Admin, 29926
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RESUMO
ABSTRACT
After several denominations, the distribution policy of textbooks became the National
Textbook Program (PNLD) in 1985. Discussions on the quality of education originated
definitions to assess the collections presented in the first tab of the textbook (1996).
The goal is to characterize the assessment methodology of teaching geography book
by PNLD guides (2013-2015). This research is based on bibliographies, decrees,
Geography Guides 2013-2015 and selected books. The production of the textbook is
established with the creation of the National Textbook (1938), transformed into PNLD,
elementary school, in 1985 and unfolding to high school, PNLEM in 2003. The textbook
guide is a document that highlights the results and the evaluation methodology,
featuring the common requirements for all areas of knowledge and for each curricular
component, supporting the choice of the teacher. It appears that the geography books
as the conceptual approach, seeking to relate the geographic content to everyday life;
the Piaget’s constructivism and socio-constructivism are the basis of didactic and
pedagogical approach; consolidating compliance with ethical and democratic.
Therefore, the geography collections feature updating of the issues, information and
correct geographical concepts, from a critical perspective.
1
Recebido em 18/04/2015
Aprovado para publicação em 20/08/2015
INTRODUÇÃO
A política pública para produção e distribuição de livros didáticos é da década de 1930. Após
várias denominações e formas de execução, tornou-se o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), em 1985. Ele é um programa do governo Federal que oferece gratuitamente aos
alunos das escolas públicas de ensino fundamental e médio, livros didáticos, obras literárias,
obras complementares e dicionários para o processo de ensino-aprendizagem.
De forma sistemática e contínua, os livros didáticos começaram a ser avaliados na década de
1990 e, após aprovados, foram apresentados no primeiro guia do livro didático (1996), que
identificava os títulos e a metodologia de avaliação pelas quais passaram as coleções
didáticas, consolidando a política pública de distribuição de livros didáticos (PNLD). Assim, o
objetivo desta pesquisa é caracterizar a metodologia de avaliação do livro didático de
geografia, mediante guias do PNLD (2013-2015). Para isso, trata-se do histórico da política
pública para o livro didático (PNLD); PNLD de geografia ensino fundamental anos inicias; PNLD
de geografia ensino fundamental anos finais; PNLD de geografia do ensino médio.
A pesquisa baseia-se em levantamento de documentos do PNLD/FNDE; decretos; bibliografias;
Guia de Geografia anos iniciais do ensino fundamental (MEC, 2012), anos finais do ensino
fundamental (MEC, 2013) e ensino médio (MEC, 2014); e algumas obras de geografia
indicadas no PNDL.
Essa pesquisa se justifica por tratar dos guias do livro didático de geografia elaborando uma
visão geral sobre a política pública de distribuição de livros didáticos para a educação básica
das escolas públicas (PNLD). Os guias do livro são documentos resultantes do processo de
avaliação PNLD, elaborados para subsidiar os professores na escolha dos livros conforme o
projeto político-pedagógico e a realidade sociocultural da escola. Nesse documento constam as
coleções didáticas aprovadas; e a metodologia utilizada nessa avaliação, por exemplo, quanto
às características conceituais, didático-pedagógicas e aos princípios éticos e democráticos.
O trabalho resulta de pesquisas iniciadas sobre a qualidade no ensino e aspectos históricos do
ensino de geografia no Brasil, bem como da ministração de cursos sobre os primeiros livros
didáticos de geografia (moderna) no Brasil e sobre a política pública do livro didático
(geografia). Pretende-se, em outro momento, avançar com a análise sobre as abordagens
conceituais e didático-pedagógicas das coleções de geografia. Sobre o tema do livro didático
há vários trabalhos que o discutem enquanto produto cultural, mercadoria e suporte de
conhecimentos e de métodos de ensino das diversas disciplinas; vale citar também como fonte
de pesquisa o Banco de Dados dos Livros Escolares (LIVRES), da Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (USP). Assim, espera-se contribuir com os debates sobre o livro
didático de geografia e o programa que o envolve.
