Comentario Lei Propriedade Industrial - Dannemann
Comentario Lei Propriedade Industrial - Dannemann
Comentario Lei Propriedade Industrial - Dannemann
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
1345.05-2
II
IDS-Instituto Dannemann Siemsen
de Estudos de Propriedade Intelectual
COMENTÁRIOS À LEI DA
PROPRIEDADE INDUSTRIAL
RENOVAR
Rio de Janeiro • São Paulo • Recife
2005
III
IV
Sumário
Título I
das Patentes ........................................................................................... 17
Título II
dos Desenhos Industriais ..................................................................... 171
Título III
das Marcas ........................................................................................... 203
Título IV
das Indicações Geográficas .................................................................. 345
Título V
dos Crimes contra a Propriedade Industrial........................................ 351
Título VI
da Transferência de Tecnologia e da Franquia .................................... 443
Título VII
das Disposições Gerais ........................................................................ 463
Título VIII
das Disposições Transitórias e Finais................................................... 487
V
VI
Lista dos Profissionais que colaboraram com o livro
A. Weber N. Milagre
Aléxia Maria de Aragão da Costa
Alvaro Loureiro Oliveira
Ana Carolina Lee Barbosa
Ana Lúcia de Sousa Borda
André Ferreira de Oliveira
André Luiz Souza Alvarez
Attilio José Ventura Gorini
Bruno Lopes Holfinger
Cândida Ribeiro Caffé
Carla Tiedemann C. Barreto
Carlos Cezar Cordeiro Pires
Cláudio França Loureiro
Daniela Thompson S. Martinez
David Merrylees
Eduardo da Gama Camara Junior
Elisabeth Siemsen do Amaral
Filipe Fonteles Cabral
Flávia C. de C.M. Amaral
Frank Fischer
Franklin Batista Gomes
Gert Egon Dannemann
Gisela Fischer
Gustavo de Freitas Morais
Gustavo Heitor P. L. de Andrade
Henrique Steuer I. de Mello
Ivan Bacellar Ahlert
Joaquim Eugenio Goulart
Jorge Knauss de Mendonça
José Antonio B. L. Faria Correa
José Eduardo Campos Vieira
José Eduardo de V. Pieri
José Henrique Vasi Werner
VII
José Marcelo de O. Fernandes
Luiz Gonzaga Moreira Lobato
Luiz Henrique O. do Amaral
M. Pestana da Silva Netto
Manuela Romana Gomes Carneiro
Marcos Velasco Figueiredo
Maria Carmen de Souza Brito
Maria Edina de O. C. Portinari
Maria Thereza M. Wolff
Mariana A. G. de Souza Starling
Marina Inês Fuzita Karakanian
Markus Michael de Mendonça Wolff
Mauricio Teixeira Desiderio
Mauro Ivan C. R. dos Santos
Peter Dirk Siemsen
Peter Eduardo Siemsen
Rafael Atab de Araujo
Rafael Dias de Lima
Rafaela Borges Walter Carneiro
Raul Hey
Renata Hohl
Rita Capra Vieira
Roberta Xavier da Silveira Calazans
Roberto da Silveira Torres Junior
Rodrigo Borges Carneiro
Rodrigo Rocha de Souza
Roger Charles Taylor Troth
Sabrina Cassará
Sandra Brandão de Abreu
Sandra Leis
Semir da Silva Fonseca
Tannay de Farias
VIII
O Agente da Propriedade Industrial
1. Conceito
2. Histórico
IX
Cinco anos mais tarde, o Código da Propriedade Industrial (De-
creto-lei nº 7.903, de 27/08/1945) também fez menção aos agentes
da propriedade industrial, estabelecendo que tais agentes e advogados
legalmente habilitados poderiam requerer inscrição de instrumentos
de mandato junto ao DNPI, dispensando, assim, a apresentação de
procurações em cada caso.
O Decreto-lei nº 8.933, de 26/01/1946, repetiu, em seu art. 3º,
a exigência do Decreto-lei nº 2.679/40 de que só poderiam praticar
atos perante o DNPI os próprios interessados, os agentes da proprie-
dade industrial e advogados.
Os Códigos de 1967 (Decreto-lei nº 254, de 28.02.1967) e 1969
(Decreto-lei nº 1.005, de 21.10.1969) voltaram a fazer menção aos
agentes da propriedade industrial, equiparados aos advogados para
atuar como procuradores junto ao DNPI.
Em 1970 foi criado o INPI — Instituto Nacional da Propriedade
Industrial — em substituição ao DNPI, através da Lei nº 5.648, de
11.12.1970, e, um ano mais tarde, foi promulgado o novo Código da
Propriedade Industrial, através da Lei nº 5.772, de 21.12.1971. Esse
Código, diferentemente dos diplomas legais anteriores, não se referiu
expressamente aos agentes da propriedade industrial, usando somen-
te a expressão “procurador” para designar aqueles capacitados a atuar
junto ao INPI e, principalmente, para representar pessoas domicilia-
das no exterior.
Grande polêmica foi criada com a publicação de um parecer na
Revista da Propriedade Industrial de 30.08.1973, que considerou o
Decreto-lei nº 8.933/46 como tendo sido revogado tacitamente pelo
Código da Propriedade Industrial de 1971 e, conseqüentemente, ex-
tinguindo a função de agente da propriedade industrial. Tal suposição
se fundou no fato de que aquele Decreto-lei considerava “privativa
dos advogados e agentes da propriedade industrial” a prática de atos
junto ao INPI (antes, DNPI), ao passo que a Lei nº 5.772/71 estabe-
lecia que tais atos poderiam ser praticados por qualquer pessoa civil-
mente capaz por utilizar a palavra “procurador” em seu texto. O
parecer defendeu assim a idéia de incompatibilidade entre os dois
textos legais de 1946 e 1971, que resultaria na revogação do primeiro
pelo último.
Vários juristas se pronunciaram contra o precitado parecer do
INPI, negando a existência de qualquer incompatibilidade e, por con-
seguinte, não haveria de se falar em revogação tácita do Decreto-lei
nº 8.933/46 e muito menos na extinção da função de agente da
X
propriedade industrial. A referência a “procuradores” na Lei nº
5.772/71 não significava que a privatividade ou exclusividade confe-
rida aos agentes da propriedade industrial ou advogados por decreto-
lei anterior deixou de existir. Além disso, não se poderia admitir que
uma profissão que já existia até mesmo antes da primeira regulamen-
tação, de 1933, desaparecesse subitamente, até mesmo porque não se
extingue uma profissão, se admitindo, no máximo, restrições ao exer-
cício de uma atividade.
Com base naquele parecer, o INPI entendeu que seria facultada à
qualquer pessoa, mesmo sem habilitação como agente da propriedade
industrial, a representação de interessados junto àquele órgão.
Seguiu-se, então, um período de difíceis relações entre a ABAPI
— Associação Brasileira dos Agentes da Propriedade Industrial —,
entidade representativa da classe desde 1948, e o INPI.
A partir de 1976, as relações entre o INPI e a ABAPI começaram
a melhorar e houve, por iniciativa da ABAPI, várias tentativas de nova
regulamentação da profissão do agente, que, contudo, não lograram
êxito.
Somente, bem mais tarde, em 1989, graças ao empenho dos
profissionais da área de propriedade industrial e da ABAPI, promo-
vendo negociações junto ao Governo, o assunto foi reaberto e, final-
mente, em 19.03.1998 foi assinada a Portaria nº 32, através da qual
foi delegada competência ao Presidente do INPI para a concessão
de autorização para o desempenho da função de agente da proprie-
dade industrial, nos termos dos arts. 4º a 12 do Decreto-lei nº
8.933/46.
Em seguida, em 06.04.1998, o INPI baixou o Ato Normativo nº
141/98 dispondo sobre a habilitação de procuradores junto ao INPI e
concedendo um prazo de seis meses, a contar da publicação daquele
Ato Normativo, para cadastramento dos interessados que satisfizes-
sem os requisitos do art. 4º do Decreto-lei nº 8.933, quais sejam:
nacionalidade brasileira; maioridade (de 21 anos); pleno gozo dos
direitos civis e políticos e idoneidade moral. Esse Ato Normativo
previu a realização de concurso de provas para habilitação de novos
agentes no prazo de um ano, a partir de 14.04.1998.
Um ano após a publicação do Ato Normativo nº 141/98, o INPI
publicou o Ato Normativo nº 147/99, de 19.04.1999, através do qual
foi reaberto um prazo, de trinta dias, para cadastramento de agentes
da propriedade industrial que não o tinham feito dentro do prazo
previsto no Ato Normativo nº 141/98.
XI
Assim, após todos os atropelos da história, temos, agora, nova-
mente reconhecida a profissão do agente da propriedade industrial em
toda a sua plenitude, com a realização de exames regulares para a
habilitação de novos agentes da propriedade industrial.
XII
• atuar como consultor jurídico, no tocante a informações gerais
a serem prestadas, tipos de proteção, contratos de licença, concorrên-
cia desleal, etc.;
• atuar como consultor econômico, referente ao processamento
de invenções, uso de marcas e outros sinais e denominações, transfe-
rência de tecnologia;
• atuar como consultor internacional no que concerne às possibi-
lidades de obter uma proteção no exterior, avaliando e orientando, com
base nos objetivos da parte interessada, escolha de agentes ou advogados
locais, preparo dos documentos solicitados, controle de prazos e su-
pervisão das despesas, inclusive pagamento das taxas oficiais.
Para bem exercer tais funções, o agente precisa possuir algumas
características pessoais tais como: criatividade, facilidade para escre-
ver, persistência, curiosidade, lógica, memória, diplomacia e capaci-
dade de entender o problema do cliente.
4. Situação atual
XIII
do chegasse às mãos do agente para exame e aconselhamento ao seu
cliente, agora é feita em questão de minutos, via computador; uma
procuração, outorgada em um país do outro lado do mundo, que antes
“viajava” dias pelo correio, agora é transmitida eletronicamente, che-
gando às mãos do agente em um minuto, pronta para ser apresentada
ao INPI. Em muitos países o depósito de marcas e patentes já é feito
por meios eletrônicos.
À medida que se processam tais transformações tecnológicas, se
exige mais do agente da propriedade industrial. Não se trata mais
simplesmente de proteger marcas e patentes, como faziam os seus
antecessores no passado. Seus conhecimentos precisam ser mais di-
versificados, seus serviços mais sofisticados, e seu trabalho precisa ter
a mesma celeridade com que se transmitem as informações nos dias
atuais, mantendo-se, contudo, as suas qualidades pessoais básicas e
sua ética profissional.
Nesse mundo cada vez mais “globalizado”, expressão tão em moda
mas que parece expressar bem as transformações que vêm ocorrendo,
principalmente na área do comércio mundial, se expande a área de
atuação do agente e cresce, também, a sua responsabilidade no senti-
do de melhor atender aos interesses dos seus clientes, assegurando-
lhes a forma de proteção mais adequada para os seus bens, serviços ou
idéias.
