Prova Comentada Magistratura Do Trabalho
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e comentar as questões da prova:
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Yasmin Ushara,
Coordenação de Metas do Estratégia Carreiras Jurídicas.
PROVA COMENTADA –
MAGISTRATURA DO TRABALHO
QUESTÃO 1 - José sofreu acidente de trabalho e foi aposentado por invalidez. Para o seu
lugar, a empresa Trabalhos Raros Ltda. contratou outro trabalhador, Florindo, alertando-o,
contudo, da condição de interino em relação a José. Quatro anos após, em reavaliação
obrigatória periódica realizada pelo órgão previdenciário oficial, José foi considerado apto
para retorno ao trabalho, pelo que compareceu à empresa portando a guia de alta expedida
pelo órgão previdenciário para retorno imediato ao serviço, sem restrições, tendo sido
confirmada pelo médico da empresa a referida aptidão.
Diante do quadro descrito e considerando o que especificamente dispõe a Consolidação das
Leis do Trabalho a respeito:
a) a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá manter Florindo e indenizar José, que, no caso,
não faz jus a estabilidade;
b) a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia e romper o
contrato com Florindo, sem precisar indenizá-lo;
c) a empresa Trabalhos Raros Ltda. poderá realocar José na função que exercia, mas, neste
caso, estará obrigada a indenizar Florindo, caso o despeça;
d) a empresa Trabalhos Raros Ltda. deverá manter Florindo, posto que o contrato com José
teve rompimento automático na data da aposentadoria por invalidez;
e) a situação configura o chamado limbo previdenciário. A confirmação do médico da
empresa é ineficaz, devendo ela simplesmente orientar José a reaver o benefício em razão
da já consolidada aposentadoria por invalidez.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
Conforme artigo 475, caput e § 1º, da CLT, se o empregado aposentado por invalidez recuperar a
capacidade de trabalho e sua aposentadoria for cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função
que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-
lo por rescisão do contrato de trabalho, salvo na hipótese de ser ele portador de estabilidade. Não
há, no caso, estabilidade do empregado.
QUESTÃO 2 - Peripécia na Bola, Jogador de futebol, mantém há três anos com o PontaPé
Futebol Clube, entidade de prática desportiva brasileira de renome internacional, contrato
especial de trabalho desportivo. O atleta recebe do clube salário fixo de R$ 20.000.00
mensais, mais acréscimos remuneratórios que somam, em média, R$ 9.000,00 mensais, além
de direito de imagem derivado de contrato civil no valor de R$ 8.500,00 mensais.
Ocorre que há três meses o clube está, sem justificativa, em débito com o atleta em relação
ao direito de imagem, não obstante em dia com todas as demais parcelas de natureza
trabalhista.
Na situação descrita, com base no que expressamente dispõe a regulamentação especial da
profissão de atleta, é correto afirmar que:
a) Peripécia na Bola pode considerar automaticamente rescindido o contrato especial de
trabalho desportivo, ficando livre para transferir-se para qualquer outra entidade de prática
desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula compensatória
desportiva, além dos haveres devidos;
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b) para considerar o contrato especial de trabalho desportivo rescindido, necessita de
decisão judicial prévia que lhe autorize o direito de transferir-se para qualquer outra entidade
de prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira;
c) PontaPé Futebol Clube terá o contrato especial de trabalho desportivo com Peripécia na
Bola rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra entidade de
prática desportiva da mesma modalidade, nacional ou estrangeira, e exigir cláusula
compensatória desportiva e os haveres devidos;
d) somente o débito quanto a parcelas de natureza estritamente salarial dariam a Peripécia
na Bola o direito de considerar automaticamente rescindido o contrato especial de trabalho
desportivo e a liberdade de transferência para outra entidade de prática desportiva da mesma
modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula indenizatória desportiva, além dos haveres
devidos;
e) deve Peripécia na Bola extrajudicialmente notificar a entidade de prática desportiva
empregadora para, querendo, purgar a mora, no prazo de quinze dias, sob pena de
rompimento do contrato e liberdade para transferir-se para qualquer outra entidade de
prática desportiva da mesma modalidade, desde que nacional, e exigir cláusula Indenizatória
desportiva e os haveres devidos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, conforme art. 31, caput e § 1º da Lei do Desporto.
As alternativas A está incorreta, devido ao uso do termo “desde que nacional”, conforme art. 31,
caput, da Lei do Desporto.
A alternativa B está incorreta. Não há necessidade de decisão judicial, conforme art. 31, caput da
Lei do Desporto.
A alternativa D está incorreta, pois também se incluem os direitos de imagem, conforme art. 31, §
1º da Lei do Desporto.
A alternativa E está incorreta, pois a rescisão é automática, conforme art. 31, caput, da Lei do
Desporto.
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a) lícita, especificamente em razão da acentuada queda de rendimento do trabalhador, mas
não a redução da gratificação de função, diante do princípio da estabilidade salarial;
b) ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de função,
por ofender, nas circunstâncias, o princípio da estabilidade salarial;
c) lícita, posto não existir estabilidade em cargo de confiança, podendo o empregador nesta
hipótese suprimir ou reduzir a gratificação, independentemente do tempo de exercício no
cargo;
d) ilícita, por configurar rebaixamento, mas a redução da gratificação de função não ofende
o princípio da estabilidade salarial, porque justificada pelas circunstâncias;
e) ilícita, por configurar rebaixamento, assim também a redução da gratificação de função,
por ofender o princípio da irredutibilidade salarial.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. Configura rebaixamento, porém não ofende a estabilidade salarial,
posto que não completou 10 anos na função, e a partir da reforma trabalhista, ocorrida em julho de
2017, não há mais aplicabilidade da Súmula 372, I do TST, passando a valer o artigo 468, §§ 1º e
2º, da CLT.
QUESTÃO 4 - Com base no que dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho, o mandato dos
membros da comissão de representantes dos empregados nas empresas com mais de
duzentos empregados, com a finalidade de promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores, será de:
a) um ano, composta por quatro candidatos eleitos pelos trabalhadores em escrutínio
secreto e por um nomeado pelo empregador, que a presidirá. Os membros escolhidos, com
exceção do representante da empresa, só poderão ser despedidos por falta grave ou motivo
de força maior;
b) dois anos e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos
trabalhadores em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Os
membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo disciplinar, técnico, econômico
ou financeiro;
c) um ano e decorrerá de eleição realizada pelos trabalhadores para escolha de três a sete
membros conforme o porte da empresa. Desde o registro da candidatura até o fim de seus
mandatos, os membros escolhidos só poderão ser despedidos por motivo disciplinar,
técnico, econômico ou financeiro;
d) um ano e decorrerá de lista sêxtupla, composta por candidatos eleitos pelos trabalhadores
em escrutínio secreto, para escolha de três nomes pelo empregador. Desde o registro das
candidaturas até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão ser
despedidos por falta grave ou motivo de força maior;
e) um ano, prorrogável por apenas um período igual, e decorrerá de eleição realizada pelos
trabalhadores para escolha de três a sete membros, conforme o porte da empresa. Desde o
registro da candidatura até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão ser
despedidos por falta grave ou motivo de força maior.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. Conforme artigo 510-A, caput e parágrafo 1°, incisos I a III, CLT,
c/c art. 510-D, caput e parágrafo 3º, CLT, o mandato será de um ano e decorrerá de eleição
realizada pelos trabalhadores para escolha de três a sete membros conforme o porte da empresa.
Desde o registro da candidatura até o fim de seus mandatos, os membros escolhidos só poderão
ser despedidos por motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
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QUESTÃO 5 - Determinada empresa, que contava com vinte empregados lotados em cargos
distintos, desenvolvia há muitos anos certa atividade de exploração de dado tipo de minério,
que veio a ser considerada ilícita por hipotética lei federal.
Em decorrência da nova lei, a empresa despediu os trabalhadores e determinou que
procurassem seus direitos junto ao poder público.
Considerando a situação exposta e o que expressamente dispõe a Consolidação das Leis do
Trabalho quanto ao exame da responsabilidade pelas Indenizações acaso devidas pelas
terminações contratuais:
a) somente por ato administrativo de autoridade federal, estadual ou municipal, e não por
ato legislativo como ocorreu no caso, a pessoa de direito público responsável pela
paralisação definitiva da atividade responderia pelos ônus trabalhistas decorrentes da
necessária extinção dos referidos contratos;
b) a resolução ou promulgação de lei que impossibilite a continuação de atividade, como
ocorreu no caso, leva a pessoa de direito público responsável pela paralisação temporária
ou definitiva a arcar com a indenização decorrente da necessária extinção dos contratos de
trabalho por ela afetados;
c) a hipótese caracteriza motivo de força maior diante da necessidade do desligamento por
motivo inevitável e imprevisível, e assim a empresa deve diretamente aos trabalhadores
indenização por metade, não se configurando fato do príncipe;
d) é do empregador a responsabilidade pelo risco do negócio, pelo que cabe exclusivamente
a ele, salvo nos casos de falta grave, pedido de demissão e força maior, indenizar os
trabalhadores despedidos;
e) a hipótese caracteriza fato previsível pela arriscada natureza do negócio, respondendo a
empresa integralmente perante os trabalhadores pelos efeitos, exclusivamente porque
definitivos, da paralisação da atividade.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. Conforme art. 486 da CLT, no caso de paralisação temporária ou
definitiva do trabalho, motivada pela promulgação de lei ou resolução que impossibilite a
continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo
responsável.
QUESTÃO 6 - Firmino foi contratado em Curitiba para trabalhar no Banco Altos Valores S/A.
Iniciou, em 01/12/2016, como escriturário e foi gradativamente galgando os postos de
gerente de contas, gerente de posto de atendimento e gerente geral de agência, que, nos
termos do contrato, lhe exigiram sucessivas transferências.
Na condição de gerente de contas, trabalhou de 01/10/2017 a 01/12/2018 em pequena agência
no Interior de São Paulo; como gerente de posto de atendimento, de 02/12/2018 a 03/12/2019
em Florianópolis, Santa Catarina, e, finalmente, como gerente de agência, no ápice da
carreira, de 03/12/2019 a 01/10/2022 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, quando foi
despedido.
Firmino ajuizou em Curitiba, onde atualmente reside, reclamação trabalhista postulando o
pagamento de adicional de transferência de 25%, bem como de ajuda de custo, esta nos
valores correspondentes às despesas de mudança de uma para outra localidade, incluindo
as de passagens de avião.
O Banco Altos Valores contestou a ação aduzindo que as transferências ocorridas estavam
contratualmente previstas na carreira e, não bastasse, foram definitivas inclusive pelo tempo
de duração de cada uma, notadamente a última, assim não ensejando pagamento de
adicional e que a ajuda de custo pretendida carece de amparo legal, mormente porque, com
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base no Plano de Cargos e Salários da empresa, o bancário teve substancial aumento salarial
em cada transferência ocorrida, o que restou comprovado nos autos.
Com base na jurisprudência uniformizada da Subseção de Dissídios Individuais I do TST, é
correto afirmar que Firmino:
a) não faz jus a adicional de transferência por terem sido definitivas as ocorridas pelo tempo
de duração de cada uma e não tem direito à ajuda de custo postulada, compensada com os
aumentos salariais obtidos quando da aceitação das transferências;
b) não faz jus a adicional de nenhuma das transferências, por terem sido definitivas as
ocorridas, considerado o tempo de duração de cada uma, mas tem direito à ajuda de custo
postulada, porque os aumentos salariais obtidos quando das transferências têm natureza
jurídica distinta da ajuda de custo postulada;
c) não faz jus apenas ao adicional da última transferência, em razão do longo tempo de sua
duração e tem direto à ajuda de custo postulada, porque os aumentos salariais obtidos
quando das transferências têm natureza jurídica distinta dessa parcela;
d) faz jus ao adicional apenas quanto às duas primeiras e transferências, pelos exíguos
tempos de duração e a condição de necessárias e provisórias para efeito de progressão
funcional e não tem direito à ajuda de custo postulada, porque os aumentos salariais obtidos
quando das transferências foram compensatórios dessa parcela;
e) faz jus ao adicional referente às três transferências, não sendo o lapso temporal critério
único para avaliação de sucessividade e de provisoriedade de transferências, inclusive
quando necessárias para progressão funcional, e tem direito à ajuda de custo postulada, que
tem natureza jurídica distinta dos aumentos salariais obtidos quando das transferências.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, de acordo com artigos 469, §1º e 3º, e 470 da CLT, c/c OJ 113
SDI-1. O lapso temporal não é o único critério para avaliação de sucessividade e provisoriedade de
transferências (alternativas B e C incorretas).
As alternativas A e D estão incorretas, pois a ajuda de custo tem natureza indenizatória, ao passo
que o aumento salarial tem natureza remuneratória, não havendo de se falar em compensação.
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c) caso típico de resilição contratual, que nos termos do art. 2º, caput, CLT, não dispensa o
dever de indenizar integralmente quem de direito do núcleo familiar ou dependente do
motorista falecido diante do risco pelo exercício de qualquer atividade;
d) hipótese de resilição contratual fundada em motivo de força maior, que pela
inevitabilidade não dispensa a empresa transportadora do dever de indenizar apenas por
metade quem de direito do núcleo familiar ou dependente do motorista falecido pelo
acidente;
e) caso típico de resolução contratual fundada em culpa recíproca, posto que um dos pneus
do veículo estava em más condições e o motorista falecido não estava usando cinto de
segurança quando ocorreu o acidente.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, posto que a responsabilidade no caso é objetiva, por risco da
atividade.
As alternativas A, B e D estão incorretas, pois a indenização deverá ser integral.
A alternativa E está incorreta, posto que não é caso de culpa recíproca.
QUESTÃO 8 - Almerindo trabalha na empresa Meteoro Ltda. há quinze anos e há cinco anos
preside o sindicato da categoria profissional correlata à atividade principal da empresa.
Desde então, diante das demandas exigidas pelo mandato, encontra-se afastado de suas
funções na empresa, que possui duas unidades de estabelecimento: uma na cidade de
Cubatão/SP, à qual Almerindo está ligado desde o início do contrato, e outra na cidade de
Porto Alegre/RS.
Diante dos prejuízos acumulados experimentados na unidade de Cubatão, resultantes de
causas climáticas que há cerca de três anos alteraram substancialmente o mercado na
localidade para o tipo de negócio desenvolvido pela empresa, ela decidiu fechar essa filial e
concentrar a sua atividade em Porto Alegre.
Com base na hipótese relatada, a empresa Meteoro:
a) poderá despedir Almerindo independentemente de Inquérito, bastando indenizá-lo;
b) poderá despedir Almerindo, mas, por se tratar de dirigente sindical, precisará valer-se de
prévio inquérito;
c) poderá despedir Almerindo independentemente de inquérito, sendo, no entanto, lícita a
transferência para a cidade de Porto Alegre;
d) pelo princípio da inamovibilidade deverá manter Almerindo em seu quadro funcional até
o término do mandato de dirigente sindical, mesmo que feche a unidade de Cubatão;
e) deverá oferecer a Almerindo a transferência para a cidade de Porto Alegre, mas só poderá
despedi-lo após comprovação da necessidade de fechamento da filial mediante prévio
inquérito.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, conforme Súmula 369, IV, do TST, pois havendo extinção da
atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a
estabilidade do dirigente sindical.
As alternativas B e E estão incorretas, pois não há de se falar em prévio inquérito.
A alternativa A está incorreta, pois a estabilidade não subsiste, conforme Súmula 369, IV, do TST,
não havendo de se falar em indenização.
A alternativa D está incorreta, conforme Súmula 369, IV, do TST.
QUESTÃO 9 - José foi contratado por empresa estrangeira de cruzeiros marítimos em navio
de bandeira estrangeira na cidade de Santos, situada em São Paulo, para trabalhar como
camareiro na temporada de 2022, em viagens pela costa brasileira.
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Ficou acertado entre as partes que José receberia o salário em moeda estrangeira em
espécie (euro), e que os diretos trabalhistas incidentes seriam os da lei do pais do armador,
coincidentemente a de inscrição da embarcação, que não abrange FGTS e gratificação
natalina.
Desembarcado ao fim do contrato, que durou três meses, ajuizou reclamação trabalhista
postulando o pagamento do salário de todo o período trabalhado, dito não legalmente
recebido, bem como o FGTS e a gratificação natalina proporcional do período.
Com base nas normas trabalhistas vigentes no espaço e no que literalmente dispõe a
Consolidação das Leis do Trabalho., o pagamento do salário deverá ser considerado:
a) como não feito ou inexistente e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação
natalina não são parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar
o negócio de navegação de cabotagem no Brasil;
b) nulo e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não são parcelas
devidas por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o negócio de navegação
de cabotagem no Brasil;
c) anulável e aplicável a lei do pavilhão, em que o FGTS e a gratificação natalina não são
parcelas devidas, por se tratar de empresa estrangeira autorizada a explorar o negócio de
navegação de cabotagem no Brasil;
d) eficazmente realizado, sendo devidos o FGTS e a gratificação natalina proporcional ao
período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira;
e) como não feito ou inexistente, sendo devidos o FGTS e a e gratificação natalina
proporcional ao período trabalhado, porque aplicável, no caso, a lei brasileira.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, pois a jurisprudência majoritária do TST (sete das oito Turmas),
quanto à hipótese de trabalhador brasileiro contratado para desenvolver suas atividades em navios
estrangeiros em percursos em águas nacionais e internacionais, é de que nos termos do art. 3º, II,
da Lei nº 7.064/82, aos trabalhadores nacionais contratados no País ou transferidos do País para
trabalhar no exterior, aplica-se a legislação brasileira de proteção ao trabalho naquilo que não for
incompatível com o diploma normativo especial, quando for mais favorável do que a legislação
territorial estrangeira.
Em decorrência da Teoria do Centro de Gravidade, (most significant relationship), as normas de
Direito Internacional Privado deixam de ser aplicadas quando, observadas as circunstâncias do
caso, verificar-se que a relação de trabalho apresenta uma ligação substancialmente mais forte com
outro ordenamento jurídico.
QUESTÃO 10 - Fulano foi contratado pela empresa ABC Trabalho Temporário para atender
demanda complementar de serviços de uma empresa do ramo do comércio varejista, Lojão
Vendemos Tudo Ltda., conforme previsto em contrato escrito e regularmente celebrado entre
essas empresas. O contrato de trabalho temporário de Fulano em relação à tomadora de
serviços foi ajustado por um período de 180 dias, sendo ele contratado para exercer a função
de vendedor no estabelecimento comercial desta. Fulano apreciava muito o ambiente de
trabalho e almoçava, diariamente, no refeitório da empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda.,
juntamente com seus colegas de trabalho.
No entanto, certa vez, em razão de uma trivial discussão, durante a jornada de trabalho,
Fulano foi agredido fisicamente por um gerente da tomadora de serviços, necessitando
receber atendimento médico, o que ocorreu no ambulatório desta.
Diante da situação hipotética acima, em conformidade com a Lei n° 6.019/1974, é correto
afirmar que:
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a) além de Fulano estar inserido diretamente na atividade-fim da tomadora de serviços, o
fato de ele almoçar no refeitório e ser atendido no ambulatório desta, demonstra a existência
de subordinação jurídica e caracteriza a irregularidade do contrato de trabalho temporário;
b) o contrato de trabalho temporário de Fulano não poderá ser prorrogado em relação à
empresa Lojão Vendemos Tudo Ltda., visto que o período máximo dessa modalidade
contratual é de 180 dias;
c) embora Fulano tenha sido agredido fisicamente durante a jornada de trabalho, tal fato não
poderia ensejar a rescisão indireta do seu contrato de trabalho temporário, pois o ato faltoso
foi praticado por parte do preposto da empresa tomadora de serviços, e não pela empresa
ABC Trabalho Temporário, sua real empregadora;
d) caso houvesse cláusula contratual proibindo a contratação direta de Fulano pela empresa
Lojão Vendemos Tudo Lida, ao final do prazo celebrado de 180 dias, tal disposição seria nula
de pleno direito;
e) por disposição expressa da lei, no caso de falência da empresa ABC Trabalho Temporário,
a Lojão Vendemos Tudo Ltda. seria subsidiariamente responsável pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias em relação ao período em que Fulano esteve sob suas ordens
e direção.
Comentários
A alternativa correta é a letra D, pois conforme artigo 11, caput e parágrafo único, da lei 6.019/74,
será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação do trabalhador pela
empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela
empresa de trabalho temporário.
A alternativa A está incorreta, pois não existem tais vedações.
A alternativa B está incorreta, pois é possível prorrogar o contrato, conforme art. 10, § 2º, da Lei
6.019/74.
A alternativa C está incorreta, pois o ato faltoso poderia ter sido praticado tanto por preposto da
empresa tomadora de serviço, quanto pela sua real empregadora.
