Fabulasdeesopo

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FABULAS DE ESOPO Ruth Rocha llustragdes Jean-Claude Alphen Uma raposa faminta deseja as lindas uvas que pendem do alto de uma parrera. Depois de muito salar sem conseguir alcangé-las, a raposa se afasta e concui: as wvas estdo ainda verdes e azedas, no as queria mesmo. ‘Assim pode serrecontada “A raposa e as was", uma das narratvas mais conhecidas e lembradas quando o assunto é a {ula — genero textual que se constitu de duas partes: uma breve narrativa alegérica ou ilustrativa, sequida do ensina- mento moral que dela se pode extra. Quase uma anedota cujo assunto no & mais do que um equeno e irisério incdente, a fabula, muitas vezes, extra da simplicidade e da concisdo a sua contundéncia; do riso cons- trangido que provoca, a atencéo critica que desperta Qual é 2 moral que se pode deduzir de “A raposa e as twas"? Isso depende da fonte consultada pelo letor e de sua propria reflexso. Genero textual nascido da cultura oral, a fabula evoca sempre o problema da multplicidade de verses, Segundo a versio atribuida a Esopo (século VI a.C), con- siderado 0 fundador do género que, no entanto, ndo registrou de préprio punho nenhuma das fabulas das quais seria autor, "A aposa eas was" sugere a seguinte moral: aquele que culpa as citcunstanciasfracassae ndo vé que oincapaz¢ ele mesmo. 0 fabulista romano Caio Jilio Fedo (século | d.C) con- feriu & mesma fabula uma moral com sentido semelhante a0 elaborado por Esopo, porém, registrou-a em tom de conseho. Jean de La Fontaine (1621-1695), escritor francés que se tornou um dos grandes dfusores das fabulas de Esopo, quan do registrou “A raposa e as wvas”, complementou a moral com uma queixa conformada que pode ser enunciada com a breve pergunta: Que fazer a no ser resmungar? Na versio de Montero Lobato (1882~1948), uma das mais conhecidas no Brasil, a historia da reposa e das wvas ilustra perfeitamenteo seguinte dito popular: quem desdenha quer compar. Ja 0 humorist, desenhista e escritor millor Fernandes (1923-2012) recontou a célebre fabula de Esopo enfatizando ro comentétio moral aideia de que a frustracéo pode ser uma forma to boa de julgamento quanto qualquer outra fm Fabulas de Esopo, Ruth Rocha reconta vntehistrias atribuidas 20 escravo grego, optando por suprmir 0 coment’ rio de fundo moral, Desse modo, nas fébulas includas nessa antologia, 60 leitor que vai construi, a partir de suas préprias reflexes e interpretacBes, o ensinamento moral que a nar- rativa suscita. Estrategia instigante que incita o leitor a ser também um ativo criador. QUADRO-SINTESE Genero: fbula, Pelavras-chave: comportamento humano, ensinamento moral, attica soca ‘rea envolvida: Lingua Portuguesa. Tema transversal: Pluralidade Cultural Pablico-ao: eto luete (4? e 5* anos do Ensino Fundamental) SEQUENCIA DE ATIVIDADES Antes da leitura 1. Chame a atenco dos alunos para as ilustracies da capa e do interior do livro, Observe a diversidade de animais que povoam as paginas e a recorréncia de al- guns deles, tais como: a raposa, a 18, 0 ledo, 0 lobo, © rato, 0 burro, a cegonha, 0 cdo ~ serd que a turma conhece historias protagonizadas por alguns desses animais? Em caso afirmativo, seréo essas histérias também fabulas? Este € um bom momento para con- sultar a turma: quais fébulas conhecem? A partir das respostas dos alunos, converse sobre as caracteristicas do género textual do livro que vao ler. 2. Leia com os alunos o que diz a autora nas paginas finais do livro. Nesse texto, Ruth Rocha nos revela que teve um avé que conhecia e Ihe contava muitas hist6- tias. Pergunte aos alunos se tém um avé ou algum fa- miliar préximo que também goste de contar historias. Quais historias conheceram dessa forma? Sera que al- gumas delas seriam fabulas? Esse é um bom momento