É Preciso Empurrar o Filho para Fora Do Ninho
É Preciso Empurrar o Filho para Fora Do Ninho
É Preciso Empurrar o Filho para Fora Do Ninho
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho
abandonado no alto da palmeira… Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de
novo dormir no meu colo…
Existem muitos jeitos de voar. Até mesmo o voo dos filhos ocorre por etapas. O
desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de
casa, a primeira viagem…
Mas chega um momento em que a realidade bate à porta e escancara novas verdades
difíceis de encarar. É o grito da independência, a força da vida em movimento, o poder
do tempo que tudo transforma.
É quando nos damos conta de que nossos filhos cresceram e apesar de insistirmos em
ocupar o lugar de destaque, eles sentem urgência de conquistar o mundo longe de nós. É
chegado então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a abraçar à distância,
comemorar vitórias das quais não participamos diretamente, apoiar decisões que
caminham para longe. Isso é amor.
Muitas vezes confundimos amor com apego. Ansiamos por congelar o tempo que
tudo transforma.
Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce e
amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase.
Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nosso
descanso e nossa fé, porque ele é eterno.
Aprendo que existe uma criança em mim que ao ver meus filhos crescidos, se assusta por
não saber o que fazer. Mas é muito melhor ser livre do que imprescindível. Aprendo que é
preciso ter coragem para voar e deixar voar. E não há estrada mais bela do que essa.”