XIV
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
1345.05-2
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
8
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Disposições Preliminares
38 Inciso XXIX — a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para
sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País.
9
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 2º
10
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 2º
11
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 2º
Art. 71 — A utilização de nome geográfico que se houver tornado comum para designar
natureza, espécie ou gênero do produto ou mercadoria a que marca se destina não será considera-
da indicação de lugar de procedência.
Art. 72 —. Excetuada a designação de lugar de procedência, o nome de lugar só poderá servir
de elemento característico de registro de marca para distinguir mercadoria ou produto proceden-
te de lugar diverso, quando empregado como nome de fantasia.
42 Art. 182 — (....) Parágrafo único — O INPI estabelecerá as condições de registro das
indicações geográficas.
12
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 3º
43 Convenção da União de Paris (CUP) — firmada em Paris em março de 1883, tendo o Brasil
como um de seus Estados fundadores, foi resultado do reconhecimento do caráter internacional
dos direitos de propriedade industrial e da conseqüente necessidade de adotarem-se regras míni-
mas de convivência jurídica entre os países naquela área. Ainda hoje é o mais importante tratado
internacional na matéria.
A Convenção de Paris que, desde sua criação sofreu revisões em 1900 (Bruxelas), 1911
(Washington), 1925 (Haia), 1934 (Londres), 1958 (Lisboa) e 1967 (Estocolmo), estabeleceu e
consagrou três princípios básicos que até hoje constituem os alicerces do sistema internacional de
propriedade industrial. São eles:
• princípio do tratamento nacional, pelo qual os nacionais e domiciliados em países membros
recebem o mesmo tratamento e proteção dos nacionais de cada país membro (artigo 2);
• princípio da independência entre os países membros, pelo qual as patentes concedidas em
um país membro não são invalidadas pelo simples fato de terem sido invalidadas em outro país
(artigo 4 bis); e
• princípio da prioridade, pelo qual o depósito de um pedido de proteção em um país
membro cria um “direito de prioridade” para seu titular com relação ao uso e a pedidos posterio-
res por parte de terceiros em um outro país membro, dentro de um período de tempo especifi-
cado para cada tipo de proteção (patentes de invenção, modelos de utilidade, modelos e desenhos
industriais ou marcas).
44 Art. 1 (...)
2) A proteção da propriedade industrial tem por objeto as patentes de invenção, os modelos
de utilidade, os desenhos ou modelos industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas
de serviço, o nome comercial e as indicações de proveniência ou denominação de origem, bem
como a repressão da concorrência desleal.
45 Seções 3, 7 e 8 da parte II de TRIPS, intitulada “Padrões Referentes à Disponibilidade,
Escopo e Uso dos Direitos de Propriedade Intelectual”. A seção 3 trata das Indicações Geográfi-
cas; a seção 7, da Proteção de Informações Não Divulgadas; e a seção 8 do Controle de Práticas
Anticompettivas em Licenças Contratuais.
13
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 4º
46 Art. 5º.
47 Art. 2º (...)
1) Os nacionais de cada um dos países da União gozarão em todos os outros países da União,
no que se refere à proteção da propriedade industrial, das vantagens que as leis respectivas
concedem atualmente ou venham a conceder no futuro aos nacionais, sem prejuízo dos direitos
especialmente previstos na presente Convenção. Em conseqüência, terão a mesma proteção que
estes e os mesmos recursos legais contra qualquer atentado aos seus direitos, desde que observem
as condições e formalidades impostas aos nacionais.
(Obs. Estava orig. atentado dos..., i.é., preposição totalmente incorreta)
2) Nenhuma condição de domicílio ou de estabelecimento no país em que a proteção é
requerida pode, porém, ser exigida dos nacionais de países da União para o gozo de qualquer dos
direitos de propriedade industrial.
Obs.: Inseri a vírgula para ter sentido.
3) Ressalvam-se expressamente as disposições da legislação de cada um dos países da União
relativas ao processo judicial e administrativo e à competência, bem como à escolha de Domicílio
ou à designação de mandatário, eventualmente exigidas pelas leis de propriedade industrial.
48 Art. 3º — São equiparados aos nacionais dos países da União os nacionais dos países não
participantes da União domiciliados ou que possuam estabelecimentos industriais ou comerciais
efetivos e reais no território de uma dos países da União.
14
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 5º
15
16
Título I
DAS PATENTES
Capítulo I
DA TITULARIDADE
49 Lei nº 5.772, de 21.12.71: Art. 5º, §2º — Para efeito de concessão de patente, presume-se
autor o requerente do privilégio.
17
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 6º
18
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 6º
53 Convenção de Paris, Revisão de Estocolmo: Art. 4º ter. — O inventor tem o direito de ser
mencionado como tal na patente.
54 Ato Normativo 127/96:
1. TITULARIDADE
1.1 A solicitação de não divulgação do nome do inventor, de acordo com o §4º do art. 6º da
LPI, deverá ser indicada no requerimento de depósito, devendo ser apresentados, como anexo,
em envelope fechado, documento do depositante nomeando e qualificando o inventor e a decla-
ração do inventor solicitando a não divulgação de sua nomeação.
1.1.1 Após conferência pelo INPI, os documentos e a declaração referidos acima serão
mantidos em envelope lacrado.
1.2 Solicitada a não divulgação do nome do inventor, o INPI omitirá tal informação nas
publicações relativas ao processo em questão, bem como nas cópias do processo fornecidas a
terceiros.
1.3 Na hipótese do item 1.1, terceiros com legítimo interesse poderão requerer ao INPI seja
informado o nome do(s) inventor(es), mediante compromisso, sob as penas da lei, de não efetua-
rem tal divulgação, além do necessário para estabelecer e questionar eventual falta de legitimida-
de.
Obs: Inseri a vírgula, faltava sentido.
19
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 7º
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 8º
Capítulo II
DA PATENTEABILIDADE
Seção I
Das Invenções e dos Modelos de Utilidade Patenteáveis
21
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 9º
57 Art. 10 — Para efeitos deste Código, considera-se modelo de utilidade toda disposição ou
forma nova obtida ou introduzida em objetos conhecidos, desde que se prestem a um trabalho ou
uso prático.
58 Não raro, tal redação decorre de exigência formulada pelo próprio examinador nesse senti-
do.
59 “Art. 6º — São privilegiáveis a invenção, o modelo de utilidade, o modelo e o desenho
industrial considerados novos e suscetíveis de utilização industrial (...).”
22
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 10
23
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 10
24
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 10
De um modo geral, as criações de que trata este inciso podem ser objeto
de proteção por direito autoral. São criações que, por si só, não têm aplicabi-
lidade industrial.
25
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 10
A palavra “naturais” tanto para qualificar os seres vivos quanto para qua-
lificar os processos biológicos, de acordo com o Novo Dicionário da Língua
Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira significa “referente à
natureza”, “produzido pela natureza”, “em que não há trabalho ou interven-
ção do homem”..., levando assim a crer que foi introduzida neste artigo para
representar “descobertas”, onde não houve processo criativo desenvolvido
pelo homem que resulte em uma invenção.
O mesmo se aplica, quando o texto do artigo alude ao material biológico
“encontrado na natureza”, portanto não tocado pela criatividade do homem.
O genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural, que em outras
palavras representa a estrutura básica dos seres vivos e não resultam de ato
criativo do homem, não são considerados uma invenção.
26
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 11
27
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 11
65 Art. 6º — (...)
§2º — O estado da técnica é constituido por tudo que foi tornado acessível ao público, seja
por uma descrição escrita ou oral, seja por uso ou qualquer outro meio, inclusive conteúdo de
patentes no Brasil e no estrangeiro, antes da data do depósito do pedido de patente, ressalvado o
disposto nos arts. 7º e 17.
28
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 11
66 Exceto por pedidos PCT que não entram na fase nacional, essa condição será sempre atendi-
da, ainda que retirado o pedido, nos termos do art. 29.
29
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 12
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 12
31
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 12
do que os 12 meses da presente Lei e/ou estipulam que esse prazo corre
até a data de depósito no país e não até a respectiva prioridade.
Qualquer tipo de divulgação feita pelo inventor, sem exceção, não pre-
judica a novidade, desde que o prazo do caput para depósito do pedido seja
observado.
Aqui se inclui a exploração comercial do invento feita pelo inventor67.
67 Uma das várias versões do projeto que tramitava no Congresso chegou a excluir expressa-
mente a exploração comercial dos atos passíveis do benefício do período de graça, mas tal dispo-
sição não prevaleceu no texto aprovado.
32
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 13
33
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 13
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 14
35
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 15
für den Fachmann nicht in naheliegender Weise aus dem Stand der Technik ergibt) em oposição
à expressão erfinderischen Schritt usada na Lei de Modelos de Utilidade Alemã. Segundo Georg
Benkard, em sua obra comentada Patentgesetz, Gebrauchsmustergesetz (4ª edição, C.H. Beck’s-
che Verlagsbuchhandlung, Munique 1993), “O legislador quis, mediante a introdução das ex-
pressão “passo inventivo” na lei de modelos de utilidade, esclarecer que, para obter proteção,
também as invenções passíveis de proteção sob modelo de utilidade pressupõem uma certa
qualidade inventiva e não apenas devem se basear em simples conhecimento artesanal.” (Der
Gesetzgeber wollte durch die Einfügung des Begriffes des “erfinderischen Schrittes” in das Ge-
brauchsmustergesetz klarstellen, dass auch die gebrauchsmusterfähige Erfindung, um Schutz zu
erlangen, eine gewisse Erfindungsqualität voraussetzt und nicht nur auf rein handwerkliches Kön-
nen zurückzuführen sein darf.)
70 Ver também testes sobre atividade inventiva nos comentários ao art. 13.
36
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 16
Seção II
Da Prioridade
71 Art. 1 — (...)
3) A propriedade industrial entende-se na mais ampla acepção e aplica-se não só à indústria
e ao comércio propriamente ditos, mas também às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os
produtos manufaturados ou naturais, por exemplo, vinhos, cereais, tabaco em folha, frutas,
animais, minérios, águas minerais, cervejas, flores, farinhas.
72 Art. 4 — (...)
A. — 1) Aquele que tiver devidamente apresentado pedido de patente de invenção, de
depósito de modelo de utilidade, de desenho ou modelo industrial, de registro de marca de
fábrica ou de comércio num dos países da União, ou o seu sucessor, gozará, para apresentar o
pedido nos outros países, do direito de prioridade durante os prazos adiante fixados.
2) Reconhece-se como dando origem ao direito de prioridade qualquer pedido com o valor
de pedido nacional regular, em virtude da legislação nacional de cada país da União ou de tratados
bilaterais ou multilaterais celebrados entre países da União.
3) Deve entender-se por pedido nacional regular qualquer pedido efetuado em condições de
estabelecer a data em que o mesmo foi apresentado no país em causa, independentemente do
resultado ulterior do pedido.