para lembrar que uma das formas mais recorrentes das fabulas chegarem até nés, além dos livros e dos filmes que as recontam, ¢ através de uma conversa informal ‘com pessoas proximas, uma vez que, em um didlogo, langar mio de uma fabula pode ser bastante eficaz para reforgar uma ideia, ilustrar um conselho e enfa- tizar uma observacdo a respeito dos comportamentos humanos e das circunstancias corriqueiras da vida. 3. Leia junto com a turma o sumério do liv. Chame 2 atencSo dos alunos para o fato de que nao & preciso fazer a leitura do livro obedecendo & sequéncia que 0 sumério apresenta. Estimule a turma a encontrar ou- ‘ros citéios para ordenar a leitura; os alunos podem, por exemplo, comecar pelos ttulas que Ihes chamam mais atencao ou pels ilustragdes que thes despertam maior interesse ‘Durante a leitura 1. Incentive a turma a identfcar e descrever as relacdes que podem ser encontradas entre as narrativas e suas respectivas ilustracbes. Tal como a relacdo que pode ser identfcada e descrita entre a fabula “O edo, a vaca, a cabra e a ovelha” e a ilustracdo localizada na pagina 19, No texto, nota-se que 0 ledo & autoritério & egoista, ele no tem uma atitude generosa e verdadei ramente nobre com 0s outros animals, nao sendo, por- tanto, um rei digno de sua coroa. Na iustragéo, nota- -se que o leo é grande, vstoso e possui uma enorme juba. 0s outros animais 0 observam intimidados de baixo pata cima. Entretant, @ oroa do leéo, simbolo de sua nobreza, & bem pequenina e parece bastante {fdgil De formas diferentes, texto e ilustragdo chamam atencSo para 0s mesmos aspectos a respeita do ledo. 2. Proponha aos alunos que anotem em um cademo, & medida que avangam na leitura, 2s caracteristicas dos animais que as narrativas permitem conhecer. Sugita que tentem perceber se 0s animais que aparecem em mais de uma fabula conservam suas caractersticas. A Seguit, 05 alunos também poderéo tentar estabelecer comparacbes entre 0s personagens que protagonizam as fabulas de Esopo e personagens em geral (animais cou humanos, reas ou ficcionais) que Ihes so familiares. 3. Estimule a turma a perceber quais so os ensinamen- ‘os morais que podem extra das fébulas e peca que os anotem num caderno. ‘Depais da leitura 1. Nas fabulas de Esopo, os animais néo se comportam conforme se apresentam na natureza, mas assumem caractersticas proprias aos comportamentos humanos. Entretanto, nas natatvas, 0 porte fisico dos animals, © comportamento que apresentam na natureza, 0 co- nhecimento que temos deles e, em alguns casos, 05, mitos que nossa cultura produziu em torno deles aca- bbam aproximando-os das caracersticas e dos compor- tamentes humanos que assumem. Estimule os alunos @ notarem esses aspectos nas narratives, observando a aitudes dos animais uns com 0s outros. A segui, proponha aos alunos que descrevam as associacBes que as fabulas sugerem entre as caracteristicas da vida animal e a5 da vide humana. Por exemplo, na historia "A cigamra e a formiga” (pagina 32), 2 formiga esté associada a0 trabalho e a cigarra ao canto, a0 des- canso e aos prazeres da vida. De fato, basta observar por alguns minutos © comportamento das formigas para notar que elas parecem sempre muito ocupadas e determinadas a cumprir um objetivo. As formigas apa- rentam estar sempre “trabalhando” porque so cons- tantemente vistas enfileradas, carregando migalhas de alimentos, rests de insetos mortos,folhas e outros residuos para o formigueir, Para além das aparéncias, as comunidades de formigas, como & sabido, orga nizam-se hierarquicamente, possuem uma rainha e, conforme 0 grupo a0 qual pertencem, desempenham diferentes tarefas dentro das colénias:escavam lim pam o formiqueito, procuram alimentos, defendem 0 formiqueiro de potenciais inimigos e ameacas etc. As cigarres, por outro lado, s80 