PF2016Rachel Huber
PF2016Rachel Huber
PF2016Rachel Huber
Rachel Huber
Passo Fundo
2016
Rachel Huber
Passo Fundo
2016
Dedico esse trabalho aos meus filhos caninos
por estarem sempre me fazendo companhia,
sem pedir nada em troca. A verdadeira
expressão da cumplicidade.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Benami
Bacaltchuk por ter sido um guia, um mestre, um
amigo. Por se mostrar compreensivo com
minha falta de conhecimento em alguns
momentos, pelas orientações a base de cafeína,
por tentar tirar sempre o melhor que pude
produzir na elaboração do trabalho e
principalmente por ser minha inspiração para
trilhar um futuro na vida acadêmica. Obrigada!
Enquanto homens não forem treinados
a reter um julgamento na ausência de
evidências, eles serão persuadidos por
profetas cheios de certezas, e é provável
que seus líderes serão ou fanáticos
ignorantes ou charlatões desonestos.
Bertrand Russel
RESUMO
Como base importante para a história da propaganda, neste trabalho se desenvolveu um estudo
sobre os mecanismos utilizadas pelo Ministério da Propaganda Nazista para persuadir jovens
alemães durante o período do III Reich através do discurso escrito. Efetuou-se uma pesquisa de
cunho bibliográfico para conhecimento aprofundado da temática dos mecanismos de persuasão,
assim como a significância de um discurso na moldagem de processos sociais. Com o objetivo
de abordar a relevância da ordem textual da propaganda nazista na construção dos processos
cognitivos do jovem alemão, realizou-se uma abordagem histórico cultural da história alemã e
da participação da Juventude Hitlerista na sociedade durante o período proposto a estudo. Trata-
se de uma análise de discurso de propagandas impressas produzidas nos anos de 1935 e 1944,
períodos importantes e com objetivos distintos relativos a um grande acontecimento histórico
do século XX.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9
1. PROPAGANDA E PERSUASÃO ..................................................................................... 11
1.1 A Propaganda .................................................................................................................. 11
1.2 A Persuasão ..................................................................................................................... 12
1.3 Estratégias de Persuasão ................................................................................................. 15
1.4 Discurso .......................................................................................................................... 18
2. O TERCEIRO REICH....................................................................................................... 22
2.1 A Alemanha e o Início do III Reich ................................................................................ 22
2.2 Surgimento da Ideologia Nazista .................................................................................... 25
2.3 O Jovem Alemão ............................................................................................................ 28
2.3.1 Juventude Hitlerista .................................................................................................. 29
2.4 A Propaganda Nazista no III Reich ................................................................................ 32
2.4.1 A propaganda para jovens ........................................................................................ 35
3. O MÉTODO, A ANÁLISE E A DISCUSSÃO ................................................................. 38
3.1 Análise do Discurso ........................................................................................................ 40
3.2 Análise do Discurso das Propagandas Impressas ........................................................ 41
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 48
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50
9
INTRODUÇÃO
1. PROPAGANDA E PERSUASÃO
1.1 A Propaganda
Com surgimento datado no século XVI, a palavra tem origem do latim propagare e teve
por definição inicial a propagação de doutrinas religiosas, tendo ligação direta com o
protestantismo e no surgimento de panfletos (LUPETTI, 2000, p.31). Procurando contrapor as
ideologias1 da Reforma Luterana e difundir a fé da Igreja Católica pelo mundo, o papa Clemente
VII no ano de 1597 fundou a Congregação da Propaganda. A partir dessa data, a propaganda
passa a absorver diversos sentidos, não somente mais religiosos como também princípios
políticos e culturais. Hoje, suas atuais definições não condizem mais com o sentido clérigo de
quando criada.
Largamente confundida com o termo publicidade, a propaganda se designa a reprodução
e difusão de um sistema ideológico, social ou político e não mais somente religioso, e tem por
finalidade conseguir a adesão do indivíduo, seja ela completa ou parcial, sem um objetivo
comercial. Já a publicidade “[...] é vista como um conjunto de métodos encaminhando a favor
da venda de produtos e serviços [...]" (GOMES, 2003, p. 11).
Para Ramos (1998, p.12) a propaganda "é uma técnica de comunicação, a divulgar os
benefícios de um produto, de um serviço ou de uma ideia, e que para sua expressão se vale das
artes e de algumas ciências". Pode ser considerada como uma mistura de arte, técnica e ciência,
que visa levar adiante um determinado ideal. É produtora de sentidos, cria novos fatos e
impulsos que alimentam e garantem a existência de uma sociedade.
1
Ideologia é considerada como um conjunto de ideias que tende a caracterizar o pensamento de uma pessoa, uma
sociedade ou de uma época. É norteadora e transformadora de um sistema socioeconômico, político e cultural de
um conjunto de pessoas que vivem em determinada sociedade.
