Banheiro Crianca Autismo

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ÍNDICE
Introdução ...................................................... 3

Observações importantes ............................................ 6

Começando .................................................... 11

1º passo ......................................................... 13

Reflexões importantes..................................... 14

2º passo ......................................................... 16

Reflexões importantes..................................... 21

3º passo .........................................................26

4º passo ......................................................... 31

5º passo .........................................................32

Materiais de apoio ......................................... 34

Conclusão ......................................................37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ...................... 40

CONVITE ....................................................... 44

2
Introdução
Introdução

Ensinar uma criança com


desenvolvimento típico a controlar
os esfíncteres* e pedir para ir ao
banheiro já é um grande desafio. E
sabemos que esse desafio aumenta
muito quando é uma criança com
transtorno do desenvolvimento.

Essa dificuldade acontece devido


aos atrasos na linguagem
expressiva e receptiva que
comprometem este aprendizado.

Este Livro Digital tem o objetivo de


apresentar algumas orientações e
de forma bem prática, para
contribuir com este processo do
Treino do uso do Banheiro para
Crianças com Autismo.

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As informações aqui apresentadas são frutos de pesquisas
realizadas através de conteúdos publicados por
profissionais da área.

Então, resolvemos reunir aqui para você com o foco de


acelerar seu acesso ao conteúdo que pode te ajudar no dia
a dia com seu filho com TEA.

As orientações que compõe esse Guia está baseado em


estudos e prática clínica em análise do comportamento
aplicada e terapia ocupacional.

Ressaltamos aqui a importância dessas duas disciplinas. E


acreditamos que elas devem atuar juntas no processo de
desfralde, garantindo a costura analítico-comportamental
e sensorial que embasa toda a intervenção com TEA.

Estes procedimentos consistem em práticas baseadas em


evidência científica, com eficácia comprovada tanto com
crianças neurotípicas quanto crianças diagnosticadas com
TEA.

*A aquisição do controle das fezes e da urina (controle dos

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esfíncteres) relaciona-se não só com a maturação do sistema nervoso
da criança, como também com o desenvolvimento de suas
competências sociais
Aqui também cabe uma importante observação que muitas
crianças autistas ou Transtorno do Espectro Autista – TEA
têm dificuldades em aprender a usar o vaso sanitário. O
que pode funcionar para uma criança pode não funcionar
para outras.

Então, sinta-se de mãos dados para passar por essa


trajetória.

*A aquisição do controle das fezes e da urina (controle dos esfíncteres)


relaciona-se não só com a maturação do sistema nervoso da criança,
como também com o desenvolvimento de suas competências sociais
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Observações importantes

Observações importantes

A primeira coisa que devemos


saber é que precisamos verificar se
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há questões físicas relacionadas ao


controle dos esfíncteres a serem
tratadas com medicamento, bem
como verificar a necessidade de
adição de suplementos de fibras à
dieta da criança para um bom
funcionamento do intestino.

Afinal, ter o intestino preso ou


sentir dor para defecar podem
tornar essa situação aversiva e
interferir no processo de desfralde.

Considerando que crianças com


TEA podem estar usando
medicações controladas, é
importante também avaliar
possíveis efeitos colaterais destas
medicações sobre o
funcionamento do intestino.

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Para coletar informações específicas sobre problemas
relacionados ao controle de esfíncteres e uso do banheiro,
o terapeuta pode pedir para a família preencher o THPQ –
Questionário de Perfil de Hábitos de Higiene – Revisado
(Beaudry-Bellefeuille, Lane, Ramos-Polo e Lane, 2019), que
nos norteia se há questões sensoriais que impliquem no
desfralde.

Outra dica importante consiste em apenas iniciar este


treino em momentos não estressantes da vida da criança
e nos quais a rotina esteja sendo mantida de forma
previsível e estável, sem grandes alterações.

Por exemplo, não é indicado iniciar este treino em um


período em que a criança estará viajando, ou a família
recebendo visitas ou, ainda, durante uma mudança de casa
ou de fundamental para este aprendizado.

Em nossas pesquisas encontramos o Programa TEACCH


– Treatment and Education of Autistic and related
Communication handicapped Children.

