014, a ancoragem dos estribos deve
necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais
soldadas.

Os ganchos dos estribos podem ser:

1) Semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de


comprimento igual a 5 Øt (diâmetro das barras de armadura transversal),
porém não inferior a 5 cm;
2) em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10 Øt,
porém não inferior a 7 cm (este tipo de gancho não pode ser utilizado para
barras e fios lisos).

Nos pontos onde o aço será complementado (traspasse), de acordo com a


ABNT NBR 6118:2014 e Chrust (2014), há limitações à utilização das emendas por
traspasse: não são permitidas para barras de bitola superior a 32mm. Do mesmo
modo, caso seja necessário a realização de múltiplas emendas, há limitação no
número de emendas de uma mesma seção. A norma ABNT NBR 6118:2014, diz que
as emendas devem estar afastadas pelo menos 20% do comprimento do maior
trecho de traspasse, e se houver barras com o diâmetro diferente, o cálculo de
traspasse deve ser realizado através da barra de maior diâmetro.

Figura 30 – Emendas de mesma seção transversal.

Fonte: item 9.3 ABNT NBR 6118:2014.


22

O cálculo do traspasse para barras tracionadas é realizado da seguinte forma,


como mostra a equação 4 baseado na norma ABNT NBR 6118:2014:

Onde, é o maior valor entre 03. ( dado na equação 1), 1,5.Ø


e 200 mm, é o coeficiente função da porcentagem de barras emendadas da
mesma seção, conforme a tabela 2, e é dado pela equação 4.

Tabela 2 – Valores dos coeficientes .

Fonte: Tabela 9.4 ABNT NBR 6118:2014.

Após os reforços estruturais realizados, como forma de retardar o


aparecimento de corrosão dos locais reparados, inicia-se a aplicação de inibidores
de corrosão, onde tem como principal objetivo a redução significativa do processo de
corrosão. No caso da edificação em estudo, por se tratar de um local marinho, é
indicado o uso de inibidores de corrosão catódicas à base de cimento, resina ou
nitritode sódio. Para a aplicação, é recomendado que o produto seja aplicado tanto
nas barras existentes, quanto nas barras novas que foram colocadas. O modo de
aplicação, secagem e quantidade de produto depende das especificações do
fabricante.

O processo de tamponamento dos locais onde serão recuperados, inicia-se


com o uso de ponte de aderência, utilizando produtos a base de epóxi, para
melhorar a ancoragem do concreto novo com o velho. Após a superfície do concreto
e as barras de aço recuperadas, tratadas e reforçadas, os pontos de aberturas são
selados com o uso de Graute fluidoTixotrópico. Nos locais onde a profundidade da
cavidade para tratamento do concreto/aço for superior a 6 cm, recomenda-se
adicionar até 30% de brita 0 lavada na mistura com o GrauteTixotrópico.
23

Figura 31 – Aplicação de Graute.

Fonte: Revista Téchne, Ed. 146.

O novo revestimento argamassado da edificação é iniciado através da


aplicação de chapisco convencional lançado com colher nas áreas das alvenarias e
para as regiões das peças estruturais, recomenda-se o uso de chapisco
desempenado, com adição de resinas colantes e aplicados com desempenadeira.

Com a execução do chapisco realizada, é necessário fixar telas de aço


galvanizado, fixadas com parafusos, pinos ou grampos. Tais telas têm como função
de transmissão dos esforços. As telas são utilizadas nos locais onde há trocas de
materiais, no caso das fachadas, nas interfaces de alvenaria/estrutura, locais em
balanços e platibandas, utilizando-as em toda edificação, pois, mesmo com a
execução de hidrojateamento e limpeza com escova de aço, sobram resquícios do
antigo revestimento argamassado, prejudicando a aderência do novo revestimento.
Deve ser respeitado o traspasse de pelo menos 25 cm em ambos os lados e pode
ser utilizada a tela hexagonal (tela de galinheiro) de ½ polegada ou tela tipo peneira
de malha quadrada.
24

Figura 32 – Exemplo de aplicação de tela.

