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Auditoria e

Investigação
de Fraudes
Material Teórico
Auditoria de Caixa e Banco

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Rodrigo de Souza Marin

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Auditoria de Caixa e Banco

• Visão Geral das Contas de Caixa;


• Auditoria Integrada de Caixa;
• Teste das Conciliações Bancárias;
• Revisão das Conciliações Bancárias Preparadas Durante o Exercício;
• Considerações Finais.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir os principais dispositivos de auditorias em itens de alta
volatilidade, tais como caixa e banco, suas ferramentas e procedi-
mentos, bem como o programa padrão de trabalho para aplicação
em empresas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

Visão Geral das Contas de Caixa


Uma empresa pode ter várias contas bancárias, cada qual com uma finalidade es-
pecial e operando sob formas e circunstâncias específicas; além disso, pode possuir
o bem de maior grau de liquidez que uma organização venha a deter, o dinheiro.

Contas Gerais em Movimento


A conta de caixa geral é utilizada para a maioria das transações de caixa, de modo
que tanto os recebimentos como pagamentos são provenientes dessa conta.

Os valores em dinheiro podem estar guardados em um cofre ou comumente o


excedente é depositado em uma instituição financeira, o banco, por meio do qual são
realizadas transferências eletrônicas de valores, além de depósitos na conta do cliente.

As empresas com certo grau de estrutura possuem orçamentos de caixa formaliza-


dos ao ingresso e desembolso de recursos, bem como serviços vinculados à gestão do
fluxo de caixa junto à instituição financeira associada à organização, a fim de todo o ex-
cedente de caixa ser aplicado temporariamente, possibilitando o rendimento de juros.

Contas de Gestão de Caixa


A boa gestão de caixa exige que a organização obtenha o maior retorno possível
em seus saldos inativos de caixa. A maioria das empresas tem desenvolvido relações
com as suas instituições financeiras – e não apenas bancos – para a administração
dos fundos excedentes por meio contas de poupança de curto prazo a fim de gerar
retornos adicionais.

Assim, o auditor precisará entender a relação com essas instituições financeiras,


os controles aplicáveis às transferências de caixa e o risco – para o cliente – de
problemas ou erros associados à instituição financeira.

Contas de Fundo de Caixa para Folha de Pagamento (Fopag)


Algumas organizações fazem seus pagamentos a funcionários por meio de uma
conta bancária de fundo de caixa, na qual ocorrem depósitos de fundos, quando ne-
cessário, para cobrir cheques emitidos de salários. Se os funcionários descontarem
todos os seus cheques, o saldo da conta bancária retorna a zero.

Ademais, as leis de alguns Estados exigem que cheques antigos e não descontados
sejam transferidos ao Estado. Portanto, a maioria das empresas não cancela
cheques antigos de pagamento de salários, procurando encontrar o titular correto
do cheque. Assim, a necessidade de contas de fundo de caixa para Fopag está em
processo de desaparecimento à medida que a maioria das organizações deposita
diretamente a remuneração dos funcionários em suas contas bancárias.

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Auditoria Integrada de Caixa
Uma auditoria eficaz e eficiente tira proveito dos pontos fortes do controle interno
para minimizar testes diretos de caixa. A maioria das organizações de porte médio
ou grande possui bons controles internos de caixa. Nesses casos, a auditoria se
concentrará em testar os controles e identificar áreas em que ocorreriam possíveis
incorreções caso fosse identificada qualquer deficiência significativa ou material.

Se não existirem deficiências significativas ou materiais, testes substantivos mínimos


serão realizados. Entretanto, se houver pelo menos uma deficiência significativa ou
material de controles, o auditor deverá determinar quais tipos de incorreções poderiam
existir e montar testes substantivos de auditoria para confirmar se, de fato, ocorreram.

De que maneira uma auditoria integrada de caixa e outros ativos líquidos difere de uma
Explor

auditoria mais tradicional?

Uma auditoria tradicional concentrará sua atenção em variações nas contas


durante o ano e nos saldos de contas no final do ano. Em contraste, uma auditoria
integrada se concentrará em avaliar os controles relacionados a contas específicas
ao ciclo. Se os controles forem eficazes, será possível recorrer a testes diretos
reduzidos de saldos de contas.

