Resumo - Escolas e Princípios - Direito Penal I
Resumo - Escolas e Princípios - Direito Penal I
Resumo - Escolas e Princípios - Direito Penal I
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral.
São Paulo: Saraiva, 2012. Capítulo I. Página 39 – digital.
Objeto do Direito Penal: a totalidade dos fenômenos que constituem a tríplice: o fato, o valor e a norma.
A legitimidade do Direito Penal está fundamentada em três bases: o respeito à dignidade humana, à promoção dos
valores constitucionais e a proteção subsidiárias de bens jurídicos.
FINALIDADE PREVENTIVA
= estabelece normas proibitivas e comina penas visando evitar a prática do crime
NORMATIVO
= tem como objeto a norma, é o direito positivo
VALORATIVO
= estabelece a sua própria escala de valores, ou seja, define quais são os delitos mais graves e comina sanções mais
rígidas
FINALISTA
= visa à proteção dos bens jurídicos fundamentais, como garantia da sobrevivência da ordem jurídica
SUBSIDIÁRIO
= pois não tutela todas as condutas
A proteção dada pelo Direito Penal é eminentemente subsidiária, pois resguarda apenas as situações em que a
proteção oferecida por outros ramos do direito não seja suficiente para inibia sua violação ou em que a exposição
a perigo do bem jurídico tutelado apresenta certa gravidade.
2.3. CRIMINOLOGICA
= constitui uma ciência empírica que busca, com base em dados e demonstrações fáticas, uma explicação causal do
delito como obra de uma pessoa determinada.
Ciência empírica do direito penal
3. ESCOLAS DA CRIMINOLOGIA
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, 1. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Capítulo IV – A evolução epistemológica do direito penal (p. 190 - digital)
Capítulo V – A evolução epistemológica do direito penal (p. 236 - digital)
Capítulo XII – A Evolução da teoria geral do delito (p. 554 - digital)
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral.
São Paulo: Saraiva, 2012.
Capítulo V – Escolas Penais (p. 152 - digital)
Capítulo XII – Sistemas penais (p. 253 - digital)
= o corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade do direito de punir, sobre a natureza do delito
e sobre o fim das sanções.
Sistemas Penais
= o sistema penal representa um conjunto de elementos,
cuja interação, segundo determinadas teorias e por meio de um conjunto de normas (princípios e regras),
forma o conceito analítico de crime.
1. ESCOLA CLÁSSICA
O sistema clássico sofreu grande influência, em suas bases filosóficas, do positivismo científico (final do século XIX).
Portanto segue a linha do positivismo jurídico.
Define o que é crime: é uma conduta humana típica, antijurídica, culpável e punível.
Elementos que compõem o crime (elementos definidos pela Escola Clássica, válida até hoje):
1. Tipicidade
2. Antijuridicidade
3. Culpabilidade
4. Punibilidade
2. NEOKANTISMO (NEOCLÁSSICO)
Dualismo metodológico: as ciências naturais utilizam o método empírico; enquanto as ciências do espírito
(humanas) utilizam o método valorativo.
Pensamento contrário à Escola Clássica e ao positivismo jurídico. Ou seja, não aceita o estudo do direito penal de
forma isolada, sem o estudo das ciências do espírito.
A ciência penal, por ser ciência do espírito, deve utilizar o método valorativo.
Início do século XX
Problemas do neokantismo
1. Dualismo metodológico rígido deixou o direito penal apenas no âmbito do dever ser
2. Relativismo axiológico: não se preocupou em definir quais os valores o Direito Penal deve se referir
A importância do neokantismo foi a introdução de análise material para os elementos que compõe o conceito de
crime. Portanto, o neokantismo quebrou a análise puramente formal, técnica, da Escola Clássica.
3. FINALISMO
Foi influenciado pelas vertentes da filosofia da Fenomenologia (estudo da essência dos fenômenos) e Ontologia
(estudo da essência do ser).
