História Da Propaganda
História Da Propaganda
História Da Propaganda
capítulo 2 • 53
técnica de propagação de ideias para fortalecer o nazismo e a luta da raça aria-
na contra os impuros, numa tentativa de justificar o genocídio de milhões de
judeus nos campos de concentração. Na imagem a seguir, a legenda diz: “O
nariz do judeu é curvado para baixo, parece um número 6”, numa tentativa de
associar o “número da besta” (666) ao povo judeu.
Nos EUA, as forças armadas utilizaram diversos cartazes para assegurar o
apoio da população ao confronto armado com a Alemanha, principalmente para
convencer os cidadãos a economizarem nos recursos disponíveis e não se revol-
tarem com o recrutamento dos homens para guerrearem nas frentes de batalha,
como vemos no cartaz dos EUA dizendo “Nós podemos fazer isso”, apoiando as
mulheres a assumirem as atividades masculinas em casa e no campo.
54 • capítulo 2
do cotidiano. É fundamentada em conteúdos racionais, mas vale-se de estratégias
emocionais para fazer a mensagem atingir determinado objetivo. Esse tipo de si-
tuação foi facilmente identificável especialmente no período do Regime Militar
no Brasil. O controle dos meios e a censura prévia imposta pelo Ato Institucional
Nº5 (AI-5) permitiam aos militares o controle dos conteúdos a serem divulgados e
a inserção, a bel-prazer, de propagandas positivas sobre o país na tentativa de evi-
tar as revoltas da população. Slogans como “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, seguidos
de informações e dados privilegiando o estado de exceção, exerceram forte influ-
ência e controle psicológico dos brasileiros durante os Anos de Chumbo.
Diante do apresentado, podemos classificar algumas formas de propagan-
da encontradas até hoje, mas que tiveram seu início com a Mídia Impressa:
Em relação aos efeitos que essas propagandas podem surtir nos receptores,
também podemos elencá-los, de forma resumida, da seguinte forma:
capítulo 2 • 55
2.3 A Mídia impressa e o uso da propaganda
como estratégia política, mercadológica e de
guerra
Sendo a primeira forma de massificação da comunicação, a mídia impressa
tem lugar cativo em grande parte da história do mundo, especialmente no que
diz respeito à propagação de ideias e ideologias. Jornais, panfletos, cartazes,
livros, entre outras formas de transmissão de mensagens por meio da palavra
escrita, valeram-se dessa tecnologia para atingir, transformar e persuadir mi-
lhões de pessoas ao longo dos séculos.
Como toda tecnologia que produz transformações nas relações sociais, a
imprensa também foi largamente utilizada de forma estratégica para difundir
princípios religiosos, partidários, mercadológicos e ideológicos, sobretudo no
período de guerra. Nesse sentido, a propaganda diferencia-se da publicidade,
apesar de estratégias publicitárias fazerem parte da propaganda, bem como
relações públicas, marketing e jornalismo. Essa diferenciação evidenciou-se,
sobretudo, após o período da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em que a
batalha não foi apenas com armas, mas também com palavras, sendo conside-
rada como uma “guerra psicológica”.
Vale lembrar que as primeiras teorias da Comunicação de Massa surgiram es-
pecialmente nos períodos de guerra, na tentativa de compreender o papel da mídia
na disseminação de ideias e quais os reflexos que essas mensagens teriam na po-
pulação. Políticos e militares se valeram das propagandas de guerra para dissemi-
nar ideologias políticas, atrelando um sentido “negativo” à ideia de propaganda.
Podem-se elencar três consequências dos usos da propaganda como estra-
tégia de guerra:
a) a propaganda política e militar foi intensificada em detrimento da pro-
paganda no domínio da “vida social”;
b) o impacto causado pela propaganda intensificou o interesse de políti-
cos, militares e pesquisadores por essa atividade;
c) o termo propaganda passou a ser visto como algo negativo, já que as-
sociaram-se a ele palavras como “manipulação” ou “mentira” (SOUSA, 2006).
capítulo 2 • 53
técnica de propagação de ideias para fortalecer o nazismo e a luta da raça aria-
na contra os impuros, numa tentativa de justificar o genocídio de milhões de
judeus nos campos de concentração. Na imagem a seguir, a legenda diz: “O
nariz do judeu é curvado para baixo, parece um número 6”, numa tentativa de
associar o “número da besta” (666) ao povo judeu.