73 B. — Em conseqüência, o pedido apresentado ulteriormente num dos outros países da
União, antes de expirados estes prazos, não poderá ser invalidado por fatos verificados nesse
intervalo, como por exemplo outro pedido, publicação da invenção ou sua exploração, ofereci-
mento à venda de exemplares do desenho ou do modelo ou o uso da marca, e esses fatos não
poderão fundamentar qualquer direito de terceiros ou posse pessoal. Os direitos adquiridos por
terceiros antes do dia do primeiro pedido que serve de base ao direito de prioridade são ressalva-
dos nos termos da legislação interna de cada país da União.
37
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 16
38
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 16
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 16
40
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 16
41
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 17
42
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 17
78 Art. 4 — (...)
F. — (...) No que se refere aos elementos não compreendidos no ou nos pedidos cuja
prioridade se reivindica, a apresentação do pedido ulterior dá lugar a um direito de prioridade, nas
condições usuais.
43
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 18
Uma vez que a divisão pode ser efetuada inclusive dentro do prazo de
um ano do depósito do pedido original, não se entende o porquê desta proi-
bição.
Seção III
Das Invenções e Dos Modelos de Utilidade Não Patenteáveis
44
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 18
inclui tais invenções entre aquelas para as quais se admite vedar o patentea-
mento.
Por outro lado, como será visto adiante, este artigo introduziu novas
proibições relativas a seres vivos não contidas no Código de 1971.
Ainda com relação a TRIPs, vale lembrar que a determinação da “data de
aplicação” desse acordo para o Brasil é essencial para se estabelecer o mo-
mento em que diversas das proibições do precedente Código da Propriedade
Industrial deixaram de ser aplicáveis81.
ambiente, desde que esta determinação não seja feita apenas porque a exploração é proibida por
sua legislação.
3. Os Membros também podem considerar como não patenteáveis:
(a) métodos diagnósticos, terapêuticos e cirúrgicos para o tratamento de seres humanos ou
de animais;
(b) plantas e animais, exceto microrganismos, e processos essencialmente biológicos para a
produção de plantas ou animais, excetuando-se os processos biológicos e microbiológicos. Não
obstante, os Membros concederão proteção a variedades de plantas, seja por meio de patentes,
seja por meio de um sistema sui generis eficaz, seja por uma combinação de ambos. O disposto
neste subparágrafo será revisto quatro anos após a entrada em vigor do acordo OMC.
81 As discussões centraram-se nas hipóteses de a data de aplicação plena de TRIPs ser
01.01.1995, conforme parecer da ABPI — Associação Brasileira da Propriedade Intelectual —
intitulado “A Aplicação do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Rela-
cionados ao Comércio (TRIPS)”, em oposição à tese defendida pelo INPI de que tal data seria
01.01.2000, conforme parecer DIRPA nº 01/97 e parecer MICT/CONJUR nº 24/97.
82 Art. 9º Não são privilegiáveis:
a — as invenções de finalidade contrária às leis, à moral, à saúde, à segurança pública, aos
cultos religiosos e aos sentimentos dignos de respeito e veneração; (...)
45
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 18
83 Art. 4 quater — Não poderá ser recusada a concessão de uma patente e não poderá ser uma
patente invalidada em virtude de estar a venda do produto patenteado ou obtido por um processo
patenteado sujeita a restrições ou limitações resultantes da legislação nacional.
84 Artigo 73
Exceções de Segurança
Nada neste Acordo será interpretado: (...)
b) como impeditivo de que um Membro adote qualquer ação que considere necessária para
a proteção de seus interesses essenciais de segurança: relativos a materiais físseis ou àqueles dos
quais são derivados; (...)
46
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 18
47
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 18
48
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 19
Capítulo III
DO PEDIDO DE PATENTE
Seção I
Do Depósito do Pedido
I — requerimento; (...)
III. fusão celular, inclusive a de protoplasma, de células vegetais, que possa ser produzida
mediante métodos tradicionais de cultivo;
IV. autoclonagem de organismos não-patogênicos que se processe de maneira natural; (...)
86 Ver art. 30.
49
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 20
Refere-se este inciso a formulário próprio emitido pelo INPI para depó-
sito de pedido de patente.
V — resumo; e (...)
50
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 21
51
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 22
acordo com o espírito do disposto no art. 32 desta Lei, segundo o qual só são
permitidas alterações voluntárias (até o pedido de exame) que se limitem à
matéria inicialmente revelada no pedido.
Conclui-se, portanto, que a necessária apresentação, quando do depósito
de “dados relativos ao objeto”, se restringe, em princípio, à apresentação de
uma descrição do objeto do pedido e que o relatório descritivo formal, as
reivindicações, o resumo e os eventuais desenhos podem ser apresentados
posteriormente, dentro do prazo de 30 dias da intimação de exigência, desde
que sua matéria não ultrapasse os limites fixados pela descrição depositada.
Outro aspecto de grande importância introduzido pelo art. 21 desta Lei
diz respeito ao idioma no qual deve ser apresentado o pedido de patente no
ato de seu depósito no INPI. O art. 19 desta Lei não prevê expressamente a
necessidade de apresentação do pedido em idioma português, o que foi man-
tido apenas no tocante ao registro de desenhos industriais88. Entende-se,
portanto, que, independentemente de previsão a respeito, o idioma do texto
de um pedido de patente constitui um de seus aspectos formais, de tal modo
que, com base no art. 21, o texto do pedido — incluindo o relatório descriti-
vo, reivindicações, resumo e eventuais desenhos — a ser apresentado ao
INPI quando do depósito de um pedido de patente não precisa estar, neces-
sariamente, em língua portuguesa.
Assim, depositado o pedido em idioma estrangeiro, deverá o INPI emitir
exigência para que, dentro de 30 dias da publicação ou da intimação da
exigência, seja apresentado o pedido em idioma vernáculo.
Seção II
Das Condições do Pedido
52
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 23
53
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 24
92 Art. 14 (...)
§1º — O requerimento, o relatório descritivo, as reivindicações, o desenho e o resumo
deverão satisfazer as condições estabelecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
§2º — As reivindicações, sempre fundamentadas no relatório descritivo, caracterizarão as
particularidades do invento, estabelecendo e delimitando os direitos do inventor.
93 Ato normativo 101 de 14.06.1989
Item 1.2. — O relatório descritivo deve: (...)
i — descrever a invenção detalhadamente, de maneira que um técnico versado no assunto
possa realizá-la, fazendo remissão aos sinais de referência constantes dos desenhos, se houver, e,
se necessário, utilizar exemplos e/ou quadros comparativos, relacionando-os com o estado da
técnica.
54
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 24
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 25
56
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 26
57
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 26
99 Ver item 6.
100 Ver artigo “Divisão de pedidos de patente, subsídios e final do exame”, Ivan B. Ahlert,
Revista da ABPI nº 39/1999.
58
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 27 e 28
59
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 29
O pedido dividido estará sujeito não apenas às taxas relativas a seu depó-
sito, mas também retroativamente àquelas concernentes às etapas proces-
suais pelas quais já passou o pedido original.
Por exemplo, se a divisão é realizada durante a fase de exame do pedido
original, o pedido dividido ficará sujeito, de imediato, ao pagamento da taxa
de depósito, da taxa de exame e das anuidades vencidas.
103 “O pedido de patente poderá ser retirado antes da publicação, não produzindo qualquer
efeito.”
60
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 29
61
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 30
Seção III
Do Processo e do Exame do Pedido
62
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 30
105 A partir do segundo semestre de 1992, o INPI passou a distribuir a RPI em disquetes de
computador, que contêm, as informações anteriores, exceto os desenhos de cada pedido publica-
do. Hoje em dia, estas publicações do INPI já estão disponíveis em sua página da Internet.
63
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 31
106 Q 99 — Intervention of third parties in the patent granting and amendment procedures —
Barcelona 1990
107 Art. 19 — Publicado o pedido de exame, correrá prazo de 90 (noventa) dias para apresenta-
ção de eventuais oposições, dando-se ciência ao depositante.
64
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 31
65
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 32
110 Ver também Resolução nº 56, de 27.11.2003, da ABPI, Patentes — Emendas após o Pedido
de Exame — Art. 32 da Lei nº 9.279/96.
66
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 33
67
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 34
112 Art. 20.- Quando se tratar de pedido com reivindicação de prioridade, deverão ser apresen-
tados, sempre que solicitados, as objeções, as buscas de anterioridades ou o resultado dos exames
para a concessão de pedido correspondente em outros países.
113 Art. 29, 2.2 — Os Membros podem exigir que o requerente de uma patente forneça
informações relativas a seus pedidos correspondentes de patente e às concessões no exterior.
68
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 35
114 A Dra. Maria Margarida Mittellbach, quando Diretora de patentes do INPI, manifestou, em
certa ocasião, opinião no sentido de que os examinadores não poderiam exigir tradução de tais
documentos apresentados em resposta a exigência formulada com base no artigo 20 do Código de
1971.
115 Ver art. 11, §2º desta Lei.
69
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 35
I — patenteabilidade do pedido;
70
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 35
IV — exigências técnicas.
120 Art. 19 — Publicado o pedido de exame, correrá o prazo de noventa dias para apresentação
de eventuais oposições, dando-se ciência ao depositante.
71
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 36
72
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 37
73
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 38
Capítulo IV
DA CONCESSÃO E DA VIGÊNCIA DA PATENTE
Seção I
Da Concessão da Patente
74
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 38
127 Art. 21 — A carta patente será expedida depois de decorrido o prazo para o recurso ou, se
interposto este, após a sua decisão.
§1º Findo o prazo a que se refere este artigo, e não sendo comprovado, em sessenta dias, o
pagamento da retribuição devida, o processo será arquivado, encerrando-se a instância adminis-
trativa. (...)
128 Ver supra nota 90.
75
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 39 e 40
Seção II
Da Vigência da Patente
129 Art. 33 — A vigência da patente não será inferior a um prazo de 20 anos, contados a partir da
data do depósito.
130 Parecer MICT/CONJUR nº 24/97
76
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 39 e 40
à luz da Lei nº 5.772/71, o que, por si só, não exclui a aplicação da nova Lei
às patentes concedidas anteriormente e que ainda se encontravam em vigor
em 15.05.1997. Primeiramente, quando a Lei nº 9.279/96 revogou expres-
samente a Lei nº 5.772/71131, todos os direitos e obrigações relativos às
patentes ainda em vigor passaram, necessariamente, a ser regidos pela nova
Lei, por exemplo, quanto aos prazos para pagamentos de anuidades, aos
direitos conferidos pela patente, às exceções a esses direitos e às disposições
relativas à licença compulsória.
Quanto ao art. 235 nesse contexto, ver respectivos comentários neste
livro.