Entre os principais procedimentos de auditoria podem ser citados os seguintes:

• Contagem de Caixa – comumente aplicável a empresas que efetuam as suas


vendas à vista e que, consequentemente, poderiam ter uma quantia significati-
va de recursos no seu caixa na data do balanço patrimonial. Para tanto:

» Em conjunto com o responsável pela auditoria, estabeleça os caixas que


serão contados;

» Faça a contagem simultânea de todos os caixas e valores mobiliários,


caso haja possibilidade de substituições – encoberta de fraudes;

» A contagem de caixa deve ser surpresa;

» Conte na presença do responsável pelo caixa e não assuma responsabili-


dade por esse em sua ausência;

» Esteja atento(a) a situações anormais – tais como cheques antigos, pessoais


do responsável pelo caixa, comprovante de desembolso de caixa sem data
ou com data antiga etc.;

» Para recebimentos não depositados – comumente cheques –, acompanhe-


-os até o depósito no banco – inspeção de recibo de depósito autenticado
e crédito no extrato bancário. Recebimentos depositados, mas não incluí-

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UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

dos na contagem deixam em aberto a possibilidade de terem sido utilizados


para encobrir falta de caixa;

»» Quando cheques de funcionários fazem parte do saldo de caixa, verifique


se não são pós-datados e se são depositados prontamente;

»» Inspecione os comprovantes incluídos no saldo de caixa quanto à aprova-


ção e autenticidade;

»» Prepare um papel de trabalho manuscrito com as seguintes informações:

• Nome da empresa;

• Título do papel de trabalho – contagem de caixa;

• Data e hora da contagem;

• Nome do responsável pelo caixa;

• Composição do caixa – notas, moedas, cheques, comprovantes etc.


Para notas e moedas, coloque apenas o total; para os outros itens,
individualize, dando os seguintes detalhes:

»» Total contado comparado ao saldo do boletim de caixa e razão analí-


tico da conta, estabelecendo as possíveis diferenças;

»» Inclua a seguinte declaração e peça que o responsável pelo caixa assi-


ne: “Este caixa foi contado em minha presença por um representante
da auditoria externa e a mim devolvido intacto”;

»» Circularização dos saldos bancários.

»» Solicite o preenchimento da carta de confirmação bancária;


»» Confira as informações da carta antes de ser expedida;

»» Considere:
»» O nome e endereço do banco na carta;
»» A terminologia da carta;
»» A data-base da circularização;
»» Se a carta foi assinada por funcionário credenciado;
»» Se a frente do envelope inclui o nome e endereço correto do banco;

»» Se o verso do envelope inclui o endereço da firma de auditoria.

»» Inclua junto à carta de confirmação um envelope selado e endereçado


à própria firma de auditoria – para evitar que a carta seja enviada para
outro local e a fim de facilitar o trabalho do banco;

»» Para as cartas não respondidas, envie segundos pedidos após quinze dias
do primeiro pedido;

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» Confira todas as respostas recebidas, observando se incluem todas as
informações necessárias;

» Quando as respostas forem incompletas ou contiverem erros, envie nova


carta ao banco;

» Para as cartas não respondidas, obtenha confirmação pessoalmente. Para


os bancos fora do local onde é realizada a auditoria, solicite à administração
da empresa que telefone a cada banco, reiterando o pedido de confirmação.

• Cutoff de cheques – com o objetivo de se certificar de que os cheques


são registrados no período de sua competência e que as conciliações
bancárias não contêm itens errôneos ou compensados em outro item,
efetue os seguintes procedimentos de auditoria:

» Obtenha ou prepare uma relação do último cheque emitido e dos


cheques em branco para a data do exame. Para tanto:

» Obtenha ou prepare um papel de trabalho indicando o nome da em-


presa, data do exame, título do papel de trabalho, nome do banco,
o último cheque emitido – data, número e valor – e os cheques em
branco – de x até y;

» Inspecione os talões de cheques para confirmar as informações men-


cionadas no tópico anterior e examine todos os cheques em branco.

• Verifique se não foi lançado nenhum cheque de número posterior ao do


cutoff nos seguintes registros:

» Razão analítico de banco antes da data do exame;


» Extrato bancário antes da data do exame.