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Um dos elementos desse Programa é o ensino estruturado
“Structure Teaching” que são as ferramentas usadas pelo
programa para dar o suporte necessário para que a criança
com autismo ou Transtorno do Espectro Autista – TEA
aprenda novas habilidades explorando seu lado forte de
aprendizagem visual, motricidade e rotina, com isso
ganhando mais independência.

Vamos apresentar algumas das premissas desse


programa:

➔ Primeiro sempre se deve levar em consideração a


perspectiva da criança, de que maneira as
características do autismo contribuem para a
dificuldade de aprender a usar o vaso sanitário.

➔ A dificuldade de compreender e manter uma relação


social interfere neste processo. A criança normotípica,
de dois a três anos, quer agradar e fica orgulhosa de
estarem crescendo e começando a usar cuequinhas,
calcinhas. A criança autista ou com Transtorno do
Espectro Autístico – TEA não tem esta motivação.

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➔ A criança autista ou com Transtorno do Espectro
Autístico – TEA tem dificuldade em organizar
informações e manter uma sequência.

Por isso seguir a rotina necessária para o processo de usar


o vaso sanitário e manter o foco que é necessário neste
processo torna-se um desafio.

➔ A dificuldade em compreender a linguagem e imitar


modelos.

➔ Eles podem não compreender o que se espera deles.

➔ A dificuldade em aceitar a mudança na rotina.

➔ A criança já tem o costume de usar fraldas e está


familiarizado com esta rotina, pode não compreender
a necessidade desta mudança.

➔ Dificuldade em organizar informações sensoriais.

➔ Estabelecer a relação entre a sensação que o corpo


transmite pedindo para ir ao banheiro e as atividades
do dia a dia.

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➔ Com isso não reconhecem os sinais que o corpo
oferece.

➔ Para muitos, o banheiro pode ser insuportável, o


barulho da descarga, ecos, barulho da água correndo e
o vaso sanitário que para eles e uma cadeira com um
furo no meio com água dentro.

➔ No processo de remover a roupa, a temperatura pode


afetá-los e a sensação do pano da roupa pelo corpo
pode fazer com que a criança não se sinta bem.

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Começando

Começando

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No processo de ensinar a usar o
vaso sanitário deve-se definir um
objetivo realista compreendendo que
será um processo lento.

Observe a criança para escolher a


melhor maneira de começar.

De início estabeleça uma rotina


incluindo o horário de ir ao vaso
sanitário e colete informações sobre
a performance da criança.

Leve-a ao banheiro a cada meia hora


para tentar usar o vaso sanitário.

Depois de duas semanas compare


os dados das informações
coletadas.

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• A criança se mantém seca por um bom período?

• Pode-se notar alguma regularidade quando ela esta


molhada ou com fezes?

• Ela faz uma pausa nas atividades quando está


molhada ou com fezes?

Para as crianças que todas as respostas foram “Não”,


isso significa que elas ainda não estão preparadas para
realizar esta meta. Mas recomenda-se que inclua em sua
rotina algumas idas ao vaso sanitário para se familiarizar.

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1º passo
1º passo

O primeiro passo do treino consiste


na linha de base, que tem como
objetivo definir a frequência
estimada com que a criança
precisa ir ao banheiro durante o dia.

Para isso, os adultos deverão


monitorar se a criança fez xixi ou
cocô na fralda, verificando-a a cada
30 minutos, em média, e
registrando essa frequência.

Nesta fase, recomendamos usar


fraldas mais baratas e, sempre que
tiver xixi ou cocô, já trocar a fralda
para a criança ir discriminando a
sensação de estar molhada.

A troca de fralda deve ser feita com


a ajuda da criança, ou seja, ela
mesma deve tirar a fralda e jogar
no lixo com a ajuda necessária do
adulto.

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Estas trocas de fraldas devem acontecer sempre no

Reflexões importantes
banheiro, é preciso ensinar a criança que tudo que for
relacionado a xixi e cocô é feito no banheiro.

O adulto pode, ainda, ajudar a criança a jogar o cocô feito


na fralda no vaso, dar “tchau” para o cocô e dar descarga.
Assim, ela vai aprendendo que lá é o local por onde o cocô
“vai embora”.

A partir desta linha de base, será definido o tempo


necessário para que a criança seja levada até o banheiro
nos passos seguintes do treino.

A linha de base deverá ser realizada por um período de 1 a


2 semanas (considerando uma rotina estável da criança
durante esse período).