12
1.2 A Persuasão
Diante de se ter exposto no tópico anterior no qual se explanou sobre o que é de fato a
persuasão ou o ato de persuadir, faz-se necessário agora entender de que forma a persuasão é
concretizada. Como descrito anteriormente, o ato persuasivo está concentrado e fatores
emocionais e cognitivos. Não seria estranho afirmar que os métodos persuasivos que serão
descritos posteriormente visam alterar de alguma forma a consciência humana.
Os mecanismos de persuasão abrangem várias esferas, porém são abordadas nesse
trabalho três estratégias propostas por DeFleur e Ball Rokeach (1993) que tem por finalidade a
ação ostensiva. Segundo os autores, existem três estratégias teóricas de persuasão que
comumente são as mais abordadas e que são capazes de absorver as demais teorias existentes
(DEFLEUR E BALL ROKEACH 1993, p. 293). São elas: estratégia psicodinâmica, estratégia
sociocultural e estratégia de construção de significado.
A estratégia psicodinâmica de persuasão trabalha com fatores que alteram ou adicionam
os fatores cognitivos na conduta do comportamento humano, como as necessidades, os
impulsos, as crenças, interesses e valores. A partir do momento que o indivíduo percebe uma
contradição naquilo que acredita ou vivencia, começa a sofrer de um sentimento de dissonância
e isso será um ponto fundamental para que ele procure entrar em coerência com o meio
novamente, ressaltam DeFleur e Ball Rokeach (1993, p.295).
Carvalho (1998, p. 419) analisa a face interior do ser humano, onde a propaganda leva
o indivíduo a perceber a falta de algo como amor, afeto, sucesso, reconhecimento. Para que esse
vazio se complete, a propaganda se utiliza da sedução das palavras que despertam a felicidade
do indivíduo.
O mesmo acontece quando o indivíduo é privado de algo, gerando nele uma situação de
necessidade, o que pode o levar ao impulso. Para os autores "a abordagem cognitiva como
estratégia para persuasão salienta que a estruturação interior da psique é um produto de
aprendizagem." (DEFLEUR e BALL ROKEACH, 1993, p. 296). Em uma breve explicação, a
estratégia psicodinâmica é representada na Figura 1.
16
Como terceira e última estratégia persuasiva proposta por DeFleur e Ball Rokeach
(1993) se tem a estratégia de construção de significados. Os autores afirmam que todos os dias
somos bombardeados por uma torrente de imagens jogadas através da mídia e da imprensa
criando múltiplos significados. DeFleur e Ball Rokeach (1993, p. 309) afirmam "[...] as
comunicações de massa estabelecem, ampliam, substituem e estabilizam significados para
17
2
Mass media: meios de comunicação; mídia.
18
vocabulário com palavras fortes, vocativos e expressões agressivas, afirma Dihel (1996, p.123)
ao citar as técnicas persuasivas utilizadas durante a construção da propaganda nazista. Assim,
“visando a um condicionamento mais resistente do comportamento, recorre-se ao processo de
modelagem que, através do reforço diferencial e de aproximações sucessivas, modela uma
forma final de comportamento” (HOLLAND e SKINNER, 1975 apud LAZZAROTO, 2004, p.
27).
Compreende-se que o objetivo principal da persuasão, é movimentar a sociedade. Todos
os métodos de persuasão, científicos ou empíricos, tendem a alguma forma a coerção da massa.
No decorrer desse trabalho são abordados métodos coercitivos específicos e detalhados que
foram determinantes para a construção de um imaginário em uma sociedade num dos períodos
mais importantes para a história da propaganda.
1.4 Discurso
Carvalho (1998, p.17) acredita que um discurso de cunho publicitário, por exemplo, é
um instrumento de controle social, que para conseguir seus objetivos, é capaz de retirar de cena
a visão autoritária e simula um igualitarismo, utilizando-se de uma linguagem de sedução.
Destaca, que o discurso tem como legitimidade a dominação das elites sobre uma sociedade.
De certa forma, vários tipos de discurso reportam a características da sociedade em que se
inserem no momento. A ordem social e linguística de uma sociedade funciona como um
mercado, onde as expressões são exportadas e consumidas como mercadorias, afirma
Fairclough (2001, p. 94).
Quando se analisa um discurso, mesmo que seja uma fala individual, Fischer (2001, p.
207) acredita que não se está diante da manifestação de um único sujeito, puro, límpido em sua
consciência, mas sim, de um indivíduo que é construído por um universo de manifestações
socioculturais. É através da expressão desse indivíduo que outros seres se dizem.
Por vias de uma análise sociológica, Carvalho (1998, p. 17) ressalta que o discurso,
publicitário ou não, mesmo não se dirigindo a algum indivíduo em especial, dá a ideia, através
da sedução da linguagem, que este é único, singular, ao mesmo tempo, que o faz sentir-se
membro do conjunto social.
