Ea2022 Concurso Profem Arte Artes Visuais
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Ea2022 Concurso Profem Arte Artes Visuais
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA PARA O VESTIBULAR ESCOLA DE APLICAÇÃO DA FEUSP
11/12/2022
Instruções
Declaração
Declaro que li e estou ciente das informações que constam na capa desta prova, na folha de
respostas, bem como dos avisos que foram transmitidos pelo fiscal de sala.
___________________________________________________
ASSINATURA
O(a) candidato(a) que não assinar a capa da prova será considerado(a) ausente da prova.
RASCUNHO
NÃO SERÁ
CONSIDERADO NA
CORREÇÃO
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Estudo de caso
Analise o caso descrito a seguir para responder aos itens a e b da questão dissertativa.
A maior parte das orientações nas propostas de uma educação para igualdade de gênero possui a seguinte proposta: “meninos
e meninas podem brincar com casinhas, bonecas...”. Porém, como foi possível perceber, essas orientações não dão conta da
complexidade, das dúvidas e dos preconceitos contidos nessas relações. Isso fica evidente na ideia de que os meninos brincam
de boneca, somente para assumir o papel masculino do pai, somente quando eles “brincam de papai e mamãe”:
O desejo do menino de brincar de boneca tornava-se um problema quando não estava relacionado ao papel masculino
hegemônico, e principalmente quando esse desejo se repetia muitas vezes e passava a ser a brincadeira preferida do menino,
em detrimento das “brincadeiras de meninos”. Como mostra a preocupação da professora: “É complicado quando o menino
quer só as bonecas”. Ainda é frequente a afirmação de que “meninos não gostam de bonecas” ou “brincar de boneca é difícil”.
Além da brincadeira com o papel de pai, esta era a outra forma como brincadeira com boneca “era aceita”, a boneca para o
jogo sexual dos meninos:
Os meninos gostam de brincar de boneca. Mas para beijar, para passar a mão, para beijar que nem
na novela, cada um pega uma boneca daquelas maiores e ficam competindo, eles botam no colo e
agarram e beijam, elas estão sem roupas, eles passam a mão no corpo das bonecas. Eu finjo que
não estou vendo, senão eles se inibem, vão achar que eu estou proibindo, então eu fico na minha,
fico meio de lado, olho de rabo de olho e continuo conversando (Professora Neuza).
FINCO, Daniela. O que nos ensinam meninos e meninas quando escapam das fronteiras de gênero? In: VIANNA, Cláudia; CARVALHO, Marília [org.]. Gênero e
educação: 20 anos construindo conhecimento. Belo Horizonte: Autêntica, 2020, s./p.
a) No espaço de aprendizagem escolar, nas circunstâncias em que o menino escolhe uma boneca para brincar e venha a sofrer
constrangimento e estigmatização por parte de seus colegas, qual deve ser a atitude do(a) docente?
b) Compreendendo as brinquedotecas e os espaços lúdicos da escola como auxiliares importantes no desenvolvimento das
experiências sensoriais das crianças, que horizontes a instituição escolar deve ter sempre bem presente com o fim de
promover uma educação não sexista?
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socialmente investida e fundamentada em sua relação (A) Atividades que permitam identificar os conhecimentos
com o saber, ao mesmo tempo em que se torna prévios dos alunos; que sejam significativas para eles,
humanamente próximo daqueles de quem deseja e adequadas ao seu nível de desenvolvimento e
precisa ganhar a adesão, por meio de uma performance desafiadoras; capazes de provocar um conflito cognitivo
(o "como se") consciente de si mesma. na atividade mental dos estudantes; motivadoras e
(C) A tarefa do educador possui uma dupla condição: a de estimuladoras da autoestima, além de favorecerem as
marcar uma aproximação em termos de autoridade, habilidades voltadas ao aprender a aprender, no sentido
toda derivada de uma condição epistemologicamente de um desenvolvimento cada vez maior da
outorgada e fundamentada em sua posição, ao mesmo heteronomia.