REFLEXÕES IMPORTANTES

Outras informações importantes que se deve coletar:

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• A criança está compreendendo esta rotina? Como é
sua habilidade para vestir-se?

• A criança demonstra medo ou interesse relacionado


ao processo de ir ao banheiro (reação à descarga,
água, papel higiênico e outros)?

• Qual o seu nível de atenção neste processo?


• Como entra ao banheiro (não entra/entra rápido)?
• Ao tirar a roupa (aceita ajuda, como tirar até o joelho,
coxa)?

• Senta-se no vaso sanitário? Pega o papel higiênico?


• Usa o papel higiênico?
• Levanta a tampa do vaso sanitário? Veste sua roupa?
• Dá descarga?
• No final deste processo terá informações suficientes
para estabelecer um objetivo apropriado para
introduzir o treinamento de usar o vaso sanitário.

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2º passo
2º passo

O segundo passo pode ser chamado

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de treino de habituação, e tem como
objetivo habituar a criança ao
ambiente do banheiro e ao
comportamento de fazer xixi/cocô
no vaso sanitário.

Para isso, é preciso garantir


estímulos olfativos, visuais e táteis
para tornar o banheiro um ambiente
“amigável sensorialmente”. Ou seja,
o banheiro deve ter sempre um
cheiro bom, além de imagens e
objetos do interesse da criança.

Assim, estaremos manipulando


variáveis antecedentes visando
evocar comportamentos positivos
em relação ao uso do banheiro e
prevenindo comportamentos de
fuga deste ambiente.

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Nesta etapa sugerimos apresentar à criança, entre duas e
três vezes ao dia, o vídeo-modeling (Charlop e Milstein,
1989; Haring et. al., 1987; Law, Maurren and Dutt; 2017;
Vismara et. al., 2013; Wainer and Ingersoll, 2014), ou
seja, vídeos de crianças fazendo xixi/cocô no vaso, que
podem ser obtidos no youtube ou gravados com irmãos,
amigos ou primos.

Pode-se, ainda, apresentar social story (Gray, 1990; Gray e


Garand, 1993; Thiemann e Goldstein, 2001), que consiste
em um livrinho curto com uma imagem e uma frase curta
por página sobre o procedimento de usar o banheiro.

Outro objetivo desta segunda etapa consiste em


estabelecer valor reforçador para a resposta de ir ao
banheiro.

Para isso, inicialmente serão reforçadas as repostas de


aproximação do banheiro (olhar para o banheiro, ficar perto
da porta, etc.).

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Gradualmente será exigido que a criança se sente no vaso
durante 2 minutos, duas vezes por período do dia,
principalmente depois das principais refeições.

Para manter a criança no banheiro devem ser usados


objetos de seu interesse.

A criança precisa gostar de fazer xixi e cocô no vaso.

Para isso ela deve ficar no vaso vendo um livro que gosta,
assistindo um vídeo, jogando no tablet ou brincando com
algo de seu interesse.

Além disso, é importante que o vaso sanitário seja


confortável e seguro para a criança.

Para isso, pode ser usado um redutor de assento e


colocada uma plataforma sob seus pés.

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Com esses dois acessórios aumentamos a segurança da
criança.

Se a criança resistir muito a sentar no vaso podemos forrar


o redutor de assento com a fralda.

Pode-se, ainda, começar estimulando que ela se sente no


vaso com fralda e, gradualmente, ir tirando a fralda,
deixando-a cada vez mais folgada até ela estar apenas
forrando o assento do vaso (fading out).

O passo 2 deverá ser realizado até a criança conseguir se


habituar com o ambiente do banheiro e com os acessórios
programados para o treino.

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Ao começar o processo de ensinar o uso do banheiro
queremos que a criança compreenda que este
comportamento (fazer xixi, cocô) deve ser feito no vaso
sanitário.

Com isso inclua o processo de tirar fralda, limpar, colocar a


roupa sempre no banheiro (não tire a roupa da criança e
nem troque suas fraldas no quarto) para estabelecer a
compreensão para que, para isso, usa-se o banheiro.

Crie um ambiente seguro para ela sem muita estimulação.


A criança ficará mais calma e responderá melhor.

