Hist PCMG
Hist PCMG
Hist PCMG
!SBN: 85-85930-53-5
1.Pd^^CMhhi^w^-Mm^G&'&^Ln^o
CD^3^7^^^U
Coordenação Edítoria!
Mário Cleber Martins Lanna Junior
Produção Editorial
Ronara de Pauia
Assistente de Produção
isabe! de Carvaiho Pereira
Projeto Gráfico
Frederico Sá Motta
Revisão de Texto
Tucha
Normalização
Hetena Schirm
EQUIPE TECNiCA
Coordenação Editorial
Mário Cléber Martins Lanna Júnior
Auxiliar de Pesquisa
Henrique Rocha Bedetti
Gravação
Néüo Costa
Transcrição
Midianele Ltda
Estagiários
Gerson Castro dos Santos
Lucilla da Silva Cavaícanti
Ludimilia do Amor Divino Machado
Paulo Henrique Neves Lopes Rodrigues
Verônica Bruna Barroso
Apoio Admistrativo
Flavia Tadeu de Oliveira
Luzia O! iva Barros
AGRADECIMENTOS
Para a realização desse trabatho, c o n t a m o s com a vatiosa colaboração das seguintes pessoas e instituição:
E d i r a l d o j o s é M a r q u e s Bicalho Brandão
Jesus T r i n d a d e Barreto
J o s é R e z e n d e de A n d r a d e
O t t o Teixeira F i l h o
Esta obra teve início na gestão do chefe da Polícia Civil, dr O t t o Teixeira Filho e do p r e s i d e n t e da F u n d a ç ã o
J o ã o Pinheiro, Amilcar Martins, s e n d o L e o n a r d o Alves L a m o u n i c r o diretor do extinto C e n t r o de Estudos
Históricos e Culturais.
A investigação criminai ocupa vasto terreno no imaginário coletivo, desafiando a intuição, a técnica e a criatividade
do ser humano. Deu motivações efervescentes à ciência, á literatura, á administração pública e, na modernidade,
tornou-se uma relevante instituição do Direito, executada em padrões profissionais por órgãos do Estado.
Recentemente, em face dos imperativos éticos e políticos de enfrentamento ao fenômeno da violência, a atividade
investigativa vem exigindo comptexas arquiteturas organizacionais na esfera da máquina estatal.
Em Minas Gerais, a Polícia Civil representa importante capítuío na história de desenvolvimento da justiça crimina!
concorrendo, não sem dificuldades, para a afirmação da nossa identidade e elevação dos padrões civilizatórios de
convivência interpessoal e comunitária.
Em boa hora, a administração governamental iniciada em 2003, cuja marca é a da modernização, enxergou a
importância da construção de um registro técnico desta trajetória e, buscando a notável excelência da Fundação
João Pinheiro, encomendou o trabalho que ora se consuma com este belíssimo livro.
Nós, policiais civis de todas as carreiras, nos orgulhamos deste caminhar que, acima de contradições, chega
hoje a um desafio de grande importância, alicerçado na idéia de executar a força policial investigatória no
âmbito dos marcos constitucionais de promoção de direitos e da cidadania. O exercício ponderado da força
admitida pelos construios democráticos requer uma Polícia Civi! cada vez mais reverente ao seu passado de
uma produção, digamos, artesanal, até o instante presente e perspectivas futuras, em que precisa atuara partir
de visões aplicadas das ciências sociais, humanas e naturais, incidindo sobre os conflitos violentos com o
ânimo de fomentar a paz.
O livro reproduz uma narrativa histórica fundamentada em pesquisa bibliográfica e arquivos, um rico trabalho
informativo sobre a instituição Polícia Civil e sua inserção na sociedade. São informações passíveis de serem
colhidas pontualmente, de acordo com interesses específicos, ou absorvidas como uma síntese histórica sobre
as transformações da Polícia Civil e da segurança pública em Minas Gerais ao longo dos anos. Seu público-
alvo abrange aqueles diretamente ligados à segurança pública, como policiais, administradores, gestores e estu-
diosos da área, e outros, leigos no assunto, mas nem por isso menos interessados em conhecer sobre um tema
que ocupa boa parte dos noticiários e está entre as preocupações mais relevantes da sociedade atual.
É um texto inédito que corresponde à primeira iniciativa de se contar a história da Polícia Civil em Minas Gerais.
Representa também um esforço da entidade em implantar um novo marco na sua existência, caracterizado pela
transparência e pela acessibilidade aos seus registros, uma exigência dos novos tempos. Além de se constituir
em documento para a instituição, a obra permite ao público conhecer os processos de sua fundação, institu-
cionalização e desenvolvimento histórico. É com grande honra que a Fundação João Pinheiro participa deste
relevante e pioneiro trabalho consolidado nesta publicação.
SUMÁRtO
htrodução .15
Capítuto 4: Etementos para uma sociologia histórica da Polícia Civil em Minas Gerais 129
Cronotogia J67
Listas J70
Referências 175
BtBLiOTECA DA
tNTRODUÇÃO
os aspectos, em relação aos t e s t e m u n h o s do passado e da b i b ü o g r a ñ a s o b r e a Policía Civi! de M i n a s
Gerais, o q u a d r o a p o n t o u para a carencia de d o c u m e n t o s e trabalhos bibÜográñcos especíñcos.
O l e v a n t a m e n t o b i b l i o g r á f i c o s o b r e s e g u r a n ç a p ú b l i c a c p o l í c i a , e m M i n a s G e r a i s , foi s u ñ c i e n t e
para a p o n t a r a pertinencia de um e s t u d o histórico sobre a Polícia Civil no Estado. D e t e c t o u - s e , p o r
e x e m p l o , q u e existe, a t u a l m e n t e , g r a n d e interesse em relação ao tema, e v i d e n c i a d o pelo crescente
n ú m e r o de m o n o g r a ñ a s , dissertações e teses desenvolvidas nos principais p r o g r a m a s de pós-gra-
d u a ç ã o de Belo H o r i z o n t e , nos centros, c o m o a Faculdade de Filosoña e Ciencias H u m a n a s e a
Faculdade de Economia, da Universidade Federa! de Minas Gerais, e a Fundação J o ã o Pinheiro.
E s s e i n t e r e s s e n ã o é e v e n t u a ! o u p o n t u a ! , e!e e s t á p r e s e n t e e m t o d o o P a í s , p r i n c i p a l m e n t e n o s
g r a n d e s c e n t r o s c u l t u r a i s . S e g u e u m a t e n d ê n c i a s u r g i d a d e s d e a d é c a d a d e 19S0.
O s p r i m e i r o s e s t u d o s s o b r e o t e m a f o r a m feitos, p r i n c i p a l m e n t e , p o r s o c i ó l o g o s e a n t r o p ó l o g o s ,
p o r t a n t o t i n h a m u m a a b o r d a g e m p r e d o m i n a n t e m e n t e m a r c a d a p o r essas d u a s disciplinas. M u i t o s
uj o u t r o s t r a b a l h o s s u r g i r a m d e s d e a d é c a d a de 1980, o q u e a m p l i o u s o b r e m a n e i r a , q u a n t i t a t i v a e
^ quaütativamente, a üteratura sobre o tema. N o v a s abordagens foram agregadas, c o m ênfase em o u -
g tras áreas do c o n h e c i m e n t o , c o m o a da a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a e a da ciência política, e n t r e t a n t o
t—
E
^í/w/w/j^^^c^o yM.r//(-^ fw Aí/K¿?y GíV-^/j* — ^^r^/o A'/X, u m a p u b l i c a ç ã o r e c e n t e q u e
S procura c o m p r e e n d e r a segurança pública em M i n a s G e r a i s d u r a n t e o Império, u m a análise sobre
g a s a ç õ e s e o s p r o b l e m a s e n c o n t r a d o s n e s s a á r e a . A i n d a s o b r e M i n a s G e r a i s , foi e n c o n t r a d o o t r a -
3 b a l h o de J o ã o L o p e s , Píí^Ar^ í/f A í / K ^ y G ^ ¿ r . a íwryy
o C/y/Zf^y AÍ/7//a/^ u m t r a b a l h o d e c i ê n c i a p o l í t i c a e s p e c i ñ c a m e n t e d e a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a
á q u e c o n t e m u m a curta análise histórica sobre a Polícia Civil e Militar em M i n a s G e r a i s . D e s t a c a -
g s e n e s s e t e x t o o fato d e s e t r a t a r d o c a s o e s p e c í f i c o d e M i n a s G e r a i s e s e r r e s u l t a d o d e u m t r a b a -
w lho a c a d ê m i c o desenvolvido p o r um d e l e g a d o da Polícia Civil mineira, o q u e lhe confere um signi-
ó ñ c a d o especial.
A h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i ! foi o b j e t o e s p e c í f i c o d e e s t u d o n o t r a b a l h o d e H e r m e s V i e i r a e O s v a l d o
Silva, / / / j r o n ^ C / W í / í ' .S'¿o p u b l i c a d o n a d é c a d a d e 1950. S o b r e a P o l í c i a C i v i l d e
Minas Gerais, destaca-se um trabalho voltado para o a p r e n d i z a d o e o cotidiano do delegado de
Polícia, o 0?g3M/z/?(^ão í- PoZ/r/^/í, de A n t ô n i o D u t r a L a d e i r a . !'^ssa o b r a de r e f e -
r ê n c i a foi u m a i n t e r l o c u t o r a p r i v i l e g i a d a , d a d a a r e l e v â n c i a p a r a o o b j e t o d e p e s q u i s a e a q u a l i d a d e
de suas informações. O trabalho de Ladeira privilegia o Direito c o m o fonte principa!. O autor a p r e -
senta u m a a b o r d a g e m d o p o n t o d e vista j u r í d i c o d e f u n d a m e n t a l r e l e v â n c i a p a r a o c o n h e c i m e n t o
sobre a história da Polícia Civil de M i n a s Gerais.
O l e v a n t a m e n t o s o b r e o t e m a e v i d e n c i o u o c r e s c e n t e interesse e a g r a n d e l a c u n a q u e existe em
relação ao c o n h e c i m e n t o histórico sobre o tema. N e s s e contexto, esse livro coincide c o m o cres-
cente interesse e colabora para d i m i n u i r a lacuna deixada pela historiograña. O objetivo é resgatar
a m e m ó r i a da instituição Polícia Civil em M i n a s G e r a i s , a p o n t a r suas i d e n t i d a d e s e tradições
h i s t ó r i c a s , c o m p r e e n d ê - l a c o m o u m a instituií^ão i n t e g r a d a à s o c i e d a d e e , p o r t a n t o , r e ñ e x o d a s c o n -
tradições dessa sociedade.
E s s e é o c o n c e i t o d e P o l í c i a C i v i l a d o t a d o n e s t e livro. O c o n j u n t o d a s a u t o r i d a d e s m e n c i o n a d o r e -
fere-se, no p e r í o d o imperial, ao chefe de Polícia, delegado, subdelegado, investigador, a g e n t e de
polícia e carcereiro, cargos criados ao longo dos anos em diferentes contextos, c o m o o cargo de
c a r c e r e i r o q u e s u r g i u a n t e s d o I m p é r i o , n o Brasil C o l ô n i a . A s p r i n c i p a i s r e f e r ê n c i a s l e g a i s s o b r e
e s s e s c a r g o s , a n a l i s a d a s n o s c a p í t u l o s a b a i x o , s ã o : o C ó d i g o C r i m i n a l d e 1832, a L e i n . 2 6 1 , d e 1 8 4 1 ,
a s L e i s n . 2.033 e n . 4 . 8 2 4 , d e 1871 ( S A A D , 2 0 0 4 , p . 2 7 , 4 0 , 50) e o D e c r e t o n . 6 1 3 , d e 1 8 9 3 , q u e t e v e
o mérito de consolidar esses cargos c o m o um conjunto de a u t o r i d a d e s policiais. U m a p r i m e i r a t e n -
tativa d e o r g a n i z a ç ã o institucional q u e s e c o m p l e t o u a p e n a s d e p o i s d a d é c a d a d e 1920, n a P r i m e i r a
República.
O m o d e l o p o l í t i c o i m p e r i a l c o n c e b e u u m t i p o d e p o l í c i a n a q u a l a d i s t i n ç ã o e n t r e m i l i t a r e civil
e r a i n e x i s t e n t e . E s s e m o d e l o c o n c r e t i z o u fatos r e l e v a n t e s p a r a a h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i l , c o m o a
criação de cargos c o m o o de chefe de Polícia, d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s , ou a d e n n i ç ã o de c o m -
p e t ê n c i a s d a p o l í c i a a d m i n i s t r a t i v a e j u d i c i á r i a , c o m o a p o n t o u M a r t a S a a d ( 2 0 0 4 ) , n a o b r a O Dí/y/ro
í/f D^y¿? o T o d o s esses cargos e c o í u p e t ê n c i a s são i d e n t i d a d e s m a r c a n t e s da
Polícia Civil, e n t r e t a n t o eles antecedeíu à criação da Polícia Civil c o m o instituição, surgida no c o n -
texto político da Primeira República.
g
E Foram utilizados, principalmente, os d o c u m e n t o s guardados no Arquivo Público Mineiro, os
M relatórios e m e n s a g e n s de p r e s i d e n t e s de províncias e de g o v e r n a d o r e s do E s t a d o para a Assembléia
E s t a d u a l d e D e p u t a d o s , a l é m d a l e g i s l a ç ã o p e r t i n e n t e , e s p e c í f i c a d o a s s u n t o . E s s e m a t e r i a l foi ú t i l
na r e c o n s t r u ç ã o histórica das c o m p e t ê n c i a s e das t r a n s f o r m a ç õ e s institucionais da Polícia Civil em
M i n a s Gerais nos períodos imperial e republicano.
' Recentemente, iniciativas, c o m o a criação da Diretoria de Documentação Histórica, objetivam meihorar a gestão da memória na Poiicia
Civit. em especifico o arquivamento de s e u s d o c u m e n t o s históricos.
A d i ñ c u l d a d e foi f o r m a r u m a s é r i e d o c u m e n t a ! q u e a b r a n g e s s e t o d o o p e r í o d o h i s t ó r i c o p e s q u i s a -
do. As fontes e n c o n t r a d a s foram firagmentadas no t e m p o , c o m p e r í o d o s privilegiados de d a d o s e
d o c u m e n t o s , outros desprovidos d e vestígios, u m a característica p r ó p r i a d o c o n h e c i m e n t o históri-
co que se conñgura na trama tecida por ños que deixam longos espaços descobertos ( V E Y N E ,
1972). A m a i o r i a d a s i n f o r m a ç õ e s o r i g i n o u - s e d a s f o n t e s o ñ c i a i s e n c o n t r a d a s n o A r q u i v o P ú b l i c o
M i n e i r o , o n d e foi p o s s í v e l l e v a n t a r a d o c u m e n t a ç ã o s o b r e o p e r í o d o i m p e r i a l e o r e p u b l i c a n o ,
e x c e t o e n t r e 1950 e 1945 e a p ó s a d é c a d a d e 1960, d a t a l i m i t e q u a n d o o r e c o l h i m e n t o d e d o -
c u m e n t o s p e l o A r q u i v o P ú b l i c o M i n e i r o foi i n t e r r o m p i d o . R e c e n t e m e n t e , n a d é c a d a d e 1990, e s s e
Arquivo recebeu a d o c u m e n t a ç ã o do antigo D e p a r t a m e n t o de O r d e m Política e Social ( D O P S ) ,
q u e se refere à ação política repressiva da Polícia Civil. Esses d o c u m e n t o s não foram utilizados,
pois i n f o r m a m , p r i n c i p a l m e n t e , s o b r e a r e p r e s s ã o e m u i t o p o u c o s o b r e o p o n t o de vista da história
i n s t i t u c i o n a l a d m i n i s t r a t i v a . ' M a i s r e l e v a n t e foi a d o c u m e n t a ç ã o d a sala d e c o n s u l t a d o A r q u i v o , a s
o b r a s d e r e f e r ê n c i a s , e s p e c i ñ c a m e n t e a s c o l e ç õ e s d e leis. S o b r e e s s e t i p o d e d o c u m e n t a ç ã o , o u seja,
n o r m a s , d e c r e t o s , c ó d i g o s e leis, p r e v a l e c e a m á x i m a d e s e r e m e v i d ê n c i a s d e u m a n o r m a l i z a ç ã o e
de um ideal, p o r t a n t o d e v e m ser analisadas pela perspectiva do p o d e r do Estado, apesar de refletir
p a r t e d a s o c i e d a d e . N e m s e m p r e a s leis f o r a m r e g u l a m e n t a d a s o u m e s m o a p l i c a d a s , p o r isso
c u i d o u - s e d e v e r i ñ c a r essa c o n d i ç ã o , s e m q u e a c o n s t a t a ç ã o d e s s e s fatos d i m i n u í s s e o v a l o r d e s s a s
leis c o m o d o c u m e n t o s h i s t ó r i c o s .
O l i v r o foi d i v i d i d o e m c a p í t u l o s d e a c o r d o c o m a h i s t ó r i a p o l í t i c a d o Brasil e d e M i n a s G e r a i s . O
p r i m e i r o capítulo trata das origens da o r g a n i z a ç ã o policial no País, d e s d e o p e r í o d o colonial até o
i m p e r i a l . A a n á l i s e d e s s e p e r í o d o foi u m a n e c e s s i d a d e d e p e s q u i s a . A p r i n c í p i o , o o b j e t i v o e r a c o n -
tar a história da Polícia Civi! apenas no p e r í o d o r e p u b l i c a n o , e n t r e t a n t o a pesquisa m o s t r o u , logo '3-
de início, q u e era f u n d a m e n t a l , p a r a explicar a instituição na República, c o m p r e e n d e r os anos a n t e - o
riores, p r i n c i p a l m e n t e d u r a n t e o Império, q u a n d o foram d a d o s os p r i m e i r o s passos para a consti- S
t u i ç ã o d a P o l í c i a b r a s i l e i r a . N e s s a fase d a h i s t ó r i a d o Brasil, o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s e j u r í d i c o s s e c o n - c3
fundiam, herança do m o d e l o colonial português, no qual as organizações policiais e r a m regidas
pelas O r d e n a ç õ e s Manuelinas.
^ A liberação do materiai do DOPS para o púbüco foi recebida com muita expectativa peio meio acadêmico, principalmente pelos historiadores,
por documentar a memória de um aspecto ainda pouco conhecido de nossa história recente. Cada vez mais pesquisadores se interessam
por e s s e material e produzem trabalhos esclarecedores, voltados, em gerat. para o tema da repressão potitica. Como exemplo d e s s e s estu-
dos, especificamente para Minas Gerais, cf. ASSUNÇÃO: MOTTA, 2006.
^ A figura do delegado militar especial surgiu diante da falta de recursos humanos para assumir a responsabilidade nas delegacias do inte-
rior do Estado, onde o chefe de Polícia não tinha pessoal capacitado para nomear um delegado formado em Direito. Eram oficiais da Força
Pública, reformados ou afastados de suas funções para exercer a função de delegado n e s s a s cidades.
As atribuições da Potícia Civi! de M i n a s G e r a i s a u m e n t a r a m nesse período, s e g u n d o a lógica do
fortalecimento dos governos estaduais q u e m a r c a r a m a P r i m e i r a República brasileira. N e s s a época,
a Polícia Civil a m p l i o u - s e c o m o instituição, c o m a criação da G u a r d a Civil, do G a b i n e t e de
Identincação e Estatística Criminal, da ínspetoria de Veículos, do G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l e do
G a b i n e t e de Investigação e C a p t u r a s . O ó r g ã o passou a exigir u m a nova c o n n g u r a ç ã o administra-
tiva e d e i x o u d e s e v i n c u l a r à S e c r e t a r i a d o I n t e r i o r p a r a a d q u i r i r m a i o r a u t o n o m i a e p o d e r p o l í t i -
co na nova S e c r e t a r i a de S e g u r a n ç a e Assistência Pública, c r i a d a em 1926 p a r a esse ñ m . Essa s e -
cretaria existiu até 1931, q u a n d o a t e n d ê n c i a c e n t r a l i z a d o r a da R e v o l u ç ã o de 1930 a e x t i n g u i u e a
Polícia Civil v i n c u l o u - s e n o v a m e n t e à Secretaria do Interior.
O t e r c e i r o c a p í t u l o t r a t a d a h i s t ó r i a d a P o l í c i a C i v i l n o p e r í o d o d e 1930 a 2 0 0 3 , q u e c o r r e s p o n d e à
fase d e i n d u s t r i a l i z a ç ã o e u r b a n i z a ç ã o b r a s i l e i r a . O a d v e n t o d a m o d e r n i z a ç ã o d o País, o c o r r i d o e m
m e n o s d e u m século d e história, t r o u x e transformações sociais e e c o n ô m i c a s q u e a c a r r e t a r a m p r o -
b l e m a s , c o m o o ê x o d o r u r a l e o r á p i d o c r e s c i m e n t o d a s c i d a d e s , os c o n f l i t o s sociais e o c r e s c i m e n t o
de camadas marginalizadas socialmente. Esse f e n ô m e n o afetou p r o f u n d a m e n t e os serviços pohciais.
No caso da Polícia Civil de M i n a s G e r a i s , a instituição cresceu e suas atribuições a u m e n t a r a m . Os
p r i n c i p a i s m a r c o s d e s s e p e r í o d o f o r a m : 1945, q u a n d o foi e s t a b e l e c i d o o p l a n o d e c a r r e i r a d a P o l í c i a
C i v i l ; 1956, q u a n d o s e c r i o u a S e c r e t a r i a d e E s t a d o d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a e h o u v e a e x t i n ç ã o d o c a r g o
d e c h e f e d e Polícia; e 2 0 0 3 , q u a n d o o m o d e l o c r i a d o e m 1956 c h e g o u a o s e u l i m i t e m á x i m o e s e
t o r n o u i n a d e q u a d o p a r a a a t u a l o r g a n i z a ç ã o . E m 2 0 0 3 , a S e c r e t a r i a d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a fbi e x t i n t a
e criou-se, então, a Secretaria de E s t a d o de Defesa Social, r e s s u r g i n d o a ñ g u r a do chefe de Polícia.
O q u a r t o c a p í t u l o c o r o a a n a r r a t i v a h i s t ó r i c a d o s c a p í t u l o s a n t e r i o r e s , o n d e é feita a a n á l i s e s o c i o -
lógica da função de Polícia, e s p e c i ñ c a m e n t e a ação da Polícia Civil de M i n a s G e r a i s no século XX
e m r e l a ç ã o à o r d e m s o c i a l , a o s c r i m e s m a i s c o m u n s e c o m o o p o l i c i a l civil s e m o l d o u p a r a t r a t á - l o s .
P o r ñ m , são analisadas as últimas transformações realizadas em M i n a s Gerais, na área de segurança
pública, apresentadas c o m o " T e n d ê n c i a s da história da Polícia Civil".
Si
Veícuios antigos. Acervo Poücia CivÜ.
C o m a c h e g a d a d e P e d r o Á l v a r e s C a b r a l , e m 1 5 0 0 , a e m p r e s a c o l o n i z a d o r a p o r t u g u e s a n o Brasil
teve c o m o m a r c o a expedição de M a r t i m Afonso de Sousa (1530-1555) e, em seguida, a decisão,
p o r p a r t e d e D o m J o ã o 11!, p e l a c r i a ç ã o d a s c a p i t a n i a s h e r e d i t á r i a s . C a b i a a o s d o n a t á r i o s , d o p o n t o
d e v i s t a a d m i n i s t r a t i v o , o m o n o p ó l i o d a j u s t i ç a , a a u t o r i z a ç ã o p a r a f u n d a r vilas, d o a r s e s m a r i a s , a l i s -
t a r c o l o n o s p a r a fins m i l i t a r e s e f o r m a r m i l í c i a s s o b o c o m a n d o d e l e s . A p e s a r d o i n s u c e s s o d e s s e
tipo de e m p r e e n d i m e n t o — s e n d o a maior parte das capitanias r e t o m a d a pelo Estado —, ê atribuí-
da a M a r t i m Afonso de Sousa a organização pioneira da Justiça brasileira ao introduzir na
C a p i t a n i a de São Vicente — a t u a l m e n t e , São P a u l o — as funções de juizes ordinários, almotacés,
vereadores, escrivães, m e i r i n h o s e oficiais d e J u s t i ç a na forma das Ordenações Manuelinas
( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 21). C o m a i n s t a l a ç ã o d o G o v e r n o - G e r a l ( 1 5 4 9 ) , T o m é d e S o u s a t o r n o u - s e
g o v e r n a d o r e fez c u m p r i r a s i n s t r u ç õ e s d o s e u R e g i m e n t o c r i a n d o a l g u n s c a r g o s , c o m o o d e o u v i -
d o r (administração da justiça), o de c a p i t ã o - m o r (vigilância da costa) e o de p r o v e d o r - m o r (con-
trole e c r e s c i m e n t o da arrecadação).
A s forças a r m a d a s d e u m a c a p i t a n i a c o m p u n h a m - s e d a t r o p a d e l i n h a ( r e g u l a r e p r o f i s s i o n a l p e r m a -
n e n t e m e n t e armada, em geral c o m p o s t a de r e g i m e n t o s p o r t u g u e s e s ) , das milícias (tropas auxiliares.
recrutadas entre os habitantes, para serviço obrigatório e não r e m u n e r a d o ) e, p o r úttimo, dos corpos
d e o r d e n a n z a s ( í b r ç a s ¡ocais, d e a ç ã o p e r i ó d i c a , f o r m a d a s p e ! a p o p u l a ç ã o m a s c u l i n a c o m i d a d e e n t r e
18 e 60 anos, exceto os padres). Os órgãos da Justiça t i n h a m c o m o r e p r e s e n t a n t e s o o u v i d o r da
c o m a r c a ( n o m e a d o p e l o s o b e r a n o p o r t r ê s a n o s ) e o s j u i z e s ( F A U S T O , 1999, p . 6 3 - 6 4 ) .
Em 1719, v i e r a m de P o r t u g a l os D r a g õ e s , p a r a escoltar o t r a n s p o r t e de o u r o e r e p r i m i r os d i s t ú r -
bios. A C o r o a criou juntas de j u l g a m e n t o e n o m e o u o u v i d o r e s ; criou t a m b é m milícias c o m p o s t a s
d e b r a n c o s , n e g r o s e m u l a t o s l i v r e s ( F A U S T O , 1 9 9 9 , p . 101). M a i s d o q u e e m q u a l q u e r o u t r a p a r t e
A t é 1730, n e n h u m a a u t o r i d a d e t i n h a a t r i b u i ç ã o legal p a r a s e n t e n c i a r a l g u é m à p e n a d e m o r t e , e m -
bora existam d o c u m e n t o s q u e c o m p r o v e m a existência desse tipo de c o n d e n a ç ã o irregular, c o m o no
c a s o d e F i l i p e d o s S a n t o s , s e n t e n c i a d o p o r A s s u m a r e m 1720 ( S O U Z A , 1 9 8 6 , p . 121). N e s s e s c a s o s ,
o s r é u s d e v e r i a m s e r r e m e t i d o s p a r a a B a h i a , o n d e o T r i b u n a l d a R e l a ç ã o d e v e r i a j u l g á - l o s . E m 1730,
o rei c o n c e d e u o d i r e i t o d e j u l g a r o s d e l i t o s c o m e t i d o s p e l o s p o b r e s , m e s t i ç o s , carijós e n e g r o s p o r
u m a junta composta pelos o u v i d o r e s das q u a t r o c o m a r c a s — O u r o Preto, Rio das Velhas (Sabara),
R i o d a s M o r t e s ( S ã o J o ã o d e l - R e i ) e S e r r o d o F r i o — , p e l o j u i z d e fora d a Vila d e R i b e i r ã o d o C a r m o
e pelo provedor da Fazenda, c a b e n d o ao governador, em caso de e m p a t e , o voto de d e s e m p a t e . Em
1735, u m a nova o r d e m r e d u z i a o n ú m e r o de m i n i s t r o s p a r a q u a t r o , d a d a a d i ñ c u l d a d e de se j u n t a r
o s seis p a r a f o r m a r a J u n t a d a J u s t i ç a ( o u d o C r i m e ) . S o m e n t e e m 1775 foi c r i a d a a J u n t a d e J u s t i ç a
para sentenciar todos os réus q u e c o m e t e s s e m delitos. Até então, os brancos mais b e m situados
s o c i a l m e n t e c o n t i n u a v a m a s e r j u l g a d o s n a B a h i a ( S O U Z A , 1986, p . 1 2 0 - 1 2 2 ) .
As cadeias públicas ñjncionavam nos m e s m o s ediñcios dos governos das comarcas e das câmaras. g
N e l a s ñ c a v a m os presos p o r c r i m e s c o m u n s , os quais, se fossem pobres, e r a m s u s t e n t a d o s pela o
cadeia da câmara. Se fossem p r e s o s do rei ou do bispo e n ã o tivessem prisões especiais p a r a se a l o - .g
jarem, eram recolhidos t a m b é m na cadeia da câmara, mas e r a m sustentados pelos arrematantes. A 3
p r e c a r i e d a d e d o s p r é d i o s , m u i t a s v e z e s feitos d e b a r r o e p a u - a - p i q u e c o m p a r e d e s p o d r e s , e a g
d e m o r a e m s e n t e n c i a r o s i n ñ - a t o r e s e r a m m o t i v o s d e fugas fi-eqüentes. D o c u m e n t o s r e g i s t r a m °
n e g ó c i o s e n t r e os p r e s o s e os a r r e n d a t á r i o s das cadeias e, ainda, a resistência d o s escrivães em w
a p r o n t a r os processos dos c r i m i n o s o s p o r s e r e m estes m u i t o p o b r e s e n ã o p o d e r e m lhes pagar, Í3
r e s u l t a n d o e m l o n g a s e s t a d a s n a c a d e i a , q u e a c a b a v a m s e n d o i n t e r r o m p i d a s p e l a s fugas. M u i t a s ?
v e z e s o s p r e s o s e r a m e n v i a d o s p a r a l o n g e , p a r a o s s e r v i ç o s m i l i t a r e s e o s p r e s í d i o s , p o i s essa e r a
t a m b é m u m a forma de aproveitar a m ã o - d e - o b r a dos vadios e d e s o c u p a d o s q u e proliferavam nas
M i n a s e r e p r e s e n t a v a m p e r i g o ( S O U Z A , 1986, p. 118-119).
E m 1 3 d e m a i o d e 1809, u m d e c r e t o ( D e c r e t o d e 1 3 d e m a i o d e 1809) c r i o u a G u a r d a R e a l d a
P o l í c i a d o R i o d e J a n e i r o , n o s m o l d e s d a e x i s t e n t e e m L i s b o a , o u seja, u m a f o r ç a p o l i c i a l d e t e m p o
integral organizada m i l i t a r m e n t e e c o m a m p l a a u t o r i d a d e para m a n t e r a o r d e m e perseguir os
criminosos. O c o m a n d a n t e dessa g u a r d a ñcava sujeito ao g o v e r n a d o r das A r m a s da C o r t e e ao
i n t e n d e n t e - g e r a l da Polícia para a e x e c u ç ã o de todas as suas requisições ( D e c r e t o de 13 de m a i o de
1809). M a s , c o m o n o c a s o d a I n t e n d é n c i a - G e r a l , s u a a t u a ç ã o s e r e s t r i n g i a à c i d a d e d o R i o d e
J a n e i r o ( V E L L A S C O , 2 0 0 4 , p . 301).
A p ó s a I n d e p e n d ê n c i a , em 1822, D. P e d r o I p r o m u l g o u a C o n s t i t u i ç ã o Política do I m p é r i o , em 25
d e m a r ç o d e 1824. A p r i m e i r a C o n s t i t u i ç ã o b r a s i l e i r a s u r g i u d e c i m a p a r a b a i x o , i m p o s t a p e l o r e i
a o P a í s , cuja m a i o r i a d a p o p u l a ç ã o e r a e x c l u í d a d o s d i r e i t o s p r e v i s t o s p o r s e r e s c r a v a . S o b r e a p a r -
t i c i p a ç ã o p o l i t i c a , d e ñ n i u - s e q u e o v o t o s e r i a i n d i r e t o e c e n s i t á r i o . O g o v e r n o foi d e f i n i d o c o m o
monárquico, hereditário e constitucional. O Imperio contava com u m a nobreza, mas não de sangue,
pois os títulos e r a m c o n c e d i d o s p e l o rei. A religião o ñ c i a l c o n t i n u a v a a ser a católica, m a s era r e s e r -
vado ao E s t a d o o direito de c o n c e d e r ou negar validade a decretos eclesiásticos. H o u v e a divisão
em q u a t r o p o d e r e s : o L e g i s l a t i v o , o M o d e r a d o r , o E x e c u t i v o e o J u d i c i a l . O P o d e r M o d e r a d o r " e r a
a c h a v e d e t o d a o r g a n i z a ç ã o p o l í t i c a " . N a r e a l i d a d e , isso s i g n i ñ c a v a a c o n c e n t r a ç ã o d e a t r i b u i ç õ e s
n a s m ã o s d o i m p e r a d o r Q u a n t o a o t e r r i t ó r i o , o P a i s foi d i v i d i d o e m p r o v í n c i a s c u j o s p r e s i d e n t e s
e r a m n o m e a d o s p e l o i m p e r a d o r ( F A U S T O , 1999, p . 149-152).
N e s s a C o n s t i t u i ç ã o foi p r e v i s t a a ñ g u r a d o j u i z l e i g o e l e i t o l o c a l m e n t e . A lei q u e a u t o r i z o u s u a
i n s t i t u i ç ã o foi a p r o v a d a e m 1 5 d e o u t u b r o d e 1 8 2 7 . A i n d a e m 1824, D . P e d r o I b a i x o u d e c r e t o
d e t e r m i n a n d o providências sobre o processo das causas criminais, b e m c o m o q u e as testemunhas
fossem o u v i d a s p u b l i c a m e n t e . E m 1825, u m a p o r t a r i a e s t a b e l e c e u q u e , n o R i o d e J a n e i r o e o n d e
m a i s fosse c o n v e n i e n t e , d e v e r i a m s e r c o n s t i t u í d o s c o m i s s á r i o s d e P o l í c i a , q u e s e r v i r i a m n o s d i s t r i -
tos para os quais fossem designados, p o d e n d o ser auxiliados p o r um ou mais cabos de Policia p a r a
lhes f o r n e c e r i n f o r m a ç õ e s s o b r e rodos os a c o n t e c i m e n t o s de i n t e r e s s e d o s juizes. A Lei de 15 de
o u t u b r o d e 1827 e x t i n g u i u o s c a r g o s d e c o m i s s á r i o s e c a b o s d e P o l í c i a , c r i a n d o o s d e j u i z d e p a z
( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p . 24).
A p r i m e i r a t e n t a t i v a d e m u d a n ç a n o s i s t e m a j u r í d i c o e n t ã o v i g e n t e foi a c r i a ç ã o d o juiz d e p a z e l e -
tivo e m t o d a s a s f r e g u e s i a s e c a p e l a s ñ l i a i s p e l a L e i d e 1 5 d e o u t u b r o d e 1827, c u j o o b j e t i v o e r a
enfrentar o p r o b l e m a c r ô n i c o da ineficácia e da m o r o s i d a d e dos serviços jurídicos. C o n s i d e r a d o um
juiz "policial" pelas atribuições administrativas, policiais e judiciais, o juiz de paz eleito a c u m u l a v a
a m p l o s p o d e r e s , a t é e n t ã o d i s t r i b u í d o s e n t r e v á r i a s a u t o r i d a d e s — juiz o r d i n á r i o , a l m o t a c é s e j u i z
de v i n t e n a — ou reservados aos juizes l e t r a d o s ( j u l g a m e n t o de p e q u e n a s d e m a n d a s , feitura do
c o r p o d e d e l i t o , f o r m a ç ã o d e c u l p a , p r i s ã o e t c ) . O juiz d e p a z e l e i t o e r a r e s p o n s á v e l p o r e x p e d i r
t e r m o de bem-viver, p o r m a n t e r a o r d e m pública e e m p r e g a r a Força Pública, vigiar o c u m p r i m e n -
to das posturas municipais, conduzir as eleições e julgar as causas em um limite de valor ou p e n a
a s e r a p l i c a d a ( V E L L A S C O , 2 0 0 4 , p . 100).
A ñ g u r a d o juiz d e p a z e l e i t o l o c a l m e n t e e r a d o a g r a d o d o s r e f o r m a d o r e s l i b e r a i s d o P r i m e i r o
R e i n a d o , os quais p a s s a r a m a d i s p u t a r o c e n á r i o político q u e se seguiu à a b d i c a ç ã o de D. P e d r o 1,
em 1 8 3 ! . Antes m e s m o de D. P e d r o 1 a b a n d o n a r o trono, levando o País a u m a grave crise institu-
cional, o P a r l a m e n t o aprovou um C ó d i g o C r i m i n a l que especiñcava princípios estabelecidos pela
C o n s t i t u i ç ã o d e 1824, c o n c r e t i z a n d o u m d o s p r i n c i p a i s o b j e t i v o s d e s s e s l i b e r a i s . E s s e c ó d i g o foi a
b a s e l e g a l d a a ç ã o p o l i c i a l a t é s e r s u b s t i t u í d o , e m 1890, p e l o C ó d i g o P e n a l d a R e p ú b l i c a , s e m e -
l h a n t e ao interior, m a s atualizado ( H O L L O W A Y , 1997, p. 67).
O C ó d i g o C r i m i n a l , p r o m u l g a d o e m 1 6 d e d e z e m b r o d e 1830, e o C ó d i g o d o P r o c e s s o C r i m i n a l ,
i n s t i t u í d o p o r lei e m 2 9 d e n o v e m b n ) d e 1832, t r o u x e r a m n o v a s m o d i n c a ç õ e s n o â m b i t o p o l i c i a l .