A alternativa E está incorreta, pois conforme art. 16 da Lei 6.019/74, a responsabilidade seria
solidária.
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c) caso a empresa Alfa Administração Ltda. e Aristóteles entendessem oportuna a redução
do intervalo intrajornada de 1 hora para até 30 minutos diários, poderiam fazê-lo mediante
ajuste individual;
d) o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o intervalo
mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza indenizatória deste período
suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho;
e) o trabalho aos sábados em jornada de 4 horas por Aristóteles não observa o Intervalo
mínimo legal de 15 minutos, ensejando o pagamento, de natureza remuneratória, deste
período suprimido, com acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho.
Comentário
A alternativa correta é a letra C, pois conforme art. 444, parágrafo único, da CLT, Aristóteles é
considerado empregado hipersuficiente, tendo em vista que possui diploma de nível superior e
percebe salário mensal superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do RGPS. Assim
sendo, possui livre estipulação quanto às hipóteses previstas no art. 611-A da CLT, entre elas, o
inciso III, que prevê ajustes acerca do intervalo intrajornada até o limite de, no mínimo, 30 minutos,
para jornadas superiores a seis horas.
A alternativa A está incorreta, pois conforme art. 74, § 2º, da CLT, será obrigatória a anotação da
hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico para os estabelecimentos
com mais de 20 (vinte) trabalhadores, e não 10.
A alternativa B está incorreta, pois a entrada e a saída eram corretamente marcadas, sendo válidas
como meio de prova.
As alternativas D e E estão incorretas, pois conforme art. 71, § 1º, da CLT, apenas para jornadas
superiores a 4 horas é obrigatório haver intervalo intrajornada.
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Comentários
A alternativa correta é a letra C, pois conforme art. 60, parágrafo único, da CLT, excetuam-se da
exigência de licença prévia das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho as
jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de descanso.
A alternativa A está incorreta, pois não há horas extras entre 20 e 21h. É considerado noturno o
trabalho executado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte.
A alternativa B está incorreta, pois conforme art. 59-A da CLT, a jornada de Fiona poderá ser
ajustada mediante acordo individual escrito.
A alternativa D está incorreta, pois conforme art. 14, § 1º, da LC 150/2015, o doméstico faz jus à
hora noturna reduzida, de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.
A alternativa E está incorreta, pois o doméstico faz jus ao adicional noturno. Conforme art. 14, § 2º,
da LC 150/2015, a remuneração do trabalho noturno do doméstico deve ter acréscimo de, no
mínimo, 20% (vinte por cento) sobre o valor da hora diurna.
QUESTÃO 13 - Avelino celebrou contrato de trabalho com o Banco Caixa Forte S/A, em
05/02/2019, para prestar serviços na função de atendente bancário. Em 15/10/2022, o Banco
Caixa Forte S/A foi integralmente adquirido pela instituição financeira Banco Fortuna S/A,
operação interempresarial que se deu de forma idônea, com plena observância à lei. Diante
disso, ocorreu a transferência de todo o ativo e também da integralidade das agências
bancárias de uma para outra empresa, permanecendo Avelino e todos os demais
empregados trabalhando normalmente para o Banco Fortuna S/A, nas mesmas funções e em
idênticas condições de trabalho. Em 28/11/2022, em razão de avaliação de produtividade,
Avelino foi despedido sem justa causa pelo Banco fortuna S/A, recebendo as verbas
resilitórias a que fazia jus.
Diante da situação hipotética acima, considerando que Avelino entende ser credor de horas
extraordinárias realizadas durante toda a contratualidade, bem como pretende saber qual é
a responsabilidade dos bancos Caixa Forte S/A e Fortuna S/A em caso de ajuizamento de
reclamação trabalhista, em conformidade com a lei e o entendimento dominante do Tribunal
Superior do Trabalho, é correto afirmar que:
a) o Banco Caixa Forte S/A deverá responder pelo pagamento de eventuais horas
extraordinárias de Avelino contraídas desde a data da admissão até 14/10/2022, recaindo
sobre o Banco Fortuna S/A as obrigações trabalhistas a partir de 15/10/2022 até o término da
relação empregatícia;
b) a mudança interempresarial ocorrida entre as empresas provocou a automática
transferência de direitos e obrigações trabalhistas do Banco Caixa Forte S/A para o Banco
Fortuna S/A, passando este a responder por eventuais horas extraordinárias de Avelino
relativas a todo o período contratual;
c) o Banco Caixa Forte S/A e o Banco Fortuna S/A deverão responder solidariamente por
eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino ao longo da contratualidade;
d) o Banco Caixa Forte S/A deverá responder de forma subsidiária ao Banco Fortuna S/A por
eventuais horas extraordinárias devidas a Avelino;
e) a atribuição da responsabilidade pelo pagamento das horas extraordinárias de Avelino
deverá observar a existência de cláusula restritiva de responsabilização trabalhista no
contrato havido entre os bancos envolvidos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, posto que se trata de sucessão empresarial. Conforme art. 448-A
da CLT, quando caracterizada a sucessão empresarial, as obrigações trabalhistas, inclusive as
contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de
responsabilidade do sucessor.
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QUESTÃO 14 - A evolução histórica do trabalho demonstra que o labor humano, em suas
diversas dimensões, passou por profundas transformações ao longo do tempo, o que
permanece ocorrendo até os dias atuais.
Sob a perspectiva histórica do trabalho e do Direito do Trabalho, é correto afirmar que:
a) a servidão foi um tipo de trabalho característico da sociedade feudal, fundamentada na
posse da terra pelos senhores feudais. Os servos não possuíam liberdade de trabalho, mas
recebiam proteção militar e política dos senhores feudais, bem como tinham autonomia
comercial em relação a tudo que produziam;
b) as corporações de ofício, surgidas a partir do século XII, incluíam três categorias: mestre,
companheiro e aprendiz. Os mestres centralizavam todo o poder, organizando seus
estatutos e estabelecendo livremente as condições de trabalho, excetuando-se a
necessidade de observação do limite mínimo de idade de 14 anos para a contratação dos
aprendizes;
c) por meio da Encíclica Rerum Novarum, o papa Leão XIII, dentre outros temas, abordou a
condição de trabalho do proletariado, defendendo que, dentre os deveres principais do
patrão, estava preservar a isonomia salarial entre os operários, pois defendia que na
sociedade civil todos deveriam ter o mesmo nível social, em igualdade de condições;
d) o direito do trabalho é produto do século XIX, nascendo como reação à crescente
exploração do trabalho humano. No Brasil, a Constituição de 1891, embora consagrasse o
princípio da não intervenção do Estado nas relações de trabalho, destacou-se como a
primeira carta constitucional a abordar em seu texto a necessidade de um direito ao
“trabalho livre, justo e remunerado";
e) a Lei Chapelier, em 1791, atrelada aos cânones da Revolução Francesa de liberdade e
igualdade do homem, aboliu as corporações de ofício, abrindo espaço, assim, para liberdade
de trabalho, profissão, arte ou ofício.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. De fato, a Lei Chapelier, de 1791, aboliu as corporações de ofício.
A alternativa A está incorreta, pois os servos não tinham autonomia comercial.
A alternativa B está incorreta, pois não havia limitação para trabalho do menor de 14 anos.
A alternativa C está incorreta, pois a Encíclica Rerum Novarum era contra o socialismo, e não
defendia que todos deveriam ter o mesmo nível social, em igualdade de condições. O documento
escrito no final do século XIX pelo Papa Leão XIII abordava as questões mais delicadas do
relacionamento entre empregado e patrão, como o salário justo, o limite da jornada de trabalho, o
trabalho insalubre, o trabalho da mulher e o da criança, assim como o trabalho escravo.
A alternativa D está incorreta, pois a CF de 1891 não falava em necessidade de um direito ao
“trabalho livre, justo e remunerado”.
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92
b) na aplicação do princípio da prevalência da norma mais favorável, por meio do critério
técnico da teoria do conglobamento, extrai-se que se prefere a norma mais favorável após o
confronto em bloco das normas objeto de comparação;
c) o princípio da proteção está ligado à própria razão de ser do direito individual e coletivo
do trabalho, uma vez que se busca compensar a desigualdade existente no âmbito do
contrato individual do trabalho e na seara das negociações coletivas de trabalho;
d) quando do exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, o juiz do trabalho
analisará tão somente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, e
deverá balizar a sua atuação pelo princípio da tutela ao hipossuficiente;
e) o princípio da prevalência da condição mais benéfica revela que tudo aquilo que o
empregador fornecer habitualmente ao empregado, desde que previsto de forma expressa
no contrato individual de trabalho, será incorporado ao patrimônio jurídico do trabalhador,
revestindo-se do caráter de direito adquirido.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. Segundo a Teoria do Conglobamento, na ocorrência de um conflito
entre o que foi estabelecido na Convenção Coletiva e o Acordo Coletivo ou outro instrumento
normativo deverá prevalecer o mais favorável ao empregado, no seu conjunto ou em sua totalidade.
Pela Teoria, não deverá haver fracionamento. Ou seja, não é possível, simplesmente, escolher os
melhores itens de cada regulamentação e juntá-los.
A alternativa A está incorreta, pois conforme Súmula nº 12 do TST, as anotações apostas pelo
empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção "juris et de jure", mas
apenas "juris tantum".
A alternativa C está incorreta, pois o Princípio da proteção busca compensar as desigualdades nas
relações individuais.
A alternativa D está incorreta, conforme art. 8º, § 3º, da CLT.
A alternativa E está incorreta, pois há várias parcelas que podem ser concedidas, mas que não se
incorporarão, por não terem natureza salarial.
QUESTÃO 16 - A empresa ABC Ltda, por meio de negociação com seus empregados,
instituiu programa de participação nos lucros ou resultados, mediante comissão composta
por cinco empregados eleitos como representantes dos trabalhadores e outros cinco
empregados escolhidos pelo empregador, além de um representante designado pelo
respectivo sindicato profissional, o qual foi indicado após a entidade sindical ter sido
notificada quanto a formação da comissão paritária. Após o fornecimento de todas as
informações necessárias pela empresa à comissão de empregados e amplo processo de
debate sobre o tema, restou definido o Instrumento da PLR (Participação nos Lucros e
Resultados), contendo claramente as regras aplicáveis, os mecanismos de aferição quanto
ao pactuado, o período da distribuição e vigência do programa, além das metas e índices de
produtividade aplicáveis.
Diante da situação hipotética acima, do entendimento dominante do Tribunal Superior do
Trabalho e da Lei que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da
empresa, é correto afirmar que:
a) o programa de PLR da empresa ABC Ltda. poderá contemplar metas individuais ou
coletivas, além de metas referentes à saúde e à segurança do trabalho;
b) em havendo paridade quanto ao número de representantes dos empregados e dos
representantes da empresa ABC Ltda. na comissão de PLR, será facultativa a ciência à
entidade sindical para que indique um representante seu para integrar a comissão paritária;
c) em caso de impasse entre a empresa e a comissão paritária quanto à negociação da PLR,
deverá o representante sindical deveria acionar o sindicato, por escrito, no prazo de dez dias,
13
92
para o ajuizamento de dissídio coletivo, visando buscar a fixação das condições da PLR por
meio do poder normativo da Justiça do Trabalho;
d) considerando que a PLR não foi instituída por meio de convenção coletiva de trabalho, ou
acordo coletivo de trabalho, os valores pagos e distribuídos a tal título aos empregados terão
natureza remuneratória e sobre eles incidirão os encargos trabalhistas cabíveis;
e) a empresa ABC Ltda. e a comissão paritária poderão estabelecer múltiplos programas de
PLR, contudo, sendo vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de
valores a título de PLR em mais de duas vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior
a um trimestre civil.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, pois conforme art. 2º, § 5º, II, da Lei 10.101/2000, as partes podem
estabelecer múltiplos programas de participação nos lucros ou nos resultados, observada a
periodicidade estabelecida pelo art. 3º, § 2º, o qual dispõe ser vedado o pagamento de qualquer
antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa
em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.
A alternativa A está incorreta, conforme art. 2º, § 4º, II, da Lei 10.101/2000.
A alternativa B está incorreta, pois a ciência à entidade sindical não é facultativa, conforme art. 2º,
§ 10, II, da Lei 10.101/2000; facultativa é a participação pelo sindicato.
A alternativa C está incorreta, conforme art. 4º da Lei 10.101/2000.
A alternativa D está incorreta, pois conforme art. 2º, I e II, da Lei 10.101/2000, não é só por
negociação coletiva que se pode instituir a PLR. Ademais, a PLR não tem natureza remuneratória,
conforme art. 3º, caput, da Lei 10.101/2000.
QUESTÃO 17 – Com relação à validade da norma coletiva de trabalho que limita ou restringe
direito trabalhista não assegurado constitucionalmente, o Supremo Tribunal Federal fixou
no Tema 1046 tese com repercussão geral. Segundo tal entendimento, a título
exemplificativo, poderá ser considerado inconstitucional dentro do nosso ordenamento
jurídico.
a) alterar a data de pagamento da folha de salários para o décimo dia útil de cada mês;
b) deixar de aplicar a hora reduzida noturna, com à adoção da contagem da hora normal;
c) reduzir adicional de penosidade para 15%;
d) reduzir o adicional de extras para o mínimo de 40%;
e) definir o gozo do repouso semanal remunerado para apenas dois domingos por mês.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa correta é a letra D, com base no que dispõe o inciso X, do Art. 611-B, da CLT c/c o art.
7º, XVI, da Constituição da República, a seguir transcritos.
Inciso X, do Art. 611-B, da CLT: “Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo
coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: [...] X -
remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do
normal;”.
Art. 7º, XVI, da Constituição da República: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XVI - remuneração do serviço
extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;”.
Cabe, ainda, consignar a tese fixada no tema 1046: “São constitucionais os acordos e as
convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial negociada, pactuam limitações
ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da explicitação especificada de
vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos absolutamente indisponíveis.”
As alternativas, “a”, “b”, “c” e “e” não atendem ao comando da questão.
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QUESTÃO 18 – A partir de uma noção ampla de liberdade, é possível chegar à
contextualização de uma conduta antissindical. Dentre as hipóteses abaixo, NÃO implica
cerceamento do direito garantido constitucionalmente de livre associação para fins lícitos:
a) pagamento de bonificação pela empresa a empregados que não participaram de
movimento grevista, em razão da sobrecarga de trabalho que tiveram pela paralisação dos
grevistas;
b) na assinatura do contrato de emprego, a entrega, a pedido do recém-contratado, de
formulário pendente de assinatura, contendo declaração de oposição do trabalhador ao
desconto das contribuições assistencial e confederativa;
c) despedida imotivada de empregado eleito dirigente sindical de entidade associativa que
ainda não obteve a concessão do registro sindical do órgão estatal competente;
d) omissão da empregadora de enquadrar apenas os dirigentes sindicais recentemente
eleitos, antes de sua posse efetiva, conforme novo plano de cargos e salários implementado
pela empresa;
e) empresa que, para concluir uma negociação coletiva, compromete-se à pagar uma quantia
em dinheiro para o sindicato dos trabalhadores.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
Em relação à alternativa “b”, a correta, considerando que o próprio empregado solicita a carta de
oposição, não há que se falar em interferência do empregador na conduta do empregado,
inexistindo violação à liberdade sindical.
Consigne-se que não há definição legal, tampouco relação de atos antissindicais previstos em lei.
O conceito é dado pela doutrina, que define ato antissindical como toda conduta que afronte a
liberdade sindical, em sua dimensão individual ou coletiva. Nesse contexto, as alternativas “a’, “c”,
“d”, e “e” configuram atos que afrontam a liberdade sindical.
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contribuição confederativa (art. 8º, IV, primeira parte, da Constituição), a contribuição assistencial
(art. 513, alínea ‘e’, da CLT) e outras contribuições instituídas em assembleia da categoria ou
constantes de negociação coletiva, bem assim porque a Lei n.º 13.467/2017 ampliou as formas de
financiamento da assistência jurídica prestada pelos sindicatos, passando a prever o direito dos
advogados sindicais à percepção de honorários sucumbenciais (nova redação do art. 791-A, caput
e § 1º, da CLT), e a própria Lei n.º 5.584/70, em seu art. 17, já dispunha que, ante a inexistência de
sindicato, cumpre à Defensoria Pública a prestação de assistência judiciária no âmbito trabalhista.”
(ADI 5794/DF).
A alternativa A está incorreta, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, nos termos da
ementa: “[...] 2. A extinção de contribuição pode ser realizada por lei ordinária, em paralelismo à
regra segundo a qual não é obrigatória a aprovação de lei complementar para a criação de
contribuições, sendo certo que a Carta Magna apenas exige o veículo legislativo da lei
complementar no caso das contribuições previdenciárias residuais, nos termos do art. 195, § 4º, da
Constituição. Precedente (ADI 4697, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em
06/10/2016).”
A alternativa B está incorreta, conforme ementa a seguir: “[...] 3. A instituição da facultatividade do
pagamento de contribuições sindicais não demanda lei específica, porquanto o art. 150, § 6º, da
Constituição trata apenas de “subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de
crédito presumido, anistia ou remissão”, bem como porque a exigência de lei específica tem por
finalidade evitar as chamadas “caudas legais” ou “contrabandos legislativos”, consistentes na
inserção de benefícios fiscais em diplomas sobre matérias completamente distintas, como forma de
chantagem e diminuição da transparência no debate público, o que não ocorreu na tramitação da
reforma trabalhista de que trata a Lei nº 13.467/2017.” Precedentes (ADI 4033, Relator(a): Min.
JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 15/09/2010; RE 550652
A alternativa C está incorreta, com base na jurisprudência do STF, a seguir transcrita: “[...] 10. Esta
Corte já reconheceu que normas afastando o pagamento obrigatório da contribuição sindical não
configuram indevida interferência na autonomia dos sindicatos”. ADI 2522, Relator(a): Min. EROS
GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2006.
A alternativa D está incorreta, nos termos do entendimento jurisprudencial fixado na ADI 5794/DF.
Nesse sentido a ementa: “[...] 11. A Constituição consagra como direitos fundamentais as liberdades
de associação, sindicalização e de expressão, consoante o disposto nos artigos 5º, incisos IV e
XVII, e 8º, caput, tendo o legislador democrático decidido que a contribuição sindical, criada no
período autoritário do estado novo, tornava nula a liberdade de associar-se a sindicatos”.
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e) a dispensa em massa decorre da necessidade de o ente empresarial reduzir
definitivamente o quadro de empregados, exigindo-se a intervenção sindical inclusive nos
términos dos contratos a prazo determinado.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
O fundamento da alternativa D é a tese fixada pelo STF no tema 638. Vejamos: “A intervenção
sindical prévia é exigência procedimental imprescindível para a dispensa em massa de
trabalhadores, que não se confunde com autorização prévia por parte da entidade sindical ou
celebração de convenção ou acordo coletivo.”
A alternativa A está incorreta. Nessa assertiva há afronta à tese definida no tema 638, uma vez que
afirma que a dispensa em massa prescinde de negociação coletiva.
A alternativa B está incorreta. A intervenção sindical deve ser prévia e não exige a celebração de
norma coletiva, nos termos da tese fixada no tema 638.
A alternativa C está incorreta. De acordo com a doutrina e jurisprudência trabalhista, a definição de
dispensa em massa não tem como parâmetro um número certo de trabalhadores. Da mesma forma,
a CLT, em seu art. 477-A, ao mencionar a dispensa coletiva, não apresenta tal delimitação.
A alternativa E está incorreta, já que não se exige a intervenção sindical nos términos do contrato
a prazo.
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A alternativa D está incorreta. O comum acordo é exigido apenas para os dissídios de natureza
econômico, nos termos da tese fixada no tema 841. Não há tal exigência para os dissídios de
natureza jurídica.
A alternativa E está incorreta. Sobre o tema, a jurisprudência do TST entende: “ [...] O
entendimento pacífico nesta Corte é o de que o comum acordo, exigência trazida pelo art. 114, §
2º, da Constituição Federal para o ajuizamento do dissídio coletivo de natureza econômica, é
pressuposto de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo e que, embora
idealmente devesse ser materializado na forma de petição conjunta da representação, é
interpretado de maneira mais flexível, no sentido de se admitir a concordância tácita na instauração
da instância, desde que não haja a oposição expressa do suscitado, na contestação. [...] Processo
extinto sem resolução de mérito, pela falta de comum acordo.” (RO-63500-29.2008.5.04.0000,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, SDC, DEJT 27/11/2015)
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92
oportunidade e os interesses que devam por meio dele defender, a jurisprudência do TST entende
que a greve utilizada para defender interesses que transcendem os deveres atribuídos ao
empregador é abusiva. Nesse sentido: "RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS Nº 13.015/2014 E Nº 13.467/2017 - DIREITO DE GREVE.