O PNLD é um suporte à política educacional brasileira e assenta-se em princípios da
Constituição (BRASIL, 1988), artigo 206, do ensino de qualidade e do dever do Estado com
programas suplementares de material didático escolar, artigo 208. Da Constituição e do
compromisso assumido na Conferência Mundial sobre Educação em Jomtien (1990), de
universalização da educação básica, as propostas educacionais se configuraram na
elaboração do Plano Decenal de Educação para Todos, sobretudo, para os países com baixa
produtividade no sistema educacional que, dentre outras questões, enfatiza o material didático
de qualidade.
O Plano Decenal do Brasil (MEC, 1993) tinha como meta a escola de qualidade e o livro
didático como tema indissociável da questão educacional, para assegurar conteúdos mínimos
de aprendizagem que atendessem as necessidades elementares da vida contemporânea.
Disso resultaram parâmetros definidores de qualidade dos livros didáticos adquiridos pelo
PNLD, com a publicação “Definição de critérios para avaliação do livro didático”; e o processo
de avaliação pedagógica dos livros didáticos de 1ª. a 4ª. séries, inscritos para o PNLD/1997, e
publicados no primeiro Guia do Livro Didático (MEC,1996).
As obras de Geografia, do Ensino Fundamental, começaram a ser distribuídas, em 1997 e do
Ensino Médio, em 2007, após a criação do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino
Médio (PNLEM), em 2003.
Conforme Batista (2001) é dos anos 1990 as primeiras estratégias do MEC de participar mais
direta e sistematicamente das discussões sobre a qualidade do livro escolar. Em primeiro lugar,
mediante o Plano Decenal de Educação para Todos, assume como diretrizes ao lado do
aprimoramento da distribuição e das características físicas do livro, capacitar o professor para
avaliar e selecionar o manual a ser utilizado; e melhorar a qualidade desse recurso didático,
através da definição de nova política do livro no Brasil.
Ressalta-se que no Plano Decenal de Educação para Todos do Brasil (MEC, 1993) consta que
a política para livros devia salientar os aspectos físicos, a qualidade do seu conteúdo -
fundamentação psicopedagógica, atualidade da informação em face do avanço do
conhecimento na área, adequação ao destinatário, elementos ideológicos implícitos e explícitos
- e a capacidade de ajuste a diferentes estratégias de ensino do professor.
Ainda em 1993, em segundo lugar, o Ministério forma uma comissão de especialistas
encarregada de duas atividades: avaliar a qualidade dos livros mais solicitados ao MEC; e
estabelecer critérios gerais para a avaliação das novas aquisições. O trabalho foi apresentado
em “Definição de critérios para avaliação do livro didático” (MEC/FAE) de 1994, quando
começa a haver parâmetros definidores de qualidade do livro didático adquiridos pelo PNLD.
Antes as secretarias estaduais e municipais faziam a escolha segundo suas propostas político-
pedagógicas. Mas a partir disso, para avaliar a produção utilizada pelos professores do Brasil
foram estabelecidos critérios que destacavam tanto os aspectos da produção física do livro,
como os aspectos relativos à formulação metodológica, à atualização e acerto da informação
científica, com projeto gráfico que incorporasse as diversas linguagens da era da imagem
(BATISTA, 2001, p. 12).
Após distribuição limitada, o livro do ensino fundamental volta a ser doado de forma gradativa,
em 1995, sendo contempladas as disciplinas de português e matemática; em 1996, as de
ciências; e em 1997, as de Geografia e História.
Segundo Rosa e Odonne (2006), em 1996, inicia o processo de avaliação dos livros didáticos
de Português, Matemática, Ciências e Estudos Sociais, sendo publicado em 1997 (PNLD
1997), o primeiro Guia do livro didático, de 1ª. a 4ª. séries. Nessa análise os livros foram
classificados nas categorias: excluídos; não recomendados; recomendados com ressalva; e
recomendados (ver BATISTA, 2001, p. 13). A avaliação das obras, apresentadas pelas
editoras, continuou em 1997, ainda de 1ª a 4ª séries.
