21452-Texto Do Artigo-78807-1-10-20220128
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Recebido: 22/02/2021
Aceito: 16/04/2021
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Laboratório de Parasitologia Veterinária, Departamento de Microbiologia e Parasitologia Veterinária –
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil; 2Laboratório de Anatomia Animal,
Departamento de Medicina Veterinária - Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, Rio Grande do Sul,
Brasil; 3Laboratório do Grupo de Estudos em Enfermidades Parasitárias, Departamento de Veterinária
Preventiva – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
RESUMO
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INTRODUÇÃO
Com mais de 10.700 espécies, as aves são a segunda classe mais numerosa dos vertebrados.
Distribuem-se pelo mundo inteiro e em praticamente todos os tipos de ambientes (ICO, 2020).
As aves de rapina podem ser divididas nas ordens Accipitriformes e Strigiformes, chamadas
aves de rapina diurnas e aves rapina noturnas, respectivamente (FERGUSON-LEES; CHRISTIE,
2001).
Assim como outras aves de rapina, o gavião-carijó tem um papel ecológico indispensável na
manutenção do equilíbrio da fauna, como reguladores da seleção, evitam uma
superpopulação de roedores e pequenas aves, além de eliminar indivíduos defeituosos ou
com patologias, mantendo estável o equilíbrio da região onde vivem (AZEVEDO et al., 2003;
BARROS et al., 2007; SANTOS et al., 2009). São frequentemente ameaçados através da
destruição de habitats naturais, contaminação com pesticidas e caça predatória (FERGUSON-
LEES; CHRISTIE, 2001).
Entre os muitos problemas de saúde que afetam as aves selvagens, as doenças parasitárias
destacam-se como um dos mais frequentes, e os efeitos variam desde infecções subclínicas
até o óbito (FREITAS et al., 2002).
As aves selvagens são hospedeiras de uma variedade de parasitos, mas há poucos estudos, no
Brasil, sobre as espécies que atacam aves de rapina. No Rio Grande do Sul, até o presente
momento, não há relatos nesta espécie. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo
identificar e relatar os espécimes de parasitos achados em um gavião-carijó (R. magnirostris)
encontrado na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, Brasil.
RELATO DE CASO
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A ave foi encontrada caída no pátio de uma residência, apresentava-se debilitada, com lesões
de necrose nas patas e com ausência de algumas falanges. Exames radiológicos e
hematológicos foram realizados. O animal apresentava hematócrito em 10%, sendo
considerado um grau importante de anemia, vindo a óbito no dia seguinte. A necropsia foi
realizada no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Pampa
(UNIPAMPA) e o esqueleto encontra-se na coleção do Laboratório de Anatomia Animal
também da UNIPAMPA em Uruguaiana, RS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Figura 1 - Espécime adulto da espécie Platynosomum illiciens, com identificação da ventosa oral indicada na
seta.
Os ovos dos demais parasitos podem ser visualizados na Figura 2. Na imagem A encontram-se
ovos do parasito nematódeo do gênero Porrocaecum spp., e, na imagem B, ovo do parasito
Centrorhynchus tumidulus do filo Acanthocephala.
A B
Figura 2 - Ovos, em aumento de 400x, obtidos através da maceração das fêmeas adultas para identificação a
partir da morfologia, sendo compatíveis com: A - Porrocaecum spp. e B - Centrorhynchus tumidulus.
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Santoro et al. (2010) examinaram aves de rapina em liberdade (n=116), que morreram entre
janeiro de 2000 e dezembro de 2008 na região da Calábria, no sul da Itália. Foram encontrados
parasitos como Porrocaecum spp. e do filo Acanthocephala como Centrorhynchus spp.,
entretanto, nenhum deles foi identificado parasitando gaviões.
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Acredita-se que infestações parasitárias em aves de rapina parecem causar pouco ou nenhum
sofrimento a indivíduos saudáveis, mas os helmintos podem levar a sérios problemas de saúde
quando combinados com outros fatores (altas infestações) ou em momentos de estresse
(KRONE; COOPER, 2002; LACINA; BIRD, 2000). Além dos efeitos diretos induzidos por espécies
patogênicas conhecidas, as infestações por helmintos podem afetar o desempenho de voo e
a eficácia predatória, bem como predispor a traumas secundários (BORGSTEEDE et al., 2003).
O gavião-carijó deste estudo apresentou lesões traumáticas, não sendo possível determinar
se a carga parasitária encontrada contribuiu para a debilitação e morte do exemplar.
Assim, estudos da fauna parasitária em animais selvagens são importantes para o auxílio no
controle e prevenção de doenças parasitárias. Compreender o seu ciclo, como se transmite,
que impacto tem no animal e noutras espécies, incluindo o ser humano, é fundamental, pois
muitas zoonoses estão associadas a animais selvagens, que servem de reservatório para
ecossistemas domésticos e vice-versa (THOMPSON, 2013).
CONCLUSÃO
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ABSTRACT
RESUMEN
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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