Resumo
Resumo
Resumo
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise comparada da política
habitacional surgida no Brasil e Uruguai durante os governos do Partido dos
Trabalhadores (PT) e da Frente Ampla (FA), no período de 2005-2015. Propomos
discutir como essa política pública reflete a partir das ações do governo, um
projeto de Estado, que busca articular a produção de uma justiça social conjugado
ao desenvolvimento econômico, assim como, realiza a defesa da soberania
nacional por meio de uma modernização conservadora. Uma das nossas hipóteses
seria que a implementação de tal política seria uma expressão do pensamento
conservador, mas também, do processo de modernização que acompanha a
formação do continente latino-americano, revelando assim, as estratégias e os
limites do Estado, na produção de políticas pública para população de baixa
renda. Ou seja, os governos do PT e da FA, mantinha a expectativa de um Estado
o suficientemente forte para diminuir a desigualdade, mas sem ameaçar a ordem
estabelecida.
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- Artigo baseado em trabalho publicado no congresso de 2017 da ALAS
2
- Doutorando na Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, Campus de Marília.
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Linha 1: Pensamento Social, Educação e
Políticas Públicas.
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Entropia, Rio de Janeiro • Vol. 3 • N° 5 • Janeiro/junho de 2019 • Pág. 06/31
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PALAVRAS-CHAVE
ABSTRACT
KEYWORD
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Com a eleição, em 2002, para presidência do Brasil, de Luis Inácio Lula da Silva, através do
Partido dos Trabalhadores (PT), vivenciou-se uma euforia com os possíveis rumos da política
urbana e habitacional de país. A partir das discussões e experiências das administrações
municipais do PT, uma nova expectativa ocorreu quanto a ocupação institucional do governo
federal na discussão e criação de política urbana e habitacional a ser implementada no país.
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4
- Ainda em 2011, o Banco do Brasil, também passou a operar os recursos do PMCVM.
5
- Dados apresentados no folheto de divulgação do Programa e do site:
www.minhacasaminhavida.gov.br
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Segundo, Eduardo Bavarelli (2006, p. 55-6), em meados do século passado, o ciclo de reformas
mordenizantes do “batllismo” transformou o Uruguai na imagem mais próxima que a América
Latina teria de um Estado de bem-estar sócia. O “batllismo” se torna uma corrente hegemônica
dentro do partido Colorado para representar os interesses da classe média urbana e imigrante
contra o Partido Blanco, dominado por proprietários de terra do interior. Apenas dois eventos vão
suplantar este bipartidarismo oriundo das guerras civis que formaram o Uruguai no século XIX: a
ditadura militar de 1973-1985 e a ascensão da Frente Ampla – conglomerado de partidos de
esquerda que se tornou a principal força política do país quando Tabaré Vázquez, presidente da
república entre (2005-2010), foi eleito Intendente de Montevidéu).
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do Uruguai. Fica a ressalva que a aprovação dessa lei, só foi possível, porque
havia de fundo o atendimento dos interesses de grupos empresariais da construção
civil, que estavam interessados em parcerias com o poder público.
7
Cf.: http://www.mvotma.gub.uy/.
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renda sem confronto (SINGER, 2012, p. 110). Sendo assim deixada de lado a
política nacionalista para crescente relação público-privado. Segundo Celso
Furtado:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise comparativa, desse trabalho, pretende se somar aos esforços dos que
acreditam na necessidade das nações latino-americanas desenvolverem não só seus
territórios, mas uma visão própria de sua história, e que, portanto, permita engendrar uma
cultura efetivamente própria. Desse modo, indagamos se os Programas de Habitação de
Interesse Social, em países da América Latina, deveriam ser considerados uma política
de Estado ou apenas uma política de governo? Questão esta de fundamental importância
para que gerações futuras possam definir não só o uso e ocupação do solo urbano, mas
também o efetivo acesso ao direito de se viver e habitar na cidade.
Quando analisamos, por exemplo, o processo de constituição da política
urbana e habitacional de países como, o Brasil, percebe-se que ela resultou de um
processo histórico que busca a eliminação dos pontos de “estrangulamento” da
economia. Ou seja, de como o Estado foi capaz de articular as necessidades
nativas com o desenvolvimento hegemônico do capital. Essa forma de reprodução
do capital no modo de produção capitalista reforça e aprofunda a valorização do
mercado imobiliário, mesmo que de modo artificial, sendo favorável para os
detentores do capital e, extremamente desastrosa para população de baixa renda,
que é carente de moradia urbanizada e digna. Segundo, Raquel Rolnik:
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Seguindo a noção de que existe uma cidade legal e ilegal temos uma noção do que possibilita a
condição de cidadania. A cidadania seria uma condição daqueles que habitam um espaço legal,
formal e regularizado. Já para o não cidadão temos uma habitação ilegal, não formal e irregular.
Desse modo, podemos observar uma variação e/ou condição do que nos torna ou não um cidadão.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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problema da habitação: alguns comentários sobre o pacote habitacional. Correio da
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