Fonte:Desempenho De Revestimento De Argamassas Reforçadas Com Telas: Estudo De Fissuração


E Comportamento Mecânico (2017)

Nos cantos das janelas, também deve ser instalado telas do tipo peneira de
malha quadrada, para evitar trincas diagonais devido aos esforços solicitantes das
quinas das janelas, respeitando o traspasse e instalado em ambos cantos inferiores
da janela. Caso o reboco ultrapasse a espessura de 4 cm, indica-se a aplicação de
tela tipo peneira de malha quadrada no ponto médio do reboco, afim de torna-se o
reboco armado.

Figura 33 e 34 – Exemplo de aplicação de tela em quina de janela e de reforço.

Fonte: Arquivo pessoal e Comunidade da Construção.

Ainda de acordo com a ABNT NBR 6118, a edificação está situada em uma
região de Classe de Agressividade Ambiental de grau III, onde o risco de
deterioração é grande, por se tratar de um ambiente marinho. Devido a essas
condições, o traço de argamassa para o revestimento da edificação deve conter
25

materiais resistentes à região marinha, respingos de maré e menor porosidade,


dificultando novos ataques de cloretos (Cl-).

Devido às condições do ambiente da edificação, recomenda-se do uso de


cimento baixo calor de hidratação, baixo teor de (aluminato trícálcio) e alto teor
de (Ferro Aluminato Tetracálcico). Cimento com essas características, como o
cimento CP-IV e CP-IV-RS (Resistente aos sulfatos) possuem liberação de calor
menor cerca 15 a 30% em relação aos cimentos comuns (CP-I e II) e do tipo III.
Porém, como o revestimento cerâmico/pintura é executado a partir do 14º dia de
execução, não respeitando os 28 dias de cura, opta-se pelo uso do cimento CP-II-Z
ou CP-II-F, facilitando a execução do serviço, dando agilidade à execução afim de
que no 14º dia tenha resistência suficiente (revestimento argamassado possuem
resistência máxima entorno de 4 a 5 MPa em 28 dias). Todo material cimentício
necessita seguir a regra de cura por 28 dias, para atingir a resistência mínima de 0,3
Mpa, e com espessuras de reboco variando de 20 a 30 mm, como preconizam as
normas ABNT NBR 13755:2017 e NBR 13749:1996.

Com o processo de cura do reboco ainda em andamento e para facilitar a


execução do serviço, iniciam-se os cortes no reboco para a confecção das juntas de
movimentação, horizontais e verticais. Tais juntas têm como objetivo, de acordo com
Ribeiro e Barros (2010), em revestimentos aderidos de fachadas, a função principal
das juntas é minimizar a propagação de esforços neles atuantes e que provêm,
usualmente, dos elementos com os quais se conectam (estrutura, vedo,
revestimento). Em seu dimensionamento, considera-se o movimento térmico,
partindo da equação 5, onde:

Relacionando, como a variação linear em mm, sendo a distância entre


juntas, a variação de temperatura da região a ser instalada e sendo o
coeficiente de dilatação térmica linear, variando o seu valor de acordo com o
material adotado em mm/mm/ºC.

As juntas de movimentação horizontais, devem seguir o critério de serem


espaçadas em no máximo de 3 em 3m ou a altura do pé direito do edifício, sendo
seu corte na região do encunhamento (local que separa a alvenaria da peça
estrutural), obedecendo a proporção de 1:2, onde a profundidade (local de
26

instalação do tarugo) deve ser a metade da largura da junta. Para as juntas de


movimentação verticais, devem ser espaçadas em no máximo 6m, sendo situada no
local de interface da alvenaria com a peça estrutural. Após a confecção dos cortes e
instalação do tarugo, todas as juntas devem ser complementadas com selante de
poliuretano para a total vedação.

Figura 35 – Exemplo de junta de movimentação.

Fonte: ABNT NBR 13755:2017.

De acordo com Ribeiro e Barros (2010) as juntas de dessolidarizaçãopermite


dissipar de tensões pela subdivisão de áreas extensas de revestimentos
subdividindo-a em encontros de painéis de revestimentos perpendiculares, sendo
posicionadas nas mudanças de direção do revestimento, em quinas internas ou
externas.

Figura 36 – Exemplo de junta de dessolidarização.

Fonte: Juntas de Movimentação em Revestimentos Cerâmicos de Fachadas (2010).