tempo em que se torna, também, humanamente (B) Atividades que permitam identificar os conhecimentos
próximo daqueles de quem deseja e precisa ganhar a prévios dos alunos; que sejam significativas para eles,
adesão, por meio de uma performance (o "como se") adequadas ao seu nível de desenvolvimento e
não-consciente de si mesma. desafiadoras; capazes de colocar os alunos em contínua
(D) A tarefa do educador possui uma dupla condição: a de dissonância cognitiva; motivadoras e estimuladoras da
marcar uma separação fundamental de seus alunos, em autoestima, além de favorecerem as habilidades
termos epistemológicos, toda derivada de sua posição, voltadas ao aprender a aprender, no sentido de um
socialmente investida, ao mesmo tempo em que se desenvolvimento cada vez maior da autonomia.
torna humanamente próximo daqueles de quem deseja (C) Atividades que permitam identificar aquilo que os
e precisa ganhar a adesão, por meio de uma alunos precisam aprender; que sejam significativas para
performance (o "como se") consciente de si mesma. eles, adequadas ao seu nível de desenvolvimento e
(E) A tarefa do educador possui uma dupla condição: a de desafiadoras; capazes de tornar plácida a atividade
superar a distância de seus alunos, em termos de mental dos estudantes; motivadoras e estimuladoras da
autoridade, toda derivada de uma posição socialmente autoestima, além de favorecerem as habilidades
imposta, que nega seu caráter epistemológico e, ao voltadas ao aprender a aprender, no sentido de um
mesmo tempo, tornar-se humanamente próximo desenvolvimento cada vez maior da heteronomia.
daqueles de quem deseja e precisa ganhar a adesão, por (D) Atividades que permitam identificar os conhecimentos
meio de uma performance (o "como se") não-consciente prévios dos alunos; que sejam significativas para eles,
de si mesma. adequadas ao seu nível de desenvolvimento e
desafiadoras; capazes de provocar um conflito cognitivo
05 na atividade mental dos alunos; motivadoras e
estimuladoras da autoestima, além de favorecerem as
habilidades voltadas ao aprender a aprender, no sentido
“Expressada de forma muito sintética (...), a aprendizagem de um desenvolvimento cada vez maior da autonomia.
é uma construção pessoal que cada menino e cada menina (E) Atividades que, sem serem necessariamente
realizam graças à ajuda que recebem de outras pessoas. significativas, sejam adequadas ao seu nível de
Esta construção, através da qual podem atribuir significado desenvolvimento e permitam identificar seus
a um determinado objeto de ensino, implica a contribuição conhecimentos prévios, além de capazes de provocar
por parte da pessoa que aprende, de seu interesse e um conflito cognitivo na atividade mental dos alunos e
disponibilidade, de seus conhecimentos prévios e de sua estimularem a atenção, favorecendo as habilidades
experiência. Em tudo isto desempenha um papel essencial voltadas ao aprender a aprender, no sentido de um
a pessoa especializada, que ajuda a detectar um conflito desenvolvimento cada vez maior da autonomia.
inicial entre o que já se conhece e o que se deve saber, que
contribui para que o aluno se sinta capaz e com vontade de
resolvê-lo, que propõe o novo conteúdo como um desafio 06
interessante, cuja resolução terá alguma utilidade, que
intervém de forma adequada nos progressos e nas “Os currículos não são apenas o que é elaborado e prescrito,
dificuldades que o aluno manifesta, apoiando-o e prevendo, mas o que é adotado e implementado. Elaborar e
ao mesmo tempo, a atuação autônoma do aluno. É um implementar novas formas de currículos, baseadas em
processo que não só contribui para que o aluno aprenda conhecimento aberto e compartilhado, depende muito do
certos conteúdos, mas também faz com que aprenda a trabalho dos professores. Embora a tecnologia digital ofereça
aprender e que aprenda que pode aprender. Sua um mundo de possibilidades, as inovações têm maior
repercussão não se limita ao que o aluno sabe, igualmente probabilidade de serem bem-sucedidas quando são
influi no que sabe fazer e na imagem que tem de si mesmo.” elaboradas para atender às necessidades e características
ZABALA, Antoni. A prática pedagógica: como ensinar. Porto Alegre:
particulares dos estudantes em contextos específicos. Os
Artmed. 1998, p. 63. professores têm um papel importante a desempenhar na
personalização da aprendizagem para que seja autêntica e
A partir do excerto, pode-se afirmar que, nas sequências relevante. Eles precisam de liberdade, preparação adequada,
didáticas que se proponham a seguir o que foi indicado no recursos instrucionais e suporte para adaptar, construir,
texto, será necessário incluir: elaborar e criar as melhores oportunidades de aprendizagem
para seus estudantes. Os currículos do futuro devem
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fixo da distinção entre os sexos. O gênero, segundo essa (C) A partir da compreensão de que a capacidade de crítica
perspectiva, consiste precisamente na determinação depende do domínio de um instrumental que se obtém
recíproca entre o dado biológico e o social. pelo estudo intensivo e sistemático, espera-se da EA-
(E) O conceito de gênero reafirma as definições FEUSP um programa educativo de tipo escolar que
essencialistas entre homem e mulher, estabelecidas por mescle indissociavelmente os componentes instrutivos
estereótipos que retroalimentam um conjunto de e lúdicos no processo de ensino-aprendizagem. A escola,
discriminações e exclusões entre os sexos. Conforme com o fito de favorecer um ambiente em que o aluno se
essa acepção, feminino e masculino emergem como reconheça, deve procurar o mais que puder aproximar
categorias dicotômicas e antagônicas que ocupam seu trabalho educativo do arcabouço social e cultural do
espaços diferentes social e politicamente, sendo qual seus(as) alunos(as) provêm, materializando essa
valorados, positiva ou negativamente, conforme sua aproximação em exercícios e práticas que tornem mais
adequação. atrativo o aprendizado.
(D) A atuação dos profissionais da EA-FEUSP deve se pautar
08 pela tomada de consciência dos principais problemas da
escola, das possibilidades de solução e definição das
responsabilidades coletivas e pessoais para eliminar ou
“Esta escola se propõe um trabalho diferente desse confuso atenuar as falhas detectadas. Nesse sentido, em seu
estilo de renovação que, de prático, se resume em projeto político-pedagógico deve constar um
permissões sucessivas e desavisadas, na complacência com planejamento global das atividades de perfil dinâmico e
os deveres não cumpridos e na tolerância sistemática com instantâneo, flexível o bastante para que possa atender
a indisciplina. O que visamos é o desenvolvimento dos às necessidades que se apresentam no dia a dia escolar.
indivíduos com capacidade de crítica. A capacidade de (E) A orientação da EA-FEUSP visará não ao hipotético
criticar a si próprio e a sociedade em que vive é o único desenvolvimento de inefáveis hábitos e atitudes, mas à
ponto de apoio firme para desenvolvimento de homens trivial e indispensável transmissão de conhecimentos.
criativos e livres.” Os hábitos e as atitudes que compõem um espírito
AZANHA, José Mário Pires. Educação: alguns escritos. São Paulo: crítico não se desenvolvem formalmente, por isso a
Companhia Editora Nacional, 1987, p. 1-2, apud GORDO, Nívia; BOTO, escola que se propõe educar (no sentido de
Carlota. História da Escola de Aplicação da FEUSP [1976-1986]. Revista
Iberoamericana do patrimônio histórico-educativo, v. 7, e021024, 2021,
desenvolvimento de hábitos e atitudes) e não instruir
p. 7. (no sentido de aquisição de conhecimentos) termina por
perseguir um fantasma. Ninguém se educa sem
O enunciado alude à visão do educador José Mário Pires aprender algo, sem se instruir, como também ninguém
Azanha acerca do que entendia ser o alvo da Escola de se instrui sem que haja oportunidade de formar hábitos
Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de e desenvolver atitudes.
São Paulo (EA-FEUSP) face à renovação pedagógica e
educacional e ao desenvolvimento dos(as) alunos(as). No
09
âmbito desses temas, conforme a avaliação de Azanha e o
que consta da bibliografia básica do concurso, qual das
“A educação ética não é uma tarefa de especialistas, mas de
alternativas a seguir contempla, na integralidade, papéis
toda a comunidade, não é fruto de um esforço isolado, mas
esperados a serem desempenhados pela EA-FEUSP?