Este ú l t i m o d e ñ n i a a organização e a administração judiciária: divisão em Distritos de Paz ( m í n i -
mo de 75 casas h a b i t a d a s c o m suas respectivas c â m a r a s m u n i c i p a i s ) , t e r m o s e c o m a r c a s (artigos 1"
e 2*^). E s t a b e l e c e u - s e , e n t ã o , u m a n o v a h i e r a r q u i a de j u i z e s c o m j u r i s d i ç õ e s c i r c u n s c r i t a s . A lei
determinava os p r o c e d i m e n t o s para r e u n i r provas, apresentar queixas, efetuar prisões e indiciar;
especiñcava a forma de c o n d u ç ã o dos julgamentos e da apelação; protegia os direitos dos suspeitos
ou acusados, exigindo m a n d a d o de busca para a revista e a prisão c o m m a n d a d o ou em ñagrante;
c o n ñ r m a v a o i n s t i t u t o do ^^^f^y ro^^/^y; e g a r a n t i a o j u l g a m e n t o em t r i b u n a i s a b e r t o s e c o m
a c a r e a ç õ e s d e t e s t e m u n h a s ( H O L L O W A Y , 1 9 9 7 , p . 103).
A i n d a p e l o C ó d i g o d o P r o c e s s o C r i m i n a l d e 1832 f o r a m e x t i n t o s : a s o u v i d o r i a s d e c o m a r c a s , o s
j u í z e s d e fora e o r d i n á r i o s ( a r t i g o 8'^); o p o s t o d e d e l e g a d o ( q u e e r a o a s s i s t e n t e d o juiz d e p a z ) foi
a b o l i d o ( a r t i g o 19), a s s i m c o m o a j u r i s d i ç ã o c r i m i n a l d e q u a l q u e r o u t r a a u t o r i d a d e , e x c e t o o
S e n a d o , o S u p r e m o T r i b u n a l de J u s t i ç a , Relações, J u í z o s M i l i t a r e s - restritos aos c r i m e s militares
— e J u í z o s E c l e s i á s t i c o s — r e s t r i t o s às m a t é r i a s e s p i r i t u a i s ( a r t i g o 8°).
O u t r a i n s t i t u i ç ã o c r i a d a e m 1831 foi a G u a r d a N a c i o n a l p a r a m i l i t a r . A G u a r d a e r a o r g a n i z a d a
n a c i o n a l m e n t e , em moldes militares, mas n ã o tinha q u a l q u e r ligação institucional c o m os p r o ñ s -
m sionais militares e n e m c o m o ministro da G u e r r a . Na prática, era formada p o r tropas c o m a n d a d a s
:c pelos fazendeiros, q u e e r a m s u b o r d i n a d o s ao juiz de p a z de seu m u n i c í p i o e p r e s i d i a m a eleição de
s s e u s o ñ c i a i s c o m a n d a n t e s . N o â m b i t o n a c i o n a l , s u b o r d i n a v a m - s e a o m i n i s t r o civil d a J u s t i ç a . N ã o
§ e r a m r e m u n e r a d o s , mas as armas e os e q u i p a m e n t o s necessários e r a m fornecidos pelo governo,
'§ e n q u a n t o os u n i f o r m e s e r a m pagos pelos p r ó p r i o s m e m b r o s . O dever deles, além de garantir a inte-
Ê g r i d a d e d a n a ç ã o , e r a a u x i l i a r n a d e f e s a d e s u a s ñ-onteiras. M a s , c o m o força policial i n t e r n a , e l e s t i -
z n h a m o d e v e r de g a r a n t i r a o r d e m e a t r a n q ü i l i d a d e p ú b l i c a s ( H O L L O W A Y , 1997, p. 8 7 - 8 9 ) . A c r i a -
^ ç ã o d a G u a r d a N a c i o n a l s i g n i ñ c o u o r e f o r ç o d o p o d e r local d a s o l i g a r q u i a s . E m 1850, ela p a s s o u a s e r
S s u b o r d i n a d a às a u t o r i d a d e s policiais e n o m e a d a p e l o E x e c u t i v o . Essa i n s t i t u i ç ã o só foi e x t i n t a em 1918,
M na R e p ú b l i c a ( R E I S , 1998, p. 169-170).
s
§ P e l a L e i n . 16, d e 1 2 d e a g o s t o d e 1834, e m s e u a r t i g o 1 1 , $ 2", " c o m p e t i a à s a s s e m b l é i a s l e g i s l a t i -
g vas p r o v i n c i a i s ñ x a r s o b r e i n f o r m a ç ã o d o p r e s i d e n t e d a p r o v í n c i a , a f o r ç a p o l i c i a l r e s p e c t i v a " . E s s a
R F o r ç a P o l i c i a l o u C o r p o P o l i c i a l foi c r i a d a p e l a L e i d e 1 0 d e o u t u b r o d e 1831 e o c u p a v a - s e , e x c l u -
o s i v a m e n t e , d a d e f e s a i n t e r n a d a s c i d a d e s e vilas, c o n s e r v a n d o a s e g u r a n ç a p ú b l i c a ,
g
^ Na p r o v í n c i a de M i n a s G e r a i s , em 15 de d e z e m b r o de 1835, a assembléia provincial e x p e d i u o
5 R e g u l a m e n t o n. 65, o p r i m e i r o e s p e c í ñ c o p a r a o C o r p o Policial. P a r a o a n o de 1837, foram e s t i p u -
l a d o s 370 p r a ç a s p a r a c o m p o r o C o r p o P o l i c i a l , e n t r e t a n t o e l e s ó c o n s e g u i u c o n t a r c o m o e f e t i v o
d e 350 p r a ç a s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 3 7 , p . 4 6 ) .
O juiz d e p a z e r a , d e fato, a a u t o r i d a d e p o l i c i a l l o c a l , c o n d i ç ã o q u e p e r m a n e c e u a t é a d é c a d a d e
1840, q u a n d o a t e n d ê n c i a c e n t r a l i z a d o r a d e u seu p r i m e i r o passo em d i r e ç ã o à v i r a d a política c o m
a lei d e i n t e r p r e t a ç ã o d o A t o A d i c i o n a l , e m 1 8 4 0 , q u e r e t i r o u p o d e r e s e p r e r r o g a t i v a s d a s a s s e m -
bléias provinciais. Em seguida, a Lei n. 2 6 1 , de 3 de d e z e m b r o de 1841, r e g u l a m e n t a d a p e i o
D e c r e t o n . 120, d e 5 1 d e j a n e i r o d e 1842, e l i m i n o u o s p o d e r e s d o j u i z d e p a z , d a n d o r e a l p r e s t í g i o
à autoridade do chefe de Polícia da província, e criou as ñ g u r a s do delegado e do subdelegado de
Polícia q u e , s u b o r d i n a d o s ao chefe de Polícia, passavam a ter as atribuições criminais e policiais
a n t e s p e r t e n c e n t e s a o juiz d e p a z ( a r t i g o 1").
O D e c r e t o n . 120, d e 1842, a u t o r i z o u , t a m b é m , a c r i a ç ã o d e u m a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a n a C o r t e e e m
c a d a u m a d a s c a p i t a i s d a s p r o v í n c i a s , o n d e s e d a r i a o e x p e d i e n t e p o l i c i a l ( a r t i g o 10). P o r lei, essa s e -
c r e t a r i a s e r i a i n s t a l a d a e m u m a sala e x c l u s i v a , n a p r ó p r i a casa d o c h e f e d e P o l í c i a ( a r t i g o 11), e x c e t o
n a C o r t e e e m a l g u m a s c a p i t a i s d e p r o v í n c i a s ( a r t i g o 10). E m M i n a s G e r a i s , n a C a p i t a l O u r o P r e t o ,
d e v e r i a h a v e r u m a casa d e s t i n a d a e x c l u s i v a m e n t e a e s s e fim. S e g u n d o H o l l o w a y ( 1 9 9 7 , p . 111), " a
S e c r e t a r i a da P o l í c i a foi a s e m e n t e a p a r t i r da q u a l se d e s e n v o l v e u a P o l í c i a C i v i l q u e c o n h e c e m o s " .
O D e c r e t o n. 120, de 1842, c o n s a g r o u a d i v i s ã o d a s f u n ç õ e s p o l i c i a i s em P o l í c i a A d m i n i s t r a t i v a e
Polícia Judiciária, b e m c o m o estabeleceu a centralização e a h i e r a r q u i z a ç ã o dos sistemas policiais.
A P o l í c i a A d m i n i s t r a t i v a ( D e c r e t o n . 120, d e 1 8 4 2 , a r t i g o 2"), e m g e r a l , r e s p o n s a b i l i z a v a - s e p e l a
vigilância e p r e v e n ç ã o de desordens, ficando encarregada dos t e r m o s de bem-viver, da repressão à
v a d i a g e m e m e n d i c â n c i a , de g a r a n t i r o c u m p r i m e n t o das p o s t u r a s municipais,* de i n s p e c i o n a r os
t e a t r o s e e s p e t á c u l o s públicos, de o r g a n i z a r a estatística c r i m i n a l e o a r r o l a m e n t o da p o p u l a ç ã o da
província p o r m e i o das a u t o r i d a d e s locais, até m e s m o o p á r o c o , etc. A Polícia J u d i c i á r i a ( D e c r e t o g
n . 120, d e 1842, a r t i g o 5") e n c a r r e g a v a - s e d e a s s e g u r a r a a ç ã o d a J u s t i ç a p o r i n t e r m é d i o d o c o r p o o
de delito, do levantamento de provas, dos inquéritos, da concessão de m a n d a d o s de busca e do jul- ,g
g a m e n t o d e c r i m e s c o m p e n a i n f e r i o r e m u l t a d e 1 0 0 $ 0 0 0 ( c e m m i l réis), p r i s ã o , d e g r e d o e d e s t e r - g
r o d e a t é seis m e s e s , t r ê s m e s e s d e c a s a d e c o r r e ç ã o o u o f i c i n a p ú b l i c a . g
o
ã
As ftmções policiais foram h i e r a r q u i c a m e n t e atribuídas da s e g u i n t e maneira: ao m i n i s t r o da Justiça, w
c o m o p r i m e i r o chefe e centro de toda a administração policial do I m p é r i o ; ao presidente de provín- ^
cia; a o c h e f e d e P o l í c i a , q u e e r a n o m e a d o p e l o I m p e r a d o r ; a o s d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s , i n d i c a d o s ?
pelo chefe d e Polícia, mas n o m e a d o s p e l o i m p e r a d o r (na C o r t e ) o u p e l o p r e s i d e n t e d e província; aos
juizes m u n i c i p a i s ; aos j u i z e s d e p a z ; a o s i n s p e t o r e s d e q u a r t e i r ã o , e s t e s t a m b é m sujeitos à a p r o v a ç ã o
do c h e f e de P o l í c i a ; às c â m a r a s m u n i c i p a i s e s e u s ñ s c a i s ( D e c r e t o n. 120, de 1842, a r t i g o 1*^).
O D e c r e t o n . 120, d e 5 1 d e j a n e i r o d e 1 8 4 2 , n o c a p í t u l o s o b r e e m o l u m e n t o s , s a l á r i o s e c u s t a s j u d i -
ciais, p r e v i a t a m b é m o s s a l á r i o s d o s c h e f e s d e P o l í c i a , j u i z e s d e D i r e i t o , d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s
das províncias de M i n a s G e r a i s , G o i á s e M a t o G r o s s o , de a c o r d o c o m o alvará de 10 de o u t u b r o de
1754. A s s i m , o s c h e f e s d e P o Ü c i a d e v e r i a m r e c e b e r o c o r r e s p o n d e n t e a o s j á e x t i n t o s o u v i d o r e s d e
comarca, e os delegados e s u b d e l e g a d o s o q u e era antes d e s t i n a d o ao cargo, t a m b é m abolido, de juiz
d e fora ( a r t i g o 4 6 5 ) . O s j u i z e s m u n i c i p a i s r e c e b e r i a m o d o b r o d o q u e r e c e b i a m o s j u i z e s d e fora
(artigo 466). Escrivães e oñciais de Justiça c o b r a r i a m p o r diligência e sentenças e seriam pagos
pelos r e q u e r e n t e s ou favorecidos pelos serviços (artigo 467). Em contrapartida, os escrivães n ã o
p o d e r i a m r e t a r d a r o s a u t o s p o r falta d e p a g a m e n t o , p o d e n d o s e r p u n i d o s s e o ñ z e s s e m ( a r t i g o 468).^
^ As posturas municipais reguiavam as normas das retações de mercado, da sanidade pública, da segurança pública e do construtivo (Livro
V do Código Fitípino). Sua fiscalização era exercida petos aimotacês. durante o periodo coloniat. e, a partir de 1842. passou a ser da com-
petência das autoridades poüciais naquiio que era reiativo às suas funções de PoÜcia administrativa (Decreto n. 120. de 1842).
^ O Decreto n. 120. de 31 de janeiro de 1842, em seu artigo 24. menciona que os chefes de Poücia receberiam vencimentos de desembar-
gadores, se o fossem, ou de juizes de Direito das capitais e uma gratificação proporcionai ao trabalho. O artigo 5°, entretanto, dispõe que
os chefes de Policia de algumas provincias c o m o Minas Gerais não poderiam acumular funções.
S e g u n d o o m e s m o D e c r e t o n . 120, p a r a o s c a r g o s d e c h e í è d e P o l í c i a e x i g i a - s e q u e e s t e í b s s e
d e s e m b a r g a d o r o u q u e e x e r c e s s e a f u n ç ã o d e ¡uiz d e D i r e i t o p o r , n o m í n i m o , t r ê s a n o s c o m o p r é -
requisito (artigo 21); e aos d e l e g a d o s c s u b d e l e g a d o s , q u e fossem eleitores, s e l e c i o n a d o s e n t r e os
juizes de paz e b a c h a r é i s e q u e m o r a s s e m nas c i d a d e s e vilas p a r a as quais fossem n o m e a d o s (arti-
gos 2 6 e 27). C o m r e l a ç ã o aos j u r a d o s , e x i g i a m - s e d e l e s m a i o r r e n d a e a l f a b e t i z a ç ã o ( c a p í t u l o 111).
E m 1845, o p r e s i d e n t e d a p r o v í n c i a d e M i n a s G e r a i s , F r a n c i s c o J o s é d e S o u z a S o a r e s d ' A n d r e a ,
informou à Assembléia Legislativa Provincial a dificuldade de se o b t e r pessoal q u a l i ñ c a d o para
e x e r c e r a s fiinções j u d i c i a i s , p o i s a p r o v í n c i a c o n t a v a c o m 1 3 c o m a r c a s , 4 2 m u n i c í p i o s e 4 0 6 d i s t r i -
tos e, l e v a n d o em conta o n ú m e r o de delegados, s u b d e l e g a d o s e juizes m u n i c i p a i s necessários e
ainda seus suplentes e os C o n s e l h o s de J u r a d o s , seriam necessárias mais de 3 mil pessoas aptas para
e x e r c e r s e u s d e v e r e s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 4 3 , p . 8). A s s i m , a r e a l i d a d e q u e s e i m p ô s p a r e c e t e r s i d o
a d e q u e n e m s e m p r e a f o r m a ç ã o i n t e l e c t u a l e x i g i d a p e l a lei p ô d e s e r c u m p r i d a p e l o s d e l e g a d o s ,
subdelegados e d e m a i s proñssionais da área.
3
S A falta d e p e s s o a l a p r o p r i a d o p a r a o s e r v i ç o n o C o r p o P o l i c i a l t a m b é m c o n s i s t i a e m u m d o s g r a v e s
^ p r o b l e m a s d a P o l i c i a a o l o n g o d o s é c u l o X I X . O n ú m e r o d e p r a ç a s e r a d e t e r m i n a d o p o r lei a n u a l ,
^ de acordo c o m a Assembléia Provincial, e s e m p r e estava a q u é m das necessidades da província de
M i n a s G e r a i s . Isso d i ñ c u l t a v a as diligências policiais, p r i n c i p a l m e n t e em caso de c o n ñ i t o s e r e b e -
liões, q u a n d o , e n t ã o , d e v e r i a m ser r e q u i s i t a d o s pelas a u t o r i d a d e s policiais.
^ Segundo Antônio de Moraes Silva ( t 8 3 t ) . amanuense é "o que escreve o que outrem dieta, escrevente, que copia do aiheio dictado, ou traslado".
^Segundo Antônio de Moraes Süva (1831), boticário é "o que sabe farmacia, e que vende simpiíces, ou preparações medicinaes".
p a r a ta!. P e ! o c o n t r a r i o , o s c!iefes d e P o ! í c i a , e m r e l a t ó r i o s e n v i a d o s a o s p r e s i d e n t e s d a p r o v i n c i a d e
M i n a s G e r a i s n e s s e p e r í o d o , r e c l a m a v a m d a fa!ta d e d i s c i p ü n a e d e r e s p o n s a b i l i d a d e d o s p r a ç a s d o
C o r p o P o ü c i a ! . V i a m c o m o p r i n c i p a l c a u s a d i s s o o fato d e q u e e s t e s v i n h a m d a c a m a d a m a i s b a i x a
d a s o c i e d a d e , p o r isso n ã o t i n h a m i n s t r u ç ã o n e m d e c o r o s u ñ c i e n t e s p a r a a f u n ç ã o q u e o c u p a v a m .
C o m a G u e r r a d o P a r a g u a i ( 1 8 6 4 - 1 S 7 Í ) ) , p a r t e d o e f e t i v o d a f<:)rça p o l i c i a l i n g r e s s o u n a s ü l e i r a s d o s
r e c r u t a d o s p a r a ali lutar, r e d u z i n d o s e n s i v e l m e n t e o C o r p o P o l i c i a l d i s p o n í v e l p a r a g u a r n e c e r a
p r ó p r i a província m i n e i r a . A l é m disso, o r e c r u t a m e n t o da p o p u l a ç ã o m a s c u l i n a para lutar na g u e r -
r a a g r a v o u a i n d a m a i s essa s i t u a ç ã o d e e s c a s s e z d e h o m e n s d i s p o n í v e i s p a r a s e e n g a j a r n o C o r p o
P o l i c i a l . D i a n t e d a d i ñ c u l d a d e d e s e o b t e r o n ú m e r o d e p r a ç a s s u ñ c i e n t e p a r a c o m p l e t a r essa f o r ç a
policial da província, d e u - s e início ao d e b a t e sobre a criação de G u a r d a s M u n i c i p a i s , a partir da
d é c a d a d e 1860.
P e l a L e i n . 2 7 1 8 , d e 1 8 d e d e z e m b r o d e 1880, foi c r i a d a a G u a r d a U r b a n a , d e s t i n a d a e x c l u s i v a -
m e n t e a o s e r v i ç o d a g u a r n i ç ã o e p o l i c i a m e n t o d a C a p i t a l d a p r o v í n c i a m i n e i r a , q u e foi r e o r g a n i -
z a d a e m 1885 p a r a g a r a n t i r - l h e m e l h o r d i s c i p l i n a e a t u a ç ã o . A G u a r d a U r b a n a e r a s u b m e t i d a a o
c h e f e de P o l í c i a , a q u e m c o m p e t i a a n o m e a ç ã o e a d e m i s s ã o d o s o ñ c i a i s s u p e r i o r e s e i n f e r i o r e s ,
b e m c o m o o engajamento das praças. Sua organização era hierarquizada, visando à disciplina e à
boa conduta dos seus integrantes, q u e e r a m aquartelados em prédio destinado pelo G o v e r n o (alu-
gado da O r d e m do C a r m o , nas p r o x i m i d a d e s da cadeia, em O u r o Preto), recebiam soldo e usavam
uniformes e armas. Suas funções principais e r a m m a n t e r a t r a n q ü i l i d a d e pública da Capital e au-
xiliar as a u t o r i d a d e s policiais na prisão das pessoas contra q u e m h o u v e s s e m a n d a d o , nos casos de
incêndio e na g u a r d a da cadeia ( M I N A S G E R A I S , 1881, p. 35-40).
A p r i n c i p a l c a r a c t e r í s t i c a d e s s a ref<)rma, p o r t a n t o , foi a c a b a r c o m a f u s ã o e n t r e a s a u t o r i d a d e s j u d i -
cial e p o l i c i a l . O s i s t e m a j u d i c i a l foi a m p l i a d o e o s c h e f e s d e P o l í c i a c o n t i n u a r a m i n c u m b i d o s d e
reunir provas para a formação de culpa do acusado, mas os resultados dos inquéritos d e v e r i a m ser
e n t r e g u e s à j u s t i ç a p a r a a d e c i s ã o final. N e s s e c o n t e x t o , foi c r i a d o o T r i b u n a l d a R e l a ç ã o d e M i n a s
G e r a i s p e l o D e c r e t o n . 2 342, d e 6 d e a g o s t o d e 1 8 7 3 , e i n s t a l a d o e m 3 d e f e v e r e i r o d e 1 8 7 4
( M I N A S G E R A ! S , 1 8 7 4 , p 6).
o A L e i de 1871 d i m i n u i u os p o d e r e s e o p r e s t í g i o , p r i n c i p a l m e n t e , d o s d e l e g a d o s e s u b d e l e g a d o s de
'< P o l í c i a , m a s n a d a fez p a r a c o n f e r i r - l h e s i n d e p e n d ê n c i a . S u a s f u n ç õ e s p a s s a r a m a s e r e s t r i t a m e n t e
^ policiais, além de s u p e r v i s i o n a r o pessoal e a d m i n i s t r a r as delegacias de Polícia. Pelo m e n o s d u a s
z condições anteriores desses funcionários policiais persistiram: não lhes era cobrada a formação
^ superior em D i r e i t o ' e n ã o lhes era pago um salário regular, apenas e m o l u m e n t o s e gratincações
S ( H O L L O W A Y , 1997, p . 2 2 8 - 2 2 9 ) . A p e r d a d e p a r t e d e s u a s f u n ç õ e s i m p l i c a r i a , n o m í n i m o , a
M r e d u ç ã o de sua r e m u n e r a ç ã o , d e i x a n d o esses cargos à m e r c ê dos interesses p o l í t i c o - p a r t i d a r i o s ,
^ pois só atrairiam aqueles q u e tivessem o u t r a fonte de renda.
g O c h e f e d e P o l í c i a d e M i n a s G e r a i s , J o ã o C o e l h o B a s t o s , e m s e u r e l a t ó r i o r e f e r e n t e a o a n o d e 1872,
g r e c l a m a v a d a falta d e p e s s o a s i d ô n e a s p a r a o c u p a r o s c a r g o s p o l i c i a i s , p o i s "[...] o s h o m e n s b o n s d a s
o localidades p r e f e r e m os cargos de judicatura, e só p o r c i r c u n s t â n c i a s e x t r a o r d i n á r i a s , se p r e s t a m a
ã e x e r c e r o s d a P o l í c i a , d e q u e s ó t i r a m t r a b a l h o , e n ã o p e q u e n a r e s p o n s a b i l i d a d e [...]" ( M I N A S
E G E R A I S , 1 8 7 3 , A n e x o l , p . 5).
ò Em 1876, o c h e f e d e P o l í c i a d a p r o v í n c i a m i n e i r a , B e n t o F e r n a n d e s d e B a r r o s , p r o p ô s n o v a s
soluções ao analisar mais d e t i d a m e n t e as m u d a n ç a s legais de 1871:
Se a reforma judiciária de 1871 teve em vista dar à Polícia preventiva e repressiva o seu verdadeiro
caráter, suprimindo-lhe as íunções q u e a conñtndiam com a justiça, e pelas quais exercia um p o d e r
abusivo, q u e a fazia d e g e n e r a r cm i n s t r u m e n t o de partido, é preciso, para q u e essa Polícia possa cor-
r e s p o n d e r ao fnii q u e se quis realizar, jrM yí'ru/{^o yHMnoK^/Zjwo fyro-
^ Em 1888, o chefe de Potícia, Levindo Lopes, notando, "[...] petas repetidas consuttas que ttie faziam as autoridades poticiais sobre objeto de
suas atribuições e peto exame de alguns inquéritos a que algumas detas haviam procedido, que nem todos e s s e s funcionários dispuntiam de
esclarecimentos precisos para o bom desempenho do cargo (...]". organizou o "Promptuãrio Policiai" contendo: as leis do processo criminat;
as atribuições dos delegados e subdelegados de Policia e seus agentes; os processos policiais e seus respectivos formulários; os modelos,
mapas c notas explicativas e esclarecimentos de utilidade para aquetes. Esse prontuário foi impresso por ordem da Presidência da provincia
e mandado distribuir gratuitamente ás autoridades poticiais e seus escrivães (MtNAS GERAtS. Fala ã Assembléia Legistativa Provincial de Minas
Gerais dirigida pelo t° Vice Presidente da provincia. Ouro Preto, 1 8 8 9 . p. 13 14). Várias v e z e s reeditado e atuatizado, até m e s m o a p ó s a
[...] Os cargos de d e l e g a d o e subdelegado de Polícia, e os de inspetor de quarteirão, além de n ã o
serem estáveis, não são retribuídos n e m sujeitos às condições próprias dc u m a carreira.
[...] Esta i m p o r t a n t e e delicada tarefa, capaz de absorver a atividade de q u e m a exerce, não p o d e ser
confiada só ao patriotismo dos cidadãos [...]; f ^rfrÁro r(7M.rr/7M/-/í? jH/í-Z^í? ¿;
Os relatórios, d e s d e a d é c a d a de 1840, d e s t a c a m a i n d a o u t r o s p r o b l e m a s p a r a o b o m f u n c i o n a m e n -
t o d a P o l í c i a : a s listas d e a r r o l a m e n t o d a s p o p u l a ç õ e s e s t a v a m s e m p r e c o m p r o m e t i d a s p o r s e r e m
incompletas; as estatísticas criminais e r a m a p r e s e n t a d a s atrasadas e não e r a m confiáveis; as lutas
políticas serviam c o m o p a n o de fundo de vários crimes, e n v o l v e n d o até m e s m o autoridades judi-
ciais e p o l i c i a i s ; o e s t a d o d a s c a d e i a s e r a t ã o l a s t i m á v e l q u e c h e g a v a a s e r n e c e s s á r i o a l u g a r c a s a s d e
p a r t i c u l a r e s p a r a g u a r d a r o s p r e s o s , s o m a n d o - s e a isso a s u p e r l o t a ç ã o d a c a d e i a d a C a p i t a l ; h a v i a
a i n d a a s m á s c o n d i ç õ e s d a f o r ç a p o l i c i a l e a falta d e p r e p a r o , d i s c i p l i n a e e d u c a ç ã o f o r m a l d o s p o l i -
ciais. E n f a t i z e - s e , a i n d a , a a l t a r o t a t i v i d a d e d o s p r e s i d e n t e s d a p r o v í n c i a d e M i n a s G e r a i s , c o m o
t a m b é m dos chefes de Polícia, dificultando ainda mais o e n c a m i n h a m e n t o de projetos propostos, a
exemplo do que ocorrera com a G u a r d a Municipal.
A p a r t i r d a d é c a d a d e 1870, s u r g i r a m n e s s e s r e l a t ó r i o s p r o p o s t a s n o v a s , tais c o m o c a s a s d e c o r r e ç ã o
para m e n o r e s que visassem à r e c u p e r a ç ã o deles p o r m e i o da instrução e do trabalho agrícola; i n t r o -
d u ç ã o de aulas de instrução p r i m á r i a nas cadeias;'" reforma essencial do pessoal da Polícia, s o b r e -
t u d o dos delegados e subdelegados, r e m u n e r a n d o - o s e afastando-os das lutas partidárias ao exigir
as aptidões necessárias para o seu b o m d e s e m p e n h o q u a n d o da sua admissão; r e f o r m a p e n i t e n -
ciária, p r o c u r a n d o r e c u p e r a r o d e t e n t o e n ã o só r e p r i m i - l o ; c o n s t r u ç ã o de p r e s í d i o s " e s e p a r a ç ã o
p o r classincação dos presos ( p o r sexo, p o r tipo de c r i m e , e t c ) , s o b r e t u d o r e t i r a n d o os alienados S
Repúbtica. o 'Promptuário Poücial" tornou-se "uma espécie de catecismo", onde se aprenderia o "ofício de deiegado". Sua utilização verificou-
^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ . d ^ ^ a ^ í U \ ^ . l ^ ^ ^ ^
O Relatório do presidente de província à Assembtéia Legislativa da província de Minas Gerais, em janeiro de 1873 (MINAS GERAiS. 1873.
Anexo 1, p. 16), informava a introdução de aulas de instrução primária na cadeia de Ouro Freto, que deveria ser preferenciaimente mi-
nistrada por padres (Lei n. 1741, de 8 de outubro de 1870). Os retatórios d o s anos posteriores elogiaram a prática e propuseram sua insta
lação em outras cadeias centrais (o benefício foi estendido pela Lei n. 2 716. de 18 de dezembro de 1880, mas nos relatórios dos anos
seguintes não consta que isso se tenha dado).
" Em 1878. foi autorizada por lei a construção de um presidio na província de Minas Gerais, tendo sido escolhida a localidade de Barbacena
para sua instalação. A pedra fundamental do edifício foi lançada por D. Pedro H em visita ã província, mas a obra não teve andamento,
segundo informações do Reiatório do chefe de Potícia de 1886. que também reclamava da superiotação da cadeia da capital com um
número superior a 4 0 0 pessoas (MINAS GERAiS. 1886, Anexo A. p. 14). década de 1910 (LIMA. 1972, p. 9).
A principa! deficiencia dos praças do C o r p o PoÜcial a p o n t a d a pelas a u t o r i d a d e s do ú l t i m o q u a r t e l
d o s é c u l o X Í X a i n d a c o n t i n u a v a a s e r a falta d e p r e p a r o d e s s e s h o m e n s , s e m d i s c i p l i n a , s e m
i n s t r u ç ã o e q u e , em geral, p o r s e r e m p r o v e n i e n t e s da c a m a d a mais baixa da p o p u ! a ç ã o , e r a m liga-
dos p o r laços d e p a r e n t e s c o o u pessoais à q u e l e s q u e d e v e r i a m reprimir. S e g u n d o a s a u t o r i d a d e s
policiais, m u i t a s vezes e r a m esses praças os p r ó p r i o s d e s o r d e i r o s q u e a m e a ç a v a m a s e g u r a n ç a
p ú b l i c a ( M I N A S G E R A I S , 1886, p 4 4 - 4 5 ) .
E m 1878, essas c i r c u n s c r i ç õ e s m i l i t a r e s d e O u r o P r e t o f o r a m a b o l i d a s p e l a L e i n . 2 4 8 4 ( M I N A S
^ G E R A I S , 1879, p . 23). N a d é c a d a d e 1880, p a s s o u - s e a p r o i b i r o e n g a j a m e n t o d e p a i s a n o s ( M I N A S
^ G E R A I S , 1 8 8 1 , A n e x o 1 , p . 35). C o n f o r m e e x p o s t o , n e s s e m o m e n t o s u r g i u a G u a r d a U r b a n a d a
^ Capital, e n o v a m e n t e c r e s c e r a m os p e d i d o s para a recriação das G u a r d a s M u n i c i p a i s .
t3
M O c h e f e d e P o l í c i a d a p r o v í n c i a d e M i n a s G e r a i s , B e n t o F e r n a n d e s d e B a r r o s , e m 1876, f o r m u l o u
^ u m a p r o p o s t a p a r a agir s o b r e a c r i m i n a l i d a d e da província, c i t a n d o os estatísticos G u e r r y e
5 Q u e t e l e t e outros criminalistas europeus, c o m o t a m b é m experiências desenvolvidas na Inglaterra,
g n a F r a n ç a e n o s E s t a d o s U n i d o s . E s s e c h e f e d e P o t í c i a d i a g n o s t i c a v a q u e "[...] n ã o s ó a s p a i x õ e s
g c o m o a m i s é r i a s ã o as c a u s a s m a i s c o n s t a n t e s e i m e d i a t a s da c r i m i n a l i d a d e [...]", m a s , p r i n c i p a l -
o m e n t e , "[...] a falta d e e n s i n o m o r a l e r e l i g i o s o , p o r q u e e l e é n u l o p a r a o m a i o r n ú m e r o d o s i n d i v í -
ã d u o s , a o s q u a i s n e m a f a m í l i a n e m a e s c o l a e d u c a m [...]", e a i m p u n i d a d e "[...] n ã o p e l a i n s u n c i ê n -
cia d a s p e n a s , m a s p o r n ã o s e r p r o n t a e e ñ c a z s u a a p l i c a ç ã o [...]" ( M I N A S G E R A I S , 1 8 7 6 , A n e x o
^ 3, p. 6 1 - 6 2 ) .
O progresso da idéias, como as necessidades de nosso tetnpo e de nosso país, reclama cada vez mais o
concurso de todas as forças sociais para a difusão e o e n g r a n d e c i m e n t o da esfera do ensino p o p u l a r
Essas propostas são características da passagem do século XIX para o século XX q u e , sustentadas
ideologicamente pelo cientificismo da época, p r i n c i p a l m e n t e na Europa, buscavam u m a polícia
p r o ñ s s i o n a l . N a p r á t i c a , essas r e f o r m a s q u a s e n ã o c h e g a v a m , a i n d a , a s e r a p r o v e i t a d a s n a q u e l e
m o m e n t o . M a s a análise desses projetos p e r m i t e a ñ r m a r que, no último quartel do século XIX,
m e s m o antes da República, iniciavam-se os debates sobre as causas e a natureza dos crimes, de
e s t u d o s sobre m e d i d a s efetivas para a s e g u r a n ç a p ú b l i c a e sobre a profissionalização da Polícia, ou
seja, o t e m a p a s s a v a a s e r v i s t o , d o p o n t o d e v i s t a d a p o l í t i c a p ú b l i c a , c o m o q u e s t ã o d e E s t a d o
( V E L L A S C O , 2004, p. 298).
E m c o m p l e m e n t o , L e v i n d o L o p e s p r o p ô s a r e s t a u r a ç ã o d a G u a r d a M u n i c i p a l p a r a e v i t a r "[...] o
c o n s t a n t e m o v i m e n t o da força policial, as i n c e s s a n t e s r e c l a m a ç õ e s das a u t o r i d a d e s policiais, p r i -
vadas, às vezes, da necessária para a g u a r d a das cadeias, q u e c o n t ê m g r a n d e n ú m e r o de criminosos
[...] " ( M I N A S G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 10). C o m r e l a ç ã o à C a p i t a l , e l e s u g e r i a q u e s e e l e v a s s e
o n ú m e r o d e p r a ç a s e n g a j a d o s d a G u a r d a U r b a n a e q u e ela s e d e s l i g a s s e d o C o r p o P o l i c i a l , v o l t a n -
do a se s u b m e t e r d i r e t a m e n t e à C h e n a de Polícia, c o n f o r m e a L e i n. 2 718, de 1880, q u e a c r i o u
( M I N A S G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 10).
A Lei n. 2 228. de t4 de junho de 1876, mandava criar três institutos de m e n o r e s artifices, s e n d o que o primeiro a ser criado em caráter
experimentai deveria ser na Capitai. Ouro Preto. Mas os retatórios provinciais seguintes não apontam sua criação.
p a r a o ofício d e d e l e g a d o s d e P o l í c i a , s u b d e l e g a d o s e s e u s a g e n t e s . O " P r o m p t u á r i o P o l i c i a l " íbi
i m p r e s s o em 1888, c o m a a u t o r i z a ç ã o do p r e s i d e n t e de província e d i s t r i b u í d o g r a t u i t a m e n t e às
a u t o r i d a d e s policiais de t o d a a p r o v i n c i a mineira'^ ( M I N A S G E R A I S , 1889, p. 13-14).
A p e r d a d e p a r t e d e s u a s n m ç õ e s c o m a L e i d e 1 8 7 1 , a falta d e r e m u n e r a ç ã o c d e p e s s o a l a d e q u a -
do e o n ú m e r o i n s u ñ c i e n t e de praças no C o r p o Policial foram causas de m u i t o s p e d i d o s de e x o -
neração por parte das autoridades policiais (delegados de Polícia e subdelegados), q u e reclamavam
d a falta d e s e g u r a n ç a e m s e u s m u n i c í p i o s , n ã o t e n d o g u a r d a s p a r a v i g i a r a s c a d e i a s , p a r a f a z e r
d i l i g e n c i a s e n e m m e s m o p a r a a s r o n d a s l o c a i s . Isso a u m e n t a v a a s e v a s õ e s d e p r e s o s , o s a t a q u e s d e
m a l f e i t o r e s e o í n d i c e d e c r i m i n a l i d a d e n u m a p r o v í n c i a q u e c h e g a v a a o final d a d é c a d a d e 1880
c o m c e r c a d e 3 m i l h õ e s d e h a b i t a n t e s e u m a força p o l i c i a l e m t o r n o d e m i l p r a ç a s ( M I N A S
G E R A I S , 1887, A n e x o 4 , p . 8); o u seja, 1 p o l i c i a l p o r g r u p o d e 3 0 0 0 h a b i t a n t e s .
2 A l i a d a a essa s i t u a ç ã o d a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l e d a s e g u r a n ç a i n t e r n a d a p r o v í n c i a m i n e i r a , u m a
w c o n f l u ê n c i a d e v á r i o s f a t o r e s levava a o e s g a r ç a m e n t o d o G o v e r n o i m p e r i a l a p a r t i r d a d é c a d a d e
g 1870, c u l m i n a n d o c o m a p r o c l a m a ç ã o d a R e p ú b l i c a , e m 1889. O m a r c o i n i c i a l d e s s e p r o c e s s o d a t a
5 d o M a n i f e s t o R e p u b l i c a n o d e 1870. N o m e s m o p e r í o d o , o fim d a G u e r r a d o P a r a g u a i r e f t i r ç o u o
> Exército c o m o corporação, gerando desentendimentos entre seus oñciais e o ministério imperial,
g A a b o l i ç ã o d a e s c r a v i d ã o , e m 1 8 8 8 , p ô s ñ m a u m p r o c e s s o l e n t o e g r a d u a l , q u e faria r u i r a b a s e
o s o c i a l d o r e g i m e i m p e r i a l . O u t r o d a d o i m p o r t a n t e n e s s e c o n t e x t o foi o a u m e n t o d a p o p u l a ç ã o ,
g incrementado pela imigração, principalmente no ñnal do século. Em relação à organização poli-
5 ciai, o r e g i m e r e p u b l i c a n o p r o c u r o u r e s t r i n g i r a i n d a m a i s o q u e r e s t a r a n a L e i d e 1 8 7 1 , o u seja, d o
^ s i s t e m a i n q u i s i t o r i o e o p r o c e d i m e n t o fjro^r/o ( L A D E I R A , 1 9 7 1 , p. 25).