27

Nos locais de revestimento cerâmico (fachadas laterais e frontal), recomenda-


se o uso de argamassa colante tipo AC-III, devido sua alta resistência a altas
tensões de cisalhamento. Para a aplicação, com o auxílio de desempenadeira
dentada, deve ser realizada a aplicação de argamassa de dupla colagem, onde é
aplicada com o auxílio de desempenadeira dentada a argamassa na peça cerâmica
e no revestimento argamassado, no sentido perpendicular. Após a aplicação, o
executor do serviço deve pressionar as placas de revestimento cerâmico, afim de
“quebrar” os bolsões de argamassa, para uma melhor aderência. O pano de
abertura de argamassa não pode ultrapassar 20 minutos, como preconiza a norma
ABNT NBR 14083:2004. Os tamanhos dos revestimentos cerâmicos, cores e
rejuntes (conforme a indicação do fabricante) seguem o padrão da edificação, com o
uso de pastilhas 2x2 cm da cor branca.

Figura 37 – Exemplo de aplicação da peça cerâmica com dupla colagem.

Fonte: Blog da Doutor Resolve, Reparos e Reformas.

Na fachada posterior, onde receberá pintura, o processo é iniciado com a


aplicação de fundo preparador, constituído de resinas, solventes, água, aditivos e
pigmentos, aplicada inicialmente como primeira demão sobre o substrato, onde tem
função de preparar a base para receber a pintura, uniformizar o local e absorção,
isolar quimicamente a tinta do substrato melhorando a aderência. Contudo, com o
intuito de economia e para atingir rapidamente a pigmentação desejada, pode utilizar
a tinta diluída com água, para ser o fundo preparador.

De acordo com Almeida (2012), as tintas são aplicadas, em geral, como


agentes de proteção dos materiais ou com fins decorativos e podem ser definidas
como uma “composição pigmentada líquida, pastosa ou sólida”. No caso da
28

edificação em estudo, a tinta ganha papel fundamental na estanqueidade contra


agentes agressivos do meio ambiente e à água, sendo indicado o uso de tintas
vinílicas, de acordo com Anghinetti (2012), as resinas vinílicas são obtidas pela
copolimerização em emulsão de acetato de etila com monômeros, como o cloreto de
vinila. Podem ser dissolvidas em solventes orgânicos ou água. Este tipo de tinta
possui grande rendimento, bom acabamento, porém não tem boa resistência a
solventes, mas possui boa resistência á ácidos, água, álcalis e abrasão. Com
alternativa à dificuldade de comercialização da tinta vinílica no país, opta-se pelo uso
de tintas acrílicas, onde também possui boa resistência a intempéries, acabamento,
durabilidade e adesão ao substrado em condições úmidas.

A aplicação do fundo selador e da pintura deve seguir as orientações dos


fabricantes e executada por profissionais, para que o produto tenha total
funcionalidade.

Figura 38 e 39 – Exemplo de aplicação de fundo selador e pintura de fachada.

Fonte:Clube das tintas e 3D End&ClimbSolutions.

6 CONCLUSÃO

Com os resultados obtidos através dos ensaios, foi possível concluir que as
principais causas da queda do revestimento cerâmico e do aparecimento de
corrosão foram:

 Ataque de cloretos, mesmo que o resultado obtido por laboratório não


atingissem os valores mínimos preconizados por normas. Porém, os
resultados podem ser interferidos através de variantes, como: local de
extração, fachada escolhida e localidade de retirada de amostra. Mas, é
29

notório que a edificação tenha sofrido ataques de cloretos (Cl-) e que há


grandes chances do traço usado na argamassa de revestimento tenha
contaminação de cloretos, pois, os resultados obtidos mostram que há
variações dos valores de acordo com a profundidade de extração da
amostra. Sendo assim, a edificação deve passar por reparos para sanar os
problemas citados.

 Falhas de projeto, causando a ausência de juntas de movimentação e


dessolidarização nas fachadas, provocando uma alta movimentação do
revestimento cerâmico e argamassado, tendo como consequência o
desplacamento.

 Falha no cobrimento das estruturas de concreto, sendo inferior aos 40mm


para o grau de Agressividade III, como preconiza a ABNT NBR 6118:2014.

 Espessura do revestimento argamassado superior aos 30mm ditos pela


norma, gerando cargas extras nas fachadas e facilitando o aparecimento de
manifestações patológicas.