Pense também nas necessidades físicas (para as crianças


que têm dificuldades de locomoção): se necessitam
de uma barra de ferro que as ajudem a apoiar seu peso
para usar o vaso sanitário.

O barulho da descarga, eco do banheiro pode incomodar


alguns. Muitas crianças respondem bem a músicas suaves
e outros sons que tirem ou diminuam os ruídos naturais
do sanitário.

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Reflexões importantes
Reflexões importantes

Estabelecer suporte
visual

Depois de estabelecer um
objetivo apropriado para
introduzir o vaso sanitário é
importante implementar o
suporte visual que demonstre as
sequências de cada ação deste
processo.

Deve usar um objeto ou foto


(PECS) que represente a
transição de ir ao banheiro e
iniciar uma rotina.

Depois de estabelecer esta rotina


é importante que suporte estas
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ações visualmente com objetos,


fotos (PECS), escrever as
sequências cada passo (se a
criança lê).

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Descrever as sequências das ações é importante para que
a criança reconheça e faça a conexão dos passos que ele
deve fazer. Inclua na sequência o que ela vai fazer depois
de ir ao banheiro (como brincar, assistir TV).

Problemas específicos:

Resolva os problemas durante o percurso sempre levando


em consideração a perspectiva da criança e como se pode
ajudar a solucioná-los usando estrutura visual.

Aqui vão algumas ideias de problemas que pais encontram


ao começar este treinamento:

• Resistência a sentar no vaso sanitário.


• Deixe sentar no vaso sanitário sem remover a roupa.
Deixe sentar no vaso sanitário com a tampa fechada.

• Use pinico (se o vaso sanitário for muito alto).

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Sugestões de ações para resolver
problemas

Demonstre como sentar no vaso sanitário:

• Use um boneco para demonstrar, você senta em


seguida e depois, a criança senta.

• Sente junto.
• Ofereça ajuda física se necessário.
• Ajude a compreender por quanto tempo deve
permanecer sentado (deixe-a ouvir uma música e,
quando ela acabar, poderá sair. Use um relógio
despertador por um minuto).

• Quando ela começar a sentar-se ofereça


entretenimento – como livro ou outra coisa.

Medo da descarga:

• Não use a descarga até ter algo para ser removido.


• Use a descarga quando a criança estiver longe do
vaso sanitário (como na porta).

• Marque o lugar que a criança deve estar para você


usar a descarga e, gradualmente coloque este lugar
cada vez mais perto do vaso sanitário.

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• Avise que vai usar a descarga. Exemplo: “está
pronto? 1, 2, 3 e já!” (aperte a descarga).

• Deixe a criança usar a descarga.

Só quer usar a descarga:


• Cobrir a descarga para a criança não ver. Dê algo para
segurar.
• Use sequências visuais para mostrar quando se usa a
descarga.

Brincar com água:

• Ofereça um brinquedo que tenha água para distrair


Use um papelão ou uma toalha para cobrir as pernas
da criança enquanto usa o vaso sanitário.

• Cubra o vaso sanitário até usar.


• Coloque uma pistavisual aonde a criança deve
sentar-se..

Brincar com o papel higiênico:

• Tire do lugar se estiver causando muitos problemas


(substitua por lenços de papel).

• Já deixe a mão a quantidade certa que deve usar.

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• Apresente pistas visuais para quando deve tirar o
papel higiênico (use clipes para mostrar até a onde
deve tirar ou marque com caneta).

Não quer se limpar:

• Tente materiais diferentes (lenço de papel, lenços


umedecidos, toalhinha, esponja).Considere a
temperatura do material.

• Demonstre este processo usando uma boneca.

Não quer fazer xixi em pé (para os meninos):


• Ofereça um alvo para a criança atingir na água (cereal
redondo, por exemplo).

• Aumente o tamanho do alvo se necessário (use


alguns cereais formando um círculo).

• Use corante para mudar a cor da água e obter a


atenção da criança.

Quer manter a fralda:


• Corte o fundo da fralda aos poucos, e ofereça outra
fralda quando sentar no vaso sanitário.

• Use boneca para demonstrar o procedimento.


Aumente a quantidade de fluidos (água, suco) e fibra
na dieta.

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3º passo
3º passo

O terceiro passo consiste no


treino de banheiro propriamente
dito, ou seja, é quando vamos
ensinar a criança a controlar os
esfíncteres.