Pois se o discurso acontece do uso da linguagem de um indivíduo para outro, resultando
uma determinada ação, seria o discurso não somente uma atividade apenas individual e sim
uma forma de prática social? Para Fairclough, sim. O autor acredita que o discurso contribui de
certa forma para a estruturação de inúmeras formas de construção e modificação social e de
identidades, traz uma significação ao mundo. Cita que "[...] a constituição discursiva da
sociedade não emana de um livre jogo de ideias nas cabeças das pessoas, mas de uma prática
20
social que está firmemente enraizada em estruturas sociais materiais, concretas, orientando-se
para elas" (FAIRCLOUGH, 2001, p. 93).
De todas as modalidades de discurso que se tem conhecimento, a mais presente é a do
discurso político. Não somente um canalizador de poder, também é uma prática de sustentação
ideológica. A “teatrologia” política seduz de forma peculiar. Como foco de estudo proposto por
este trabalho, é a prática que tomara destaque nesse momento.
Concebido como uma transformação e estabelecimento das relações de poder nas
entidades onde existem relações de poder, para Fairclough (2001, p. 94) o discurso como prática
política é mais do que uma prática ideológica. Ele é um marco delimitador da luta pelo poder.
Para o autor, o discurso como prática ideológica serve para transformar os significados diversos
das relações de poder existentes, servem para as reestruturar.
Em princípio, então todas as relações de poder podem ser afetadas por alguma prática
discursiva. Sendo que uma ideologia surge em uma sociedade onde exista relação de poder e
dominação com base em classes sociais, grupos econômicos e culturais, a partir do momento
que o indivíduo se torna capaz de transpor essa sociedade, ele transpõe uma ideologia, afirma
Fairclough (2001, p. 121). Teoria reforçada por Maingueneau (2002, p. 53) ao dispor que o
discurso é uma forma de ação, onde toda enunciação constitui um ato, modificando assim uma
situação.
A prática discursiva em si pode ser dividida em dois segmentos de acordo com sua
apresentação: oral e escrita.
Enunciados orais são aqueles os quais o suporte físico é transmitido por ondas sonoras,
não só pela fala, mas também como auxílios de sons adjacentes. Permite que se junte ao
enunciado mais de um locutor, incrementando sua fala.
Nesse tipo de discurso, o orador (ou aquele que anuncia) não necessariamente encontra-
se frente a frente com o receptor da mensagem, podendo acorrer através de uma gravação de
rádio ou televisão, por exemplo. Encontra-se na forma de músicas, lemas, orações,
apresentações públicas como comícios políticos, conversas informais, aulas, dentre outros.
Maingueneau (2002, p. 74) associa oralidade com instabilidade a medida que palavras podem
se dispersar, porém, segundo o autor tudo depende para os fins que o discurso se serve.
Já os enunciados gráficos são aqueles que tem como suporte físico a transmissão por
papel ou por via informatizada (computadores, telefones). Maingueneau (2002, p. 74) não
diferencia discursos escritos a mão ou impressos. O autor associa a escrita com estabilidade, ao
contrário do discurso oral, pois de certa forma a escrita assegura a preservação dos termos
21
2. O TERCEIRO REICH
Como pode ser brevemente analisado no capítulo anterior, este trabalho aborda da
temática nazista, e este capítulo atual refere-se ao contexto histórico, social e econômico o qual
a Alemanha encontrava-se no final no início do século XIX e que foi responsável pela inserção
do regime nazista nessa sociedade. Também objetiva a descrição das características do jovem
alemão no III Reich e a participação do Juventude Hitlerista na sociedade alemã. Contudo, a
importância do uso da propaganda na construção do III Reich e principalmente, a propaganda
direcionada ao jovem alemão, tido como o futuro da nação.
3
Termo utilizado para designar o Chefe de Governo da Alemanha, também conhecido como Reichskanzler.
Hoje, o título equivale ao cargo de primeiro-ministro.
4
O termo Kaiser deriva do latim cæsar e significa Imperador.
23
imperial e levando a criação da primeira república democrática alemã. No ano de 1919, segundo
Perry (2002, p. 572) a Assembleia Nacional transfere o governo de Berlim para Weimar, elege
um novo chanceler e prepara uma nova constituição, para desprezo da população e vitória dos
revolucionários.
Segundo Diehl (1996, p. 29-30) uma das cláusulas existentes da nova constituição daria
instrumentos legais para que os nazistas chegassem ao poder 14 anos depois: “em caso de crise
ou ausência da maioria parlamentar, o Parlamento poderia ser dissolvido pelo presidente, que
escolheria um novo chanceler”.
Em junho de 1919 as demais potências europeias assinam o Tratado de Versalhes pondo
fim oficialmente a I Guerra. Para Diehl (1996), o Tratado vinha carregado de vergonha,
basicamente obrigava os alemães a declararem “Culpa de Guerra” e a se desfazerem de 13% de
seu território, onde até mesmo o povo se viu obrigado a pagar os danos da guerra.