• Verifique se não foi lançado nenhum cheque de número anterior ao do


cutoff nos seguintes registros:
» Razão analítico do banco ou registro de caixa com pagamento após
a data do exame;
» Extrato bancário após a data do exame e que não esteja também pen-
dente na conciliação bancária.

Teste das Conciliações Bancárias


As empresas preparam, em base mensal, as suas conciliações bancárias, as quais
representam uma reconciliação do saldo da conta corrente – registro banco – ao saldo
pelo razão analítico – registro da empresa.

Demonstram as transações registradas pelo banco – e não pela empresa – e as con-


tabilizadas pela empresa – e não pelo banco.

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UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

Ademais, segue um exemplo de pendência de conciliação bancária:

O cheque de número 441333, no valor de R$ 100.000 foi emitido, contabilizado


e entregue a seu beneficiário em 29/12/20x0; entretanto, tal cheque apenas foi
apresentado no extrato bancário em 03/01/20x1. Considerando esse cheque como
o único item pendente, a reconciliação bancária para 31/12/20x0 seria demonstra-
da da seguinte forma:

Quadro 1
Extrato Razão Analítico
Saldos em 31/12/20x0 1.201.105 1.101.150
Depósito efetuado em 30/12/20x0 mas não apresentado (100.000)
Saldos Ajustados 1.101.105 1.101.105
Fonte: Elaborado pelo Conteudista

• Itens pendentes de conciliação bancária – em 30/12/20x0, a empresa efe-


tuou um depósito no valor de R$ 501.000 (com cheques de outras praças ou
locais recebidos de clientes). Esse depósito apareceu no extrato somente em
02/01/20x1. Considerando esse depósito o único item pendente, a reconcilia-
ção bancária para 31/12/20x0 seria apresentada da seguinte forma:

Quadro 2
Extrato Razão Analítico
Saldos em 31/12/20x0 1.501.106 2.002.106
Depósito efetuado em 30/12/20x0 mas não apresentado 501.000
Saldos Ajustados 2.002.106 2.002.106
Fonte: Elaborado pelo Conteudista

• Itens pendentes de conciliação bancária – em 30/12/20x0, a empresa efe-


tuou um depósito no valor de R$ 501.000 (com cheques de outras praças ou
locais recebidos de clientes). Esse depósito apareceu no extrato somente em
02/01/20x1. Considerando esse depósito o único item pendente, a reconcilia-
ção bancária para 31/12/20x0 seria apresentada da seguinte forma:

Quadro 3
Extrato Razão Analítico
Saldos em 31/12/20x0 1.501.106 2.002.106
Depósito efetuad em 30/12/20x0 mas não apresentado 501.000
Saldos Ajustados 2.002.106 2.002.106
Fonte: Elaborado pelo Conteudista

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• Itens pendentes de conciliação bancária – em 30/12/20x0, o banco re-
cebeu R$ 750.000 referente a duplicatas de clientes que estavam em carteira
e creditou essa quantia na conta da empresa, que registrou tal transação em
10/01/20x1, devido ao fato de que o banco enviou o aviso bancário apenas
em 09/01/20x1. Considerando esse recebimento o único item pendente, a
reconciliação bancária para 31/12/20x0 seria apresentada da seguinte forma:

Quadro 4
Extrato Razão Analítico
Saldos em 31/12/20x0 3.0007.879 2.257.879
Depósito efetuado em 30/12/20x0 mas não apresentado 750.000
Saldos Ajustados 3.0007.879 3.0007.879
Fonte: Elaborado pelo Conteudista

• Em conjunto com o responsável pela auditoria, estabeleça o valor-limite indivi-


dual aos itens que deverão ser testados;
• Obtenha a cópia das reconciliações bancárias;
• Confira as somas das reconciliações;
• Confira o saldo contábil com o razão analítico;
• Confira o saldo bancário com o extrato bancário;
• Cruze o saldo bancário com a confirmação bancária;
• Teste os itens pendentes referentes a pagamentos contabilizados pela empre-
sa e não acusados pelo banco;
• Ademais, observe:

» A contabilização no razão analítico até a data da conciliação;


» A documentação suporte do pagamento;
» A contabilização no extrato bancário após a data da conciliação.