Em Memórias de um Deiegado de Poticia. Renato Augusto de Lima narra suas experiências pessoais e profissionais durante o periodo que
ocupou este cargo em alguns tocáis do Estado de Minas Gerais e informa que. quando foi despactiado na Repartição de Poücia para o
municipio de Rio Pomba, era um jovem bacharet em Direito, recém formado, que 1...] tevava instruções habituais, com atgum materia] de
expediente [...) e uma espécie de catecismo o 'Promptuário Fohciat' do Dr. Levindo Lopes, onde iria aprender o oficio de detegado {...}'.
Eie tinha 22 anos, e isso se passou por voita de 1 9 t 5 (LIMA. t 9 7 2 . p. 9). Portanto, e s s e manual ainda era utitizado durante as primeiras
décadas do período repubticano. De fato. a quarta edição do "Promptuário Policiai" é datada de ! 9 f 2 e foi revista pelo chefe de Potícia. Dr.
Américo Lopes, depois das reformas constitucionat e judiciária de 1903. (Cf. LOPES. 1912, s e m paginação)
Destacamento pohciai de Espinoza corn 20 cívís engajados. Força Púbiica. 1930. Acervo APM.
o PERÍODO
REPUBLtCANO
2.1 A POLÍCiA NA PR!ME!RA REPÚBUCA
A R e p ú b l i c a foi p r o c l a m a d a e m 1 5 d e n o v e m b r o d e 1889, m a s a t é q u e s e c o n s o l i d a s s e c o m o n o v o
r e g i m e político, viveu um p e r í o d o de instabilidade, de tensões e de i n d e n n i ç õ e s de r u m o s para a
n o v a o r d e m i n s t a u r a d a ( N E V E S , 2 0 0 3 , p . 34). E m 1 1 d e o u t u b r o d e 1890, o D e c r e t o n . 8 4 7 p r o m u l -
gou o novo C ó d i g o Penal, atualizando o anterior do período imperial para se adequar ao contexto
p o l í t i c o e s o c i a l q u e o r a s e i n i c i a v a . S o m e n t e e m 2 4 d e f e v e r e i r o d e 1891 a p r i m e i r a C o n s t i t u i ç ã o
r e p u b l i c a n a d o Brasil foi p r o m u l g a d a , t e n d o c o m o c a r a c t e r í s t i c a s p r i n c i p a i s : a a d o ç ã o d o f e d e r a -
l i s m o , do p r e s i d e n c i a l i s m o , do e s t a b e l e c i m e n t o d o s t r ê s p o d e r e s — o E x e c u t i v o , o L e g i s l a t i v o e o
J u d i c i á r i o —, a s e p a r a ç ã o da Igreja e do E s t a d o e a d e n n i ç ã o de critérios, d e n t r e eles a alfabetiza-
ç ã o , e n ã o m a i s a r e n d a , p a r a o d i r e i t o ao v o t o .
O f e d e r a l i s m o foi a g r a n d e i n o v a ç ã o d a C o n s t i t u i ç ã o d e 1 8 9 1 , p o i s c o n f e r i u aos E s t a d o s l a r g a
m a r g e m d e a u t o n o m i a e m substituição a o c e n t r a l i s m o característico d o I m p é r i o . Essa e n o r m e
soma de poder do Estado em relação ao G o v e r n o central t a m b é m se distribuiu entre o Estado e os
municípios, refí)rçando o f e n ó m e n o do coronelismo. A C o n s t i t u i ç ã o mineira, t a m b é m de 1891,
levou a idéia de descentralização até as últimas conseqüências, t r a n s f o r m a n d o os m u n i c í p i o s em
u m a f e d e r a ç ã o d e d i s t r i t o s ( R E S E N D E , 1982, p . 8 4 ) .
A s s i m , e m M i n a s G e r a i s , o p e r í o d o c o m p r e e n d i d o e n t r e 1 8 8 9 - 1 8 9 8 foi c a r a c t e r i z a d o p e l a a m p l a
a u t o n o m i a legal d o s m u n i c í p i o s , pelos excessos d o m a n d o n i s m o local, e n v o l v e n d o acirradas lutas
partidárias nos m u n i c í p i o s e distritos, e pelo processo em m a r c h a de crise económico-financeira.
O período seguinte, 1898-1906, esteve c e n t r a d o na m o n t a g e m da estrutura de d o m i n a ç ã o ou oli-
garquixação de Minas Gerais com o novo Partido Republicano Mineiro ( P R M ) , quando, então, se
retiraram as garantias jurídicas contra a intromissão do p o d e r estadual nos municípios ( R E S E N D E ,
1982, p. 212-213). Essa c e n t r a l i z a ç ã o levou ao f o r t a l e c i m e n t o do P R M , c o n d i ç ã o p r i m o r d i a l para o
e s t a b e l e c i m e n t o da aliança e n t r e São P a u l o e M i n a s G e r a i s no c o n t r o l e da política brasileira até
1930.'^ M i n a s G e r a i s g a r a n t i a s u a i m p o r t â n c i a n o c e n á r i o n a c i o n a l n ã o s ó d o p o n t o d e v i s t a
e c o n ô m i c o , mas t a m b é m p o r ser o E s t a d o mais p o p u l o s o do País. Esses dois m o m e n t o s inOuencia-
r a m n a c r i a ç ã o d a s leis e n a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l , p o i s o p r o c e s s o d e s u b o r d i n a ç ã o d a s m u n i c i p a l i -
d a d e s p e l o E s t a d o m i n e i r o c o n t o u c o m a P o l í c i a c o m o u m d o s p r i n c i p a i s i n s t r u m e n t o s legais p a r a
a d o m i n a ç ã o o l i g á r q u i c a ( R E S E N D E , 1 9 8 2 , p . 191).
A denominada Revolução de 1930 deu inicio a um projeto de Estado mais autoritário e nacionalista, por isso m e s m o mais centralizador,
rompendo com a "política do café-com-ieite", caracterizada pela aliança entre São Paulo. Partido Republicano Paulista (PRP) e Minas Gerais
(PRM). bem c o m o pelo controle das oligarquias estaduais da Primeira República.
2 . 1 . 1 A POLÍCÍA EA ESTRUTURAÇÃO DO PODER ESTADUAL: 1 8 8 9 - 1 9 0 6
A s s i m , a p r o p o s t a e n c a m i n h a d a p e l o c h e f e d e P o l í c i a Alfi-edo P i n t o V i e i r a d e M e l o , e m 1 8 9 4 , p a r a
q u e se engajassem paisanos nas sedes dos m u n i c í p i o s do E s t a d o — o n d e n ã o h o u v e s s e d e s t a c a m e n -
tos militares ou estes fossem i n s u ñ c i e n t e s — tinha c o m o objetivo, a l é m dos já citados, m a n t e r o
c o n t r o l e s o b r e e s s e s e n g a j a d o s p o r m e i o d o s d e l e g a d o s ( D e c r e t o n . 7 6 9 , d e 1894, a r t i g o s 3", 4'' e 5").
O c h e f e d e P o l í c i a visava, c o m isso, a u m e n t a r o p o l i c i a m e n t o n a á r e a d o s m u n i c í p i o s e c o n t r o l a r
o s e x c e s s o s d o s c o n ñ i t o s l o c a i s . M a s o q u e o c o r r e u foi o c r e s c i m e n t o d o p o d e r d o s d e l e g a d o s , o q u e
levou à e x t i n ç ã o d e s s e sistema e à p r o p o s t a de c r i a ç ã o da G u a r d a Cívica, em 1904, d i r e t a m e n t e s u -
b o r d i n a d a à S e c r e t a r i a d o I n t e r i o r e a o c h e f e d e P o l í c i a ( R E S E N D E , 1 9 8 2 , p . 194).
E s s e m e s m o chefe d e P o l í c i a t a m b é m s e q u e i x a v a d a falta d e r e m u n e r a ç ã o p a r a o s c a r g o s p o l i c i a i s e
defendia a aprovação de um projeto para regularizar u m a tabela de vencimentos para os delegados,
s u b d e l e g a d o s e a g e n t e s p o h c i a i s . A i d é i a s u b j a c e n t e , n e s s e caso, e r a d e q u e , a o s e r e m r e m u n e r a d o s , esses
o Decreto n. 6 1 3 , de 9 de março de 1893. dispõe, no capítuto 5. artigo 65. sobre os vencimentos: "chefe de Policia, empregados da
Secretaria de Policia, da cadeia da Capita! e carcereiros receberão vencimentos em tabela"; e no art. 66: "Os demais receberão o taxado no
regimento de custas por atos que praticarem".
Como foi referido na introdução, e s s e s cargos surgiram, ao longo dos anos. desde o Império. O de carcereiro, por exemplo, existia desde
o Brasil Colônia. 0 grande mérito da Lei n. 30, de 1892. e do Decreto n. 6 1 3 , de 1893, foi tentar consolidar e s s e s cargos em uma única
organização, o que somente foi c o n s e g u i d o apenas depois da década de Í 9 2 0 .
" A Força Fúbtica passou a ser denominada de Brigada Policial de Minas Gerais em 1893. nos termos do artigo 1° da Lei n. 60, de 22 de
julho. Mas o Decreto n. 1 352, de 27 de janeiro de 1900. que d i s p ô s sobre a Força Pública, voítou a utiüzar essa expressão para aqueta
instituição até então denominada Brigada Policial. Nos relatórios das autoridades, as duas e x p r e s s õ e s são utilizadas nesse período.
Posteriormente, na década de 1910. s o m e n t e a expressão Força Pública passou a ser usada petas autoridades.
1^ ^
cargos deixariam de ser quase exclusivamente i n s t r u m e n t o de interesse potítico-partidário e passari-
a m a a t r a i r p e s s o a s m a i s q u a l i ñ c a d a s . E s s e p r o j e t o , e m b o r a j á estivesse n o C o n g r e s s o e s t a d u a l , n ã o c o n -
s e g u i a a p r o v a ç ã o , t a m p o u c o h á m e n ç ã o p o s t e r i o r d e q u e isso t e n h a o c o r r i d o ( M I N A S G E R A I S , 1895).
A falta d e r e m u n e r a ç ã o l e v a v a à s é r i a d i ñ c u l d a d e e m p r o v e r o s c a r g o s d e d e l e g a d o e s u b d e l e g a d o
em muitas localidades do Estado, r e s u l t a n d o na obrigação de n o m e a r oñciais da Brigada Policial
p a r a o c u p á - l o s . S u r g i u , e n t ã o , a ñ g u r a d o d e l e g a d o e s p e c i a l ( M I N A S G E R A I S , 1 8 9 4 , p . 8). E
Ê necessário enfatizar que o oñcial designado c o m o delegado especial continuava vinculado à
z B r i g a d a P o l i c i a l , e n t r e t a n t o s e afastava d e s u a s f u n ç õ e s m i l i t a r e s e n q u a n t o o c u p a v a o u t r o c a r g o
^ que, s e g u n d o as a u t o r i d a d e s policiais da época, exigia m e l h o r p r e p a r o na p r e v e n ç ã o do c r i m e e
^ a i n d a d e s f a l c a v a a q u e l a força p o l i c i a l . A c r e s c e n t e - s e a isso q u e a c o n d i ç ã o d e d e l e g a d o e s p e c i a l
g d e v e r i a s e r u t i l i z a d a s o m e n t e e m c a r á t e r d e u r g ê n c i a , o u seja, a p ó s a s o c o r r ê n c i a s p o l i c i a i s , q u a n -
g do, então, ele agiria c o m o Polícia repressiva. P o r t a n t o , o u s o de policiais militares no cargo de d e -
S legado c o m o rotina para prevenção de crimes se caracterizava c o m o irregular, além de desfalcar os
g b a t a l h õ e s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p. 45). D i a n t e desses p r o b l e m a s , p a s s o u - s e a p r o p o r a criação
g de lugares de delegados auxiliares do chefe de Polícia em alguns municípios do Estado em q u e as
g p o p u l a ç õ e s s e s e n t i s s e m a m e a ç a d a s c o m o s c o n ñ i t o s l o c a i s ( M I N A S G E R A I S , 1 8 9 6 , p . 8-9).
g
B E m r e s p o s t a a esses a p e l o s , c r i o u - s e o c a r g o d e d e l e g a d o e s p e c i a l a s e r e x e r c i d o p o r o ñ c i a i s d a
S Brigada Policial, em alguns municípios, e um ú n i c o cargo de d e l e g a d o auxiliar do chefe de Polícia,
^, n a C a p i t a l , p e l a L e i n . 175, d e 1 8 9 6 , r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 1 0 3 4 , d e 6 d e m a i o d e 1 8 9 7 .
A necessidade de u m a Polícia b e m p r e p a r a d a exigiu q u e os cargos de delegados auxiliares do chefe
, de Polícia fossem providos p o r bacharéis c o m m a i o r e s q u a l i n c a ç õ e s , r e c e b e n d o v e n c i m e n t o s de
a c o r d o c o m o s q u a d r o s d e p e s s o a l d a P o l í c i a ( L e i n . 175, 1896, a r t i g o 2'*). E s s e d e l e g a d o a u x i l i a r
deveria m o r a r na C a p i t a l e r e p r e s e n t a r ou substituir o chefe de Polícia q u a n d o este assim o r e q u i -
sitasse, d e s l o c a n d o - s e p a r a a q u e l e s m u n i c í p i o s q u e n e c e s s i t a s s e m d e r e s t a b e l e c i m e n t o d a o r d e m
p ú b l i c a ( D e c r e t o n. 1 0 3 4 , 1897, a r t i g o 21).
E m 1 9 0 0 , o D e c r e t o n . 1 352 e s t a b e l e c e u q u e o d e v e r d o c o m a n d a n t e - g e r a l d a B r i g a d a P o l i c i a l
e r a a t e n d e r d i r e t a m e n t e o c h e f e d e P o l í c i a e m t u d o q u e d e p e n d e s s e d a ft)rça p o l i c i a l , t a n t o p a r a
a m a n u t e n ç ã o da o r d e m pública q u a n t o para os serviços médico-Iegais, que deveriam ser d e s e m -
p e n h a d o s pelos médicos dos batalhões. A má situação ñnanceira do Estado e a convicção de q u e
o D e c r e t o n. 1 352 fosse s u ñ c i e n t e p a r a s o l u c i o n a r o p r o b l e m a d e p o l i c i a m e n t o n o s v á r i o s
municípios o n d e a d e s o r d e m era c o m u m levaram à extinção do cargo de delegado auxiliar pela
L e i n. 3 1 8 , e m 1 9 0 1 .
E n t r e t a n t o , e m 1903, h o u v e n e c e s s i d a d e d e o G o v e r n o u t i l i z a r a a u t o r i z a ç ã o c o n t i d a n o a r t i g o 5 "
d a L e i n . 360, d o m e s m o a n o , "[...] q u e l h e f a c u l t o u a n o m e a ç ã o d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s d o c h e f e
de Polícia, em comissão nos m u n i c í p i o s em q u e se d e s s e m p e r t u r b a ç õ e s da o r d e m pública, nos
q u a i s n ã o p u d e s s e c o m p a r e c e r a q u e l a a u t o r i d a d e [...]" ( M I N A S G E R A I S , 1904, p . 26). E s s e s d e l e -
gados auxiliares seriam n o m e a d o s apenas em caráter de urgência por t e m p o d e t e r m i n a d o e r e c e -
b e r i a m a m e t a d e d o v e n c i m e n t o d o c h e f e d e P o l í c i a ( L e i n . 3 6 0 , d e 2 7 d e a g o s t o d e 1 9 0 3 , a r t i g o 5'').
A lei n ã o d e ñ n i a o n ú m e r o d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s q u e p o d e r i a m s e r n o m e a d o s .
A L e i n . 4 5 3 , d e 1907, d e s v i n c u l o u d o c a r g o d e c h e f e d e P o l í c i a a f u n ç ã o d e c o m a n d a n t e - g e r a l d a
B r i g a d a Policial ( a r t i g o 2") e fez r e s s u r g i r a ñ g u r a do d e l e g a d o a u x i l i a r ( a r n g o 8'^). Essa p a r t e da L e i n.
4 5 3 foi r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 2 187, d e 1908, q u e d i v i d i u o E s t a d o e m q u a t r o c i r c u n s c r i ç õ e s
policiais — c a d a u m a d e l a s s e n d o d i r i g i d a p o r u m d e s s e s d e l e g a d o s ( a r t i g o 7*^). A s s e d e s d a s q u a t r o c i r - g
c u n s c r i ç õ e s f o r a m assim d e t e r m i n a d a s : a C a p i t a l , J u i z d e Fora, U b e r a b a e D i a m a n n n a ( M I N A S 3
G E R A I S , 1908, p . 4 3 - 4 4 ) . A d i v i s ã o e m c i r c u n s c r i ç õ e s p o l i c i a i s , t e n d o à f r e n t e e m c a d a u m a d e l a s g
um delegado auxiliar c o m qualincação e r e m u n e r a ç ã o , era u m a m e d i d a já solicitada pelos chefes de ^
Polícia, q u e v i a m nela o início da Polícia de carreira, q u e deveria ser c o m p l e t a d a mais tarde, e s t e n - .S
d e n d o - s e aos d e l e g a d o s , s u b d e l e g a d o s e i n s p e t o r e s d e s e ç ã o a q u e l a s m e s m a s c o n d i ç õ e s ( M I N A S Si
o
G E R A I S , 1906, p . 4 1 - 4 2 ) . E s s a s m u d a n ç a s a c o m p a n h a v a m u m i m p o r t a n t e m a r c o n a h i s t ó r i a d o ^
D i r e i t o b r a s i l e i r o , o u seja, a c r i a ç ã o d o C ó d i g o d e P r o c e s s o P e n a l , e m a g o s t o d e 1906.
C o m essa m e d i d a b u s c a v a - s e r e s o l v e r o s c o n s t a n t e s p r o b l e m a s d e p o l i c i a m e n t o n o E s t a d o e m r a z ã o
do n ú m e r o i n s u ñ c i e n t e de praças e da d i ñ c u l d a d e do transporte da Força Pública em tão vasto ter-
ritório, q u e já contava c o m 4 m i l h õ e s de h a b i t a n t e s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p. 43). A p e s a r do q u e
d e t e r m i n a v a a Lei n. 4 5 3 , de 1907, o chefe de Polícia c o n t i n u a r i a a e x e r c e r o cargo de c o m a n d a n t e -
geral da Brigada Policial até o ñ n a l de 1909, q u a n d o , e n t ã o , o D e c r e t o n. 2 656, de 13 de o u t u b r o
d e 1904, r e o r g a n i z o u a B r i g a d a P o h c i a l e d e v o l v e u o s e u c o m a n d o a u m c o r o n e l , m a s m a n t e v e essa
F o r ç a P ú b l i c a à d i s p o s i ç ã o d a s r e q u i s i ç õ e s d o c h e f e d e P o l í c i a ( a r t i g o 3"). S e n d o a s s i m , a s m o d i n -
c a ç õ e s legais n ã o i m p l i c a r a m a p e r d a d o p o d e r e s t a d u a l e m r e l a ç ã o à s m u n i c i p a l i d a d e s , p o i s s e
m a n t e v e u m p o d e r d e Polícia c e n t r a l i z a d o p a r a c o n t r o l a r a s lutas p o l í t i c o - p a r t i d a r i a s locais.
C o m a m e s m a ñ n a l i d a d e foi p r o p o s t a a c r i a ç ã o d a G u a r d a C í v i c a , e m 1 9 0 4 , s u b s t i t u i n d o o s i s t e m a
de paisanos engajados para f o r m a r ou c o m p l e t a r o d e s t a c a m e n t o local, q u e a c a b o u p o r reforçar o
p o d e r d o s d e l e g a d o s m u n i c i p a i s ( R E S E N D E , 1 9 8 2 , p . 194). A G u a r d a C í v i c a d e v e r i a s e r u m a força
c o m p o s t a p o r civis e n g a j a d o s a p e n a s p a r a o p o l i c i a m e n t o d o s m u n i c í p i o s cujas c â m a r a s m u n i c i p a i s
se dispusessem a contribuir para sua criação, mas estaria d i r e t a m e n t e s u b o r d i n a d a à Secretaria do
I n t e r i o r e ao c h e f e de P o l í c i a ( L e i n. 380 de 27 de a g o s t o de 1904, a r t i g o s 1*^ e 3"). E s s a g u a r d a , p o r -
tanto, t a m b é m deveria reforçar o poder estadual nas municipalidades.
rédio da Câmara Municipa) e cadeia de São Gotardo. MG, 1915. Acervo APM.
Autoridades integrantes da Potícia de Minas Gerais. 1916. Beto Horizonte. Acervo AP!^^
2 . 1 . 2 A POLÍCtA NA FASE OLtGÁRQUtCA: 1 9 0 6 - 1 9 2 6
a) A G u a r d a Civil
A o p e d i r a c r i a ç ã o d a G u a r d a C i v i l , e m 1904, o p r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s , F r a n c i s c o
A n t o n i o de Salles, acatou o q u e l h e p r o p u n h a o r e l a t ó r i o do chefe de Polícia s o b r e a s i t u a ç ã o do
p o l i c i a m e n t o do Estado. Assim, o p r e s i d e n t e Francisco Sales justificou a criação da G u a r d a Civil
o a p o n t a n d o os problemas enfrentados pelos responsáveis pela segurança pública:
^ Por um lado a função gratuita dos agentes da Polícia, por o u t r o lado a insuñciéncia da Força Pública
^ para a t e n d e r às necessidades múltiplas da m a n u t e n ç ã o da o r d e m em tão vasta extensão territorial
¿¿ do nosso Estado, são obstáculos quase invencíveis à perfeita garantia da o r d e m pública e segurança
§ m^^duaL
t3
s
ã N ã o me animo a propor-vos seu aumento, atento às condições precárias da nossa situação ñnanceira.
E m b o r a a L e i n . 380, d e 2 7 d e a g o s t o d e 1904, d e t e r m i n a s s e a c r i a ç ã o d a G u a r d a C i v i l n o E s t a d o d e
M i n a s G e r a i s , e l a s ó fbi r e a l m e n t e i m p l a n t a d a , n a C a p i t a l , e m 1 9 1 0 , d e p o i s q u e a L e i n . 4 9 0 , d e 9 d e
s e t e m b r o d e 1909, a r t i g o 7", fbi r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 2 6 5 4 , d e 1 3 d e o u t u b r o d e 1909, c o m
o n o m e d e G u a r d a C i v i l , c o m p o s t a p o r 120 h o m e n s . E m 1 9 1 1 , d e a c o r d o c o m a L e i n . 5 4 9 , d e 1910,
s e u e f e t i v o p a s s a r i a a ser d e 180 h o m e n s . O r e l a t ó r i o d o i n s p e t o r d a G u a r d a C i v i l n e s t e m o m e n t o
a p o n t a v a a n e c e s s i d a d e d e e v i t a r a falta d e c o m p r o t u i s s o d e m o n s t r a d a a n t e r i o r m e n t e n o e n g a j a m e n -
to de paisanos. O inspetor p r o p u n h a um novo r e g u l a m e n t o , no q u e se referia à a p o s e n t a d o r i a dos
g u a r d a s , e t a m b é m a c r i a ç ã o d e u m a C a i x a B e n e ñ c e n t e ( M I N A S G E R A I S , 1911).
E m ] 9 1 2 , O D e c r e t o n . 3 4 0 9 r e o r g a n i z o u essa G u a r d a , a u m e n t a n d o o s e u e f e t i v o p a r a 2 0 0 h o m e n s ,
d i v i d i d o s e m t r ê s cíasses."* E r a u m a f o r ç a i n a m o v í v e ! d e s t i n a d a à v i g ü â n c i a , à g a r a n t i a d a o r d e m , à
s e g u r a n ç a e à t r a n q ü i Ü d a d e p ú b t i c a d a C a p i t a l . E!a ficaria s u b o r d i n a d a a o s e c r e t á r i o d o I n t e r i o r , s o b
as o r d e n s do chefe de Pottcia, e sediada na Secretaria de Polícia. Esse D e c r e t o n. 3 4 0 9 previa, ainda,
a i n s t a l a ç ã o d e u m a e s c o t a n a s e d e d a c o r p o r a ç ã o p a r a d a r e n s i n o p r á t i c o aos g u a r d a s ( a r t i g o 26).
P a r a s u a a d m i s s ã o , e x i g i a - s e s a b e r 1er e e s c r e v e r c o r r e t a m e n t e e t e r e s t a t u r a r e g u l a r (1,60 m ) , b o a
c o m p l e i ç ã o e r o b u s t e z física ( a r t i g o 9'').
E m 1912, p r o p ò s - s e q u e d e s s a G u a r d a s e d e s t a c a s s e u m a t u r m a p a r a a c r i a ç ã o d e u m a c o m p a n h i a
d e b o m b e i r o s ( M I N A S G E R A I S , Ï 9 1 2 , p . 17). P a r a isso, f o r a m a d q u i r i d o s n o v o s e q u i p a m e n t o s p a r a
c o m b a t e a i n c ê n d i o s e fbi e n v i a d a u m a t u r m a d e g u a r d a s e a l g u n s p r a ç a s d a F o r ç a P ú b l i c a p a r a
fazer u m c u r s o n o R i o d e J a n e i r o e e s t a b e l e c e r a c o m p a n h i a d e b o m b e i r o s , c r i a d a p e l a L e i n . 5 8 4 ,
d e 1912 ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 3 , p . 10). M a i s t a r d e , essa c o m p a n h i a fez p a r t e d o 1 " B a t a l h ã o d a
F o r ç a P ú b l i c a , n a C a p i t a l ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57).
" Segundo o artigo 1° do Decreto n. 3 4 0 9 . de i6 de janeiro de t 9 1 2 , a Guarda Civi) era composta de 2 0 0 h o m e n s , divididos em três cias
ses: 30 h o m e n s na primeira. 70 na segunda e ÍOO na terceira.
o
Prédio da Chefia de Policia em Beio Horizonte, iocaiizado na confiuência das ruas Bahia
e Bernardo Guimarães, entre 1911 e 1915. Acervo APM.
E m 1915, m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s i n f o r m a v a q u e s e d e s t a c a r a m d a
G u a r d a Civi! duas t u r m a s c o m 14 guardas e 1 ñscal cada para c u m p r i r serviços de inspeção de veícu-
los e i n v e s t i g a ç õ e s policiais'" ( M ! N A S G E R A I S , 1915, p. 58). A t u r m a e n c a r r e g a d a d a s i n v e s t i g a ç õ e s
p o l i c i a i s p a s s o u a c h a m a r - s e , p o r volta d e 1915, C o ^ o í / í ' & ^ M W K p ? ( M I N A S G E R A I S , 1915, p . 15). E m
j a n e i r o de 191 7, em r a z ã o d a s d i f i c u i d a d e s ñ n a n c e i r a s p e l a s q u a i s o E s t a d o passava, o D e c r e t o n. 4 703
e x t i n g u i u o c a r g o d e ñ s c a l - g e r a l d a G u a r d a Civil, t r a n s f e r i n d o - o p a r a a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a , cujas
fíjnções s e r i a m e x e r c i d a s , e n t ã o , p o r u m o ñ c i a l d a F o r ç a P ú b h c a ( M I N A S G E R A I S , 1918, p . 42).
M e s m o c o m essa m o d i n c a ç ã o , a G u a r d a C i v i l c o n t i n u o u s o b a s o r d e n s d o c h e f e d e Polícia, q u e v o l t a r a
a s e r o c o m a n d a n t e da F o r ç a P ú b l i c a p e l o D e c r e t o n. 4 342, de 19 de m a r ç o de 1 9 ! 5, e x p e d i d o p a r a
e x e c u ç ã o d o a r t i g o 7 " d a L e i n . 6 3 1 , d e 2 9 d e s e t e m b r o d e 1914 ( M I N A S G E R A I S , 1915, p . 57).
A G u a r d a C i v i l m a n t e v e - s e a s s i m a t é a s p r o x i m i d a d e s d e 1920, q u a n d o , e n t ã o , s e p r o p ô s q u e l o g o
q u e fosse p o s s í v e l c o n v i r i a d a r a o s s e r v i ç o s d e i n s p e ç ã o d e v e í c u l o s e a o C o r p o d e S e g u r a n ç a n o v a
organização c o m pessoal p r ó p r i o e a u t o n o m i a , b e m c o m o reintegrar os guardas no policiamento,
pois e s t e s e achava d e s g u a r n e c i d o ( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 61). C o n c o m i t a n t e m e n t e , p r o p u -
nha-se a revisão dos v e n c i m e n t o s dos guardas, q u e era c o n s i d e r a d o baixo, e ainda a admissão deles
e m u m a d a s C a i x a s B e n e ñ c e n t e s j á e x i s t e n t e s ( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 61). A p r e v i s ã o legal s o b r e
a i n s t a l a ç ã o d e u m a e s c o l a p a r a o e n s i n o p r á t i c o a o s g u a r d a s n ã o s e r e a l i z o u , p o r isso e r a c o n s t a n t e -
m e n t e l e m b r a d a p e l a s a u t o r i d a d e s a n e c e s s i d a d e d e o f e r e c e r e s s e t i p o d e i n s t r u ç ã o aos g u a r d a s - c i v i s
c o m o m e i o d e m e l h o r a r a a t u a ç ã o d e l e s ( M I N A S G E R A I S , 1916, p . 58).
o chefe de Policia de 1 9 i 2 informou, em seu reiatório ao secretário do Interior, que tinha destacado uma turma dos d e z methores guardas
civis para compor o corpo de agentes auxUiares das autoridades na investigação dos crimes e nas pesquisas dos e l e m e n t o s materiais dos
delitos. (MtNAS GERAIS. i 9 1 2 , p. i3). Nesse m e s m o reiatório. a expressão "inspetores de veículos" é utilizada sem especificar se era for-
mada por guardas civis ou não. Somente na m e n s a g e m do presidente do Lstado de Minas Gerais de 19Í5 especificou-se de forma clara que
uma turma de 14 guarda civis e 1 fisca! estava destinada à inspeção de veículos, dai a opção por essa informação mais segura. (MINAS
GERAtS, 1915a)
E n t r e as r e c í a m a ç õ e s m a i s f r e q ü e n t e s e s t a v a m a i n d i s c i p l i n a , a e m b r i a g u e z e a falta de c o m p r o m i s -
so dos g u a r d a s para c o m a c o r p o r a ç ã o c o m i n ú m e r o s p e d i d o s de e x o n e r a ç ã o . Em 1925, o p r e s i d e n t e
de Estado, F e r n a n d o de M e l o Viana, informou, ao C o n g r e s s o Mineiro, a existência de u m a escola
p r i m á r i a para a i n s t r u ç ã o d o s g u a r d a s - c i v i s c o m a p r e s e n ç a de 33 a l u n o s ( M I N A S G E R A I S , 1925,
p . 193). M a s n ã o h o u v e n e n h u m a m e n ç ã o s o b r e o e n s i n o p r á t i c o a e s s e s a l u n o s c o m o e s t a v a p r e v i s -
t o p o r lei. S o m e n t e e m 1 9 2 8 , t e v e - s e n o t í c i a d a i n s t a l a ç ã o d e u m a e s c o l a d e d e f e s a p e s s o a l n a
G u a r d a Civil ( M I N A S G E R A I S , 1928, v. 2, p. 227).
E m 1918, p e l o D e c r e t o n . 5 0 3 0 , foi c r i a d a a I n s p e t o r i a d e V e í c u l o s , c o n s t i t u í d a , i n i c i a l m e n t e , p o r
u m a t u r m a d e g u a r d a s - c i v i s ( M I N A S G E R A I S , 1925, p . 194). E m 1920, o C o r p o d e S e g u r a n ç a , c o m -
p o s t o p o r o u t r a t u r m a de 14 g u a r d a s - c i v i s e 1 fiscal, foi i n c o r p o r a d o ao G a b i n e t e de I n v e s t i g a ç õ e s e
C a p t u r a s , d e s a g r e g a n d o s e u p e s s o a l d a G u a r d a C i v i l , s e g u n d o a u t o r i z a v a a lei d e c r i a ç ã o d e s s e g a b i -
n e t e ( L e i n . 770, d e 1 4 d e s e t e m b r o d e 1920, a r t i g o 2"). M a s s o m e n t e e m 1922 o G a b i n e t e d e
i n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s c o m e ç o u a s e r o r g a n i z a d o c o n f o r m e o D e c r e t o n. 6 110, d a q u e l e a n o , q u e
o r e g u l a m e n t o u . A p a r t i r de e n t ã o , a G u a r d a Civil voltou a t e r suas funções originais de auxiliar as
a u t o r i d a d e s n o p o l i c i a m e n t o d a C a p i t a l , s e n d o n e c e s s á r i a r e n o v a ç ã o d e p a r t e d e s e u p e s s o a l , q u e foi
desagregado j u n t a m e n t e c o m os serviços de investigação e inspeção de veículos.
A s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s e l o g i a v a m essas m e d i d a s a l e g a n d o q u e a r e t i r a d a d a s f t m ç õ e s d e ñ s c a i s d e
v e í c u l o s d e s s a G u a r d a m e l h o r a r a o p o l i c i a m e n t o d a á r e a u r b a n a d a C a p i t a l e a i n d a foi p o s s í v e l
estendê-lo a algumas regiões suburbanas, s o b r e t u d o à noite, q u a n d o era necessária m a i o r vigilância
( M I N A S G E R A I S , 1924, p . 305). M a s , p o r o u t r o l a d o , essas a u t o r i d a d e s a p o n t a v a m d e f i c i ê n c i a s n a
organização da G u a r d a Civil, c o m o a freqüente renovação de seu pessoal em prejuízo da disciplina
e d o b o m d e s e m p e n h o d a c o r p o r a ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1924, p . 305). D i a n t e d i s s o , p e r c e b i a m a
necessidade de introduzir m e d i d a s para estimular os guardas a não p e d i r e x o n e r a ç ã o de seus cargos,
oferecendo-lhes melhor remuneração, instrução, atendimento médico e a Caixa Beneñcente.
b) O G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l
U m d o s p r o b l e m a s a p o n t a d o s d u r a n t e o p e r í o d o i m p e r i a l e r a falta d e d a d o s e m a p a s c o m p l e t o s q u e
d i a g n o s t i c a s s e m a s i t u a ç ã o d a p o p u l a ç ã o e d o s d e l i t o s m a i s f r e q ü e n t e s . N a p r i m e i r a fase d o p e r í o -
d o r e p u b l i c a n o , isso n ã o s e r e s o l v e u d e i m e d i a t o . N ã o s ã o r a r o s o s r e l a t ó r i o s d a s a u t o r i d a d e s r e c l a -
m a n d o das d i ñ c u l d a d e s para obter os d a d o s estatísticos, m u i t a s vezes p o r q u e a p o p u l a ç ã o n ã o c o m -
p r e e n d i a essa n e c e s s i d a d e e p e n s a v a t r a t a r - s e d e u m a í b r m a d e o b t e r i n f o r m a ç õ e s p a r a c o b r a n ç a
g de impostos. As a u t o r i d a d e s policiais locais t a m b é m não forneciam as estatísticas criminais no
p r a z o exigido o u m e s m o c o m p l e t a s ( M I N A S G E R A I S , 1906, p . 46).
E m 1906, o c h e í ^ d e P o l í c i a , J o ã o O l a v o E l o y d e A n d r a d e , j u s t i ñ c o u a i m p o r t â n c i a d a e s t a t í s t i c a
para a segurança pública:
[...] para q u e possa ajuizar do estado da segurança pública, das causas q u e mais f r e q ü e n t e m e n t e
d e t e r m i n a m sua alteração, e dos delitos para os quais há m a i o r tendência e que, pois, m e r e ç a m de
preferência a atenção das autoridades ( M I N A S G E R A I S , 1906, Anexo C, p. 459).
O u t r a q u e s t ã o t a m b é m s e i m p u n h a : a n e c e s s i d a d e d e t e r e m a r q u i v o s fichas d e i d e n t i n c a ç ã o d e
i n f r a t o r e s p a r a facilitar o s e r v i ç o p o l i c i a l . D e s d e a d é c a d a d e 1890, o s r e l a t ó r i o s d a C h e ñ a d e
Polícia d e s t a c a r a m a utilização de m é t o d o s inovadores para a i d e n t i n c a ç ã o dos detentos: o serviço
a n t r o p o m é t r i c o c r i m i n a l fbi p i o n e i r o n o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s ; a f b t o g r a ñ a t a m b é m s e r i a u t i l i z a -
d a c o m o f b r m a d e i d e n t i n c a ç ã o e dinisão d o m a t e r i a l p a r a o u t r a s c a d e i a s d o E s t a d o ( M I N A S
GERAIS, 1895). E s s a s i n o v a ç õ e s n ã o s e s u s t e n t a r a m n o a n o s e g u i n t e d a s u a c r i a ç ã o , m u i t o
p r o v a v e l m e n t e p o r falta d e m a t e r i a l e d e r e c u r s o s ñ n a n c e i r o s ( M I N A S G E R A I S , 1897). M a s e l a s
indicavam a necessidade de um serviço na Polícia que se encarregasse do levantamento dos delitos
m a i s ñ ' e q ü e n t e s e d a i d e n t i n c a ç ã o d e d e l i n q ü e n t e s p a r a a p r e v e n ç ã o d o s c r i m e s , b e m c o m o facili-
t a s s e a i n v e s t i g a ç ã o e a c a p t u r a de c r i m i n o s o s .