Nessa fase será retirada a fralda


durante o dia apenas.

A criança deve passar a maior


parte do tempo com roupas de
baixo (Perez, Bacotti, Peters e
Vollmer, 2020).

É importante usar
calcinhas/cuecas que permitem
que a criança entre em contato
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com a umidade.

A fralda da noite será mantida,


mas deverá ser colocada
quando a criança já estiver
dormindo e retirada antes que
ela acorde.

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Desse modo, a criança não percebe que dorme de fralda e
diminuímos a probabilidade de ela “segurar” suas
necessidades até a noite.

Além disso é importante reduzir a quantidade de líquidos


ingeridos a partir de 1h/1h30 antes de dormir.

A criança deve ser levada ao banheiro para fazer xixi na


frequência definida na linha de base.

Quanto a fazer cocô, a frequência é menor, então deve- se


atentar para a hora do dia em que a criança costuma fazer
e sempre, nesse mesmo horário, alguém a levar ao
banheiro.

Se, mesmo a partir da linha de base, não houver um horário


fixo para o cocô, devem ser monitorados os
comportamentos observáveis relativos ao cocô como:
soltar gases, pôr a mão na barriga, ficar vermelho na face,
ficar quietinho em um canto fazendo força, ficar de
cócoras, etc.

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Quando o adulto observar estes comportamentos deve
levar a criança ao banheiro imediatamente. Se a criança
não demonstrar estes comportamentos observáveis, os
adultos devem levá-la ao banheiro sempre após as
principais refeições.

Se a criança sempre procura um mesmo local da casa para


fazer cocô, deve-se levar algum estímulo deste ambiente
para o banheiro, por exemplo: menos luz, um cantinho
escondido, um local mais macio, etc.

Nesta etapa também vamos começar a ensinar a


criança a pedir para ir ao banheiro. Ou seja, a cada vez que
a criança for levada ao banheiro, o adulto apresentará a
pista visual do banheiro junto com a dica verbal (ex.:
“Banheiro”; “Xixi”; “Cocô”).

Em seguida, o adulto deve dar a ajuda motora necessária


para a criança pegar a pista visual, e, também, a ajuda
necessária para a criança verbalizar “Banheiro”.

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Mesmo que a criança não fale nada ela deve ser levada ao
banheiro.

Quando a criança fizer xixi ou cocô no vaso, o adulto deve


mostrar a ela o que está dentro do vaso e reforçar o
comportamento (reforço diferencial), ou seja, elogiar muito
e dar a ela algo que ela adore (Perez, Bacotti, Peters e
Vollmer, 2020).

Pode até isolar um reforçador, ou seja, separar um


brinquedo, vídeo ou alimento que ela goste para ela ganhar
só quando fizer xixi ou coco no vaso.

Quando a criança fizer xixi ou cocô na calça, o adulto deve


evitar dar atenção para esse comportamento, afinal a
atenção social pode reforçar e, assim, aumentar a
probabilidade de ocorrência desta resposta.

Se for apenas xixi, a criança deve ficar molhada por 2 a 3


minutos, de modo a expô-la a esta sensação, que pode se
assemelhar a algo incômodo, aumentando a probabilidade
de ela pedir para ir ao banheiro nas próximas
oportunidades.

Depois alguém deve trocar sua roupa no banheiro, sem


falar sobre o fato de ter feito na roupa, novamente para
evitar reforçar este comportamento com atenção.

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O cocô feito na calça deve ser jogado no vaso junto com
a criança e, depois, pedir a ela que diga “tchau” para o
cocô e dê descarga.

Assim, ela vai entendendo que este é o local do cocô, que é


por ali que ele vai embora.

É importante que sempre haja alguém responsável por esse


procedimento o dia todo, executando estas orientações e
registrando os dados.

Por isso, a capacitação de pais e cuidadores é


fundamental não só para este, mas para atingirmos
todos os objetivos colocados na intervenção ABA com
TEA (Bearss et. al., 2015; Reagon e Higbee, 2009; Wacker
et. al., 2013).

Assim, os registros deverão ser feitos por todos os


membros da equipe e familiares que ficam com a criança,
e levados para qualquer lugar que ela estiver.

Por isso, sugerimos fazer uma apostila com estes registros


e levar para todos os contextos da rotina da criança
(registro bastão).