GREVE POLÍTICA. DESCONTO SALARIAL RELATIVO AO DIA DE PARALISAÇÃO.
LEGALIDADE. Em interpretação ao art. 7º da Lei nº 7.783/1989, a Seção Especializada em
Dissídios Coletivos deste Tribunal Superior firmou entendimento no sentido de que a adesão ao
movimento de greve gera a suspensão do contrato de trabalho, de modo que é válido o desconto
relativo aos dias parados, salvo em casos específicos em que o movimento paredista é deflagrado
em razão de atraso no pagamento de salários, realização de lockdown ou outra situação que
comprometa a integridade física do empregado submetido a situação de risco no ambiente de
trabalho. No caso em apreço, consta expressamente do acórdão regional que a categoria
profissional dos bancários decidiu paralisar a prestação de serviços a fim de protestar contra a
reforma trabalhista e previdenciária. Daí se extrai que não havia nenhuma condição específica de
descumprimento das normas da categoria nem da legislação vigente que pudesse justificar a
atuação contra o empregador. Na realidade, o movimento decorreu de reivindicação com o intuito
de manter a legislação trabalhista em vigor e impedir a reforma proposta pelo Estado, sem
possibilidade de que o empregador pudesse dar uma solução direta à pretensão defendida. Assim,
conclui-se que a greve direcionou-se contra os poderes públicos a fim de reivindicar condições não
suscetíveis de negociação coletiva, tratando-se, portanto, de uma greve política, que é considerada
abusiva, conforme jugados proferidos pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Recurso
de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-10693-35.2017.5.15.0089, 2ª Turma,
Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 02/12/2022).
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art.15 da Lei de greve, Lei nº 7.783/89 é possível a
responsabilização pelos atos políticos ou crimes praticados no curso da greve, o que será apurado,
conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal
A alternativa C está incorreta. O Art. 2º, §1º, da Lei 6.019/74, veda a contratação de trabalho
temporário para substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei. Além
disso, de acordo com o art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 7.783/89, é vedada a contratação de
trabalhadores substitutos durante a greve, salvo as hipóteses previstas nos artigos 9º.
A alternativa E está incorreta. Esse é o entendimento da Jurisprudência do TST. Vejamos: "[...].
Assim, conclui-se que a greve direcionou-se contra os poderes públicos a fim de reivindicar
condições não suscetíveis de negociação coletiva, tratando-se, portanto, de uma greve política, que
é considerada abusiva, conforme jugados proferidos pela Seção Especializada em Dissídios
Coletivos. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento" (RR-10693-
35.2017.5.15.0089, 2ª Turma, Relator Ministro Sergio Pinto Martins, DEJT 02/12/2022).
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A alternativa correta é a letra A.
A alternativa correta é a letra, já que modelo sindical brasileiro diverge dos preceitos propostos
pelo normativo internacional, uma vez que não adota a liberdade plena. A doutrina bem delineia o
tema: “temos no país assim, uma contrariedade entre a liberdade sindical propalada
internacionalmente e aquela estampada em nosso país de fato no art. 8º da CRFB/88 e dispositivos
da CLT, já que não seria esta verdadeiramente plena, eis que especialmente: (i) limita a criação
dos sindicatos a somente um na base territorial mínima, ou seja, trata do princípio da unicidade
sindical [...]”.
Alternativa B é incorreta, como base no teor do art. 4º da Convenção 87, bem como a CF estabelece
a impossibilidade de dissolução ou suspensão administrativa (art. 5º, XIX)
Alternativa C é incorreta, uma vez que o art. 5º da Convenção 87 da OIT prevê a possibilidade de
filiação a organizações internacionais de trabalhadores ou empregadores. Não há vedação
expressa quanto a isso e no texto constitucional.
Alternativa D é incorreta com base no teor do art. 142, §3º, IV, da CF/88, que dispõe ser vedada a
sindicalização e greve ao militar. Nesse contexto, a vedação constitucional é compatível com o
art. 9º, I, da Convenção 87.
Alternativa E é incorreta, com base no art. 3º Convenção 87 c/c art. 8º, I, da CF/88 que trata da não
exigência de autorização prévia.
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União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
O item II está incorreto, conforme Súmula Vinculante n. 37: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não
tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de
isonomia.”
O item III está correto, conforme Súmula Vinculante n. 42: “É inconstitucional a vinculação do
reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de correção
monetária.”
E por fim o item IV está incorreto, conforme Súmula Vinculante n. 3: “Nos processos perante o
Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão
puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada
a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.”
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Por fim, o item IV está incorreto, pois não cabe ao Ministério do Trabalho a instauração de inquérito
civil, e sim ao Ministério Público, conforme o art. 8º, §1º, da Lei n. 7347/85:”O Ministério Público
poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público
ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá
ser inferior a 10 (dez) dias úteis.”
QUESTÃO 27 - Quanto aos bens públicos, considerando o disposto no Código Civil, é correto
afirmar que:
a) os bens públicos dominicais não podem ser alienados;
b) o uso comum dos bens públicos não pode ser retribuído;
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c) o terreno destinado a serviço de autarquia municipal é bem público de uso especial;
d) são públicos os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado que integram
a Administração Pública;
e) os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura
de direito privado são considerados de uso especial.
Comentários
A questão trata sobre licitações, mais especificamente sobre dispensa e inexigibilidade de
licitações.
A alternativa correta é a Letra C, conforme redação do art. 99, II, da Código Civil: “São bens
públicos: (...) II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
autarquias;”
A alternativa A está incorreta, conforme art. 101 do CC: “Os bens públicos dominicais podem ser
alienados, observadas as exigências da lei.”
A alternativa B está incorreta, conforme art. 103 do CC: “O uso comum dos bens públicos pode ser
gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.”
A alternativa D está incorreta, conforme art. 98 do CC: “São públicos os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja
qual for a pessoa a que pertencerem.
Por fim, a alternativa E está incorreta, conforme art. 99, parágrafo único, do CC: “Não dispondo a
lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público a que se tenha dado estrutura de direito privado.”
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A alternativa D está correta, conforme ADI 2606/SC: “AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DO ESTADO DE SANTA CATARINA. LICENCIAMENTO DE
MOTOCICLETAS DESTINADAS AO TRANSPORTE REMUNERADO DE PASSAGEIROS.
COMPETÊNCIA DA UNIÃO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. 1. É da competência
exclusiva da União legislar sobre trânsito e transporte, sendo necessária expressa autorização em
lei complementar para que a unidade federada possa exercer tal atribuição (CF, artigo 22, inciso
XI, e parágrafo único). 2. Inconstitucional a norma ordinária estadual que autoriza a exploração de
serviços de transporte remunerado de passageiros realizado por motocicletas, espécie de veículo
de aluguel que não se acha contemplado no Código Nacional de Trânsito. 3. Matéria originária e
de interesse nacional que deve ser regulada pela União após estudos relacionados com os
requisitos de segurança, higiene, conforto e preservação da saúde pública. Ação direta de
inconstitucionalidade procedente.”
A alternativa E está correta, conforme art. 25, §2º, da CF: “Cabe aos Estados explorar diretamente,
ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
medida provisória para a sua regulamentação.”
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proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;”
A alternativa E está correta, conforme o art. 12, caput: “Independentemente do ressarcimento
integral do dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de responsabilidade, civis
e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade
sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo
com a gravidade do fato”
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O item IV está correto, porquanto em conformidade com art. 25, par. único, CP, que estabelece:
“Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os
requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a
prática de crimes”.
A alternativa correta, portanto, é a letra B, uma vez que apenas os assertivas III e IV estão corretas.
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O item IV está incorreto, uma vez que a norma proibitiva não comporta tal exceção. Com efeito, o
art. 1º da Lei n. 9.029/95 estabelece que “É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e
limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo,
origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre
outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no
inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal”. Além disso, o próprio tipo penal disposto no art.
2º, inc. I da mesma Lei não apresenta exceção: Constituem crime as seguintes práticas
discriminatórias: I - a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer
outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez; [...] Pena: detenção de um a
dois anos e multa”.
A alternativa correta, portanto, é a letra B, uma vez que apenas os assertivas I e III estão corretas.
QUESTÃO 32 - Maia, ao ser despedida por sua empregadora Asterope, ajuizou uma ação
trabalhista em face dela e requereu o pagamento de horas extras e de adicional de
insalubridade. Celeno foi nomeada como perita do Juízo para verificar a existência de
insalubridade e Alcione depôs como testemunha da ré na audiência de instrução.
Considerando o disposto no Código Penal, analise as afirmativas a seguir.
I - Se Alcione sabe que Maia realizava horas extras, mas nega conscientemente a verdade
em seu depoimento na audiência de instrução, configura-se o crime de falso testemunho,
punido com a pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
II - Se Alcione se retrata na ação trabalhista antes da sentença, o fato deixa de ser punível.
III - Se Asterope oferece dinheiro para que Celeno afirme falsamente no laudo pericial que
Maia não trabalhava em condições insalubres, configura-se crime punido com reclusão, de
três a quatro anos, e multa.
IV - Se Celeno aceita o suborno de Asterope e afirma falsamente no laudo pericial entregue
no processo que Maía não trabalhava em condições insalubres, configura-se o crime de falsa
perícia, com causa de aumento de pena de um sexto a um terço.
Está correto o que se afirma em:
a) somente l e II
b) somente II e IV:
c) somente I, II e III;
d)somente l, III e IV;
e) I, II, III e IV.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
O item I está correto, uma vez que a conduta praticada por Alcione configura o crime de falso
testemunho, previsto no art. 342 do CP: “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa”.
O item I está correto, porquanto a retratação configura causa extintiva da punibilidade prevista no
§2º do art. 342 do CP, caso oferecida antes da sentença do processo em que ocorreu o crime. O
§2º do art. 342 do CP dispõe: “O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em
que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade”.
O item I está correto, uma vez que o suborno ao perito configura o crime previsto no art. 343 do
Código Penal, com pena de reclusão de três a quatro anos, e multa. O art. 343 do CP estabelece:
“Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa”.
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O item I está correto, já que a aceitação do suborno pelo perito configura causa de aumento da
pena de falsa perícia, prevista no §1º do art. 342 do CP: “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar
a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
e multa. § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante
suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal,
ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta”.
Deste modo, a alternativa correta é a letra E, uma vez que todas as assertivas estão corretas.
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92
A alternativa E está incorreta. É vedada a participação em atividade político-partidária, nos termos
no artigo 7º do CEM: "Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é vedado participar
de atividade político-partidária".
QUESTÃO 35 - "O sentido da palavra fonte relaciona-se com aquilo que origina ou produz.
No plano jurídico, o estudo das fontes consiste em saber donde vem o Direito e donde
dimana a Juridicidade das normas" (MATA-MACHADO, Edgar de Godoi da - Elementos de
Teoria Geral do Direito - Belo Horizonte: Ed. Vega, 1976, p. 213). Ao examinar a estrutura de
fontes formais e materiais do Direito, incluídas as fontes do Direito do Trabalho, no sistema
jurídico brasileiro, considerando a relação entre direito objetivo e direito subjetivo, e a
estrutura do processo legislativo, é correto afirmar que:
a) os debates políticos, discussões sociais, manifestações públicas da sociedade civil e
outras expressões de conteúdo ideológico dos entes sociais constituem as fontes formais
do Direito;
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b) a jurisprudência não constitui fonte formal do Direito, caracterizando-se apenas como
fonte material, pois as teses jurídicas dela decorrentes têm apenas efeito persuasivo, e não
coercitivo;
c) o fenômeno da integração jurídica (preenchimento de lacunas no ordenamento
jurídico/omissão da lei) não é admitido no direito positivo brasileiro, tanto como regra geral
para qualquer área do Direito quanto como regra especial para o Direito do Trabalho;
d) as Emendas à Constituição da República de 1988 devem ser Propostas por Iniciativa de
dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, pelo
presidente da República, ou por dois terços das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros;
e) a Constituição da República de 1988, as Leis Complementares, as Leis Ordinárias, as
Medidas Provisórias, as leis Delegadas, os Decretos Regulamentares do Poder Executivo e
as Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal são considerados fontes formais do
Direito, por terem sua positividade relacionada com o poder legiferante do Estado.
Comentários
Questão passível de questionamento em recurso, pois há aparente erro em todas as
alternativas, contudo a que parecem mais corretas é a alternativa E, seguida da alternativa B.
A alternativa A está incorreta. As fontes trazidas pela alternativa são consideradas como materiais
e não formais, já que influenciam na elaboração destas.
A alternativa B está incorreta. Inicialmente, o conceito do termo jurisprudência é polissêmico,
podendo ser interpretado de modos diversos.
Entendemos que a banca pode ter trazido o conceito amplo de jurisprudência. Assim, o erro da
questão é tratar a jurisprudência como fonte material e sem caráter coercitivo; a jurisprudência é
considerada fonte formal do direito e possui efeito coercitivo, como é o caso dos precedentes
vinculantes.
Mas existe uma visão de que a banca quis menciona o sentido estrito de jurisprudência, o qual não
engloba os precedentes vinculantes, mas se restringe apenas as decisões ordinárias, as quais
podem ser consideradas como fonte material e com efeitos apenas persuasivos.
A alternativa C está incorreta. A integração do direito é legalmente prevista no artigo 4º da LINDB
("Art. 4 Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
o
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Objetivos de Desenvolvimento Sustentável globais, a chamada Agenda 2030. Considerando
a Agenda 2030 das Nações Unidas, analise os objetivos a seguir.
I. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares e alcançar a
igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
II. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos bem como construir infraestruturas resilientes,
promover a Industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a Inovação.
III. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da
terra e deter a perda de biodiversidade e também assegurar padrões de produção e de
consumo sustentáveis.
Está correto o que se afirma em:
a) somente I;
b) somente II;
c) somente I e II;
d) somente II e III;
e) I, II e III.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
O item I está certo. Conforme literalidade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº
1 (erradicação da pobreza, ou seja, eliminá-la em todas as suas formas e em todos os lugares) e 5
(alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas) da agenda 2030.
O item II está certo. Conforme literalidade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº
4 (educação de qualidade. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, além de
promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos) e 9 (construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação) da agenda
2030.
O item III está certo. Conforme literalidade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
nº 12 (assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis) e 15 (proteger, recuperar e
promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas,
combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade)
da agenda 2030.
QUESTÃO 37 - A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como um dos seus
objetivos o reconhecimento da dignidade Inerente a todos os membros da família humana e
de seus direitos iguais e Inalienáveis sendo o fundamento da liberdade, da justiça e da paz
no mundo.
Considerando o texto aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução n°
217-A, III), em 10 de dezembro de 1948, é correto afirmar que:
a) as férias remuneradas e periódicas não fazem parte do direito ao repouso e ao lazer;
b) poderá haver casamento válido sem o consentimento livre dos nubentes, desde que
previsto em norma legal;
c) caberá ao Estado a prioridade de direito na escolha do gênero de Instrução que será
ministrada a seus filhos;
d) todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
Constituição ou pela lei;
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92
e) todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países, mesmo em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito
comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. As férias remuneradas e periódicas fazem parte do direito ao repouso
e ao lazer, conforme artigo 24 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH): "Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da
duração do trabalho e as férias periódicas pagas".
A alternativa B está incorreta. O casamento só será válido com o consentimento e vontade livre,
nos termos do artigo 16, item 2, da DUDH: "Artigo 16° 2. O casamento não pode ser celebrado sem
o livre e pleno consentimento dos futuros esposos".
A alternativa C está incorreta. A prioridade será dos pais e não do Estado, como traz o artigo 26,
item 3, da DUDH: "Artigo 26º 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de
educação a dar aos filhos".
A alternativa D está correta. Literalidade do artigo 8 da DUDH: "Artigo 8° Toda a pessoa direito a
recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos
fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei".
A alternativa E está incorreta. Existem exceções ao direito de asilo, entre elas a perseguição
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e
princípios das Nações Unidas, conforme artigo 14, item 2 da DUDH: "Artigo 14° 1. Toda a pessoa
sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. 2. Este
direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito
comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas".
a vigência".
A alternativa B está incorreta. A lei posterior revoga a anterior também quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, nos termos do
artigo 2º, §1º, da LINDB: "§1 A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
o
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior".
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A alternativa C está incorreta. Não há essa previsão legal.
A alternativa D está incorreta. Como traz o artigo 508 do CPC, após transitada em julgado a decisão
de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte
poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. "Art. 508. Transitada em julgado a
decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a
parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido".
A alternativa E está correta. Literalidade do artigo 6º, §2º, da LINDB: "§2º Consideram-se adquiridos
assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço
do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem".
QUESTÃO 39 - A Resolução CNJ n° 345/2020, que dispõe sobre o Juízo 100% Digital, aborda
vários temas relacionados à Gestão da informação e de Demandas Judiciais, bem como à
Gestão e Organização Judiciária.
Considerando o tratamento normativo dado pelo Conselho Nacional de Justiça à matéria, é
correto afirmar que:
a) as audiências e sessões no Juízo 100% Digital ocorrerão por videoconferência ou de forma
presencial, quando necessário ao desenvolvimento regular do processo;
b) a existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional impedirá a implementação
do Juízo 100% Digital em relação aos processos que tramitem eletronicamente;
c) a parte demandada poderá se opor a essa escolha até sua primeira manifestação no
processo, salvo no processo do trabalho, em que essa oposição deverá ser deduzida até a
apresentação da defesa;
d) a qualquer tempo, o magistrado poderá Instar as partes a manifestarem o interesse na
adoção do Juízo 100% Digital, exceto em relação a processos anteriores à entrada em vigor
dessa Resolução, importando o silêncio, após duas Intimações, aceitação tácita;
e) o Juízo 100% Digital poderá se valer também de serviços prestados presencialmente por
outros órgãos do Tribunal, como os de solução adequada de conflitos, de cumprimento de
mandados, centrais de cálculos, tutoria, dentre outros, desde que os atos processuais
possam ser convertidos em eletrônicos.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. As audiências serão apenas por videoconferência, conforme artigo
5º da Resolução 345 do CNJ: "Art. 5º As audiências e sessões no “Juízo 100% Digital” ocorrerão
exclusivamente por videoconferência".
A alternativa B está incorreta. A existência de processos físicos em uma unidade não impedirá a
implementação do Juízo 100% Digital, nos termos do artigo 8º, §5º, da Resolução 345 do CNJ: "§5º
A existência de processos físicos em uma unidade jurisdicional não impedirá a implementação do
“Juízo 100% Digital” em relação aos processos que tramitem eletronicamente".
A alternativa C está incorreta. Como traz o artigo 3º da Resolução 345 do CNJ, a regra geral é que
a oposição seja até a contestação: "Art. 3º A escolha pelo “Juízo 100% Digital” é facultativa e será
exercida pela parte demandante no momento da distribuição da ação, podendo a parte demandada
opor-se a essa opção até o momento da contestação".
A alternativa D está incorreta. A intimação para se manifestar pode inclusive em processos
anteriores, conforme artigo 3º, §4º, da Resolução 345 do CNJ: "§4º A qualquer tempo, o magistrado
poderá instar as partes a manifestarem o interesse na adoção do “Juízo 100% Digital”, ainda que
em relação a processos anteriores à entrada em vigor desta Resolução, importando o silêncio, após
duas intimações, aceitação tácita".
A alternativa E está correta. Literalidade do artigo 1º, §3º, da Resolução 345 do CNJ: "§3º O “Juízo
100% Digital” poderá se valer também de serviços prestados presencialmente por outros órgãos do
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Tribunal, como os de solução adequada de conflitos, de cumprimento de mandados, centrais de
cálculos, tutoria dentre outros, desde que os atos processuais possam ser convertidos em
eletrônicos".
QUESTÃO 40 - A Lei Geral de Proteção de Dados - LGPD (Lei n° 13.709/2018) constitui uma
complexa regulamentação sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios
digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o
objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
Sobre seus dispositivos, é INCORRETO afirmar que:
a) entre os fundamentos da disciplina da proteção de dados pessoais estão o respeito à
privacidade; a autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de informação, de
comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; o
desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; a livre iniciativa, a livre
concorrência e a defesa do consumidor; e os direitos humanos, o livre desenvolvimento da
personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais;
b) excluem-se do âmbito territorial de aplicação da LGPD, os dados pessoais provenientes
de fora do território nacional e que não sejam objeto de comunicação, uso compartilhado de
dados com agentes de tratamento brasileiros ou objeto de transferência internacional de
dados com outro país que não o de proveniência, desde que o país de proveniência
proporcione grau de proteção de dados pessoais adequado ao previsto na Lei;
c) o tratamento de dados pessoais realizado para fins exclusivos v de segurança pública,
defesa nacional, segurança do Estado ou atividades de investigação e repressão de
infrações penais não são incluídos no âmbito de aplicação da LGPD;
d) o consentimento dado pelo titular, para o tratamento de seus dados pessoais, poderá ser
por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular, não sendo
necessária cláusula destacada das demais cláusulas contratuais, quando fornecido por
escrito;
e) dado pessoal sensível é aquele que trata sobre origem racial vou étnica, convicção
religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico
ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando
vinculado a uma pessoa natural.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Literalidade do artigo 2º da Lei 13.709/18: "Art. 2º A disciplina da
proteção de dados pessoais tem como fundamentos: I - o respeito à privacidade; II - a
autodeterminação informativa; III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de
opinião; IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; V - o desenvolvimento
econômico e tecnológico e a inovação; VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do
consumidor; e VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o
exercício da cidadania pelas pessoas naturais".
