Classificação Vegetal - Grandes Grupos
Classificação Vegetal - Grandes Grupos
Classificação Vegetal - Grandes Grupos
CLASSIFICAÇÃO VEGETAL –
GRANDES GRUPOS VEGETAIS
PAISAGÍSTICOS
AULA 1
1
CONVERSA INICIAL
2
2
Através da fotossíntese, as plantas produzem uma grande diversidade de
carboidratos, liberando oxigênio como um subproduto. O oxigênio é o que fez a
vida florescer no planeta. Grande parte do oxigênio presente hoje na atmosfera
é fruto de milhões de anos de fotossíntese.
Por milhares de anos, a ciência das plantas tinha o objetivo inicial de
determinar as similaridades e diferenças entre plantas e animais. Somente no
século 20 é que o seu estudo se tornou mais especializado e diversificado. No
ramo da medicina, as plantas eram estudadas principalmente por médicos que
as utilizavam com propósitos medicinais.
Atualmente, a biologia vegetal apresenta muitas subdivisões, como
fisiologia vegetal, morfologia, anatomia, taxonomia e sistemática vegetal,
citologia, genética e biologia molecular, etnobotânica, ecologia vegetal e
paleobotânica. Cada uma dessas áreas preocupa-se em entender o
funcionamento das plantas, em suas estruturas interna e externa, estudando:
nomenclaturas, classificação e relações entre os grupos vegetais; estrutura,
função e história de vida de suas células; hereditariedade e variabilidade
genética; os usos passados, presentes e futuros das plantas na humanidade;
usos das plantas com propósitos medicinais por populações tradicionais e
indígenas; relações entre as plantas e p seu ambiente; biologia e evolução de
plantas fósseis; entre outras possibilidades.
3
3
foi referência para o tema até o ano de 1600, na qual abordava os usos
farmacológicos das plantas (Hodge; Neaime, 2014).
Na Europa medieval, a botânica foi relegada para um segundo plano, pois
acabou sendo ofuscada pela preocupação com as propriedades medicinais. As
plantas foram estudadas e descritas, principalmente, em uma das obras mais
conhecidas do período, o Complete Herbal and English Physician, de Culpeper
(Hodge; Neaime, 2014).
Somente entre os séculos 14 e 17 (período renascentista) a botânica e o
interesse pelo estudo da natureza ressurgiram como ciência. A partir do estudo
de novas plantas e ervas, foi sendo desenvolvido um conhecimento mais
aprofundado sobre as espécies de uma certa região ou país. Dessa época,
datam os primeiros experimentos em fisiologia vegetal, com estudos mais
detalhados de anatomia e reprodução de plantas, incentivados principalmente
pela invenção do microscópio, na década de 1590 (Hodge; Neaime, 2014).
A nomenclatura e a classificação começaram a se tornar essenciais por
conta da descoberta de novas plantas em terras exploradas pelas grandes
navegações. Muitas plantas eram levadas até a Europa e cultivadas nos jardins
europeus, inclusive tornando-se alimentos populares (Hodge; Neaime, 2014).
Em 1753, Carl Linnaeus publicou um dos trabalhos mais importantes do
ramo da biologia, a obra Species Plantarum. Com base nas espécies conhecidas
até aquele momento, Linnaeus criou um sistema binomial de classificação a
partir de características físicas, dando início ao sistema universal de
nomenclatura usado até hoje (Hodge; Neaime, 2014).
4
4
terrestre. Tais características definem alguns grupos, como a evolução da
semente, a evolução de um tecido vascular e os compostos secundários.
A classificação nos ajuda a entender a evolução das plantas,
evidenciando como são as relações entre as linhagens. As classificações devem
refletir a história evolutiva dos grupos, refletindo assim grupos naturais – ou seja,
que compartilham um ancestral comum. Assim, quando falamos em uma família
de plantas, estamos falando de plantas que apresentam um grau de parentesco.
As espécies de uma família estão mais próximas entre si do que as espécies de
famílias diferentes.
Em conteúdo posterior, vamos trabalhar principalmente os níveis
hierárquicos de famílias, gêneros e espécies. Famílias são conjuntos de gêneros
com características em comum. Quando falamos de gênero, nos referimos a um
grupo de espécies que são mais aparentadas entre si em comparação com
outras espécies de outros gêneros. Espécie é a menor categoria hierárquica. Ela
agrupa indivíduos que compartilham características em comum, mas que
também compartilham de um conjunto de genes.