de uma ação conjunta de todo o entorno social. Disso
(A) Para Azanha, a capacidade da EA-FEUSP em estimular o decorrem pelo menos dois desafios fundamentais para uma
potencial de crítica dos(as) alunos(as) era limitado, dado instituição escolar. O primeiro deles é o caráter
que este não pode ser diretamente ensinado. Nesse fundamentalmente coletivo desse tipo de trabalho. O
sentido, caberia à instituição escolar assinalada apenas ensino de uma disciplina isolada, como a matemática ou a
favorecer a sensibilidade intuitiva dos seus educandos, história, demanda especialistas que desejavelmente
corroborada, nessa matéria, por docentes entendidos tenham as informações e capacidades que o habilitam a
como facilitadores da aquisição de conhecimentos e ocupar o lugar institucional de um professor. O trabalho
pelo meio social e cultural de que aqueles estavam educacional escolar passa pelo ensino de disciplinas
rodeados. específicas, mas está longe de esgotar-se nele. Não
(B) Na medida em que não cabe à escola estritamente podemos tomá-lo, nas atuais condições históricas, como
educar (no sentido de desenvolvimento de hábitos e resultante de uma relação pessoal isolada ou como se cada
atitudes), o processo educativo levado a cabo na EA- professor fosse um ‘preceptor’ isolado em sua relação
FEUSP deve conceber a liberdade do educando pessoal com os alunos. Da mesma forma, é um engano
estabelecida prioritariamente no plano individual, como supor que a escola se constitui por uma simples somatória
uma complexa exigência interior que deve ser cultivada dessas relações individualizadas. Ela é regida por uma série
e estimulada, segundo a compreensão de que a de valores, práticas e objetivos institucionais decorrentes da
aquisição de conhecimentos é mais uma tarefa do peculiaridade de sua história e de sua tarefa social de
educando do que o resultado da combinação de iniciação dos jovens no mundo público.”
disposições educativas e instrutivas. CARVALHO, José Sergio Fonseca de. Educação, cidadania e direitos
humanos. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 96-97.
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O trecho discorre acerca da educação ética e dos densidade àqueles conceitos. Na verdade, são múltiplas as
dispositivos a serem postos em prática pela escola a fim de diferenças de entendimento entre behavioristas e
realizar o intento dessa formação. Nesse sentido, tendo construtivistas acerca da avaliação formativa. Os primeiros
bem presente o que é enfatizado no enunciado, depreende- usam-na mais frequentemente na análise de resultados, em
se que é alvo primordial da escola: um quadro de definição de objetivos muito específicos
(comportamentais) e de tarefas que testam cada um desses
(A) A concretização de um programa coletivo de formação objetivos, ao passo que os segundos utilizam-na mais na
educacional, no qual a tarefa de iniciação dos jovens no análise dos processos de aprendizagem dos alunos em um
mundo público dos valores e dos princípios éticos quadro de definição mais abrangente e integrada de
depende de um esforço conjunto de toda a instituição objetivos e de tarefas que avaliam um leque mais amplo e
em que cada professor ou profissional da educação, integrado de saberes.”
além de sua função específica, representa um agente FERNANDES, Domingos. Avaliação interna: dos fundamentos e das
institucional, comprometido com uma série de valores práticas. In: ______. Avaliar para aprender: fundamentos, práticas e
que se traduzem em responsabilidades e atitudes políticas. São Paulo: Editora da Unesp, 2009, p. 49-50.
educativas próprias ao mundo escolar.
(B) O zelo para que a missão do estabelecimento de ensino O excerto exemplifica características de uma determinada
seja estritamente observada pelo conjunto de seus fase que marca a história da avaliação da aprendizagem.
atores, notadamente no que concerne à Segundo o raciocínio expresso, é correto afirmar:
complementação da instrução recebida pelos (A) A pedagogia para a maestria, apoiada sobre uma base
educandos no espaço doméstico da família, em razão do construtivista, implica o fim da exclusividade do
fato da escola ser regida por uma série de valores, processo avaliativo nas mãos dos docentes, sugerindo
práticas e objetivos institucionais decorrentes da que este seja partilhado com os(as) alunos(as) e outros
peculiaridade de sua história e de sua tarefa social de atores da comunidade escolar e realizado a partir de
iniciação dos jovens no mundo público. uma variedade de estratégias, técnica e instrumentos de
(C) A realização de uma instrução voltada precipuamente avaliação.
para as necessidades do mundo do trabalho e dos (B) A Sociologia, a Antropologia e a Psicologia Social são
valores ético-morais que caracterizam nossa sociedade ciências que atuaram decisivamente para o surgimento
de classes. Ou seja, a partir do lugar que ocupa nas da avaliação formativa e da pedagogia para a maestria.