Opinião favorável à aplicação do prazo do art. 40 para estendê-lo no caso
das patentes concedidas na vigência da Lei nº 5.772/71 é espelhada, por
exemplo, em decisão proferida pela Exma. Juíza da 21ª. Vara da Justiça
Federal, Dra. Liliane do Espírito Santo Roriz de Almeida132, da qual se des-
taca:
77
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 39 e 40
Sentença prolatada pela Juíza Federal Dra. Valéria Medeiros nos autos da ação ordinária nº
97.002.1814-7 movida por AMERICAN CYANAMID COMPANY contra o INSTITUTO NA-
CIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL — INPI, perante a 9ª Vara Federal, Seção Judi-
ciária do Estado do Rio de Janeiro; (v) Sentença prolatada pela Juíza Federal Dra. Valéria Medei-
ros, nos autos da ação ordinária nº 98.0000200-6, movida por INTERLEGO AG contra o INSTI-
TUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL — INPI, perante a 9ª Vara Federal,
Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro; (vi) Sentença prolatada pelo Juiz Federal Dr.
Marcelo da Fonseca Guerreiro, nos autos do Mandado de Segurança nº 98.0001957-0, impetrado
perante a 15ª Vara Federal, em que foi impetrante E.I. DU PONT DE NEMOURS AND
COMPANY e impetrada a Diretoria de Patentes do INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIE-
DADE INDUSTRIAL — INPI.
78
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 41
Capítulo V
DA PROTEÇÃO CONFERIDA PELA PATENTE
Seção I
Dos Direitos
79
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 41
80
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 42
81
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 42
82
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 42
83
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 42
esta última acabou sendo mais ampla do que a primeira. Usar-se o Acordo
TRIPs para interpretar restritivamente as disposições sobre os crimes não
parece esclarecer essa questão, uma vez que o acordo estabelece que o mem-
bro proporcionará proteção ao menos para o produto obtido diretamente de
um processo patenteado, de tal modo que as disposições sobre os crimes
contra as patentes não são inconsistentes com essa regra de TRIPs.
A versão de 1990 da minuta do Tratado de Harmonização da OMPI143
incluía disposição semelhante àquela citada anteriormente, quanto à inclusão
da expressão “diretamente”144, disposição essa que foi retirada em minutas
posteriores. Porém, nas notas explicativas sobre os artigos, a minuta anterior
esclarecia que a expressão “diretamente” pretendia indicar que o direito do
titular de uma patente de processo se estende unicamente àqueles produtos
que são a conseqüência ou resultado direto do uso do processo, ou seja, se
etapas adicionais ao uso do processo são requeridas para obter o produto,
esse produto não poderia ser considerado como o resultado direto do uso do
processo.
As exceções a estes direitos, particularmente aquelas referentes aos se-
res vivos, plantas e partes de seres vivos e plantas, serão comentadas adiante,
na discussão dos vários incisos do art. 43.
Voltando ao inciso ora comentado, observamos que os atos do caput
podem, em princípio, ser associados aos termos do inciso II do seguinte
modo: proíbe-se terceiros de usar o processo patenteado e de usar, vender,
expor à venda, comprar, ofertar, importar, exportar ou estocar o produto
obtido por processo patenteado. Em princípio, não nos parece fazer sentido
falar-se em impedir terceiro de produzir produto obtido por processo paten-
teado, pois neste caso estaria este terceiro usando o processo patenteado, o
que já configura infração. Contudo, em se tratando de matéria viva obtida
por processo patenteado, a possibilidade de auto-replicação desse material
pode levar a uma situação em que um terceiro “produz” — ou reproduz — o
produto obtido por processo patenteado, porém sem utilizar esse processo.
Ver comentários mais detalhados junto aos incisos V e VI do art. 43.
84
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 42
Este parágrafo inova frente à lei anterior pela previsão explícita do insti-
tuto da infração por contribuição, já há muito consagrada no Direito de
patentes norte-americano.
Esta disposição é bastante ampla e, pelo menos em princípio, inclui qual-
quer ato que, no entender de um juiz, tenha contribuído para a infração da
patente, seja de forma material, seja de forma subjetiva.
Por outro lado, a infração por contribuição, no capítulo dos crimes con-
tra as patentes (art. 185), é definida de forma mais precisa e bastante mais
restrita, ao tipificar o crime como sendo o fornecimento de “componente de
um produto patenteado, ou material ou equipamento para realizar um proces-
so patenteado, desde que a aplicação final do componente, material ou equi-
pamento induza, necessariamente, à exploração do objeto da patente”.
A Lei norte-americana145, por sua vez, tem redação ainda mais precisa ao
englobar as situações de contribuição material e de indução à infração de
forma separada, além de prever exceção para aqueles artigos que são consi-
derados peças de reposição necessária (staple articles).
Há corrente de opinião que sustenta que este parágrafo é aplicável ainda
que não exista, ao final, um ato que possa ser considerado como infração
direta da patente. Note-se que o §1º refere-se à contribuição para que tercei-
ros pratiquem os “atos referidos neste artigo”. Por exemplo, se uma pessoa
não autorizada pelo titular de uma patente vende componentes que levarão
o usuário final a montar o produto patenteado para seu uso particular, essa
pessoa estará contribuindo para que o usuário “produza” e “use” o produto
patenteado. Embora esses atos praticados pelo usuário em caráter privado o
eximam da imputação de infração — como será comentado adiante em rela-
ção ao inciso I do art. 43 — a pessoa que vendeu os componentes está
praticando um ato de comércio e está tirando proveito do produto patentea-
do sem autorização do titular. Assim, embora ao final não se concretize um
ato que se considere como infração da patente, o titular deveria ter o direito
de impedir a prática daqueles atos pela pessoa que está auferindo benefícios
econômicos de sua invenção de forma indireta.
85
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
86
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
sua revisão de Estocolmo, estabelece exceções desse tipo que vigiam e vi-
gem, ainda, também no Brasil e que devem, portanto, ser consideradas em
adição aos atos previstos no art. 43 da LPI.
As exceções previstas nos incisos I a III deste artigo foram inspiradas em
antiga versão do Patent Law Treaty da OMPI em sua versão de 1990149 e
tratam de atos que já foram considerados em outros países como não afetan-
do substancialmente a atividade econômica do titular da patente, seja por
previsão expressa em suas legislações, seja por aplicação da jurisprudência
dominante nesses países.
Como regra geral, uma vez que o artigo anterior trata de exceções aos
legítimos direitos do titular da patente, suas disposições devem ser interpre-
tadas de modo restrito. Ademais, ao se analisar atos que podem ser enqua-
drados nas exceções aqui previstas, deve ser verificado se o ato excetuado foi
precedido de algum outro ato que, em si, constituiu infração da patente.
1. o emprego, a bordo dos navios dos outros países da União, dos meios que constituem o
objeto da sua patente no corpo do navio, nas máquinas, mastreação, aprestos e outros acessórios,
quando esses navios penetrarem temporária ou acidentalmente em águas do país, sob reserva de
que tais meios sejam empregados exclusivamente para as necessidades do navio.
2. o emprego dos meios que constituem o objeto da patente na construção ou no funciona-
mento de aeronaves ou veículos terrestres dos outros países da União, ou dos acessórios dessas
aeronaves ou veículos terrestres quando estes penetrarem temporária ou acidentalmente no país.
149 Draft Treaty on the Harmonization of Patent Laws — HL/CE/VIII/3, de 15 de fevereiro de
1990.
150 “CRIME CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL — Violação de privilégio de inven-
ção — Delito atribuído também a consumidores do produto de contrafação — Inadmissibilidade
— Ausência de justa causa para a ação penal — Concessão de “habeas corpus” — Inteligência dos
arts. 169 e 170 do Decreto-lei nº 7.903, de 1945, e 648, nº I, do Código do Processo Penal. Não
comete crime algum o consumidor de produto fabricado mediante contrafação e violação de
privilegio de invenção que o utiliza conforme o fim a que se destina.” — Habeas Corpus nº
44.580, Impetrante: Bel. Lanir Orlando, Pacientes: Gabriel Dias Baeta e outros (publ.: RT,
459/349-50, jan. 1974)
87
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
88
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
“(iii) where the act consists of making or using exclusively for the purpose
of experiments that relate to the subject matter of the patented invention
[or for the purpose of seeking regulatory approval for marketing];”
89
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
153 Tais trechos, contudo, podiam ser reintroduzidos, caso assim proposto por delegações pre-
sentes na Conferência.
154 Question Q 105 — AIPPI
Experimental use as a defence to a claim of patent infringement
Resolution
1. The following matters should be taken into consideration in determining the position of
experimental use in relation to the infringement of patent rights.
1.1 Rights conferred by a patent include the right to forbid use by third parties of the patented
invention.
1.2 The patent system should provide tools for research and contribute to promotion of techni-
cal progress.
1.3 The patent literature is an important means for the dissemination of technical knowledge
and should benefit the public as substantially as possible.
1.4 Third parties should be able to do tests to evaluate the teaching of a patent and its
validity.
1.5 There must be a balance between the desire of third parties to test the commercial value of
a patent and the fundamental principle that the patented invention cannot be used without autho-
rization by the patentee.
2. AIPPI is in favor of the authorization of experimental use of a patented invention by the
third parties because of the potential importance of such use for technical progress.
3. AIPPI considers that each country should except acts done for experimental purposes from
the rights of the patentee and wishes that this principle be recognized and applied in accordance
with the following rules.
3.1 Experimental use includes any use of the patented invention performed for academic
purposes and having no commercial nature.
3.2 Experimental use includes testing to evaluate the teaching of the patent and validity of the
patent.
3.3 Experimental use includes any use of the patented invention to an extent appropriate to
experimentation (as opposed to commercial use) which is for the purpose of improving the invention
or making an advance over the invention or finding an alternative to the invention, but not the
commercial exploitation of the subject of any improvement or advance.
3.4 Experimental use should be subject to the overriding principle that the use must involve
work on the subject of the patent; use merely to obtain an advantage of the invention disclosed by
90
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
3. AIPPI considera que cada país deve excepcionar atos praticados com
propósitos experimentais dos direitos do titular e deseja que esse princí-
pio seja reconhecido e aplicado de acordo com as seguintes regras:
91
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
92
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
155 Ver “Supremacy of Consent over the Reward Criterion” — Patent Infringement in the
European Community — Amiram Benyamini — IIC Studies, vol. 13 — 1993 — p. 309
156 “possession and title in the product are transferred to the purchaser” — Amiram Benyamini
— idem nota precedente — p. 335.
93
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
157 “[...] Patent monopoly is ‘exhausted’ by the first authorized sale of the patented item, and the
patent law does not protect attempts by the patentee or his licensees to control use of the product
after such sale.” — Hensley Equipment Co., Inc. v. Esco Corp. — 155 USPQ — 1967 — p. 183.
158 “Logically, goods manufactured by holders of prior user rights should, from the standpoint of
their circulation between Member States, be treated in the same way as goods manufactured by
holders of compulsory licences. In both cases, the patent owner can neither be said to have consen-
ted to their manufacture or their marketing, nor to have obtained in respect of such goods the
substance of the exclusive rights which flow from the patent. At least, as long as prior user rights
are defined by the national laws of the Member States, the Community-wide exhaustioin principle
should not extend to products manufactured under these rights. (...)” — Paul Demaret — “Indus-
trial Property Rights, Compulsory Licences and the Free Movement of Goods under Community
Law” — IIC, vol. 18, nº 2/1987, p. 173.