A República de Weimar, por apresentar instabilidades devido a constantes lutas de
oposições e ideias, começa a causar desconforto nos detentores de maior capital financeiro, a
classe média, como afirma Perry (2002, p. 574)
5
Putsch pode ser designado como golpe ou tentativa de golpe, com o objetivo de tomar o poder. Por vezes, utiliza-
se da participação de militares ou organizações secretas.
24
instabilidade política e a grave crise econômica mundial de 1929 faz a República de Weimar
declinar, afirma a autora.
Em 30 de janeiro de 1933, o Partido Nacional Socialista do Trabalhadores Alemães
(NSDAP6) é maioria no Parlamento, o atual chanceler sente-se pressionado e Hitler assume o
poder com o título chanceler, o grande Führer7. Segundo Bartoletti (2006, p. 35) em fevereiro
do mesmo ano, a NSDAP põe fogo no Parlamento alemão e repõe a culpa em um ato comunista,
a partir desse momento, Hitler cancela direitos civis, bane imunidade doméstica, liberdade de
opinião e imprensa.
Tem-se de fato, a partir desse momento, a instalação do III Reich8. Regime este, que
duraria 12 anos, de 1933 a 1945 e que mudaria definitivamente a história da humanidade.
Para Diehl (1996, p. 63) uma das grandes armas para aumentar a popularidade e fixar a
imagem do Führer como grande salvador, é criado o Ministério do Reich para o Esclarecimento
do Povo e da Propaganda, chefiado por Joseph Goebbels. Grande marco no regime nazista, a
propaganda será definitiva para a idealização da proposta de “Hitler [...] como grande guia
condutor da fé, o grande arquiteto da comunhão nacional” (LENHARO, 1995, p. 45).
Agora como líder supremo da nação, Hitler tem o poder de manipular as leis, controlar
o governo e tornar o NSDAP como único partido legal da Alemanha. Com a gestão de
Goebbels, Diehl (1996, p. 64) ressalta que o governo buscava o controle cultural da população,
mantendo como foco principal as crianças do III Reich, o futuro da nação. A intenção do Führer
era de submissão total da sociedade alemã.
6
Em alemão, Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei.
7
Derivado do verbo alemão führen, que significa conduzir, o termo Führer significa guia, líder, chefe, e é
usualmente designado quando se trata da figura pública de Adolf Hitler assim que assume como chanceler da
Alemanha.
8
A palavra alemã Reich tem como significado original o termo “rico”, mas é usada para designar um reinado,
império ou nação.
25
Perry (2002, p. 581) relata que após a retirada da assinatura do Tratado de Versalhes em
1937, tomados por uma revolta do assassinato de um diplomata alemão por um jovem judeu,
em novembro de 1938, um grupo nazista realiza a Noite de Cristal. Segundo o autor, dezenas
de judeus são assassinados, residências, estabelecimentos e sinagogas são incendiados,
iniciando nesse momento a intensificação da política antissemita.
O III Reich foi organizado de tal forma que Hitler representava a vontade real e a
salvação do povo alemão. Detinha o poder, era leal aos olhos da população e buscava uma
nação livre de imperfeições.
9
Em alemão, Deutsche Arbeiterpartei.
26
Para o estudioso do tema, Lenharo (1995, p. 17/18) o nazismo possuía como doutrinas
principais: defesa do espaço vital, reforma agrária na Alemanha, punição severa para
desordeiros, apologia do nacional-socialismo, e a mais importante de todas, a exclusão do judeu
da comunidade alemã e exaltação do arianismo10.
O arianismo, como raça pura, deveria se sobrepor a qualquer outra raça, dava garantia
de supremacia e justificava todo e qualquer ato a fim de alcançar o poder, afirma Diehl (1996,
p. 45). Hitler acreditava e disseminava a ideário de que o ariano era a perfeição em Terra, únicos
seres com capacidade física e intelectual de transformar a humanidade.
10
O termo ariano que constrói o arianismo possui diversas significados. Tem como sentido original e cristão datado
do início do cristianismo como uma filosofia que desconsiderava Jesus Cristo e Deus como um único ser. Na visão
nazista, o arianismo defendia a concepção de que o povo alemão descendia de uma linhagem pura de seres
humanos. Loiros, altos, magros e de olhos azuis, construíam o imaginário de um ser humano perfeito e infalível.
De acordo com Narloch (2013, p. 185) o termo ariano quer dizer iraniano, povo originário da Ária, terreno próximo
a Índia onde hoje fica o Irã. Antropólogos com tendências racistas do século XIX acreditavam que pessoas do
Cáucaso eram os melhores exemplares da raça branca (daí o termo caucasiano).
11
United States Holocaust Memorian Museum.
27
humana (LENHARO, 1995, p. 57). Assim como para Lenharo, Perry (2002) afirma ser o
antissemitismo uma obsessão mental de Hitler, causadora do desastre do III Reich.
Na interpretação de Hitler, o ariano é o criador da civilização, em contrapartida, segundo
Perry (2002, p. 577), o judeu apresenta todas as piores qualidades de um ser humano, sendo um
indivíduo advindo de outra raiz da raça humana.