A alternativa B está incorreta. Literalidade do artigo 3º da Lei 13.709/18: "Art. 3º Esta Lei aplica-se
a qualquer operação de tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito
público ou privado, independentemente do meio, do país de sua sede ou do país onde estejam
localizados os dados, desde que: I - a operação de tratamento seja realizada no território nacional;
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou
o tratamento de dados de indivíduos localizados no território nacional; ou III - os dados pessoais
objeto do tratamento tenham sido coletados no território nacional".
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A alternativa C está incorreta. Literalidade do artigo 4º, inciso III, da Lei 13.709/18: "Art. 4º Esta Lei
não se aplica ao tratamento de dados pessoais: III - realizado para fins exclusivos de: a) segurança
pública; b) defesa nacional; c) segurança do Estado; ou d) atividades de investigação e repressão
de infrações penais".
A alternativa D está correta. A cláusula deverá ser destacada das demais no caso de fornecimento
por escrito, conforme artigo 8º, §1º, da Lei 13.709/18: "Art. 8º O consentimento previsto no inciso I
do art. 7º desta Lei deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação
de vontade do titular. §1º Caso o consentimento seja fornecido por escrito, esse deverá constar de
cláusula destacada das demais cláusulas contratuais".
A alternativa E está incorreta. Literalidade do artigo 5º, inciso II, da Lei 13.709/18: "Art. 5º Para os
fins desta Lei, considera-se: II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica,
convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso,
filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando
vinculado a uma pessoa natural".
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Considerando o exposto, a primeira medida tecnicamente adequada a ser apresentada pelo
exequente seria:
a) agravo de petição;
b) mandado de segurança;
c) pedido de reconsideração;
d) embargos infringentes;
e) reclamação correicional.
Comentários
A questão trata sobre recursos na fase de execução.
A alternativa correta é a Letra A.
Extinta a execução, decisão terminativa em fase de execução, cabe agravo de petição, conforme o
art. 897-A, da CLT: “Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias: a) de petição, das decisões do Juiz ou
Presidente, nas execuções;”
36
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consignatária, condenando a empresa em custas de R$ 80.000,00, calculadas sobre o valor
da causa.
A empresa Interpôs recurso ordinário, comprovando o depósito de custas de R$ 30.029,96,
alegando ser esta a única quantia de que dispunha em caixa, sabendo-se que o juiz do
trabalho transferira o valor consignado à disposição do Juízo empresarial. Pediu que o
recurso fosse conhecido, reformando a sentença e ainda alegando que estaria impedida de
obter outros valores para pagamento das custas, por decisão do juízo empresarial, o qual
bloqueara seus outros ativos.
Certificada pela Secretaria a tempestividade do recurso e a regularidade da procuração do
advogado que o assinara, deve o Juiz do trabalho despachar:
a) negando seguimento ao recurso, por deserto;
b) negando seguimento ao recurso, por falta de prova do saldo insuficiente em caixa;
c) dando seguimento ao recurso, para que o Tribunal Regional do Trabalho decida o caso;
d) abrindo prazo para o complemento do valor das custas;
e) dando seguimento ao recurso, sujeita a questão das custas à deliberação do relator que
for sorteado no Tribunal.
Comentários
A questão trata sobre recolhimento insuficiente de custas.
A alternativa correta é a Letra D.
Conforme a OJ nº 140 da SbDI-1 do TST: “Em caso de recolhimento insuficiente das custas
processuais ou do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido o prazo
de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015, o recorrente não complementar e
comprovar o valor devido.”
Ou seja, o recorrente recolheu insuficientemente as custas, devendo o magistrado abrir prazo para
complementação das custas.
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QUESTÃO 46 – Em determinada reclamação trabalhista, na oportunidade de defesa, a
empresa confessa dever todos os títulos nos valores reclamados, exceto um deles.
O reclamante recusa, porém, a conciliação e pretende prosseguir quanto ao título
contestado. O juiz julga então extintos com julgamento de mérito os títulos reconhecidos e
fixa prazo para que a empresa deposite os valores desses títulos.
A empresa efetua o depósito dos valores determinados, mas se opõe ao seu levantamento
pelo reclamante. O juiz decide na sequência:
a) não liberar o dinheiro, porque o processo ainda não tinha sido julgado por inteiro;
b) não liberar o dinheiro, porque a execução em questão seria provisória;
c) não liberar o dinheiro, porque tratar-se-ia de execução de tutela provisória;
d) liberar o dinheiro, já que a execução é definitiva;
e) liberar o dinheiro, porque isso é admitido na execução provisória de parcelas alimentares.
Comentários
A questão trata sobre o julgamento parcial de mérito.
A alternativa correta é a Letra D,
O julgamento parcial de mérito consta do art. 356 do CPC: “O juiz decidirá parcialmente o mérito
quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles”
Uma das hipóteses para julgamento parcial de mérito é quando parcela dos pedidos se mostrar
incontroverso. No caso, a parte depositou e não recorreu da decisão, tornando-a incontroversa. Na
ausência de recurso nesta fase, ocorre o trânsito em julgado, cabendo a execução definitiva.
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d) não é cabível, já que a decisão em questão não é terminativa, e o processo deverá
prosseguir até a sentença de mérito;
e) não está sujeita a preparo, se ambas as partes requereram a gratuidade de Justiça, desde
que a empresa tenha declarado sua miserabilidade.
Comentários
A alternativa correta é a Letra A, jurisprudência do TST entende inclusive que pode ser interposto
somente por uma das partes: “De acordo com o disposto no art. 855-B da CLT, inserido pela Lei nº
13.467/2017, no processo de homologação de acordo extrajudicial, exige-se que a apresentação
da petição inicial se dê de forma conjunta, não havendo qualquer previsão quanto à atuação
conjunta também em sede recursal. Logo, não há qualquer impedimento legal à interposição, por
apenas uma das partes, de recurso ordinário em face de sentença que não homologou o acordo
trazido à Justiça do Trabalho. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido " (RR-12014-
77.2019.5.15.0011, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 24/03/2023)
ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas na forma do
art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo
de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável. § 3 O pagamento das
o
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b) julgar procedentes os embargos, liberar a penhora e diferir a instauração do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica;
c) julgar improcedentes os embargos e converter em diligencia o julgamento do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica;
d) jugar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e, se for procedente,
determinar nova penhora e julgar extintos os embargos com julgamento de mérito, liberando
as joias;
e) extinguir tanto os embargos quanto o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica por falta de cabimento, uma vez que a sócia responderá em qualquer caso.
Comentários
A alternativa correta é a Letra A, conforme o §2º do art. 855-A da CLT: “A instauração do incidente
suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência de natureza cautelar de
que trata o art. 301 da Lei n 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil)”
o
QUESTÃO 51 - Em determinada audiência, comparece para depor uma testemunha que não
falava o idioma nacional, tratando-se de Idioma com pouquíssimos falantes no país. Por
coincidência, dominando-o o juiz fluentemente, resolve então dispensar intérprete e
prosseguir com a oitiva da testemunha. O advogado da empresa insurgiu-se imediatamente
contra essa decisão do juiz, dizendo que ela seria arbitrária e que e as partes ficariam a
depender das traduções e interpretações do juiz, sem saber se eram ou não fidedignas. Disse
ainda que não participaria da audiência, se assim prosseguisse o juiz, sem nomear
intérprete, e retirou-se da sala em seguida.
Quanto à conduta do advogado, é correto afirmar que foi:
a) errada quanto ao intérprete;
b) certa quanto ao intérprete;
c) errada quanto ao Intérprete e abusiva quanto à saída da sala;
d) certa quanto ao Intérprete e também quanto à saída, para obrigar o juiz a adiar a audiência;
e) errada quanto ao intérprete e prejudicial à parte que assistia.
Comentários
A alternativa correta é a Letra B, pois o magistrado ser interprete quebra a imparcialidade. De forma
que não é possível ao magistrado ser o próprio intérprete da demanda, cabendo-o nomear alguém.
Além disso, não pode o advogado ausentar-se da sala sem autorização do magistrado, pois a este
cabe o poder de polícia nas audiências.
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A questão trata sobre depósito recursal.
A alternativa correta é a Letra A, conforme Súmula nº 128, III, do TST: “Havendo condenação
solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado por uma delas aproveita as
demais, quando a empresa que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide”.
Assim, a segunda empresa efetuou o depósito recursal mas pediu sua exclusão da lide, não
aproveitando este depósito à primeira empresa.
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Congresso Nacional o exame da matéria contida na medida provisória revogada. [ADI 2.984 MC,
rel. min. Ellen Gracie, j. 4-9-2003, P, DJ de 14-5-2004.]”
A alternativa E está incorreta, conforme o decidido pelo STF na ADI 825: “A iniciativa popular de
emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição Federal, encontrando fundamento
no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, VI, da CF/88. Embora a Constituição
Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas apenas
para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais
prevejam a possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal. STF. Plenário. ADI
825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921).”
42
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Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, §
38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de
empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação
ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades
subvencionadas pelos cofres públicos”
A alternativa C está incorreta, conforme o decidido pelo STF no Tema 1171: “Violam o princípio da
presunção de inocência o indeferimento de matrícula em cursos de reciclagem de vigilante e a
recusa de registro do respectivo certificado de conclusão, em razão da existência de inquérito ou
ação penal sem o trânsito em julgado de sentença condenatória”
A alternativa D está incorreta, conforme o decidido pelo STF no Tema 922: “É inconstitucional o
condicionamento da desfiliação de associado à quitação de débito referente a benefício obtido por
intermédio da associação ou ao pagamento de multa”
A alternativa E está incorreta, conforme o decidido pelo STF no Tema 738: “É incompatível com a
Constituição a exigência de inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil, bem como de pagamento
de anuidade, para o exercício da profissão.”
43
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A alternativa B está incorreta, conforme o decidido pelo STF no Tema 544: “A justiça comum, federal
ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da
Administração pública direta, autarquias e fundações públicas.”
A alternativa C está incorreta, conforme o decidido pelo STF no Tema 775: “Compete ao Tribunal
Regional Federal processar ação rescisória proposta pela União com o objetivo de desconstituir
sentença transitada em julgado proferida por juiz estadual, quando afeta interesses de órgão
federal.”
A alternativa D está incorreta, porque o artigo 111-A, §2º, II, não faz menção a poderes correicionais
como atribuição do CSJT: “o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na
forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito
vinculante.”
objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo
único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for
relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual
ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;”
A alternativa A está incorreta, pois a ADI não se presta a impugnar ato normativo municipal,
somente federal e estadual, conforme art. 102, I, “a”, da CF: “a ação direta de inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou
ato normativo federal;”
A alternativa C está incorreta, pois a declaração de inconstitucionalidade opera efeitos ex tunc,
gerando efeitos repristinatórios.
44
92
A alternativa D está incorreta, conforme Súmula nº 642 do STF: “Não cabe ação direta de
inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.”
A alternativa E está incorreta, conforme o decidido na ADI 951: “Há jurisprudência consolidada no
Supremo Tribunal Federal no sentido de que a revogação da norma cuja constitucionalidade é
questionada por meio de ação direta enseja a perda superveniente do objeto da ação.” e na ADI
4.939: “A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a intercorrência de revogação da norma
impugnada gera a prejudicialidade da ação direta de inconstitucionalidade, em decorrência da perda
superveniente do objeto.”
45
92
material. Se há o pagamento do adicional de riscos como direito do trabalhador portuário com
vínculo permanente que labora em condições adversas, essa previsão também deve ser
reconhecida aos trabalhadores portuários avulsos submetidos às mesmas condições. STF.
Plenário. RE 597124/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/6/2020 (Repercussão Geral – Tema
222).”
A alternativa E está incorreta, conforme jurisprudência do STF: ““A equiparação de remuneração
entre empregados da empresa tomadora de serviços e empregados da empresa contratada
(terceirizada) fere o princípio da livre iniciativa, por se tratar de agentes econômicos distintos, que
não podem estar sujeitos a decisões empresariais que não são suas. (RE 635546, Relator(a): Marco
Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 29/03/2021).”
46
92
delegada aos Estados e ao Distrito Federal. Lei Complementar federal nº 103/2000. Alegada
violação ao art. 5º, caput (princípio da isonomia), art. 7º, V, e art. 114, § 2º, da Constituição.
Inexistência. Atualização do piso salarial mediante negociação coletiva com a participação do
Governo do Estado de Santa Catarina. Violação ao princípio da autonomia sindical.
Inconstitucionalidade formal. Procedência parcial. (...) 7. A parte final do parágrafo único do art. 2º
da Lei Complementar nº 459/2009, ao determinar a participação do Governo do Estado de Santa
Catarina nas negociações entre as entidades sindicais de trabalhadores e empregadores para
atualização dos pisos salariais fixados na referida lei complementar, ofende o princípio da
autonomia sindical (art. 8º, I, CF/88) e extrapola os contornos da competência legislativa delegada
pela União. As negociações coletivas devem ocorrer com a participação dos representantes dos
empregadores e dos trabalhadores, sem intromissão do governo (princípio da negociação livre). Ao
criar mecanismo de participação estatal compulsória nas negociações coletivas, o Estado de Santa
Catarina legisla sobre direito coletivo do trabalho, não se restringindo a instituir o piso salarial
previsto no inciso V do art. 7º da Constituição Federal. 8. Ação direta de inconstitucionalidade
julgada parcialmente procedente.”
A alternativa D está incorreta, conforme art. 7º, parágrafo único, da CF: “São assegurados à
categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV,
XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias,
principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos
incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social”. Observe
que não estão incluídos no rol os incisos XIV (jornada de seis horas para o trabalho realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva) e XXIII (adicional de remuneração
para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei).
A alternativa E está incorreta, conforme Súmula 675 do STF: “Os intervalos fixados para descanso
e alimentação durante a jornada de seis horas não descaracterizam o sistema de turnos
ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da Constituição.”
47
92
Comentários
A alternativa correta é a letra D, conforme ADI 5132: “A disposição relativa ao termo inicial do prazo
prescricional a que submetido o trabalhador avulso, prevista no art. 37, § 4º, da Lei nº 12.815/2013,
é compatível com a Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5132/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 26/3/2021.”
A alternativa A está incorreta, conforme jurisprudência do STF: “A incidência da estabilidade
prevista no art. 10, II, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) somente exige a
anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa. (...) O único requisito exigido é de natureza
biológica. Exige-se apenas a comprovação de que a gravidez tenha ocorrido antes da dispensa
arbitrária, não sendo necessários quaisquer outros requisitos, como o prévio conhecimento do
empregador ou da própria gestante. Assim, é possível assegurar a estabilidade à gestante mesmo
que no momento em que ela tenha sido demitida pelo empregador ele não soubesse de sua
gravidez. STF. Plenário. RE 629053/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 10/10/2018 (repercussão geral).”
A alternativa B está incorreta, conforme ADI 1167/DF: “É constitucional norma originária da Lei
Orgânica do DF que preveja que “a direção superior das empresas públicas, autarquias, fundações
e sociedades de economia mista terá representantes dos servidores”. A Lei Orgânica do DF é uma
manifestação do poder constitucional derivado decorrente, ou seja, ela possui o mesmo status
jurídico ostentado pelas Constituições estaduais. STF. Plenário. ADI 1167/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 19/11/2014.”
A alternativa C está incorreta, conforme ADI 6327: “O termo inicial da licença-maternidade e do
respectivo salário-maternidade começa a partir da alta hospitalar do recém-nascido e/ou de sua
mãe, o que ocorrer por último, quando o período de internação exceder as duas semanas previstas
no art. 392, §2º, da CLT, e no art. 93, §3º, do Decreto n.º 3.048/99. STF. Plenário. ADI 6327. MC-
Ref, Relator Min. Edson Fachin, julgado em 03/04/2020.”
A alternativa E está incorreta, conforme ADI 5417 do STF: “É constitucional a determinação de que
a participação de trabalhadores nos lucros ou resultados de empresas estatais deve observar
diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo ao qual as entidades estejam sujeitas. STF.
Plenário. ADI 5417/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020.”
48
92
e) o princípio da proteção integral da criança e do adolescente, previsto no Art. 227 da
Constituição da República de 1988, não abrange direito à proteção especial de garantia de
direitos previdenciários e trabalhistas e de acesso do trabalhador adolescente e jovem à
escola.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, conforme ADI 4637: “A exigência de integralização do capital social
por empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI), no montante previsto no art. 980-
A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 12.441/2011, não viola a regra
constitucional que veda a vinculação do salário-mínimo para qualquer fim e também não configura
impedimento ao livre exercício da atividade empresarial. STF. Plenário. ADI 4637, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 04/12/2020.”
A alternativa A está incorreta, conforme jurisprudência do STF: “São inconstitucionais as leis que
obrigam supermercados ou similares à prestação de serviços de acondicionamento ou embalagem
das compras, por violação ao princípio da livre iniciativa (art. 1º, IV e art. 170 da CF/88). STF.
Plenário. ADI 907/RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 1º/8/2017 (Info 871). STF. Plenário. RE 839950/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/10/2018
(repercussão geral).”
A alternativa B está incorreta, conforme art. 186, caput e incisos I a IV da CF: “A função social é
cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II
- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III -
observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o
bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.”
A alternativa D está incorreta, conforme art. 218, § 4º, da CF: “A lei apoiará e estimulará as
empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e
aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que
assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos
resultantes da produtividade de seu trabalho.”
A alternativa E está incorreta, conforme art. 227, § 3º, incisos II e III, da CF: “ O direito a proteção
especial abrangerá os seguintes aspectos: II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III
- garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;”
49
92
categoria econômica e não possuem representação sindical, o que inviabiliza a celebração
de convenções coletivas de trabalho;
e) o princípio da unicidade sindical consta expressamente nas Constituições brasileiras a
partir de 1946, sendo que o texto do Art. 8º, inciso Il, da Constituição Federal de 1988
reproduz norma da Constituição Federal de 1967, com redação atribuída pela Emenda
Constitucional de 1969.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, conforme Tema 638 do STF, no RE 999435: “A intervenção sindical
prévia é exigência procedimental imprescindível para dispensa em massa de trabalhadores que
não se confunde com a autorização prévia por parte da entidade sindical ou celebração de
convenção ou acordo coletivo.”
A alternativa A está incorreta, conforme jurisprudência do STF: “Os sindicatos possuem ampla
legitimidade extraordinária para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais
dos integrantes da categoria que representam, inclusive nas liquidações e execuções de sentença,
independentemente de autorização dos substituídos. STF. Plenário. RE 883.642/AL, Rel. Ministro
Presidente, julgado em 18/06/2015 (Repercussão Geral - Tema 823)”
A alternativa C está incorreta, conforme Tema 841 do STF, no RE 1002295: “É constitucional a
exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento de dissídio coletivo de natureza
econômica, conforme o artigo 114, § 2º, da Constituição Federal, na redação dada pela Emenda
Constitucional 45/2004.”
A alternativa D está incorreta, conforme ADI 3890: “Os empregados de entidades sindicais podem
associar-se entre si para a criação de entidade de representação sindical própria. STF. Plenário.
ADI 3890/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 7/6/2021.”
A alternativa E está incorreta, pois o princípio da unicidade sindical foi introduzido no ordenamento
jurídico pátrio em 1939, por meio do Decreto-Lei nº 1.402, e reafirmando na CLT (art. 516). Contudo,
sua previsão no texto constitucional somente se deu com a promulgação da CF/88 (art. 8, II), não
havendo norma constitucional nesse sentido nas Constituições de 1946 e 1967/69, mencionadas
pela assertiva.