94
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
159 Ulrich Schatz — “The Exhaustion of Patent Rights in the Common Market” — IIC — Vol.
2 — nº 1/1971
160 Article 28 — Exhaustion of the Rights Conferred by the Community Patent
The rights conferred by a Community patent shall not extend to acts concerning a product
covered by that patent which are done within the territories of the Contracting States after that
product has been put on the market in one of these States by the proprietor of the patent or with his
express consent, unless there are grounds which, under the Community law, should justify the
extension to such acts of the rights conferred by the patent.
161 De acordo com Benyamini (Patent Infringement in the European Community — p. 314), não
obstante a expressão “consentimento explícito” no art. 28 do CPC, isso não é considerado de
modo estrito, sendo também admitido, sob certas circunstâncias, que um consentimento implí-
cito seja suficiente para fazer com que ocorra exaustão dos direitos do titular.
162 Art. 6 — Exaustão
Para os propósitos de solução de controvérsias no marco deste Acordo, e sem prejuízo do
disposto nos Artigos 3 e 4, nada neste Acordo será utilizado para tratar da questão da exaustão de
direitos de propriedade intelectual.
95
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
96
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
165 Conforme comentado, por exemplo, pelo grupo dinamarquês da AIPPI, em resposta à ques-
tão Q 105, de modo a evitar uma potencial situação de infração, no caso do relatório de um
97
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
pedido de patente ser complementado com o depósito de microrganismo, terceiros que desejem
obter amostras desse microrganismo deveriam comprometer-se a não utilizar a amostra para
propósitos outros que não meramente experimentais (Ver Lei de Patentes dinamarquesa, sec. 22,
6), 7) e 8); Regulamentos da Repartição de Patentes dinamarqueses relativos a pedidos de
patente, regras 25a a 25c). Também em relatório emitido pela OMPI em 8 de abril de 1987,
“Industrial Property Protection of Biotechnological Inventions”, sugere-se que o acesso a micro-
rganismos depositados seja restringido àqueles que concordem em utilizar esse material apenas
para propósitos experimentais relativos à invenção. A Lei nº 9279/96 não dispõe sobre o uso de
material biológico depositado, assunto esse que deveria ser objeto de regulamentação pelo INPI.
98
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
166 Aparentemente, a expressão “outros produtos” pode ser interpretada ou como produtos que
resultarão do uso do microrganismo em um processo industrial (em conjunto com a expressão
“propagação”) ou como desenvolvimentos do próprio microrganismo (em conexão com “varia-
ção”).
167 Por exemplo, no conhecido caso Chakrabarti, em que se usam bactérias para degradar óleo
cru, uma pessoa pode oferecer serviços para limpar manchas de petróleo usando tais bactérias.
99
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
Nesse caso, há uma finalidade econômica no uso da bactéria, porém a própria bactéria não é
comercializada e tampouco algum produto obtido através de seu uso.
100
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
168 Como já visto, uma possível interpretação residiria em que o art. 42 estabelece os direitos
básicos do titular, de tal modo que o art. 184 não deveria estabelecer direitos mais abrangentes
em qualquer aspecto, ou seja, o art. 184 deveria ser interpretado como também se limitando aos
atos praticados em relação a produtos obtidos diretamente pelo processo patenteado. Contudo,
essa interpretação é sujeita a controvérsias, na medida em que o artigo 184 dispõe sobre atos de
infração (exportar, manter em estoque, ocultar ou receber) que não são previstos no artigo 42,
evidenciando-se aí que o art. 42 não pode, genericamente, servir de base para interpretação do
art. 184.
169 O art. 42 claramente pretende dar o mesmo tratamento ao produto patenteado e ao produto
obtido [diretamente] por processo patenteado, ao assegurar ao titular o direito de impedir a
prática exatamente dos mesmos atos no que concerne ao primeiro e ao último.
101
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
com finalidade econômica, uma planta ou animal que tenha sido obtido
pelo processo patenteado como uma fonte de variação ou propagação
para obter outros produtos, ou ele pode impedir que esse terceiro utili-
ze, com ou sem finalidade econômica, essa planta ou animal como uma
fonte de propagação da mesma planta ou animal, desde que esse ato não
se enquadre em alguma das exceções sobre as quais dispõem os incisos I
a III do art. 43;
102
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
103
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
inciso II do art. 42, então pode o titular impedir, em relação à matéria viva
de segunda geração, a prática de qualquer dos atos estipulados no caput do
art. 42: [re]produzir, usar, colocar à venda ou vender essa matéria.
Portanto, tanto na hipótese (i) quanto na hipótese (ii) é possível afirmar
que o titular tem certos direitos com relação à matéria viva obtida por tercei-
ros a partir da matéria viva original produzida por processo patenteado e
colocada no mercado pelo titular ou com seu consentimento. Essa conclusão
está, essencialmente, em harmonia com o conceito geral de que, no campo
das invenções biotecnológicas, a exaustão de direitos relativa ao produto
colocado no mercado pelo titular ou com seu consentimento não deveria dar
ao comprador desse produto o direito de reproduzi-lo indefinidamente, de
modo a obter gerações sucessivas do mesmo produto173, 174.
Embora tais conclusões possam parecer razoáveis, podem haver contro-
vérsias quanto às premissas assumidas, uma vez que é evidente que se de-
manda uma consideração exaustiva de disposições que, em alguns aspectos,
parecem ser inconsistentes entre si.
Assim, é possível que fatores adicionais influenciem uma decisão acerca
de uma possível infração. Por exemplo, pode haver maior probabilidade de
se considerar como infração de uma patente de processo a reprodução suces-
siva de uma planta ou animal, obtido por esse processo, quando essa planta
ou animal é em si novo, do que seria no caso de a planta ou animal ser em si
conhecido. Além disso, se há comercialização não autorizada de sementes
que tenham sido obtidas a partir da planta ou semente original adquirida do
titular e se essa comercialização é feita em concorrência direta com o titular,
então cria-se uma situação onde a infração é mais evidente.
Tratando especificamente do caso de sementes175, a Comissão de Pro-
priedade Intelectual e Industrial da ICC176 declarou-se contrária às disposi-
173 “[...] one should briefly address the patent law doctrine of exhaustion which is frequently
misunderstood in the area of biological inventions. This doctrine only allows the use of patented
products that had been marketed previously with the consent of the patentee, but it never permits
the making of new patented products. Since reproduction of biological material also constitutes a
making of new products, the patent right is not exhausted in this respect.” — Rainer Moufang —
“Protection for Plant Breeding and Plant Varieties — A Frontier of Patent Law” — IIC — Vol.
23 — nº 3/1992 — p. 328.
174 “Article 19(3)(i) of the WIPO Draft Treaty on the Harmonization of Patent Laws basically
follows the CPC provision on exhaustion, and there was general agreement that exhaustion applies
only to units or quantities put on the market by the patentee. This principle also has important
implications for biotechnological inventions, since it precludes the purchaser of patented self-repli-
cable material from propagating it in order to obtain subsequent generations of that material.” —
Amiram Benyamini — Patent Infringement in the European Community — IIC Studies, vol. 13
— 1993 — p. 338.
175 Position Paper — Adopted in June, 1993 — Legal Protection of Biotechnological Inventions
176 International Chamber of Commerce
104
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
ções do art. 13177 da proposta então existente para uma diretiva para a pro-
teção legal de invenções biotecnológicas178. Essa comissão expressou opinião
de que se o fazendeiro que compra as sementes originais do titular da patente
ou de seu licenciado tem o direito de livremente reproduzi-las, então se cria
uma situação em que o titular dificilmente recuperará os investimentos que
fez em pesquisas para obter aquela variedade de semente, o que pode resul-
tar em que o titular seja forçado a sair do mercado e seja desestimulado a
investir em novas pesquisas. Essa mesma conclusão aplica-se ao caso da mul-
tiplicação não autorizada de matéria viva obtida por um processo patenteado.
De todo modo, a situação dos direitos relacionados com produtos obti-
dos por processos patenteados relacionados com matéria viva é, indubitavel-
mente, complexa e demanda um estudo caso a caso. Com relação à comer-
cialização da planta ou animal, que tenha sido obtido por processo patentea-
do, uma possível alternativa para o titular ou seu licenciado seria efetuar a
venda mediante contrato em que se estipulem as condições subseqüentes de
uso, conforme a prática atual na área de software. Contudo, se os direitos do
titular forem considerados como exauridos na situação a ser considerada,
então a violação de qualquer cláusula de tal contrato, provavelmente, será
considerada como violação apenas das cláusulas contratuais e não um ato de
infração da patente179. Outra alternativa, ainda, consistiria em, em vez de se
vender o produto obtido pelo processo patenteado, apenas se licenciar um
terceiro para que use esse produto, uma vez que nessa circunstância não se
aplica, em essência, a exaustão dos direitos do titular, podendo as condições
e as restrições para uso subseqüente serem prévia e livremente acordadas
entre as partes180.
Conforme já comentado junto ao inciso II deste artigo, a Lei nº 10.196
de 14 de fevereiro de 2001 adicionou a seguinte disposição ao art. 43 desta
lei:
177 Art. 13
1. By way of derogation from Chapter II of this Directive, farmers may use for purposes of
multiplication or propagation on their own farms the seeds obtained from crops cultivated on their
own farms using seeds protected by patent. Only multiplication or propagation with a view to
producing crops for the farmers concerned can be authorized.
2. By way of derogation from Chapter II of this Directive, farmers rearing livestock protected
by patent may use it for multiplication purposes on their own farms to renew their stock.
178 EC Proposal for a Council Directive on the Legal Protection of Biotechnological Inventions
— COM (92) 589 FINAL — SYN 159
179 Ulrich Sachs — “Exhaustion of Patent Rights in the Common Market” — IIC — vol. 2 —
No. 1/1971; ver capítulo III.
180 Ver Amiram Benyamini — Patent Infringement in the European Community — IIC Studies,
vol. 13 — 1993 — p. 339
105
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 43
106
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 44
autoridade contribui para que terceiros pratiquem atos que configuram in-
fração da patente, incidindo no parágrafo primeiro do art. 42 desta Lei.
181 Conforme acórdão unânime proferido pela 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo nos autos da apelação cível nº 5.614-4 (RJTJESP — 204/119 de
21/05/98), “a violação de uma invenção está intrinsecamente condicionada à existência legal do
privilégio, isto é, a existência da carta patente ou da patente válida e não apenas uma expectativa
de direito, conferida pelo pedido de patente, junto ao INPI”. O acórdão esclarece ainda que,
embora o depósito de um pedido de patente consista em mera expectativa de direito, insuscetível
de permitir ao interessado impedir a exploração por terceiro, a ele é assegurado o direito de obter
indenização pela exploração indevida, entre a data da publicação do pedido e a da concessão da
patente, na forma da lei.