Vamos partir do exemplo do feijão para entender como funciona a
classificação de uma planta nesses grupos hierárquicos. O feijão (Phaseolus
vulgaris) é uma espécie de planta do gênero Phaseolus e da família das
leguminosas (Fabaceae). Essa espécie difere de outras plantas do gênero por
apresentar flores rosadas ou brancas, que crescem geralmente eretas ou
enroladas sobre outras plantas. O gênero Phaseolus abriga diversas espécies
com tricomas em forma de gancho, flores com quilhas (um tipo de pétala)
enroladas, sem nectários em suas inflorescências. O gênero Phaseolus pertence
à família das leguminosas (Fabaceae), que é facilmente reconhecida por seu
fruto em forma de legume, abrigando diversas espécies de plantas, desde ervas
e trepadeiras até grandes árvores, como o pau-brasil ou as tipuanas.
5
5
características em comum com as plantas, dentre elas a presença de amido em
suas células, o tipo de clorofila e uma parede celular composta de celulose.
As primeiras plantas a conquistar o ambiente terrestre provavelmente
tinham um corpo composto por talos simples, com reprodução dependente de
água. Muitas plantas ainda apresentam a necessidade de água líquida para a
reprodução, o que se deve à presença de uma célula flagelada nadante durante
o ciclo reprodutivo. É o caso de musgos e samambaias.
A conquista total do ambiente terrestre só aconteceu com a evolução do
pólen e da semente. O pólen é uma estrutura de resistência que carrega o
material genético de uma planta à outra. A esporopolenina é uma substância que
confere proteção, permitindo que o pólen passe por longos períodos sem a
presença de água até encontrar o óvulo. O óvulo fecundado pelo pólen se
desenvolve em um embrião, que é abrigado dentro de uma semente. A semente
é outra aquisição importante das plantas terrestres, pois as sementes permitem
a dispersão das plantas por longas distâncias, garantindo nutrição para o
embrião nos estágios de germinação e aumentando as chances de
sobrevivência da planta jovem.
Ao longo da evolução das plantas terrestres, considerando a
independência da água para a fecundação dos gametas, o transporte do gameta
masculino (pólen) para o óvulo teve que ser realizado por outros meios. Muitas
plantas desenvolveram relações íntimas com animais, realizando o trabalho de
polinização. O processo de atração dos animais é uma característica que evoluiu
de diversas maneiras diferentes e estranhas em diferentes linhagens de plantas.
Muitas espécies oferecem néctar como recompensa. Outras, o próprio
pólen, partes comestíveis, óleos aromáticos (caso das orquídeas do gênero
Catasetum), ou ainda mecanismos de decepção (algumas plantas enganam
animais para que eles realizem a fecundação, a exemplo de Ophrys e Stapelia).
A atração do polinizador pelas plantas é um dos mecanismos mais interessantes
do reino das plantas. A flor, uma característica de um grupo especial de plantas,
as angiospermas, evoluiu para atrair os animais, com a apresentação dos órgãos
sexuais das plantas para garantir a fecundação (Figura 1).
A flor evoluiu de forma diferente nos diferentes grupos de plantas,
principalmente porque as espécies sofrem pressões evolutivas diferentes de
seus polinizadores. Muitas delas desenvolveram mecanismos singulares para
evitar a autopolinização e para evitar que o seu material genético se misturasse
6
6
ao de outras espécies. Existem diversas barreiras para isso, em especial
barreiras que impedem que alguns polinizadores alcancem as partes
reprodutivas, barreiras para o próprio grão de pólen, e barreiras que impedem
que os híbridos se formem caso a polinização aconteça.
As belas orquídeas do gênero Angraecum são um dos exemplos mais
complexos de relação planta/polinizador. Essas orquídeas, nativas de
Madagascar, são polinizadas por um tipo específico de mariposa, que
apresentam uma língua longa o suficiente para alcançar o néctar no fundo de
suas longas flores. As espécies desse gênero desenvolveram tubos nectaríferos
mais longos, selecionando mariposas com línguas mais longas ainda. É possível
encontrar flores com mais de 30 centímetros de comprimento.
7
7
dentre os quais o homem. As plantas são a base de quase todos os
ecossistemas. Sem elas, muitas espécies seriam extintas.
8
8
2.1 Raiz
9
9
Figura 2 – Raiz de eudicotiledônea: segmento de raiz com a posição da coifa, da
zona pilífera (pêlos radiculares) e das raízes laterais
11
11
se ramifica em raízes secundárias, terciárias etc. Já as raízes adventícias se
desenvolvem a partir de outras partes, que não a radícula. Não apresentam um
eixo principal e desenvolvem um sistema fasciculado (ou em cabeleira).
Figura 3 – Tipos de raízes de acordo com origem: três exemplos de raiz pivotante
e um exemplo de raiz adventícia
• Raízes aéreas
12
12
aumentar a sua superfície respiratória. Raízes tabulares são uma variação
das raízes de suporte, encontradas em grandes árvores das florestas
tropicais úmidas, como figueiras (Ficus sp., Moraceae) (Castro, 2009, p.
4).