• Teste os itens pendentes referentes aos recebimentos – depósitos – contabiliza-


dos pela empresa – e não acusados pelo banco – considerando:
» A contabilização no razão analítico até a data da conciliação;
» O slip de depósito em nome da empresa e se a data da autenticação dada
pelo banco é a mesma da registrada no razão analítico;
» A contabilização no extrato bancário após a data da conciliação.

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UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

Revisão das Conciliações Bancárias


Preparadas Durante o Exercício
Verifique se a empresa preparou, durante o exercício – dia, mês ou ano –, as con-
ciliações bancárias de todas as contas bancárias.

Verifique também se as conciliações bancárias têm evidências de conferência,


aprovação e assinatura de quem as preparou.

Leia os itens pendentes nas conciliações bancárias, atentando-se a situações anor-


mais, tais como item antigo, incomum, valor redondo, valor grande etc.

Os papéis de trabalho de caixa e banco devem ser organizados da seguinte forma:

• Programa de auditoria de caixa e bancos;


• Folha-guia – dando o saldo do razão geral das contas de caixa e banco;
• Folha de caixa – dando o saldo por caixa do razão analítico, perfazendo o total
da folha-guia;
• Contagens de caixa;
• Informações do cutoff;
• Folha de bancos – dando o saldo por razão analítico, perfazendo o total da
folha-guia;
• Reconciliações bancárias – após cada reconciliação bancária, arquive a respec-
tiva carta de confirmação bancária.

Cabe destacar que em vez de arquivar a folha de bancos e as reconciliações bancá-


rias, poderia ser elaborado o papel de trabalho demonstrando como está cada conta,
os saldos pelo extrato bancário, os totais de impurezas dos indícios pendentes por
conta – depósitos não apresentados, débitos bancários (se não registrados), créditos
bancários não contabilizados, cheques pendentes de outros itens etc. –, terminando
com saldo pelo razão analítico.

Vejamos agora o questionário de ambiente de controle para caixa e instrumen-


tos financeiros:

1. A empresa tem problemas significativos de fluxo de caixa para cumprir com


as suas obrigações correntes em dia? Em caso afirmativo, identifique e analise
as providências que essa organização tem tomado para minimizar o problema;

2. O cliente usa técnicas de orçamento de caixa? Quão eficazes são as técnicas


de orçamento de caixa do cliente?

3. A empresa usa serviço de gestão de caixa oferecido por seu banco? Qual
é a natureza dos problemas de caixa? Tais problemas têm sido analisados
pelos executivos e o Conselho de Administração da organização? São mo-
nitorados regularmente?

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4. O cliente fez mudanças significativas em seu processo de caixa no ano ante-
rior? Houve alguma mudança importante nas aplicações computadorizadas
em gestão de caixa durante tal ano?

5. O cliente tem cláusulas de empréstimo ou em emissão de títulos de dívida


que influenciam o uso de caixa na manutenção de índice de capa de giro?
Documente as restrições e as relacione ao programa de auditoria. Ademais,
as cláusulas alteram a natureza da materialidade para auditoria?

6. Os executivos e o Conselho de Administração analisam periodicamente o pro-


cesso de gestão de caixa? A organização de gestão de caixa prevê segregação
de tarefas, análise e supervisão efetivas?

7. As transações de caixa, incluindo transferência eletrônica de caixa, são ade-


quadamente autorizadas? Qual autorização é exigida para a realização de
transferências eletrônicas?

8. As conciliações bancárias são realizadas tempestivamente por pessoal inde-


pendente da atividade de processamento? São prontamente tomadas medidas
de seguimento em relação a todos os itens de conciliação?

9. O departamento de vistoria interna faz análises oportunas no processo de


gestão e processamento de caixa? Em caso afirmativo, analise os relatórios
recentes de auditoria interna;

10. Há algum motivo para suspeitar que a administração possa querer distorcer o
saldo de caixa? Em caso afirmativo, explique ao que se refere a suspeição em
relação aos procedimentos aplicados;

11. A empresa usa cofre para lidar com a arrecadação de pagamento? Qual é o
acordo com a inscrição financeira? Quais são os procedimentos de controle
que a organização associa ao acordo do uso do cofre?