182 De acordo com pelo menos uma versão do projeto que tramitou no Congresso Nacional para
a LPI, esse parágrafo se reportava ao final à “data de tal conhecimento”, em vez da “data de início
da exploração” o que, conceitualmente, parece estar mais de acordo com a filosofia deste artigo.
107
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 44
108
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 45
Seção II
Do Usuário Anterior
183 “The Brazilian legislation is not totally clear regarding secret prior user rights, and one must
assume that in the absence of specific legal provisions, there is a prima facie case to the effect that
the secret prior user should be considered as an infringer of a patent granted at a later date. (...)”
— Gert Dannemann, International Patent Litigation: Brazil, 1989 Supplement to IPL.
184 Documento HL/CE/VIII/3, 1990.
109
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 45
vadas pela AIPPI185. A Convenção de Paris186 permite que cada país contra-
tante legisle a respeito dos direitos adquiridos por terceiros antes da data de
depósito do pedido prioritário. O texto de TRIPs não inclui qualquer previ-
são a esse respeito, seu art. 30187 dispondo apenas, genericamente, sobre as
exceções aos direitos exclusivos conferidos pela patente.
O uso anterior pode ser secreto ou público. Embora essa última modali-
dade torne a patente inválida, o usuário anterior pode ser autorizado, por
meio de decisão judicial, a continuar a utilizar a invenção com base em seus
direitos de usuário anterior, mesmo antes de a patente ser declarada nula
pelo INPI ou por outra decisão judicial. Essa situação pode ocorrer, por
exemplo, no desenrolar de uma ação de infração movida pelo titular contra o
usuário anterior. Contudo, precisamente porque o uso público anterior por
terceiro, que não o inventor, torna a patente inválida, é presumivelmente
mais comum o usuário anterior requerer a nulidade da patente do que procu-
rar fazer valer seus direitos de usuário anterior. Por outro lado, direitos de
usuário anterior que poderiam resultar de um uso secreto não são usualmen-
te reivindicados, provavelmente porque o usuário não se sente ameaçado
pelo titular, exatamente em virtude do caráter sigiloso de suas atividades.
Por outro lado, uma vez que é difícil para o titular obter conhecimento sobre
atividades sigilosas de terceiros não autorizados, muito improvavelmente um
litígio envolvendo infração resultará no reconhecimento de direitos de usuá-
rio anterior188.
O usuário anterior tem o direito de prosseguir com suas atividades no
Brasil, contudo nas mesmas condições de uso que existiam previamente à
data de depósito do pedido de patente de terceiro. Em outras palavras, o
usuário anterior não pode exceder ao volume de produtos fabricados ou, de
outro modo, o nível de atividade relativo à invenção patenteada, que pode
tanto ser um produto como também um processo. Além disso, o uso anterior
da invenção fora do Brasil não confere direitos de usuário anterior, embora a
185 Q 89D — Yearbook 1989/II, p. 308 — resolução baseada nos documentos HL/CE/V/2 e
HL/CE/VI/3 da OMPI.
186 Art. 4 (...)
B — (...) Os direitos adquiridos por terceiros antes do dia do primeiro pedido que serve de
base ao direito de prioridade são ressalvados nos termos da legislação interna de cada país da
União.
187 Art. 30 — Exceções aos Direitos Conferidos.
Os Membros poderão conceder exceções limitadas aos direitos exclusivos conferidos pela
patente, desde que elas não conflitem de forma não razoável com sua exploração normal e não
prejudiquem de forma não razoável os interesses legítimos de seu titular, levando em conta os
interesses legítimos de terceiros.
188 Keith M. Kupferschmid reporta-se ao fato de que direitos de usuário anterior raramente
serão objeto de litígio, considerando essa característica como uma vantagem do sistema que
reconhece tais direitos. Ver — “Prior User Rights: The Inventor’s Lottery Ticket” — AIPLA Q.J.
— vol. 21 — nº 3, 1993 — p. 213.
110
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 45
111
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 45
189 “[...] by its very definition a ‘legitimate appropriator’ must have appropriated the invention
from the patentee through knowledge gained from the grace period disclosure. Therefore, if the
grace period disclosure is inadequate to enable the ‘appropriator’ to work the invention the user is
not a legitimate appropriator.” — Keith M. Kupferschmid — “Prior User Rights: The Inventor’s
Lottery Ticket” — AIPLA Q.J. — vol. 21 — nº 3, 1993 — p. 242.
190 Emprega-se aqui a expressão “inventor anterior” e não “o inventor”, uma vez que se pressu-
põe que a situação típica em que direitos de usuário anterior serão questionados resulta de
criações paralelas e não relacionadas realizadas por dois ou mais inventores. Assim, o inventor
“posterior” não deixa de ser, igualmente, um legítimo inventor, visto que também realizou ativi-
dade criativa.
191 O sistema de primeiro a inventar (first-to-invent) se contrapõe ao sistema de primeiro a
depositar (first-to-file), dominante em quase todos os países do mundo.
112
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 45
192 Ver manifestação do grupo alemão à questão Q 89D: “1. b) Das Vorbenutzungsrecht, das
inhaltlich ein Weiterbenutzungsrecht ist, knüpft also nicht an den blossen Vorbesitz der Erfindung
an, sondern verlangt, dass der Begünstigte die Erfindung vor ihrer Anmeldung durch einen Dritten
bereits in Benutzung genommen (...) hat.” — AIPPI Anuuaire 1988/V, Rapports des Groupes
Q89D, p. 7.
193 “The acquisition of a right of prior use presupposed ownership of the invention supported by
its use, [...]” — (Federal Supreme Court of Germany, 1986) — “Formstein” — 1991 R.P.C. —
nº 24 — p. 599.
194 Keith M. Kupferschmid — “Prior User Rights: The Inventor’s Lottery Ticket” — AIPLA
Q.J. — vol. 21 — nº 3 1993 — p. 213.
195 Naturalmente, tal comentário não se aplica a alterações que resultem em produtos ou pro-
cessos que não estão cobertos pela patente, pois nessa circunstância o usuário anterior não preci-
sará se valer das exceções asseguradas na lei para explorar o invento patenteado por terceiros.
196 Keith M. Kupferschmid — id. supra nota 157.
113
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 45
197 As restrições relativas ao produto obtido pelo processo patenteado apenas se aplicam caso se
trate de produto obtido diretamente pelo processo patenteado, nos termos do art. 42 da Lei nº
9.279/96, ou se forem considerados aplicáveis os termos mais amplos (sem o “diretamente”) do
art. 184.
198 Ainda que, na circunstância específica, os direitos de usuário anterior assegurem o direito de
exportar, deve o usuário anterior certificar-se da inexistência, no país de destino, de patente
correspondente à brasileira ou se a legislação do local de destino lhe assegura esse direito. Os
direitos de usuário anterior, assim como os direitos do titular da patente, são estritamente terri-
toriais. Direitos adquiridos no Brasil não serão, necessariamente, reconhecidos em outro país.
114
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 46
Capítulo VI
DA NULIDADE DA PATENTE
Seção I
Das Disposições Gerais
199 Norbert Marterer, “The Prior User’s Rights” — IIC — vol. 21 — nº 4/1990 — p. 521.
200 Para que isso ocorra, é suficiente que o usuário anterior já tenha praticado tais atos antes da
data de depósito do correspondente pedido de patente.
115
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 47, 48 e 49
201 Art. 166 — O titular de uma marca registrada em país signatário da Convenção da União de
Paris para Proteção da Propriedade Industrial poderá, alternativamente, reivindicar, através de
116
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 50
direitos o adquirente tiver agido com má-fé (ver comentários ao art. 166).
Portanto, essa ação tem por objetivo pôr no lugar do usurpador a pessoa que
tem direito à patente, retirando-lhe a posse em favor do verdadeiro titular do
direito formativo gerador do domínio.
Tal artigo já começa a ser aplicado, como demonstra a decisão de 1ª
instância a seguir transcrita:
Seção II
Do Processo Administrativo de Nulidade
ação judicial, a adjudicação do registro, nos termos previstos no art. 6º septies (I) daquela Con-
venção.
117
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 50
118
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 51
119
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 52, 53 e 54
O artigo deixa claro que a manifestação das partes, nos termos do art.
53, é facultativa.
Como já comentado, a decisão da nulidade encerra a fase administrativa,
na medida em que foi eliminada a fase de recurso ao Ministro prevista no
Código de 1971.
120
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 55 e 56
Seção III
Da Ação de Nulidade
Pela nova sistemática adotada pela Lei nº 9.279/96, não mais é possível
interpor-se recurso administrativo do ato concessivo de patente. Entretanto,
se a patente for concedida em desacordo com as condições estabelecidas na
Lei, poderá ser decretada sua nulidade (art. 50). A decretação poderá ocor-
rer na esfera administrativa, por meio do processo administrativo de nulida-
de (arts. 50-55), que tem caráter rescisório.
Por outro lado, encerrada ou não a instância administrativa, o INPI ou
qualquer pessoa com legítimo interesse poderá promover a ação de nulidade
da patente que tenha sido concedida ao arrepio da lei. Do enunciado extrai-
se que a ação de nulidade se reveste tanto de caráter público como de caráter
privado202.
Quando a Lei prevê expressamente a legitimidade do INPI para interpor
ação de nulidade de seu próprio ato concessivo da patente em razão da ilega-
lidade desse ato, está outorgando ao INPI a titularidade da ação civil pública
202 Segundo acórdão unânime da 1ª Turma do TRF-2R, proferido nos autos da apelação cível nº
97.02.14696-8 RJ. (publicada no DJ. 13/04/99), a ação de nulidade de patente por alegada falta
de novidade da invenção exige a realização de prova pericial, sob pena de caracterizado o cercea-
mento de defesa.
121
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 55 e 56
203 XXIX — a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País; (...)
204 Art. 4º — A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transferência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...)
VI — coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo,
inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas
e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; (...)
122
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 55 e 56
205 De acordo com o acórdão unânime da 9ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo, proferido nos autos da apelação cível nº 367824 (RJTJESP-215/149-51,
abril 1999), foi julgado que o suposto infrator pode repelir a ação mediante a alegação de que o
invento que lhe foi oposto não é novo, nem patenteável, sem necessidade do uso da ação de
nulidade, fixando mais, que nesses casos a competência para o julgamento da demanda é da
Justiça estadual, por se tratar de matéria suscetível de ser apreciada incidenter tantum e inter
partes, cabendo à Justiça Federal, apenas, a competência para julgar a ação própria de nulidade da
patente. Interpretação diversa deu o acórdão, também unânime, da 1ª Câmara Cível do Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, proferido nos autos da apelação cível nº 12754/2000
(DORJ-III/Sec. I, 23/04/2001, p. 22), que entendeu caber à Justiça Estadual a decretação de
nulidade de patente se alegada como matéria de defesa. À Justiça Federal cabe o julgamento das
ações de nulidade ajuizadas na forma do art. 56 da Lei nº 9.279/96.
123
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 55 e 56
desde antes de sua data de depósito junto ao INPI. Em outras palavras, prova
o réu que pratica aquela invenção não em violação da patente, mas, sim, com
base em ensinamentos anteriores a ela e de domínio público.
