Incidente Crítico

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Universidade Católica Portuguesa- Faculdade de Ciências da Saúde e

Enfermagem
Escola de Enfermagem de Lisboa
Curso de Licenciatura de Enfermagem

Unidade Curricular: Ensino Clínico 4- Cuidados à Pessoa


com Doença Aguda
Incidente crítico

Ano Letivo: 2023/2024


2º Ano, 2º Semestre
Turma 17

Discente: Maria Rebelo, nº198922077


Enfermeiras Orientadoras: Enfermeira
Joana Fajardo e Enfermeira Mariana Estevam

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Universidade Católica Portuguesa- Faculdade de Ciências da Saúde e
Enfermagem
Escola de Enfermagem de Lisboa
Curso de Licenciatura de Enfermagem

Unidade Curricular: Ensino Clínico 4- Cuidados à Pessoa


com Doença Aguda
Incidente crítico

Ano Letivo: 2023/2024


2º Ano, 2º Semestre
Turma 17

Regente da Unidade Curricular:


Professora Doutora Lúcia Bacalhau
Professora orientadora: Professora
Doutora Filipa Veludo

Índice:
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Introdução........................................................................................................ 4
1ª etapa: descrição.............................................................................................. 5
2ª etapa: pensamentos e sentimentos...................................................................... 5
3ª etapa: avaliação.............................................................................................. 6
4ª etapa: análise................................................................................................. 6
5ª etapa: conclusão............................................................................................. 7
6ª etapa: planear a ação....................................................................................... 7
Bibliografia:...................................................................................................... 8

Introdução
No âmbito da Unidade Curricular Ensino Clínico 4 – Cuidados à Pessoa com
Doença Aguda – do segundo semestre, do segundo ano, da Licenciatura de Enfermagem
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da Universidade Católica Portuguesa, foi-nos proposta a realização de um Incidente
Crítico, segundo o Ciclo reflexivo de Gibbs sobre uma situação ocorrida em contexto
que nos tenha marcado de alguma forma.

Esta metodologia do Ciclo de Gibbs tem como principal objetivo a reflexão e


aprofundamento de uma experiência vivida em contexto de prestação de cuidados de
saúde. Esta é organizada e descrita em seis etapas: a descrição do incidente; os
sentimentos e pensamentos, onde descrevemos o que sentimos durante a situação
vivida; a avaliação, que consiste numa compreensão mais profunda da situação,
relatando os aspetos negativos e positivos; a análise consiste na identificação de
padrões, causas e consequências; a conclusão, é onde se falam dos principais pontos a
reter desta experiência e, em ultimo lugar, o plano de ação, onde, através das
aprendizagens adquiridas, reflete-se sobre o modo de agir em situações futuras e as
ferramentas e estratégias que podem eventualmente ser usadas.

De modo a guardar sigilo e a privacidade do utente, irei usar as siglas Sr. I. para
me referir ao mesmo.

1ª etapa: descrição
O episódio ocorrido teve lugar no contexto hospitalar, no serviço de cirurgia
vascular, durante o ensino clínico 4. Tinha a meu encargo o utente I., de etnia eslava, um

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senhor independente e que tinha um grande conhecimento sobre a sua doença e sobre
todos os medicamentos e tratamentos que lhe eram dados. Já passava da hora de
almoço, eram umas 14h da tarde e o Sr. I tinha ido passear pelo serviço, com o auxílio
da sua cadeira de rodas. Quando ele regressa depara-se com a seguinte situação no seu
quarto: eu estava a preparar uma medicação SOS para outro utente que estava com
muitas queixas álgicas. Ele ao ver aquilo começa a referir que também está cheio de
queixas álgicas e começa a exigir-me que lhe traga, o mais rapidamente, uma medicação
para as dores.

Quando pedi à enfermeira, que estava responsável pelo utente, a medicação, ela
referiu que não fazia sentido dar-lha, dado que o Sr. I. tinha passado o dia todo a passear
pelo serviço e que tinha acabado de passar pela enfermaria e ter dito um “olá” com
muita alegria e sem mostrar quaisquer sinais de dor ou desconforto. Por isso, a
enfermeira disse-me para eu lhe dar uma seringa de soro e dizer-lhe que aquela era a
medicação mais forte para as dores que nós tínhamos para ele.

2ª etapa: pensamentos e sentimentos


Num primeiro impacto, senti logo uma grande necessidade em ir pedir às
enfermeiras uma medicação SOS para o Sr. I., mas no meio daquela exigência toda e
gritaria por parte do Sr. I. senti uma certa irritação e desconforto com a forma com ele
tinha falado comigo. No entanto, achei por bem ir falar com as enfermeiras e dizer-lhes
o que tinha acontecido e que o Sr. I. estava com dores porque, como aprendi na
faculdade, a dor é subjetiva e nunca deve ser desvalorizada.