O sistema finalista aproxima-se filosoficamente das “doutrinas fenomenológico-ontológicas que buscavam dar
ênfase a leis estruturais do ser humano e torná-las o fundamento das ciências que se ocupam do homem
Para esta escola, a finalidade é essencial, portanto, a existência de dolo ou culpa é fundamental para haver um
crime
Discute qual é a função do direito penal e qual é a função de cada elemento que compõe o crime
Para Roxin, trata-se da proteção subsidiária de bens jurídicos (funcionalismo racional-teleológico). Para Jakobs, a
função do deito penal é a garantia da vigência (eficácia) da norma
Bens jurídicos = valores ou interesses que a sociedade selecionou para o Direito Penal proteger
Os bens jurídicos selecionados para proteção do Direito Penal estão na CF88 e na Declaração Universal dos
Direitos Humanos
Valor último para o qual o direito penal se refere: dignidade da pessoa humana.
Função do direito penal = é a proteção da vigência da norma (portanto, a proteção do próprio direito)
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8695
Adapto ao contratualismo, Beccaria aponta que os indivíduos abrem mão de uma pequena parte da sua liberdade
para viver em sociedade.
Para o autor, é o conjunto de todas essas pequenas porções de liberdade é o fundamento do direito de punir. Todo
exercício do poder que se afastar dessa base é abuso e não justiça; é um poder de fato e não de direito; é uma
usurpação e não mais um poder legítimo.
Princípio da legalidade
O sistema penal vigente ao tempo de Beccaria tinha como característica a ausência de uma sistemática e de uma
tipificação dos delitos, posto que vigorava a casuística.
Beccaria condena esse sistema, propondo o princípio da legalidade, ainda que sem intitulá-lo assim.
Como decorrência do contrato social firmado pelos indivíduos para o convívio em sociedade, somente as leis
podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do
legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social.
Dessa forma, procura limitar o poder arbitrário do magistrado, que jamais poderá extrapolar — “sob qualquer
pretexto de zelo ou de bem público” — os limites legais.
Ademais, preconiza que a lei deve ser abstrata e genérica —portanto, não casuística — e que a um terceiro órgão
(ao magistrado), caberá a análise da subsunção do fato a norma. Nesse tema, é nítida a influência de Montesquieu,
com sua teoria da separação dos poderes.
Beccaria aponta a necessidade de cuidado com a interpretação arbitrária das leis, assim como a sua obscuridade.
Para que se evite a incerteza do direito e o arbítrio, ao juiz caberia apenas um “silogismo perfeito”, de dizer se há
adequação entre a conduta e a lei geral e abstrata.
A pena de morte é combatida, por Beccaria, por três razões: ilegitimidade, inutilidade e desnecessidade.
1. ILEGITIMIDADE
Para sustentar a ilegitimidade da pena de morte, Beccaria baseia-se na teoria do contrato social. Se para
viver em sociedade, o homem cede uma cota de sua liberdade individual, renuncia um direito natural, o
homem não poderia renunciar aquele direito essencial que é a vida. A pena, desse modo, poderia,
unicamente, atingir aqueles direitos renunciáveis, dos quais não faz parte a vida.
2. INUTILIDADE
Não lhe convém dizer que a crueldade dos suplícios e da execução é injusta, mas sim que é inútil,
desnecessária, não cumprindo qualquer função social.
3. DESNECESSIDADE
Ainda estava presente a ideia, oriunda da Idade Média, de que a pena significava a retribuição do mal pelo
mal. A pena confundia-se com a ideia religiosa de expiação, os suplícios tinham a finalidade de expurgar o
pecado do condenado. O autor defende a ideia de que a pena deve ter um caráter preventivo.
Proporcionalidade
A pena de morte era aplicada para uma vastidão de delitos. Por isso, Beccaria ataca a desproporção entre a pena e
o crime. Se houver a previsão de uma mesma pena de morte para delitos de lesividades diversas, não será feita
distinção, pela população, entre a gravidade de tais delitos.
O legislador deve estabelecer divisões principais na distribuição das penas proporcionadas aos delitos e que,
sobretudo, não aplique os menores castigos aos maiores crimes.
Entre as penas, e na maneira de aplicá-las proporcionalmente aos delitos, é mister, pois, escolher os meios que
devem causar no espírito público a impressão mais eficaz e mais durável, e, ao mesmo tempo, menos cruel no
corpo do culpado.
Tortura
O autor insiste que a possibilidade de se atormentar um inocente é frequente e inevitável, tendo em vista que, se
a maior parcela da população é cumpridora da lei, maior é a chance de se atormentar um inocente.