Conforme Batista (2001), em substituição à Fundação de Assistência aos Estudantes (FAE), o
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) passou a executar integralmente a
política do PNLD. Objetivando melhorar a divulgação dos resultados avaliados aos docentes, o
MEC que elaborava o Guia apenas com uma listagem simples, sem indicação de avaliação,
publicou num único volume o guia contendo resenhas dos livros recomendados, oferecendo
aos educadores um material que auxiliava na escolha do livro didático.
Pela primeira vez, em 1999 avaliou-se os livros destinados as séries finais do ensino
fundamental, com novidades no processo de avaliação. Foi eliminada a categoria dos não-
recomendados e, de modo articulado, acrescentou-se aos critérios de exclusão, a incorreção e
incoerência metodológicos, contribuindo para a seleção de livros com abordagens
metodológicas que favorecesse o desenvolvimento das competências cognitivas básicas –
análises, compreensão, síntese.
O Programa é ampliado e são distribuídos, de forma continuada, livros didáticos de todas as
disciplinas para todos os alunos de 1ª. a 8ª. séries. Em 2001, avalia-se pela primeira vez, a antiga
área de Estudos Sociais, com a distinção específica de História e Geografia; e, em 2004, ocorre a
avaliação dos livros de História e Geografia dos anos iniciais do ensino fundamental, Guia PNLD
2004, volume 3, sem inscrição de Estudos Sociais (Guia PNDL História, 2013, p. 10).
Ressalta-se que, em 2003, é instituído o PNLD para o Ensino Médio (PNLEM), sendo
distribuídos, em 2004, livros de matemática e português para os alunos do 1º ano. Em 2007,
regulamenta-se o PNLD para a Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLA). A primeira
avaliação do livro de Geografia do Ensino Médio é de 2007, denominado PNLEM. Na sua
última edição (2012), o programa foi incorporado ao PNLD.
O PNLD objetiva dotar as escolas públicas de ensino fundamental e médio com livros didáticos,
obras literárias, obras complementares e dicionários. Ele é executado em ciclos trienais
alternados. A cada ano, o programa distribui livros para determinada etapa do ensino e repõe e
complementa os livros não consumíveis ou reutilizáveis (Matemática, Língua Portuguesa,
História, Geografia, Ciências, Física, Química e Biologia) para outras etapas. O MEC, por
intermédio da Secretaria de Educação Básica (SEB), coordena e avalia o conteúdo das obras
inscritas no PNLD, em parceria com as universidades públicas; enquanto a aquisição dos
títulos solicitados pela escola fica a cargo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE).
Segundo PNLD (2012), a avaliação das coleções de todas as áreas busca o padrão de qualidade
e atualização constante das obras. O processo de avaliação inicia com o lançamento do edital
pelo MEC/FNDE, as editoras realizam as inscrições das obras que passarão pela triagem (caráter
eliminatório), pela pré-análise (caráter eliminatório) e pela avaliação pedagógica que é realizada
pela coordenação da área (Geografia) de uma Instituição Superior. Após a avaliação pedagógica
das coleções, os guias são elaborados. Assim, a execução do PNLD segue o processo de
adesão, editais, inscrição das editoras, triagem/avaliação, guia do livro, escolha, pedido,
aquisição, produção, análise da qualidade física, distribuição e recebimento.
Os guias PNLD geografia abordados neste trabalho foram elaborados pela Universidade
Federal do Pará, Guia PNLD 2013 (MEC, 2012); pela Universidade Federal de Uberlândia,
Guia PNLD 2014 (MEC, 2013); e pela Universidade Federal do Paraná, Guia PNLD 2015
(MEC, 2014). Ressalta-se que a cada ano, a avaliação pedagógica dos livros didáticos é
realizada pela equipe de uma instituição de ensino superior juntamente com o auxílio de
professores de outras instituições.
As exigências do PNLD às coleções de ensino fundamental e médio, de qualquer componente
curricular são: respeito à legislação e diretrizes para o ensino fundamental/médio; observação
dos princípios éticos e construção da cidadania; coerência da abordagem teórico-metodológica
assumida pela obra e sua proposta didático-pedagógica; correção e atualização de conceitos e
informações; atividades; ilustrações; manual do professor e aspectos gráfico-editoriais.