sociedades contemporâneas quanto à transmissão de O quadro abrangente e multifacetado pelo qual se
saberes e à socialização da infância e juventude, cabe à expressa a avaliação formativa decorre diretamente da
escola fornecer um ensino de qualidade associado a uma incorporação das três ciências assinaladas no texto.
formação geral que faça emergir as potencialidades (C) A análise dos processos de aprendizagem dos(as)
individuais dos(as) alunos(as). alunos(as) em um quadro de definição mais abrangente
(D) Um ensino que consolide e aprofunde a dimensão ética e integrada de objetivos e de tarefas que avaliam um
que rege a relação dos(as) alunos(as) e professores(as), leque mais amplo e integrado de saberes, oriunda do
sendo que para isso se torna imprescindível o desenvolvimento da pesquisa educacional de corte
fortalecimento dos projetos coletivos que envolvam a behaviorista, aproximou a avaliação de professores(as)
comunidade escolar, num contexto de hierarquização e dos sistemas educacionais das teses construtivistas.
das funções a serem desempenhadas por cada um (D) Conforme a vertente behaviorista da avaliação da
desses agentes. aprendizagem a avaliação formativa possuía um papel
(E) Romper com a atomização dos saberes que constituem crucial nas ações didáticas que o professor deveria
o currículo escolar, já que, se o trabalho educacional empreender como resultado das eventuais dificuldades
escolar passa pelo ensino de disciplinas específicas, ele de aprendizagem dos(as) alunos(as). Nesse sentido,
está longe de se esgotar na organização segmentada tanto conceitos como o de avaliação formativa quanto o
destas, contribuindo, desse modo, para que a de pedagogia para a maestria emergem na esteira dos
profissionalização docente se afaste cada vez mais do desenvolvimentos teóricos do behaviorismo, tendo sido
modelo preceptoral. mais tarde integrados em quadros conceituais de outras
perspectivas teóricas.
10 (E) Ao longo de seu desenvolvimento a avaliação da
aprendizagem foi se tornando mais complexa e
“Verificamos assim que conceitos como o de avaliação sofisticada, aprimorando suas estratégias, técnicas e
formativa e mesmo o de pedagogia para a maestria surgem instrumentos. Tal aprimoramento foi possível devido à
no âmbito dos desenvolvimentos teóricos do behaviorismo flexibilização dos parâmetros avaliativos incentivada e
e são posteriormente integrados nos quadros conceituais levada a cabo pela geração de avaliação conhecida como
de outras perspectivas teóricas, como a família de “geração da medida”, distinguida pelo papel
perspectivas que se abriga sob o chapéu do cognitivismo. preponderante que assinalava a necessidade de
Essa família, em muitos casos, assumiu e integrou formulação de juízos de valor acerca dos objetos de
contributos da Sociologia, da Antropologia e da Psicologia avaliação.
Social, o que lhe permitiu dar outra profundidade e
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In: MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa. Mediação cultural para
professores andarilhos na cultura. São Paulo: Intermeios, 2012.
A partir da leitura do texto, é possível depreender a relevância TEXTO PARA AS QUESTÕES 25 E 26.
do ensino da Arte, uma vez que ele:
“Desde os relatos de Américo Vespúcio e Cristóvão
(A) Possibilita a retomada de conteúdos históricos da Arte Colombo, nos séculos XV e XVI, encadeia-se um
erudita e reafirma a sua importância. relacionamento, tanto dos povos americanos quanto de
(B) Problematiza a chamada "cultura popular" e oferece uma visão universal do Velho Mundo, com imagens
elementos para que a cultura erudita seja popularizada. produzidas em vínculos de decadência, desumanidade e
(C) Propicia a aprendizagem por meio das referências monstruosidade, as quais refletem o que o colonizador quer
artísticas tanto canonizadas quanto marginalizadas, mostrar, pois são produzidas pela episteme hegemônica.