• Raízes Aquáticas
Raízes subterrâneas
13
13
Figura 4 – Ciclo de vida do rabanete e da cenoura: raízes tuberosas
Raízes aéreas
14
14
assumem a função de caule, isto é, passam a auxiliar na condução de
água e sais minerais, do solo até a copa (Castro, 2009, p. 4).
• Grampiformes ou aderentes: apresentam origem caulinar, estando
presentes em plantas trepadeiras (Souza; Flores; Lorenzi, 2013).
“Permitem a fixação do vegetal em lugares íngremes como muros e
pedras. Esse tipo de raiz pode ser encontrado em hera (Hedera helix -
Araliaceae) e hera-miúda (Ficus repens - Moraceae)” (Castro, 2009, p. 5).
• Pneumatóforos: presentes em plantas de solos pobres em oxigênio,
como manguezais. Apresentam geotropismo negativo, ou seja, crescem
para cima, na direção oposta ao solo, ficando com as pontas expostas e
em contato com o ar, o que garante um bom suprimento de oxigênio aos
tecidos da raiz. As trocas gasosas ocorrem através de aberturas
chamadas de pneumatódios (Souza; Flores; Lorenzi, 2013).
• Sugadoras ou haustórios: presentes em plantas parasitas, que se fixam
ao hospedeiro. “Para isto, apresentam um tipo especial de raiz
denominada raiz sugadora ou haustório. No ponto de contato do caule da
planta parasita com o hospedeiro forma-se, inicialmente, uma raiz
adventícia discóide, semelhante a uma ventosa denominada apressório”
(Castro, 2009, p. 5). A raiz parasita penetra nos tecidos do caule da planta
hospedeira até atingir os feixes vasculares, retirando a sua seiva (Souza;
Flores; Lorenzi, 2013). Existem dois tipos de parasitismo: holoparasitismo,
“quando a planta parasita é desprovida de clorofila, pelo menos em
quantidades mínimas necessárias para a sua manutenção” (Castro, 2009,
p. 5), retirando a seiva elaborada da planta hospedeira (Souza; Flores;
Lorenzi, 2013); e hemiparasitismo, “quando a planta parasita depende
parcialmente do hospedeiro, retirando apenas água e sais minerais, pois
realiza a sua fotossíntese pelas folhas e ramos jovens clorofilados”
(Castro, 2009, p. 5).
15
15
sensíveis ao estímulo do contato. Exemplo: (Vanilla sp. - Orchidaceae)”
(Castro, 2009, p. 6).
• Espinhos:
2.2 Caule
16
16
jardineiros, estimula o desenvolvimento das gemas laterais, levando ao
desenvolvimento de plantas ramificadas (Castro, 2009, p. 16).
A morfologia do sistema caulinar é amplamente determinada pelo tipo de
ramificação. Os principais tipos são:
17
17
Créditos: Kazakova Maryia/Adobe stock.
Caule aéreo:
18
18
• Caule subterrâneo: podem ser considerados formas incomuns,
principalmente porque uma das funções primárias do caule é expor as
folhas à luz. Os caules subterrâneos geralmente são estruturas que
associam as funções de armazenamento de reservas com formas de
propagação vegetativa. Servem também para garantir a vida da planta
quando as partes aéreas não sobrevivem, seja por conta de frio, seca ou
queimada. Os caules subterrâneos podem ser classificados em:
19
19
2.2.2 Modificações caulinares
O caule pode assumir aspecto bem diferente dos tipos mais comuns. Tais
essas modificações geralmente são adaptações a condições especiais. O caule
pode ser transformado em espinhos e gavinhas, ou ainda adquirir uma forma
achatada, em substituição às folhas ausentes, reduzidas ou ainda transformadas
em espinhos (Castro, 2009, p. 19).
As adaptações caulinares podem ser classificadas da seguinte forma:
20
20
Créditos: Inkoly/Shutterstock.
21
21
• Peciolada: quando o pecíolo está presente.
• Peltada: quando o pecíolo está preso no meio da lâmina foliar.
• Séssil: quando o pecíolo está ausente e a lâmina foliar prende-se
diretamente ao caule.
3.1 Venação
3.2 Filotaxia
22
22
Filotaxia é o arranjo ou a disposição das folhas no caule.
4.1 Flor
23
23
Na maioria das angiospermas, os apêndices florais estéreis e férteis se inserem
no receptáculo floral, formando círculos ou verticilos florais. Tais flores são
chamadas de cíclicas. No entanto, nas angiospermas consideradas mais
primitivas como a Michelia grandiflora (magnólia), os apêndices florais se
dispõem de maneira espiralada ao redor de um receptáculo floral alongado.
Essas flores são chamadas de acíclicas.
Uma flor é chamada de completa se apresenta os quatro verticilos: cálice,
corola, androceu e gineceu; e incompleta se faltar algum desses verticilos
(Castro, 2009; Souza; Flores; Lorenzi, 2013).