Neste caso, o juiz pode absolver o réu da acusação de infração, criando
uma situação jurídica peculiar, na medida em que a patente deixa de ser
oponível erga omnes, visto que o titular não mais pode opô-la ao réu vencedor
da ação, mas continua podendo opô-la contra demais terceiros, enquanto a
nulidade de sua patente não for declarada (ou decretada) judicialmente.
Também na ação penal, a nulidade da patente pode ser argüida como
matéria de defesa. A este respeito, ver comentários ao art. 205.
206 Processo nº 200351015005640, em que são partes Tecnobelll Ind./Ltda. e o Instituto Na-
cional de Propriedade Industrial — INPI.
207 XIX Seminário Nacional de Propriedade Intelectual — ABPI — 1999, realizado no Rio de
Janeiro.
124
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 57
208 O TRF-2R, por sua 1ª. Turma, julgou por unanimidade em recurso de agravo de instrumento
nº 9902265138 RJ (DJ-2, 20/07/2000, pág. 112), “que o Juiz poderá preventiva ou incidental-
mente, determinar a suspensão dos efeitos da patente, atendidos os requisitos processuais pró-
prios”. Já em despacho do Desembargador Federal, Dr. Andre Kozlowski do mesmo Tribunal,
proferido nos autos do agravo de instrumento nº 200202010327488 (DJ-2, 12/09/2002, p. 379),
foi firmado o entendimento de que “ a antecipação de tutela que objetiva anular ato administra-
tivo perfeito e acabado (patente de invenção concedida pelo INPI), depende da vinda das respos-
tas dos réus, principalmente pelo fato de que as provas, apresentadas como inquestionáveis, não
sofreram o crivo do contraditório”. Essencialmente no mesmo sentido do despacho do Sr. De-
sembargador Federal Andre Kozlowski no agravo de instrumento nº 200202010327488, o despa-
cho do Desembargador Federal Sergio Feltrin Corrêa, também do TRF-2R, proferido no agravo
de instrumento nº 200102010152088 (DJ-2, 02/05/2001, p. 88), por entender que “os atos
praticados pelo INPI estão revestidos dos atributos da presunção da legitimidade e veracidade”,
assim que o Juiz de primeiro grau “deveria ter ouvido a autarquia antes de suspender os efeitos da
patente”, em sede de medida cautelar incidental.
125
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 57
209 Constituição Federal de 1988, Art. 109 — Aos juízes federais compete processar e julgar:
I — as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
210 Ver nota 206 ao § 1º do art. 56.
211 No agravo de instrumento nº 9202086737, a 5ª Turma do TRF-2R decidiu unanimemente
que nas ações de nulidade de patente e de registro de marca o INPI deve figurar como litiscon-
sorte passivo necessário (co-réu) (DJ-2, 08/02/2000, p. 217/218), já que responsável pela con-
cessão do registro de marcas e patentes. Igualmente, a 2ª Turma do TRF-2R, em acórdão unâni-
me proferido na remessa necessária nº 200102010231614 (DJ-2, 22/01/2002, p. 629) entendeu
que nas ações de nulidade de patente o INPI deverá participar na qualidade de litisconsorte
passivo necessário.
126
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 58 e 59
Capítulo VII
DA CESSÃO E DAS ANOTAÇÕES
Discorre o artigo sobre as anotações que serão feitas pelo INPI em rela-
ção a atos vinculados à titularidade e aos direitos relativos ao pedido de
patente ou à patente.
127
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 58 e 59
128
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 60 e 61
tro do Comércio ou Ofícios, que lhe é privativo, tais como a alteração con-
tratual ou estatutária, a comprovação da inscrição no Cadastro Geral dos
Contribuintes (CGC), certificados de mudança de razão social etc. Analoga-
mente, aplicam-se aqui formalidades similares àquelas comentadas no art.
58.
Capítulo VIII
DAS LICENÇAS
Seção I
Da Licença Voluntária
129
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 62
conforme os arts. 441 a 446 do referido diploma legal. Isto, pelo fato de que
o direito de propriedade representado pela patente não compreende a facul-
dade de usar livremente o produto ou processo patenteado.
Esta característica do sistema patentário é expressamente reconhecida
no §1º do art. 70 da Lei, ao definir o conceito de patente dependente.
130
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 63 e 64
Seção II
Da Oferta de Licença
131
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 65
132
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 66 e 67
eventualmente, considerará o disposto no art. 73, §§4º a 6º. Não está claro
aqui se apenas uma das partes poderá pedir ao INPI o arbitramento da remu-
neração ou se isto depende da concordância de ambas as partes. O fato é que,
se o interessado na licença requer, sem anuência do titular, que o INPI
interfira neste sentido, pode o titular, nos termos do §4º do artigo anterior e
a seu critério, desistir da oferta. Por outro lado, se o titular, sem anuência do
interessado, pede ao INPI para arbitrar sobre a remuneração, pode também
o interessado desistir da licença.
A Convenção para Patente Comunitária européia dispõe claramente a
este respeito, facultando a qualquer das partes requerer o arbitramento ou a
revisão da remuneração (art. 44).
133
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 68
Seção III
Da Licença Compulsória
134
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 68
215 3) A caducidade da patente só poderá ser prevista para os casos em que a concessão de
licenças obrigatórias não tenha sido suficiente para prevenir tais abusos. Não poderá ser interpos-
ta ação de declaração de caducidade ou de anulação de uma patente antes de expirar o prazo de
dois anos, a contar da concessão da primeira licença obrigatória.
216 Art. 31 — Outro Uso sem Autorização do Titular
Quando a legislação de um Membro permite outro uso do objeto da patente sem a autoriza-
ção de seu titular, inclusive o uso pelo Governo ou por terceiros autorizados pelo governo, as
seguintes disposições serão respeitadas: (...)
(k) os Membros não estão obrigados a aplicar as condições estabelecidas nos subparágrafos
(b) e (f) quando esse uso for permitido para remediar um procedimento determinado como
sendo anticompetitivo ou desleal após um processo administrativo ou judicial.
217 (...) Neither “abuse” nor “compulsory license” is defined in the text of the Paris Convention.
But, as far as “abuse” is concerned, the Convention does mention, as an example, failure to work;
135
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 68
it is, however generally admitted that failure to work per se is not an abuse, and that failure to
work is an abuse only under certain circumstances. This follows from the fact that (...) special
rules are provided where there is failure to work without abuse. (p. 36)
218 Art. 31 — (...) b) esse uso só poderá ser permitido se o usuário proposto tiver previamente
buscado obter autorização do titular, em termos e condições comerciais razoáveis, e que esses
esforços não tenham sido bem-sucedidos num prazo razoável. Essa condição pode ser dispensada
por um Membro em caso de emergência nacional ou outras circunstâncias de extrema urgência
ou em casos de uso público não-comercial. No caso de uso público não-comercial, quando o
Governo ou o contratante sabe ou tem base demonstrável para saber, sem proceder a uma busca,
que uma patente vigente é ou será usada pelo ou para o Governo, o titular será prontamente
informado; (...) (bem-sucedido tem hífen)
219 Art. 31 — (...)
c) o alcance e a duração desse uso serão restritos ao objetivo para o qual foi autorizado e, no
caso de tecnologia de semicondutores, serão apenas para uso público não-comercial ou para
remediar um procedimento determinado como sendo anticompetitivo ou desleal após um pro-
cesso administrativo ou judicial; (...) (concordância errada)
220 Art 31 (...)
g) sem prejuízo da proteção adequada dos legítimos interesses das pessoas autorizadas, a
autorização desse uso poderá ser terminada se e quando as circunstâncias que a propiciaram
deixarem de existir e se for improvável que venham a existir novamente. A autoridade compe-
tente terá o poder de rever, mediante pedido fundamentado, se essas circunstâncias persistem;
(...) (concorda com autorização)
136
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 68
137
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 68
138
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 68
224 Ver “Importação Paralela e Licença Compulsória”, Ivan B. Ahlert, Revista da ABPI nº
27/1997.
139
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 69
140
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 69
Tal comprovação, nos parece, poderá ser feita com base na apresentação
de projetos para construção de instalações fabris, de faturas que indiquem a
compra de material para esta construção, de troca de correspondência con-
firmando negociações para licenciamento da patente etc.
141
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 70
142
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 70
presente texto ser omisso a respeito e não obstante tratar-se aqui de uma
licença compulsória, acreditamos que o titular da patente mais antiga deve
ter o direito de pleitear tal limitação no contrato de licença. O art. 58, que
determina que o conteúdo da patente é indivisível, pode representar um
obstáculo a tal pretensão, porém deve ser considerado que se trata aqui de
uma situação excepcional, em que se derrogam em parte os direitos do titu-
lar da patente mais antiga com vistas unicamente à viabilização da exploração
de uma patente mais recente.
Este inciso dispõe sobre outra das limitações para concessão da licença
compulsória. Ora, a concessão de licenças compulsórias visa ao bem coletivo
e não aos interesses do requerente da licença. Resulta daí que uma licença
compulsória não deverá ser concedida apenas com vistas aos interesses eco-
nômicos do requerente e que o progresso técnico deverá ser analisado sob o
prisma das vantagens oferecidas ao público.
De fato, não há porque derrogar parcialmente os legítimos direitos de
exclusividade da patente anterior se a patente dependente não traz, para a
coletividade, alguma vantagem relevante em comparação com a patente an-
terior. Em nossa opinião, a concessão de uma licença compulsória a qualquer
pretexto deveria ter sempre por fundamento algum tipo de abuso do titular,
o que não ocorre diante da simples situação de dependência entre patentes.
Portanto, dentro da filosofia da concessão de licenças compulsórias em casos
de dependência, é fundamental que elas sejam aplicadas apenas em casos
excepcionais. Se aplicada como regra geral para qualquer situação de depen-
dência, os direitos do titular de patente para qualquer invento pioneiro serão
altamente prejudicados.
143
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 70
231 “Die sogenannte Abhängigkeit im Patentrecht” — Revista GRUR, v.95, nº 3, março 1993,
p. 272-276
232 “Abhängigkeit... wird dadurch nicht berürhrt, daß... das jüngere Verfahren... wiederum sich
als eine patentwürdige Erfindung darstellt.”
144
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 70
§2º — Para efeito este artigo, uma patente de processo poderá ser
considerada dependente de patente do produto respectivo, bem como
uma patente de produto poderá ser dependente de patente de processo.
Neste parágrafo está implícita outra questão que suscita dúvidas para
alguns: o titular de uma patente mais antiga — que protege uma determinada
invenção de forma mais abrangente — não tem o direito de explorar um
determinado aperfeiçoamento que é objeto de uma patente mais recente de
terceiro. Conforme comentado junto ao caput do art. 42, o direito conferido
pela patente é primariamente definido como sendo o poder dado a seu titu-
lar de excluir terceiros da prática dos atos atentatórios ao direito de proprie-
dade, o que resulta no seguinte:
233 1943 verlangt da RG — patentrechtlich wieder präziser — für die begehrte Feststellung der
Abhängigkeit, daß vom älteren Patent “bei jeder Ausführungsmöglichkeit der jüngeren Erfindung”
Gebraucht gemacht wird.