No ano de 1940 a prática do antissemitismo atinge outras proporções. Diehl (1996)
aborda que o uso intensivo da propaganda nazista com foco antissemita chega as vias de
fanatismo, impulsionando um ódio histérico ao judeu. Com a publicação em 1940 do filme O
Eterno Judeu12, de Fritz Hippler, as deportações aos campos de extermínio começam a
acontecer em massa, afirma a autora
Para autores como Lenharo (1995) e Diehl (1996) a utilização da figura de Hitler como
um mito, o grande salvador da nação, contribuiu para desorientar a população a ponto de se
deixar ser manipulada e tolerar as atrocidades impostas pela ideologia nazista.
Como parte da visão do controle total, a política nazista aponta para o controle das
crianças do III Reich, afirma Diehl (1996). Visionados como os perpetuadores da raça perfeita,
a ariana, a juventude alemã deve ser construída visando a obtenção de indivíduos perfeitos.
Segundo a autora, o Estado passa a controlar a educação intelectual, cívica e principalmente
física.
Com o intuito oculto de proporcionar divertimento, aventura e novos heróis para
venerar, no ano de 1926, ainda na República de Weimar, é criada a Juventude Hitlerista13,
organização de jovens dedicados ao Führer (BARTOLETTI, 2006, p. 13). A criação da
Juventude Hitlerista funciona como uma fábrica de disseminação do pensamento de vida
coletiva e auto sacrifício, o que levaria a ideologia de veneração ao líder a um nível de prejuízos
incalculáveis.
Apesar de pouco descrito na literatura que aborda o nazismo, a criação da Juventude
Hitlerista e a modelagem do jovem alemão ao ideário nazi, é um dos fatores para a compreensão
da permanência do III Reich. Por esse motivo, o público jovem alemão é foco desse trabalho e
melhor elaborado nos subcapítulos subsequentes.
O objetivo do nazismo sempre foi criar um povo que se dedicasse ao partido, seu ideal
e que pusesse em prática o fanatismo frenético, afirma Perry (2002, p. 580). O autor ainda
descreve que a ideologia nazista apanhava todas as fases da vida cotidiano do indivíduo, não
havendo separação entre vida privada e política. Tudo estava sob as mãos do partido. A
12
Em alemão, Der ewige Jude.
13
Em alemão, Hitlerjugend.
28
dominação, para Hitler (1925, p. 270), era um curso natural da vida, onde o papel do forte, é
dominar, e “somente um débil de nascença poderá ver nisso uma crueldade, o que se explica
pela sua compleição fraca e limitada”. Para o partido, todo ato era legítimo.
[...]. Mas os jovens! Será que existem melhores no mundo? Olhem para todos esses rapazes e
meninos! Que material! Com eles, posso formar um mundo novo” (HITLER, 1937 apud
BARTOLETTI, 2006, p. 14).
14
Em alemão, Jungwolk. Também chamado de Jovem Camarada.
15
Em alemão, Jungmädel. Também chamadas de Belas Donzelas.
16
Juventude Hitlerista, de fato.
17
Em alemão, Bund Deutscher Mäden, de sigla BDM. Apesar de fazer parte da Juventude Hitlerista, a instituição
preferia designar a parte feminina como Liga das Moças Alemãs.
30
Fonte: Wikiwand
Os meninos eram treinados de forma que pudessem ingressar na vida militar, de modo
que as meninas eram treinadas para seres boas mães e donas de casa. Atividades físicas eram
intensamente realizadas e eventos esportivos acabaram se tornando um exercício de
patriotismo, afirma Bartoletti (2006, p.32). A intenção, acima de tudo, é tornar indivíduos
resistentes e determinados.
31
A nação de indivíduos perfeitos idealizada pelo Führer acreditava que tudo deve
começar pela família, onde a mãe é base do sistema, por isso o fato das meninas seres criadas
com o ideal de reprodução do arianismo (DIEHL, 1996, p. 66).
Com uma programação diária de mais de 12 horas (das 7h às 21h) o social nacionalismo
só se fortalecia. Bartoletti (2006, p. 31) retrata que “os nazistas sabiam do que as crianças
gostavam – uniformes, bandeiras, bandas de música, distintivos, armas e histórias de heróis – e
ofereciam tudo isso em quantidade”. O controle eufórico causado pelo nazismo pode ser visto
no juramento da organização: “Na presença desta Bandeira de Sangue, que representa o nosso
Führer, juro dedicar todas as minhas energias e minhas forças ao Salvador de nosso país, Adolf
Hitler. Aceito e estou disposto a dar minha vida por ele. E que Deus nos ajude.”
(BARTOLETTI, 2006, p. 28).
Apesar do cultivo ao ódio de alguns grupos sociais, a o jovem alemão pregava um
pensamento de coletivismo. Respeitar o cidadão alemão, abandonar a cultura do consumo e o
capitalismo e não pensar apenas em si próprio, afirma Narloch (2013, p. 195).