Esses critérios constam nos Guias de Livros Didáticos bem como as obras aprovadas. O guia
do livro estrutura-se pelos seguintes tópicos: princípios e critérios de avaliação geral para
qualquer área do conhecimento e requisitos específicos para cada disciplina; resultado da
avaliação das obras (coleções inscritas, aprovadas e excluídas); característica geral das obras
aprovadas, através da abordagem conceitual, abordagem didático-pedagógica e de
observância de princípios éticos e democráticos; resenhas das coleções; e a ficha de avaliação
utilizada pela equipe avaliadora.
As resenhas das coleções subsidiam na escolha do professor, pois elas são descritas por
“visão geral”, que apresenta a proposta de ensino e a organização dos conteúdos; por
“descrição da coleção”, caracterização dos conteúdos em unidades e capítulos; por “Análise da
coleção”, destacando a abordagem da coleção e a distribuição dos conteúdos; e por “Em sala
de aula”, aborda as possibilidades e os cuidados que deverão ser observados no uso da
coleção pelo professor.
Assim, o objetivo da avaliação é melhorar a qualidade dos livros distribuídos, e a função do
guia é subsidiar a escolha dos professores, pois ele é encaminhado às escolas que escolhem,
entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu Projeto Político Pedagógico
(PPP) e à realidade sociocultural da escola. Conforme Bittencourt (2004), o livro didático tem
despertado o interesse de muitos pesquisadores ultimamente; por ser um objeto cultural gera
intensas críticas, mas é um instrumento fundamental no processo de escolarização.
Sobre as coleções selecionadas para o 2º, 3º, 4º e 5º anos, no que diz respeito à abordagem
conceitual, em geral, buscam promover o processo de alfabetização geográfica e cartográfica,
a partir da realidade do aluno, sendo que o espaço vivido é o ponto de partida; busca-se a
construção da noção de espaço, para que o aluno entenda a interação entre escalas.
Por isso, os conceitos geográficos de lugar, território, paisagem, natureza e sociedade são
gradualmente construídos pelos alunos. Geralmente, a noção de lugar é a primeira a ser
A região Sudeste e Sul tiveram todos os estados com livros aprovados, destacando-se São
Paulo e Minas Gerais, com 4 obras cada um; o Nordeste, três estados tiveram obras
selecionadas, destaque para o Piauí, com 3 aprovações; o Centro-oeste, apenas Goiás teve 2
livros selecionados; nenhum livro foi selecionado para a região Norte (ver figura a seguir).
Conforme Guia PNLD ensino fundamental (MEC, 2012), os livros regionais consideram os
conceitos básicos da geografia como localização dos fatos e fenômenos geográficos;
compreensão da relação sociedade-natureza; a formação do espaço geográfico; a
alfabetização cartográfica. A maioria apresenta limites significativos ao tratar dos conceitos
geográficos básicos; a maior parte deles não tem região como categoria central, privilegiando a
paisagem e o lugar, sem articular diferentes escalas espaçotemporais.
A compreensão da relação sociedade-natureza continua central na maioria das obras, mas
poucas são as problematizações quanto às contradições do modo de produção e consumo
capitalista dos recursos naturais.
Segundo Guia PNLD (MEC, 2012), predomina a abordagem socioconstrutivista e as propostas
levam em consideração as experiências dos alunos e os princípios do ensino significativo,
sendo o professor o mediador do processo de ensino-aprendizagem, levando ações que
articulam interdisciplinaridade e transversalidade. As propostas de avaliação das coleções são
variadas, buscando-se a aprendizagem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.
Portanto, para o PNLD 2014 foram aprovadas 24 coleções de geografia, das quais 12 foram
classificadas em tipo 1, conjunto de livros impressos; e 12 em tipo 2, conjunto de livros
impressos acompanhados de conteúdos multimídia.