Sendo assim, as anomalias prescritas geram desconforto aos moradores e


riscos a edificação, podendo gerar o colapso, caso a corrosão continue atuante e
nenhuma medida for realizada.

Como solução encontrada, foi solicitada a remoção de todo revestimento


cerâmico e argamassado, para os devidos reparos nas peças estruturais.

Desta forma, o presente objeto de estudo, recomenda-se a recuperação total


das peças estruturais onde apresentam problemas relacionados a corrosão,
recuperação revitalização das fachadas

Para maior vida útil da edificação e de todos os seus sistemas, recomenda-se


que as manutenções periódicas estejam sempre atuantes e em dia.
30

ANALYSIS, DIAGNOSIS AND METHODOLOGY OF REPARATION


OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN FACADES: Case Study
In Residential Condominium In The City Of Guarujá-SP

ABSTRACT

The facades need periodic maintenance after their manufacture, but during their
design phase, when it is done, the problems begin to appear. Project errors,
execution and maintenance failures are frequent when the subject is: facades of
buildings. The study was carried out in a residential condominium, where it presented
pathological manifestations related to the displacement of the ceramic and mortar
coating and the corrosion of reinforced concrete reinforcement. This work aims to
identify the pathological manifestations and the prescription of a repair method to
remedy the identified problem. To obtain the result of the analysis, visual inspections
with photographic records, on-site tests and testimony collections were carried out for
laboratory testing and periodic visits. It was concluded that the main cause of the
pathological manifestations presented in the site is related to the problems of design,
execution and contamination of chlorides in the trace of the mortar.

Key words: Pathological Manifestations. Facade. Corrosion. Coating. Chlorides.


31

REFERÊNCIAS

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tetos de argamassas inorgânicas - Determinação da resistência de aderência à
tração, 2010

____________________________ – NBR 13749/2013. Revestimento de paredes e


tetos de argamassa inorgânicas - Especificação, 2013.

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34

ANEXO 1 – Resultado dos testes de aderência do reboco

RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PAREDES DE ARGAMASSAS INORGÂNICAS


NBR 13528/2010 - Revestimento de paredes de argamassas inorgânicas - Determinação da resistência de aderência à tração

Interessado: Ed. Brasil - Guarujá-SP

IDENTIFICAÇÕES GERAIS
Temperatura no dia do Umidade relativa no
24° 81%
ensaio: dia do ensaio:

Data do ensaio: 29/ago Diâmetro das pastilhas: 50mm

Serra copo
Tipo de cola utilizada: Massa Epóxi Equipamento de corte:
diamantada
Equipamento de tração: Proseq DY-216 Operador: Guilherme Gonzaga

INFORMAÇÕES DOS SISTEMA DE REVESTIMENTO


(X) Bloco
( ) Estrutura de
Substrato ( ) Bloco Cerâmico ( ) Bloco de concreto cerâmico
concreto
maciço
Chapisco (X) Não ( ) Sim
(X) Não há
Argamassa ( ) Rodada em obra ( ) Usinada ( ) Industrializada
informação
Tipo de aplicação (X) Manual ( ) Mecânica
Aproximadamente 30
Idade de revestimento anos com reformas
executadas há 8 anos

LOCAL DE ENSAIO
1º PAVIMENTO, FACHADA POSTERIOR (SEM RETIRADA DA CAMADA REGULARIZADORA)
RESULTADOS
FORMAS DE RUPTURA (%)
Resistência de
Substrato/ Chapisco/ Substrato/ Argamassa/Co
CP Ø Médio (mm) aderência à ruptura Substrato Chapisco Argamassa Cola/Pastilha OBSERVAÇÃO
Chapisco argamassa argamassa la
(MPa)
1 50 0 100 CAPA
2 50 0 100 CAPA
3 50 0 100
4 50 0 100 CAPA
5 50 0 100
6 50 0 100
7 50 0 100 CAPA
8 50 0 100 CAPA
9 50 0 100
10 50 0 100
11 50 0 100 CAPA
12 50 0 100 CAPA