aquelesinsetos que no vemos em filas, se deslocando para Id e para cé, mas 0s ouvimos cantar. Nos dias de hoe, isso ocorre preci- samente quando nos deslocamos das zonas urbanas € nos dirgimos para ume regido arborizada e calma,, eventualmente, a fim de descansar. Nesse caso, por- tanto, a forma como esses insetos se apresentam na natureza e vive em nossas imaginarios se relaciona com as caracteristcas e 0s valores a eles associados nessa fabula. >. Pergunte aos alunos se notaram que @ manipulacéo axcilosa da linguagem esté entre as variadas estiaté- is que os animes das fébulas de Esopoutlizam para levar vantagem perante os demas Incite-os areletir sobre esse ponto, relende, junto com a turma, algumas das fabulas em que os animes se valem de artficios retéricos para construit, malciosamente, enunciados ambiquos, irdnicos ou mentirasos,tais como: "O galo e a raposa' (pagina 7);"O rei dos macacos e os dois ho- mens” (pgina 40), “A raposa e o corvo” (pagina 44). Divida os alunos em grupos e peca que reflitam e conversem entre si sobre os ensinamentos moras que podem ser extraidos de cada fébula. A turma pode- 1 consultar as anotagées feitas durante a leitura. A Seguit, proponha que exponham suas conclusées e, escrevendo no quadro estimule a turma a produit co- letivamente uma Gnica lista em que estejam elencados pelo menos um ensinamento moral para cada fébula. esse modo, eles podem se insprar nos ensinamentos, moras que listaram para construir novas fabulas. Sugia aos alunos que pesquisem na internet ou na bi- blioteca da escola outras edicdes das fabulas de Esopo que contenham ensinamentos moras. Depois, pega & turma que compare a lista de lies morais que produ- Ziram coletivamente na atividade anterior com as que encontraram. Proponha aos alunos que recontem as fsbulas de Esopo, substituindo animais por pessoas. A seguir, sugira & tur ma utilizar uma das historias que criaram como roteito para uma encenacéo. Quando se apresentarem aos de- mais 0s alunos poderso se valer de recursos cénicos, ais como: tecidos, bonecos, mascaras uzes, obetos, Fibulas de Esopo, de Ruth Rocha, apresenta ao leitor vinte histrias, mas, 0 texto final do liv, inttulado Esopo (pagina 47), conta que ha mais de 400 fabulas atribuidas a Esopo e recontadas por diversos esrito- res, Peca aos alunos que realizem uma pesquisa, na in- ‘termet ou na biblioteca da escola, procurando conhecer algumas dessas fabulas e que elejam uma delas para recontar 8 turma. Apresente & turma dee fabulas aficanas, que podem se lidas ou ouvidas,transmitindo-thes o endereco para consulta online do programa: Queres que te conte mais? Fabulas afrcanas para uma cultura de paz, Lear ning by Ear -Aprender de Ouvido http: www.dw.com! ptlqueres-que-te-conte-mais-1%C3%A Ibulas-aftica- nas-para-uma-cultura-de-pazla-6117269, Chame 2 atengéo da turma para as diferencas entre as fabulas africanas e as contadas por Esopo. Por exemplo: nas afficanas, os personagens terminam sempre encon- trando uma atitude positiva e conciliatéria, enquanto nas fébulas de Esop0, 0s personagens, na maior parte dos casos, nfo chegam a um bom termo, ‘DICAS DE LETTURA da mesma autora A galinha dos ovos de ouro e outras histérias ~ S30 Paulo: Salamanda. O velho, o menino e o burro e outras histérias caipras ~ S30 Paulo: Salamandra, istérias das mil e uma noites ~ So Paulo: Salamandra, ‘Mulheres de coragem — Sao Paulo: Salamandta. do mesmo género ov assurito ‘Fabulas selecionadas de La Fontaine, de Jean de La Fontaine, ‘traducéo de Leonardo Froes ~ Séo Paulo: Cosac Naify. Esopo — Fébulas completas, de Esopo, traducio de Neide ‘Smolka ~ Sao Paulo: Moderna, Fbulas, de Monteiro Lobato ~ So Paula: Globo. Fébulas palpitadas, de Pedro Bandeira ~ Sao Paulo: Moderna.

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