No decorrer dos anos do III Reich, a massa jovem tomou mais adeptos e em 1938 a
Juventude Hitlerista contava com aproximadamente 8 milhões de jovens, afirma Bartoletti
(2006, p. 37). No dia 5 de setembro do mesmo ano, na cidade de Nuremberg acontece o Décimo
Congresso Anual do Partido Nacional Socialista contando com a presença de 80 mil integrantes
entusiastas da Juventude Hitlerista.
Com uma geração construída aos moldes do Führer, o jovem da Juventude Hitlerista é
levado à II Guerra. Integrantes mais novos são recrutados a cavar trincheiras por dias
ininterruptos, os acima de 18 anos começam a ingressar na Wehrmacht18 ou na SS19, moças são
encarregadas de entrar nos lares para recolher donativos aos soldados ou apenas para tomar
18
Forças armadas alemã.
19
Em alemão, Schutzstaffel. Designado como Esquadrão de Proteção, era um grupo paramilitar, seleto, comandado
por Heinrich Himmler, braço direito de Adolf Hitler, que tinha como intuito instalar a “ordem” no III Reich através
de táticas de terror.
32
poder dos pertences de judeus expurgados de suas residências, relata Bartoletti (2006). O jovem
alemão está à frente do holocausto causado pela Guerra.
A propaganda nazista tem papel decisivo no controle do jovem alemão, ela o encoraja à
luta com chamadas radiofônicas incessantes, cerimônias nazistas de caráter ritualístico e
cartazes de recrutamento, como cita Dihel (1996, p. 82) “o corpo passa a ser treinado e
disciplinado a fim de espelhar a “perfeição” nacional-socialista”.
A revolução de ideias que o nazismo se propôs, seduziu moças e rapazes dispostos a
dedicar a vida pelo país. Após o flagelo deixado pela I Guerra, moças e rapazes enfim haviam
encontrado uma razão incondicional para se dedicar e viver. Como relato encontrado em um
diário de um rapaz de 27 anos no qual descreve “nós aprendemos muito cedo, durante os dias
de luta do movimento, a procurar por desafios, em vez de esperar que venham até nós”
(NARLOCH, 2013, p. 199)
Durante a construção do III Reich, a propaganda foi tomando poder assim como o
crescimento da figura de Hitler. A propaganda tornou-se um dos principais meios de atração da
população para as ideias do nacional-socialismo proposto pelo Partido Nazista.
Com a criação do Ministério do Reich para o Esclarecimento do Povo e da Propaganda
no ano de 1933, chefiado por Joseph Goebbels, o nazismo deu início a um processo de
restauração cultural onde as artes foram moldadas a fim de sustentar os objetivos do Partido
Nazista, afirma Lenharo (1995). A partir desse ano, o Ministério passa a controlar todas as
esferas da cultura alemã, incluindo filmes, músicas, imprensa, literatura, artes em geral e
principalmente o rádio.
Exaltar a figura do líder, formar uma identidade nacional e construir uma nação, tanto
no quesito territorial quanto no sentido nacionalista são elementos da elaboração da propaganda
nazista. Segundo Diehl (1996, p. 81), “a sustentação do sistema se dá por meio de uma estrutura
dupla onde ‘propaganda e organização’ estão em ‘função uma da outra”. A autora ainda afirma
que a propaganda era responsável por criar uma unidade de sentido, onde a instabilidade seria
sempre alimentada de novos impulsos garantindo a permanência do nacional-socialismo.
De acordo com a intencionalidade do Partido Nazista, Diehl (1996) divide a propaganda
em dois níveis:
33
a. Conquista de simpatizantes;
Conhecida como propaganda de adesão, abrange a população comum e tem o objetivo de
persuadi-la de que a NSDAP é a única salvação para a nação alemã. O indivíduo ainda
não se encontra inserido no sistema totalitário mas sente-se atraído pelo ideário do
mesmo.
Através de leituras de diários de Goebbels, Longerich (2014, p. 91) pode ser indicado o
relato como o Ministro desenvolveu alguns princípios de design das propagandas nazistas.
34
[...] os cartazes de texto vinham em primeiro lugar. Deviam cunhar frases “que se
transformem em palavras de ordem”. Deviam ser “uma escala habilmente formulada
de saltos mentais aparentemente gratuitos”. [...] A leitura do conjunto devia durar no
máximo um minuto. [...] “A cor do nosso movimento é vermelho vivo. Os nossos
cartazes, sem exceção, têm exclusivamente essa que é a cor da revolução”.
(LONGERICH, 2014, p. 91)
A propaganda nazista durante o III Reich fez-se massivamente através do uso constante
de símbolos e pelo poder da palavra. Bartoletti (2006) relata que o uso do rádio para chamadas
informativas à população foi uma das táticas mais eficazes, à medida que o rádio é considerado
um meio que aproxima e é de fácil acesso.