12. Quem está autorizado a fazer transferência de caixa, incluindo transferência


eletrônica de fundos? Quais são os procedimentos pelos quais essa autorização
é verificada antes da realização da transferência?

13. Há alguma restrição na obtenção de ascensão de caixa? Por exemplo, a empre-


sa possui depósitos em instituições financeiras em dificuldades que poderiam
restringir o acesso ao referido recurso?

14. A seguir veremos exemplos de modelos de papéis de trabalho de caixa e ban-


co – observe que representam as cartas de confirmação bancária, as quais não
foram incluídas anteriormente; note também o saldo final em 31 de dezem-
bro, onde são arquivadas as cópias das demonstrações financeiras.

15. Comecemos com um caso de programa de trabalho de caixa, banco e dispo-


nibilidades, adaptando-o do original apresentado por Gramling, Rittenberg
e Johnstone (2012).

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UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

Explor
Todos os pagamentos recebidos são depositados integralmente de maneira tempestiva?

Quadro 5 – Procedimentos para remessa de fundos recebidos internamente

Controles Sim Não N/A


Uma lista de recebimentos futuros é preparada pela pessoa que abre as remessas –
integra a lista uma pessoa independente da função de depósito
Uma cópia da ficha de depósito é preparada por uma pessoa que não é aquela
que abre a correspondência
Os depósitos são realizados diariamente
Uma pessoa autorizada compara a ficha de depósito com a lista preparada na etapa 1a,
registrando a concordância de dados e a completude do depósito

Evidência documentada de desempenho Sim Não N/A


A lista preparada na etapa 1a é rubricada pelo seu autor
A lista é anexada à ficha de depósito e rubricada pela pessoa
mencionada na etapa 1d
As contas bancárias são conciliadas independentemente entre si
Fonte: Adaptado de Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012

Quadro 6 – Procedimentos para remessa de fundos recebidos eletronicamente


pelo banco em nome dos clientes

Controles Sim Não N/A


Concordância entre o banco e o cliente sobre atividades de processamento de caixa,
incluindo o momento em que as remessas são adicionadas à conta do cliente
Procedimento de encaminhamento diário de avisos detalhados de remessa ao cliente
Conciliação independente do demonstrativo de caixa recebido pelo banco com
aviso de remessa e encaminhado à empresa, sendo lançado para contas a receber
Controle de monitoramento pela administração para investigar discrepância
em contas a receber conforme apontamento do(s) cliente(s)
O acesso ao caixa é limitado por controle computadorizado, incluindo senhas
e dados biométricos de indivíduos que têm necessidade da informação ou da
realização de transações

Evidência documentada de desempenho Sim Não N/A


Relatórios de conciliações diárias e investigações por pessoal da tesouraria
Análise periódica pela auditoria interna ou pela tesouraria
Comparação periódica pela tesouraria, com orçamentos e projeções de caixa
Fonte: Adaptado de Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012

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Quadro 7 – Aspectos de pagamentos recebidos pelo banco e integralmente
creditados nas contas correntes de clientes
Controles Sim Não N/A
1. Quando o processo de lançamento é realizado por um aplicativo de computador,
a garantia é proporcionada por:
a. Lotes por número de controle, incluindo totais de controle de números de
remessas a serem processadas no valor monetário total envolvido;
b. Lotes de relatório de edição ou rotina de edição on-line, que identificam os
números de clientes e valores de faturas que não são válidos;
c. Entrada on-line, incluindo a inserção de um total de controle e/ou no total
parcial de cada pagamento.