Quando a enfermeira me disse para eu lhe dar a seringa com soro fiquei
assustada e com dúvidas sobre a ação, se era correta ou não. Como era a enfermeira
responsável pelo doente não pensei sequer em não fazer o que ela me tinha dito, mas
continuava irrequieta porque não percebia o motivo. Então arrisquei perguntar o porquê
da ação e confrontar esta minha dúvida com a enfermeira e depois de vários argumentos
e confrontos de ideias chegámos a um consenso e eu pude perceber bem o motivo.

Enquanto dava o placebo estava ansiosa, com medo de que o senhor estivesse
mesmo com dor e que aquilo não aliviasse. No entanto, mostrei segurança ao dizer
aquilo que a enfermeira me tinha sugerido dizer e firmeza ao administrar o soro. Ao fim
de meia hora a medicação tinha surtido efeito, o Sr. I. disse que a medicação o tinha
ajudado e que já não apresentava dor. Este facto deixou-me bastante mais tranquila e
aliviada.

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3ª etapa: avaliação
Avalio como pontos positivos a minha necessidade de ajuizar e confrontar com a
enfermeira orientadora e a enfermeira do serviço sobre a moralidade da ação. Perceber
que às vezes temos de saber olhar para a realidade tendo em conta todos os fatores e pô-
los na balança: o Sr. I. referia dor, mas não apresentava sinais e sintomas de dor ou
desconforto.

Outro ponto positivo penso que foi ter conseguido mostrar confiança e firmeza
durante a administração do placebo e uma atitude e postura assertiva na forma como
falei com o Sr. I.

Consigo identificar como pontos negativos o facto de não ter corrigido o Sr. I.
pela forma como falou comigo e não ter tido logo coragem de confrontar com a
enfermeira a minha dúvida e receio inicial.

4ª etapa: análise
O Sr. I. tinha como patologia de base isquemia do membro inferior direito e era
esse fator que lhe causava a dor. No entanto, ao longo desse turno o Sr. I. ainda não
tinha apresentado quaisquer sinais de dor, tinha até estado inclusive a passear pelo
serviço o dia todo, pelo que não me permitiu realizar nenhuma intervenção.

Penso que o que o levou a referir dor foi o facto de me ver a dar uma terapêutica
analgésica a outro utente e querer o mesmo para ele. Ele podia até de facto não estar a
sentir nenhuma dor e penso que ele me pediu apenas a medicação porque também se
queria sentir cuidado. Acredito que uma pessoa que esteja nesta situação: sozinha no
hospital, vulnerável porque tem uma doença que por vezes lhe causa dor e sofrimento,
sem ninguém com quem falar e que de repente aparece uma estudante de enfermagem
que tem muito mais tempo e disponibilidade para ele do que as enfermeiras têm, tenha
uma vontade maior de ser cuidado mesmo não havendo a necessidade.

Refiro-me a este facto porque o Sr. I. quando tinha chegado a hora de avaliar a
glicémia, queria que fosse eu que fizesse a avaliação, sendo ele um senhor independente
e diabético há já muitos anos.

Pude verificar mais uma vez que o Sr. I. não apresentava mesmo uma dor
relacionada com a isquémia porque após a administração do placebo ele referiu que a
dores tinham passado e que já se sentia bem. No entanto, eu percebi que o que ele

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realmente necessitava era de companhia e de medidas não farmacológicas para aliviar
outro tipo de dor, que no seu caso era uma dor relacionada com a parte emocional.

5ª etapa: conclusão
Concluo dizendo que esta experiência foi de uma grande riqueza para a minha
vida enquanto futura enfermeira porque pude perceber que os enfermeiros
desempenham um papel muito importante na administração dos medicamentos, porque
têm o dever e responsabilidade de avaliar bem todos os fatores que levam o doente a
referir dor.

Tem de saber avaliar bem todos os fatores em causa, perceber quais as melhores
intervenções e saber discutir e falar com o doente sobre qual o melhor tratamento para
ele. Neste caso, o placebo e outras medidas não farmacológicas seriam o melhor
tratamento para o Sr. I. dado que a sua dor não era física, mas sim sentimental.

6ª etapa: planear a ação


Olhando para a situação que vivi, penso que a minha postura como aluna foi a
mais acertada tendo em conta a minha falta de experiência nesta área. Procurei perceber
todos os aspetos, positivos e negativos e consegui refletir e chegar a uma conclusão
fundamentada, juntamente com as enfermeiras do serviço e professora orientadora.

Contudo, espero voltar a ter novamente a oportunidade de me confrontar com


uma situação destas e procurar aprofundar os meus conhecimentos éticos sobre a
administração de placebo e também sobre o que é a dor, como esta pode ser manifestada
pelo doente e como pode ser o mais bem interpretada pelo enfermeiro.

Bibliografia:
Artigo de reflexão segundo o ciclo reflexivo de aprendizagem de F. Loureiro e T.
Afonso: “Cuidados à criança em situação crítica”. Consultado a 15 de maio de 2024,

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em:
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/36823/1/Artigo_FLoureiro_07_2021.pdf

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