Incidente Crítico
Incidente Crítico
Incidente Crítico
Enfermagem
Escola de Enfermagem de Lisboa
Curso de Licenciatura de Enfermagem
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Universidade Católica Portuguesa- Faculdade de Ciências da Saúde e
Enfermagem
Escola de Enfermagem de Lisboa
Curso de Licenciatura de Enfermagem
Índice:
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Introdução........................................................................................................ 4
1ª etapa: descrição.............................................................................................. 5
2ª etapa: pensamentos e sentimentos...................................................................... 5
3ª etapa: avaliação.............................................................................................. 6
4ª etapa: análise................................................................................................. 6
5ª etapa: conclusão............................................................................................. 7
6ª etapa: planear a ação....................................................................................... 7
Bibliografia:...................................................................................................... 8
Introdução
No âmbito da Unidade Curricular Ensino Clínico 4 – Cuidados à Pessoa com
Doença Aguda – do segundo semestre, do segundo ano, da Licenciatura de Enfermagem
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da Universidade Católica Portuguesa, foi-nos proposta a realização de um Incidente
Crítico, segundo o Ciclo reflexivo de Gibbs sobre uma situação ocorrida em contexto
que nos tenha marcado de alguma forma.
De modo a guardar sigilo e a privacidade do utente, irei usar as siglas Sr. I. para
me referir ao mesmo.
1ª etapa: descrição
O episódio ocorrido teve lugar no contexto hospitalar, no serviço de cirurgia
vascular, durante o ensino clínico 4. Tinha a meu encargo o utente I., de etnia eslava, um
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senhor independente e que tinha um grande conhecimento sobre a sua doença e sobre
todos os medicamentos e tratamentos que lhe eram dados. Já passava da hora de
almoço, eram umas 14h da tarde e o Sr. I tinha ido passear pelo serviço, com o auxílio
da sua cadeira de rodas. Quando ele regressa depara-se com a seguinte situação no seu
quarto: eu estava a preparar uma medicação SOS para outro utente que estava com
muitas queixas álgicas. Ele ao ver aquilo começa a referir que também está cheio de
queixas álgicas e começa a exigir-me que lhe traga, o mais rapidamente, uma medicação
para as dores.
Quando pedi à enfermeira, que estava responsável pelo utente, a medicação, ela
referiu que não fazia sentido dar-lha, dado que o Sr. I. tinha passado o dia todo a passear
pelo serviço e que tinha acabado de passar pela enfermaria e ter dito um “olá” com
muita alegria e sem mostrar quaisquer sinais de dor ou desconforto. Por isso, a
enfermeira disse-me para eu lhe dar uma seringa de soro e dizer-lhe que aquela era a
medicação mais forte para as dores que nós tínhamos para ele.
Quando a enfermeira me disse para eu lhe dar a seringa com soro fiquei
assustada e com dúvidas sobre a ação, se era correta ou não. Como era a enfermeira
responsável pelo doente não pensei sequer em não fazer o que ela me tinha dito, mas
continuava irrequieta porque não percebia o motivo. Então arrisquei perguntar o porquê
da ação e confrontar esta minha dúvida com a enfermeira e depois de vários argumentos
e confrontos de ideias chegámos a um consenso e eu pude perceber bem o motivo.
Enquanto dava o placebo estava ansiosa, com medo de que o senhor estivesse
mesmo com dor e que aquilo não aliviasse. No entanto, mostrei segurança ao dizer
aquilo que a enfermeira me tinha sugerido dizer e firmeza ao administrar o soro. Ao fim
de meia hora a medicação tinha surtido efeito, o Sr. I. disse que a medicação o tinha
ajudado e que já não apresentava dor. Este facto deixou-me bastante mais tranquila e
aliviada.
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3ª etapa: avaliação
Avalio como pontos positivos a minha necessidade de ajuizar e confrontar com a
enfermeira orientadora e a enfermeira do serviço sobre a moralidade da ação. Perceber
que às vezes temos de saber olhar para a realidade tendo em conta todos os fatores e pô-
los na balança: o Sr. I. referia dor, mas não apresentava sinais e sintomas de dor ou
desconforto.
Outro ponto positivo penso que foi ter conseguido mostrar confiança e firmeza
durante a administração do placebo e uma atitude e postura assertiva na forma como
falei com o Sr. I.
Consigo identificar como pontos negativos o facto de não ter corrigido o Sr. I.
pela forma como falou comigo e não ter tido logo coragem de confrontar com a
enfermeira a minha dúvida e receio inicial.
4ª etapa: análise
O Sr. I. tinha como patologia de base isquemia do membro inferior direito e era
esse fator que lhe causava a dor. No entanto, ao longo desse turno o Sr. I. ainda não
tinha apresentado quaisquer sinais de dor, tinha até estado inclusive a passear pelo
serviço o dia todo, pelo que não me permitiu realizar nenhuma intervenção.
Penso que o que o levou a referir dor foi o facto de me ver a dar uma terapêutica
analgésica a outro utente e querer o mesmo para ele. Ele podia até de facto não estar a
sentir nenhuma dor e penso que ele me pediu apenas a medicação porque também se
queria sentir cuidado. Acredito que uma pessoa que esteja nesta situação: sozinha no
hospital, vulnerável porque tem uma doença que por vezes lhe causa dor e sofrimento,
sem ninguém com quem falar e que de repente aparece uma estudante de enfermagem
que tem muito mais tempo e disponibilidade para ele do que as enfermeiras têm, tenha
uma vontade maior de ser cuidado mesmo não havendo a necessidade.
Refiro-me a este facto porque o Sr. I. quando tinha chegado a hora de avaliar a
glicémia, queria que fosse eu que fizesse a avaliação, sendo ele um senhor independente
e diabético há já muitos anos.
Pude verificar mais uma vez que o Sr. I. não apresentava mesmo uma dor
relacionada com a isquémia porque após a administração do placebo ele referiu que a
dores tinham passado e que já se sentia bem. No entanto, eu percebi que o que ele
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realmente necessitava era de companhia e de medidas não farmacológicas para aliviar
outro tipo de dor, que no seu caso era uma dor relacionada com a parte emocional.
5ª etapa: conclusão
Concluo dizendo que esta experiência foi de uma grande riqueza para a minha
vida enquanto futura enfermeira porque pude perceber que os enfermeiros
desempenham um papel muito importante na administração dos medicamentos, porque
têm o dever e responsabilidade de avaliar bem todos os fatores que levam o doente a
referir dor.
Tem de saber avaliar bem todos os fatores em causa, perceber quais as melhores
intervenções e saber discutir e falar com o doente sobre qual o melhor tratamento para
ele. Neste caso, o placebo e outras medidas não farmacológicas seriam o melhor
tratamento para o Sr. I. dado que a sua dor não era física, mas sim sentimental.
Bibliografia:
Artigo de reflexão segundo o ciclo reflexivo de aprendizagem de F. Loureiro e T.
Afonso: “Cuidados à criança em situação crítica”. Consultado a 15 de maio de 2024,
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em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/36823/1/Artigo_FLoureiro_07_2021.pdf