50
92
d) além dos lucros cessantes e danos emergentes, a sociedade limitada faz jus à indenização
por perda da chance, proporcional à expectativa quanto à probabilidade de auferir lucro na
exploração da atividade.
e) é devida a compensação pelos danos morais in re ipsa sofridos pela sociedade limitada
X, decorrente do inadimplemento contratual e da frustração pelo início das atividades
empresariais.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta, pois, conforme o já decidido pelo STJ no REsp 1.750.233/SP, em se
tratando de atraso de obra de edifício com unidade adquirida na planta, tendo como vítima empresa
a ser instalada no empreendimento, não há presunção de ocorrência de danos, devendo estes
serem provados, seja os lucros cessantes, seja os danos emergentes, conforme art. 402 do CC:
"Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.". Veja-se
o trecho relevante da ementa do julgado acima citado: "RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
RESCISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. CONDENAÇÃO EM LUCROS CESSANTES.
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO. FIXAÇÃO DO VALOR DEVIDO PELA PERDA DA CHANCE.
VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. PESSOA JURÍDICA QUE NUNCA EXERCEU ATIVIDADE
EMPRESARIAL. LAUDO PERICIAL BASEADO EM DANO HIPOTÉTICO. LUCROS CESSANTES
NÃO COMPROVADOS. JULGAMENTO: CPC/15. [...] 8. Especificamente quanto à hipótese dos
autos, o entendimento desta Corte é no sentido de não admitir a indenização por lucros cessantes
sem comprovação e, por conseguinte, rejeitar os lucros hipotéticos, remotos ou presumidos,
incluídos nessa categoria aqueles que supostamente seriam gerados pela rentabilidade de
atividade empresarial que sequer foi iniciada. [...] (REsp n. 1.750.233/SP, relatora Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, julgado em 5/2/2019, DJe de 8/2/2019.)".
A alternativa B está incorreta, pois, conforme julgado acima citado, a configuração de lucros
cessantes depende do início da atividade empresarial, não cabendo indenização por lucros
hipotéticos, remotos ou presumidos. A conclusão amolda-se, inclusive, ao texto do art. 403 do CC:
"Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos
efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei
processual.".
A alternativa C está incorreta, pois, conforme acórdão acima citado, os lucros cessantes pelo atraso
da entrega de imóvel no qual funcionaria estabelecimento empresarial, não são presumidos; ao
revés, dependem de prova de sua efetiva ocorrência, cujo ônus é do autor da ação, para seu
ressarcimento.
A alternativa D está incorreta, pois não é possível que se cumule, pelo mesmo fato, indenização
por lucros cessantes e perda de uma chance, já que esta última é instituto intermediário entre o
dano emergente e o lucro cessante, conforme precedente acima citado.
A alternativa E está incorreta, pois, em se tratando de pessoa jurídica, é possível que esta sofra
danos morais (Súmula 227, do STJ: "A pessoa jurídica pode sofrer dano moral"), mas estes não
são presumidos, já que se exige a demonstração de efetiva ofensa à imagem e reputação da
empresa (honra objetiva). Nesse sentido: "CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
PEDIDO DE DANOS MORAIS. OFENSAS A PESSOA JURÍDICA. VIOLAÇÃO DO ART. 1.022 DO
NCPC. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE RELEVÂNCIA. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. EFEITO
SUBSTITUTIVO. APELAÇÃO. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. [...] 2.
Embora a decisão agravada tenha consignado que o Tribunal estadual não havia se pronunciado
expressamente quanto à alegada exigência de prova impossível, destacou que o colegiado local
51
92
teria decidido a lide de forma suficiente, na medida em que se amparou no entendimento de que a
condenação por danos morais à pessoa jurídica não dispensa a comprovação efetiva do dano. [...]
(AgInt no AREsp n. 1.979.923/RJ, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em
26/9/2022, DJe de 28/9/2022.)".
52
92
administrador não sócio. [...] (REsp n. 1.860.333/DF, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma,
julgado em 11/10/2022, DJe de 27/10/2022.)
A alternativa D está incorreta, pois a hipótese descrita é de corresponsabilidade solidária dos sócios
por dívida societária, o que dispensa a desconsideração da personalidade jurídica. Pode-se citar
como exemplos: a) o trespasse de estabelecimento empresarial, se o alienante deixar de explorar
seu objeto (art. 133, I, do CTN: "Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir
de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou
profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma
ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido,
devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio,
indústria ou atividade;"); b) dívidas que envolvem o valor pela integralização do capital social não
efetivada (art. 1.052 do CC: "Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao
valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.").
A alternativa E está correta, pois o art. 28, §5º, do CDC, conforme acórdão acima citado, positiva
uma das hipóteses de aplicação da teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica,
justamente porque não se exige a prova de fraude, abuso da personalidade ou confusão patrimonial
(teoria maior), bastando prova de insolvência do devedor original. Veja-se o texto legal: "Também
poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma,
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.".
QUESTÃO 64 - João, que contratou o seguro de seu carro com a seguradora X, sofre acidente
automobilístico cujo sinistro estava coberto pela apólice securitária. João acionou a
seguradora em seguida, requerendo o pagamento do prêmio, o que foi prontamente
concedido.
Considerando que João é qualificado como consumidor para fins da relação jurídica
constituída com a seguradora, o prazo prescricional para que a seguradora X possa exercitar
sua pretensão frente ao causador do dano é de:
a) cinco anos, com base no Código Civil, pois seria o prazo para o exercício do direito de
regresso da seguradora frente ao causador direto do dano;
b) cinco anos, com base no Código de Defesa do Consumidor, pois o contrato de seguro se
constitui como uma relação de consumo;
c) três anos, com base no Código Civil, pois o segurador sub-roga-se nos direitos do
segurado, podendo buscar o ressarcimento frente ao terceiro causador do dano;
d) um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão do segurador
contra o segurado;
e) um ano, com base no Código Civil, pois seria o prazo para a pretensão da reparação civil.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta, pois, segundo entendimento do STJ, o prazo prescricional para
ajuizamento, por parte da seguradora, de ação de regresso contra o causador do dano, é de 03
anos contados do efetivo pagamento da indenização ao segurado, conforme previsão do art. 206,
§3º, V, do CC: "Prescreve: [...] §3º Em três anos: [...] V - a pretensão de reparação civil; [...]". Veja-
se, nesse sentido: "DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REGRESSIVA DE
RESSARCIMENTO DE DANOS. REPARAÇÃO CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. PRESCRIÇÃO
TRIENAL. TERMO INICIAL. DATA EM QUE EFETUADO O PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO
SECURITÁRIA. [...] 4. O termo inicial do prazo prescricional do direito de a seguradora pleitear a
indenização do dano causado por terceiro ao segurado é a data em que foi efetuado o pagamento
da indenização securitária, sendo indiferente, para fins de contagem do início de fluência do prazo
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92
prescricional, a data de venda do salvado (sucata). [...] (REsp n. 1.705.957/SP, relatora Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 17/9/2019, DJe de 20/9/2019.)".
A alternativa B está incorreta, pois, em que pese o contrato de seguro se configurar como relação
de consumo (art. 3º, §2º, do CDC), não há relação jurídica entre o segurador e o causador do dano,
o que afasta a aplicação do CDC ao caso, tratando-se de hipótese de responsabilidade
extracontratual (aquiliana). Veja-se o texto do dispositivo legal citado: "Serviço é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista."
A alternativa C está correta, pois, o prazo prescricional é de 03 anos, conforme art. 206, §3º, V, do
CC e precedente acima citado, além do que, ao pagar a dívida do causador do dano, ocorre a sub-
rogação dos direitos do credor satisfeito para a seguradora, na condição de terceira interessada,
conforme art. 346, III, do CC: "A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: [...] III - do terceiro
interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte..
A alternativa D está incorreta, pois o prazo de 01 ano é aplicado para as pretensões indenizatórias
entre segurado e segurador e vice versa, conforme art. 206, §1º, II, do CC: "a pretensão do
segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no
caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de
indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do
segurador; [...]".
A alternativa E está incorreta, pois, conforme art. 206, §3º, V, do CC, a pretensão de reparação civil
(extracontratual ou aquiliana) prescreve em 03 anos.
54
92
157 do CC: "Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência,
se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.".
A alternativa B está incorreta, pois não há qualquer vedação legal à previsão de cláusula penal
moratória em contrato de compra e venda de imóvel, em especial, quando o pagamento em dividido
em parcelas, sendo a hipótese da cláusula penal moratória, inclusive, expressamente prevista no
art. 409 do CC: "A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior,
pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou
simplesmente à mora.".
A alternativa C está correta, pois se encontra em perfeita consonância ao texto do art. 157 do CC.
Nesse sentido, precedente do STJ citado no Informativo 653 do referido Tribunal: "RECURSO
ESPECIAL. CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL ENTRE
PARTICULARES. RESCISÃO DO CONTRATO. VALORES PAGOS. PERDA INTEGRAL.
PREVISÃO EM CLÁUSULA PENAL. VALIDADE. NEGÓCIO JURÍDICO. AUSÊNCIA DE VÍCIOS.
PROPOSIÇÃO DO PROMITENTE COMPRADOR. ALEGAÇÃO DE INVALIDADE.
IMPOSSIBILIDADE. PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. [...] 3. Para a
caracterização do vício de lesão, exige-se a presença simultânea de elemento objetivo - a
desproporção das prestações - e subjetivo - a inexperiência ou a premente necessidade, que devem
ser aferidos no caso concreto. 4. Tratando-se de negócio jurídico bilateral celebrado de forma
voluntária entre particulares, é imprescindível a comprovação dos elementos subjetivos, sendo
inadmissível a presunção nesse sentido. 5. O mero interesse econômico em resguardar o
patrimônio investido em determinado negócio jurídico não configura premente necessidade para o
fim do art. 157 do Código Civil. 6. Na hipótese em apreço, a cláusula penal questionada foi proposta
pelos próprios recorrentes, que não comprovaram a inexperiência ou premente necessidade, motivo
pelo qual a pretensão de anulação configura comportamento contraditório, vedado pelo princípio da
boa-fé objetiva. 7. Recurso especial não provido. (REsp 1723690/DF, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/08/2019, DJe 12/08/2019).".
A alternativa D está incorreta, pois, em se tratando de compra e venda entre particulares, não se
aplica o CDC, porque a configuração de uma das partes como fornecedor exige habitualidade
("desenvolvimento de atividade"), conforme o previsto no art. 3º, caput, do CDC: "Fornecedor é toda
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação
de serviços.".
A alternativa E está incorreta, pois, nesse caso, em que ser possível a fixação de multa limitada ao
valor total da obrigação, conforme art. 412, do CC, seria possível a revisão do contrato tanto pela
presença da lesão quanto com base no dever de o juiz revisar contratos com cláusulas penais
manifestamente desproporcionais ou em casos de cumprimento parcial da obrigação, conforme art.
413 do CC. Veja-se os textos dos referidos dispositivos legais: art. 412: "O valor da cominação
imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal". Art. 413: "A penalidade deve
ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se
o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio."
55
92
A respeito do caso, é correto afirmar que:
a) a impenhorabilidade do bem de família prevalece sobre a alienação fiduciária em garantia,
ainda que livremente pactuada entre Maria e o Banco Y;
b) tal como na hipoteca, é presumido o benefício à entidade familiar de Maria na contratação
de empréstimo bancário pela sociedade limitada X, gravado de garantia fiduciária;
c) a alienação fiduciária em garantia é inválida por tratar-se de bem de família a garantia
ofertada, não tendo sido os valores obtidos com o empréstimo feitos em favor do imóvel ou
da unidade familiar;
d) dado que a alienação fiduciária em garantia foi livremente pactuada, o imóvel pertencente
à entidade familiar é impenhorável, tendo em vista que não se aplicam às exceções do Art.
3º, da Lei nº 8.009/1990;
e) o inadimplemento do contrato de empréstimo bancário pela sociedade limitada X,
consolida a propriedade imóvel em nome do Banco Y, independentemente da natureza do
bem dado em garantia por meio da alienação fiduciária.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, pois, em que pese ser irrenunciável a proteção ao bem de família
legal, este não é inalienável, pelo que pode ser objeto de alienação fiduciária em garantia, até
mesmo porque a oferta do bem para este negócio e posterior alegação de sua impenhorabilidade
ofende a boa fé objetiva. Nesse sentido, já decidiu o STJ, conforme precedente citado em seu
Informativo 664: "RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO E
NULIDADE DA CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE. IMÓVEL INDICADO COMO GARANTIA DE
CONTRATO DE MÚTUO COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. PROTEÇÃO DO BEM
DE FAMÍLIA. DESCABIMENTO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL REQUERIDA POR PESSOA
JURÍDICA DIVERSA DO CREDOR FIDUCIÁRIO. IRREGULARIDADE INSANÁVEL. NULIDADE
RECONHECIDA. AUSÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO EM MORA DO DEVEDOR. 1. A proteção legal
conferida ao bem de família pela Lei n. 8.009/90 não pode ser afastada por renúncia do devedor ao
privilégio, pois é princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada (AgRg nos
EREsp 888.654/ES, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Seção, julgado em 14.03.2011,
DJe 18.03.2011). 2. Nada obstante, à luz da jurisprudência dominante das Turmas de Direito
Privado: (a) a proteção conferida ao bem de família pela Lei nº 8.009/90 não importa em sua
inalienabilidade, revelando-se possível a disposição do imóvel pelo proprietário, inclusive no âmbito
de alienação fiduciária; e (b) a utilização abusiva de tal direito, com evidente violação do princípio
da boa-fé objetiva, não deve ser tolerada, afastando-se o benefício conferido ao titular que exerce
o direito em desconformidade com o ordenamento jurídico. 3. No caso dos autos, não há como
afastar a validade do acordo de vontades firmado entre as partes, inexistindo lastro para excluir os
efeitos do pacta sunt servanda sobre o contrato acessório de alienação fiduciária em garantia,
afigurando-se impositiva, portanto, a manutenção do acórdão recorrido no ponto, ainda que por
fundamento diverso. [...] (REsp n. 1.595.832/SC, relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta
Turma, julgado em 29/10/2019, DJe de 4/2/2020.). Logo, até mesmo em razão do princípio da
especialidade, não prevalece a impenhorabilidade sobre a alienação fiduciária, o que demonstra a
incorreção da alternativa.
A alternativa B está incorreta, pois só é possível a penhora de bem de família legal, gravado com
hipoteca em face de dívida de sociedade empresária, sendo este de propriedade de um dos sócios
da sociedade, se o credor provar que a crédito concedido foi revertido em proveito da entidade
familiar, numa interpretação restritiva do texto do art. 3º, V, da Lei 8.009/1990: "A impenhorabilidade
é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra
natureza, salvo se movido: [...] V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como
garantia real pelo casal ou pela entidade familiar". Nesse sentido, precedente citado no Informativo
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627 do STJ: "PROCESSUAL CIVIL. DIREITO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. BEM DE
FAMÍLIA OFERECIDO EM GARANTIA HIPOTECÁRIA PELOS ÚNICOS SÓCIOS DA PESSOA
JURÍDICA DEVEDORA. IMPENHORABILIDADE. EXCEÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
PROPRIETÁRIOS. 1. O art. 1º da Lei n. 8.009/1990 instituiu a impenhorabilidade do bem de família,
haja vista se tratar de instrumento de tutela do direito fundamental à moradia da família e, portanto,
indispensável à composição de um mínimo existencial para uma vida digna, ao passo que o art. 3º,
inciso V, desse diploma estabelece, como exceção à regra geral, a penhorabilidade do imóvel que
tiver sido oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar. 2. No ponto, a
jurisprudência desta Casa se sedimentou, em síntese, no seguinte sentido: a) o bem de família é
impenhorável, quando for dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa jurídica
devedora, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar; e
b) o bem de família é penhorável, quando os únicos sócios da empresa devedora são os titulares
do imóvel hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que a família não se
beneficiou dos valores auferidos. 3. No caso, os únicos sócios da empresa executada são os
proprietários do imóvel dado em garantia, não havendo se falar em impenhorabilidade. 4. Embargos
de divergência não providos. (EAREsp n. 848.498/PR, relator Ministro Luis Felipe Salomão,
Segunda Seção, julgado em 25/4/2018, DJe de 7/6/2018.). Assim, só haveria benefício presumido
em favor da entidade familiar se o empréstimo se desse pela pessoa física dos cônjuges, ou se
ambos fossem os sócios da pessoa jurídica devedora, o que não pode ser inferido pela leitura do
enunciado da questão.
A alternativa C está incorreta, pois, conforme precedente acima citado (REsp n. 1.595.832/SC), não
há nulidade na alienação fiduciária em garantia de bem de família, visto que a impenhorabilidade
não importa em inalienabilidade do bem, aplica-se o princípio da especialidade ao caso, e deve ser
obedecida a autonomia da vontade e protegida a boa fé objetiva.
A alternativa D está incorreta, pois o imóvel pode ser objeto do procedimento extrajudicial de
expropriação previsto nos artigos 26, caput e 27, caput, da Lei 9.514/1997. Veja-se o texto dos
referidos dispositivos legais: "Art. 26 - "Vencida e não paga, no todo ou em parte, a dívida e
constituído em mora o fiduciante, consolidar-se-á, nos termos deste artigo, a propriedade do imóvel
em nome do fiduciário"; art. 27 - " Uma vez consolidada a propriedade em seu nome, o fiduciário,
no prazo de trinta dias, contados da data do registro de que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá
público leilão para a alienação do imóvel.". Veja-se que a alternativa confunde os procedimentos,
visto que, neste caso, não há execução judicial e, assim, não há que se falar em penhora, mas em
consolidação da propriedade e ulterior leilão extrajudicial do bem que passar a ser de propriedade
do credor.
A alternativa E está correta, pois, conforme artigos 26 e 27 da Lei 9514/1997 e REsp n.
1.559.348/DF, o inadimplemento do contrato de empréstimo bancário pela sociedade, consolida a
propriedade imóvel em nome do credor, independentemente da natureza do bem dado em garantia
por meio da alienação fiduciária, já que a impenhorabilidade do bem de família legal não importa
em sua inalienabilidade, além da aplicação do princípio da especialidade e da boa fé objetiva.
QUESTÃO 67 - Por meio de manifestação de vontade expressa, Maria declara que será doado
imóvel de sua propriedade a João "quando ele manifestar seu interesse".
Sobre a cláusula aposta à manifestação de vontade, é correto afirmar que é condição:
a) puramente potestativa, vedada pelos Arts. 115 e 122 do Código Civil.
b) simplesmente potestativa, portanto válida, pois estipulada em benefício do credor.
c) puramente potestativa, pois confere ao devedor a prerrogativa de impedir a eficácia do
negócio jurídico.
d) defesa, pois priva de todo efeito o ato jurídico pretendido.
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e) ilícita, pois subordina a eficácia do negócio jurídico à vontade exclusiva de uma das
partes.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta, pois, em primeiro lugar, o art. 115 do CC não se aplica ao tema, já
que trata da matéria "representação". Veja-se o texto do dispositivo legal: "Os poderes de
representação conferem-se por lei ou pelo interessado." Pode se inferir, porém, que o examinador
quis citar o texto do art. 115 do CC/1916, cuja redação era a seguinte: "São lícitas, em geral, todas
as condições, que a lei não vedar expressamente. Entre as condições defesas se incluem as que
privarem de todo efeito o ato, ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes.". De qualquer forma,
a remissão ao dispositivo legal equivocado torna a alternativa incorreta.
Em segundo lugar, o enunciado não trata de condição puramente potestativa (aquela cujo
implemento fica ao exclusivo arbítrio de uma das partes), prevista no art. 122 do CC: "São lícitas,
em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as
condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao
puro arbítrio de uma das partes.". Veja-se que a proibição legal envolve a seriedade da avença e a
proteção à boa fé objetiva, protegendo-se, ainda, a estabilidade das relações jurídicas, já que sua
previsão prejudicaria o credor. Já o caso narrado no enunciado é de condição simplesmente
potestativa, porque estipula em benefício do credor, o qual escolherá o momento da efetivação do
negócio jurídico por sua aceitação ao bem ofertado em doação, reproduzindo-se caso concreto já
julgado pelo STJ, conforme precedente citado no Informativo 735: "DIREITO CIVIL. CONTRATOS.