Assim como Bartoletti (2006), Diehl (1996) destaca o uso constante de palavras de
ordem que proferiam a necessidade de se acreditar no poder de restauração da nação pelos
líderes do movimento, na qual, estava predestinada à vitória. O discurso enfático e de entonação
imponente preferido pelo Führer e seus aliados, destaca ainda mais a intensidade do poder
nacional-socialista.
Como responsável pela propaganda do partido nazista durante alguns anos, aliada a
intensa vida militante, Hitler percebe que com apoio da imprensa popular, a propaganda maciça
e efetiva é uma das formas de conseguir atingir as grandes massas. Segundo Lenharo (1995,
p.39) uma das chaves para a persuasão da população era converter a própria massa como sendo
peça essencial para a sustentação da organização que era o III Reich.
Utilizar da demonização dos oponentes, mesmo que fazendo uso de princípios que vão
contra a razão e a lógica, é uma das formas de legitimar e justificar os horrores que a futura
guerra instauraria. O ódio contra os judeus, por exemplo, envolveu o povo alemão numa crise
de consciência, como afirma Lenharo (1995, p. 57).
As massas não são movidas por ideias cientificas ou por conhecimentos objetivos e
abstratos mas por sentimentos primitivos, terror, força e disciplina. A propaganda
reduziu tudo a slogan simples, intensamente repetidos e concentrou-se sobre um único
inimigo, despertadas pela palavra falada. (PERRY, 2002, p. 578)
A população passa por uma espécie de doutrinação que se assemelha a uma crença
religiosa, onde atos simbólicos instauram misticismo à figura do Führer, tomando- o como o
novo messias, relata Diehl (1996).
35
Como nos demais regimes totalitários, o emprego do uso do terror alavancou o regime
nazista. Com uma substancial falta de vínculo com a realidade externa ao sistema, Diehl (1996,
p. 97) afirma que para manter o regime nazista ativo, utilizou-se permanentemente do medo e
do controle, onde “o terror vai destruindo os laços que unem os indivíduos [...] eliminando
primeiramente as capacidades políticas e, em seguida, as sociais”. Desta forma, a sociedade
perde forças, torna-se vulneral, se deixa tomar pelas razões do governo totalitário e deixa de
intervir socialmente.
A propaganda nazista de todas as formas buscou persuadir as mentes a reverenciar ao
Führer acima de todas as coisas. Como afirma Perry (2002, p. 582) o intuito sempre foi
obedecer ao regime e sua doutrina, privando o cidadão de pensar por si próprio, desorientando-
os da racionalidade e fazendo-os seguir uma única direção: dar mais poder a quem já está no
poder.
Para Perry (2002, p. 582), “o regime empenhou-se em falar aos jovens”. A partir dos
anos 1930 a propaganda para jovens começa a tomar corpo, o que se intensifica em 1936, a
medida em que todos os jovens de 10 a 18 anos passaram a juntar-se obrigatoriamente à
Juventude Hitlerista. A propaganda foi usada para doutrinar os jovens.
36
20
Raça superior.
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Em alemão, Hitlerjunge Quex.
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A proposta do segundo capítulo foi de uma descrição sintética, porém, notória, relativa
a estruturação do III Reich. Após a coleta de dados sobre a contextualização histórica que
antecede o III Reich através da leitura de autores como Perry (2002) e Lenharo (1995).
Não sendo possível a descrição deste período histórico sem uma abordagem sobre a
ideologia nazista, coube uma breve definição acerca do assunto. Nesse momento, foram
utilizados autores referenciais sobre o mesmo, como Diehl (1996) e Narloch (2013).
Como público principal analisado no trabalho, buscou-se em seguida uma explicitação
detalhada envolto a vida do jovem alemão no período do III Reich, mais precisamente, à sua
participação da organização Juventude Hitlerista, assim como uma descrição do funcionamento
da mesma e qual seu verdadeiro objetivo quando imposto pelo governo nacional-socialista. Para
uma descrição detalhada do assunto, utilizou-se a obra de Bartoletti (2006), no qual também
serviu de grande inspiração para a elaboração deste trabalho.
Assim como a descrição da participação do jovem na sociedade alemã, a definição do
funcionamento da propaganda nazista para o público em geral e para o público jovem, foram
imprescindíveis para a análise das peças publicitárias propostas pela autora do trabalho.
Realizou-se uma breve descrição da participação da propaganda na conquista do poder pelo
partido nazista e como ela pode ser classificada de acordo com seu propósito ao longo dos 12
anos de Reich. Em seguida, destinou-se uma parte do capítulo à narração dos motivos os quais
foram remetidos ao público jovem grande parte da propaganda elaborada no período de
vigência do regime nazista.
O método escolhido para análise das peças gráficas propostas foi a análise do discurso,
baseada na obra de Fairclough (2001). O autor aborda com notoriedade o discurso de ordem
ideológica com ênfase em sua interferência na ordem social e cultural.