Logo, Beccaria combate a tortura demonstrando, racionalmente, sua inutilidade, sua ineficácia para a obtenção da
verdade
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral, 1. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Capítulo II – Princípios Limitadores do Puder Punitivo Estatal (p. 86 – digital)
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral.
São Paulo: Saraiva, 2012.
Capítulo 4.4.2 – Princípios constitucionais em espécie (p. 98 - digital)
Trata-se de outorgar ao Estado Democrático de Direito uma dimensão antropocêntrica, considerando o ser humano
como o fim último da atuação estatal
A jurisprudência do STF e do STJ apresenta diversos julgados em que o princípio da dignidade da pessoa humana
foi aplicado:
2. LEGALIDADE
Art. 1º, CP
Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal
O princípio da legalidade reside na exigência de perfeita subsunção entre a conduta realizada e o modelo abstrato
contido na lei penal.
O direito consuetudinário não tem força cogente para embasar a existência de infrações penais ou mesmo agravar
o tratamento conferido àquelas previstas em lei anterior.
A analogia constitui método de integração do ordenamento jurídico, em que se aplica uma regra existente para
solucionar caso concreto semelhante, para o qual não tenha havido expressa regulamentação legal.
Em função do princípio da taxatividade da lei penal, são inconstitucionais os tipos penais vagos.
3. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Não há pena sem culpabilidade. Somente se pode condenar, em sentença penal, quando se reconhecer a
culpabilidade do agente; portanto: não há pena sem culpabilidade
A culpabilidade constitui-se de um juízo de reprovação, que recai sobre o autor de um fato típico e
antijurídico, presente sempre que o agente for imputável (arts. 26 a 28 do CP), puder compreender
o caráter ilícito do fato (art. 21 do CP) e dele se puder exigir conduta diversa (art. 22 do CP).
Partindo-se, então, da concepção legal, o princípio da culpabilidade deve ser reconhecido como a
necessidade de aferição, como condição necessária à imposição da pena, dos seguintes elementos:
1. Imputabilidade;
2. Possibilidade de compreender o caráter ilícito do fato (ou potencial consciência da
ilicitude);
3. Exigibilidade de conduta diversa.
Art. 59, CP
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
As condutas causadoras de danos ou perigos ínfimos aos bens penalmente protegidos são consideradas
materialmente atípicas. Trata-se, portanto, de causa de exclusão da tipicidade (material) da conduta.
FURTO x ROUBO
Roubo, não cabe aplicação do princípio da insignificância. É firme a jurisprudência no sentido da impossibilidade de
se considerar insignificantes condutas que configurem crime de roubo (art. 157 do CP), uma vez que se cuida de
delito complexo, ofensivo não só ao patrimônio, senão também à integridade física ou psíquica da vítima.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
5. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
De acordo com o princípio, fatos que não prejudiquem terceiros, apenas o próprio agente, são irrelevantes penais.
O direito penal somente pode incriminar comportamentos que produzem lesões a bens alheios.
Portanto, ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si próprio.
6. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE
Para ocorrer a intervenção do Direito Penal a conduta tem que apresentar uma significativa ofensividade, uma
lesividade ao bem jurídico protegido.
Portanto, não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado
7.1. SUBSIDIARIEDADE
A subsidiariedade é o reflexo imediato da intervenção mínima. O Direito Penal não deve atuar senão quando diante
de um comportamento que produz grave lesão ou perigo a um bem jurídico fundamental para a paz e o convívio
em sociedade.
7.2. FRAGMENTARIEDADE
Significa que cabe ao Direito Penal atribuir relevância somente a pequenos fragmentos de ilicitude. Existem, assim,
inúmeros comportamentos cujo caráter ilícito é conferido pelo ordenamento jurídico, mas somente uma pequena
parcela interessa ao Direito Penal, notadamente a que corresponde aos atos mais graves, atentatórios dos bens
mais relevantes para a vida em comum.
2. A segunda função é a de orientar o legislador quando da seleção das condutas que deseja proibir ou impor
pena, com a finalidade de proteger bens jurídicos considerados mais importantes
Princípio da humanidade
As normas penais devem sempre dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais,
vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou degradante (CF, art. 5º, III), penas de morte, de caráter perpétuo,
cruéis, de banimento ou de trabalhos forçados (CF, art. 5º, XLVII).
e) cruéis;