CONDIÇÃO SUSPENSIVA MERAMENTE POTESTATIVA. VALIDADE. SUSPENSÃO DO PRAZO
PRESCRICIONAL. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA
RETOMADA DO JULGAMENTO DAS APELAÇÕES. [...] 2. Discute-se nos autos a validade de
estipulação que conferia ao credor a possibilidade de exigir, "tão logo fosse de seu interesse", a
transferência da propriedade de imóvel. 3. O art. 122 do CC/02 (correspondente ao art. 115 do
CC/16) proíbe as condições puramente potestativas, assim compreendidas como aquelas que
sujeitam a eficácia do negócio jurídico ao puro arbítrio de uma das partes, comprometendo a
seriedade do acordo e depondo contra a boa-fé objetiva. 4. No caso, a estipulação assinalada mais
se assemelha a termo incerto ou indeterminado do que, propriamente, a condição potestativa. 5. E
mesmo admitindo tratar-se de condição, seria de rigor verificar quem ela beneficiava (credor e
devedor), não havendo falar, por isso, em falta de seriedade na proposta ou risco à estabilidade
das relações jurídicas. 6. Ademais, foi estatuída em consideração a uma circunstância fática alheia
à vontade das partes: o resultado de uma determinada ação judicial (usucapião), havendo, assim,
interesse juridicamente relevante a justificar sua estipulação. 7. Desse modo a condição não seria
inútil ou inconveniente e, em consequência, pode ser considerada válida, até mesmo para efeito de
impedir a fluência do prazo prescricional. 8. Recurso especial provido com determinação de retorno
dos autos à origem para prosseguir no julgamento dos recursos de apelação. (REsp n.
1.990.221/SC, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 3/5/2022, DJe de
13/5/2022.).
Destaca-se, ainda, que a doação é negócio jurídico bilateral, já que depende de aceitação do
donatário, a teor do previsto no art. 539 do CC: "O doador pode fixar prazo ao donatário, para
declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro
dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.". Isso
demonstra que não há qualquer invalidade na cláusula narrada no enunciado da questão.
Assim, como a letra B é a única que atende às conclusões do precedente, todas as demais são
incorretas.
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QUESTÃO 68 – A Constituição da República de 1988 (Art. 227) estabelece que é dever da
família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. Tendo em vista os princípios relacionados a
esse tema, é INCORRETO afirmar que:
a) o reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e
imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ainda em vida, excluídos os herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça;
b) será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de
liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização
judicial;
c) a mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança
estabelecidos em lei;
d) à permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não
se prolongará por mais de dezoito meses, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
superior Interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária;
e) a criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação
ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos
responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Comentários
A alternativa incorreta é a letra A.
A alternativa se encontra em desacordo com o teor do artigo 27 da Lei nº 8.069/90 (ECA): “O
reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,
podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o
segredo de Justiça.”
A letra B está correta, com base no que dispõe o art. 19, § 4º, da Lei nº 8.069/90 (ECA): “Será
garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por
meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento
institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial.”
A letra C está correta, nos termos do art. 22, parágrafo único, da Lei nº 8.069/90 (ECA): “A mãe e
o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no
cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.”
A letra D está correta, conforme se depreende da leitura do art. 19, § 2º, da Lei nº 8.069/90 (ECA):
“A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se
prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.”
A letra E está correta, nos termos do art. 18-A, caput, da Lei nº 8.069/90 (ECA): “A criança e o
adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto,
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos
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executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-
los, educá-los ou protegê-los”.
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QUESTÃO 70 – Considerando as normas relativas ao contrato de aprendizagem, é correto
afirmar que:
a) em qualquer hipótese, o contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais
de dois anos;
b) a duração do trabalho do aprendiz não excederá cinco horas diárias, sendo vedadas a
prorrogação e a compensação de Jornada;
c) a validade do contrato de aprendizagem prescinde de anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, devendo ser provada a matrícula e frequência do aprendiz na escola,
caso não haja concluído o ensino médio, e de inscrição em programa de aprendizagem
desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional
metódica;
d) é considerada causa para a extinção do contrato de aprendizagem o desempenho
insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiência quando
desprovido de recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio necessário
ao desempenho de suas atividades;
e) contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito por prazo
determinado ou indeterminado, em que o empregador se compromete a assegurar, ao maior
de 14 e menor de 24 anos inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-
profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e
o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
Dispõe o art. 433, I, da CLT: “O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu termo ou quando
o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a hipótese prevista no § 5º do art. 428
desta Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipóteses: I - desempenho
insuficiente ou inadaptação do aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiência quando desprovido
de recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao desempenho de
suas atividades;”
A letra A está incorreta, sob o fundamento do 428, § 3º, da CLT: “O contrato de aprendizagem não
poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de
deficiência.”
A letra B está incorreta, nos termos do Art. 432, da CLT: “A duração do trabalho do aprendiz não
excederá de seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada.”
A letra C está incorreta, conforme se depreende da leitura do Art. 428, § 1º, da CLT: “A validade do
contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social,
matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição
em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação
técnico-profissional metódica.
A letra E está incorreta, nos termos do Art. 428, da CLT: “Contrato de aprendizagem é o contrato
de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se
compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em
programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu
desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas
necessárias a essa formação.”
QUESTÃO 71 - O atual Código de Processo Civil dedica alguns artigos ao que denominou
Normas Fundamentais do Processo, demonstrando, inclusive, o fenómeno da
constitucionalização do direito processual.
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Nesse cenário, é correto afirmar que:
a) o processo civil rege-se pelo princípio dispositivo e o processo começa a se desenvolver
apenas por iniciativa da parte;
b) sob pena de malferir o princípio da imparcialidade, o Juiz não deve apontar as partes
eventuais deficiências formais do processo para permitir as devidas correções;
c) embora as partes tenham o direito de obter em prazo razoável a solução integral do
processo (CPC, Art. 49), nosso direito processual civil não admite o contraditório diferido;
d) a proibição de decisão surpresa, conforme previsto no Art. 10 do Código de Processo
Civil, não se aplica quando a matéria sobre a qual o juiz deva decidir seja de ordem pública
ou possa ser conhecida de ofício;
e) ao alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu, em sintonia com os princípios da primazia da
decisão de mérito, da cooperação e da boa-fé processual, indicar, sempre que tiver
conhecimento, o sujeito passivo da relação jurídica discutida.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, pois o próprio Código de Processo Civil é expresso em mencionar
exceções a serem previstas em lei, nos termos do art. 2º: “O processo começa por iniciativa da
parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”.
A alternativa B está incorreta, pois é conferido ao juiz apontar as deficiências formais para que
sejam corrigidas, nos termos do art. 139, inc. IX, do Código de Processo Civil: “O juiz dirigirá o
processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) IX - determinar o suprimento
de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais”.
A alternativa C está incorreta, pois o Código de Processo Civil admite o contraditório diferido em
algumas situações, como, a título de exemplo, o previsto no art. 9º: “Não se proferirá decisão contra
uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se
aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art.
311, incisos II e III ; III - à decisão prevista no art. 701”.
A alternativa D está incorreta, pois, mesmo em se tratando de ordem pública, a matéria deverá ser
submetida ao contraditório, conforme art. 10º do Código de Processo Civil: “O juiz não pode decidir,
em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de
ofício”.
A alternativa E está correta, por se tratar da expressa previsão do art. 339 do Código de Processo
Civil: “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito
do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria
sobre a qual deva decidir de ofício”.
62
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de ofício. Quanto à incompetência relativa, pode suscitá-la o réu ou o Ministério Público, este
apenas na condição de parte ré;
e) a exceção de incompetência relativa deverá observar o momento processual próprio para
sua alegação, enquanto a solicitação de modificação de competência, por conexão ou
continência, poderá ser feita mesmo que uma das causas já tenha sido julgada e esteja em
execução, mas haja nítida relação de prejudicialidade, como nos casos de ação anulatória
de débito fiscal e execução fiscal.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta, pois a conexão e continência poderão modificar incompetência
relativa, nos termos do art. 54 do Código de Processo Civil: “A competência relativa poderá
modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção”.
A alternativa B está incorreta, uma vez que o art. 303, § 6º, do Código de Processo Civil dispõe que
caberá ao próprio órgão jurisdicional que negou a concessão da tutela antecipada antecedente
determinar a emenda da petição inicial: “Caso entenda que não há elementos para a concessão de
tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco)
dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito”.
A alternativa C está correta, conforme entendimento sedimentado pelo STJ: “(...) o comportamento
da recorrente, in casu, viola a proibição do venire contra factum proprium, pois, em um primeiro
momento, ela mesma indicou qual seria o órgão competente para o julgamento da causa e,
posteriormente, quando tomou ciência da sentença que lhe foi desfavorável, questionou a
competência do juízo que prolatou aquela decisão. Nesse sentido: AgInt no REsp 1.472.899/DF,
Rel. Ministro Antônio Carlos Ferreira, Quarta Turma, DJe 1º.10.2020; AgInt no HC 461.969/SP, Rel.
Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 1º.3.2019; REsp 1.619.289/MT, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, DJe 13.11.2017. 2. Ademais, verifica-se que o fundamento do acórdão
recorrido quanto à falta de razoabilidade na conduta da recorrente não foi rechaçado nas razões do
Recurso Especial, permanecendo esse fundamento incólume, a atrair a incidência do óbice, por
analogia, da Súmula 283/STF. 3. Agravo Interno não provido. (AgInt no REsp n. 1.928.495/PR,
relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 23/8/2021, DJe de 31/8/2021.)
A alternativa D está incorreta, pois o MP pode suscitar a incompetência também como fiscal da lei,
nos termos do art. 65, parágrafo único, do Código de Processo Civil: “Prorrogar-se-á a competência
relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. Parágrafo único. A
incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar”.
A alternativa E está incorreta, uma vez que, em regra, dois processos não poderão ser reunidos
caso um deles tenha sido sentenciado, nos termos do art. 55, §1º, do Código de Processo Civil:
“Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado”.
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92
d) nas ações coletivas de que trata o Código de Defesa do Consumidor e nas ações civis
públicas, a condenação da parte autora, sucumbente, em honorários advocatícios, somente
ocorrerá se comprovada a má-fé;
e) a condenação em honorários advocatícios não depende de pedido expresso na petição
inicial. Assim, mesmo que omissa a sentença quanto aos honorários advocatícios, o
advogado da parte vencedora poderá exigi-los na execução.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta, pois há a possibilidade de se fixar honorários advocatícios também
com base no critério da causalidade, nos termos do art. 85, § 10º, do Código de Processo Civil: “A
sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) § 10. Nos casos
de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo”.
A alternativa B está incorreta. De fato, caso o valor da condenação for irrisório, os honorários
poderão ser fixados por meio de apreciação equitativa, nos termos do art. 85, § 8º, do Código de
Processo Civil: “Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda,
quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação
equitativa, observando o disposto nos incisos do § 2º”.
No entanto, o STJ afastou a aplicação da referida disposição em caso de condenação elevado,
conforme segue: “(...) 3. A propósito, quando o § 8º do artigo 85 menciona proveito econômico
"inestimável", claramente se refere àquelas causas em que não é possível atribuir um valor
patrimonial à lide (como pode ocorrer nas demandas ambientais ou nas ações de família, por
exemplo). Não se deve confundir "valor inestimável" com "valor elevado". 4. Trata-se, pois, de
efetiva observância do Código de Processo Civil, norma editada regularmente pelo Congresso
Nacional, no estrito uso da competência constitucional a ele atribuída, não cabendo ao Poder
Judiciário, ainda que sob o manto da proporcionalidade e razoabilidade, reduzir a aplicabilidade do
dispositivo legal em comento, decorrente de escolha legislativa explicitada com bastante clareza”
(STJ. Corte Especial. REsp 1850512-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/03/2022 (Recurso
Repetitivo – Tema 1076) (Info 730).
A alternativa C está incorreta, na medida em que, uma vez que a parte ré nem mesmo integrou a
relação processual, não haveria como se fixar honorários em favor do seu advogado.
A alternativa D está correta, por se tratar de disposição expressa do art. 87 do Código de Defesa
do Consumidor: “Nas ações coletivas de que trata este código não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogados, custas e despesas processuais”,
cujo conteúdo se vê refletido igualmente no art. 18 da Lei de Ação Civil Pública.
A alternativa E está incorreta, pois deverá o advogado propor ação própria para requerer os
honorários, quando estes não foram fixados na sentença, nos termos do art. 85, § 18º, do Código
de Processo Civil: “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos
honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança”.
QUESTÃO 74 - Por petição dirigida ao juízo que proferiu a sentença, Calo pretende a
declaração de nulidade da intimação da decisão, afirmando que, surpreendentemente, o ato
foi dirigido a advogado que não mais o representava, indicando, inclusive, as folhas dos
autos em que se encontrava oportunamente juntado o substabelecimento sem reserva de
poderes e outras intimações em nome dos atuais patronos. Diante do ocorrido, requereu que
fosse realizada nova intimação, desta feita em nome de seu regular patrono, a fim de que
novo prazo lhe fosse concedido para interposição do recurso cabível. Considerando corretas
as informações de Caio, deverá o juízo:
a) indeferir o requerimento e, se for o caso, certificar o trânsito em julgado;
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b) obrigatoriamente dar vista à parte contrária antes de decidir sobre o requerimento;
c) anular o ato, publicando novamente a sentença;
d) proceder à nova e, desta feita, correta intimação da sentença;
e) chamar o feito à ordem e reabrir o prazo para a interposição de eventual recurso.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
Nos termos do art. 272, § 5º, do Código de Processo Civil, “Quando não realizadas por meio
eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão oficial. (...) § 5º
Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas
em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade”.
Ademais, cumpre ressaltar a Súmula 427 do TST, segundo a qual “Havendo pedido expresso de
que as intimações e publicações sejam realizadas exclusivamente em nome de determinado
advogado, a comunicação em nome de outro profissional constituído nos autos é nula, salvo se
constatada a inexistência de prejuízo”.
Considerando a nulidade da intimação, referido ato deverá ser refeito, corrigindo-se o advogado
destinatário, pelo que a única alternativa correta é a letra D.
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JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. 17ª ed. Editora JusPodivm: Salvador,
2016. p. 576).
A cumulação simples, por sua vez, verifica-se quando “(...) as pretensões não têm entre si relação
de precedência lógica (pedido prejudicial ou preliminar), podendo ser analisadas uma
independentemente da outra” (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I.
17ª ed. Editora JusPodivm: Salvador, 2016. p. 576).
Por fim, a cumulação subsidiária está prevista no art. 326, caput, do Código de Processo Civil,
segundo o qual: “É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz
conheça do posterior, quando não acolher o anterior”.
A cumulação alternativa está disciplinada no art. 326, parágrafo único, do Código de Processo Civil,
segundo o qual “É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um
deles“.
Assim, quanto ao caso concreto apresentado na questão em comento, no que tange ao pedido,
verifica-se uma natureza constitutiva (na sua modalidade desconstituição), uma vez que a anulação
de auto de infração, bem como a redução da multa, é uma modificação de uma situação anterior.
No que tange ao tipo de cumulação de pedidos, tem-se a sua modalidade subsidiária, na medida
em que o pedido de redução da multa só será apreciado caso indeferido o pedido de anulação do
auto de infração.
Pelo exposto, tem-se como única opção correta a letra C.
66
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separadamente, mesmo sem conexão entre eles”. No entanto, a segunda parte da assertiva está
incorreta, vez que o aditamento do pedido e da causa de pedir pode ser realizada sem
consentimento do réu tão somente até a citação, nos termos do art. 329, inc. I, do Código de
Processo Civil: “O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir,
independentemente de consentimento do réu”.
A alternativa B está correta, conforme art. 303, § 1º, inc. I, do Código de Processo Civil: “Nos casos
em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide,
do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. § 1º
Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: I - o autor deverá aditar a petição
inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a
confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar”.
A alternativa C está incorreta, por haver previsão expressa do prazo para a emenda da petição
inicial, nos termos do art. 303, § 6º, do Código de Processo Civil: “Caso entenda que não há
elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da
petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem
resolução de mérito”.
A alternativa D está incorreta, uma vez que a desistência da ação independe da concordância do
réu caso não apresentada a contestação, nos termos do art. 485, § 4º, do Código de Processo Civil:
“Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação”.
A alternativa E está incorreta. A primeira parte da assertiva está correta, nos termos do art. 485, §
6º, do Código de Processo Civil, que dispõe: “Oferecida a contestação, a extinção do processo por
abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu”. A segunda parte da assertiva está
incorreta, na medida em que há mais hipóteses que autorizam a extinção do processo sem
resolução de mérito, nos termos do art. 485 do Código de Processo Civil.
67
92
proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção
entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento”.
No entanto, o relator poderá proceder com o julgamento de plano, nos termos do art. 955, parágrafo
único, inc. II, do Código de Processo Civil: “O relator poderá, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, o sobrestamento do processo e,
nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter
provisório, as medidas urgentes. Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o conflito de
competência quando sua decisão se fundar em: (...) II - tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência”.
A alternativa B está incorreta, uma vez que, mesmo havendo o trânsito em julgado, é cabível a
reclamação se anterior a ele, por interpretação lógica extraída do art. 988, § 5º, inc. I, do Código de
Processo Civil: “É inadmissível a reclamação: I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
reclamada”.
A alternativa C está correta, por se tratar de hipóteses previstas no art. 932, inc. IV, alínea b e inc.
V, alínea b, do Código de Processo Civil: “Incumbe ao relator: (...) IV - negar provimento a recurso
que for contrário a: (...) b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; (...) V - depois de facultada a
apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
(...) b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos”.
A alternativa D está incorreta, por se tratar da hipótese de improcedência liminar do pedido prevista
no art. 332, inc. II, do Código de Processo Civil: “Nas causas que dispensem a fase instrutória, o
juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que
contrariar: (...) II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos”.
A alternativa E está incorreta. A primeira parte da assertiva está correta, conforme art. 496, § 4º,
inc. II, do Código de Processo Civil, segundo o qual: “Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não
produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (...) § 4º Também não se
aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: (...) II - acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos”. Porém, a segunda parte da assertiva está incorreta, devido ao art. 521, inc. IV, do
diploma processual, segundo o qual “A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser
dispensada nos casos em que: (...) IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em
consonância com súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal
de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos”.
QUESTÃO 78. Sobre os precedentes judiciais, é correto, afirmar que, como técnica de
julgamento:
a) o overruling visa demonstrar argumentativamente, por juiz ou por tribunal, como órgãos
julgadores, o desgaste ou a superação de determinada razão de decidir, no que tange a sua
congruência social e sua integridade sistêmica;
b) o distinguishing visa demonstrar de forma argumentativa, unicamente por uma Corte de
precedentes, a ausência de Identidade fática e jurídica entre os elementos essenciais e
relevantes do precedente e do caso em análise;
c) para identificar o que é um obiter dictum, deve-se verificar se a decisão permanecerá
integra e coerente em sua motivação essencial ao se retirar determinado dado argumentativo
para a solução do problema jurídico posto;
68
92
d) na decisão plural, a ratio decidendi a ser adotada como precedente conterá
necessariamente todas as rationes decidendi que levem a idêntico resultado na parte
dispositiva do julgamento;
e) a ratio decidendi de um precedente deverá ser identificada nos enunciados de ementas
dos acórdãos da Corte de precedentes, e a ausência de demonstração da distinção para a
não adoção das razões de decidir do caso piloto importará no reconhecimento da decisão
como não fundamentada.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta. Conceitua-se overruling como “(...) a técnica através da qual um
precedente perde a sua força vinculante e é substituído (overruled) por outro precedente. O próprio
tribunal, que firmou o precedente, pode abandoná-lo em julgamento futuro, caracterizando o
overruling.” (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Et. at. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 10ª ed. Editora
JusPodivm: Salvador, 2015. p. 494). Nestes termos, a assertiva está errada, uma vez que não é
dado aos juízes em geral fazer uso da overruling, tratando-se de atribuição do próprio Tribunais que
emanou o precedente.
A alternativa B está incorreta. Verifica-se distinguishing quando “(...) houver distinção entre o caso
concreto (em julgamento) e o paradigma, seja porque não há coincidência entre os fatos
fundamentais discutidos e aqueles que serviram de base à ratio decidendi (tese jurídica) constante
no precedente, seja porque, a despeito de existir uma aproximação entre eles, alguma peculiaridade
no caso em julgamento afasta a aplicação do precedente” (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Et. at. Curso
de Direito Processual Civil. Vol. II. 10ª ed. Editora JusPodivm: Salvador, 2015. p. 491). Nestes
termos, depreende-se que a assertiva está incorreta pois a análise do distinguishing pode ser
realizado desde o primeiro grau, não se restringindo aos Tribunais.
A alternativa C está correta. Conceitua-se obter dictum como (...) o argumento jurídico,
consideração, comentário exposto apenas de passagem na motivação da decisão, que se convola
em juízo normativo acessório, provisório, secundário, impressão ou qualquer outro elemento
jurídico-hermenêutico que não tenha influência relevante e substancial para a decisão (...)” (DIDIER
JÚNIOR, Fredie. Et. at. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 10ª ed. Editora JusPodivm:
Salvador, 2015. p. 444). Nestes termos, justamente por se tratar de argumento não determinante
para que se chegue à conclusão final, a decisão proferida permanecerá integra caso o obter dictum
seja retirado da sua fundamentação.