hierarquizando-as conforme a época histórica. Pensar por esse prisma conduz à compreensão da
(D) Enfatiza a cultura popular em detrimento da cultura dimensão artística (visual/imagética) a par das dimensões
erudita na sala de aula. religiosas (catolicismo) e de linguagem/idioma (português e
(E) Apresenta diferentes referências artísticas e culturais espanhol), operando como uma das mais profícuas formas
para além de cânones e classificações valorativas, de manutenção do projeto moderno/colonial e da
propondo reflexões sobre as narrativas oficiais, hegemonia eurocêntrica nos contextos latino-americanos, o
revisando e o passado. que repercute nos mais diversos campos e,
estrategicamente, no campo educacional. A composição
24 imagética da América Latina distorcida pelo espelho do
colonizador, desde o renascimento europeu, converteu-se
em verdade universal e contribuiu para as abjeções, as
“Um currículo que interligasse o fazer artístico, a história da negações, as violações, os encobrimentos e os apagamentos
arte e a análise da obra de arte estaria se organizando de epistemicidas das histórias, das artes e das culturas latino-
maneira que a criança, suas necessidades, seus interesses e americanas na Arte/Educação, impossibilitando vislumbrar
seu desenvolvimento estariam sendo respeitados e, ao os reflexos das imagens do que realmente representa esse
mesmo tempo, estaria sendo respeitada a matéria a ser território.
aprendida, seus valores, sua estrutura e sua contribuição Há uma construção narrativa por imagens que
específica para a cultura.” contribui para perpetuar as heranças coloniais e deserdar
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos outras epistemes, a qual impregnaram olhares e deu
tempos. São Paulo: Perspectiva, 2009, p. 35. aparência natural ou necessária à civilização/ modernização
Sobre esse trecho, é possível afirmar: através de atrocidades como a escravização de índios e de
negros por toda a América Latina. O poder da imagem, de
(A) Trata-se de uma afirmação do movimento pela fixar nas mentes as ideias e os ideais europeus, foi
renovação do ensino da Arte, ocorrido na década de explorado com grande competência pelo chamado primeiro
1960 como resposta à ditadura militar, em busca da mundo, de forma que até hoje os referenciais, sejam de
valorização da infância e de seus processos de criação de bom ou de belo, remetem ao que é externo e, quase nunca,
forma livre e sem intervenções. ao que é próprio.”
(B) A abordagem defendida pela autora demonstra uma MOURA, Eduardo Junio Santos. Des/obediência docente na
visão centrada na criança e, portanto, diz respeito ao de/colonialidade da arte/educação na América Latina. Revista GEARTE,
Movimento Educação pela Arte, preconizado por Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 313-325, maio/ago. 2019. Disponível em:
http://seer.ufrgs.br/gearte. Acesso em: 04 Nov. 22.
Herbert Read.
(C) A inter-relação entre fazer artístico, história da Arte e
análise da obra de arte é o fundamento da Abordagem 25
Triangular, proposta para o ensino da Arte no final da
década de 1960, como resposta à ditadura militar. O objetivo principal do texto é
(D) O fazer artístico é uma insubstituível forma de aprender
(A) problematizar a colonialidade no contexto da América
a pensar visualmente, assim como a alfabetização pelas
Latina, expondo os seus desdobramentos negativos no
imagens e sua decodificação, elementos que
campo da educação e das artes.
caracterizam o ensino de arte centrado nas técnicas
(B) comparar a produção de conhecimento eurocêntrica e
visuais exercido, especialmente, durante a ditadura
latino americana a partir de fatos e diálogos históricos.
militar.
(C) apresentar os epistemicídios ocorridos na educação e
(E) A triangulação entre fazer-contextualizar-analisar é
nas artes desde o período da colonização portuguesa no
oriunda do DBAE - Disciplined-Based-Art Education, do
Brasil até hoje.
Getty Center of Education in the Arts, surgido no final da
(D) propor o argumento de que foi exclusivamente por meio
década de 1970 nos Estados Unidos, que formou uma
da dimensão artística que a colonização estruturou os
das bases da então denominada Metodologia
mecanismos modernos de dominação.
Triangular, a metodologia de ensino traçada no Museu
(E) afirmar que a decolonialidade é um desdobramento do
de Arte Contemporânea da USP na década de 1980.
projeto colonial e serve à manutenção de uma educação
hegemônica.
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De acordo com Martins, Picosque & Guerra (1998), para que
o aprendiz possa fruir e conhecer o campo da linguagem
visual e poetizar utilizando elementos desta linguagem, é
necessário que o professor de arte proporcione ao
estudante:
(A) a prática do pensamento visual tornado visível;
ressignificar o mundo e as coisas do mundo através de
jogos dramáticos; a experimentação dos diferentes
modos da linguagem visual: ponto, linha, plano, cor,
forma e textura; a nutrição estética do olhar por meio de
diferentes imagens da história da Arte.