Evidência documentada de desempenho Sim Não N/A


2. Relatórios de edição e/ou transmissões de processamento, armazenados e assinados
pela pessoa que aprova as exceções:
a. A pessoa que faz a conferência independente rubrica a remessa, registrando a
sua concordância com a operação de lançamento;
a. Totais de controle de entrada on-line e/ou totais parciais são assinalados nos
documentos apropriados;
a. Lotes de etiquetas de controle são conferidos com os relatórios de edição e
rubricados para registrar cada concordância.
Fonte: Adaptado de Gramling, Rittenberg e Johnstone, 2012

Quadro 8 – Acompanhamento de Contas Vencidas


Controles Sim Não N/A
Um indivíduo autorizado faz ligações regulares de cobrança de contas vencidas
A empresa sistematicamente envia avisos aos clientes em atraso de vencimento
As contas vencidas são periodicamente examinadas por responsáveis de cobrança para
decidir a respeito dos procedimentos alternativos a cada cobrança

Evidência documentada de desempenho Sim Não N/A


Revisão de procedimentos e discussão de contas vencidas com o gerente da área

Considerações Finais
Os procedimentos de controle parecem ser adequados para justificar uma avalia-
ção preliminar de risco de controle considerando os níveis de:

• Baixo controle;
• Moderado controle;
• Alto controle.

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UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

Vamos, então, ao case de perspectiva histórica – a fraude da Parmalat e suas


muitas vítimas:

A Parmalat é uma empresa internacional, sediada na Itália, que produz leite,


laticínios e bebidas à base de frutas.

A fraude financeira envolvendo essa organização se desenrolou ao longo de um


período de dez anos e acabou envolvendo a invenção de mais de 11 bilhões de dó-
lares em ativos de empresas de fachada no exterior para contrabalancear passivos
na matriz. O golpe foi liderado pelo então presidente do conselho, Calisto Tanzi, e
por seu filho, Stefano Tanzi, e orquestrado pelo diretor financeiro, Fausto Tonna.

Em um dos momentos mais marcantes na descoberta dessa fraude, os represen-


tantes de uma empresa de capital de risco com sede em Nova Iorque questionaram
as demonstrações financeiras da Parmalat em reuniões dedicadas à possível aquisi-
ção para alavancar essa organização. Durante tais ocasiões, um dos representantes
comentou sobre o problema de liquidez na Parmalat, o que ia de encontro com as
demonstrações financeiras emitidas pela empresa, mostrando que possuía um ele-
vado volume de caixa. Stefano Tanzi admitiu, então, que o caixa não poderia ser
explicado, dado que àquela época a Parmalat possuía cerca de quinhentos milhões
de euros em caixa.

Aproximadamente 35 mil acionistas perderam dinheiro com o colapso da Parmalat,


não sendo os únicos afetados pela fraude: por exemplo, Alessandro Bassi, um contador
de 32 anos de idade e que trabalhava no escritório do diretor financeiro da Parmalat,
cometeu suicídio, saltando de uma ponte próxima à sede italiana da empresa. Antes de
tirar a própria vida, Bassi havia sido questionado em juízo por um promotor de Justiça
que trabalhava nesse caso. Tal promotor e os demais investigadores tentavam confir-
mar informações a respeito de uma possível conta secreta mantida pela família Tanzi,
cuja existência era deduzida em função das enormes quantias supostamente desviadas
da empresa. Ao final do processo investigativo, Tanzi admitiu ter desviado mais de 630
milhões de dólares da Parmalat em benefício de entidades pertencentes à família.

Um dos aspectos mais chocantes desse caso é o fato de ter envolvido um grande
número de pessoas, todas agindo em conluio e de diversas formas. Tratavam-se,
aproximadamente, de 29 executivos da própria empresa, juntamente com banquei-
ros, auditores e várias instituições financeiras, todos, de alguma forma, implicados
nessa fraude.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
A Importância da Auditoria Contábil das Disponibilidades nas Entidades
https://goo.gl/ZrDWzC

Leitura
Banco Panamericano - Um Problema de Governança Corporativa?
https://goo.gl/wmhJSZ
Pareceres de Auditoria Independente: Um Estudo Exploratório sobre as Demonstrações Contábeis de Empresas
Brasileiras Listadas na Bovespa e na Nyse
https://goo.gl/PNaZua
Procedimentos de Auditoria aplicados pelas Empresas de Auditoria Independente de Santa Catarina em Entidades
do Terceiro Setor
https://goo.gl/96S86B

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UNIDADE Auditoria de Caixa e Banco

Referências
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.

CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GRAMLING, A. A.; RITTENBERG, L. E.; JOHNSTONE, K. M. Auditoria. Trad.


Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

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