Resumo Os Lusiadas
Resumo Os Lusiadas
Resumo Os Lusiadas
Resumo Os Lusiadas
Planos narrativos
A narração d’Os Lusíadas ocupa a quase totalidade da epopeia, mas ainda assim o poeta conseguiu garantir a
unidade da ação. Para isso contribuiu a perfeita articulação entre os vários planos narrativos: plano da Viagem,
plano da História de Portugal, plano dos Deuses/Mitológico e plano das Considerações do Poeta.
Plano da Viagem - onde se trata da viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia de Vasco da Gama
e dos seus marinheiros;
Plano da História de Portugal - são relatados episódios da história dos portugueses;
Plano da Mitologia - são descritas as influências e as intervenções dos deuses da mitologia greco-romana na
ação dos heróis;
Plano das considerações do Poeta - Camões refere-se a si mesmo enquanto poeta admirador do povo e dos
heróis portugueses.
Episódios
Ao longo d’Os Lusíadas, encontramos diversos episódios inseridos nos vários planos referidos anteriormente,
que contribuem para uma ação variada e dinâmica.
episódios mitológicos: Consílio dos Deuses;
episódios líricos: Inês de Castro, Despedidas em Belém;
episódios simbólicos: Adamastor, Ilha dos Amores;
episódios naturalistas: Tempestade.
Resumos dos episódios d’Os Lusíadas
1. PROPOSIÇÃO
A finalidade da proposição, na epopeia, é a enunciação do assunto que o poeta se propõe tratar. N' Os Lusíadas,
Camões pretende cantar os feitos gloriosos do povo português (" o peito ilustre lusitano "). Estrutura a sua
proposição em duas partes: nas duas estâncias iniciais, enuncia os heróis que vai cantar; na segunda parte,
constituída pela terceira estrofe, estabelece um confronto entre os portugueses e os grandes heróis da
Antiguidade, afirmando a superioridade dos primeiros sobre os segundos. O herói desta epopeia é coletivo e o
próprio título é inequívoco: Os Lusíadas" são os portugueses - todos, não apenas os passados, mas até os
presentes e futuros, na medida em que assumam as virtudes que caracterizam, no entendimento do poeta, o
povo português.
O poeta pretende cantar e tornar imortais:
Os homens ilustres que fundaram o império português do Oriente
Os reis, de D. João I a D. Manuel que expandiram a fé cristã e o império português
Todos os portugueses dignos de admiração pelos seus feitos.
2. INVOCAÇÃO
Invocar significa "chamar em seu socorro ou auxílio, particularmente o poder divino ou sobrenatural". Na
proposição, o poeta apresentou o assunto que vai tratar e, dado o carácter excecional, a grandiosidade desse
assunto, sente necessidade de pedir às entidades protetoras auxílio para a execução de tarefa tão grandiosa. A
Invocação, para Camões, é mais um processo de engrandecimento do seu herói. De facto, é a grandiosidade do
assunto que se propôs tratar que exige um estilo e uma eloquência superiores.
O nosso poeta não se limitou a invocar as ninfas ou musas conhecidas dos antigos gregos e romanos. Embora as
"Tágides" não sejam criação sua, adotou-as como forma de sublinhar o carácter nacional do seu poema.
Independentemente do interesse universal que possam ter, todos os feitos cantados, todos os agentes, são
portugueses. Isso tinha já ficado claro na Proposição, mas reforça-se essa ideia na Invocação. E, pela fórmula
utilizada ("Tágides minhas"), identifica-se pessoalmente com esse nacionalismo, estabelecendo, através do
possessivo, uma espécie de relação afetiva com as ninfas do Tejo.
4. INÊS DE CASTRO
A história e o mito que envolvem os amores de D. Inês de Castro e D. Pedro têm servido como tema para várias
obras literárias. Desde autores nacionais a estrangeiros; autores de séculos distantes a autores nossos
contemporâneos, a verdade é que a morte de Inês de Castro tem servido de inspiração literária e, por tal, esta
história de amor portuguesa superou a temporalidade.
Os factos narrados neste episódio aconteceram durante o
reinado de D. Afonso IV, após o triunfo contra os Mouros na
Batalha do Salado (1340). A estância 119 consiste numa
reflexão do narrador que responsabiliza o Amor pela morte de
Inês de Castro. D. Inês encontrava-se em Coimbra. É-nos
descrito o seu estado de espírito: serena, apaixonada,
despreocupada, saudosa do seu amado. A natureza reflete este
estado de alma _ "saudosos campos do Mondego". Na estância 122, o poeta dá-nos conta dos fatores que
conduziram à morte de D. Inês:
As loucuras cometidas devido à intensa paixão que unia D. Inês e D. Pedro;
O murmurar do povo;
O capricho de D. Pedro que se recusava a casar com outra dama.