Nos EUA, as forças armadas utilizaram diversos cartazes para assegurar o
apoio da população ao confronto armado com a Alemanha, principalmente para
convencer os cidadãos a economizarem nos recursos disponíveis e não se revol-
tarem com o recrutamento dos homens para guerrearem nas frentes de batalha,
como vemos no cartaz dos EUA dizendo “Nós podemos fazer isso”, apoiando as
mulheres a assumirem as atividades masculinas em casa e no campo.
54 • capítulo 2
do cotidiano. É fundamentada em conteúdos racionais, mas vale-se de estratégias
emocionais para fazer a mensagem atingir determinado objetivo. Esse tipo de si-
tuação foi facilmente identificável especialmente no período do Regime Militar
no Brasil. O controle dos meios e a censura prévia imposta pelo Ato Institucional
Nº5 (AI-5) permitiam aos militares o controle dos conteúdos a serem divulgados e
a inserção, a bel-prazer, de propagandas positivas sobre o país na tentativa de evi-
tar as revoltas da população. Slogans como “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, seguidos
de informações e dados privilegiando o estado de exceção, exerceram forte influ-
ência e controle psicológico dos brasileiros durante os Anos de Chumbo.
Diante do apresentado, podemos classificar algumas formas de propagan-
da encontradas até hoje, mas que tiveram seu início com a Mídia Impressa:
Em relação aos efeitos que essas propagandas podem surtir nos receptores,
também podemos elencá-los, de forma resumida, da seguinte forma:
capítulo 2 • 55
2.4 A evolução da propaganda: da
informação à sugestão e apelação
56 • capítulo 2
publicidades, os jornais descobriram não só mais uma função para esse meio
de comunicação, como também encontraram uma nova fonte de receita, ge-
rando lucros maiores que o penny (centavo) cobrado pela venda de cada exem-
plar. Nessa fase “rudimentar” ou “inicial” da propaganda, o conteúdo era infor-
mativo, e não sugestivo ou apelativo.
Utilizava-se o espaço para descrever o produto ou serviço a ser prestado,
transpondo as descrições da fala para a linguagem escrita. Não era objetivo
dessas publicações a sugestão de compra para os leitores ou a criação de neces-
sidades para venda dos produtos. Nos tempos atuais, seria uma publicidade em
que se descreveria, por exemplo, um carro, apresentando detalhes de motor, la-
taria, estofamento, entre outros detalhes descritivos, sem a utilização de frases
de efeito ou possível sugestão psicológica de que aquele seria o melhor veículo
para determinado público. Os anúncios eram mais claros, simples e diretos, ou
seja, características presentes na imprensa “popular” ou penny press.
Numa segunda fase da publicidade, começou-se a utilizar a sondagem de
consumidores para revelar as preferências e, dessa forma, orientar as campa-
nhas publicitárias. Acredita-se que esses artifícios começaram a ser utilizados
em 1729 por Benjamin Franklin. Naquele ano, ele “começou a publicar, no jor-
nal Penssylvania Gazzete, anúncios que procuravam despertar o interesse do
consumidor, não se limitando a descrever o produto” (SOUSA, 2006, p.189). O
autor ainda atribui a liderança industrial dos EUA ao fato de liderar, também, a
evolução na publicidade.
Já em 1841, a primeira agência de publicidade foi criada por Volney B.
Palmer, no estado da Filadélfia. Ele instituiu a cobrança de 25% do custo dos
anúncios publicados nos jornais. A primeira campanha publicitária registrada
foi para anunciar a abertura de uma loja de roupas para homens, também na
Filadélfia, que contou com painéis, desfiles de carros alegóricos e distribuição
de bandeirinhas com o nome e a marca da loja.
A terceira etapa da evolução da publicidade e da propaganda começou a
ter lugar após a Primeira Guerra Mundial. Foram produzidas peças com for-
te apelo persuasivo e apelativo, com a intenção de mexer com as emoções dos
consumidores. Além disso, a publicidade se associou à arte e a pintores, como
Toulouse-Lautrec, que contribuíram para que as peças ficassem mais agradá-
veis ao olhar.
capítulo 2 • 57
Figura 2.3 – Pôster de Moulin Rouge por Tolouse-Lautrec. Domínio Público. Disponível em:
http://goo.gl/UYNz6p
58 • capítulo 2
informativos e descritivos para apresentar produtos, demonstrando não ser
correto excluir nenhuma dessas etapas no fazer publicitário.
capítulo 2 • 59