Das 20 coleções inscritas, duas foram reprovadas ficando 18 coleções, em que 17 são do tipo
1, e uma do tipo 2.
Como resultado do processo de avaliação, a estrutura das coleções se manteve semelhante
àquela do PNLD 2012. A inovação aconteceu com a introdução dos livros digitais e em seu
interior os Objetos Educacionais Digitais, que possuem características próprias. Todas as
coleções possuem três volumes sendo que, em geral, o primeiro volume se dedica aos
conteúdos conceituais, seguido dos volumes dedicados ao Brasil e ao Mundo; os exercícios
são de vestibulares e do Enem. Quanto aos livros digitais há desenvolvimento dos conteúdos
geográficos e acréscimo de informações, ilustrando os temas trabalhados nos livros impressos,
possibilitando visualização, explicação e compreensão dos fatos, fenômenos e processos
geográficos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para atingir o objetivo de tratar do processo de avaliação pelo qual passam os livros didáticos
de geografia, fez-se necessário partir da história da política pública do livro no Brasil concluindo
com a avaliação das coleções presentes nos guias do livro didático (2013, 2014, 2015). Por
isso, destacou-se desde a criação do INL, que objetivou dá maior legitimidade ao livro didático
no Brasil, iniciando suas atribuições em 1934; à criação do Conselho Nacional do Livro Didático
(CNLD), responsável por examinar e proferir julgamento sobre as obras didáticas, constando os
critérios para autorização bem como as causas que a impediam; e à instituição do PNLD, em
1985, política voltada inicialmente para distribuição de livros aos estudantes do ensino
fundamenta.
Na década de 1990, com a concepção de Educação Para Todos, com ênfase na qualidade,
exigiu-se professores bem preparados e livros-texto adequados. Isso iniciou a sistematização
do processo de avaliação do livro didático. O MEC elaborou uma comissão para avaliar a
qualidade dos livros didáticos, sendo publicado o documento “Definição de Critérios para
avaliação dos livros didáticos,”. A partir de 1994 foram estabelecidos vários critérios para
avaliar os livros didáticos utilizados pelos professores. A primeira avaliação pedagógica dos
livros didáticos é de 1996 e após aprovados foram apresentados no guia do livro didático.
O guia do livro didático é o documento do PNLD que apresenta as obras didáticas aprovadas,
através de resenhas e a metodologia (exigências) utilizada na avaliação. É um instrumento que
subsidia na escolha dos professores de acordo com projeto político-pedagógico e a realidade
sociocultural de sua escola.
Em 2004 iniciava o processo de avaliação do livro de geografia, para anos iniciais, tendo em
2007, a primeira edição do guia para o ensino médio.
Dos princípios gerais, o PNLD avalia em todas as áreas do conhecimento o respeito à
legislação e diretrizes para o ensino fundamental/médio; observação dos princípios éticos e
construção da cidadania; coerência da abordagem teórico-metodológica assumida pela obra e
sua proposta didático-pedagógica; correção e atualização de conceitos e informações;
atividades; ilustrações; manual do professor e aspectos gráfico-editoriais.
Sobre os critérios para geografia, identifica-se que se avaliou nas coleções a compatibilidade
da opção teórico-metodológica adotada e os conteúdos geográficos desenvolvidos de maneira
que o aluno seja alfabetizado na linguagem científica geral e na linguagem particular da
geografia; relações espaçotemporais que possibilitem compreender o espaço geográfico e as
interações da sociedade com a natureza; conceitos vinculados às dimensões de análise que
abordam tempo, cultura, sociedade, poder e relações econômicas e sociais sem excluir os
conceitos estruturantes do espaço geográfico; e apresenta mapas, gráficos e tabelas utilizando
a linguagem cartográfica, localizando corretamente a informação geográfica no espaço e tempo
e articulando escalas geográficas. Infere-se que, em geral, que as coleções são variadas,
contribuindo para a aprendizagem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.