A alternativa D está incorreta, uma vez que, no sistema brasileiro, as decisões colegiadas são
agregativas, ou seja, são fruto de soma dos dispositivos dos votos individuais, não precisando ter
a mesma fundamentação. Assim, independente do caminho argumentativo que cada membro do
colegiado tenha adotado, o que importa, para fins de tomada de decisão, é se a maioria concede
ou não o pedido apresentado em juízo.
A alternativa E está incorreta. A ratio decidendi conceitua-se como “(...) são fundamentos jurídicos
que sustentam a decisão; a opção hermenêutica adotada na sentença, sem a qual a decisão não
teria sido proferida como foi” (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Et. at. Curso de Direito Processual Civil. Vol.
II. 10ª ed. Editora JusPodivm: Salvador, 2015. p. 442). Assim, a ratio decidendi deve ser extraída
da lógica propulsora da decisão, o que não se confunde com a ementa da decisão, que se
caracteriza por seu um breve resumo das questões submetidas à decisão no caso concreto.
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92
b) no Código de Processo Civil de 2015, nos termos do Art. 503, a questão preliminar
resolvida expressa e incidentalmente no processo pode ter força de lei entre as partes,
fazendo coisa julgada material.
c) na sentença líquida, constatado erro de cálculo, admitir-se-á a devida correção de ofício,
desde que ainda no prazo recursal. Porém, a correção de erro referente a critérios de cálculo,
que constituem fundamentos da decisão, depende de interposição de recurso para sua
revisão.
d) nas sentenças determinativas - que decidem relação jurídica de trato continuado,
sobrevindo modificação no estado de fato ou de direito, poderá a parte ré ajuizar ação de
revisão, o que afasta a ideia de intangibilidade e de imutabilidade da decisão anterior.
e) na hipótese de litisconsórcio necessário simples, a ausência de citação permite ao
litisconsorte que não integrou a lide, mesmo após o trânsito em julgado da decisão, propor,
como terceiro, simples ação judicial para reconhecer o provimento judicial como ineficaz.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, conforme dispõe o art. 504, inc. II, do Código de Processo Civil: “Não
fazem coisa julgada: (...) II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença”.
A alternativa B está incorreta, pois o art. 503, § 1º, do Código de Processo Civil dispõe sobre
questão prejudicial e não preliminar, nos seguintes termos: “A decisão que julgar total ou
parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da questão principal expressamente decidida. §
1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo, se (...)”
A alternativa C está incorreta, pois poderá haver correção mesmo após o prazo recursal, conforme
se extrai do art. 494, inc. I, do Código de processo Civil: “Publicada a sentença, o juiz só poderá
alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros
de cálculo”.
A alternativa D está incorreta, uma vez que não é dada apenas à parte ré a possibilidade de revisar
questões submetidas à relação de trato continuado, tratando-se de faculdade também concedida à
parte autora. Referida conclusão se extrai da ausência de limitação do art. 505, inc. I, do Código de
Processo Civil: “Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide,
salvo: I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado
de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença”.
Pelo que se verifica, não é dado somente ao réu requerer a revisão, pelo que a redação da assertiva
seria questionável.
A alternativa E está correta. O art. 115, inc. II, do Código de Processo Civil dispõe: “A sentença de
mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: I - nula, se a decisão deveria ser
uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; II - ineficaz, nos outros casos,
apenas para os que não foram citados”. Pela redação colacionada, depreende-se ser já ser ineficaz
a sentença, independentemente do seu requerimento em juízo. No entanto, nada impede que o
pedido de ineficácia seja objeto de ação autônoma.
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92
c) a decisão proferida no processo de conhecimento que afasta a responsabilidade do sócio
pela dívida da sociedade, sob o fundamento de não demonstrada a confusão patrimonial,
não inibe, na execução, pedido para instauração de incidente de desconsideração da
personalidade jurídica por outra causa de responsabilização secundária indireta;
d) considera-se, para efeitos da lei processual, como instaurado o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica quando, desde a petição Inicial, haja pretensão
de responsabilidade patrimonial dos sócios;
e) pelo princípio da eventualidade ou da concentração da defesa, no procedimento incidental
de desconsideração da personalidade jurídica, o sócio (ou a sociedade no caso de
desconsideração inversa) deve defender-se a respeito de todos os pontos relativos à dívida,
à correção dos cálculos de liquidação e mesmo sobre a validade do título executivo, sob
pena de preclusão.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta, uma vez que a sociedade em comum não possui personalidade
jurídica, respondendo os seus sócios diretamente, independentemente de desconsideração de
personalidade jurídica. Nos termos do art. 990 do Código Civil: “Todos os sócios respondem
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art.
1.024, aquele que contratou pela sociedade”.
A alternativa B está incorreta, uma vez que na hipótese do art. 790, inc. II, do Código de Processo
Civil prevê situação em que não será necessária a desconsideração de personalidade jurídica para
responsabilização do sócio: “ São sujeitos à execução os bens: (...) II - do sócio, nos termos da lei”.
A alternativa C está correta, uma vez que a desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer
tanto na fase de conhecimento, quanto na fase de execução, nos termos do art. 134 do Código de
Processo Civil: “O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial”, não inibindo pedido para instauração de incidente por outra causa de
responsabilização secundária indireta.
A alternativa D está incorreta, uma vez que o pedido de desconsideração da personalidade jurídica
formulado na petição inicial dispensa a instauração do incidente, nos termos do art. 134, § 2º, do
Código de Processo Civil: “Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a
pessoa jurídica”.
A alternativa E está incorreta, pois, na hipótese de instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, o sócio deverá se ater ao assunto discutido tão somente no incidente, não
precisando enfrentar todos os assuntos tratados no processo principal, que, inclusive, será
suspenso, nos termos do art. 134, § 3º, do Código de Processo Civil: “A instauração do incidente
suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º”.
71
92
e) o interessado em adquirir o bem penhorado em prestações poderá apresentar seu pedido
após o início do segundo leilão, desde que, não sendo o lance vil, a proposta contenha oferta
de pagamento de pelo menos 25% do valor do lance à vista e o restante parcelado em até
trinta meses.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta, pois os embargos à arrematação, antes vigentes no CPC/73, foram
extintos com o CPC/15.
A alternativa B está incorreta. O art. 903, § 4º, do Código de Processo Civil: “Qualquer que seja a
modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação
será considerada perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os
embargos do executado ou a ação autônoma de que trata o § 4º deste artigo, assegurada a
possibilidade de reparação pelos prejuízos sofridos. (...) § 4º Após a expedição da carta de
arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação
autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte necessário”. O diploma
processual exige forma específica de ação autônoma para invalidação da arrematação tão somente
após a expedição da carta ou ordem de entrega, pelo que se extrai a possibilidade de se valer de
simples petição para situações não enquadras no referido § 4º. Assim, a assertiva está incorreta,
pois a invalidação da arrematação pode se dar por ação autônoma ou simples petição.
A alternativa C está incorreta, pois a invalidação da arrematação pode se dar por ação autônoma
ou simples petição, conforme fundamentação da letra B.
A alternativa D está correta, por se tratar de situação prevista no art. 903, § 4º, do Código de
Processo Civil: “Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo
arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável, ainda
que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado ou a ação autônoma de que
trata o § 4º deste artigo, assegurada a possibilidade de reparação pelos prejuízos sofridos. (...) § 4º
Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da arrematação
poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como
litisconsorte necessário”.
A alternativa E está incorreta, pois o pedido poderá ser formulado até início do segundo leilão, nos
termos do art. 895, inc. II, do Código de Processo Civil: “O interessado em adquirir o bem penhorado
em prestações poderá apresentar, por escrito: (...) II - até o início do segundo leilão, proposta de
aquisição do bem por valor que não seja considerado vil”.
72
92
e) será competente órgão de primeiro grau de jurisdição para processar e julgar ação de
embargos de terceiro, mesmo quando a constrição for determinada em grau de recurso ou
for oriunda de ação de competência originária de tribunal.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta, pois não há uma limitação dos embargos de terceiros à tutela apenas
da posse direta. Conforme art. 674, caput e § 1º, do Código de Processo Civil: “Quem, não sendo
parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro. § 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário,
inclusive fiduciário, ou possuidor”.
A alternativa B está incorreta. De fato, o art. 674, § 2º, inc. III, do Código de Processo Civil que: “
Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: (...) III - quem sofre constrição judicial de
seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte”.
No entanto, a utilização da desconsideração da personalidade jurídica acima mencionada
pressupõe uma responsabilidade indireta da pessoa afetada pela constrição, enquanto que a
assertiva afirma que seria terceiro o sócio da sociedade mercantil com responsabilidade direta, pelo
que se conclui pela sua incorreção.
A alternativa C está incorreta, pois os embargos de terceiro podem ser opostos a qualquer
momento, conforme redação do art. 675 do Código de Processo Civil: “Os embargos podem ser
opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a
sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois
da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da
assinatura da respectiva carta”.
A alternativa D está correta. O art. 109, § 1º, do Código de Processo Civil dispõe: “A alienação da
coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes.
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente,
sem que o consinta a parte contrária.” Ou seja, havendo concordância da parte contrária, o
adquirente poderá suceder no processo, passando a figurar como parte no processo principal, pelo
que se tem como desnecessária a oposição de embargos de terceiro.
A impossibilidade de terceiro adquirente se valer de embargos de terceiro encontra-se estampada
na jurisprudência do STJ, segundo a qual: “1. Consoante a jurisprudência deste Tribunal Superior,
o adquirente de coisa litigiosa não é parte legítima para embargos de terceiro. Essa posição é
relativizada apenas quando demonstrada a boa-fé do adquirente. Precedentes. 1.1. No caso em
tela, o Tribunal de origem constatou a boa-fé dos adquirentes, que não poderiam ter ciência da lide,
uma vez que não havia averbação na matrícula do imóvel nem constavam como parte no processo
os alienantes. Incidência das Súmulas 7 e 83 do STJ” (STJ, Agint no Resp 1.574.382/MT, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 23/10/2018).
Ademais, não figurando na qualidade de sucessor processual, é dada a possibilidade de o
adquirente intervir no processo como assistente litisconsorcial, nos termos do art. 109, § 2º, do
Código de Processo Civil: “A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título
particular, não altera a legitimidade das partes. (...) § 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir
no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente”.
A alternativa E está incorreta, uma vez que “Os embargos serão distribuídos por dependência ao
juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado”, nos termos do art. 676 do Código de
Processo Civil.
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De madruga é que as aranha tece no breu
E amantes ofegantes vão pro mundo de Morfeu
E o Sol só vem depois
O Sol só vem depois"
Emicida, 2019
Profissões relacionadas ao trabalho reprodutivo (trabalho doméstico e de cuidado) são
preponderantemente ocupadas por mulheres, tais como: auxiliares na área de saúde,
trabalhadoras domésticas, professoras no ensino infantil, babás, cuidadoras de idosos ou
pessoas doentes, trabalhadoras na área de limpeza e conservação. O trabalho reprodutivo é
o que assegura a vida e a reprodução social - já parou para pensar quantas pessoas
cuidaram para que você pudesse fazer esta prova hoje?
No entanto, em geral, são profissões desvalorizadas e com baixa remuneração. Segundo
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), realizada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 4º trimestre de 2021, 5,7 milhões
de pessoas estavam ocupadas em trabalhos domésticos, das quais 92% são mulheres, das
quais 65% são negras; 4,2 milhões trabalhavam sem carteira assinada.
À luz da Convenção sobre o Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores
Domésticos (nº 189) da OIT, é correto afirmar que:
a) trabalho doméstico é aquele executado em ou para um ou mais domicílios, como
ocupação profissional e de forma não ocasional ou esporádica, no marco de uma relação de
trabalho;
b) o conceito de trabalho doméstico na Convenção nº 189 tem como requisito a prestação
de serviços por mais de dois dias na semana no âmbito residencial de pessoa ou família;
c) trabalho doméstico é aquele prestado sem objetivo de lucro em ambiente familiar e, por
isso, não há exigência de idade mínima;
d) trabalho doméstico não visa ao lucro nem tem caráter profissional e, por isso, não enseja
medidas que assegurem a segurança e a saúde no ambiente de trabalho;
e) no contrato de trabalho doméstico, é possível que o empregador retenha os documentos
de viagem e de identidade do trabalhador ou trabalhadora migrante.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta, conforme a previsão do art. 1º da Convenção nº 189 da OIT: “Para o
propósito desta Convenção: a. o termo "trabalho doméstico" designa o trabalho executado em ou
para um domicílio ou domicílios; b. o termo "trabalhadores domésticos" designa toda pessoa, do
sexo feminino ou masculino, que realiza um trabalho doméstico no marco de uma relação de
trabalho; c. uma pessoa que executa o trabalho doméstico apenas ocasionalmente ou
esporadicamente, sem que este trabalho seja uma ocupação profissional, não é considerada
trabalhador doméstico”.
A alternativa B está incorreta, pois a Convenção nº 189 não prevê esse requisito. Em verdade, tal
disposição vem expressa no art. 1º da Lei Complementar nº 150 de 2015: “Ao empregado
doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa
e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais
de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei”.
A alternativa C está incorreta, conforme a previsão do art. 4º da Convenção nº 189 da OIT: “1. Todo
Membro deverá estabelecer uma idade mínima para os trabalhadores domésticos, em consonância
com as disposições da Convenção sobre a Idade Mínima, 1973 (n° 138), e a Convenção sobre as
Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999 (n° 182), idade que não poderá ser inferior à idade mínima
estabelecida na legislação nacional para os trabalhadores em geral (...)”.
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A alternativa D está incorreta, nos termos do art. 13 da Convenção nº 189 da OIT: “1. Todo
trabalhador doméstico tem direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável. Todo Membro, em
conformidade com a legislação e a prática nacionais, deverá adotar medidas eficazes, com devida
atenção às características específicas do trabalho doméstico, a fim de assegurar a segurança e
saúde no trabalho dos trabalhadores domésticos (...)”. Além disso, o trabalho doméstico tem caráter
profissional, conforme exposto no fundamento da alternativa A.
A alternativa E está incorreta, conforme a previsão do art. 9º da Convenção nº 189 da OIT: “1. Cada
Membro deverá tomar medidas para assegurar que os trabalhadores domésticos: (...) c. tenham o
direito de manter em sua posse seus documentos de viagem e identidade”.
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todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório; c) a abolição efetiva do trabalho infantil; e d) a
eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação.
A alternativa D está incorreta, pois a Convenção nº 155 foi ratificada pelo Brasil e está consolidada
no Decreto nº 10.088. Assim, deve o Estado brasileiro respeitá-la e promovê-la.
A alternativa E está incorreta, pois o Brasil não ratificou a Convenção nº 187.
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conhecimento ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho das medidas tomadas, em
virtude do presente artigo, para submeter a convenção à autoridade ou autoridades competentes,
comunicando-lhe, também, todas as informações sobre as mesmas autoridades e sobre as
decisões que estas houverem tomado; d) o Estado-Membro que tiver obtido o consentimento da
autoridade, ou autoridades competentes, comunicará ao Diretor-Geral a ratificação formal da
convenção e tomará as medidas necessárias para efetivar as disposições da dita convenção (...)”.
A alternativa E está incorreta, pois o descumprimento de uma Convenção da OIT por alguma das
partes não prejudica o cumprimento pelas demais, uma vez que são obrigações autônomas.
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relação direta com o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) e com o princípio da
prevalência dos direitos humanos.
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estratégicos: a) respeito às normas internacionais do trabalho, em especial aos princípios e direitos
fundamentais do trabalho (liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação
coletiva; eliminação de todas as formas de trabalho forçado; abolição efetiva do trabalho infantil;
eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação); b) promoção
do emprego de qualidade; c) extensão da proteção social; d) diálogo social”. Aponta, ainda, como
prioridades: “Prioridade 1: Gerar mais e melhores empregos, com igualdade de oportunidades e de
tratamento; Prioridade 2: Erradicar o trabalho escravo e eliminar o trabalho infantil, em especial em
suas piores formas; Prioridade 3: Fortalecer os atores tripartites e o diálogo social como um
instrumento de governabilidade democrática”.
79
92
reconhecimento da relação de emprego e o adimplemento de verbas trabalhistas do período
contratual. Mesmo sem juntar qualquer documento no processo, na audiência designada
pelo juízo, foi celebrado um acordo entre as partes, em que, ajustada a anotação de três anos
do contrato de trabalho na sua carteira profissional, além do pagamento de R$ 30.000,00 a
título de parcelas salariais e indenizatórias.
Com base no relato acima e considerando a jurisprudência dominante no Superior Tribunal
de Justiça, é correto afirmar, para efeito de futura concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição, que:
a) a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento de
idêntico tempo de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribuições
previdenciárias incidentes sobre o valor pago no acordo trabalhista;
b) a anotação do contrato de trabalho de três anos na CTPS permite o reconhecimento dos
cinco anos de serviço rural, desde que efetuado o recolhimento das contribuições
previdenciárias incidentes sobre as remunerações devidas ao longo do período contratual
registrado na CTPS;
c) a anotação do contrato de trabalho na CTPS permite o reconhecimento de idêntico tempo
de serviço rural, independentemente do recolhimento de contribuições previdenciárias
devidas;
d) a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada à produção em ação própria de prova
oral relativa à parte do período contratual restante, permite o reconhecimento dos cinco anos
de serviço rural, independentemente do recolhimento das contribuições previdenciárias;
e) a anotação do contrato de trabalho na CTPS, aliada a outros elementos probatórios
convincentes e contemporâneos aos fatos, permite o reconhecimento de até cinco anos de
serviço rural, sem prejuízo do adimplemento das contribuições previdenciárias devidas.
Comentários
A resposta correta é a letra C.
A anotação na carteira de trabalho goza de presunção relativa e permite o reconhecimento de
idêntico tempo para fins de aposentadoria rural.
Neste sentido, é o teor da Súmula 75 da TNU: "A Carteira de Trabalho e Previdência social (CTPS)
em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de
presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins
previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de
Informações Sociais (CNIS)".
Assim, como João celebrou acordo ajustando a anotação de três anos do contrato de trabalho na
sua carteira profissional, terá direito ao reconhecimento do mesmo período (3 anos) de serviço rural
(incorretas, portanto, as letras D e E).
Vale registrar, ademais, que eventual não recolhimento das contribuições previdenciárias devidas
nesse período não pode ser atribuído ao segurado, pois essa é uma incumbência do empregador,
nos termos do artigo 30, inciso I da Lei 8.212/1991.
Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à
Seguridade Social obedecem às seguintes normas:
I - a empresa é obrigada a:
a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço,
descontando-as da respectiva remuneração;
Assim, demonstrado o preenchimento dos requisitos legais, o segurado faz jus à concessão da
aposentadoria pretendida, independentemente do pagamento das contribuições previdenciárias
devidas.
As letras A e B estão incorretas, pois condicionam o reconhecimento do tempo de serviço ao
pagamento das contribuições, revelando-se equivocadas.
80
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A única resposta correta à questão, pelo exposto, é a letra C: a anotação do contrato de trabalho
na CTPS permite o reconhecimento de idêntico tempo de serviço rural, independentemente do
recolhimento de contribuições previdenciárias devidas.
QUESTÃO 90 - Após quinze anos de trabalho em UTI hospitalar, Maria foi afastada para gozo
de auxílio por incapacidade temporária em Janeiro de 2020, para tratamento da Covid-19 e
das sequelas decorrentes dessa doença. Aposentou-se por incapacidade permanente em
novembro de 2021. Em dezembro de 2022, teve reconhecido na Justiça do Trabalho o nexo
de causalidade da doença com o seu labor.
Com base no relato acima, é correto afirmar, acerca da renda mensal inicial e da competência
jurisdicional para discussão sobre essa matéria, que:
a) a renda mensal inicial da aposentadoria por incapacidade permanente usufruída
inicialmente por Maria segue idêntico critério de cálculo utilizado caso decorresse de
acidente de trabalho, não havendo prejuízo financeiro da trabalhadora no particular;
b) Maria deverá ajuizar outra ação contra o empregador na Justiça do Trabalho, pleiteando
diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
judicial posterior de sua origem acidentária;
c) Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça de Trabalho, pleiteando
diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
Judicial posterior de sua origem acidentária;
d) Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Federal, pleiteando diferenças
da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
Judicial posterior de sua origem acidentária;
e) Maria deverá ajuizar outra ação contra o INSS na Justiça Comum Estadual, pleiteando
diferenças da aposentadoria por incapacidade permanente, em razão do reconhecimento
judicial posterior de sua origem acidentária.
Comentários
A resposta correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Se a aposentadoria por incapacidade permanente tiver natureza não
acidentária (previdenciária), a Renda Mensal Inicial (RMI) será de 60% do salário de benefício +
2% para cada ano de contribuição que exceder 20 anos de contribuição, se homem ou 15 anos de
contribuição, se mulher (art. 26, § 2º, I, da EC 103/2019).