O repúdio do narrador pelos agentes da condenação de Inês contrasta com a simpatia que ele nutre pela
personagem, como podemos constatar através da adjetivação: Agentes da condenação Inês de Castro
"horríficos algozes"
"com falsas e ferozes Razões"
"duros ministros"
"avô cruel"
"fraca dama delicada"
"tristes e piedosas vozes"
"olhos piedosos"
meninos "tão queridos e mimosos"
A intervenção de Inês de Castro, pejada de dramatismo, é preparada quer pela piedade que a figura suscita,
indefesa perante os "algozes", quer pela forma como, banhada em lágrimas, olha os filhos inocentes diante do
"avô cruel". O dramatismo aumenta de tom:
•Pelos exemplos de proteção às crianças dados pelos animais mais selvagens;
•Pelo pedido de clemência de Inês para os filhos. Já que o rei mostrara coragem ao tirar a vida aos Mouros,
deveria agora demonstrar a mesma coragem dando-lhe a vida;
•Pelo pedido de desterro em nome da sua inocência;
•Pela insinuação de que achará mais piedade entre os animais selvagens do que entre os homens;
•Pelo refúgio comovente na lembrança do amado e no consolo dos filhos. O rei ainda duvida que a sua decisão
seja a mais correta, mas o povo e os conselheiros exigem a morte de D. Inês. O narrador não se coíbe de
condenar a morte de Inês:
•Na forma como adjetiva os apoiantes da sua morte: "peitos carniceiros", "brutos matadores", "fervidos e
irosos";
•Na comparação do seu caso com outros atos cruéis e aberrantes;
•Na ironia que subjaz à questão: "Contra hua dama, ó peitos carniceiros, /Feros vos mostrais e cavaleiros?".
Inês de Castro é barbaramente executada, num ato cobarde, comparado pelo poeta a outros assassínios terríveis
que povoaram as tragédias gregas.
Em jeito de conclusão, Camões mostra a própria Natureza entristecida diante do crime, chorando a "morte
escura" da donzela, perpetuando a fatalidade numa fonte pura de onde correm lágrimas em vez de água, que
recordará para sempre tais Amores.
5. ADAMASTOR
Cinco dias após a paragem na Baía de Santa Helena, a armada chega ao Cabo das
Tormentas e é surpreendida pelo aparecimento de uma figura mitológica criada por
Camões, o Adamastor. Várias manifestações indiciam o aparecimento do gigante:
•Subitamente, nos ares surge uma nuvem, "temerosa" e "carregada" que o céu
escurece;
•O mar brame ao longe "como se desse em vão nalgum rochedo".
Estes indícios de perigo iminente, que tolhem de medo os marinheiros ("arrepiam as carnes e o cabelo"), levam
Vasco da Gama a invocar o nome de Deus. O herói surge, assim, humanizado diante do perigo e do
desconhecido.
O gigante Adamastor é descomunal ("figura robusta e válida", "disforme e grandíssima estatura", "tão grande
era de membros", "Colosso") e assustadora ("rosto carregado", "barba esquálida", "olhos encovados", "postura
medonha e má", "cor terrena e pálida", os cabelos "crespos" e "cheios de terra", "boca negra", "dentes
amarelos").
As primeiras palavras de Adamastor acabam por ser um elogio aos Portugueses:
•Pela ousadia que os coloca acima de outros povos;
•Pela sua persistência;
•Pela proeza de terem cruzado mares desconhecidos ("Nunca arados de estranho ou próprio lenho").
nunca lhe poder tocar. Geograficamente, o Adamastor é o Cabo das Tormentas ("Eu sou aquele oculto e grande
Cabo / A quem chamais vós outros Tormentório"); na mitologia, é o temível gigante vencido pelo amor a Tétis;
simbolicamente, representa os obstáculos, as dificuldades a vencer, os perigos do mar, as forças do mal, o
desconhecido. A vitória de Vasco da Gama representa a passagem do desconhecido ao conhecido, a superação
do medo, a derrota das forças do mal.
6. TEMPESTADE
A narrativa prossegue com o relato da viagem pela voz do narrador de Os Lusíadas, como se pode verificar pelo
uso da terceira pessoa.
Rebentada a tempestade, uma personagem ganha protagonismo, o Mestre.
Determinado, orienta a tripulação gritando e repetindo as suas ordens,
acima do barulho da tempestade.
O poeta descreve a força dos elementos:
•A força dos ventos;
•O movimento assustador das ondas;
•O relampejar na noite negra.