Sobre o PNLD 214 (ensino fundamental anos finais), conclui-se que as coleções de maneira
geral atendem aos conteúdos, metodologia, estética e projeto editorial a partir da diversidade
teórico-metodológica para atender à complexidade da sociedade brasileira, além dos princípios
éticos e democráticos, cumprindo a legislação nacional. Das 26 obras inscritas, apenas duas
foram excluídas sendo que 12 foram classificadas em tipo 1 e 12 em tipo 2. Observa-se que
das 17 inscritas em tipo 2, oito transformaram-se em tipo 1, pois os objetos educacionais
digitais não atenderam às exigências.
Foram encontradas algumas falhas e aquelas pontuais puderam ser revistas durante o
processo de avaliação enquanto as de maior gravidade como desatualização de conceitos e
indução ao erro excluem a coleção. As coleções aprovadas contemplam e contemplam
parcialmente as exigências.
Sobre o PNLD 2015 pode-se concluir que as coleções apresentam elementos para localizar,
compreender e atuar no mundo complexo, problematizar a realidade, formular proposições,
reconhecer as dinâmicas existentes no espaço geográfico, fundamentando-se em um corpo
teórico-metodológico baseado nos conceitos de natureza, paisagem, espaço, território, região,
rede, lugar e ambiente, incorporando dimensões de análise que contemplam tempo, cultura,
sociedade, poder e relações econômicas e sociais. Identifica-se que das 20 coleções inscritas
para o PNLD 2015 - 18 identificaram-se como tipo 1 (obra multimídia composta de livros digitais
e livros impressos) e duas como tipo 2 (obra impressa, acompanhada de versão PDF) –
apenas duas foram excluídas. Os livros didáticos do PNLD 2015 inovaram em comparação ao
PNLD 2012, pois possuem livros digitais; sobre os conteúdos, eles estão distribuídos nos três
volumes. Normalmente, o primeiro volume se dedica aos conteúdos conceituais seguidos dos
volumes sobre o Brasil e o Mundo.
Identifica-se que as coleções de geografia aprovadas, presentes nos guias do livro didático,
possuem uma abordagem conceitual que busca promover o processo de alfabetização
geográfica e cartográfica a partir do que é vivenciado, buscando construir a noção de espaço;
nas primeiras séries considerando o conceito de lugar, depois o desenvolvimento das noções
de paisagem; e por último de território e região. A maioria das coleções faz opção pela
abordagem didático-pedagógica do construtivismo piagetiano e a abordagem sociocrítica,
sobretudo, na vertente histórico-cultural (socioconstrutivismo).
Sobre a observância dos princípios éticos e democráticos, as coleções preocupam-se com a
construção de uma sociedade antirracista, solidária, justa e igualitária e, através de atividades,
textos e imagens, procura fazer o aluno refletir sobre diferentes temas relacionados à vida
cidadã. Incentivam reflexões e ações que valorizam e respeitam a diversidade, a
sustentabilidade e a cidadania ativa, estimulando o exercício da cidadania.
Entende-se que as coleções de geografia apresentam inovações, renovação teórico-
metodológica, conceitos geográficos e cartográficos, informações atualizadas, em conteúdos
adequados ao estágio de conhecimento em geral e da ciência geográfica, na utilização de
métodos e teorias educacionais em vigor, e no cumprimento das diretrizes curriculares
nacionais. Elas, portanto, possibilitam relacionar os conteúdos geográficos e sua utilidade no
mundo cotidiano; favorecer a linguagem científica e cartográfica; contribuir para compreensão
das interações entre sociedade e natureza.
Portanto, o PNLD demarcou padrões de melhor qualidade para os livros didáticos brasileiros. A
simples inscrição de livros no PNLD deixou de significar que eles seriam oferecidos às escolas.
A maioria das obras inscritas no PNLD (2013-2015) foi aprovada. A avaliação pedagógica do
livro proporcionou uma ampla renovação da produção didática brasileira, com material de
qualidade, evidenciada pela participação de novos títulos e vários autores. Como o livro
didático constitui uma ferramenta de apoio ao processo educativo faz-se necessário seu
contínuo aperfeiçoamento e atualização, para aproximá-lo das novas linguagens e realidades.
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