D i a n t e d i s s o , o a r t i g o 7 " d a L e i n . 4 4 5 , d e 3 d e o u t u b r o d e 1906, a u t o r i z o u o G o v e r n o a m o n t a r , n a
repartição C e n t r a l da Polícia e nos lugares q u e julgasse conveniente, gabinetes fbtográñcos e de
i d e n t i n c a ç ã o p a r a o s e r v i ç o policial. E n t r e t a n t o , s o m e n t e em 1909 o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e
E s t a t í s t i c a C r i m i n a l fbi c r i a d o p e l o D e c r e t o n . 2 4 7 3 c o m a q u e l e s o b j e t i v o s e x p o s t o s , a n e x o à
S e c r e t a r i a d e PoÜcia. E s s e g a b i n e t e d e v e r i a s e g u i r o s m o t d e s d o G a b i n e t e d o D i s t r i t o F e d e r a ! - R J
( M t N A S G E R A t S , 1 9 0 9 , p . 7). A i d e n t i n c a ç ã o s e r i a feita p o r m e i o d e ñ c h a s , r e u n i n d o a s f o t o s d e
fi'ente e d e p e r ñ l , c o n t e n d o a d e s c r i ç ã o d a s c a r a c t e r í s t i c a s a t é m e s m o físicas d a p e s s o a ( D e c r e t o n .
2 4 7 3 , a r t i g o 3"). O g a b i n e t e c o n t a r í a c o m u m d i r e t o r , u m e n c a r r e g a d o d e e s t a t í s t i c a , t r ê s a u x i l i a r e s
( u m para estatística e dois p a r a i d e n t i n c a ç ã o ) e um fotógrafo. Em 1910, esse g a b i n e t e já f u n c i o n a -
v a n a C a p i t a l e h a v i a filiais e m B a r b a c e n a , C a t a g u a s e s , D i a m a n t i n a , J u i z d e F o r a , M a r i a n a , O u r o
F i n o , P o u s o A l e g r e e U b e r a b a ( M I N A S G E R A I S , 1910, p . 4 6 ) .
E m 7 d e a b r i l d e 1912, h o u v e u m C o n v ê n i o P o l i c i a l e m S ã o P a u l o , n o q u a l c o m p a r e c e u u m r e p r e -
s e n t a n t e d e M i n a s G e r a i s q u e "[...] a s s i n o u d i v e r s a s c o n c l u s õ e s d e i n t e r e s s e g e r a l e t e n d e n t e s t o d a s
a robustecer os elos de solidariedade q u e e n t r e si d e v e m m a n t e r as Polícias estaduais na g r a n d e obra g
d a d e f e s a s o c i a l " ( M I N A S G E R A I S , 1912, p . 17). A o r g a n i z a ç ã o d a p a r t e d e e s t a t í s t i c a t a m b é m &
começava a ter resultados mais positivos graças às instruções do chefe de Polícia para o b o m d e s e m - g
p e n h o d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s n e s s e q u e s i t o ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 3 , p . 10). g
E m 1909, o c h e f e d e P o l í c i a s u g e r i u a u t i l i z a ç ã o d o m é t o d o d a t i l o s c ó p i c o n o l u g a r d a a n t r o p o m e - Q-
tria n a i d e n t i n c a ç ã o d e c r i m i n o s o s . N o C o n v ê n i o PoHcial d e 1912, e m S ã o P a u l o , ñ c o u a c e r t a d a a ^
adoção do uso da impressão digital (sistema Vucetich) c o m o m é t o d o de i d e n t i n c a ç ã o das pessoas
em ñ c h a s q u e d e v i a m ser p e r m u t a d a s e n t r e os Estados da U n i ã o . A l é m disso, várias sedes de
municípios já t i n h a m ñliais do gabinete e h o u v e o crescimento de i n t e r c â m b i o de informações t a m -
b é m c o m outros Estados, facilitando a i d e n d n c a ç ã o de pessoas suspeitas e perigosas ( M I N A S
G E R A I S , 1916, p . 54). E m 1917, o G a b i n e t e d e I d e n t i n c a ç ã o e E s t a t í s t i c a C r i m i n a l c o m e ç o u a e m i -
tir carteiras de i d e n t i d a d e para ñ n s de alistamento dos eleitores, utilizando o sistema datiloscópico,
s e g u n d o lei f e d e r a l s o b r e m a t é r i a e l e i t o r a l q u e p a s s o u a e x i g i - l a s ( M I N A S G E R A I S , 1917, p . 23).
A p r i m e i r a i m p r e s s ã o foi d e q u e a r e f o r m a r e s u l t o u e m h o m o g e n e i d a d e n a o r g a n i z a ç ã o e m e l h o -
ria d o s v e n c i m e n t o s , q u e e r a m m a i s b a i x o s d o q u e o s d e o u t r o s ñ i n c i o n á r i o s d a r e p a r t i ç ã o ( M I N A S
GERAIS, 1924, p . 297). E n t r e t a n t o , e m 192S, a v a l i o u - s e q u e , c o m a r e f o r m a , o G a b i n e t e d e
I d e n t i f i c a ç ã o e E s t a t í s t i c a C r i m i n a ! p e r d e u a u t o n o m i a , t e v e s e u s s e r v i ç o s b u r o c r a t i z a d o s e foi s e -
p a r a d o d o G a b i n e t e d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , d e cujas b a s e s d a i n v e s t i g a ç ã o s e r i a m a s i n f o r -
m a ç õ e s f o r n e c i d a s p e l o G a b i n e t e d e I d e n t i f i c a ç ã o e E s t a t í s t i c a C r i m i n a l , p o r isso f e z - s e a fusão d o s
d o i s g a b i n e t e s ( M I N A S G E R A I S , 1925, p . 188).
c) Inspetoria de Veículos
Foi criada, em 1928. uma escota de defesa pessoa! da Guarda Civit para comptetar a educação dos guardas e fiscais de trânsito (MtNAS
GEiíAtS. 1928, V. 2. p. 227).
Autoridades e funcionarios do presidio de Uberaba, 1915. Acervo APM.
O c o r p o d e ñ s c a i s d e t r â n s i t o , i n i c i a l m e n t e , fazia a v i g i l â n c i a e m s u a s b i c i c l e t a s o u m e s m o a p é .
M a i s t a r d e , n a d é c a d a d e 1920, a I n s p e t o r i a d e V e í c u l o s p a s s o u a c o n t a r c o m u m c o r p o d e m o t o c i -
clistas. E m 1 9 2 8 , h a v i a 1 2 m o t o c i c l i s t a s q u e , a l é m d o s s e r v i ç o s d e b a t e d o r e s n o s c o r t e j o s o ñ c i a i s e
mensageiros do Palácio da L i b e r d a d e e da Secretaria, prestavam auxílio à Inspetoria de Estradas
d a S e c r e t a r i a d a A g r i c u l t u r a n o p o l i c i a m e n t o d a s r o d o v i a s ( M I N A S G E R A I S , 1928, v . 2 , p . 2 2 8 ) .
d) O G a b i n e t e M é d i c o - L e g a !
O c a r g o d e m é d i c o l e g i s t a d a C a p i t a l s ó fbi c r i a d o e m 1 9 1 1 , p e l a L e i n . 5 5 0 , d e 2 2 d e j u n h o , r e g u -
l a m e n t a d a n o m e s m o a n o p e l o D e c r e t o n . 3 206. A t é e n t ã o , e s s e s e r v i ç o e r a e x e r c i d o p o r u m m é d i -
c o d a F o r ç a P ú b l i c a ( D e c r e t o n . 1 552, d e 2 7 d e j a n e i r o d e 1 9 0 0 , a r t i g o 2 1 5 ) . O G a b i n e t e M é d i c o -
Legal era c o m p o s t o p e l o m é d i c o legista e u m s e r v e n t e . E m 1912, esse g a b i n e t e f u n c i o n o u a t e n d e n -
do, a l é m d a C a p i t a l , aos m u n i c í p i o s m a i s p r ó x i m o s ( M I N A S G E R A I S , 1912, p.ló). N o a n o
seguinte, as duas delegacias da Capital d i s p u n h a m de necrotérios equipados com os instrumentos
necessários p a r a o s casos mais c o m u n s ( M I N A S G E R A I S , 1915, p . 9 ) E m 1914, e m r e c o n h e c i m e n -
to à p r e c a r i e d a d e dos serviços médico-Iegais, fbram a d q u i r i d o s aparelhos cirúrgicos, mesas de
e x a m e e o p e r a ç õ e s p a r a f a c i l i t a r a a ç ã o d a s a u t o r i d a d e s c o m a s p e r í c i a s ( M I N A S G E R A I S , 1914,
p . 11). M a s , n o s m u n i c í p i o s d e m a i o r m o v i m e n t o , q u e m c o n t i n u a v a a e x e r c e r essa f u n ç ã o e r a m o s
m é d i c o s c o n t r a t a d o s p a r a tratar o s presos ( M I N A S G E R A I S , 1918, p . 42).
e) O G a b i n e t e de i n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s
E m 1920, a L e i n . 7 7 0 , d e 1 4 d e s e t e m b r o , a u t o r i z o u o G o v e r n o a o r g a n i z a r o G a b i n e t e d e
Investigações e C a p t u r a s , na Secretaria de Polícia. O artigo 2" da Lei n. 770 a u t o r i z o u a p r o v e i t a r o
pessoa! d o C o r p o d e Segurança, d e s a g r e g a n d o - o d a G u a r d a Civil, para c o m p o r p a r t e d o efetivo d e
i n s p e t o r e s d o n o v o g a b i n e t e . O D e c r e t o n . 6 110, d e 9 d e j u n h o d e 1 9 2 2 , a p r o v o u s e u r e g u l a m e n t o .
O G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s d e s t i n a v a - s e aos serviços de investigações, vigilancia e
p r e v e n ç ã o d e d e l i t o s ( a r t i g o 1"). D e n t r e a s e x i g e n c i a s p a r a s e r fiscal e i n v e s t i g a d o r d e s t a c a v a - s e o
s i g i l o s o b r e as i n v e s t i g a ç õ e s e a p r o i b i ç ã o de r e v e l a r o n o m e a e s t r a n h o s e à p u b l i c i d a d e , de f o r m a
q u e o investigador deveria possuir um n ú m e r o de o r d e m no gabinete para ser designado em p u -
b ü c a ç õ e s o ñ c i a i s ( a r t i g o s ! 3 e 15).
E m 1922, e s s e g a b i n e t e c o m e ç o u a s e r o r g a n i z a d o e f b r a m e l a b o r a d a s e a p r o v a d a s i n s t r u ç õ e s p a r a
m e l h o r d i s c r i m i n a r as R m ç õ c s d o s investigadores. S e g u n d o d e t e r m i n a ç ã o legal e do chefe de
Polícia, o G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s ñ c o u sob a direção do p r i m e i r o d e l e g a d o auxiliar
( q u e era s e d i a d o na Capital). A t é m a r ç o de 1922, fbram a b e r t o s 7 021 p r o n t u a r i o s , r e g i s t r a r a m - s e
9 2 7 c a p t u r a s , a l é m d e 151 e f e t u a d a s p o r i n v e s t i g a d o r e s , e r e a l i z a r a m - s e 1 103 d i l i g e n c i a s ( M I N A S
G E R A I S , 1 9 2 3 , p . 2 6 5 ) . E m 1924, s e u s a r q u i v o s s e e n r i q u e c e r a m c o m i n f o r m a ç õ e s o b t i d a s e m c o r -
r e s p o n d ê n c i a c o m o e x t e r i o r e o i n t e r i o r do País, e c r e s c e u a i n d a mais seu d e s e m p e n h o ( M I N A S
G E R A I S , 1 9 2 4 , p . 302). A s s i m , e s s e g a b i n e t e d e m o n s t r a v a s u a i m p o r t â n c i a n a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l ,
tanto na ação preventiva q u a n t o na repressiva.
O c r e s c i m e n t o d o s s e r v i ç o s p o l i c i a i s a o l o n g o d a s d é c a d a s d e 1 9 1 0 e 1920 n ã o s e l i m i t o u à c r i a ç ã o
e à i n c i p i e n t e o r g a n i z a ç ã o das i n s p e t o r i a s e g a b i n e t e s já descritos. S u r g i r a m t a m b é m delegacias
auxiliares e delegados bacharéis r e m u n e r a d o s em comarcas e sedes de municípios, b e m c o m o ini-
c i a r a m - s e os debates sobre o e s t a b e l e c i m e n t o de u m a Polícia de carreira, mais proñssional e, p o r -
tanto, u m a tentativa d e desligá-la d o s interesses p o l í t i c o - p a r t i d a r i o s locais.
E m 1905, a L e i n . 560 d e i x o u a c a r g o d o c h e f e d e P o l í c i a a s a t r i b u i ç õ e s d e c o m a n d a n t e d a F o r ç a
P ú b l i c a (artigo 4°), m a s t a m b é m a u t o r i z o u o G o v e r n o a n o m e a r d e l e g a d o s a u x i h a r e s e m c o m i s s ã o
q u a n d o julgasse c o n v e n i e n t e p a r a o c o n t r o l e d a o r d e m , c o m m e t a d e d o v e n c i m e n t o d o c h e f e d e P o l í c i a
(artigo 5^). N e s s e caso, n ã o h o u v e d e t e r m i n a ç ã o d o n ú m e r o d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s q u e d e v e r i a m ser
n o m e a d o s . Em resumo, o chefe de Polícia acumulava, nesse m o m e n t o , os cargos de secretário de
Polícia, c o m a n d a n t e d a F o r ç a P ú b l i c a , o s e u p r ó p r i o e s ó c o n t a r i a c o m d e l e g a d o s a u x i l i a r e s q u a n d o o
G o v e r n o julgasse c o n v e n i e n t e . E m geral, isso s e d a v a e m c o n t e x t o d e e l e i ç õ e s , q u a n d o , e n t ã o , a s l u t a s
e n t r e a s facções locais p e l o p o d e r s e a c i r r a v a m .
E m r e s p o s t a a e s s a s r e i v i n d i c a ç õ e s , e m 1907, a L e i n . 4 5 3 d e t e r m i n o u q u e s e d e s v i n c u l a s s e d o c a r g o
d e c h e f e d e P o l í c i a a s f u n ç õ e s d e c o m a n d a n t e - g e r a l d a F o r ç a P ú b l i c a ( a r t i g o 2°) e c r i a v a q u a t r o
l u g a r e s d e d e l e g a d o s a u x i l i a r e s ( a r t i g o 8"). S o m e n t e e m 1 9 0 9 , o c h e f e d e P o l í c i a d e i x o u d e c o m a n -
d a r a Força Pública, mas, então, havia cinco delegacias auxiliares: J u i z de Fora, D i a m a n t i n a ,
U b e r a b a e d u a s na C a p i t a l .
P o r volta d e 1910, n o v o s s e r v i ç o s p a s s a r a m a s e r i m p l e m e n t a d o s , c o m o a G u a r d a C i v i l , o G a b i n e t e
de I d e n t i n c a ç ã o e Estatística C r i m i n a l , o G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l e m e s m o aqueles que, c o m o o
G a b i n e t e de ínspetoria de Veículos e o de Investigações e Capturas, ainda e r a m mantidos p o r t u r m a s
de guardas-civis já se e n c o n t r a v a m f u n c i o n a n d o m e s m o q u e de fbrma incipiente. Os chefes de Polícia
r e c l a m a v a m q u e a Secretaria de Polícia t a m b é m exigia u m a reorganização interna, pois contava c o m
p o u c o s f u n c i o n á r i o s e a t r a s o s n o s d e s p a c h o s de a l g u n s s e r v i ç o s , d a d a a b u r o c r a c i a e a d u p H c i d a d e de
funções e n t r e o q u e lhe era p r ó p r i o e o q u e era da alçada da Secretaria dos N e g ó c i o s do Interior.
D e s s e m o d o , d e a c o r d o c o m o a r t i g o 7 ° d a L e i n . 5 1 6 , d e 3 1 d e a g o s t o d e 1910, fbi a u t o r i z a d a a r e o r -
g a n i z a ç ã o d a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a , q u e fbi r e g u l a m e n t a d a p e l o D e c r e t o n . 3 4 0 7 , d e 1 6 d e j a n e i r o d e
1912 ( M I N A S G E R A I S , 1912, p . 15).
C o n c o m i t a n t e m e n t e ao crescimento da organização policiai, h o u v e a transferência da Secretaria
de Polícia para um novo p r é d i o mais a m p l o , s i t u a d o na Rua da Bahia, e n t r e as r u a s G o n ç a l v e s Dias
e A l v a r e n g a P e i x o t o . O e d i f í c i o , i n i c i a l m e n t e , fbi p r o j e t a d o p a r a s e r da I m p r e n s a O ñ c i a l , m a s o
G o v e r n o , d e s d e 1897, r e s o l v e u i n s t a l a r ali a C h e ñ a d e P o l í c i a e a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . T r a t o u - s e ,
então, de r e f b r m á - l o i n t e r n a m e n t e para a d a p t á - l o às novas funções ( B A R R E T O , 1995, p. 503).
E n t r e t a n t o , s o m e n t e e m 1911 h o u v e n o t í c i a , p o r m e i o d o s r e l a t ó r i o s d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s , d e
q u e e l e t i n h a s i d o o c u p a d o p e l a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . E s s e e d i ñ c i o j á fbi d e m o l i d o ( B A R R E T O ,
19^^p. 51^.
E m 1909, o c h e f e d e P o l í c i a U r i a s d e M e l o B o t e l h o r e c l a m a v a , e m s e u r e l a t ó r i o , d a s i t u a ç ã o d o p r é -
d i o q u e , a t é e n t ã o , alojava a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . S e g ^ m d o o c h e f e d e P o l í c i a , o p r é d i o e s t a v a fbra
d o c e n t r o d a C a p i t a l e e m c o n d i ç õ e s " a c a n h a d í s s i m a s " ( M I N A S G E R A I S , 1909). E m 1 9 1 1 , h o u v e
a transferência para o edifício da Rua da Bahia que, de a c o r d o c o m o relatório do chefe de Polícia
Américo Ferreira Lopes,
[...] ñ c o u lotado de espaçosos salões, boas salas e diversas depetidências, todas rigorosamente limpas
e higiênicas. No p a v i m e n t o superior a c h a m - s e o gabinete do chefe de Polícia; sala de oñcial de
gabinete e ajudante de ordens; gabinetes do delegado auxiliar e do m é d i c o legista; portaria e salões
o n d e trabalham as duas seções. No inferior estão o gabinete de identincação, c o n s t a n d o do gabinete
do diretor, Seção de identincação, Seção de Estatísdca, salas de I d e n t i n c a ç ã o Civil e C r i m i n a l ,
arquivo, atelier fbtográñco, arquivo geral da Repartição e depósito de armas.
3
O ediñcio ñca no c e n t r o de a m p l o pátio t o d o calçado a p e d r a faceada, a c h a n d o - s e de um lado as
cocheiras dos animais de tração dos carros, aposentos para os cocheiros, galpões para os carros de
presos e de t r a n s p o r t e de cadáveres, garagens para os automóveis da Polícia e dos b o m b e i r o s e
depósito de roupas para presos. Ao lado oposto ñ c a m a delegacia da 1^ circunscrição, o alojamento
das praças do respectivo posto, sala de armas e q u a t r o xadrezes para prisões correcionais ( M I N A S
G E R A I S , 1912b, p 6).
^'O número de cargos de delegados remunerados em direito, inicialmente estipulado em 77. variou ao longo desse periodo conforme a criação
de novas comarcas.
apenas p u n i - l o . C o m base em idéias voitadas p a r a o p r o g r e s s o e a m o d e r n i d a d e , r e a ñ r m o u - s e a
necessidade de criação de escolas de Polícia nas respectivas capitais c o m base na ciência m o d e r n a . "
O b s e r v a - s e , a s s i m , q u e j á e m 1912 a s e g u r a n ç a p ú b l i c a t o r n a r a - s e u m a p r e o c u p a ç ã o n a c i o n a l . E m
d e c o r r ê n c i a disso, as reformas o c o r r i d a s nesse m o m e n t o para a o r g a n i z a ç ã o da Polícia m i n e i r a
refletiam esse c o n t e x t o mais a m p l o . N o s anos seguintes, p r o p ô s - s e a criação da Secretaria de
J u s t i ç a e S e g u r a n ç a P ú b l i c a em M i n a s G e r a i s . A Lei n. 643, de 1" de o u t u b r o de 1914, autorizava
s u a c r i a ç ã o , m a s ela n ã o s a i u d o p a p e l ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57). P o d e - s e d e p r e e n d e r , c o m
base nessa proposta, u m a p e r c e p ç ã o da necessidade de destacar da Secretaria do Interior d u a s
p a r t e s d e s u a s f u n ç õ e s m a i s a ñ n s e n t r e si, p a r a v i a b i l i z a r r e f o r m a s m a i s p r o f u n d a s n a á r e a d e s e g u -
r a n ç a p ú b l i c a . M a s a r e a l i d a d e é q u e h a v i a falta d e r e c u r s o s ñ n a n c e i r o s e h u m a n o s , d e a c o r d o c o m
os relatórios das autoridades policiais.
N o l u g a r d e a v a n ç a r n a s r e f o r m a s , a n e c e s s i d a d e fez c o m q u e o c h e f e d e P o l í c i a v o l t a s s e a c o m a n -
d a r a F o r ç a P ú b l i c a , c u m p r i n d o o q u e d e t e r m i n a v a o a r t i g o 7*^ da L e i n. 6 3 1 , de 1914. Foi e x p e d i d o ,
^ e n t ã o , o D e c r e t o n . 4 342, d e 1 9 d e m a r ç o d e 1 9 1 5 , c r i a n d o u m a s e ç ã o m i l i t a r p a r a a u x i l i a r o c h e f e
5 d e P o l í c i a n e s s a n o v a f u n ç ã o ( M I N A S G E R A I S , 1915a, p . 57). C o m isso, e l e n o v a m e n t e p a s s a r i a a
o a c u m u l a r f u n ç õ e s , p o i s d e s d e 1898 s e m a n t i n h a r e s p o n s á v e l p e l a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a . E n t r e t a n t o ,
§, a situação era mais c o m p l e x a nesse s e g u n d o m o m e n t o , pois à Secretaria de Polícia estavam s u b o r -
Ê d i ñ a d o s : as d e l e g a c i a s e s u b d e l e g a d a s , o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o e de E s t a t í s t i c a C r i m i n a l , as d e -
z l e g a c i a s a u x i l i a r e s ; a G u a r d a C i v i l , a I n s p e t o r i a de V e í c u l o s da C a p i t a l e o G a b i n e t e M é d i c o - L e g a l .
^ C o m o c r e s c i m e n t o da organização policial e, p o r conseguinte, de seus serviços, as autoridades soli-
g c i t a r a m a c r i a ç ã o d e u m c a r g o d e d i r e t o r p a r a a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a ( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 57).
ã
g Legalmente, o chefe de Polícia tinha c o m o auxiliares, além dos dois delegados da Capital, os d e -
3 legados bacharéis r e m u n e r a d o s das c o m a r c a s e sedes de municípios, os delegados leigos e os s u b d e -
S l e g a d o s . A p e s a r disso, a r e c o m e n d a ç ã o p a r a q u e n ã o f o s s e m u t i l i z a d o s i n d i s c r i m i n a d a m e n t e d e l e g a -
á d o s m i l i t a r e s e s p e c i a i s n ã o d i m i n u i u essa p r á t i c a . Isso p o r q u e n e m s e m p r e t o d o s o s c a r g o s e s t a v a m
o d e v i d a m e n t e p r e e n c h i d o s e h a v i a t a m b é m alta r o t a t i v i d a d e d o s d e l e g a d o s t i t u l a d o s e m D i r e i t o ,
g atribuída, em geral, à baixa r e m u n e r a ç ã o ofertada. Rcclamava-se, s o b r e t u d o , q u e esses b a c h a r é i s u t i -
E lizavam o cargo para alçar o u t r o s mais interessantes política e f i n a n c e i r a m e n t e . C o m o solução, as
5 autoridades p r o p u n h a m a classincação das comarcas pelo nível do custo de vida e pelas d i ñ c u l d a d e s
g d e p o l i c i a m e n t o p a r a d i f e r e n c i a r o s v e n c i m e n t o s e , assim, d a r u m p a s s o a m a i s n a d i r e ç ã o d a q u i l o
q u e e n t e n d i a m s e r a v e r d a d e i r a P o l í c i a d e c a r r e i r a ( M I N A S G E R A I S , 1919, p . 5 6 - 5 7 ) . O u t r a p r o -
p o s t a a p r e s e n t a d a foi a c l a s s i n c a ç ã o d a s d e l e g a c i a s p o r e n t r á ñ e l a s d e a c o r d o c o m o m o v i m e n t o d o
serviço policial de cada comarca, diferenciando a r e m u n e r a ç ã o dos funcionários policiais de a c o r d o
c o m o e s f o r ç o d e s p e n d i d o . C o m essa m e d i d a , a c r e d i t a v a m q u e h a v e r i a e s t í m u l o p a r a q u e s e b u s c a s s e
a p r o m o ç ã o . Dessa forma, mais u m a vez voltavam-se para a defesa da instituição da Polícia de car-
r e i r a ( M I N A S G E R A I S , 1920, p 5 7 - 5 9 ) .
^' Observa-se em 1912 a criação da escota com instrução profissional, visando à maior disciptina e ao vigor morai e físico dos praças na
Força Púbüca. Os debates sobre a necessidade de uma escoia de ensino prático para os guardas-civis também tomavam corpo, embora e s s e
projeto ainda não se reaüzasse nesse m o m e n t o .
A l é m d o c o n t r o l e s o b r e jogos d e azar, d a v a d i a g e m , d o l e n o c i n i o , d o a n a r q u i s m o , a P o l í c i a p a s s o u
t a m b é m a cuidar da regularização dos processos de acidentes de trabalho, de acordo com o Decreto
f e d e r a ! n. 15 4 9 8 , de 12 de m a r ç o de 1919, e a í^ei e s t a d u a l n. 7 5 1 , de 26 de s e t e m b r o de 1919
( M I N A S G E R A I S , 1920, p . 60).
Aos dois delegados auxiliares residentes na Capital instruiu-se q u e fossem deslocados para q u a l q u e r
p o n t o do Estado em q u e os interesses da o r d e m pública exigissem a interferência de autoridades
a l h e i a s à s q u e s t õ e s locais. A l é m disso, o p r i m e i r o d e l e g a d o a u x i l i a r a c u m u l o u aos s e r v i ç o s q u e l h e
eram distribuídos o cargo de diretor do G a b i n e t e de Investigações e C a p t u r a s , e ao s e g u n d o dele-
gado auxiliar ñ c a r a m atribuídas a Polícia de C o s t u m e s e a S u p e r i n t e n d ê n c i a de Veículos da Capital.
Os d e m a i s d e l e g a d o s — os b a c h a r é i s r e m u n e r a d o s , os leigos e os miHtares especiais — c o n t i n u a r a m
a d i v i d i r a s d e l e g a c i a s m u n i c i p a i s c o n f o r m e a lei o r d e n a v a ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 3 , p . 2 6 5 - 2 6 6 ) .
E m 1 9 2 3 , q u a n d o p a s s o u a f u n c i o n a r e f e t i v a m e n t e o G a b i n e t e d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , fbi ^
t a m b é m criado o cargo de oñcial de G a b i n e t e do chefe de Polícia e o G a b i n e t e de I d e n t i n c a ç ã o , e g
E s t a t í s t i c a C r i m i n a l fbi t r a n s ñ u r m a d o , e n t ã o , n a t e r c e i r a s e ç ã o d a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a ( L e i n . 8 4 4 , ^
d e 1 0 d e s e t e m b r o d e 1 9 2 3 , a r t i g o 7'^). T o r n a v a - s e c a d a v e z m a i s n e c e s s á r i a o u a a m p l i a ç ã o , o u a 5
c o n s t r u ç ã o de um novo p r é d i o para a Secretaria de Polícia abrigar as três seções, o G a b i n e t e de o-
I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s , as D e l e g a c i a s A u x i l i a r e s , a I n s p e t o r i a da G u a r d a C i v i ! e os a r q u i v o s ^
c r i m i n a i s , q u e s e a v o l u m a v a m p r o g r e s s i v a m e n t e . A o d e s c r e v e r essa r e c e n t e o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l , o
presidente de Estado, Raul Soares, utilizou a expressão "Polícia Civil" em u m a m e n s a g e m oñcial
para d e n o m i n a r o capítulo e s p e c í ñ c o sobre as realizações do G o v e r n o no setor do chefe de Polícia.
E r a a p r i m e i r a v e z q u e isso o c o r r i a , e o a n o e r a 1 9 2 4 ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 4 , p . 2 9 7 - 2 9 9 ) .
E m 1925, h o u v e a fusão d o s g a b i n e t e s d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s e d e I d e n t i n c a ç ã o e E s t a t í s t i c a
Criminal, ñ c a n d o sob a direção do p r i m e i r o d e l e g a d o auxiliar da Capital. A terceira seção, desti-
n a d a a n t e r i o r m e n t e a o s s e r v i ç o s d e i d e n t i n c a ç ã o e e s t a t í s t i c a c r i m i n a l , foi r e m o d e l a d a c o m n o v a s
n m ç õ e s m a i s b u r o c r á t i c a s . A n o v a o r g a n i z a ç ã o d o s g a b i n e t e s s o b r e c a r r e g o u o d i r e t o r , e essa fbi a
j u s t i ñ c a t i v a u t i l i z a d a p a r a a c r i a ç ã o d a D e l e g a c i a d e I n v e s t i g a ç õ e s e C a p t u r a s . O n o v o g a b i n e t e fbi,
então, dividido em duas seções: a primeira ñ c o u a cargo do respectivo d e l e g a d o de Investigações e
Capturas, q u e t a m b é m auxiliava o diretor do gabinete (primeiro delegado auxiliar); a segunda, r e -
lativa à I d e n t i n c a ç ã o e E s t a t í s t i c a , ñ c o u i m e d i a t a m e n t e s u b o r d i n a d a a o d i r e t o r d o g a b i n e t e . C r i o u -
se, t a m b é m , o s e r v i ç o p e r m a n e n t e d e c a p t u r a s , q u e ñ c o u a c a r g o d e d e l e g a d o s m i l i t a r e s , e a i n d a
uma terceira delegacia auxiliar em Juiz de Fora. Coube à Segtmda Delegacia Auxiliar a
S u p e r i n t e n d e n c i a da ínspetoria de Veículos, a Polícia de costumes, a inspeção de divertimentos
p ú b l i c o s e a r e p r e s s ã o d e j o g o s p r o i b i d o s . F o r a m c l a s s i ñ c a d a s e m q u a t r o e n t r â n c i a s a s 120 d e l e g a -
cias d e P o l í c i a d e s t i n a d a s a o s b a c h a r é i s e m D i r e i t o , c o n f o r m e fora p r o p o s t o a n t e r i o r m e n t e , b u s c a n -
do estimular a carreira policial. E n t r e t a n t o , fbram t a m b é m m a n t i d o s os cargos de delegados leigos
s e m r e m u n e r a ç ã o , e m e s m o c o m r e s t r i ç õ e s legais"^ n ã o s e e x c l u i u a f i g u r a d o d e l e g a d o m i l i t a r e s p e -
cial. A r e g u l a m e n t a ç ã o d e s s a o r g a n i z a ç ã o r e f o r m a d a s e fez p e l o D e c r e t o n . 7 2 1 5 , d e 2 7 d e a b r i l d e
1 9 2 6 ( M I N A S G E R A I S , 1926, p . 2 2 5 - 2 3 3 ) .
E m b o r a e s s e p e r í o d o fbsse c a r a c t e r i z a d o p e l a p r e o c u p a ç ã o d a p r ó p r i a o r g a n i z a ç ã o t a n t o m a t e r i a l
c o m o proñssional da Polícia, não se p o d e a b a n d o n a r o s i g n i ñ c a d o dessas constantes reformas. O
seu objetivo m a i o r c o n t i n u a v a a ser a p r o t e ç ã o dos direitos individuais e o c o n t r o l e da o r d e m p ú b l i -
ca. N e s s e s e n t i d o , o s u r g i m e n t o e o c r e s c i m e n t o d e d e p a r t a m e n t o s n a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l v i s a v a m
tanto à repressão q u a n t o à p r e v e n ç ã o daquilo q u e alterasse a t r a n q ü i l i d a d e pública. Os d e b a t e s
sobre a prevenção de delitos presentes no ñnal do século XIX t o m a r a m corpo d u r a n t e o período
uj republicano, associando-se à idéia de m o d e r n i d a d e do aparelho público e da sociedade. P r o p u n h a -
^ se r e a b i l i t a r o d e t e n t o p a r a d e v o l v ê - l o à s o c i e d a d e a p t o p a r a o t r a b a l h o e m o r a l m e n t e i n s t r u í d o
g t a m b é m , b e m c o m o os m e n o r e s desvalidos e, ainda, os alienados. A r e p r e s s ã o à v a d i a g e m passou a
g ser u m a das m e t a s p r i m o r d i a i s logo no início do p e r í o d o r e p u b l i c a n o . O ócio — visto c o m o a
o r i g e m dos vários males sociais — passou a ser c o m b a t i d o , e d e f e n d i a - s e a idéia de instalação de
^ colônias correcionais c o m a utilização dos trabalhos agrícola e industrial c o m o fbrma de r e c u p e -
z ração de detentos, m e n o r e s desvalidos e, m e s m o , alienados.
g A p r i m e i r a d e s s a s i n s t i t u i ç õ e s fbi a C o l ô n i a C o r r e c i o n a l d o B o m D e s t i n o , e s t a b e l e c i d a e m 1 8 9 6 ,
ã o b e d e c e n d o à lei q u e p e r m i t i r a a c r i a ç ã o d e s s e t i p o d e e s t a b e l e c i m e n t o n o a n o a n t e r i o r ( L e i n . 1 4 1 ,
ã d e 2 0 d e j u l h o d e 1895) e c u j o r e g u l a m e n t o i n c l u í a a c o r r e ç ã o n ã o s ó d e c r i m i n o s o s , m a s t a m b é m
^ dos d e s o c u p a d o s . Essa colônia ñ c a v a n u m a fazenda d o m e s m o n o m e , n a c o m a r c a d e Santa L u z i a
^ do R i o das Velhas, a 6 q u i l ô m e t r o s da estação ferroviária de G e n e r a l C a r n e i r o , p o r t a n t o m u i t o
p r ó x i m a da nova Capital em construção.
E s s a e x p e r i ê n c i a n ã o fbi a d i a n t e , e a s j u s t i ñ c a t i v a s s e r i a m : o b a i x o n ú m e r o d e r e c l u s o s e n c a m i -
n h a d o s p a r a lá, a s p é s s i m a s c o n d i ç õ e s d a s t e r r a s e , p o r c o n s e q ü ê n c i a , a p o u c a p r o d u ç ã o . C o m o a
colônia deveria se manter e ainda fbrmar um pecúlio que os reclusos receberiam no ñnal da pena,
o c h e f e d e P o l í c i a p r o p ô s q u e a c o l ô n i a fbsse t r a n s f b r m a d a e m a p e n a s m a i s u m a c a d e i a d o E s t a d o
( R e l a t ó r i o d o c h e f e d e P o l í c i a a o s e c r e t á r i o d o I n t e r i o r d e M i n a s G e r a i s , e m 1900). M a s e l a a c a b o u
s e n d o extinta em 1901, pela Lei n. 318, e os 15 r e c l u s o s q u e lá e s t a v a m fbram transferidos p a r a a
cadeia de Sabara. M e s m o assim, em 1906, a L e i n . 4 4 5 r e s t a b e l e c e u a s c o l ô n i a s c o r r e c i o n a i s ,
d e m o n s t r a n d o q u e a lógica de aliar t r a b a l h o e reabilitação p e r m a n e c i a .
Segundo o artigo 3° da Lei n. 892, de 9 de setembro de 1925. o oficia! da Força Púbiica que e s t i v e s s e afastado mais de seis m e s e s de suas
funções miiitares para exercer o cargo de deiegado miütar especia! ou outro quatquer não poderia ser promovido e deixaria de contar o
t e m p o de antigüidade. Com isso. procurava-se evitar o uso indiscriminado de deiegados especiais militares que. legalmente, só poderiam
exercer e s s e s cargos em c a s o s que a ordem pública tornasse essa prática imprescindível.
Ao iongo das primeiras décadas do período republicano, a situação em q u e se encontravam as prisões
e a s c a d e i a s d o E s t a d o íbi a s s u n t o r e c o r r e n t e n o s r e l a t ó r i o s d a s a u t o r i d a d e s p o l i c i a i s , i n d i c a n d o a p r e -
c a r i e d a d e e a falta de h i g i e n e d e s s e s e s t a b e l e c i m e n t o s . M u i t a s v e z e s a e v a s ã o se d a v a p o r q u e as
cadeias estavam em ruínas, outras vezes pelas relações estabelecidas e n t r e os d e t e n t o s e os carcereiros.
Essa s i t u a ç ã o fez s u r g i r v á r i o s p l a n o s s o b r e a c r i a ç ã o d e c a d e i a s r e g i o n a i s , a c o n s t r u ç ã o d e p e n i t e n -
ciária n a C a p i t a l , c o m g r a n d e c a p a c i d a d e , i n s t i t u t o s r e f ( ) r m a t ó r i o s p a r a m e n o r e s d e l i n q ü e n t e s e a b r i -
gos p a r a m e n o r e s d e s v a l i d o s . T o d o s esses p r o j e t o s v i a m a e d u c a ç ã o e o t r a b a - l h o c o m o f b r m a d e
reabilitação, u m a vez q u e para as a u t o r i d a d e s o p r i m e i r o regenerava, o s e g u n d o disciplinava e ainda
havia a q u e s t ã o e c o n ô m i c a c o m o j u s t i ñ c a t i v a p a r a o t r a b a l h o : a s o c i e d a d e d e i x a r i a d e s u s t e n t a r o s
c r i m i n o s o s e e s t e s p o d e r i a m p r o d u z i r fardas e c a l ç a d o s d o s p r a ç a s , u n i f b r m e s p a r a p r e s o s , c a r t e i r a s
escolares, serviços tipográñcos para o Estado, b e m c o m o lucrariam a p r e n d e n d o um o ñ c i o para q u a n -
d o fbssem r e i n t e g r a d o s à s o c i e d a d e ( M I N A S G E R A I S , 1907, p . 4 0 - 4 1 ) . S o b esses m o l d e s fi.mcionaram
a s p e n i t e n c i á r i a s d e O u r o P r e t o , d e s d e 1909, e d e U b e r a b a , a p a r t i r d o ñ n a l d e 1914 ( M I N A S
G E R A I S , 1914, p . 15). E , a i n d a , e m 1926, fbi c r i a d a a E s c o l a d e R e g e n e r a ç ã o p a r a m e n o r e s c o n d e n a -
dos q u e até e n t ã o se e n c o n t r a v a m nas cadeias junto c o m d e l i n q ü e n t e s adultos. N e s s e e s t a b e l e c i m e n -
to havia i n s t r u ç ã o p r i m á r i a e proñssional, a l é m de e d u c a ç ã o ñsica, moral, cívica e religiosa ( M I N A S
G E R A I S , 1926, p.2.15).