Já o valor da aposentadoria por incapacidade permanente decorrente de acidente de trabalho,
doença profissional ou do trabalho (natureza acidentária), corresponderá a 100% do salário de
benefício (art. 26, § 3º, II, da EC 103/2019).
Os critérios, portanto, não são idênticos. A partir da constatação do nexo de causalidade entre a
doença o trabalho (ocorrida em dezembro de 2022 na Justiça do Trabalho), Maria, que antes
recebia um benefício de natureza não acidentária (e, portanto, estava incorrendo em prejuízo
financeiro), terá direito a um incremento de sua renda mensal inicial que agora será de 100% do
valor do benefício.
A alternativa B está incorreta. A ação deverá ser proposta em face no INSS (e não do empregador,
como afirma o item). Outro equívoco concerne à competência. Neste caso, aplica-se o teor da Tese
414 da Repercussão Geral do STF que atribuiu a competência à Justiça Comum Estadual.
Tema 414 da Repercussão Geral (RE 638483): Compete à Justiça Comum Estadual julgar as ações
acidentárias que, propostas pelo segurado contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),
visem à prestação de benefícios relativos a acidentes de trabalho.
No mesmo sentido é o entendimento consolidado no enunciados de Súmula 15 do STJ (Compete
à justiça estadual processar e julgar os litígios decorrentes de acidente do trabalho) e a Súmula 501
do STF (Compete à justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias,
81
92
das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias,
empresas públicas ou sociedades de economia mista).
A alternativa C está incorreta. De fato, a demanda deverá ser proposta contra o INSS. A
competência, todavia, não é da justiça do trabalho, mas, sim, da Justiça Comum Estadual. Vide
comentários ao item B.
A alternativa D está incorreta. De fato, a demanda deverá ser proposta contra o INSS. A
competência, todavia, não é da justiça federal, mas, sim, da Justiça Comum Estadual. Vide
comentários ao item B.
A alternativa E está correta. A demanda deverá ser proposta em face do INSS na Justiça Comum
Estadual. Vide comentários ao item B.
QUESTÃO 91 - João ajuizou ação trabalhista contra a empresa em que laborava, como
vendedor externo, pleiteando a conversão da justa causa em despedida imotivada e o
pagamento de verbas trabalhistas. Por ocasião da sentença, houve a reversão da justa causa
para despedida imotivada, além da condenação ao pagamento das parcelas salariais e
indenizatórias.
Com base no relato acima, considerando a Lei n° 8.212/1991 e a jurisprudência dominante
no Superior Tribunal de Justiça, haverá a incidência de contribuição previdenciária na
seguinte parcela recebida pelo trabalhador:
a) aviso prévio indenizado;
b) terço constitucional de férias indenizadas;
c) horas extras;
d) diárias para viagens;
e) vale-transporte, na forma da legislação própria.
Comentários
A resposta correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta. É pacífica a jurisprudência do STJ quanto à não incidência de
contribuição previdenciária sobre o valor pago a título de aviso prévio indenizado. Vejamos: “Não
incide contribuição previdenciária a cargo da empresa sobre o valor pago a título de aviso prévio
indenizado. Isso porque essa verba não ostenta caráter salarial, mas sim de natureza indenizatória”
(STJ. 1ª Seção. REsp 1230957-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/2/2014 -
Recurso Repetitivo - Info 536).
O tema, ademais, encontra previsão expressa no art. 28, § 9º, “e”, item 3, da Lei 8.212/ combinado
com o art. 479 da CLT, in vebis:
Lei 8.212/91.
Art, 28, § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
e) as importâncias:
3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT.
Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir
o empregado será obrigado a pagar-lhe, a titulo de indenização, e por metade, a remuneração a
que teria direito até o termo do contrato.
A alternativa B está incorreta. A não incidência de contribuição previdenciária sobre o terço
constitucional de férias indenizadas decorre de expressa previsão legal, qual seja, o art. 28, § 9º,
“d”, da Lei 8.212/91.
Lei 8.212/91
Art. 28, § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional,
inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da
Consolidação das Leis do Trabalho-CLT;
82
92
A alternativa C está correta. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça “é legítima a incidência
de contribuição previdenciária sobre os valores recebidos a título de salário-maternidade, férias
gozadas, descanso semanal remunerado e adicionais de horas extras, insalubridade,
periculosidade e noturno” (STJ. REsp 1.634.027).
Referida interpretação decorre tanto do art. 28, I, da Lei 8.212/91, que preconiza que todos os
rendimentos pagos integram o salário de contribuição (a albergar, portanto, as horas extras), quanto
do art. 28, § 9º, da mesma lei, que prevê de forma exaustiva as parcelas que não compõem referido
salário. Assim, como as horas extras não constam do rol taxativo do § 9º, há de ser reconhecida a
incidência de contribuição previdenciária quanto aos valores pagos a tal título.
A alternativa D está incorreta. As diárias para viagens não integram o salário de contribuição e,
portanto, estão expressamente excluídas da incidência de contribuição previdenciária (vide art. 28,
§ 9º, “h”, da Lei 8.212/91).
Lei 8.212/91.
Art. 28, § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
h) as diárias para viagens; (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
A alternativa E está incorreta. Trata-se de previsão legal expressa do art. 28, § 9º, “f”, da Lei
8.212/91:
Lei 8.212/91.
Art. 28, § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria.
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A alternativa B está incorreta. O auxílio-acidente pode ser inferior ao salário mínimo, eis que não
substitui a renda mensal do trabalhador, mas, sim, complementa a renda do segurado que retorna
ao trabalho após consolidação das lesões que reduziram a sua capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia. Como a renda mensal inicial do auxílio-acidente corresponde a 50% do
salário de benefício (art. 86, § 1º da Lei 8.213/91), se o segurado possuir salário de benefício igual
a um salário-mínimo, o valor do benefício será metade desse valor, ou seja, inferior ao mínimo.
A alternativa C está correta. Conforme a Reforma da Previdência, a pensão por morte será
equivalente a uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria recebida pelo segurado, ou
daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito,
acrescida de cotas de 10% por dependente habilitado, até o máximo de 100% (art. 23 da EC
103/2019).
Instrução Normativa nº 128/2022 do INSS.
Art. 235, § 7º. A renda mensal inicial da pensão por morte não poderá ser inferior ao valor de 1 (um)
salário mínimo.
O valor global da pensão por morte não pode ser inferior ao salário-mínimo. Como o cônjuge é o
único dependente legal, receberá o valor integral.
A alternativa D está incorreta. O valor do auxílio-reclusão, hoje, é de um salário mínimo. Este
montante, todavia, será repartido em cotas iguais entre os dependentes, de modo que cada cota
parte poderá ser inferior ao salário mínimo.
EC 103/2019.
Art. 27. Até que lei discipline o acesso ao salário-família e ao auxílio-reclusão de que trata o inciso
IV do art. 201 da Constituição Federal, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que
tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.364,43 (mil, trezentos e sessenta e quatro reais
e quarenta e três centavos), que serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.
§ 1º Até que lei discipline o valor do auxílio-reclusão, de que trata o inciso IV do art. 201 da
Constituição Federal, seu cálculo será realizado na forma daquele aplicável à pensão por morte,
não podendo exceder o valor de 1 (um) salário-mínimo.
A alternativa E está incorreta. Existem situações (art. 47, II, da Lei 8.213/91) em que o segurado
aposentado por invalidez retorna ao trabalho e ainda receberá este benefício em uma redução
progressiva por 18 meses, até zerar. Como ele retornou ao trabalho, ainda que com redução de
capacidade laborativa, essas parcelas temporárias poderão ser inferiores ao salário-mínimo, já que
complementarão a renda do segurado (e não a substituirão).
Lei 8.213/91
Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será
observado o seguinte procedimento: (...)
II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I, ou ainda quando o
segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a
aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a
recuperação da capacidade;
b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses,
ao término do qual cessará definitivamente.
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a) o princípio da solidariedade norteia as regras dos sistemas públicos e privados de
previdência social no ordenamento jurídico pátrio, sob a égide de que os indivíduos têm
deveres sociais, independentemente de qualquer contraprestação;
b) a partir do princípio da universalidade de custeio da Previdência Social, justifica-se a
contribuição previdenciária do aposentado que permaneça em atividade ou que retorne à
atividade;
c) diante do caráter contributivo da Previdência Social, não se admite a percepção de
benefício sem a contribuição específica para o regime, mesmo quando a responsabilidade
pelo recolhimento tenha sido transmitida a pessoa diversa do próprio segurado;
d) o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios previdenciários garante o
reajustamento com vistas à preservação apenas do valor nominal obtido no momento de sua
concessão;
e) a partir do princípio da equivalência dos benefícios e serviços prestados às populações
urbanas e rurais, os requisitos para concessão de determinado benefício devem ser os
mesmos entre os trabalhadores urbanos e rurais.
Comentários
A resposta correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. O princípio da solidariedade não se aplica ao regime previdenciário
privado, regido pelo sistema da capitalização.
A alternativa B está correta. O aposentado que continua trabalhando ou que, uma vez aposentado,
decide retornar ao trabalho, terá de contribuir sobre esta nova atividade. A contribuição vertida pelos
aposentados destina-se ao custeio do sistema e decorre dos princípios constitucionais da
universalidade do custeio e da solidariedade.
A alternativa C está incorreta. O erro está parte final da assertiva. De fato, o sistema previdenciário
é marcado pelo caráter contributivo, fazendo-se necessário verter contribuições ao sistema para
que o indivíduo tenha reconhecido o direito à percepção de benefícios.
Há, contudo, hipóteses em que a responsabilidade pelo recolhimento de contribuições não é do
empregado, mas, sim, do empregador (casos dos segurados empregado, empregado doméstico e
trabalhador avulso). O empregador retém as contribuições devidas e, em seguida, deve repassá-
las ao Fisco.
Em tais situações, será admitida a percepção de benefício previdenciário, mesmo sem o pagamento
da contribuição específica para o regime, se o segurado comprovar que prestou a atividade e que
sofreu as retenções do valor devido pelo empregador, ainda que este não tenha repassado os
valores ao Fisco.
A alternativa D está incorreta. O benefício previdenciário além da garantia da preservação do valor
nominal (assegurada para toda a seguridade social), também comporta a preservação do valor real.
É este o teor do art. 201, § 4º, da CF: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.
A alternativa E está incorreta. A equivalência dos benefícios e serviços significa que devem ser
oferecidas às populações urbanas e rurais os mesmos benefícios, com a mesma qualidade. Isso
não significa que os requisitos para concessão serão os mesmos. Eventuais distinções, todavia,
devem ser pautadas na isonomia material e realizadas com razoabilidade.
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c) à conclusão bem-sucedida da recuperação judicial se opera automaticamente, após os
dois anos de homologação do plano de recuperação judicial.
d) é possível a convolação da recuperação judicial em falência após o transcurso do prazo
bienal de supervisão judicial, enquanto não houver decisão judicial de encerramento da
recuperação.
e) O prazo bienal do estado recuperacional do devedor representa o período para o
cumprimento das obrigações do plano de recuperação e se sujeitará à supervisão exclusiva
da assembleia geral de credores.
Comentários
Questão passível de recurso, pois não há alternativa plenamente correta, mas a questão sugerida
como correta é alternativa letra C.
A alternativa A está incorreta. Não há na lei de recuperação essa vedação, sendo plenamente
cabível a instituição de obrigações para além do biênio.
A alternativa B está incorreta. O prazo geral para pagamento dos débitos trabalhistas é de um ano,
conforme artigo 54 da Lei 11.101/05.
A alternativa C está incorreta. O encerramento da recuperação realmente se dará ao final do biênio
com o cumprimento integral e bem-sucedido do plano de recuperação, mas não de forma
automática, sendo necessária sentença proferida pelo juízo recuperacional, nos termos do artigo
63 da Lei 11.101/05
A alternativa D está incorreta. Após o biênio é possível a decretação de falência da empresa em
recuperação, mas não será considerada convolação, mas decretação nos termos do artigo 94 da
Lei 11.101/05 devendo ser requerida por credor diante de descumprimento de obrigação assumida
no plano, como bem dispõe o artigo 62 da citada lei.
A alternativa E está incorreta. A supervisão em recuperação judicial não cabe apenas a Assembleia
Geral de Credores, mas ao Administrador Judicial e ao próprio juiz da falência.
QUESTÃO 95 - A sociedade XXX, que desenvolve atividade de cursos de línguas, tem como
maior canal de publicidade e promoção de seus serviços os provedores de busca na internet.
A sociedade YYY, sua concorrente na atividade desenvolvida, contratou serviço de
publicidade paga de um dos provedores de busca mais utilizados pelos usuários da internet.
Com base no uso de certas palavras-chave, dentre elas, a marca registrada da sociedade
XXX, a sociedade YYY visa colocar em destaque e precedência o conteúdo pretendido por
ela, anunciante pagador por meio de links patrocinados.
Sobre o caso, é correto afirmar que:
a) a sociedade YYY infringe a legislação de propriedade industrial quando elege, em links
patrocinados, palavra-chave que é marca registrada da sociedade XXX.
b) a sociedade YYY, devido ao uso indevido de sua marca registrada pela sociedade XXX,
faz jus a indenização por danos morais, sendo necessária à prova do abalo reputacional
sofrido.
c) a sociedade YYY não comete ato ilícito, na medida em que o consumidor é capaz de
reconhecer que o serviço por ela oferecido não se confunde com aquele prestado pelo seu
concorrente, sociedade XXX.
d) a sociedade YYY não comete ato ilícito, pois a contratação de links patrocinados com o
provedor de buscas é lícita, respaldada pelas normas de direito contratual, sendo, portanto,
válida.
e) o uso da expressão "XXX" quando atrelada à expressão "curso de inglês” pela sociedade
YYY não configura uso indevido da marca e prática de concorrência desleal, na medida em
que não é possível reconhecer o desvio de clientela.
Comentários
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A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta e as alternativas C, D e E estão incorretas. O tema foi apreciado pelo
STJ no REsp nº 1937989 / SP, tendo decido da seguinte forma: "(...) infringe a legislação de
propriedade industrial aquele que ele como palavra-chave, em links patrocinados, marcas
registradas por um concorrente, configurando-se o desvio de clientela, que caracteriza ato de
concorrência desleal, reprimida pelo art. 195, III e V, da Lei da Propriedade Industrial e pelo art. 10
bis, da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial. (...). Utilizar a marca
de um concorrente como palavra-chave para direcionar o consumidor do produto ou serviço para o
link do concorrente usurpador é capaz de causar confusão quanto aos produtos oferecidos ou a
atividade exercida pelos concorrentes. Ainda, a prática desleal conduz a processo de diluição da
marca no mercado e prejuízo à função publicitária, pela redução da visibilidade (...)"
A alternativa B está incorreta. No caso de uso indevido de marca, os danos morais são in re ipsa,
conforme decido no REsp nº 1674375 / SP.
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d) João pode exigir a restituição integral dos valores pagos, pois tal cláusula contratual deve
ser reconhecida com excessivamente onerosa, gerando o enriquecimento ilícito da
sociedade Z, o que permite à sua revisão;
e) sendo o contrato de arrendamento mercantil classificado como de fornecimento de
produto regido pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), a cláusula que prevê o
vencimento antecipado é abusiva, com base no Art. 51 do CDC.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa C está correta e as alternativas A, D e E estão incorretas. O tema foi apreciado pelo
STJ no REsp nº 1699184 / SP, tendo decido da seguinte forma: "(...) O art. 333 do CC disciplina o
vencimento extraordinário da dívida, possibilitando sua exigência antes do termo originalmente
pactuado. A lei não estabelece qual o número de parcelas inadimplidas é capaz de gerar a
antecipação, sendo possível às partes estabelecer que a impontualidade de uma única parcela gere
tal efeito. Ademais, é exemplificativo o rol do dispositivo, podendo a autonomia da vontade eleger
outras situações de antecipação. (...).Não é abusiva a cláusula contratual que prevê o vencimento
antecipado do contrato (...) "
A alternativa B está incorreta. Com o pagamento integral do valor contratado não há motivos para
busca e apreensão do bem, sob pena de se caracterizar enriquecimento ilícito.
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Para responder à questão devemos nos ater ao princípio da igualdade (Valor 5). O valor 5
“Igualdade” estabelece o seguinte princípio: “Assegurar a igualdade de tratamento de todos perante
as cortes é essencial para a devida execução do ofício judicial”. Em continuidade, o item 5.1 dispõe:
“Um juiz deve ser ciente e compreensivo quanto à diversidade na sociedade e às diferenças que
surgem de várias fontes, incluindo (mas não limitadas à) raça, cor, sexo, religião, origem nacional,
casta, deficiência, idade, estado civil, orientação sexual, status social e econômico e outras causas
(‘razões indevidas’)”.
Verifica-se, portanto, que dentre as alternativas, a constante na letra B é aquela que atende ao
princípio da igualdade, uma vez que exige do magistrado estar atento às diversidades sociais,
incluindo a orientação sexual, devendo respeitar o nome social da pessoa para se dirigir ou se
referir a ela no decorrer do processo.
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A letra D está incorreta. Conforme já apontado, a diferença salarial deriva da própria discriminação
de gênero e de cor, como apontado pelos números expostos pela questão, que são fatores que
demandam ações afirmativas para que a desigualdade se torne menor.
A letra E está correta. Conforme item 1 do art. 1º da Convenção Interamericana contra o Racismo,
a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância: “Discriminação racial é qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da vida pública ou privada, cujo
propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de
igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos
instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A discriminação racial pode basear-se
em raça, cor, ascendência ou origem nacional ou étnica”.
Na sequência, o item 3 do mesmo artigo estabelece: “Discriminação múltipla ou agravada é
qualquer preferência, distinção, exclusão ou restrição baseada, de modo concomitante, em dois ou
mais critérios dispostos no Artigo 1.1, ou outros reconhecidos em instrumentos internacionais, cujo
objetivo ou resultado seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições
de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos
instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes, em qualquer área da vida pública ou
privada”.
QUESTÃO 100 – A empregada que sofreu de paralisia cerebral na infância e ficou com graves
sequelas quanto ao funcionamento de seus membros inferiores, foi contratada pelo banco
“em vaga para pessoa com deficiência". No decorrer do contrato de trabalho, o banco alterou
o local de prestação de serviços para uma agência a vinte quilômetros de distância da
residência de trabalhadora, o que passou a ensejar baldeações em ônibus e metrô, tornando
mais longo e difícil seu deslocamento. A empregada ingressa com reclamação trabalhista e
pede alteração do local de trabalho para uma agência próxima de sua residência, para a qual
conseguisse se deslocar sozinha com menos tempo e menor dificuldade. O banco afirma
que o atual local de trabalho atende aos requisitos de acessibilidade, recusando-se a alterar
a lotação da reclamante para uma agência mais próxima.
Uma solução atenta aos direitos da pessoa com deficiência consideraria:
a) o pedido improcedente por não existir direito subjetivo a trabalhar em um local próximo
de sua residência;
b) não caber ao Poder Judiciário interferir no âmbito do poder diretivo do empregador, que
determina com exclusividade a forma de execução do contrato de trabalho;
c) não reconhecer o direito, pois atender às medidas adaptativas pode ter o efeito inverso de
ampliar a discriminação contra as pessoas com deficiência;
d) o pedido improcedente, pois constituiria conduta discriminatória em relação aos demais
colegas de trabalho, inclusive outras pessoas com deficiência;
e) que a alteração do local de trabalho da reclamante para uma agência de acesso mais fácil
equivaleria à adaptação razoável, pois leva em conta a especificidade de seu caso concreto
e não gera carga excessiva ou desproporcional ao empregador.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão requer do candidato a análise da problemática com observância aos direitos da pessoa
com deficiência. Com efeito, a norma a ser observada é aquela disposta na Lei n. 13.146/15, que
institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência).
O art. 34 do referido Estatuto assegura o direito ao trabalho, nos seguintes termos: “A pessoa com
deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e
inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”. Além disso, vale ressaltar a
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conceituação de adaptações razoáveis, apresentada no inc. VI do art. 3º da 13.146/15, segundo o
qual: “Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: [...] VI - adaptações razoáveis: adaptações,
modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e
indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa
gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os
direitos e liberdades fundamentais”.
De fato, considerando que a contratação já ocorrera para vaga reservada à pessoa com deficiência,
a alteração do local de trabalho da reclamante para uma agência de acesso mais fácil equivaleria
à adaptação razoável, pois leva em conta a especificidade de seu caso concreto e não gera carga
excessiva ou desproporcional ao empregado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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