(B) a pesquisa e a leitura de imagens articulando seus
elementos visuais: pintura, desenho, gravura, escultura,
fotografia e colagem; o manuseio e a seleção de
materiais como recursos expressivos; a nutrição estética
do olhar com imagens de diferentes naturezas.
(C) a pesquisa e a leitura de imagens, articulando seus
elementos visuais: pintura, desenho, escultura e
fotografia; a prática do pensamento visual tornado
ESBELL, Jailder. “Carta ao Velho Mundo”, 2018/2019, Livro de luxo com 400
visível; ressignificar o mundo e as coisas do mundo
páginas e desenhos e textos produzidos com pincel Posca, 27 x 35 x 4 cm.
Disponível em: http://www.jaideresbell.com.br/site/2019/03/20/carta- através das artes dramáticas.
ao-velho-mundo/. Acesso em: 22 nov. 2022. (D) a pesquisa e a leitura da estrutura da linguagem visual e
da articulação de seus elementos; a experimentação nas
“A carta ao velho mundo vem também em forma de arte
diferentes linguagens visuais; a pesquisa, a seleção e o
indígena contemporânea. Para os atentos isso é
manuseio de materiais como recursos expressivos; a
antropografia pura. A carta é endereçada aos lares
nutrição estética com diferentes imagens.
europeus e seu conteúdo é uma denúncia farta dos séculos
(E) a experimentação nos diferentes modos da linguagem
de colonização devastadora nas Américas. Com uma
visual; a nutrição estética do olhar com diferentes
explanação panorâmica da atualidade deixa dizer que neste
imagens da história da Arte brasileira; praticar o
tempo a pressão global do desenvolvimento sobre a
pensamento cinestésico tornado presente por meio da
natureza faz o genocídio dos últimos povos nativos na Pan-
ação corporal e de movimentos expressivos.
Amazônia.”
ESBELL, Jailder. “Carta ao Velho Mundo”. Disponível em:
http://www.jaideresbell.com.br/site/2019/03/20/carta-ao-velho- 34
mundo/. Acesso em: 22 nov. 2022.
Considerando a imagem e o excerto, assinale a alternativa A Lei nº 11.645/2008 alterou a LDB - Lei de Diretrizes e Bases
correta: da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que já havia sido modificada pela Lei nº 10.639/2003. A
(A) Esbell trata de forma indireta o genocídio dos povos alteração tornou obrigatória a inclusão na Educação Básica
originários americanos por meio da intervenção gráfica de conteúdos relacionados às histórias e culturas afro-
em uma pintura europeia. brasileiras e indígenas. Considerando o que estabelece a Lei
(B) Esbell problematiza o genocídio dos povos indígenas 11.645 e a necessidade de sua implementação efetiva e
brasileiros, principalmente como a cultura brasileira foi orgânica desde o chão da sala de aula, uma das sugestões
constituída com violência e apagamento de outras para o trabalho pedagógico, presente nas Orientações
culturas. Didáticas do Currículo da Cidade de São Paulo (2018) é:
(C) Esbell procura recontar a história da Arte ocidental a
partir de uma perspectiva indígena, incluindo elementos (A) Incluir no currículo diversos aspectos da história e da
visuais que valorizam os povos originários e suas cultura que caracterizam a formação da população
estéticas individuais. brasileira a partir de todas as matrizes culturais, assim
(D) Esbell conta uma versão específica da história da Arte como promover contextualizações das produções
brasileira, pela ótica do colonizador, colaborando com a acadêmicas de diferentes épocas e contextos.
reconstrução do imaginário cultural e social do povo (B) Resgatar nas aulas as contribuições dos povos
brasileiro. imigrantes nas áreas social, econômica e política,
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pertinentes à história do Brasil, incluindo também os aos alunos e a experiência social que eles têm como
conteúdos referentes à história e à cultura afro- indivíduos? Por que não discutir as implicações políticas e
brasileira e dos povos indígenas brasileiros. ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas
(C) Propor projetos que valorizem e evidenciem as pobres da cidade? A ética de classe embutida neste
referências dos povos originários e negros em diálogo descaso? Porque, dirá um educador reacionariamente
com a produção de conhecimento europeia, pragmático, a escola não tem nada que ver com isso. A
estabelecendo hierarquias estéticas no processo de escola não é partido. Ela tem que ensinar os conteúdos,
contextualização local e temporal. transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si
(D) Exercitar metodologias reconhecidas que permitam o mesmos.”