N a d é c a d a d e 1920, v á r i a s c a d e i a s f()ram r e f o r m a d a s o u m e s m o r e f e i t a s n o s m u n i c í p i o s d o i n t e -
rior. A l g u m a s d e l a s t i n h a m o ñ c i n a s , a i n d a q u e m o d e s t a s , c o m o é o c a s o d a c a d e i a d e B a r b a c e n a . E m
a g o s t o d e 1929, fbi i n a u g u r a d a a C a d e i a P ú b l i c a d a C a p i t a l , n a R u a U b e r a b a , 8 ^ s e ç ã o , n a q u a l n a d a
consta sobre o trabalho de detentos.
A i n d a e m 1929, e s t a v a s e n d o c o n s t r u í d a a P e n i t e n c i á r i a I n d u s t r i a l d e J u i z d e F o r a , p r ó x i m a a o 2'^
B a t a l h ã o , n o b a i r r o d a T a p e r a , o n d e o s e n t e n c i a d o t e r i a i n s t r u ç ã o o b r i g a t ó r i a e a p r e n d e r i a u m ofí-
cio relacionado, p r e f e r e n c i a l m e n t e , aos das i n d ú s t r i a s locais ( M I N A S G E R A I S , 1929, p. 92-93).
M a s a Penitenciária Agrícola do tipo m o d e r n o , para a p r o x i m a d a m e n t e mil detentos, criada pela
L e i n . 790, d e 1920, p l e i t e a d a h a v i a a n o s , s ó fbi i n a u g u r a d a n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1930 — a a t u a l
Penitenciária José Maria Alkmim. ,
A o l a d o d a r e p r e s s ã o à v a d i a g e m , a o s falsos m e n d i g o s , e t c , h a v i a a p r e o c u p a ç ã o a s s i s t e n c i a l i s t a .
I d e n t i ñ c a d o s os m e n d i g o s e p o b r e s d o e n t e s , estes e r a m levados para casas de c a r i d a d e ou para a
Santa Casa que, por contrato, obtinham subvenção do Estado para abrigá-los. As diñculdades
ñnanceiras d i ñ c u l t a v a m a m a n u t e n ç ã o desses contratos e, após a m a l s u c e d i d a tentativa de criar
loterias para esse ñ m , a Polícia, em negociação c o m a S o c i e d a d e São Vicente de Paulo, obteve desta
a colaboração para o atendimento dos mendigos verdadeiramente necessitados ( M I N A S G E R A I S ,
1926, p . 234), s e n d o q u e a q u e l e s c o m p r o b l e m a s m e n t a i s p o d e r i a m s e r e n c a m i n h a d o s p a r a
B a r b a c e n a . O b v i a m e n t e isso s e d a v a e m n ú m e r o r e d u z i d o , p o i s o E s t a d o n ã o t i n h a r e c u r s o s ñ n a n -
ceiros s u ñ c i e n t e s p a r a a t e n d e r a todos os necessitados. Os relatórios dos chefes de Polícia a p o n -
t a v a m u m a e n o r m e lista d e e s p e r a p a r a i n t e r n a ç ã o n o s c a s o s d e d o e n t e s m e n t a i s . A m a i o r i a e r a
e n c a m i n h a d a p a r a a c a d e i a l o c a l à e s p e r a d e vaga n o H o s p i t a l C e n t r a l d e B a r b a c e n a . A a s s i s t ê n c i a
policial era f r e q ü e n t e m e n t e acionada q u a n d o se tratava de i n t e r n a ç ã o em hospitais, pois ela c o n t a -
va com veículos de tração animal para transportar detidos, feridos e mortos.
E m 1925, p e r í o d o e m q u e m a i s u m a v e z a S e c r e t a r i a d e P o l í c i a fbi r e o r g a n i z a d a e s e u p r é d i o a m p l i -
ado, o presidente do Estado autorizou a reforma de automóveis para transfbrmá-los em a m b u l â n -
cias, m o t o r i z a d a s . O a p r o v e i t a m e n t o d e m o t o r e s a n t i g o s e m c a r r o c c r i a s r e p a r a d a s p e r m i t i u à
Polícia ter d u a s a m b u l â n c i a s q u e p o d e r i a m ser utilizadas c o m o t r a n s p o r t e r e m u n e r a d o c o n f o r m e
o c a s o ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 5 , p . 195).
O c r e s c i m e n t o d o s S e r v i ç o s d a P o l í c i a , a p a r t i r d a d é c a d a d e 1 9 1 0 , fez c o m q u e a S e c r e t a r i a d e
Polícia passasse p o r várias r e m o d e l a ç õ e s , até m e s m o em seu prédio. A l é m de suas funções judi-
ciárias, mais repressivas, ela exercia as funções administrativas, mais preventivas, q u e a a p r o x i -
m a v a m da assistência pública. T o r n a v a - s e e v i d e n t e para as a u t o r i d a d e s da é p o c a a necessidade de
transf()rmá-la n u m órgão c o m m a i o r a u t o n o m i a e s e p a r a d o da Secretaria do Interior. Desse m o d o ,
a L e i n . 6 4 5 , d e 1 " d e o u t u b r o d c 1914, a u t o r i z a v a a c r i a ç ã o d a S e c r e t a r i a d e j u s t i ç a e S e g u r a n ç a
P ú b l i c a , e m M i n a s G e r a i s , m a s e l a n ã o fbi e f b t i v a d a ( M I N A S G E R A I S , 1 9 1 5 , p . 57). E m 1926, a
C h e ñ a de Polícia d e u lugar à Secretaria de Segurança e Assistência Pública. Para tanto, fbram
d e s t a c a d a s , da S e c r e t a r i a do I n t e r i o r , a P o l í c i a e a S a ú d e P ú b l i c a .
P e l a L e i n . 9 4 1 , d e 1 0 d e o u t u b r o d e 1926, f b r a m c r i a d a s 4 0 d e l e g a c i a s r e g i o n a i s , q u e d e v e r i a m s e r
preenchidas por d o u t o r e s ou bacharéis em Direito que, para o c u p a r e m os respectivos cargos, não
p o d e r i a m exercer advocacia, pois e r a m r e m u n e r a d o s . O Estado ñcaria dividido em 40 circunscrições
policiais e o d e l e g a d o regional deveria visitar t r i m e s t r a l m e n t e os m u n i c í p i o s q u e c o m p u n h a m sua
respectiva circunscrição. Ele deveria atuar direta e p e s s o a l m e n t e no serviço policial, i n s p e c i o n a n d o
e i n s t r u i n d o as d e l e g a c i a s m u n i c i p a i s e as s u b d e l e g a c i a s d i s t r i t a i s p a r a o s e u b o m ñ m c i o n a m e n t o .
E s s a r e f b r m a n ã o e x t i n g u i u o d e l e g a d o leigo, m a s p r e t e n d i a ñ s c a l i z a r s e u d e s e m p e n h o e c o b r a r - l h e
a idoneidade necessária para o cargo.
O D e c r e t o n . 7 4 5 6 , d e 2 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 2 6 , d e u n o v a r e g u l a m e n t a ç ã o a essa S e c r e t a r i a .
S e g u n d o e s s e r e g u l a m e n t o , f u n c i o n a r i a m t a m b é m seis d e l e g a c i a s a u x i l i a r e s , t r ê s d e c o m a r c a e u m a
de investigação e capturas. T o d o s esses cargos d e v e r i a m ser p r e e n c h i d o s por d o u t o r e s ou bacharéis
e m Direito, c o m peio m e n o s dois anos d e foro o u a d m i n i s t r a ç ã o , d e v i d a m e n t e r e m u n e r a d o s . E m
c a s o d e n e c e s s i d a d e , o s e c r e t á r i o p o d e r i a d e s i g n a r oficiais d a F o r ç a P ú b Ü c a p a r a o c a r g o d e d e t e -
g a d o e s p e c i a ) . O s seis d e l e g a d o s a u x i l i a r e s d e v e r i a m e x e r c e r f u n ç õ e s d e s i g n a d a s e m q u a l q u e r l o c a !
d o E s t a d o . O D e c r e t o n . 7 4 5 7 , d e 2 1 d e d e z e m b r o d e 1926, a p r o v a v a o r e g u l a m e n t o p o l i c i a l d o
Estado. P o r esse d e c r e t o , a Polícia c o n t i n u o u a e x e r c e r as ftmções de Polícia j u d i c i á r i a e de Polícia
Administrativa. P o r t a n t o , o q u e se altera\ a b a s i c a m e n t e era q u e o responsável d i r e t o pelos serviços
policiais, o secretário, ñcava s u b o r d i n a d o a p e n a s ao p r e s i d e n t e de E s t a d o e contava c o m o auxílio
primordial das delegacias regionais e das auxiliares.
A i n s t a l a ç ã o d a s d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s d e u - s e a p a r t i r d e 1'^ d e j a n e i r o d e 1928. A l é m d o a u m e n -
t o d o C o r p o d e S e g u r a n ç a p a r a ñ n s d e i n v e s t i g a ç ã o , o E s t a d o fbi d i v i d i d o e m 1 1 zonas, p e r -
m a n e c e n d o em cada u m a delas um delegado especial com a necessária escolta para o maior êxito
das c a p t u r a s ( M I N A S G E R A I S , 1928, p. 69). F o r a m incluídas nesse serviço as seções r e l a c i o n a d a s
às identincações e estatísticas, q u e t a m b é m fbram r e m o d e l a d a s , h a v e n d o novos registros, c o m o os
d e l e g i t i m a ç ã o e d e l o c a ç ã o d e s e r v i ç o s d o m é s t i c o s c p r o ñ s s i o n a i s ( M I N A S G E R A I S , 1 9 2 9 , p . 85).
Em 1929, o p r i m e i r o ¿/<í-Áj-r^^/j-//<r^ P o / Z r ^ / r r e f e r e n t e a 1 9 2 8 , fbi d i s t r i b u í d o p e l a
Seção de Estatística.
<
o
n.
ã
de 1930. Acervo APM.
A S E S P fbi c r i a d a p a r a a t u a r d e f b r m a a b r a n g e n t e : e l a b o r a r , p r o p o r e d e s e n v o l v e r p o l í t i c a s a p r o -
priadas para o setor de segurança. Sua ação m a r c o u o terceiro p e r í o d o seguinte da história da
P o l í c i a C i v i l : d e 1956 a 1970. O p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o d o E s t a d o b r a s i l e i r o e n t r o u e m u m a
etapa deñnitiva com a política desenvolvimentista praticada pelo G o v e r n o Juscelino Kubitschek e
aprofundada p o s t e r i o r m e n t e nos governos militares. N e s s e s anos, c o n s o l i d o u - s e a Polícia de car-
r e i r a e r e f b r m u l o u - s e , em 1970, a lei o r g â n i c a da P o l í c i a C i v i l .
A t e r c e i r a fase d o p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l i n i c i o u - s e e m 1970, q u a n d o o s e t o r d e
Segurança Pública ganhou novos c o n t o r n o s a d e q u a d o s à política dos governos militares. E r a m três
as i n s t i t u i ç õ e s p o l i c i a i s em 1964: a P o l í c i a C i v i l , a P o l í c i a M i l i t a r e a G u a r d a C i v i l . A P o l í c i a M i l i t a r
aquartelada atuava apenas em situações especiais de grandes tumultos, c o m o greves, m o v i m e n t o s
c o l e t i v o s e s i t u a ç õ e s q u e e x i g i a m a p r e s e n ç a d e u m a fbrça p o l i c i a l m a i s agressiva, q u a n d o a t u a v a
c o m a Polícia Civil. A G u a r d a Civil existia em J u i z de Fora, U b e r l â n d i a e U b e r a b a . S u a a t u a ç ã o era
a m a i s p r ó x i m a d a P o t í c i a C i v i l , r e s p o n s á v e l p o r ñ s c a l i z a r o t r â n s i t o , fazer o p o l i c i a m e n t o o s t e n s i v o
d e s s a s c i d a d e s e a c o m p a n h a r a P o l í c i a C i v i l n a s d e l e g a c i a s e em s u a s d i l i g ê n c i a s .
N o s a n o s a n t e r i o r e s , a G u a r d a C i v i l fbi v a l o r i z a d a c o m o i n s t i t u i ç ã o e t o r n o u - s e m u i t o r e s p e i t a d a
p e l a s o c i e d a d e . A c a r r e i r a d o g u a r d a - c i v i l e r a r e g i d a p e l a s m e s m a s leis q u e r e g i a m a c a r r e i r a d o
p o l i c i a l civil. O G o v e r n o M i l i t a r e x t i n g u i u essa i n s t i t u i ç ã o e e s t a b e l e c e u n o v a r e l a ç ã o e n t r e a s
instituições policiais. N e s s a época, iniciaram-se as políticas de integração da ação policial. Na
Polícia Civil, d e s t a c a r a m - s e os investimentos no setor de g e r e n c i a m e n t o de dados, infbrmação e
c o m u n i c a ç ã o . E s s a fase t e r m i n o u e m 2 0 0 5 , q u a n d o fbi e x t i n t a a S E S P e n o v a m e n t e fbi c r i a d o o
cargo de chefe de Polícia.
E s s a h i s t ó r i a fbi m a r c a d a p e l o s a v a n ç o s l e n t o s e a c e l e r a d o s d a P o l í c i a C i v i l , p o r m o m e n t o s d e v a -
lorização e crescimento, b e m c o m o p o r situações adversas de crise e a b a n d o n o . U m a história na
q u a l a l g u n s p r o b l e m a s f b r a m r e c o r r e n t e s , c o m o a falta d e p e s s o a l o u a f b r m a ç ã o i n a d e q u a d a d o s
recursos h u m a n o s e o precário a p a r e l h a m e n t o da instituição. Entretanto, m e s m o c o m o peso d e s -
ses f a t o r e s n e g a t i v o s , a P o l í c i a C i v i l m a r c o u s u a h i s t ó r i a c o m a ç õ e s q u e f o r t a l e c e r a m s u a m i s s ã o
i n s t i t u c i o n a l e a c o n s o l i d a r a m n o a t u a l Brasil m o d e r n o .
3.1 A REVOLUÇÃO DE 1930 E A POLÍCtA C!V<L DE MtNAS GERAtS
O c o n ñ i t o d e i d e o l o g i a s e r a o a m b i e n t e d a é p o c a ( D U T R A , 1997; C A P E L A T O , 1997). N e s s e c o n -
texto, destacou-se a ação da Polícia Civil c o m m e d i d a s preventivas nas eleições e o c o m b a t e ao c o m u -
nismo, c o n s i d e r a d o u m e x t r e m i s m o político q u e precisava ser e x t i r p a d o d a s o c i e d a d e brasileira. N a s
eleições de 1935, os d e l e g a d o s auxiliares e especializados da Polícia Civil í b r a m d e s i g n a d o s para p e r -
c o r r e r os municípios, colaborar c o m as a u t o r i d a d e s locais e instruí-las sobre a legislação eleitoral.
E s s e fbi o a n o d a " I n t e n t o n a C o m u n i s t a " , n o m e p e j o r a t i v o d o s l e v a n t e s m i l i t a r e s c o m a n d a d o s p o r
Luiz C a r l o s Prestes e r e c h a ç a d o s p e l o G o v e r n o ( V I A N N A , 2003). A p ó s a a p r e e n s ã o de d o c u m e n t o s
dos arquivos de Luiz Carlos Prestes, a Polícia Civil p r o c e d e u a n u m e r o s a s pesquisas q u e c u l m i n a r a m
em buscas e prisões. Em M i n a s Gerais, locos de p r o p a g a n d a c o m u n i s t a fbram descobertos, boletins
extremistas fbram apreendidos, prisões preventivas fbram realizadas e processos instaurados.
O E s t a d o N o v o fbi u m g o v e r n o i n t e r v e n c i o n i s t a , c o m p o l í t i c a s e c o n ô m i c a s d e i n d u s t r i a l i z a ç ã o e p o l í t i -
cas sociais de a b s o r ç ã o d a s m a s s a s p o p u l a r e s , c o m d i r e i t o s e d e v e r e s . O n o r t e e r a a i n d u s t r i a l i z a ç ã o , e
o E s t a d o b r a s i l e i r o d e v e r i a c r i a r c o n d i ç õ e s p a r a a m o d e r n i z a ç ã o d o País. P a r a t a n t o , e r a c o n v e n i e n t e
p r e p a r a r - s e , a d q u i r i r f o r m a s m o d e r n a s d e a d m i n i s t r a ç ã o c o m ê n f a s e n a técíiica e n o m é r i t o .
O s esfbrços n e s s e s e n t i d o e x i s t i r a m . E m 1934,
o s e r v i ç o de i d e n t i f i c a ç ã o fbi r e f b r m a d o e p e r -
feitamente aparelhado c o m arquivo de ñchas
fotográñcas, índice e desdobramento dos
arquivos datiloscópicos (MINAS GERAIS,
1935). D a m e s m a f b r m a , e m 1936, a P o l í c i a
Civil recebeu um laboratório técnico para
perícias microscópicas, toxicológicas e graneas
d o l o c a l d o c r i m e ( M I N A S G E R A I S , 1936).
O s e r v i ç o d e M e d i c i n a L e g a l fbi o g r a n d e b e n e ñ c i a d o , n a d é c a d a d e 1930, j u n t a m e n t e c o m o P r o n t o -
Socorro, q u e era o hospital de assistência da Polícia Civil. A m b o s fbram favorecidos pelas políticas
assistencialistas q u e m a r c a r a m a h i s t ó r i a p o l í t i c a b r a s i l e i r a n e s s a é p o c a . O p e r í o d o fbi c a r a c t e r i z a d o
p o r a m p h a ç ã o e m e l h o r a m e n t o s no D e p a r t a m e n t o de Assistência Policial e M e d i c i n a Legal. Em
1936, p o r e x e m p l o , f b r a m feitas r e f b r m a s n a s i n s t a l a ç õ e s d o s s e r v i ç o s m é d i c o e d e n t á r i o , e o a m b u -
l a t ó r i o fbi r e n o v a d o , b e m c o m o í b r a m a d q u i r i d o s u m a p a r e l h o d e r a i o - X e d u a s a m b u l â n c i a s ( M I N A S
G E R A I S , 1936).
O a m b i e n t e p o l í t i c o p r o p í c i o p a r a p o l í t i c a s a s s i s t e n c i a l i s t a s fbi o c o n t e x t o d a c r i a ç ã o d o a l b e r g u e
policial e m Belo H o r i z o n t e , e m 1937, u m i m p o r t a n t e i n s t r u m e n t o n a n s c a l i z a ç ã o e n o c o n t r o l e d a
m e n d i c â n c i a e dos m e n o r e s abandonados. Essa função era característica de u m a Polícia tradicional,
herdada dos primeiros policiamentos m o d e r n o s surgidos no ñ n a l do século XIX:
Os governos das cidades se responsabilizavam p o r todos os outros, d e s d e os órfãos até os s e m - t e t o .
Para muitas dessas pessoas necessitadas, os d e p a r t a m e n t o s de polícia e r a m o lugar de confluência.
Os postos policiais t i n h a m salas separadas, u m a espécie de d o r m i t ó r i o , para abrigar os 'hóspedes'
d u r a n t e a noite. C a d a cidade variava n a q u i l o q u e fornecia, mas as a c o m o d a ç õ e s e r a m primitivas e
h m i t a d a s a apenas algumas noites. Um policial anotava o n o m e de cada pessoa e, algumas vezes,
dava informações mais detalhadas (idade, lugar de nascimento, profissão, 'de o n d e vinha' e desti-
nação). Estes serviços policiais não passaram incógnitos n e m para os pobres n e m para as autoridades
municipais ( M O N K K O N E N , 2003, p. 585).
A p r i m e i r a fase d e s s e p r o c e s s o t e r m i n o u e m 1945, c o m o ñ m d o E s t a d o N o v o e c o m a d e m o c r a t i z a -
ç ã o b r a s i l e i r a . N e s s a p r i m e i r a e t a p a , a P o l í c i a C i v i l e n f r e n t o u t r ê s d e s a ñ o s : e m r e l a ç ã o aos r e c u r s o s
humanos, à infra-estrutura e à guarda dos presos; carências q u e p e r m a n e c e r a m nos anos seguintes e
ganharam dimensões de acordo com as necessidades demandadas no processo de modernização da
P o l í c i a C i v i l e d o Brasil. N e s s e p r o c e s s o , a P o l í c i a C i v i l t r a n s f o r m o u - s e e m u m a i n s t i t u i ç ã o c o m
g r a n d e p o d e r e r e s p e i t o social, n a s d é c a d a s d e 1950 e 1960, a t é e n t r a r e m crise, p e r c e b i d a , p r i n c i p a l -
m e n t e , n a s d é c a d a s d e 1980 e 1990. Foi u m a h i s t ó r i a m a r c a d a p e l a s u p e r a ç ã o d e c a r ê n c i a s e d e l i m i -
tações, p e l o esforço e pela c a p a c i d a d e de a d e q u a r - s e ao t e m p o e às suas novidades.
Atunos da Escoia de Poücia, em autas de instrução física em juiho de 1939. Acervo Polícia Civil.
3.2 1 9 4 5 - 1 9 5 6 : A POLÍCiA CtVtL NA DEMOCRAOA
O p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o b r a s i l e i r a fbi c o n r u r b a d o . E m r o d a s a s s u a s e t a p a s , o c o r r e r a m t r a n s -
fbrmações rápidas na e c o n o m i a e na s o c i e d a d e q u e a u m e n t a r a m e criaram d e m a n d a s para a Polícia.
A historia da Polícia Civil de M i n a s G e r a i s aponta para o c r e s c i m e n t o da instituição em r i t m o
m e n o r q u e o a u m e n t o das d e m a n d a s de u m a sociedade em constante m u d a n ç a . Para a m e n i z a r esse
d é ñ c i t n e s s e p e r í o d o , a v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l s e g u i u u m a c u r v a a s c e n d e n t e . A s a ç õ e s efetivas
que visavam a u m a m u d a n ç a profunda na estrutura da Polícia e r a m d e m a n d a s antigas q u e o Estado
N o v o a p e n a s e s b o ç o u r e a l i z a r , c o m o o p l a n o d e c a r r e i r a e a s m e l h o r i a s físicas r e a l i z a d a s n o p e r í o -
d o a n t e r i o r . F o i n o p e r í o d o e n t r e 1945 e 1 9 5 6 q u e a l g u m a s d e s s a s a ç õ e s í b r a m c o n c r e t i z a d a s .
A s t r a n s f b r m a ç õ e s n e c e s s á r i a s c o m e ç a r a m a s e r feitas p o r m e i o d e u m a l e g i s l a ç ã o e s p e c í ñ c a . A p a r -
t i r d e 1946, u m a s é r i e d e leis e s t r u t u r o u a c a r r e i r a d e P o l í c i a , c o m a d e n n i ç ã o d e c a r g o s , f u n ç õ e s e
s a l á r i o s , e m g e r a l leis q u e p r o c u r a r a m v a l o r i z a r o p o l i c i a l civil. E s s e fbi o c a s o d o D e c r e t o - L e i n . 9
108, d e 2 9 d e a b r i l d e 1946, q u e i n s t i t u i u o " D i a d o s P o l i c i a i s C i v i s e M i l i t a r e s " , c o m e m o r a d o n o
d i a 2 1 d e abril. O c o n j u n t o d e s s a s leis d e t e r m i n a v a , p o r e x e m p l o , a a p r o v a ç ã o d o d e p a r t a m e n t o
administrativo da C h e ñ a de Polícia, a criação de cargos no serviço de Polícia técnica, a r e o r g a n i -
zação do q u a d r o de funcionários do d e p a r t a m e n t o de Assistência Policial e M é d i c o Legal, b e m
c o m o a n o m e a ç ã o de d e l e g a d o s de Polícia, s u b d e l e g a d o s e seus respectivos suplentes. O p o n t o
m á x i m o d e s s a fase d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l fbi o D e c r e t o - L e i n . 2 1 2 5 , q u e c r i o u o s s e g u i n t e s
cargos, c o m p o s t o s de 1 c o r r e g e d o r - g e r a l , 1 auxiliar de corregedoria, 20 delegados adjuntos, 1 o ñ -
cial d e g a b i n e t e d o c h e f e d e P o l í c i a , 1 a s s i s t e n t e t é c n i c o d e c o n t a b i l i d a d e e 6 0 e s c r i v ã e s .
O u t r a m e d i d a i m p o r t a n t e fbi o D e c r e t o n . 2 147, q u e o r g a n i z o u a C h e ñ a d e P o l í c i a n o s s e g u i n t e s
setores, órgãos, d e p a r t a m e n t o s , serviços, delegacias e s u b d e l e g a d a s : gabinete do chefe de Polícia;
corregedoria-geral; d e p a r t a m e n t o administrativo; d e p a r t a m e n t o de investigação; assistência t é c n i -
c a d e c o n t a b i l i d a d e ; seis d e l e g a c i a s a u x i l i a r e s ; n o v e d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s ; d e l e g a c i a d e s e g u -
A P o l í c i a d e c a r r e i r a e r a "[...] c o n s i d e r a d a a b a s e d e t o d a b o a o r g a n i z a ç ã o p o l i c i a l , p o i s [ a t r a í a ] p a r a
seus quadros e l e m e n t o s interessados em realizar suas atividades c o m qualidade, visando ao cresci-
m e n t o n a c a r r e i r a p o l i c i a l " ( M I N A S C E R A I S , 1947). A p r o n s s i o n a l i z a ç ã o e r a o a l v o d e s e j a d o , e a
r e g u l a m e n t a ç ã o de u m a carreira policial fazia-se p r e m e n t e , pois, s e m u m a d e n n i ç ã o clara dos car-
gos e e n c a r g o s , a P o l í c i a C i v i l c o n t i n u a r i a p r e s a a p o l í t i c a s p e r s o n a l i s t a s . A C o r r e g e d o r i a - C e r a l e r a
um e x e m p l o de m u d a n ç a . Sua função era ñscalizar as atividades policiais e prestar consultoria
j u r í d i c a à C h e ñ a d e P o l í c i a ( M I N A S G E R A I S , 1947).
A l g u n s ó r g ã o s e s e r v i ç o s q u e j á f u n c i o n a v a m a n t e r i o r m e n t e f b r a m r e g u l a m e n t a d o s p o r essa l e g i s -
lação, c o m o o s e r v i ç o d e v i g i l â n c i a d e m e n o r e s e a a s s i s t ê n c i a t é c n i c a d e c o n t a b i l i d a d e . O s e r v i ç o d e
vigilância de m e n o r e s tinha a função de a c o l h e r crianças desvalidas, reajustando-as ao convívio das
famílias o u e n c a m i n h a n d o - a s à s i n s t i t u i ç õ e s c o m o o A l b e r g u e P o l i c i a l . A a s s i s t ê n c i a t é c n i c a d e c o n -
tabilidade controlava o o r ç a m e n t o da Polícia Civil, e s p e c i ñ c a m e n t e as verbas destinadas às diligên-
cias policiais, à a s s i s t ê n c i a social, à a l i m e n t a ç ã o de p r e s o s , ao t r a n s p o r t e e aos g a s t o s c o m p e s s o a l e
m a t e r i a l . O u t r o s ó r g ã o s c r i a d o s fbram: a D e l e g a c i a d e A s s i s t ê n c i a S o c i a l , r e s p o n s á v e l p e l o s d e s v a l i -
d o s e p e l a v i g i l â n c i a d a falsa m e n d i c â n c i a ; a E s c o l a d e P o l í c i a D e s e m b a r g a d o r Rafael M a g a l h ã e s , d e s -
t i n a d a aos p o l i c i a i s c o m c u r s o s d e f b r m a ç ã o p r o ñ s s i o n a l ; e a E s c o l a T i r a d e n t e s , p a r a a f b r m a ç ã o b á s i -
c a e p r e p a r a ç ã o d o s c a n d i d a t o s p a r a a E s c o l a Rafael M a g a l h ã e s ( M I N A S G E R A I S , 1947).
A Polícia Civil p r o c u r a v a c o r r e s p o n d e r às novas necessidades de um serviço mais e n c i e n t e e profis-
sional, b e m c o m o a d e q u a r - s e à realidade político-administrativa do E s t a d o de M i n a s G e r a i s . N e s s e
sentido, r e a g r u p o u sua a d m i n i s t r a ç ã o geográfica em circunscrições. Em 1947, fbram criadas 70 cir-
c u n s c r i ç õ e s , m a s e s s e n ú m e r o m o d i f i c o u - s e d e a c o r d o c o m a s n e c e s s i d a d e s . A s s i m , e m 1950, fbi c r i -
ada u m a circunscrição especial para o f u n c i o n a m e n t o do C o n s e l h o Regional de Circunscrições e
Trânsito. Nesse m e s m o ano, os municípios de Aiuroca, Carvalhos e L i b e r d a d e passaram a constituir
a 7 2 ' c i r c u n s c r i ç ã o p o l i c i a l c o m s e d e e m A i u r o c a ( P o r t a r i a n . 2 153, d e 2 6 d e m a i o d e 1950). E s s e
m o d e l o d e c i r c u n s c r i ç ã o visava a s s e g u r a r a p r e s e n ç a d e d e l e g a c i a s a d j u n t a s e m t o d a s a s r e g i õ e s d e
M i n a s G e r a i s ( M I N A S G E R A I S , 1947; 1950).
Delegacias Gerais fbram criadas em regiões especiais, o n d e a d e m a n d a pelos serviços policiais era
maior, c o m o e m Belo H o r i z o n t e , J u i z d e Fora e l Y i â n g u l o M i n e i r o . Essas delegacias e r a m c o m a n -
dadas por autoridades comissionadas. A delegacia de Belo Horizonte era responsável pela vigilân-
cia n a p e r i f e r i a d a c i d a d e . N o T r i â n g u l o M i n e i r o , a D e l e g a c i a - G e r a l s e d i o u - s e e m U b e r a b a e e r a
responsável p o r articular os serviços de todas as delegacias da região e vigiar o intenso tráfego de
veículos no T r i â n g u l o Mineiro. Em J u i z de Fora, a justiñcativa era a t e n d e r ao m o v i m e n t o da cidade
e d a r e g i ã o , c o m g r a n d e t r á f e g o d e v e í c u l o s e c a p a c i d a d e i n d u s t r i a l ( M I N A S G E R A I S , 1950).
A c r i a ç ã o d e D e l e g a c i a s A u x i l i a r e s c o m p l e t a v a e s s e m o d e l o d e o r g a n i z a ç ã o . F o r a m c r i a d a s seis
Delegacias Auxiliares, q u e a t u a r a m em articulação c o m a C o r r e g e d o r i a e o D e p a r t a m e n t o de
I n v e s t i g a ç ã o . A s d u a s p r i m e i r a s D e l e g a c i a s A u x i l i a r e s t i n h a m ftmçÕes m a i s g e r a i s : a p r i m e i r a f u n -
c i o n a v a c o m o u m a c o n s u l t o r i a , a t u a n d o n o s c a s o s o m i s s o s e m lei; a s e g u n d a c o l a b o r a v a c o m a
C o r r e g e d o r i a - G e r a l . E m r e l a ç ã o a essas d u a s p r i m e i r a s , a s o u t r a s q u a t r o a p r e s e n t a v a m u m p e r ñ l
m a i s e s p e c í ñ c o , c u i d a n d o d o s c r i m e s c o n t r a a v i d a , da r e p r e s s ã o à v a d i a g e m , à falsa m e n d i c â n c i a e
a o u s o d e t ó x i c o s e e n t o r p e c e n t e s . A o s d e l e g a d o s a u x i l i a r e s , c a r g o c r i a d o p e l o D e c r e t o - L e i n . 2 147,
caberia realizar diligências na Capital e no interior, e s p e c i ñ c a m e n t e nos casos em q u e era
n e c e s s á r i a a a t u a ç ã o d i r e t a d a a u t o r i d a d e s u p e r i o r ( M I N A S G E R A I S , 1950).
^ Esse breve e superñcial relato oferece a d i m e n s ã o da ação da Polícia Civil na época, q u e tinha
d i f e r e n t e s ñ-entes d e a t u a ç ã o : i n v e s t i g a ç ã o c r i m i n a l ; i d e n t i n c a ç ã o d o s c i d a d ã o s b r a s i l e i r o s e d o s
estrangeiros, até m e s m o emissão de passaportes; c u i d a d o de m e n o r e s abandonados, enfermos sem
recursos, c o m o mendigos, m a n t e n d o um serviço de albergue e de pronto-socorro. Fica evidente a
presença m a r c a n t e da Polícia Civil na s o c i e d a d e mineira. Esse ó r g ã o estava em plena ascensão e
g a n h a v a e s p a ç o e v a l o r i n s t i t u c i o n a l , e v i d e n c i a d o s n a s r e f b r m a s físicas e e s t r u t u r a i s n o s s e u s p r é -
dios e nas suas instalações.
n h a e d u c a t i v a e o p r o t o c o l o ( M I N A S G E R A I S , 1952). ¿
Essa e s t r u t u r a c r e s c e u . E m 1 9 5 3 , foi c r i a d o o c u r s o p a r a e x a m i n a d o r e s e ñ s c a i s d e t r â n s i t o , b e m c o m o
instaladas u m a biblioteca especializada, u m a tipograña e u m a seção de fbtograña ( M I N A S G E R A I S ,
1954). N o a n o s e g u i n t e , f o r a m c r i a d o s d o i s n o v o s s e t o r e s — a s e ç ã o d e e n g e n h a r i a e o g a b i n e t e d e p s i -
cotécnico. A seção de engenharia promovia estudos técnicos sobre n o r m a s de trânsito e p r e v e n ç ã o de
acidentes, c o m o planejamentos, d e s e n h o s e análises estatísticas e periciais. A função do gabinete de psi-
c o t é c n i c a e r a a u x i h a r n a s e l e ç ã o e n a o r i e n t a ç ã o v o c a c i o n a l d o s m o t o r i s t a s ( M I N A S G E R A I S , 1955).
A b o a fase i n s t i t u c i o n a l d o S e r v i ç o E s t a d u a l d e T r â n s i t o p r o d u z i u u m a i n t e r e s s a n t e i n i c i a t i v a — a
r e v i s t a Ty^ÍKj/ro, ó r g ã o o ñ c i a l d o S e r v i ç o E s t a d u a l d e T r â n s i t o d e M i n a s G e r a i s , c r i a d a e m 1 9 5 3 .
TwKj'/yo e r a u m a r e v i s t a e s p e c í ñ c a p a r a o t r a b a l h o d a P o l í c i a e , a o m e s m o t e m p o , v o l t a d a p a r a u m
p ú b l i c o a m p l o , f o r m a d o p o r m o t o r i s t a s , advogados e u s u á r i o s das vias p ú b l i c a e m geral. C o m o
órgão oñcial, divulgava as n o r m a s indispensáveis à segurança no tránsito e m u n i a as delegacias de
Polícia do interior de fontes de decisões, referencias, observações e legislação. C o m o revista volta-
da para o público ampio, realizava c a m p a n h a s de e d u c a ç ã o e publicava artigos sobre temas rela-
c i o n a d o s a o t r a n s i t o ( M I N A S G E R A I S , 1954).
E m 1 9 5 5 , o D e c r e t o n . 4 532, d e 3 0 d e m a r ç o d e 1 9 5 5 , a p r o v o u o r e g u l a m e n t o d a S u p e r i n t e n d e n c i a
do Serviço Estadual de Transito. O Serviço Estadual de Tránsito era um órgão integrante da anti-
g a C h e ñ a d e P o l í c i a c r i a d o p e l o D e c r e t o - L e i n . 6 6 , d e 1 8 d e j a n e i r o d e 1938. S u a f u n ç ã o e r a r e a l i z a r
o e s t u d o , o p l a n e j a m e n t o , a o r g a n i z a ç ã o , a e x e c u ç ã o ou a o r i e n t a ç ã o , a c o o r d e n a ç ã o e a n s c a l i z a ç ã o ,
b e m c o m o dos assuntos e p r o v i d e n c i a s relativas ao transito p ú b l i c o em t o d o s os territórios do Estado,
s e g u i n d o a s n o r m a s d o C o n s e l h o R e g i o n a l d e T r a n s i t o ( L e i n . 4 5 3 2 , d e 3 0 d e m a r ç o d e 1955).
O c o r o a m e n t o d o p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l o c o r r e u e m 1936, q u a n d o a L e i n . 1 4 3 3 , d e
1 2 d e m a i o d e 1936, t r a n s f o r m o u a C h e ñ a d e P o l í c i a e m S e c r e t a r i a d e E s t a d o d e S e g u r a n ç a P ú M i c a
( S E S P ) . C o m o n o p e r í o d o a n t e r i o r , o i n s t r u m e n t o d e m u d a n ç a fbi a l e g i s l a ç ã o . E r a m m e d i d a s d e va-
lorização da Polícia q u e c o n t r i b u í a m para a i d e n t i d a d e proñssional dos pohciais, c o m o o d e c r e t o esta-
b e l e c e n d o o s m e i o s d e i d e n t i n c a ç ã o p a r a o s s e r v i d o r e s d a P o l í c i a Civil. A g r a n d e t r a n s f b r m a ç ã o v e i o
c o m a L e i n. 1 4 3 5 , q u e c r i o u a S E S P , cujo n o v o s e c r e t a r i o e r a o p r ó p r i o c h e f e de Polícia.