24
24
verticilo externo, geralmente verde, com a função de proteção dos órgãos
essenciais (estames e pistilos). As sépalas são folhas modificadas que
apresentam epiderme, nervuras e estômatos, de modo semelhante ao que
observamos nas folhas vegetativas (Castro, 2009; Souza; Flores; Lorenzi, 2013).
Ao contrário das sépalas, as pétalas geralmente apresentam uma textura
mais delicada, com diferentes cores. Quando as pétalas e as sépalas são
semelhantes (em termos de cor e tamanho), são denominadas tépalas. O
conjunto de tépalas é conhecido como perigônio e não perianto. A grande
variação apresentada pela corola está sempre relacionada aos diferentes
polinizadores das angiospermas (Castro, 2009; Souza; Flores; Lorenzi, 2013).
Podemos classificar as flores a partir de diferentes aspectos.
Primeiramente, quanto à presença do perianto:
Quanto à simetria:
25
25
• Dímeras: flores com duas sépalas e/ou duas pétalas.
• Trímeras: flores com três sépalas e/ou três pétalas.
• Tetrâmeas: flores com quatro sépalas e/ou três pétalas.
• Pentâmeras: flores com cinco sépalas e/ou três pétalas.
4.1.2.1 Androceu
26
26
Com base no androceu, podemos classificar as flores de algumas formas.
Inicialmente, de acordo com o número de estames em relação ao número de
pétalas:
27
27
• Poricida: a abertura ocorre por poros localizados geralmente na porção
apical da teca.
• Transversal: ocorre por uma fenda transversal na teca.
4.1.2.2 Gineceu
4.1.3 Placentação
28
28
• Parietal: em ovários sincárpicos (carpelos fundidos), se os óvulos estão
presos à parede do ovário ou em suas expansões.
• Axilar: também em ovários sincárpicos, quando os óvulos estão presos
na parte central do ovário composto, na axila dos septos. Neste caso, o
ovário apresenta número de lóculos igual ao número de carpelos.
• Central livre ou axial: exclusiva de ovário unilocular, quando a placenta,
com os óvulos, aparece em uma coluna central de tecidos ligada à sua
base.
• Basal: exclusiva de ovário unilocular, quando a placenta se localiza na
região basal do ovário.
• Apical: exclusiva de ovário unilocular, quando a placenta se localiza na
região apical do ovário.
• Marginal: quando a placenta se localiza ao longo da margem de um
ovário unicarpelar.
4.2 Inflorescência
Quanto à posição:
Quanto à ramificação:
29
29
o Simpodiais ou cimosas (definidas): o número de flores em geral é
definido, e a inflorescência termina em uma flor.
30
30
Créditos: nikolya/Adobe stock.
31
31
certa distância da planta produtora. Outros, ao contrário, tornam-se secos, de
modo que a sua abertura, às vezes explosiva, permite a liberação das sementes,
que podem ser lançadas a distâncias relativamente grandes. Certos frutos
apresentam características morfológicas que os tornam elementos ativos na
disseminação de sementes.
Geralmente, o desenvolvimento do fruto depende da polinização e da
fecundação, bem como da ação de certos fitormônios. Entretanto, alguns frutos,
como a banana (Musa paradisiaca - Musaceae) e o abacaxi (Ananas comosus –
Bromeliaceae), são formados sem fecundação prévia, sendo caracterizados
como frutos partenocárpicos.
5.1 Fruto
32
32
Figura 10 – Partes do fruto
33
33
5.1.1 Classificação dos frutos
5.2 Sementes
35
35
é aplicado impropriamente para designar certos frutos secos monospérmicos,
como cariopses de cereais, aquênios de compostas e, ainda, certos propágulos
vegetativos, como bulbilhos, pedaços de tubérculos de batatas, esporos de
samambaias e de cogumelos.
A semente das angiospermas apresenta geralmente de três partes: uma
planta embrionária, o endosperma (que pode às vezes estar ausente), ambas
protegidas por um ou dois tegumentos (casca). As sementes apresentam
basicamente uma estrutura única que participa da disseminação, da proteção do
embrião e da reprodução das espécies.
Na semente, estão presentes todas as estruturas necessárias para o
início do desenvolvimento da planta. Como a semente ainda não é capaz de
realizar fotossíntese, a energia necessária para o seu desenvolvimento está
armazenada no endosperma ou nos cotilédones. A parte do embrião que fica
acima do cotilédone é chamada de epicótilo e dá origem ao caule e às folhas.
Abaixo do cotilédone, fica o hipocótilo, que origina o colo da planta, que promove
o contato entre a raiz e o caule. Por fim, faz parte do embrião a radícula, que
formará a raiz da futura planta.
36
36
FINALIZANDO
37
37
REFERÊNCIAS
38
38