diálogo para a expansão do conhecimento, conferindo FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
valores distintos para as diversas manifestações educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1999.
culturais no processo de construção e apropriação do
A partir da análise e interpretação do trecho, assinale a
saber, pois os conhecimentos não são iguais.
alternativa que contempla princípios educativos defendidos
(E) Propor vivências que valorizem e evidenciem
por Paulo Freire.
referências e produções simbólicas dos povos
(A) Ensinar exige compromisso ético, portanto, a
originários e negros, em diálogo com culturas territoriais
transferência de conhecimento deve ter isenção
locais, regionais e mundiais, assim como promover
política.
contextualizações deste repertório com as produções
(B) Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos e uma
artísticas de diferentes épocas e contextos.
leitura crítica de suas realidades.
(C) Ensinar exige rigor metodológico, isso quer dizer que o
35 currículo deve ser seguido tal como foi escrito.
(D) Ensinar exige uma prática reflexiva, ou seja, as aulas
Martins, Picosque & Guerra (1998) em “Didática do Ensino devem priorizar atividades que induzam à reflexão.
de Arte”, comparam a avaliação a uma bússola de qualidade (E) Ensinar exige que o educador ensine somente
para o professor de Arte se orientar. Afirmam também que conteúdos relacionados às disciplinas do currículo, já
é um ponto de chegada e de partida; é meio, começo, fim e que estes são suficientes e operam por si mesmos.
reinício.
Segundo as autoras, qual o propósito da avaliação em Arte 37
na Educação Básica?
(A) A avaliação permite que o professor faça o diagnóstico Mattar (2017), ao apresentar contribuições ao campo da
dos alunos e do assunto tratado e trace um caminho dos formação inicial e continuada de professores, defende o
interesses da turma, independentemente da sua “que denomina ato cartográfico” na docência da Arte. A
didática. perspectiva formativa que a autora se refere e conceitua
(B) Por ser um instrumento de controle, de constatação tem como base os processos de criação e a epistemologia
objetiva e simples, a avaliação é um instrumento de da prática.
aprendizagem e de reorientação do planejamento das Assinale a alternativa que apresenta os fundamentos dessa
situações de ensino. perspectiva:
(C) Por meio dela, o professor poderá se posicionar frente
(A) A perspectiva cartográfica impulsiona e dá sustentação
às situações de aprendizagem que planeja, revendo
à reprodução didática e ao processo de construção de
caminhos, alterando métodos, buscando alternativas,
partituras para a docência.
retrocedendo ou mudando a direção.
(B) A perspectiva cartográfica auxilia o educador na
(D) É somente através da avaliação que a aprendizagem
construção de uma base de questões, o que sustenta a
significativa de fatos e conceitos pode transformar o
organização de avaliações criativas e inovadoras.
conhecimento em instrumento de interpretação na aula
(C) A perspectiva em questão se desenvolve em torno de
de arte.
operações poético-pedagógicas que se desdobram em
(E) A avaliação deve estar orientada pelo contexto
reflexões, criações e ações artísticas e didáticas.
sociocultural do aluno e medir os conceitos teóricos e
(D) A perspectiva em questão propõe múltiplos
metodológicos transmitidos pelos professores e pelo
procedimentos, linguagens e materialidades, que
projeto pedagógico da escola.
reforçam a prática reprodutivista de professores em
suas criações artísticas.
36 (E) A perspectiva cartográfica pode ser concebida como um
trabalho da inteligência criadora, no qual o trabalho do
“Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a artista se sobrepõe ao do educador.
que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a
realidade agressiva em que a violência é a constante e a
convivência das pessoas é muito maior com a morte do que
com a vida? Por que não estabelecer uma necessária
“intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais
CONCURSO PROFEM 2022
Detalhe da obra.
PAULINO, Rosana. “Parede de Memória”, 1994-2015. Instalação com
fotografias impressas em almofadinhas. Tecido, microfibra, xerox, linha de
algodão e aquarela 8,0 x 8,0 x 3,0 cm cada elemento.