N o v a l e g i s l a ç ã o fbi c r i a d a p a r a r e g u l a m e n t a r a S E S P , d e t e r m i n a r s u a i n s e r ç ã o n a a d m i n i s t r a ç ã o g
política do E s t a d o e suas funções, b e m c o m o o ñ m c i o n a m e n t o d o s ó r g ã o s q u e a f o r m a v a m . A Polícia o
C i v i l fbi a l v o d e s s a l e g i s l a ç ã o , q u e a t a c o u u m p r o b l e m a h i s t ó r i c o d a i n s t i t u i ç ã o , d e d e n n i ç ã o e g
pronssionalização da carreira policial. O D e c r e t o - L e i n. 1 391, de 28 de d e z e m b r o de 1945, havia g
estabelecido um plano de carreira, entretanto era necessária u m a regulamentação especíñca, prin- o
c i p a l m e n t e d e a c o r d o c o m a r e a l i d a d e d a P o l í c i a C i v i l e m 1956, d e p o i s d o p r o c e s s o d e c r e s c i m e n - ^
to apontado no período anterior e do novo m o d e l o de segurança concretizado c o m a SESP. g
O r e g u l a m e n t o d a E s c o l a d e P o l í c i a Rafael M a g a l h ã e s h a v i a s i d o feito u m a n o a n t e s , e m 1 9 5 5 , e s t a -
b e l e c i d o p e l o D e c r e t o n . 4 5 5 1 , d e 3 0 d e m a r ç o d e 1933. E s s e d e c r e t o d e t e r m i n a v a q u e c o m p e t i a
e x c l u s i v a m e n t e à E s c o l a d e P o l í c i a Rafael M a g a l h ã e s , d i r e t a m e n t e s u b o r d i n a d a a o c h e í b d e p o l í c i a , a
instalação e a realização de cursos teóricos ou práticos de fbrmação, revisão, extensão ou t r e i n a m e n -
to intensivo do pessoal destinado ao d e s e m p e n h o da função policial no E s t a d o de M i n a s G e r a i s
( D e c r e t o n . 4 5 5 1 , d e 3 0 d e m a r ç o d e l 9 5 5 ) . C o m a v a l o r i z a ç ã o d a c a r r e i r a p o l i c i a l , e m 1956, essa e s c o -
l a estava e s t r u t u r a d a p a r a d e s e m p e n h a r s e u p a p e l . N e s s a é p o c a , i n i c i a r a m - s e o s c u r s o s d e I b r m a ç ã o
de d e l e g a d o s e de p e r i t o s c r i m i n a i s e í b i r e a l i z a d a , em a g o s t o de 1955, a ¿/<? ^j-fM^/oj
( M I N A S G E R A I S , 1956). E m 1961 fbi r e c o n h e c i d o o a p r i m o r a m e n t o d o s n o v o s c r i t é r i o s d e s e l e ç ã o
d a P o l í c i a C i v i l . N e s s e p r o c e s s o , fala-se d a n e c e s s i d a d e d e v a l o r i z a ç ã o d a E s c o l a d e P o l í c i a , d e s u a
e s t r u t u r a e de s e u s c u r r í c u l o s . A e s c o l a p r o c u r o u a t e n d e r a essas e x p e c t a t i v a s e, em 1967, o c o r r e u o
a p r i m o r a m e n t o do ensino da A c a d e m i a de Polícia, m e d i a n t e a criação do C u r s o de Alto Nível.
S N o A b r i g o B e l o H o r i z o n t e fbi c o n s t r u í d o u m n o v o p a v i l h ã o c o m a c a p a c i d a d e d e 3 5 l e i t o s . O
S Sanatório Penal passou a o c u p a r o antigo p r é d i o da Escola de Refbrma A n t ó n i o C a r l o s ( p r ó x i m o a
á Penitenciária de Neves), com as devidas adaptações. Iniciaram-se as obras da Colônia Penal, em
g t e r r e n o a d j a c e n t e à P e n i t e n c i á r i a d e N e v e s . N e s s a P e n i t e n c i á r i a f b r a m feitas ref()rmas ( M I N A S
^ G E R A I S , 1957).
g
g A idéia do G o v e r n o era criar penitenciárias regionais em p o n t o s estratégicos do interior de M i n a s
H Gerais. As u n i d a d e s prisionais existentes seriam r e f o r m a d a s e a d e q u a d a s . A Casa de C o r r e ç ã o
g fbi r e f b r m a d a e m 1959, t r a b a l h o r e a l i z a d o p e l o s p r ó p r i o s d e t e n t o s . F o r a m r e a l i z a d a s a s s e g u i n t e s
construções nesse estabelecimento prisional: um alojamento para 50 h o m e n s e o u t r o para a G u a r d a
m i l i t a r ; u m a g a l e r i a d e 1 0 salas i n d i v i d u a i s d e s t i n a d a s a i n d i v í d u o s i n a d a p t á v e i s ; u m a ala c o m
c ô m o d o s para a barbearia, para a m e c â n i c a e para o d e p ó s i t o de material; u m a caixa d'água, a l é m
da limpeza em t o d o o edifício do presídio, da refbrma de seu t e l h a d o e da r e d e de esgotos e da p a v i -
m e n t a ç ã o d o pátio i n t e r n o ( M I N A S G E R A I S , 1959).
A par das construções referidas, cada preso da então Penitenciária Central 'Antônio D u t r a Ladeira' se
especializava em um trabalho, de acordo com sua aptidão, sendo q u e a maioria era destinada ao tra-
balho de construções.
A s s i m , a L e i n . 1 4 0 3 5 , d e 3 0 d e j a n e i r o d e 1956, d e t e r m i n o u n o v a e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i v a p a r a a
busca de correção, e em 1954 a Lei n. 1 897, de 13 de janeiro, m u d o u a d e n o m i n a ç ã o da C a s a de
C o r r e ç ã o para Penitenciária C e n t r a l . N e s s e m e s m o ano, planejou-se a c o n s t r u ç ã o d e u m novo edifí-
cio, o n d e h o j e é a P e n i t e n c i á r i a D u t r a L a d e i r a . O e d i f í c i o d a R u a U b e r a b a , o n d e f u n c i o n a v a a C a s a
d e C o r r e ç ã o d e s d e 1 9 5 1 , a p r e s e n t a v a p r o b l e m a s d e l o t a ç ã o , c o m o a p o n t o u L a d e i r a ( 1 9 7 1 , p . 312):
T o d o s o s o u t r o s s e t o r e s d a P o l í c i a C i v i l r e c e b e r a m i n v e s t i m e n t o s e m s e u s r e c u r s o s físicos e
h u m a n o s . E m 1960, p o r e x e m p l o , o c o r p o d e s e g u r a n ç a d o D e p a r t a m e n t o d e I n v e s t i g a ç ã o fbi
refbrçado c o m a admissão de novos investigadores, q u e fbram m a t r i c u l a d o s na Escola de Polícia.
Na Polícia técnica, h o u v e m e l h o r i a s de material e de pessoal e, em u m a iniciativa p i o n e i r a no
Brasil, fbi i n t r o d u z i d a a e l e t r o f b r e n s e p a r a t r a b a l h o s d e a n á l i s e i n s t r u t n e n t a i s .
A s r e f b r m a s f o r a m feitas t a m b é m n a s d e l e g a c i a s . E m 1957, f e z - s e o a p a r e l h a m e n t o m a t e r i a l d a s
delegacias, c o m a c o n s t r u ç ã o de dois e d i ñ c i o s — o p r i m e i r o , de estilo funcional, o n d e seria insta-
l a d a a d e l e g a c i a do 4° d i s t r i t o , e o i t o d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s ; o s e g u n d o , p a r a a l o j a r a d e l e g a c i a
d o 1 ° d i s t r i t o e d i v e r s o s o u t r o s d e p a r t a m e n t o s d a S E S P ( M I N A S G E R A I S , 1957a). E m 1959 foi
possível a n u n c i a r a i n a u g u r a ç ã o de dois o u t r o s prédios, um para as delegacias especializadas e o
a r q u i v o c e n t r a l da P o l í c i a , e o s e g u n d o , p a r a o D e p a r t a m e n t o de O r d e m P o l í t i c a e S o c i a l , o
Guardas civis em ronda. 1964. Acervo Foticia Civil.
D e p a r t a m e n t o de E s t r a n g e i r o s e o S e r v i ç o de E s t a t í s t i c a P o ü c i a ! e C r i m i n a ! . Foi c o n c l u í d o o
s e g u n d o b!oco da sede do D e p a r t a m e n t o t¿stadua¡ de T r â n s i t o , c o n s t r u í d o c o m a m ã o - d e - o b r a dos
d e t e n t o s da Casa de C o r r e ç ã o , o q u e resultou n u m a e c o n o m i a a p r o x i m a d a de 3 0 % do custo tota!
d a o b r a . A l é m d i s s o , e m 1959 i n i c i a r a m - s e a s o b r a s d o n o v o e d i f í c i o d o ! 4 o s p i t a ! d o P r o n t o - S o c o r r o
( M I N A S G E R A I S , 1959). F o r a m i n s t a l a d o s m o d e r n o s e c o n f o r t á v e i s x a d r e z e s , c o m c a p a c i d a d e
para 250 detentos, em trânsito para outros presídios, no prédio construído para o D e p a r t a m e n t o de
I n v e s t i g a ç ã o e s u a s d e l e g a c i a s e s p e c i a l i z a d a s ( M I N A S G E R A Í S , 1959). C o n s t r u i u - s e o p r é d i o
p r ó p r i o d o D e p a r t a m e n t o M é d i c o d a P o l í c i a C i v i l e fbi c r i a d a u m a s e ç ã o m é d i c a e m J u i z d e F o r a
( M I N A S G E R A I S , 1960).
E m 1959, fbi i n s t a l a d a u m a c l í n i c a d e r e c u p e r a ç ã o d e q u e i m a d u r a s a p a r e l h a d a p a r a r e a l i z a r a t é
m e s m o t r a b a l h o s de c i r u r g i a plástica. Em 1960, o D e p a r t a m e n t o de P r o n t o - S o c o r r o e de M e d i c i n a
L e g a l fiii r e a p a r e l h a d o e f e z - s e a r e g t d a r i z a ç ã o d o p e s s o a l d o H o s p i t a l . N o D e p a r t a m e n t o M é d i c o
d a P o l í c i a C i v i l fbi i n s t a l a d o o L a b o r a t ó r i o d e P e s q u i s a C l í n i c a s . E m 1 9 6 3 , f()i p o s s í v e l i n i c i a r a s
obras de contribuição do novo Hospital do Pronto-Socorro, d e n o m i n a d o J o ã o XXIII, graças a c o n -
v ê n i o ñ r m a d o c o m o M i n i s t é r i o d a S a ú d e ( M I N A S G E R A I S , 1959; 1960; 1963).
o t r á n s i t o c o n ñ r m o u s u a r e l e v â n c i a e n t r e o s s e r v i ç o s e o b r i g a ç õ e s d a P o l í c i a C i v i l . Foi o s e t o r q u e
mais r e c e b e u investimentos e se e s t r u t u r o u . O interesse em relação ao trânsito é p e r c e b i d o d e s d e
1955, q u a n d o o D e c r e t o n. 4 532, de 30 de m a r ç o , a p r o v o u o r e g u l a m e n t o da S u p e r i n t e n d ê n c i a do
Serviço Estadual do Trânsito.
tu
S N e s s e setor cresceu o esforço para u m a atuação mais abrangente e mais enciente. O órgão voltou-
o se t a m b é m para o interior, b u s c a n d o m e l h o r e s c o n d i ç õ e s de atuação. A seção dc e n g e n h a r i a passou
§. a prestar assistência técnica no interior para o l e v a n t a m e n t o e a instalação de aparelhos de sina-
lização urbana. O d e p a r t a m e n t o realizou c a m p a n h a s (por m e i o de p r o p a g a n d a ) c o m o objetivo de
r e d u z i r o s í n d i c e s d e a c i d e n t e s . Foi i n s t a l a d o n o d e p a r t a m e n t o u m g a b i n e t e d e p s i c o t é c n i c a , c o m
serviços psicotécnicos, sociais e administrativos. No g a b i n e t e e r a m e x a m i n a d o s , s i s t e m a t i c a m e n t e ,
todos os motoristas envolvidos em acidentes ou apanhados embriagados, candidatos à obtenção de
carteira, e m o t o r i s t a s p r o ñ s s i o n a i s faziam e x a m e s e testes de s e l e ç ã o e o r i e n t a ç ã o p r o ñ s s i o n a l .
C o u b e a o D O P S d e n u n c i a r , e m 1960, a o r g a n i z a ç ã o d e m o v i m e n t o s g r e v i s t a s p r e s t e s a d e f l a g r a r e d e
e x e r c e r v i g i l â n c i a a n t e s e d e p o i s d a e c l o s ã o d e tais m o v i m e n t o s . A D e l e g a c i a d e V i g i l â n c i a E s p e c i a l
exerceu nscalização em todos os pontos de e m b a r q u e e d e s e m b a r q u e na Capital, com a ñnalidade de
a c o m p a n h a r a chegada e a saída de e l e m e n t o s h g a d o s ao e x t i n t o P a r t i d o C o m u n i s t a . N e s s a época, o
D O P S expandiu seu setor de r a d i o c o m u n i c a ç ã o instalando u m a estação central em sua sede e três
o u t r a s e m G o v e r n a d o r V a l a d a r e s , U b e r l â n d i a e M o n t e s (Claros ( M I N A S G E R A I S , 1960).
Lfma n o v a l e g i s l a ç ã o fbi c r i a d a , c o m p l e m e n t a r à L e i O r g â n i c a , q u e v i s a v a m o d e r n i z a r a c a r r e i r a
p o l i c i a l . E s s e fbi o c a s o d a L e i n . 5 7 8 4 , d e 1 ° d e o u t u b r o d e 1 9 7 1 , q u e d e t e r m i n o u n o v a c o m p o s i ç ã o
p a r a a série de classes de detetives; e da Lei n. 8 181, de 30 de abril de 1982, q u e a u m e n t o u os c a r -
g o s d a P o l í c i a C i v i l . E s s a l e g i s l a ç ã o c o m p l e m e n t a r fez a r r a n j o s n e c e s s á r i o s , p e q u e n a s a d e q u a ç õ e s
p a r a a t e n d e r ao p r o c e s s o de d e s e n v o l v i m e n t o da instituição. C o m p l e t a v a a L e i n. 5 406, de 1969,
q u e instituiu a Lei O r g â n i c a da Polícia Civil.
A G u a r d a C i v i l c o n h e c e u o m e s m o p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l i n i c i a d o e m 1956.
D e s d e 1956, a i n s t i t u i ç ã o r e c e b e u u m g r a n d e i n c e n t i v o e m r e l a ç ã o a o s s e u s r e c u r s o s h u m a n o s e
ñsicos, c o m o o c o n c u r s o p a r a s u p r i r a d e ñ c i é n c i a n u m é r i c a de pessoal titulado. Em 1958, a G u a r d a
Civil era fbrmada p o r c i n c o de divisões para o p a t r u l h a m e n t o dos bairros e vilas da Capital. N e s s e
a n o , fbi feita a a m p l i a ç ã o d a r a d i o p a t r u l h a , c o m a a q u i s i ç ã o d e 2 5 c a r r o s n o v o s , 2 p a r a J u i z d e F o r a ,
1 p a r a U b e r a b a e 1 p a r a U b e r l â n d i a ( M I N A S G E R A I S , 1959).
A G u a r d a C i v i l íbi a g r a c i a d a c o m u m v o l u m e c a d a v e z m a i o r d e i n v e s t i m e n t o s n a s d é c a d a s d e 1940
e , p r i n c i p a l m e n t e , 1950. E s s a t e n d ê n c i a s e c o n ñ r m o u n o i n í c i o d a d é c a d a d e 1960. A G u a r d a C i v i l
^ c o n q u i s t o u r e s p e i t o c o m s e u c r e s c i m e n t o n a s d é c a d a s d e 1950 e 1960. E m 1 9 6 2 , p o r e x e m p l o , a
ã G u a r d a C i v i l a u m e n t o u s e u q u a d r o e m 500 n o v o s g u a r d a s e p a s s o u a c o n t a r c o m a c o b e r t u r a d e
o 100 d u p l a s d a P o l í c i a M i l i t a r Foi a d q u i r i d o n o v o f a r d a m e n t o e m a i s seis n o v o s c a r r o s p a r a a
'g, r a d i o p a t r u l h a . O p o l i c i a m e n t o íbi m o d i ñ c a d o c o m a a d o ç ã o d o s i s t e m a d e d u p l a s m ó v e i s , saiu d o
Ê sistema estático para o p a t r u l h a m e n t o móvel c o m maior c o b e r t u r a de área e criou divisões loca-
z l i z a d a s n o c o n j u n t o l A P ! e e m C a r l o s P r a t e s . O o b j e t i v o e r a g a r a n t i r a p r e s e n ç a d e g u a r d a s civis
¿¿ n o s d i v e r s o s p o n t o s d e B e l o H o r i z o n t e ( M I N A S G E R A I S , 1962).
^ A G u a r d a C i v i l c o n q u i s t o u r e s p e i t o c o m s e u c r e s c i m e n t o n a s d é c a d a s d e 1950 e 1960, a t é p e l o
¿ m e n o s 1964, q u a n d o o p r o c e s s o d e v a l o r i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l s o f r e u u m a i n n e x ã o . O s i n v e s t i m e n -
tos na G u a r d a Civil d e c a í r a m s u b s t a n c i a l m e n t e d e p o i s de 1964. A i n s t i t u i ç ã o h a v i a r e c e b i d o
g r a n d e a p o i o a t é o i n í c i o d a d é c a d a d e 1960 e , c o m isso, a d q u i r i d o g r a n d e fbrça i n s t i t u c i o n a l e
r e c o n h e c i m e n t o sócia!, e n t r e t a n t o e s t a v a fbra d a o r i e n t a ç ã o g e r a l d a p o l í t i c a d e s e g u r a n ç a p ú b l i c a
do Regime Militar A centralização do p o d e r era incompatível c o m a existência de u m a terceira
fbrça p o l i c i a l , a l é m d a P o l í c i a C i v i l e d a P o l í c i a M i l i t a r . N e s s a é p o c a , o c o r r e u a r u p t u r a c o m o
modelo de polícia a u t o - s u ñ c i e n t e q u e tratava de todas as etapas de c o m b a t e do crime.
Foi c o n s t i t u í d o u m n o v o m a p a i n s t i t u c i o n a l c o m o ñ m d a G u a r d a C i v i l . A p e n a s d u a s forças p o l i -
ciais p a s s a r a m a a t u a r — a P o l í c i a C i v i l e a P o l í c i a M i l i t a r O ñm da G u a r d a C i v i l e r a p a r t e do
processo de reestruturação da política de segurança pública proposta pelos governos militares.
J u n t a m e n t e c o m e s s e fato, e r a f i i n d a m e n t a l e s t a b e l e c e r , c o m c l a r e z a , a c a r r e i r a e a s f u n ç õ e s d o p o l i -
cial civil, o q u e fbi f e i t o p o r i n t e r m é d i o d a L e i O r g â n i c a . P a r a c o m p l e t a r e s s e p r o c e s s o d e c o n s t i -
tuição e instituição da carreira policial, era preciso garantir a boa fbrmação proñssional desse poli-
cia!. N e s s e s e n t i d o , a E s c o l a d e P o l í c i a Rafael M a g a l h ã e s fbi c o m p l e t a m e n t e r e e s t r u t u r a d a . E r a
fundamental criar um padrão m í n i m o de fbrmação, e para tanto era necessário refbrmular a Escola
de Polícia, q u e seria responsável p e l o p r e p a r o p r o ñ s s i o n a l dos policiais.
A r e e s t r u t u r a ç ã o d a E s c o l a d e P o l í c i a c o m e ç o u a s e r feita e m 1 9 6 6 , c o m o D e c r e t o n . 9 7 6 1 , d e 1 2
de maio, q u e m o d i ñ c o u a d e n o m i n a ç ã o dessa escola para A c a d e m i a de Polícia de M i n a s G e r a i s
( A C A D E P O L ) e e s t a b e l e c e u s e u n o v o r e g u l a m e n t o . A ñ n a l i d a d e d a A C A D E P O L e r a "[...] m i n i s -
trar cursos de fbrmação ou aperfeiçoamento do pessoal da Polícia Civil e realizar pesquisas rela-
c l o n a d a s c o m o a p e r f e i ç o a m e n t o d o s s e r v i ç o s p o H c i a s " ( D e c r e t o n . 9 7 6 1 , d e 1 2 d e m a i o d e 1966).
P o s t e r i o r m e n t e , a Lei O r g â n i c a m o d i ñ c o u essa ñ n a l i d a d e , ao d e ñ n i r m e t a s e s p e c í ñ c a s em relação
à fbrmação e à carreira do policial, b e m c o m o valorizou o ó r g ã o na h i e r a r q u i a administrativa da
Polícia Civil. Assim, a A C A D E P O L
C o m o objetivo d e a p e r f e i ç o a r o s r e c u r s o s h u m a n o s , f b r a m i n t r o d u z i d a s m a t é r i a s d e n a t u r e z a a d m i -
nistrativa n o s c u r r í c u l o s d a A C A D E P O L . E m 1979, a n u n c i a r a m - s e a s p r i n c i p a i s m e d i d a s d e s s e p r o -
g r a m a : s e l e ç ã o d e p e s s o a l p a r a c a r r e i r a , f b r m a ç ã o e a p e r f e i ç o a m e n t o d e p o l i c i a i s civis, i n t e n s i n c a ç ã o
d o s c u r s o s d e c o r r e s p o n d ê n c i a , t r e i n a m e n t o a d m i n i s t r a t i v o p a r a s e r v i d o r e s d e d i c a d o s à s tarefas b u r o -
cráticas e e x a m e s d e a p t i d ã o p r o ñ s s i o n a l p a r a c a n d i d a t o s a f u n ç õ e s d e s e g u r a n ç a e m e m p r e s a s p a r t i -
c u l a r e s . N e s s e a n o , a n u n c i o u - s e a f b r m a ç ã o d e 4 5 1 policiais. E m 1980, fbi e s t a b e l e c i d a c o m o r e g r a a
f b r m a ç ã o inicial e p e r m a n e n t e do p o l i c i a l e f e z - s e a t r a n s f e r ê n c i a da A C A D E P O L p a r a as a n t i g a s a c o -
m o d a ç õ e s d a E s c o l a d e E d u c a ç ã o Física, n a G a m e l e i r a ( M I N A S G E R A I S , 1972; 1974; 1979).
Pnmeira muiher Guarda Civil. 1967. Acervo Poiicia Civil.
A r e e s t r u t u r a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l fbi a c o m p a n h a d a , n o s p r i m e i r o s a n o s d a d é c a d a d e 1970, p e l a v a -
l o r i z a ç ã o d e p o l i c i a l , m e d i a n t e p o l í t i c a s a s s i s t e n c i a l i s t a s . A s s i m , e m 1972, o C o l é g i o E s t a d u a l O r d e m
e P r o g r e s s o , q u e p e r t e n c i a à G u a r d a C i v i l , fbi a g r e g a d a à P o l í c i a C i v i l e p a s s o u a f u n c i o n a r c o m o
G i n á s i o E s t a d u a l T é c n i c o d e P o l í c i a . A m b o s a t e n d i a m o s ñ l h o s d o s p o l i c i a i s civis. E m 1 9 7 6 , n o v a s
iniciativas assistencialistas fbram p r o v i d e n c i a d a s , c o m o a c o n s t r u ç ã o do p r i m e i r o n ú c l e o residencial
d a Polícia Civil, e m p a r c e r i a c o m a C o m p a n h i a d e H a b i l i t a ç ã o ( C O H B ) . A s associações d e classe d e
detetives, escrivães e peritos elaboraram u m a relação de seus associados para p r o m o v e r a seleção dos
p r i m e i r o s b e n e ñ c i a d o s . A l é m d i s s o , t a m b é m e m 1976, a n u n c i o u - s e u m c o n v ê n i o p a r a a s s i s t ê n c i a
m é d i c a d e p o l i c i a i s e s e u s d e p e n d e n t e s e m J u i z d e F o r a . N e s s a é p o c a , fbi-se a p r o f u n d a n d o o p r o c e s -
so de investimentos em in&a-estrutura, a p a r e l h a m e n t o e m o d e r n i z a ç ã o da instituição. A especifici-
d a d e d e s s e p e r í o d o fbi o a p a r e l h a m e n t o em r e l a ç ã o à i n f b r m a ç ã o e à c o m u n i c a ç ã o ( M I N A S
G E R A I S , 1976).
A m o d e r n i z a ç ã o e a i n f b r m a t i z a ç ã o de Polícia C i v i ! r e c e b e r a m n o v o a l e n t o na d é c a d a de 1980, c o m
o a d v e n t o d o c o m p u t a d o r . E s s e fbi o c a s o d a i m p l a n t a ç ã o d o p r o j e t o e m fase final d e S i s t e m a d e
Informações Policiais. Por m e i o dos r e c u r s o s e t e c n o l o g i a da C o m p a n h i a de T e c n o l o g i a da
Infbrmação do Estado de M i n a s Gerais ( P R O D E M G E ) , instalou-se u m a nova sistemática centra-
d a n o s u p o r t e d e c o m p u t a ç ã o e m i c r o ñ l m a g e m . E n c o n t r a v a - s e e m p l e n a fase d e f u n c i o n a m e n t o ,
5 e m 1980, u m a U n i d a d e d e D i g i t a ç ã o e C o n s i s t ê n c i a d e I n f b r m a ç õ e s P o l i c i a i s , c o m a u t i l i z a ç ã o d e
M um m i n i c o m p u t a d o r C O B R A - 4 0 0 , u m a impressora matricial, u m a u n i d a d e de ñta magnética e ter-
m i n a l d e v í d e o . Foi c o n c l u í d a a f b r m a ç ã o d e u m b a n c o d e d a d o s c o m o a r q u i v o civil e o c r i m i n a l ,
arquivados n o c o m p u t a d o r central d a P R O D E M G E , u m I B M 5350, q u e p e r m i t e a a d o ç ã o d e u m
sistema de consultas por meio de terminais remotos. Além das infbrmações tradicionais do crimi-
noso, o policial passa a contar c o m d a d o s i m p o r t a n t e s , q u e lhe p e r m i t e m d e d u z i r infbrmações c o m
base no o^í-?W7?í//, n o l o c a l o u n a n a t u r e z a d o c r i m e , a l é m d e o u t r o s d e t a l h e s m a i s e s p e c í ñ c o s .
O t r a t a m e n t o da i n f b r m a ç ã o g a n h o u r e l e v â n c i a na d é c a d a de 1980, c o m a c r i a ç ã o do S i s t e m a
Operacional de Segurança, q u e dotava a Polícia Civil de i n s t r u m e n t o s mais eñcazes para o c u m p r i -
m e n t o d e s e u s o b j e t i v o s , d e n t r e o s q u a i s a m o d e r n i z a ç ã o d e s e u s i s t e m a d e i n f b r m a t i z a ç ã o . I s s o fbi
feito pelo sistema de t e l e c o m u n i c a ç õ e s da S E S P ( S I S T E L - S E S P ) , c o m a instalação de t e r m i n a i s
de teleprocessamento na sede do Instituto de Identincação e na Central de Operações de
T e l e c o m u n i c a ç õ e s d a P o l í c i a C i v i l ( C E P O L C ) . C o m isso, o s p o l i c i a i s e m r o n d a s a b i a m r a p i d a -
m e n t e s e o s s u s p e i t o s p o s s u í a m a n t e c e d e n t e s c r i m i n a i s . N a C E P O L C , fbi c e n t r a l i z a d o u m ñ u x o d e
m e n s a g e n s administrativas de "salvaguarda da vida h u m a n a e o p e r a c i o n a i s " p a r a facilitar e agilizar
o policial em ação. A C E P O L C possuía um acervo de d a d o s e infbrmes dos arquivos de registros
civis, c r i m i n a i s e ñ i r t o s d e v e í c u l o s , a l é m d o s i s t e m a d e g r a v a ç ã o c o n s t a n t e d o t r a n c o d e m e n s a g e n s
via rádio, c o m registro de m o v i m e n t a ç ã o de viaturas. Essas i n f o r m a ç õ e s possibilitaram o levanta-
m e n t o d e d a d o s e s t a t í s t i c o s d e i n c i d ê n c i a c r i m i n a l p o r á r e a , e m p r e g o d e f r o t a e^í^^/í^^yr^^ d e s e r v i ç o s
p r e s t a d o s ( M I N A S G E R A Í S , 1981). A fase final d e s s e s i s t e m a fbi d e s e n v o l v i d a e m 1 9 8 2 , c o m a
i m p l a n t a ç ã o do projeto de infbrmações policiais, a digitalização dos d a d o s relativos ao cadastro
civil e c r i m i n a l e a a m p l i a ç ã o d o s i s t e m a S S B / H 1 \ m e d i a n t e a i n s t a l a ç ã o d e s e t e e s t a ç õ e s e m d e -
legacias d o i n t e r i o r ( M I N A S G E R A I S , 1982).
^ A m o d e r n i z a ç ã o d o s s e r v i ç o s d e t r â n s i t o fbi m a i s e x p r e s s i v a e m r e l a ç ã o à a t u a ç ã o d e s s e d e p a r t a -
S m e n t o c o m o objetivo de a c o m p a n h a r as d e m a n d a s de um setor em intenso processo de c r e s c i m e n -
^ t o , c o n s e q ü ê n c i a d e m o d e r n i z a ç ã o b r a s i l e i r a . M o u r ã o ( 1 9 6 2 , p . 37) a p o n t o u a s c a r ê n c i a s d e s s e s e t o r .
§ O a u t o r sugeriu, para m e l h o r a r o trânsito da cidade, o c o n t r o l e do u s o i n d i s c r i m i n a d o de buzinas,
g a m ã o ú n i c a em r u a s do c e n t r o da c i d a d e , a c r i a ç ã o de faixas ú n i c a s p a r a c a d a t i p o de v e í c u l o e a
3 sincronização dos semáforos.
D e s t a c a m - s e , n e s s e p e r í o d o , as s e g u i n t e s r e a l i z a ç õ e s : o / yo^Ti? Tl^^;^j-/A?; a s i n c r o n i z a ç ã o d o s
¿ sinais da Avenida Afbnso P e n a ( o n d a verde); a r e a b e r t u r a da R u a C o n q u i s t a ao tráfego; a e x t i n ç ã o
dos pontos terminais de coletivos no centro, transfbrmados em pontos de e m b a r q u e e d e s e m b a r -
que; o d i s c i p l i n a m e n t o dos locais e h o r á r i o s p a r a carga e descarga no c e n t r o da c i d a d e ; a p r o i b i ç ã o
de e s t a c i o n a m e n t o no c e n t r o de Belo H o r i z o n t e , c o m a criação do Q u a d r i l á t e r o A m a r e l o ; a
p r o i b i ç ã o d e e n t r a d a d e c a r r e t a s n u m p o l í g o n o d o c e n t r o d a c i d a d e ; a c o l o c a ç ã o d e 191 p l a c a s
indicativas em Belo Horizonte; e a organização de um sistema de infbrmações sobre acidentes de
t r â n s i t o c o m v í t i m a ( M I N A S G E R A I S , 1976).
A m o d e r n i z a ç ã o e a i n f o r m a t i z a ç ã o d a P o l í c i a C i v i l fbi u m m a r c o n o p e r í o d o d o r e g i m e m i l i t a r .
F o r a m substanciosos o s i n v e s t i m e n t o s nesse setor, a c o m p a n h a d o s d e u m a política d e m e l h o r i a s d e
infra-estrutura e de interiorização dos serviços, c o m a intenção de descentralizar as atividades da
Polícia Civil. O p r o c e s s o de i n t e r i o r i z a ç ã o i n t e n s i ñ c o u - s e a p a r t i r de 1972, q u a n d o fbram criadas
16 divisões regionais de Polícia no território mineiro, m e d i d a c o m p l e m e n t a d a c o m a instalação das
A m o d e r n i z a ç ã o d o s r e c u r s o s físicos e m a t e r i a i s t i n h a u m e n d e r e ç o p r e f e r i d o - o i n t e r i o r d e M i n a s
Gerais. O objetivo de descentralizar os serviços da Polícia Civil e r a claro. Em 1980, teve início a
refbrma e / o u a ampliação dos prédios das delegacias de Patrocínio, Boa E s p e r a n ç a , M u t u m ,
Brasíba de Minas, Dores do Indaiá e Rio Espera. Na Capital, fbram realizadas obras de adaptação
nos prédios ocupados pela seccional centro, A C A D E P O L , instituto de identificação, d e p a r t a m e n -
to de t r a n s p o r t e s , casa de d e t e n ç ã o , divisão m é d i c a do d e p a r t a m e n t o de s a ú d e e delegacia e s p e c i a -
lizada de acidentes de veículos. F o r a m adquiridas viaturas, consultório o d o n t o l ó g i c o e um a p a r e -
l h o c o n t a d o r d e c é l u l a s ( M I N A S G E R A I S , 1980). E m 1982, a n u n c i o u - s e a c o n s t r u ç ã o , a r e f b r m a
e / o u a ampliação de prédios para u n i d a d e s policiais da Capital e do interior, a l é m do r e e q u i p a -
m e n t o material dessas u n i d a d e s .
O i n t e r i o r fbi p r i v i l e g i a d o c o m a e x p a n s ã o d a P o l í c i a C i v i l d u r a n t e o r e g i m e m i l i t a r , s e m q u e isso
s i g n i ñ c a s s e o e s q u e c i m e n t o d o s s e r v i ç o s n a C a p i t a l . A s s i m , a n u n c i o u - s e , e m 1976, a r e f b r m a d o
prédio da sede da Secretaria, a dinamização dos postos de identincação dos bairros da Capital e dos
postos volantes, b e m c o m o a p l a n i n c a ç ã o das u n i d a d e s policiais c o m critérios novos para o r e d i -
m e n s i o n a m e n t o delas. E l a b o r o u - s e u m e s t u d o para cada m u n i c í p i o ter u m tipo a d e q u a d o d e d e -
legacia. A D e l e g a c i a Regional de J u i z de Fora e a D e l e g a c i a de Polícia da C i d a d e I n d u s t r i a l de
C o n t a g e m e s t a v a m , e m 1 9 7 6 , n a fase d e i m p l a n t a ç ã o d o c a n t e i r o d e o b r a s . P r o c e d e u - s e à r e c u p e -
ração do prédio, localizado na esquina da Rua Carangola c o m a Avenida do C o n t o r n o , para a nova
i n s t a l a ç ã o d o p r i m e i r o d i s t r i t o . A f á b r i c a d e p l a c a s M ó n t e s e fbi a m p l i a d a . A l é m d e s s a s o b r a s , f b r a m
feitos e s t u d o s p a r a a e l a b o r a ç ã o d o a n t e p r o j e t o d e r e c u p e r a ç ã o d o D e p a r t a m e n t o M é d i c o , d a C a s a
de Detenção António Dutra Ladeira, da Delegacia Especializada de Orientação a M e n o r e s e do
D e p a r t a m e n t o d e T r a n s p o r t e s . E m 1976, e s t a v a m e m a n d a m e n t o 1 7 o b r a s d e p r é d i o s p a r a u n i d a d e s
Detegacia de Leopotdina. Acej'vo PoÜcia CívH.
Detegacia de Manhuaçu. A c e r o
p o ü c i a i s n o i n t e r i o r d o E s t a d o , q n a n d o fbi a n u n c i a d a a d e s a p r o p r i a ç ã o d o i m ó v e i p a r a a i n s t a l a ç ã o
da Delegacia Especializada de Acidentes de Veículos e da Delegacia Especializada de Repressão ao
F u r t o d e V e í c u l o s ( M i N A S G E R A I S , 1976).
O s e r v i ç o e o a c a u t e l a m e n t o r e c e b e r a m e s p e c i a l a t e n ç ã o . E m 1 9 7 6 , o a n t i g o D e p ó s i t o d e P r e s o s fbi
transfbrmado em C e n t r o de T r i a g e m , u m a m e d i d a i m e d i a t a e paliativa, c o m a transferência dos
condenados para as penitenciárias. Assim, iniciou-se um processo de refbrma da organização p e -
n i t e n c i á r i a , q u e visava à e x p a n s ã o d a r e d e ñ s i c a d a s u n i d a d e s d a S e c r e t a r i a d o I n t e r i o r e d a
Secretaria da Justiça.
A i d é i a d e u m s i s t e m a d e s e g u r a n ç a c o m e ç o u a s e r d e h n e a d a n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1970. N e s s a é p o c a ,
entendia-se q u e "a segurança funcionava c o m o poderosa antena estendida em áreas inquietas, c o m o
objetivo d e c a p t a r - l h e s a s i g n i n c a ç ã o e r e t i ñ c a r - l h e s o s r u m o s p e r i g o s o s " ( M I N A S G E R A Í S , 1977).
