Dilemas Éticos - Casos de Estudo
Dilemas Éticos - Casos de Estudo
Dilemas Éticos - Casos de Estudo
CASO 1
D. ERMELINDA NO CENTRO DE SAÚDE
Na sala de tratamentos do Centro de Saúde estavam nesse dia a Enfª Isabel e a estagiária de
enfermagem Madalena.
A D. Ermelinda, doente idosa e algo confusa, pediu para lhe ser feito um penso de úlcera
varicosa e ficou à porta aguardando a entrada.
Atarefada na arrumação de material, a estagiária Madalena não lhe respondeu e a Enfª Isabel
atendia uma chamada telefónica de outro utente. Cansada de aguardar em pé, a D. Ermelinda
foi entrando e sentou-se na marquesa, enquanto ia expondo a perna para lhe ser feito o
penso. A Enfª Isabel levanta-se, pousa o telefone e empurra a utente pela porta, gritando com
ela “ninguém a mandou entrar!”
A D. Ermelinda sai a chorar, esbarrando com o Dr.Luís, que a questiona sobre o sucedido.
Informado pela doente, pedo explicações à Enfª Isabel que nega qualquer acontecimento
atribuindo à utente confusão mental, enquanto a estagiária Madalena, assiste ao diálogo entre
médico e enfermeira.
OPÇÕES
1. A estagiária não intervém na altura, vai ter com a professora responsável pelo
estágio e conta-lhe o sucedido, pois ficou impressionada com a atitude da
enfermeira, pedindo-lhe para mudar de local de estágio;
2. A estagiária cala-se e não intervém achando que o seu papel foi ignorado, e como
tal, deverá remeter-se ao silêncio, pois o problema não é dela;
4. A estagiária resolve não intervir na altura, mas depois confronta com ironia a Enfª
Isabel, comentando a sua mentira, mas prometendo não a denunciar se ela no
futuro tiver também alguma compreensão por erros que ela possa cometer.
Exercício:
- Das quatro atitudes, identifique aquela que será a mais correcta, a que será mais reprovável
e que será mais frequente e se existe alguma outra hipótese de actuação ética e
deontologicamente aceite, tendo em conta os valores da profissão e os direitos dos
doentes/utentes.
RESOLUÇÃO.
Esta estagiária poderia discutir o problema com a professora e ambas deveriam confrontar a
Enfª Isabel com a situação, inclusivamente levando-a a reconhecer o seu erro e a pôr em causa
as suas capacidades de formadora.
DILEMA ÉTICO
CASO 2
A ENFERMEIRA EMÍLIA
Ninguém sabe ao certo o que levou a Emília a tornar-se dependente do álcool, mas a sua vida
afectiva sempre tinha sido complicada, pois a sua relação com um médico mais velho e
conceituado, para quem o divórcio era impensável, não tinha futuro.
A nível do Serviço, de vez em quando, surgiam algumas queixas dos doentes e colegas sobre o
seu humor mal adequado e alguns gestos bruscos, sobretudo na administração da terapêutica.
Fazia grandes intervalos nas suas actividades, alimentava-se mal, queixando-se de “distúrbios
gástricos”, mas fugia ao controle médico. Negava sempre que bebesse, quando alguém
“puxava” genericamente o assunto.
Um dia, o familiar de um doente fez uma participação por escrito desta enfermeira
(queixando-se do seu atendimento e acusando também a equipa de cumplicidade neste
estado de coisas) e entregou-a à Enfermeira-Chefe.
OPÇÕES
Exercício:
- Das quatro atitudes, identifique aquela que será a mais correcta, a que será mais reprovável
e que será mais frequente e se existe alguma outra hipótese de actuação ética e
deontologicamente aceite, tendo em conta os valores da profissão e os direitos dos
doentes/utentes.
RESOLUÇÃO.
A Enfermeira-Chefe não pode ignorar a queixa escrita apresentada pelo familiar do utente.
Assim sendo, a melhor atitude a tomar é a apresentada na 4ª opção, pois não só a Enfª Emília
poderá ser confrontada com a necessidade de fazer tratamento, mas envolvem-se também os
órgãos hierárquicos, que poderão acompanhar a evolução da enfermeira, responsabilizando-se
desta, forma, pela qualidade dos cuidados prestados naquele Serviço.
Outra atitude correcta: se na instituição onde esta enfermeira trabalho houvesse um Serviço
de Saúde Ocupacional, este poderia ser chamado a acompanhar a situação da enfermeira,
monitorizando os resultados que se conseguissem. Temporariamente, e enquanto a
enfermeira estivesse em tratamento, devia ser afastada da prestação de cuidados directos.
DILEMA ÉTICO
CASO 3
AUTONOMIA OU COMPLEMENTARIDADE?
A D. Maria era utente habitual da Consulta da Dor, conhecida do Dr. Oliveira, que já nem pedia
o processe clinico quando ela aparecia.
Num determinado mês, a D. Maria tornou-se muito assídua, aparecendo de dois em dois dias
na consulta, sendo-lhe administrada, através de prescrição oral do Dr. Oliveira, uma fórmula
de morfina subcutânea.
A Enfª Cláudia estranhou esta assiduidade e pediu ao médico que escrevesse no processo
clínico quer a situação actual da doente, quer a prescrição recomendada, caso contrário
recusar-se-ia a administrar mais qualquer terapêutica.
A doente foi fazer queixa ao Dr. Oliveira que telefonou imediatamente à Enfermeira-Directora
solicitando a transferência de serviço da Enfª Cláudia, dizendo que ela era conflituosa,
levantava problemas que não existiam com as outras enfermeiras, que acatavam sempre a sua
prescrição oral, e que tinha prejudicado a D. Maria com a sua atitude.
OPÇÕES
Exercício:
- Das quatro atitudes, identifique aquela que será a mais correcta, a que será mais reprovável
e que será mais frequente e se existe alguma outra hipótese de actuação ética e
deontologicamente aceite, tendo em conta os valores da profissão e os direitos dos
doentes/utentes.
RESOLUÇÃO.
Se, por um lado, a Enfª Cláudia tinha razão em recusar uma prescrição médica sem ser escrita,
por outro prejudicou a utente. Assim, a melhor opção será a apresentada no 3º lugar, pois
nesta reunião quer o médico quer a enfermeira poderiam confrontar as suas razões para
terem tomado as atitudes descritas. Neste aspecto, a negociação e a assertividade são
preciosas para resolver o conflito, com a Enfermeira-Directora a fazer o papel de mediadora.
Como resultado, poderia inclusivamente estabelecer-se um protocolo escrito para as
prescrições de terapêutica em casos especiais, como parecia ser aquele caso.