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4º passo 4º passo

O quarto passo do treino consiste em


ensinar a criança a pedir para ir ao
banheiro espontaneamente.

Para isso, a cada vez que a criança


for levada ao banheiro, o adulto
deverá apresentar a pista visual do
banheiro, mas não disponibilizar a
dica verbal (ex.: “Banheiro”).

Nas horas em que a criança costuma


fazer xixi e/ou cocô, o adulto deverá
dar dicas sutis para a criança ir ao
banheiro e apresentar para ela a pista
visual com a imagem do banheiro,
dando a ajuda motora necessária
para a criança pegar a pista e
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verbalizar a palavra.

À medida que a criança ficar sob


controle da sua vontade de fazer xixi
e/ou cocô, o aplicador gradualmente
deixa de dar a instrução/dica verbal
para ela ir ao banheiro.

31
5º passo
5º passo

Finalmente, no passo 5 fazemos o


treino da autonomia na execução
de cada etapa do uso do banheiro:

• Tirar e vestir a roupa, se


limpar,

• Dar descarga,
• Lavar e enxugar as mãos.

Para isso, utilizamos o


procedimento de Task Analysis
(Análise de Tarefas), ou seja,
treinamos cada resposta que
compõe a cadeia comportamental
separadamente.

32
O procedimento de ensino mais indicado é o
encadeamento de trás para frente, que consiste em
começar treinando a última resposta da cadeia
comportamental, enquanto as respostas anteriores são
feitas com ajuda física total.

Quando esta última resposta estiver ocorrendo de forma


independente, passamos a treinar a penúltima resposta da
cadeia comportamental, e assim por diante.

Nesta etapa é importante utilizar roupas que a criança


possa manipular facilmente. Cinturas de elástico
funcionam bem.

Para aumentar a autonomia da criança, vamos estimular


que ela faça as tarefas sozinha.

Para isso utilizamos ajudas motoras e pistas visuais, ao


invés das dicas verbais (dizer o que ela deve fazer).

Esta ajuda física e visual é melhor, pois pode ser retirada


gradualmente, enquanto, com a dica verbal, a criança ficaria
sempre dependente de um cuidador por perto dizendo o
que ela deve fazer no momento.

33
Materiais de apoio
Materiais de apoio

As imagens podem ser fotos da própria criança executando


cada etapa da tarefa ou imagens da internet ou como as
produzidas pelo Renato Carlos, membro da equipe da
Gradual.

34
As fotos de cada etapa devem ser plastificadas e fixadas
com velcro em uma parede do banheiro.

Antes de a criança realizar cada etapa da tarefa, o adulto


deve mostrar a ela a foto da etapa e, se precisar, dar ajudas
motoras para ela executar cada ação.

As dicas motoras devem se basear no procedimento de


prompt flexível (Cengher & Fieup, 2016; Leaf et. al.,
2016), isto é, o aplicador deve usar, em cada atividade, a
hierarquia de dicas mais adequada tendo em vista o perfil
da criança e o objetivo do treino.

Por exemplo: se o treino envolve uma habilidade


completamente nova para a criança, o ensino deve evitar o
erro e, para isso, a hierarquia de dicas deve ser most to
least, ou seja, começando da ajuda ou dica mais intrusiva
e reduzindo a ajuda ou dica gradualmente, até a criança
responder de forma independente.

Mas se o treino envolve uma habilidade que a criança já


tem, mas precisa ser fortalecida, mantida e generalizada, a
hierarquia de dicas deve ser least to most, ou seja, da
menos intrusiva para a mais intrusiva, tentando dar a menor
ajuda possível e, aumentando a dica caso a criança não
consiga responder.

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Sempre que a criança fizer algo adequado devemos elogiá-
la muito (reforço social) e consequenciar seu
comportamento com algo que ela goste ou se interesse
(reforços arbitrários).

Esta consequenciação positiva aumenta a chance de o


comportamento correto se repetir no futuro.

Por exemplo, o cuidador pode usar um brinquedo que ela


goste para reforçar o comportamento de lavar as mãos,
isto é, ele pede que a criança molhe as mãos com uso da
pista visual na sequência, se ela responder com ou sem
ajuda o cuidador disponibiliza o brinquedo por alguns
segundos.