D e a c o r d o c o m essa o r i e n t a ç ã o , a S E S P p r o c u r o u o r g a n i z a r - s e p a r a a t e n d e r à c r e s c e n t e d e m a n d a
i n d i v i d u a l e social d o s s e r v i ç o s , m e d i a n t e o p l e n o e x e r c í c i o d e s u a a t u a ç ã o p r e v e n t i v a , d e d e f e s a a n t e -
c i p a d a , de s u a f u n ç ã o r e p r e s s i v a e o e x e r c í c i o da P o l í c i a j u d i c i á r i a . M o d e r n i z o u s u a e s t r u t u r a e
descentralizou suas atividades. Destacou-se, em 1977, as atividades dos seguintes órgãos: a
Superintendência da Polícia Metropolitana de Belo Horizonte; a Divisão de Tóxicos e
Entorpecentes, c o m sua ação d e c o m b a t e a o uso d o t r a n c o d e substâncias e n t o r p e c e n t e s e m todo
o Estado, ao m e s m o t e m p o em q u e se cuidava da assistência ao viciado; das delegacias especia-
lizadas e distritais que, m e d i a n t e a redefinição de c o m p e t ê n c i a s , estavam em c o n d i ç õ e s de p r e s t a r
seus serviços c o m rapidez e enciência; a Delegacia Especializada de O r i e n t a ç ã o a M e n o r e s , q u e
a d o t o u novos m é t o d o s de trabalho, de t r a t a m e n t o especial ao menor, de a c o r d o c o m os objetivos
da política nacional exercida no Estado pela Fundação Nacional do Bem-Estar do M e n o r
( F E B E M ) — a o r i e n t a ç ã o era c u i d a r da assistência m o r a l , social, religiosa e material dos m e n o r e s ;
e por ñ m , a Delegacia Especializada de Acidentes de Veículo, q u e teve seus recursos h u m a n o s e
m a t e r i a i s m e l h o r a d o s ( M I N A S G E R A I S , 1977).
A P o l í c i a C i v i l , n o ñ n a l d a d é c a d a d e 1970, e r a u m a i n s t i t u i ç ã o c o m r e s p o n s a b i l i d a d e s e a t r i b u i ç õ e s
diversas no setor de segurança. A avaliação dessa instituição e de suas atividades apontava para a
n e c e s s i d a d e de u m a refbrma em t o d o o sistema de segurança. A Polícia Civil era, nessa lógica, víti-
m a d e u m s i s t e m a d e s e q u i l i b r a d o . E m 1979, essas s e q ü e l a s f b r a m a p o n t a d a s , c o m o a i n s u ñ c i é n c i a
de recursos h u m a n o s e materiais da Polícia judiciária d i a n t e do a l a r m a n t e c r e s c i m e n t o da crimi-
n a l i d a d e . O s p r o b l e m a s m a i s a l a r m a n t e s e r a m : falta d e p e s s o a l , p o l i c i a i s c o m faixa e t á r i a n ã o c o n -
dizente c o m as necessidades de u m a polícia dinâmica e atuante, além de 25% dos agentes polici-
ais e m d e s v i o d e ninção ( M I N A S G E R A I S , 1979).
O p r o c e s s o d e t r a n s i ç ã o d o G o v e r n o M i l i t a r p a r a a d e m o c r a c i a m a r c o u a n o v a fase d a h i s t ó r i a d a
Polícia Civil. N a s p r i m e i r a s eleições para governador, M i n a s G e r a i s e l e g e u T r a n c r e d o N e v e s , u m
g o v e r n a d o r d a o p o s i ç ã o c o m o S ã o P a u l o , R i o d e J a n e i r o e P a r a n á ( F A U S T O , 2000). O P a í s s e
p r e p a r a v a p a r a a d e m o c r a c i a , c o m o n o m o v i m e n t o " D i r e t a s já", e m 1982. A P o l í c i a C i v i l d e M i n a s
G e r a i s participou desse processo e passou p o r transformações institucionais para se a d e q u a r à
d e m o c r a c i a q u e n a s c i a , p r i n c i p a l m e n t e d e p o i s d a C o n s t i t u i ç ã o d e 1988. P a s s o u p o r u m p r o c e s s o d e
r e a v a l i a ç ã o d e s u a f u n ç ã o e r e l a ç ã o c o m a s o c i e d a d e . B u s c o u , a p a r t i r d e 1985, a t u a r p r ó x i m a à
s o c i e d a d e civil, a o s e m p r e s á r i o s e c o m a n d a n t e s , p o r m e i o d e p a r c e r i a s .
A g u a r d a d o s p r e s o s fbi a l v o d e t r a n s f b r m a ç õ e s i n t i m a m e n t e l i g a d a s à f u n ç ã o i n s t i t u c i o n a l d a
Polícia Civil. Efetivou-se urna política clara para retirar da r e s p o n s a b i l i d a d e da Polícia Civil a
g u a r d a d o s p r e s o s . Foi u m p r o c e s s o l o n g o q u e s e i n i c i o u c o m o m e l h o r a p a r e l h a m e n t o d o s e s t a -
b e l e c i m e n t o s p r i s i o n a i s . E s s e s e t o r fbi c o n s i d e r a d o o m a i s frágil d e t o d o o s i s t e m a d e s e g u r a n ç a .
E m 1 9 8 5 , a s m e t a s e r a m a e x p a n s ã o d a r e d e física c o m a c r i a ç ã o d e p e n i t e n c i á r i a s m a i s s e g u r a s ,
minipenitenciárias e refbrmas nas já existentes, a revisão do projeto do m a n i c ô m i o judiciário J o r g e
Vaz e a t r a n s f e r ê n c i a de p r e s o s p a r a o s i s t e m a p e n i t e n c i á r i o .
E m 1998, p o r e x e m p l o , d e t e n t o s e r a m e m p r e g a d o s n a o ñ c i n a d e m ó v e i s p a r a a t e n d e r à s d e m a n d a s d e
o u t r o s ó r g ã o s p ú b l i c o s . E m 2 0 0 0 , fbi m a n t i d a a ñlosofia e m p r e g a d a n a C a s a d e D e t e n ç ã o D u t r a
Ladeira, em q u e os detentos auxiliavam na fabricação e na refbrma do mobiliário e e r a m efetivados em
o u t r o s s e r v i ç o s . T a i s a ç õ e s p e r m i t i r a m a o s i n t e r n o s a r e d u ç ã o d e s u a s p e n a s . O objetivo p r i m o r d i a l e r a
p r o m o v e r a ressocialização e a r e e d u c a ç ã o c o m base nos c o n h e c i m e n t o s proñssionais adquiridos.
E m 2 0 0 0 , fbi c r i a d a a S u p e r i n t e n d ê n c i a d e A s s i s t ê n c i a a o D e t e n t o , c o m a s e g u i n t e e s t r u t u r a :
Diretoria Jurídica, Diretoria Psicossocial e Diretoria M é d i c o - O d o n t o l ó g i c a , visando ao m e l h o r
t r a t a m e n t o ao recluso. Essa ñ l o s o ñ a o r i e n t o u a política p ú b l i c a de s e g u r a n ç a d e ñ n i d a para M i n a s
G e r a i s , e m 2 0 0 5 , q u a n d o fbi i m p l a n t a d o o m o d e l o r e f e r e n c i a l d e g e s t ã o p r i s i o n a l . O o b j e t i v o e r a
u m a gestão p r o ñ s s i o n a l fbcada e m resultados, c o m o a r e i n t e g r a ç ã o dos s e n t e n c i a d o s p o r m e i o d o
trabalho, da educação e da pronssionalização, além da redução de custos c o m os recursos gerados
pela produção dos detentos.
O a u m e n t o d a c a p a c i d a d e c a r c e r á r i a fbi a c o m p a n h a d o d o r e m a n e j a m e n t o d o s p r e s o s . N e s s e s e n t i -
do, criou-se u m a comissão fbrmada pela SESP, pela Secretaria de Estado da Justiça e Direitos
H u m a n o s e pela F u n d a ç ã o J o ã o P i n h e i r o , para efetivar a transferência dos presos sentenciados para
as p e n i t e n c i á r i a s .
Bias Fortes. {;overnador de Minas Gerais, na ACADEPOL, 1 9 8 3 . Acervo PoÜcia CivÜ.
A h i s t ó r i a d a P o Ü c i a C i v i ! c o n ñ r m o u essa t e n d ê n c i a d e ü m i t a r s u a a ç ã o a o s s e r v i ç o s d e i n v e s t i -
gação, de i d e n t i n c a ç ã o e de trânsito. O p r o g r a m a de d e s e n v o i v i m e n t o de pessoa!, em ! 9 8 3 , privi-
legiava a fbrmação de r e c u r s o s h u m a n o s q u e a t e n d e s s e a essa e s p e c i n c a ç ã o . O objetivo era e!evar
os níveis de q u a l i d a d e e eñcácia do pessoal da SESP. Os principais projetos desse p r o g r a m a d e s e n -
v o l v e r a m a f i i r m a ç ã o e o a p e r n ^ i ç o a m e n t o d e p o l i c i a i s civis; e x a m e s d e a p t i d ã o p r o ñ s s i o n a l ( E A P )
para candidatos inscritos por empresas particulares de segurança; curso de fbrmação desses can-
didatos (vigilantes); C u r s o d e C h e ñ a d e Policia; C u r s o d e C h e ñ a Administrativa; C u r s o de
Procedimentos Administrativos; seleção de candidatos ao C u r s o de Criminologia; C u r s o de
Criminologia; c o n c u r s o p ú b l i c o para as diversas carreiras policiais.
A p r e o c u p a ç ã o e r a g a r a n t i r u m a p o l í c i a b e m p r e p a r a d a t e c n i c a m e n t e . E m 1 9 8 5 , fbi r e a l i z a d o o
P r o g r a m a de D e s e n v o l v i m e n t o de Pessoal. A A C A D E P O L realizou diversos c o n c u r s o s públicos e
c u r s o s . E m 1 9 8 7 , a s p r i n c i p a i s p r o v i d ê n c i a s p a r a a p e r f e i ç o a r a c a r r e i r a d o s p o ü c i a i s civis f b r a m :
seleção competitiva i n t e r n a , processos seletivos para o p r e e n c h i m e n t o das vagas nas diversas car-
r e i r a s , e n s i n o a d i s t â n c i a e c u r s o s d e a p e r f e i ç o a m e n t o . N o ñ n a l d a d é c a d a d e 1990, o s c u r s o s e c o n -
cursos fbram r e c o r r e n t e s . A existência c o n s o l i d a d a dessa prática era um forte i n d í c i o da valoriza-
ção proñssional.
LU
^ A P o l í c i a C i v i l p r e p a r o u - s e p a r a s u a n o v a f u n ç ã o d e s d e a d é c a d a d e 1980. N o c o n t e x t o d e m o c r á t i -
o CO, s e u p a p e l e r a v a l o r i z a d o c o m o i n s t i t u i ç ã o r e s p o n s á v e l p e l a d e f e s a d a s o c i e d a d e . E s s a c o n c e p ç ã o
'5- fbi i n s t i t u í d a n a m e s m a p r o p o r ç ã o d a c o n s o l i d a ç ã o d e m o c r á t i c a n o P a í s , o u seja, o f b r t a l e c i m e n t o
^ d a d e m o c r a c i a n o Brasil e e m M i n a s G e r a i s e r a o c a r r o - c h e f e q u e g u i a r i a a t e n d ê n c i a d a P o l í c i a
^ Civil mineira em c o m p r o m e t e r - s e c o m os interesses da sociedade.
¿2
§ A Polícia Civil n u n c a d e i x o u de ser política. Em 1982, p o r e x e m p l o , realizou o p e r a ç õ e s especiais
M n a s e l e i ç õ e s p a r a g o v e r n a d o r e s e p r e f e i t o s , b e m c o m o , p o s t e r i o r m e n t e , n a s e l e i ç õ e s d e 1986, p a r a
g d e p u t a d o s constituintes. Essas fbram suas p r i m e i r a s experiências na área política. Em um r e g i m e
S d e m o c r á t i c o , abriu-se o c a m i n h o para constituição de u m a Polícia Civil sensível às d e m a n d a s da
g s o c i e d a d e . E s s e fbi o c a s o da p r i o r i d a d e d a d a à p r o t e ç ã o de p a t r i m ô n i o h i s t ó r i c o e a r t í s t i c o e às
§ estâncias h i d r o m i n e r a i s , em 1983.
*
s
o E x i s t e m o u t r o s e x e m p l o s , c o m o a p a r t i c i p a ç ã o n o p r o g r a m a " A ç ã o G l o b a l " , e m 1984, u m c o n v ê n i o
g c o m o S E S I M I N A S para a t e n d e r à p o p u l a ç ã o c a r e n t e de Belo H o r i z o n t e e o m o v i m e n t o " D i r e t a s
A v a l o r i z a ç ã o d e c a m p a n h a s e d u c a t i v a s e d e p r e v e n ç ã o s e c o n ñ r m o u n a d é c a d a 1990, q u a n d o o
D E T R A N desenvolveu c a m p a n h a s educativas e cursos de fbrmação de e d u c a ç ã o para o trânsito, de
d i r e ç ã o defensiva e p r i m e i r o s s o c o r r o s e m a c i d e n t e s , d e m o t o r i s t a - p a d r ã o , d e n t r e o u t r o s . A l é m disso,
buscou-se melhoria na qualidade dos serviços prestados pelo D E T R A N m e d i a n t e treinamentos dos
ñ m c i o n á r i o s atendentes, ampliação de suas instalações ñsicas e infbrmatização de vários serviços. O
D E T R A N fbi o s e t o r q u e m a i s i m p a c t o sofreu c o m o p r o c e s s o d e m o d e r n i z a ç ã o b r a s i l e i r a . S e u s
s e r v i ç o s se a v o l u m a r a m e a e s t r u t u r a m o n t a d a d e s d e as d é c a d a s de 1950 e 1960 p r e c i s a v a s e r a d e q u a -
d a a o m u n d o d i g i t a l i z a d o e i n t e r l i g a d o e m r e d e . Foi essa a i n o v a ç ã o m a i s m a r c a n t e d o p e r í o d o , q u a n -
do a integração de Estado p o r m e i o do Sistema N a c i o n a l de C o n d u t o r e s Habilitados possibilitou a
í*j m o d e r n a digitalização da carteira nacional de habilitação, além do seu a c o m p a n h a m e n t o em
^ t e m p o real, d e q u a l q u e r p o n t o d o País. N o v a s b a n c a s e x a m i n a d o r a s f b r a m e s t a l a d a s n a s d e l e g a c i a s
^ regionais da Segurança Pública, no interior, para desconcentrar, na Capital, os e x a m e s de habilitação,
o
A i n f r a - e s t r u t u r a e r a u m p o n t o c r í t i c o d a P o l í c i a C i v i l n a d é c a d a d e 1980 — o g a r g a l o q u e p r o v o -
^ cava u m a série de p r o b l e m a s em cascata. A palavra de o r d e m do p e r í o d o era a m o d e r n i z a ç ã o , o q u e
5 afetava a o r g a n i z a ç ã o da Polícia Civil no sistema de s e g u r a n ç a pública. Os p r i n c i p a i s d e s t a q u e s
¿i e r a m : a m a n u t e n ç ã o da o r d e m e da s e g u r a n ç a p ú b l i c a , o p l a n e j a m e n t o e a a d m i n i s t r a ç ã o de t r â n -
^ sito, a m o d e r n i z a ç ã o d o s r e c u r s o s ñ s i c o s e m a t e r i a i s , o d e s e n v o l v i m e n t o de p e s s o a l e a r a c i o n a l i z a -
g ção administrativa. O objetivo era d o t a r a S E S P de i n s t r u m e n t o s mais e n c i e n t e s p a r a a p r e v e n ç ã o
5 e o c o m b a t e ao c r i m e ( M I N A S G E R A I S , 1983).
§ Em 1985, i n i c i a r a m - s e as obras da D e l e g a c i a E s p e c i a l i z a d a de F u r t o s e R o u b o s , da D e l e g a c i a
§ Regional de Segurança Pública de C o n s e l h e i r o Lafaiete, da Delegacia de Polícia de C o r o n e l
g Fabriciano, da Seccional Metropolitana de Venda Nova, de Ampliação da A C A D E P O L e de
S m a n u t e n ç ã o de diversos órgãos da SESP.
E m 1994, a d q u i r i u - s e u m s i s t e m a d e t e l e f b n i a a d e q u a d o , c o m a i n s t a l a ç ã o d e 1 8 t e r m i n a i s à r e d e
de teleprocessamento da P R O D E M G , para beneñciar vários órgãos. Em 1998, m a i s u n i d a d e s
fbram informatizadas, todas interligadas ao Sistema de Infbrmações Policiais (SIP). Em geral, e n t r e
1991 e 1994, n a á r e a d e i n f o r m á t i c a , a s d e l e g a c i a s d a P o l í c i a C i v i l e s t a v a m i n t e d i g a d a s p o r t e r m i -
n a i s d e c o m p u t a d o r e m 8 0 m u n i c í p i o s . N a á r e a d e t r â n s i t o , essa r e d e d e M i n a s G e r a i s c o n e c t o u -
s e aos d e m a i s Estados d a F e d e r a ç ã o i n t e g r a n t e s d o sistema d e Registro N a c i o n a l d e Veículos
A u t o m o t o r e s ( R E N A V A M ) . E m r e l a ç ã o à i d e n t i n c a ç ã o civil, o S I P c o m e ç o u a s e r d e s e n v o l v i d o e m
1991, e seu objetivo era interligar todas as delegacias de Polícia c o m os arquivos das u n i d a d e s da
Polícia Civil do Estado. O SIP revia a i n c o r p o r a ç ã o d e ' t e c n o l o g i a s para a e l a b o r a ç ã o de retratos
f a l a d o s e a c o m p a r a ç ã o de i m p r e s s õ e s d i g i t a i s .
A t e c n o l o g i a fbi a b s o r v i d a p e l a a e s t r u t u r a d a P o l í c i a C i v i l , q u e i n f o r m a t i z o u s e u s s e r v i ç o s d e c o m -
bate ao c r i m e e de tránsito. Em um contexto de d e m o c r a c i a e eleições para a Assembléia
C o n s t i t u i n t e , esses serviços v o l t a r a m - s e , p r i o r i t a r i a m e n t e , para a defesa da s o c i e d a d e , na qual o
cidadão era o principal beneñciário. Nessa perspectiva, a Polícia Civil participou dos Postos de
S e r v i ç o I n t e g r a d o U r b a n o ( P S I U ) , instalados em 1986, no Barreiro, e em 1987, na Avenida A n t ô n i o
Carlos, ambos em Belo H o r i z o n t e . Por i n t e r m é d i o do PSIU, o público p o d e r i a tirar carteira de
i d e n t i d a d e e atestado de bons a n t e c e d e n t e s , e m i t i d o s pela Polícia Civil.
O m o m e n t o exigia a t e n ç ã o e s p e c i a l , e x a t a m e n t e q u a n d o a c r i s e ñ n a n c e i r a d a s c o n t a s d o G o v e r n o d o
E s t a d o i m p e d i a o i n v e s t i m e n t o n e c e s s á r i o p a r a s u p r i r a s n e c e s s i d a d e s d a P o l í c i a Civil. E m 1999, f e z -
s e o c o r t e d e 3 0 % n o o r ç a m e n t o d a P o l í c i a Civil. A c o n s e q ü ê n c i a d i s s o f()i s e n t i d a d e f()rma m a i s d i r e -
t a n o s gastos r e l a t i v o s à m a n u t e n ç ã o e m g e r a l d a frota, d o m a t e r i a l m é d i c o e d a p e r í c i a t é c n i c o - c i e n -
tíñca, do material de c o n s u m o , do conserto de e q u i p a m e n t o s , etc. A crise n ã o i m p e d i a a liberação de
recursos para a construção e a refbrma dos estabelecimentos penais, c o m o as obras no C E R E S P B H ,
n o C E R E S P B e t i m e n o C E R E S P J u i z d e Fora. T a m b é m f b r a m r e m a n e j a d o s r e c u r s o s p a r a a c o n -
clusão das cadeias públicas de A ç u c e n a , P i u m - í , C a n ó p o l i s , O u r o P r e t o U b e r a b a e Cataguases.
Foi c r i a d o o P r o g r a m a d e R a c i o n a l i z a ç ã o A d m i n i s t r a t i v a , e m 1 9 8 3 , p a r a o t i m i z a r o d e s e m p e n h o d a
SESP, c o m técnicas e p r o c e d i m e n t o s capazes de a t e n d e r c o m eficácia aos objetivos de m a n u t e n ç ã o
da o r d e m pública. A d e s c e n t r a l i z a ç ã o administrativa e a infbrmatização e r a m os alvos desse p r o -
grama, q u e realizou: curso de planejamento e administração c o m a colaboração da A C A D E P O L ;
implantação de sistemas de computação; implantação do e q u i p a m e n t o eletrônico; m i c r o ñ l m a g e m
de arquivo; manuais voltados para áreas de o r ç a m e n t o , contabilidade e auditoria; implantação de
s i s t e m a s d e c o n t r o l e e m a n u t e n ç ã o p r e v e n t i v a d a ñ-ota d e v e í c u l o s ; e t r e i n a m e n t o d o p e s s o a l
envolvido no processo.
E m 1987, a s p r i n c i p a i s m e d i d a s í b r a m : o a p r i m o r a m e n t o d o s i s t e m a d e c o m p u t a ç ã o , a c o n t i n u i d a d e
d o s s e r v i ç o s d e m i c r o ñ l m a g e m e c o n t r o l e e m a n u t e n ç ã o p r e v e n t i v a d a firota e o a p r i m o r a m e n t o d o s
serviços realizados pelo Instituto M é d i c o - L e g a l e pelo Instituto de Criminalística.
A s r e s p o s t a s à c r i s e c o m e ç a r a m d e f b r m a m a i s efetiva a p a r t i r d e 1998, q u a n d o o p a p e l d a P o l í c i a
n o E s t a d o D e m o c r á t i c o d e D i r e i t o fbi r e d i m e n s i o n a d o d e a c o r d o c o m u m a d o u t r i n a m a i s a b e r t a e
sintonizada com o compromisso de m a n t e r a paz pública mediante o uso apropriado do poder de
n)rça e d a a q u i s i ç ã o d e n o v a s t e c n o l o g i a s e d e m o d e r n o s e q u i p a m e n t o s . O p r o g r a m a d e m o d e r -
nização e r e e q u i p a m e n t o da Polícia Civil sintetizava os p r o c e d i m e n t o s e as diretrizes dessa nova
c u l t u r a . P a r a d i v u l g a r essa n o v a d o u t r i n a , f b r a m r e a l i z a d o s s e m i n á r i o s r e g i o n a i s d e S e g u r a n ç a
P ú b l i c a e m v á r i o s m u n i c í p i o s d o E s t a d o . O r e s u l t a d o i m e d i a t o fbi o a u m e n t o s i g n i ñ c a t i v o d e
parcerias c o m prefeituras para a refbrma de prédios (prisionais e delegacias), a m a n u t e n ç ã o de
automóveis e e q u i p a m e n t o s , b e m c o m o de moradias para os proñssionais de Polícia.
P a r t e d a d e n c i ê n c i a ñ n a n c e i r a fíii s u p r i d a p e l a L e i n . 1 2 0 5 2 , d e 2 1 d e d e z e m b r o d e 1 9 9 5 , q u e i n s t i -
tuía a taxa de segurança pública. Consistiu em um paliativo q u e não dispensou a necessidade do uso
d e v á r i a s o u t r a s m e d i d a s d e e c o n o m i a , c o m o a u t i l i z a ç ã o d a m ã o - d e - o b r a d o s c o n d e n a d o s . Isso a c o n -
t e c i a n a fabrica d e p l a c a s M ó n t e s e , u m a i m p o r t a n t e f b n t e d e r e n d a d a P o t í c i a C i v i l , e n a s o ñ c i n a s d e
c o n f e c ç ã o d e m o v e i s , s a p a t a r i a , c o l c h o a r i a , o l a r i a , e t c . Se, d e u m l a d o , e v i t a v a m - s e a s c o n h e c i d a s
mazelas decorrentes da inatividade dos presidiários, por outro, traziatu-lhes beneficios jurídicos c o m
a r e d u ç ã o da pena, além do a p r o v e i t a m e n t o do p r o d u t o nos próprios órgãos.
E s s e m o m e n t o p o s i t i v o foi p r o p í c i o p a r a u m a d i s c u s s ã o m a i s a m p l a s o b r e a S e c r e t a r i a d e E s t a d o
d e S e g u r a n ç a P ú b l i c a d e M i n a s G e r a i s . E m 1999, t e v e i n í c i o a p o l í t i c a d e r e e s t r u t u r a ç ã o g e r a l d o
setor, c o m o e s t a b e l e c i m e n t o de p r i o r i d a d e s p a r a a e l a b o r a ç ã o de u m a p r o p o s t a de r e f o r m u l a ç ã o
ampla. O e m b r i ã o dessa p r o p o s t a era a atualização da Lei O r g â n i c a da Polícia Civil do Estado. Esse
processo de reformulação partiu do pressuposto de que o desenvolvimento técnico-administrativo
da Polícia Civil d e p e n d i a do seu a p r i m o r a m e n t o organizacional, c o m o a p e r f e i ç o a m e n t o dos p r o -
c e d i m e n t o s d e a c o r d o c o m a s a t r i b u i ç õ e s i n e r e n t e s a c a d a setor.
A l i b e r a ç ã o d e c r é d i t o s u p l e m e n t a r e r a u m a a l t e r n a t i v a p a r a a c r i s e f i n a n c e i r a , c o m o fbi feito e m
2001 c o m o P l a n o N a c i o n a l de S e g u r a n ç a P ú b l i c a , q u e possibilitou d o t a ç õ e s o r ç a m e n t á r i a s para o
p r o g r a m a de qualificações dos policiais, c o m a difusão de c o n h e c i m e n t o e técnicas policiais na
instituição; para o material de c o n s u m o e o e q u i p a m e n t o de projeção; para o e q u i p a m e n t o do
instituto de Identificação de Análise de Impressões Digitais; para os programas M A P Í N E O e S P S S
para o l e v a n t a m e n t o estatístico e a consolidação de dados sobre áreas críticas de segurança do
Estado; para o serviço de consulta, p r o m o ç ã o e divulgação do policiamento comunitário; para c o m - g
putadores, impressoras, e q u i p a m e n t o s de r a d i o c o m u n i c a ç ã o e aquisição de a r m a m e n t o s . ^
A r e f o r m u l a ç ã o d a S E S P a p r e s e n t o u - s e c o m u m a n e c e s s i d a d e d e u r g e n t e n o i n í c i o d e 2000. E r a <
necessária u m a recstruttiração, no â m b i t o organizacional e administrativo, c o m o e s t a b e l e c i m e n t o de
prioridades para u m a refbrmulação ampla da instituição. A descentralização administrativa c o p e r a -
c i o n a l d o s s e r v i ç o s policiais e r a u m p o n t o d e t e r m i n a n t e p a r a a e f e t i v i d a d e d a r e f b r m a n e c e s s á r i a . A l é m
disso, f b r a m e x e c u t a d a s novas o b r a s , c o m o a c o n s t r u ç ã o , a r e f b r m a e a a m p l i a ç ã o de c a d e i a s e d e l e g a -
cias. Em 2002, 31 u n i d a d e s f b r a m r e e s t r u t u r a d a s e e s t a v a m em a n d a m e n t o a c o n s t r u ç ã o , a r e f b r m a e a
a m p h a ç ã o d e 16. Essas m e d i d a s a p o n t a v a m p a r a a u r g ê n c i a d a s i t u a ç ã o q u e p e d i a m e d i d a s radicais. A
r e e s t r u t u r a ç ã o d a S E S P seria i n s u ñ c i e n t e a p e n a s c o m r e f b r m a s físicas e a d m i n i s t r a t i v a .
Para uma boa anátise da bibliografia existente, cf. Zatuar ( 1 9 9 9 . p. 71 93): Lima (2000).
! R<RUOTECADÃ ¡
4 . 1 NECOCtANDO A ORDEM SOCtAL
E m 1 5 d e d e z e m b r o d e 1932, o c h e f e d e P o l í c i a e s e c r e t á r i o d o I n t e r i o r d e M i n a s G e r a i s r e c e b e u
u m oítcio^** assinado pelo representante de um g r u p o de comerciantes de u m a cidade da Z o n a da
M a t a m i n e i r a . N e s s e ofício, a r g u m e n t a v a - s e :
Desejamos apenas não ser prejudicados no nosso trabalho, no nosso comércio. São inofensivas e dignas
de comiseração essas mulheres cujo destino as atirou no abismo e q u e as leis verdadeiras e a organiza-
ção social, no m u n d o inteiro, e as polícias e o costume, a civilização, etc. não conseguiram sequer m o -
diñcar esse estado de cousas... É na nossa cidade, na nossa infeliz cidade é q u e um t e n e n t e vem ditar
leis... Seria aconselhável, no caso de necessidade, o policiamento e a punição dos indivíduos pertur-
badores da ordem e do sossego público, se for reclamado. Somos pais de família, p o r assim falar!!
E m 1 2 d e j a n e i r o d e 1 9 3 3 , c o m a i n t e r f e r ê n c i a d o p r e s i d e n t e d o E s t a d o , C a r l o s P r a t e s , fbi e m i t i d a
a o r d e m ñ n a l a o d e l e g a d o e s p e c i a l d e t e r m i n a n d o " n ã o p r o i b i r a s a í d a d a s m u l h e r e s e q u e fireqüen-
t e m b a r e s e r e s t a u r a n t e s [...]".
A s a g r u r a s d a A d m i n i s t r a ç ã o P ú b l i c a n a dennição d o s l i m i t e s e d o s v a l o r e s q u e o r i e n t a v a m a a ç ã o
do aparato de segurança pública deixaram evidentes, além dos problemas de natureza institucional,
e x e m p l i ñ c a d o s p e l a s d i f e r e n t e s p o s t u r a s e i n t e r p r e t a ç õ e s s o b r e o fato, e m a n a d a s d e m e m b r o s d a
G u a r d a Civil e da Força Pública, alguns dos d i l e m a s da i m p l e m e n t a ç ã o e da m a n u t e n ç ã o da o r d e m
n o Brasil. S e g u n d o H o l l o w a y ( 1 9 9 7 , p . 23), e s s e é " o p r o c e s s o p e l o q u a l a s i n s t i t u i ç õ e s p o l i c i a i s
m o d e r n a s se fortaleceram e g a r a n t i r a m a c o n t i n u i d a d e das relações sociais h i e r á r q u i c a s t r a d i -
cionais, e s t e n d e n d o - a s ao espaço público impessoal".
N o ñ n a l d a d é c a d a d e 1920, o ¿/f^'íí^/ior" p e r m i t e o b t e r u m a v i s ã o g l o b a l d o t i p o d e
m o v i m e n t o q u e existia e n t r e a G u a r d a Civil e suas u n i d a d e s , b e m c o m o e n t r e esta e a J u s t i ç a da
C a p i t a l , tal c o m o a p r e s e n t a d o na T a b e l a 1 e n o s G r á n e o s 1, 2 e 3:
TABEt-A 1
Natureza do crime dos autos remetidos em 1929 - Departamento de investigações da Guarda Civü.
UPO DE OCORRÊNCIA NO %
Arquivos do Departamento de [nvestígaçôes da Poücia Civi! de Minas Gerais. Livro de Remessa de Autos. 1929.
NATUREZA DO (R!ME DOS AUTOS
GRÁFtCO 1 »
REMET!DOS EM 1 9 2 9 .
80
60
40
20
O
a Seqüência 1
H Seqüência 2
A maioria dos autos remetidos para autoridades da Capital refere-se a processos de crimes contra
a pessoa, e s p e c i a l m e n t e aqueles v i n c u l a d o s a agressões e lesões corporais, fruto de d e s e n t e n d i m e n -
tos cotidianos. O Livro de Remessa de Autos não oferece mais detalhes sobre as ocorrências, mas
c h a m a a t e n ç ã o o g r a n d e n ú m e r o d e p r o c e s s o s e x i s t e n t e s s o b essa r u b r i c a .
E m 1944, a D e l e g a c i a E s p e c i a l i z a d a d e S e g u r a n ç a P e s s o a l d a C a p i t a l c e n t r a l i z o u o a t e n d i m e n t o
a o s c a s o s d e a g r e s s õ e s físicas e a m e a ç a s s o f r i d a s p e l o s h a b i t a n t e s d e B e l o H o r i z o n t e . P o r i n t e r m é -
dio do Livro de Registro de Ocorrências,'^ p o d e m o s ter u m a idéia dos tipos de ocorrências q u e
chegavam ao c o n h e c i m e n t o dos policiais dessa u n i d a d e .
N e s s e a n o , essa u n i d a d e p o l i c i a l r e g i s t r o u 6 2 6 o c o r r ê n c i a s , o q u e p e r f a z u m a m é d i a d e ! , 7 1 o c o r -
r ê n c i a s p o r dia. A T a b e l a 2 e o G r a n e o 4 a p r e s e n t a m a d i s t r i b u i ç ã o d a s o c o r r ê n c i a s p o r t i p o , a p ó s
a anáhse de u m a amostra aleatória de cerca de 2 0 % do total de ocorrências registradas.
Arquivos do Departamento de Investigações da Potícia Civii de Minas Gerais, Livro de Registro de Ocorrências da Deiegacia Especializada
de Segurança Pessoa! (1943-1944).
TABELA 2
Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Delegacia Especializada de Segurança Pessoa! de Beio
Horizonte 1944.
T!PO DE OCORRÈNOA %
133 100
[...] Fulano de Tal, funcionário da Secretaria das Finanças, residente na Rua M a r t i n h o C a m p o s n"
tal, bairro do C r u z e i r o , vem r e s p e i t o s a m e n t e p e d i r - l h e providências sobre seu vizinho. Beltrano,
residente na m e s m a rua. Beltrano t e m u m a criação, aliás, um retiro de cabritos na citada rua. A
razão de uns cinco meses, os cabritos andam invadindo o m e u quintal, estragando minha horta. Pedi
providências ao Sr. Beltrano, o qual não t o m o u ; assim o ñz p o r diversas vezes. Sábado passado matei
um ou dois cabritos c tive c o n h e c i m e n t o p o r amigos q u e o Sr. Beltrano d e u queixa neste cartório.
M e s m o depois de ter m a t a d o o cabrito c o n t i n u a m os cabritos a freqüentar o m e u quintal. As
providências q u e eu podia t o m a r já tomei para evitar q u e os m e s m o s continuassem. Hoje prendi
dtús cabritos na grade. Espero providências de V. Sa. (Belo H o r i z o n t e , 1944)
E x m o . S r D r D e l e g a d o d e Segurança Pessoal.
E x m o . Sr Dn D e l e g a d o de Segurança Pessoal.
O p o l i c i a ! q u e a t e n d e u a o c o r r ê n c i a , a t é m e s m o g r a f a n d o - a , e s c r e v e u n o livro, l o g o a b a i x o :
N O T A : O abaixo assinado, investigador de plantão por esta delegacia, tem a informar q u e a pessoa
acima veio registrar a c o m u n i c a ç ã o contra Beltrana de Tal, pelo fato de esta senhora ter vindo à
Polícia d u r a n t e o plantão e p e d i r u m a providência p o r ter o queixoso c o r t a d o a luz no c ô m o d o o c u -
p a d o pela referida senhora, aproveitando-se, t a m b é m , da ausência do m a r i d o deia. A referida s e n h o -
ra, achando-se doente, b e m c o m o o seu filhinho, registrou queixa no livro p r ó p r i o da s u b i n s p e t o -
ria de piantão, visto não p o d e r ficar às escuras, t e n d o t a m b é m a p r e s e n t a d o os recibos do aluguel,
achando-se com os p a g a m e n t o s em dia. O queixoso, em represália e m o v i d o p o r um espírito
m e s q u i n h o de vingança, t r o u x e a esta delegacia um faro o c o r r i d o em fins de d e z e m b r o .
[...] A abaixo assinada, brasileira, casada, de afazeres domésticos, residente em Lagoa Santa, vem
expor a esta especializada o seguinte: q u e há dois anos é casada com o m a r c e n e i r o F u l a n o de l a ! ,
q u e trabalha na Fábrica Nacional de Aviões, na cidade vizinha, e q u e vem sendo vítima de m a u s -
José Garcia Leite, apreendido por furto no va!or de 6 c o n t o s de reis, de Nogueira
e Companhia. Cataguases. 1913. Acervo APM.
tratos p o r parte do seu esposo, q u e ¡he atira paiavrões, aiém de espancá-la c o m m u r r o s e pontapés,
t e n d o t e n t a d o se a p o d e r a r da p e q u e n a Bettrana, de 13 meses, hlha do casal. Q u e F u l a n o a t e m
sujeitado às mais pesadas humilhações, c h e g a n d o a enxotá-la de sua própria casa! A queixosa a p r e -
sentou queixa à delegacia de Lagoa Santa, q u e d e t e v e Fulano, s o l t a n d o - o logo depois, e declarou
q u e o caso só podia ser resolvido pela justiça da capital; q u e os maus-tratos de fulano à queixosa
c u l m i n a r a m com o e s p a n c a m e n t o de q u e foi vítima d o m i n g o último, dia 9, em v i r t u d e do q u e
reso!veu recorrer às autoridades da capital, das quais espera providências de m o d o a q u e o acusado
m o d e r e os seus hábitos e possa a queixosa voltar ao seu lar e conviver c o m F u l a n o , c u m p r i n d o os
deveres a q u e se prepôs.
E x m o . S r D r D e l e g a d o d e Segurança Pessoal.
O abaixo assinado. Investigador n° 338 desta especializada, vem e x p o r - l h e o seguinte: q u e até hoje
s e m p r e fbi amigo pessoal do t e n e n t e - c o r o n e l F u l a n o de Tal, residente na Rua Tal, e dava-se com
aquele militar desde 1934, q u a n d o servia no 8° Batalhão, em Lavras. Q u e s e m p r e proporcionava e
recebia d a q u e l e oficial provas de simpatia e a m i z a d e , q u e é h á b i t o do q u e i x o s o — c o m o o sabem
quantos com ele privam — ao se e n c o n t r a r com algum amigo p e r g u n t a r - l h e p e l o seu estado de
saúde, fazendo tal c u m p r i m e n t o extensivo à sua senhora, q u a n d o lhe sabe casado. Q u e hoje, às
13h30 horas, na Praça Sete, a p r o x i m o u - s e d a q u e t e mÜitar refbrmado, a q u e m c u m p r i m e n t o u ,
dizendo: 'Você, c o m o está? Forte, não? E a patroa?' - o q u e o militar p a r e c e não ter gostado, pois q u e
replicou - ' N ã o é da sua conta! Eu há m u i t o estava para te dar esta resposta e c o m v o n t a d e de te
q u e b r a r a cara!' -, o q u e o queixoso estranhou p o n d e r a n d o : 'Perdão, coronel, eu pensei q u e isso lhe
agradasse...', pois não era a primeira vez q u e o queixoso o fazia. Hoje, p o r é m , o oñcial traiu a sua
aparência de h o m e m e d u c a d o , m o s t r a n d o a dura realidade da casca... e veio o coice. O queixoso
retirou-se, afastando-se uns dois metros, em atitude de defesa, mas o militar não c u m p r i u a ameaça.