A escolha das duas peças baseou-se em três fatores: Ano da produção do cartaz,
momento histórico do ano da publicação e seu respectivo posicionamento sociocultural e
significância de conteúdo textual. A opção de peças impressas com presença de discurso escrito
foi devido ao fato de que o conjunto texto/imagem possuem maior significância para expressar
a proposta do esclarecimento acerca da persuasão de discurso ideológico.
A análise foi feita com a leitura e descrição dos dados representados através de imagens
nos cartazes, assim como a leitura e interpretação da parte textual. Analisou-se a
intencionalidade do uso de certas imagens, cores e expressões. Por fim, a classificação do
discurso de cada peça de acordo com os métodos de persuasão propostos por autores como
DeFleur e Ball Rokeach (1993) e a relativa significância do uso dessas propagandas na
construção do ideário nazista na mente do jovem durante o III Reich.
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afirmação correta é de que esses sentidos das práticas discursivas são na verdade os sentidos
das palavras e que elas são de fato, ideológicas.
O discurso proferido nas propagandas nazistas sejam elas escritas ou orais possuem
explicitamente características ideológicas, à medida que a temática envoltória é a disseminação
de uma doutrina elaborada por um governo. Independente do período, antes ou durante o III
Reich, o objetivo do partido nazista é proliferar a doutrina nazi através da maciça persuasão da
população.
O autor ao citar que a prática discursiva envolve três processos, sendo eles o de
produção, distribuição e consumo do texto, indaga a significância da interferência do meio
social diante desses três processos. O discurso nazista, classificado com discurso ideológico,
confirma a tese descrita pelo autor.
Fairclough (2001, p. 117) entende que um discurso ideológico funciona como uma
construção da realidade, elaborada através de várias formas e sentidos das práticas discursivas
e que contribuirão para uma produção e reprodução das diversas formas de dominação. A
afirmação correta é de que esses sentidos das práticas discursivas são na verdade os sentidos
das palavras e que elas são de fato, ideológicas.
Correlacionado ao uso das palavras, o autor afirma que para um discurso ser classificado
de ordem ideológica, é necessário que ocorra a simultaneidade de elementos autoritários com
elementos democráticos e igualitários durante a fala. O uso de pronomes inclusivos como o
“nós” transmite ao indivíduo a sensação de fazer parte da cúpula governamental a qual emite o
discurso, uma tentativa de inserir o cidadão em módulo de igualdade.
É de suma importância salientar que ocorre uma mudança discursiva a medida que
também ocorrem mudanças socioculturais no ambiente onde está segmentado o discurso. A
mudança na produção e interpretação do discurso nazista pode ser observada ao longo da
construção de suas campanhas, desta forma, a escolha de duas peças de períodos distintos para
o estudo proposto nesse trabalho explicita a dissonância dos contextos socioculturais vividos
ao longo do III Reich.
Como propostas pela autora, as peças gráficas escolhidas foram elaboradas em períodos
distintos do III Reich. Ambas direcionadas ao público jovem, de diferentes idades, mas com
propósitos claramente distintos na abordagem de seu discurso.
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Nota: Tendo a língua alemã como idioma original das peças e a ortografia vigente nas décadas de 30 e 40, a
tradução das expressões dos cartazes para o ano de 2016 tornam-se levemente alteradas de acordo com a nova
ortografia alemã, mas ainda assim, são de fácil compreensão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
discursiva das peças ainda pode se perceber o poder imposto a certos termos ou palavras e que
de fato, destacam-se na leitura do cartaz. O discurso da propaganda direcionada aos jovens
sempre buscou relembrar a importância da luta coletiva e da união. Foi com a utilização de
termos racionais que davam a compreensão de que a “união faz a força” é que a persuasão foi
devidamente alcançada.
Atingir através de palavras as funções cognitivas de uma população jovem, fragilizada
com uma história de perdas e pronta para a revolução não foi uma tarefa difícil para os
profissionais da propaganda. Moldar essa frágil população foi possível através de simples meios
racionais já que o tempo era inimigo da guerra.
Baseando-se na afirmação de que o poder de decisão está nas mãos daqueles que
controlam as decisões da minoria, de fato conclui-se que o discurso da propaganda nazista quase
beirou a vias da perfeição. A adesão descontrolada de uma população faminta por revolução
trouxe consequências que a sociedade não é capaz de mensurar.
Este trabalho teve por objetivo principal entender o poder que um conjunto de palavras
pode interferir na construção da personalidade do indivíduo jovem. Importante entender a
interferência de um discurso ideológico não somente em um dos períodos mais importantes da
história, mas também a compreensão deste tipo de discurso nos dias atuais, onde jovens cada
vez mais são guiados por inúmeras ideologias. Como proposta, cabe um estudo futuro sobre a
interferência socioeconômica causada a uma sociedade no qual jovens de diferentes vias
ideológicas possuem voz ativa. Dessa forma, talvez seja possível compreender como algumas
sociedades são influenciadas atualmente.
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