Em seguida, o cuidador retira o brinquedo e dá mais uma


instrução com pista visual.

Com isso a hora de usar o banheiro torna-se prazerosa e a


criança vai adquirindo autonomia.

36
Conclusão
Conclusão

É importante estabelecer uma


maneira da criança se comunicar
e conseguir independência.

É necessário que ela consiga


comunicar suas necessidades de
ir ao banheiro. Por exemplo, se a
criança quando quer ir ao
banheiro anda de um lado para o
outro indicando para as pessoas
que a conhecem que necessita ir
ao vaso sanitário, use esta
oportunidade para ensiná-la a
usar a comunicação sistemática
como objetos, fotos (PECS),
linguagens de sinais, palavras.

Mas ... caso as coisas pareçam


indo para trás não desanime.

37
Às vezes, o progresso do treinamento do uso do banheiro
pelo autista pode parar ou as coisas podem parecer
retroceder.

Se isso acontecer, tente manter um registro das vezes que


seu filho mexe ou faz cocô nas calças por cerca de uma
semana.

Se um padrão se desenvolver, planeje esses horários


levando seu filho ao banheiro um pouco antes de ele fazer
xixi ou cocô nas calças normalmente.

Às vezes, esses problemas podem estar relacionados a


coisas como estresse, doença, constipação ou diarreia.

Para crianças autistas, o treinamento do banheiro pode


precisar de algumas estratégias especiais. Mas as crianças
autistas mostram os mesmos sinais de estarem prontas.

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Por exemplo, seu filho pode: mostrar interesse no banheiro
quero ver você ir ao banheiro dizer que eles fizeram xixi ou
cocô na fralda.

Se o treinamento para usar o banheiro se tornar uma


batalha sem sinais de progresso, faça uma pausa por
enquanto.

Considere começar o treinamento novamente em cerca de


três meses.

Não sinta que falhou - pode ser que seu filho não esteja
pronto.

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:

Programa TEACCH – Treatment and Education of Autistic


and related Communication handicapped Children
www.teacch.com/trainings/

Bearss, K. et al. (2015). Effect of parent training vs parent


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Cengher M, Shamoun K, Moss P, Roll D, Feliciano G, Fienup


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script fading to promote play-based verbal initiations in
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cues, and video feedback: effects on social
communication of children with autism. Journal of Applied
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Vismara LA, McCormick C, Young GS, Nadhan A, Monlux


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training in autism. J Autism Dev Disord. 2013
Dec;43(12):2953-69. doi: 10.1007/s10803-013-1841-8.
PMID: 23677382.

42
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Imitation Intervention Via a Telehealth Parent Training
Program. J Autism Dev Disord. 2015 Dec;45(12):3877-90.
doi: 10.1007/s10803-014-2186-7. PMID: 25035089.

Aplicativo para criar histórias sociais para crianças com


Autismo

http://www.reab.me/aplicativo-para-criar-historias-
sociais-para-criancas-com-autismo/

43
CONVITE

Como vimos que você se interessou pelo assunto sobre


Treino para uso de Banheiro e ele faz parte de um conjunto
de habilidades que podem ser desenvolvidas, então te
convidamos a ir além ...

O que você acha de ir além e aprender na prática "Sobre a


Terapia ABA. no Autismo para Pais e Aplicadores" . com é
especialista no assunto?

A Análise do Comportamento Aplicada (Terapia ABA)


apresenta robustas evidências científicas para o ensino de
habilidades, redução/prevenção de comportamentos
disruptivos e desenvolvimento de diferentes áreas
(cognitiva, emocional, social, linguagem, autonomia...) em
pessoas com Transtornos do Desenvolvimento e
Transtornos do Espectro do Autismo, sendo a terapia com
maiores evidências científicas para este público.

44
Os profissionais que atuam com essa população precisam
desenvolver conhecimentos específicos nas áreas do
comportamento humano para avaliar as características de
cada pessoa e aplicar corretamente as técnicas e
estratégias embasadas na ABA

O curso de Terapia ABA


2021 foi totalmente
reformulado e
enriquecido com o que a
lireratura traz de mais
atual na área. Além de
todo conteúdo, os alunos
receberão também o
curso bônus de Terapia
ABA na prática, com
diversas simulações de
ensinos que irão facilitar
seu aprendizado.

Quero conhecer o curso

45

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