C o n t u d o , aqui fica a p r e s e n t e queixa, para c o n h e c i m e n t o desta delegacia e para as providências q u e
o caso c o m p o r t e .
J á n a d é c a d a d e 1970, n o L i v r o d e R e g i s t r o d e Ocorrências^" d a D e l e g a c i a d e P l a n t ã o e r a m r e -
gistradas as ocorrências q u e aconteciam na cidade nos horários de plantão, após o f e c h a m e n t o das
u n i d a d e s q u e f u n c i o n a v a m em h o r á r i o d i u r n o . A T a b e l a 3 e os G r á f i c o s 5, 6, 7, 8 e 9 a p r e s e n t a m
u m a amostra aleatória de 2 5 % do total dessas ocorrências, classiñcadas p o r tipo:
TABELA 3
Amostra das ocorrências, por tipo, registradas na Deíegacia de Plantão de Belo Horizonte 1970.
TIPO DE OCORRENCÍA N° %
^'^Arquivos do Departamento de [nvestigações da Poücia Civi) de Minas Gerais. Livro de Registro de inquéritos da Detegacia EspeciaÜzada
de Segurança Pessoal. Í9S8.
^"Arquivos do Departamento de investigações da Poücia Civii de Minas Gerais. Livro de Registro de Ocorrências da Deiegacia de Piantão.
1970.
AMOSTRA DAS OGORRÊNíHAS, POR TtPO, REGiSTRADAS
NA DELEGACÍA DE PLANTÃO DE BELO HORtZONTE, 1970.
50
40
30
20
10
O
VtOLAÇÃO
StMBÚLtCA DE CONTTtA O CONTRA
PATRtMONtO A PESSOA
E x m o . Sr. D e l e g a d o dc Plantão.
Belo H o r i z o n t e , 19 de s e t e m b r o de 1970.
S E x m o . Sr. D e l e g a d o de Plantão.
S
Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970.
E m m u i t a s o c o r r ê n c i a s , d e s e n t e n d i m e n t o s a d v i n d o s d e a t i v i d a d e s p a r t i c u l a r e s d e p o l i c i a i s f()ra d e
serviço fbram t a m b é m objeto de sanção pública m e d i a n t e ação policial, c o m o esta a seguir:
E x m o . Sr. D e l e g a d o de Plantão.
^'Dn^^eAu^^o^^^M^ Deiegado ül
2" Dr. Almir Corrêa de Lacerda Aspirante/Deiegado
3° Dr. Benedito Antônio Salvador Aspirante/Deiegado
4° Dr. Jesu De!fino Pereira Aspirante/Delegado
5" Dr. Dijalmas dos Santos Ferraz Aspirante/Delegado
6° Dr. Antônio do Carmo Aspirante/Deiegado
^ D r ^ ^ R ^ í a ^ m ^ Aspirante/Delegado
8° Dr. Lázaro Aitamiro Gomes Aspirante/Delegado
9*^ Dr. Sidney Pinheiro Cruz Aspirante/Delegado
10° Dr^. Maria Diva de Pinho Aspirante/De!egado
11° Dr. Weliington Durães Aíckmin Aspirante/Deiegado
12° Dr. Jairo Afonso Moretson Aspirante/De!egado
13" Dr. Ciayton Gonçalves Faria Aspirante/De!egado
14° Dr. Custódio Ignez de Souza Aspirante/Deiegado
15° Dr. jairo Bitencourt Aspirante/Deiegado
l^'Dn^^!F^^^de(^^Mz Aspirante/Deiegado
17° Dr. Manoel Corrêa Füho Aspirante/Delegado
1^'Dr^^Xi^^^^^o Aspirante/Deiegado
em seguida, passou a a g r e d i r - m e . Em meio à agressão, i d e n t i ñ q u e i - m e c o m o policia! (subinspetor
de deteáves). T a ! e l e m e n t o arrebatou de minhas mãos a carteira policia! e c o n t i n u o u a agressão.
Várias pessoas lhe fbram solidárias e passaram t a m b é m a me a g r e d i r E n t r e tais pessoas i d e n t i ñ q u e i
Beltrano de Tal e Sicrano de Tal, q u e d e r a m socos no m e u carro, q u a n d o eu tentava fugir
C o m p a r e c i a esta Delegacia de P l a n t ã o e pedi providências a respeito. Em meio à confusão. F u l a n o
de Tal caiu e bateu o supercílio cm u m a cadeira, provavelmente, ñ c a n d o ferido. C o n d u z i - o s para
esta delegacia para as providências devidas. No loca! fui auxiliado pelos detetives (cita o n o m e de
seis detenves).
Belo H o r i z o n t e , !7 de s e t e m b r o de 1970.
Levo ao seu c o n h e c i m e n t o que, ao passar pela Rua São Paulo, esquina c o m Avenida Santos D u m o n t ,
por volta das 18h50 de hoje, tive a atenção d e s p e r t a d a p o r um cidadão que, com forte sintoma de
e m b r i a g u e z , p u n h a em risco sua própria i n t e g r i d a d e ñsica, u m a vez q u e o trânsito de veículo é
intenso no local. C o m a ajuda de u m a viatura da Vadiagem, c o n d u z i - o até sua presença, q u a n d o ve-
riñquei tratar-se de F u l a n o de Tal, casado, 5! anos, recenseador, r e s i d e n t e na Rua tal, n ú m e r o tal.
Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970.
Ou c o m o nesta ocorrência:
Belo H o r i z o n t e , 17 de s e t e m b r o de 1970.
O u , ainda, c o m o nesta:
E x m o . Sr. D e l e g a d o de P l a n t ã o .
E x m o . S r Deiegado d e Plantão.
Belo H o r i z o n t e , 20 de s e t e m b r o de 1970.
E também:
E x m o . S r D e l e g a d o d e Plantão.
D e fato, m u i t a s d a s c a t e g o r i a s o b s e r v a d a s ( v i g a r i s t a , l a d r ã o , m a c o n h e i r o , e t c . ) i n d i c a m , n o c o n t e x -
t o e m q u e são u s a d a s nas o c o r r ê n c i a s analisadas, r e a l i d a d e s b a s t a n t e p a r e c i d a s c o m aquelas
descritas p o r H o l l o w a y (1997, p. 26) p a r a a Polícia brasileira no s é c u l o X!X:
E m 1982 o p r o f e s s o r A n t ô n i o L u i z P a i x ã o , n u m a r t i g o s o b r e a P o l í c i a C i v i l d e M i n a s G e r a i s , afir-
m o u q u e os policiais
D e fato, a s o b s e r v a ç õ e s d e s e n v o l v i d a s a t é a q u i a p o n t a m p a r a o u s o g e n e r a l i z a d o e d i s c r i c i o n á r i o d e
t i p i n c a ç Õ e s e c l a s s i n c a ç õ e s s o c i a i s , a d e q u a d a s , ^^oy/í7i'oW, a p r o v i s õ e s l e g a i s , d i s p o n i b i l i z a d a s p a r a
a construção organizacional da ocorrência, queixa, anotação ou inquérito em u m a o r d e m institu-
cional específica. Essa prática, "o i n q u é r i t o de trás p a r a frente", nas p a l a v r a s de P a i x ã o (1982, p. 75),
representa e c o n o m i a de recursos logísticos e reforço de traços culturais, institucionais e simbóli-
cos, u m a vez q u e p e r m i t e , ¡egitima e reforça o exercício do c o n h e c i m e n t o profissiona! do poÜcia!
mediante a vaíorização da infbrmação "da rua", do tirocínio individua! na habilidade investigatória.
Assim,
D e u m l a d o , essa c u l t u r a o r g a n i z a c i o n a l p e r m i t e a o p o l i c i a l c o l o c a r - s e c o m o i n t e r m e d i á r i o n a s
d e m a n d a s entre cidadãos, c o m o representante privilegiado do Estado, é claro, mas fundamental-
m e n t e , t a m b é m , m e d i a n t e seu r e c o n h e c i m e n t o público c o m o especialista, q u e o credencia c o m o
i n t e r l o c u t o r qualificado, m u i t a s vezes d e fbrma i n d e p e n d e n t e d a classe social d o d e m a n d a n t e .
P o r o u t r o l a d o , essa c a r a c t e r í s t i c a a c a b a p o r i m p l i c a r o u s o i n d i v i d u a l i z a n t e d o c o n h e c i m e n t o p r o f i s -
sional, e v i d e n t e na profusão de referências às u n i d a d e s especializadas e ao r e c o n h e c i m e n t o o r g a n i -
z a c i o n a l d e s u a p r e v a l ê n c i a t e m á t i c a o u o p e r a c i o n a l , tal c o m o v i s t o n a s c i t a ç õ e s a p r e s e n t a d a s . O s
efeitos perversos são evidentes, t r a d u z i n d o - s e na ausência de coesão e i n t e g r a ç ã o organizacionais:
C o e r e n t e m e n t e , e s s a s d i m e n s õ e s a c a b a r ã o fbr r e f b r ç a r o m o d e l o e x c l u d e n t e d o e s p a ç o p ú b l i c o
brasileiro, m e d i a n t e a sobreposição de diferentes "sistemas de v e r d a d e " na p r o m o ç ã o e e x e c u ç ã o
d a j u s t i ç a q u e c o m p e t e m e n t r e si, a n u l á n d o s e ( L I M A , 2 0 0 1 , p . 114). D e u m l a d o , o m o d e l o i g u a -
l i t á r i o c o n s t i t u c i o n a l , q u e d e t e r m i n a p r e r r o g a t i v a s e s a l v a g u a r d a s l e g a i s a o p r o c e s s o p e n a l , tal
c o m o a presunção da inocência; de outro, a aplicação hierarquizada dessas prerrogativas pelos
Í8
atores do Sistema de Justiça Criminal. Assim, a O r g a n i z a ç ã o Policial funciona c o m o um elo e n t r e
" o s i s t e m a j u d i c i a l e l i t i s t a e h i e r a r q u i z a d o e o s i s t e m a p o l í t i c o i g u a l i t á r i o " ( U M A , 1 9 9 5 , p . 7-8),
e n c u r r a l a d a e n t r e critérios e x c l u d e n t e s na aplicação desigual da Lei:
E s s a s m u d a n ç a s a f e t a r a m p r o f u n d a m e n t e a P o l í c i a C i v i l , q u e p a s s o u a se v i n c u l a r a d m i n i s t r a t i v a e
d i r e t a m e n t e a o g o v e r n a d o r , p o r i n t e r m é d i o d a ñ g u r a d o c h e f e d e P o l í c i a , q u e r e a p a r e c e u c o m yr^-
r^y d e s e c r e t á r i o . A s e g u n d a m u d a n ç a r e f e r e - s e a o fato d e a P o l í c i a C i v i l d e i x a r d e s e r r e s p o n s á v e l
pela guarda do preso, u m a atribuição histórica, mas q u e desde m u i t o t e m p o se mostrava m u i t o mais
c o m o u m p r o b l e m a i n d e s e j á v e l . P o r ñ m , d a d o o c o n c e i t o d e i n t e g r a ç ã o q u e o r i e n t a t o d a s essas
m u d a n ç a s , a P o l í c i a C i v i l t e v e d e s e a d e q u a r à a ç ã o i n t e g r a d a c o m a s d e m a i s fbrças p o l i c i a i s ( e m
especial a Polícia Militar e C o r p o de Bombeiro), u m a integração operacionalizada e c o o r d e n a d a
pela Secretaria de Defesa Social. É esse processo de a d e q u a ç ã o q u e m a r c a a atual t e n d ê n c i a da
história da Polícia Civil.
Hoje p o d e m o s dizer q u e a Polícia Civil conclui sua transição de u m a Polícia tradicional para um
P o l í c i a m o d e r n a . O s p r o b l e m a s q u e e x i s t i r a m e m 1930, r e l a c i o n a d o s a o s r e c u r s o s h u m a n o s e ñ s i -
cos, r e f e r e n t e s à f u n ç ã o d a P o l í c i a e a o s i s t e m a p r i s i o n a l , f b r a m , d e a l g u m a ñ ) r m a , r e s o l v i d o s . A
atual política pública de s e g u r a n ç a p r e s s u p õ e , p a r a a Polícia Civil, a c o n t i n u i d a d e e a i m p l e m e n -
tação dos projetos e convênios o r i u n d o s da Secretaria de E s t a d o de Defesa Social (SEDS). N e s s e
contexto, destacou-se a reestruturação da Coordenação-Geral de Segurança ( C O S E G ) como
u n i d a d e gestora da inteligência policial, e a adoção de um novo d e s e n h o organizacional c o m a
inserção de áreas de inñ^rmática e de t e l e c o m u n i c a ç õ e s , para possibilitar o c r u z a m e n t o de da dos e
facihtar a t o m a d a de decisões relacionadas ao t r a b a l h o da Polícia Civil. Essa nova e s t r u t u r a p e r -
mite o recebimento de infbrmações referentes ao m o n i t o r a m e n t o e ao g e r e n c i a m e n t o de ocorrên-
cias, a l é m d o a c o m p a n h a m e n t o d a a t i v i d a d e d e i n v e s t i g a ç ã o p o l i c i a l , c o m o i n q u é r i t o s , t e r m o s c i r -
cunstanciados de ocorrência e outros procedimentos criminais de execução penal em todos os
municípios mineiros. Tais a p r i m o r a m e n t o s geraram signiñcativa desburocratização, além de maior
acessibilidade aos d a d o s referentes à estatística criminal.
1827 — Extinção dos cargos de comissário e cabo de Polícia, criação do cargo juiz de paz.
1830 — P r o m u l g a ç ã o do C ó d i g o Criminal.
1880 — C r i a ç ã o da G u a r d a U r b a n a
e da Escola T i r a d e n t e s .
1972 — O Colegio Estadual O r d e m e Progresso fbi agregado à Polícia Civil e funcionou junto c o m o G i n á s i o
Estadual T é c n i c o de Polícia.
2000 — C r i a ç ã o da S u p e r i n t e n d ê n c i a de Assistência ao D e t e n t o .
TABELA i: Natureza do crime dos autos remetidos em 1929 — Dpf de investigações da Guarda Civi! - p.l35
GRÁFiCO 2: Natureza do crime contra a pessoa dos autos remetidos em 1929 - p.l36
USTA DE SiGLAS
Di — Departamento de investigação
Capa:
Reprodução de posta! do prédio da antiga Secretaria do interior.
Acervo Carlos Noronha.
^ ^ ^ ^
^ ^ ^ ^
^^K:
Viaturas poücias. Acervo Poücia Civil.
p^^a
Cão adestrado do Dops, Pampuiha. Belo Horizonte, 1970. Acervo Policia Civil.
Destacamento poücia! de Espinoza com 20 civts engajados. Força Púbitca, 1930. Acervo APM.
p^^a
Delegado João Rubim, Abílio Pinheiro (advogado), soldados e detentos da cadeia de Jacutinga. Acervo APM.
M^M:
Presidiários, chefes de quadrühas, autores de assalto, roubos e homicídios. Palma, MG, 1907. Acervo APM.
P^^&
Oficiais na apreensão de Ângelo de Francsco da Siva. Carangola. MG. 1905. Acervo APM.
P^&MeM:
Prédio da Câmara Municipa! e cadeia. São Gonçaío, MG, 1915. Acervo APM.
Autoridades integrantes da Poücia de Minas Gerais, 1916. Be!o Horizonte. Acervo APM.
P^^^
Prédio da Chefia de Polícia em Belo Horizonte, iocalizado na confluência das ruas Bahia e Bernardo Guimarães, entre 1911 e 1915.
Acervo APM.
P^^&
P^^^
Pág. 83;
Vista iaterai da cadeia Púbiica - detentos e grupos de civis. Conseiho Pena, MG. década de 1930. Acervo APM.
Vista frontat da cadeia púbiica de itanhomi, MG. 1938. Acervo APM.
Pág.86:
Perito da Poiícia Civü à esquerda; à direita, guarda-civü, 1968. Acervo Poücia Civü.
Pág.91:
Áivaro Batista de Oüveira, chefe de Poiicia. Beio Horizonte, MG, 1933/1935. Acervo APM.
Pág.92:
Aiunos da Escoia de Poücia, em auias de instrução física em juiho de 1939. Acervo Poücia Civü.
Pág. 93:
Pág.98:
Pág.101:
Pág. 102:
Construção do Departamento de investigação, Lagoinha, Beto Horizonte, 1956/1959. Acervo Poücia Civü.
Pág. 103:
Pág. 105:
Magaihães Pinto, governador de Minas Gerais, acompanhado por deiegados, 1965. Acervo Poiícia Civit.
Pág. 106:
Pág. 109:
Deiegado no horário do !anche, 1966. Acervo Poücia Civü.
Poüciais recebendo dipioma do curso de aperfeiçoamento, 1970. Acervo Poücia Civü.
Pág. 110:
Primeira muiher Guarda Civü, 1967. Acervo Poiícia Civü.
inauguração da ACADEPOL na Gameieira, Beio Horizonte. 1978. Acervo Poücia Civü.
Pág. 112:
Pág.
Deiegacia
116: de Leopoldina.
Manhuaçu. Acervo
Acervo Poiícia
Poiícia Civü.
Civü.
Bias Fortes, governador de Minas Gerais, ACADEPOL, 1983. Acervo Poücia Civü.
Poüciais Civis em ipatinga. 1988. Acervo Poücia Civü.
^ ^ ^ ^
^ ^ ^ ^
Hélio Garcia, governador de Minas Gerais, inauguração da Deiegacia de Mulheres. Acervo Polícia Civi!.
PM].^&
Primeiro helicóptero da Polícia Civil. Acervo Poücia Civil.
^^ua
Grupo de punguistas, Congonhas, MG. Acervo APM.
José Garcia Leite, apreendido por furto no valor de 6 contos de reis. de Nogueira e Companhia - Cataguases, 1913. Acervo APM.
Integrantes da quadrüha do Jiló (roubo de animais), outros delinqüentes e soldados. Carangola, MG, 1941. Acervo APM.
^ ^ ^ ^
Equipe de poüciais civis de Minas Gerais, em diligencia, em Vista Alegre. Pocrane. Acervo Polícia Civil.
Montagem das imagens do antigo prédio da SESP, na Praça da Liberdade, com a atua! sede da Poücia Civü, na Av. do Contorno, Be!o
Horizonte. Acervo: equipe de pesquisa.
REFERÊNCIAS
U V R O S , ARTtGOS, TESES E MONOGRAFÍAS
A R A Ú f O , Paula M a d u r e i r a de. P r o g r a m a d e i n t e g r a ç ã o d a s o r g a n i z a ç õ e s p o l i c i a i s d o E s t a d o d e M i n a s
G e r a i s : u m a primeira reflexão. 2004. Monografia (Especialização em Segurança Pública) — Academia de
Polícia Militar, Belo H o r i z o n t e , 2004.
A U G U S T O , Wagner Adriano. A u t i l i z a ç ã o da a n á l i s e c l á s s i c a d a s s é r i e s t e m p o r a i s e u s o da r e g r e s s ã o e
c o r r e l a ç ã o no e s t u d o da c r i m i n a l i d a d e e v i o l ê n c i a . Belo H o r i z o n t e : [s.n.], 2000, 142 p.
BíSCAIA, Antônio Carlos Silva et al. F r a g m e n t o s para u m a i n t r o d u ç ã o a retórica da segurança pública. Rio
de Janeiro: AJUP, 1994.65 p
BLACK, Donald, l h e m a n n e r s and customs of the police. N e w York: A c a d e m i c Press, C. 1980. 274 p.
B R I T O , Alexandre Sant'Ana de; S O U Z . \ , Lídin de Representações sociais de policiais civis sobre profission-
alização. S o c i o l o g í a s , n. 12, dez. 2004.
B U E N O J Ú N I O R , Jordão. A a t u a ç ã o i n t e g r a d a d a polícia m i l i t a r d e M i n a s G e r a i s c o m a g u a r d a m u n i -
cipal. 2004. M o n o g r a h a (Especialização em Segurança Pública) — Academia de Polícia, Belo Horizonte, 2004.
2005.
D O W B O R , Ladislau; KILSZTAJN, Samuel (Org.). E c o n o m i a social no Brasil. São Paulo: Senac, 2t)01. 588 p
D U T R A , Eliano de Freitas. O ardil totalitário: imaginario político no Brasil dos anos 50. Rio de J a n e i r o :
UFRJ; Belo Horizonte: U F M G , 1997.
FAUSTO, Boris. C r i m e e cotidiano: a criminalidade em São Paulo (1880-1824). São Paulo: Brasiliense, 1984.
F E R N A N D E S , Heloísa Rodrigues. Política e segurança: furça pública do Estado de São Paulo. São Paulo:
Alfa-Ômega, 1974 2 5 9 p
FERREIRA, Jorge; D E L G A D O , Lucília de Almeida Neves O Brasil republicano Rio de Janeiro: Civilização
BMM^Mj^nv2.
FLEURY, Luís Antônio. Segurança pública: lições de uní referendo e propostas para um Brasil mais seguro.
Consulex, Brasilia, v. 9, n. 212, p 22-26, n. 2005.
F R A G A , Aibcrto. Estatuto do d e s a r m a m e n t o : antecedentes, reaÜdade e perspectivas. C o n s u l e x , Brasília, v. 9
n. 212, p. 52-55 nov. 2005.
F U N D A Ç Ã O K O N R A D - A D E N A U E R - S T I F T U N G . Segurança pública c o m o t a r e í a d o e s t a d o e d a
s o c i e d a d e . São Paulo. 1998. 198 p
K A H N , T ú l i o . Velha e nova polícia, polícia e políticas de segurança pública no Brasil atual. São Paulo:
Sicurezza, 2002. 105 p
L E A L , Cesar Barros. V i o l ê n c i a e v i t i m i z a ç ã o : a face sombria do cotidiano. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.
LESSA, Renato. A invenção da República no ¡brasil: da aventura à rotina, tn: C A R V A L H O , Maria Alice
R e z e n d e de. R e p ú b l i c a d o C a t e t e . Rio d e J a n e i r o : M u s e u d a República, 2001.
L I M A , Diogo Sie C a r n e i r o . A n á l i s e d o p r o g r a m a F i c a Vivo à l u z d a t é c n i c a d e p l a n e j a m e n t o e s t r a t é g i -
co s i t u a c i o n a l — P E S . Belo H o r i z o n t e , 2004, 92 p.
L I M A , Roberto Kant de. Violencia, criminalidade, segurança pública e justiça criminal no Brasil: urna bibli-
ografía. BIB, n. .SO, 2. sem. 2000.
M E N D O N Ç A J Ú N I O R , J o s é G e r a l d o e t al. O s a s p e c t o s d a i n f r a - e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i v a d a S e s p , visão
crítica. M o n t e s Claros: [s.n.], 1996, 38 p.
M O N J A R D E T , D o m i n i q u e . O q u e faz a polícia: sociologia da força pública. São Paulo: Edusp, 2003, 327 p.
M O R A E S , Bismael B. A polícia à luz do direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. 141 p.
N E V E S , Margarida de Souza Neves. Os cenários da República. O Brasi! na virada do século XIX para o sécu-
lo XX. In: F E R R E I R A , J o r g e ; D E L G A D O , Lucília de Almeida Neves. O t e m p o do liberalismo excludente:
da Proclamação da RepúbÜca à Revolução de 1930. Rio de Janeiro: Ci\i!ização Brasiieira, 2003 (O Brasil
Republicano, v 1). p. 13-44.
P O R T A , Marcos de Lima. O direito administrativo disciplinar na polícia civil do estado de São Paulo.
Revista do D i r e i t o A d m i n i s t r a t i v o , Rio de J a n e i r o , v. 227, p 69-82, )an./[uar2005.
R A T H J E , Willian R e i m e r A i m p l a n t a ç ã o d a g u a r d a m u n i c i p a ! n a c i d a d e d e B e t i m e s e u s reflexos n a
s e g u r a n ç a p ú b l i c a . Belo H o r i z o n t e ; [s.n.] 2001.
ROSA, Paulo T a d e u Rodrigues. Violência urbana: u m a questão de segurança pública ou política social.^
R e v i s t a J u r í d i c a , Porto Alegre, v 50, n. 296, p 89-90, jun. 2002.
SAAD G i m e n e s , M a r t a Cristina C u r y . O d i r e i t o d e d e í e s a n o i n q u é r i t o p o l i c i a l . São Paulo: E d i t o r a Revista
dos Tribunais, 2004.
SOARES, Luiz E d u a r d o . Novas políticas de segurança púbhca. E s t u d o s A v a n ç a d o s , São Paulo, v. 17, n. 47,
p 75-96, j a n . / a b r 2003.
T O R R E S , Epitácio. A polícia brasileira. M i n a s Policial, Belo H o r i z o n t e , ano 17, n. 70, p. 41-56, 1978.
T R E V I S A N I , C l a u d i o C é s a r G e o p r o c e s s a m e n t o a p l i c a d o a s e g u r a n ç a pública: e s t u d o e x p e r i m e n t a l em
área central do m u n i c í p i o j u i z de l'ora. M i n a s Gerais. 2005. A c a d e m i a de Polícia, Belo H o r i z o n t e , 2004. Belo
H o r i z o n t e , 2005, 105 p
VIEIRA, H e r m e s ; SILVA, Osvaldo. Historia da polícia civil de São Paulo. São Paulo: N a c i o n a l , 1955. 421 p
M I N A S G E R A I S . Fala à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s . O u r o P r e t o , 1886.
M I N A S G E R A I S . Fala à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s d i r i g i d a p e l o 1 ° V i c e -
p r e s i d e n t e d a p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1889.
M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d a p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1837.
M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d a p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1840.
M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a a A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
da p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1843.
M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d e p r o v í n c i a . O u r o P r e t o , 1878.
M I N A S G E R A I S . Fala d i r i g i d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a P r o v i n c i a l d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d e p r o v í n c i a . O u r o Preto, 1887, Anexo 4 .
M I N A S G E R A I S . Fala d o P r e s i d e n t e d e p r o v í n c i a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a p r o v i n c i a l d e M i n a s
G e r a i s . O u r o Preto. 1887.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa a p r e s e n t a d a n a r e u n i ã o i n a u g u r a l d a t e r c e i r a
s e ç ã o o r d i n á r i a d a n o n a l e g i s l a t u r a p e l o G o v e r n a d o r F r a n c e l i n o P e r e i r a d o s Santos. Belo Horizonte:
Imprensa Oñcial do Estado de Minas Gerais, 1981.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. H é l i o G a r c i a , G o v e r n a d o r d o Estado d e M i n a s
Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Oñcial do E s t a d o de M i n a s Gerais. 1985.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. G o v e r n a d o r H é l i o G a r c i a , G o v e r n a d o r d o
Estado de M i n a s G e r a i s . Belo Horizonte: Imprensa Oñciat, 1986.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. R o n d ó n P a c h e c o , G o v e r n a d o r d o Estado d e
Minas Gerais. Beto Horizonte: [Imprensa Oñciat dc \ l i n a s G e r a i s ] , 1974
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m à A s s e m b l é i a Legislativa. J o s é de M a g a l h ã e s Pinto, G o v e r n a d o r do
E s t a d o de M i n a s G e r a i s . Be!o Horizonte: [Imprensa Oficia) de M i n a s G e r a i s ] , 1965.
M I N A S GERATS M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1892.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1915a.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1915b.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, !925.
M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1914.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1910.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1911.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1922.
M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1913.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1916.
M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o P r e t o , 1921.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1925.
M I N A S G E R A I S M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1918.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa de M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1925.
M I N A S G E R A I S . M e n s a g e m apresentada à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
do Estado. O u r o Preto, 1919.
MTNAS G E R A t S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto, 1920.
MTNAS GERATS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a d e M i n a s G e r a i s p e l o P r e s i d e n t e
d o E s t a d o . O u r o Preto. 1922.
M I N A S G E R A I S M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a Legislativa d e M i n a s G e r a i s , p e t o P r e s i d e n t e
do E s t a d o . Ourt) Preto, 192S.
M I N A S G E R A t S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b l é i a L e g i s l a t i v a e m s u a s e s s ã o o r d i n á r i a d e 1947
p e l o G o v e r n a d o r M i l t o n S o a r e s C a m p o s . Belo Horizonte: Imprensa O ñ c i a l d e Minas Gerais, 1947.
MTNAS G E R A I S . M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a n a a b e r t u r a d e s u a s e s s ã o o r d i n á r i a
d e 1962 p e t o G o v e r n a d o r J o s é d e M a g a l h ã e s P i n t o . Belo H o r i z o n t e 1962.
M I N A S GI^R.AIS. M e n s a g e m a p r e s e n t a d a à A s s e m b t é i a L e g i s l a t i v a n a r e u n i ã o s o l e n e d e i n s t a l a ç ã o d o s
t r a b a l h o s d a 2 ^ s e s s ã o o r d i n á r i a d a V I L e g i s l a t u r a p e t o G o v e r n a d o r I s r a e l P i n h e i r o [Belo H o r i z o n t e :
Imprensa O ñ c i a l ] , 1968.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. P r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s p e l o S e c r e t á r i o
d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r D r D e l ñ m M o r e i r a d a Costa Ribeiro. Belo H o r i z o n t e , 1906b.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. P r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s p e l o S e c r e t á r i o
d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r Dr. D e l ñ m M o r e i r a d a C o s t a R i b e i r o . O u r o Preto, 1905.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. P r e s i d e n t e d o E s t a d o d e M i n a s G e r a i s p e l o S e c r e t á r i o
d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r Dr. D e l ñ m M o r e i r a d a C o s t a R i b e i r o . O u r o P r e t o , 1906.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o Dr. S e c r e t á r i o d o s N e g ó c i o s d o I n t e r i o r p e l o c h e f e d e
P o l í c i a Dr. A m é r i c o F e r r e i r a L o p e s . O u r o Preto, 1912.
M I N A S G E R A I S R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o E x m o . Sr. P r e s i d e n t e d e E s t a d o p e l o Dr. J o s é F r a n c i s c o
Bias F o r t e s , S e c r e t á r i o de S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b h c a . Belo Horizonte, 1928, v. 2.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o E x m o . Sr. P r e s i d e n t e d e E s t a d o p e l o D r . J o s é F r a n c i s c o
Bias F o r t e s , S e c r e t á r i o de S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b l i c a . Belo H o r i z o n t e , 1912.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o a p r e s e n t a d o a o E x m o . Sr. P r e s i d e n t e d e E s t a d o p e l o D r . J o s é F r a n c i s c o
Bias F o r t e s , S e c r e t á r i o de S e g u r a n ç a e A s s i s t ê n c i a P ú b l i c a . Belo H o r i z o n t e , v. 2.
MINAS GERAIS. Relatório apresentado ao Presidente do Estado de Minas G e r a i s pelo Secretário dos
N e g ó c i o s d o I n t e r i o r Belo H o r i z o n t e , 1909.
MINAS GERAIS. Relatório do Presidente de provincia à Assembléia Provincial de Minas Gerais. Ouro
P r e t o , 1876.
M I N A S G E R A I S . R e l a t ó r i o d o c h e í e d e Polícia. O u r o P r e t o , 1895.
LEGlSLApÁO
Alvará de 1 0 / 5 / 1 8 0 8
C ó d i g o d e Processo C r i m i n a l 2 9 / 1 1 / 1 8 3 2
Decreto de 13/5/1809
D e c r e t o n. 19, de 1 8 / 2 / 1 8 9 0
D e c r e t o n. 120, de 3 1 / 1 / 1 8 9 2
D e c r e t o n. 613, de 9 / 3 / 1 8 9 3
D e c r e t o n. 769, de 1 7 / 8 / 1 8 9 4
D e c r e t o n. 1 232, de 2 6 / 1 2 / 1 8 9 5
D e c r e t o n. 1 034, de 6 / 5 / 1 8 9 7
D e c r e t o n. 1 352, de 2 7 / 0 1 / 1 9 0 0
D e c r e t o n. 1 573, de 2 4 / 1 / 1 9 0 3
D e c r e t o n. 2 147, de 2 0 / 1 2 / 1 9 0 7
Decreto n. 2 187, de r / 2 / 1 9 0 8
D e c r e t o n. 2 656, de 1 3 / 1 0 / 1 9 0 9
D e c r e t o n. 3 206, de 1 ° / 7 / 1 9 1 1
D e c r e t o n. 3 409, de 1 6 / 1 / 1 9 1 2
D e c r e t o n. 3 588, de 2 8 / 3 / 1 9 1 2
D e c r e t o n. 3 603, de 1 0 / 6 / 1 9 1 2
D e c r e t o n. 4 342, de 1 9 / 3 / 1 9 1 5
D e c r e t o n. 4 703, de 2 4 / l / ) 9 1 7
D e c r e t o n. 5 030, de 9 / 7 / 1 9 1 8
D e c r e t o n. ó 110, de 9 / 6 / 1 9 2 2
D e c r e t o n. 7 215, de 2 7 / 4 / 1 9 2 6
D e c r e t o n. 7 287, de 1 7 / 7 / 1 9 2 6
D e c r e t o n. 7 436, de 2 1 / 1 2 / 1 9 2 6
D e c r e t o n. 7 437, de 2 1 / 1 2 / 1 9 2 6
D e c r e t o n. 8 846, de 2 4 / 1 0 / 1 9 2 7
D e c r e t o n. 8 068, de 1 2 / 1 2 / 1 9 2 7
D e c r e t o n. 1 0023, de 1 8 / 8 / 1 9 3 1
D e c r e t o n. Lei 66, de 1 8 / 1 / 1 9 3 8
D e c r e t o - L e i n. 1 591, de 2 8 / 1 2 / 1 9 4 5
D e c r e t o - L e i n. 9 108, de 2 9 / 4 / 1 9 4 6
D e c r e t o - L e i n. 2 105, de 2 5 / 4 / 1 9 4 7
D e c r e t o - L e i n. 2 125, de 2 0 / 6 / 1 9 4 7
D e c r e t o n. 4 531, de 3 0 / 3 / 1 9 5 5
D e c r e t o n. 4 666, dc 2 3 / 7 / 1 9 5 5
D e c r e t o n. 9 761, de 1 2 / 5 / 1 9 6 6
D e c r e t o n. 12 503, de 1 0 / 3 / 1 9 7 0
D e c r e t o Federal n. 13 498, de 1 2 / 3 / 1 9 1 9
Lei n. 16, de 1 2 / 8 / 1 8 3 4
Lei n. ! 741, de 8 / 1 0 / 1 8 7 0
Lei n. 2 718, de 1 8 / 1 2 / 1 8 8 0
Lei n. 30. de 1 6 / 7 / 1 8 9 2
Lei n. 6, de 2 2 / 7 / 1 8 9 3
Lei n. 112, de 2 3 / 7 / 1 8 9 4
Lei n. ! 4 1 , d e 2 0 / 7 / 1 8 9 5
Lei n. 175, de 4 / 9 / 1 8 9 6
Lei n. 318, de 1 6 / 9 / 1 9 0 1
Lei n. 360, de 2 7 / 8 / 1 9 0 3
Lei n. 380, de 2 7 / 8 / 1 9 0 4
Lei n. 445, de 3 / 1 0 / 1 9 0 6
Lei n. 453, de 3 1 / 8 / 1 9 0 7
Lei n. 490, de 9 / 9 / 1 9 0 9
Lei n. 516, de 3 1 / 8 / 1 9 1 0
Lei n. 549, de 2 7 / 9 / 1 9 1 0
Lei n. 550, de 2 2 / 6 / 1 9 1 1
Lei n. 552, de 1 8 / 8 / 1 9 1 1
Lei n. 582, de 3 0 / 8 / Ï 9 1 2
Lei n. 751, de 2 6 / 9 / 1 9 1 4
Lei n. 631, de 2 9 / 0 9 / 1 9 1 4
Lei n. 643, d e l ° / 1 0 / 1 9 1 4
Lei n. 770, de 1 4 / 9 / 1 9 2 0
Lei n. 790, de 1 8 / 9 / 1 9 2 0
Lei n. 791, de 1 8 / 9 / 1 9 2 0
Lei n. 844, de 1 0 / 9 / 1 9 2 3
Lei n . 8 1 9 , d e 4 / 9 / 1 9 2 6
Lei n. 892, de 9 / 9 / 1 9 2 6
Lei n. 9 4 1 , de 1 0 / 1 0 / 1 9 2 6
Lei n. 969, de H / 9 / ! 9 2 7
Lei n. 349, de 3 0 / 1 2 / 1 9 4 8
Lei n. 469, de 1 9 / 1 0 / 1 9 4 9
Lei n. 4 332, de 3 0 / 3 / 1 9 5 5
Lei n. 14 035, de 3 0 / 1 / 1 9 5 6
Lei n. 1 455, de 1 2 / 5 / 1 9 5 6
Lei n. 1 527, de 3 1 / 1 2 / 1 9 5 6
Lei n. 1 897, de 1 3 / 1 / 1 9 5 9
Lei n. 5 406, de 1 6 / 1 2 / 1 9 6 9
Lei n. 5 784, de 1 ° / 1 0 / 1 9 7 1
Lei n. 8 181, de 3 0 / 4 / 1 9 8 2
Lei n. 12 032, de 2 1 / 1 2 / 1 9 9 5
Portaria n. 729, de 2 7 / 1 0 / 1 9 5 2
Portaria 2 153, de 2 6 / 5 / 1 9 5 6
DOCUMENTAÇÃO ARQU!VÍST!CA