Resistência Média (MPa) 0


Desvio Padrão (DP) 0
Mediana (MPa) 0
35

LOCAL DE ENSAIO
1º PAVIMENTO, FACHADA POSTERIOR (COM RETIRADA DA CAMADA REGULARIZADORA)
RESULTADOS
FORMAS DE RUPTURA (%)
Resistência de
Substrato/ Chapisco/ Substrato/ Argamassa/Co
CP Ø Médio (mm) aderência à ruptura Substrato Chapisco Argamassa Cola/Pastilha OBSERVAÇÃO
Chapisco argamassa argamassa la
(MPa)
1 50 0,15 100
2 50 0,21 100
3 50 0,12 100
4 50 0,25 100
5 50 0 100
6 50 0,3 100
7 50 0,2 100
8 50 0,29 100
9 50 0,13 100
10 50 0,43 100
11 50 0,15 100
12 50 0,32 100

Resistência Média (MPa) 0,21


Desvio Padrão (DP) 0,11
Mediana (MPa) 0,21

LOCAL DE ENSAIO
1º PAVIMENTO, FACHADA LATERAL DIREITA - FRENTE AO MAR (SEM RETIRADA DA CAMADA REGULARIZADORA)
RESULTADOS
FORMAS DE RUPTURA (%)
Resistência de Argamassa/
Substrato/ Chapisco/ Substrato/ Cola/Pastilha
CP Ø Médio (mm) aderência à ruptura Substrato Chapisco Argamassa Revestimento OBSERVAÇÃO
Chapisco argamassa argamassa ou argamassa
(MPa) Cerâmico
1 50 0 100
2 50 0 100
3 50 0,26 100 CAPA
4 50 0,19 100
5 50 0,15 100
6 50 0 100
7 50 0 100
8 50 0 100
9 50 0 100
10 50 0 100
11 50 0 100
12 50 0 100

Resistência Média (MPa) 0,05


Desvio Padrão (DP) 0,09
Mediana (MPa) 0,00
36

LOCAL DE ENSAIO
1º PAVIMENTO, FACHADA FRONTAL (SEM RETIRADA DA CAMADA REGULARIZADORA - SUBSTRATO DE CONCRETO)
RESULTADOS
FORMAS DE RUPTURA (%)
Resistência de Argamassa/
Substrato/ Chapisco/ Substrato/ Cola/Pastilha
CP Ø Médio (mm) aderência à ruptura Substrato Chapisco Argamassa Revestimento OBSERVAÇÃO
Chapisco argamassa argamassa ou argamassa
(MPa) Cerâmico
1 50 0,31 100
2 50 0 100 CAPA
3 50 0,25 100
4 50 0 100
5 50 0,23 100
6 50 0,17 100
7 50 0,19 100 CAPA
8 50 0,37 100
9 50 0,14 100
10 50 0 100
11 50 0 100
12 50 0,36 100

Resistência Média (MPa) 0,17


Desvio Padrão (DP) 0,14
Mediana (MPa) 0,18

LOCAL DE ENSAIO
1º PAVIMENTO, FACHADA LATERAL ESQUERDA - FRENTE A AVENIDA MARIO RIBEIRO (COM RETIRADA DA CAMADA REGULARIZADORA E REVESTIMENTO CERÂMICO)
RESULTADOS
FORMAS DE RUPTURA (%)
Resistência de Argamassa/
Substrato/ Chapisco/ Substrato/ Cola/Pastilha
CP Ø Médio (mm) aderência à ruptura Substrato Chapisco Argamassa Revestimento OBSERVAÇÃO
Chapisco argamassa argamassa ou argamassa
(MPa) Cerâmico
1 50 0,34 100
2 50 0,46 100
3 50 0,3 100
4 50 0 100
5 50 0,36 100
6 50 0,63 100
7 50 0,3 100
8 50 0,13 100
9 50 0,23 100
10 50 0,23 100
11 50 0,36 100
12 50 0,49 100

Resistência Média (MPa) 0,32


Desvio Padrão (DP) 0,17
Mediana (MPa) 0,32

Referência Normativa
A NBR 13749/1996, coloca que o revestimento será aceito se de cada 6 (seis) corpos-de-prova, pelo menos 4 (quatro) valores forem iguais ou maiores que 0,30 MPa para revestimentos externos e
internos com acabamento em cerâmica ou laminado ou 0,20 MPa para revestimentos internos com acabamento em pintura.

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