145
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 71
146
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 72 e 73
147
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 72 e 73
148
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 72 e 73
149
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 74
O prazo estabelecido pela Lei para a decisão pelo INPI é curto em face
da complexidade do processo. De outro lado, a Lei não prevê as medidas a
serem tomadas pelas partes em caso de atraso na publicação do parecer pelo
órgão. Presumivelmente, o processo deverá ser considerado extinto, caso a
decisão não seja proferida dentro do prazo aqui determinado.
150
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 74
Texto consoante com o art. 31(e) de TRIPs, que visa coibir o “comércio”
de licenças compulsórias. Por intermédio deste parágrafo, a licença com-
pulsória passa a ser um direito acessório àquela linha de produção cuja
atividade infringiria as reivindicações da patente não fosse pela licença
compulsória.
151
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 75
Capítulo IX
DA PATENTE DE INTERESSE DA DEFESA NACIONAL
Art. 75 — O pedido de patente originário do Brasil cujo objeto inte-
resse à defesa nacional será processado em caráter sigiloso e não estará
sujeito às publicações previstas nesta Lei.
Art. 75
Este artigo, que dispõe sobre matéria prevista em diversos países, visa
assegurar ao Estado o direito de intervir no processamento de pedidos de
patente e/ou na exploração de patentes que envolvam invenções que possam
afetar a segurança nacional (caput, §2º e §3º), desde que tais pedidos tenham
sido depositados prioritariamente no Brasil.
Invenções na área da indústria bélica ou nuclear, entre outras, podem ser
citadas como exemplo de casos que poderiam vir a ser incluídos nas provisõ-
es deste artigo.
Os pedidos de patente brasileiros correspondentes a pedidos deposita-
dos originalmente no exterior não estão enquadrados neste artigo, uma vez
que não seria possível impedir a divulgação da invenção em outros países, nos
quais patentes correspondentes são requeridas.
238 Art. 44. O pedido de privilégio, cujo objeto for julgado de interesse da Segurança Nacional,
será processado em caráter sigiloso, não sendo promovidas as publicações de que trata este
Código.
§1º Para os fins deste artigo, o pedido será submetido à Secretaria Geral do Conselho de
Segurança Nacional.
§2º Ao Estado-maior das Forças Armadas caberá emitir parecer técnico conclusivo sobre os
requisitos exigidos para a concessão do privilégio em assuntos de natureza militar, podendo o
exame técnico ser delegado aos Ministérios Militares. (...) (grafia incorreta)
152
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 75
maior das Forças Armadas como os órgãos responsáveis por tal análise. Reser-
va-se portanto ao Poder Executivo o direito de designar ou estabelecer tal
órgão.
O Decreto nº 2.553, de 16 de abril de 1998, atribuiu à Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República239 a competência para
analisar os casos de interesse da defesa nacional. Na prática, essa secretaria
enviava ao INPI, mensalmente, representantes que analisavam todos os pe-
didos de patente de origem nacional, separando aqueles que eram considera-
dos de interesse da defesa nacional para um estudo mais aprofundado.
Com a extinção da referida secretaria e, ainda, diante da falta de outro
órgão para substituí-la, houve, durante um certo período, um grande acúmu-
lo de pedidos de patente, à espera dessa análise, o que resultou no atraso da
tramitação desses pedidos no INPI. Para solucionar temporariamente esse
problema foi eliminada essa etapa de análise, ao menos até que seja nomeado
um novo órgão para substituir a secretaria extinta, Desse modo, atualmente,
não é feita qualquer análise nos pedidos de patentes, com relação às disposi-
ções deste artigo. Parece acertada a atitude do INPI, visto que não lhe com-
pete fazer tal análise.
Uma vez verificado o caráter sigiloso de uma invenção, o processamento
do pedido de patente será análogo ao de um pedido de patente normal, com
exceção das etapas relativas a possíveis manifestações de terceiros, as quais,
evidentemente, não poderão ocorrer, tendo em vista que a existência do
pedido de patente em questão não será tornada acessível ao público.
153
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 76
Capítulo X
CERTIFICADO DE ADIÇÃO DE INVENÇÃO
154
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 76
240 Nota-se que a deficiência da lei antiga não foi totalmente eliminada, uma vez que o art. 76
não estende o benefício à categoria dos modelos de utilidade. Em parte, isso talvez se explique
pelo fato de que os modelos de utilidade já representam criações com menor grau de inventivida-
de, de tal sorte que mesmo pequenos aperfeiçoamentos de um modelo de utilidade podem, com
maior probabilidade, constituir um novo modelo de utilidade passível de proteção por meio de
um pedido independente nessa categoria.
241 Ver comentários ao art. 186.
155
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 76
(i) o depositante e
(ii) o conceito inventivo.
242 I.e., novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, conforme o art. 8º da LPI.
156
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 77
243 Embora a LPI não contemple a situação inversa, i.e., quando um segundo pedido de patente
é considerado como destituído de atividade inventiva frente a um primeiro pedido de patente do
mesmo depositante, em conversações entre representantes da ABPI com representantes do
INPI, por ocasião de reuniões de um grupo formado com vistas à reformulação dos atos normati-
vos editados em 1997, foi cogitado autorizar-se nesses casos a transformação do pedido de
patente em pedido de certificado de adição do primeiro pedido de patente. Ademais, embora a
Lei também seja omissa nesse aspecto, acredita-se que se um pedido de patente principal é
indeferido, porém o pedido de certificado de adição contém matéria considerada patenteável,
então o depositante deveria ter a possibilidade de converter seu pedido de certificado de adição
em pedido de patente independente.
244 Ver comentários ao art. 11, §2º.
157
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 78
Capítulo XI
DA EXTINÇÃO DA PATENTE
Art. 78 — A patente extingue-se: (...)
Art. 78
Este artigo repete, basicamente, disposição já contida no Código de
1971 ao elencar as razões de extinção da patente. Contrariamente à nulidade
da patente, cujos efeitos retroagem ao depósito do respectivo pedido (ex
tunc), a extinção da patente com base no presente artigo produz efeitos do
momento da extinção em diante (ex nunc).
158
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 78
245 Na apelação cível nº 9702217920, a 2ª Turma do TRF-2R julgou à unanimidade que tendo o
“autor da ação efetuado o pagamento da anuidade tempestivamente e a instituição bancária
comunicado seu recolhimento ao INPI, impõe-se a anulação da decisão administrativa, qual seja,
a caducidade da patente” (DJ-2, 26/12/2000, pp. 101/102).
246 Art. 50 — Caducará automaticamente a patente se não for comprovado o pagamento da
respectiva anuidade no prazo estabelecido no artigo 25, ressalvado o caso de restauração, ou
quando não for observado o disposto no artigo 116.
159
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 79 e 80
do, que não cai em domínio público o objeto da patente que, depois de
extinta, é restaurada no prazo estabelecido no art. 87.
É importante observar que, apesar de o objeto da patente cair em domí-
nio público, pode haver algum outro tipo de proteção envolvendo determi-
nado aspecto da invenção ou modelo. Por exemplo, pode haver patente mais
recente protegendo um aperfeiçoamento específico do invento original, ou,
ainda, um registro de desenho industrial para uma determinada apresentação
visual. Esses aspectos continuam devidamente protegidos, enquanto os res-
pectivos diplomas estiverem em vigor.
160
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 81
248 A 3ª. Turma do TRF-2R, em decisão unânime proferida nos autos da apelação cível nº
97.02.43308-8, além de julgar que “comprovada a comercialização do produto com as referências
especificadas nas notas fiscais, catálogos e declarações de empresas, não há que se declarar a
caducidade da respectiva patente”, decidiu que “ante a sua indivisibilidade, não se pode declarar
a caducidade parcial da patente”, indo mais além ao fixar que se uma das reivindicações da
patente em questão carecesse do requisito essencial de novidade, seria o caso de decretação de
sua nulidade e não de sua caducidade (DJ-2, 19/12/2000, p.817).
161
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 82, 83 e 84
ii) por mais que a primeira instância seja agilizada, haverá sempre um
segundo grau administrativo (art. 212), o qual terá efeitos suspensivo e
devolutivo pleno (art. 212, §1º). No entanto, aos dispositivos pertinen-
tes ao exame de primeira instância se aplicam (art. 212, §1º), daí se
deduzindo que haverá também notificação por publicação do recurso,
um prazo de 60 dias para a parte recorrida manifestar-se e um prazo
imediatamente seguinte de 60 dias para o Presidente do INPI decidir o
recurso (art. 212, §3º).
Capítulo XII
DA RETRIBUIÇÃO ANUAL
162
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 82, 83 e 84
O pagamento da retribuição deverá ser feito dentro dos três meses iniciais
de cada período anual. Cada período anual se inicia, a cada ano, no dia e mês
correspondentes à data de depósito do pedido. Na ausência do pagamento den-
tro desses três meses, o depositante do pedido ou titular da patente poderá
efetuar o pagamento dentro do prazo adicional de seis meses, mediante o paga-
mento de uma retribuição adicional. A contagem do prazo adicional de seis
meses inicia-se imediatamente ao fim do prazo inicial de três meses, não haven-
do notificação ao depositante ou titular por parte do INPI.
249 10.1.2 — O Certificado de Adição estará sujeito à retribuição anual a partir do início do
período anual (do pedido ou patente de que for acessório) seguinte ao seu depósito. O período
para pagamento é o mesmo daquele do pedido ou patente de que for acessório.
163
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 86 e 87
Capítulo XIII
DA RESTAURAÇÃO
164
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 88
Capítulo XIV
DA INVENÇÃO E DO MODELO DE UTILIDADE
REALIZADO POR EMPREGADO OU PRESTADOR
DE SERVIÇO
165
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 89, 90 e 91
seja requerida pelo empregado até 1 (um) ano após a extinção do víncu-
lo empregatício.
166
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 89, 90 e 91
167
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 92
168
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 93
250 Art. 3º Ao servidor da administração pública direta, indireta e fundacional, que desenvolver
invenção, aperfeiçoamento ou modelo de utilidade e desenho industrial, será assegurada, a título
de incentivo, durante toda a vigência da patente ou do registro, premiação de parcela do valor das
vantagens auferidas pelo órgão ou entidade com a exploração da patente ou do registro.
§1º Os órgãos e as entidades da administração pública direta, indireta e fundacional promo-
verão a alteração de seus estatutos ou regimentos internos para inserir normas que definam a
forma e as condições de pagamento da premiação de que trata este artigo, a qual vigorará após
publicação no Diário Oficial da União, ficando convalidados os acordos firmados anteriormente.
§2º A premiação a que se refere o “caput” deste artigo não poderá exceder a um terço do
valor das vantagens auferidas pelo órgão ou entidade com a exploração da patente ou do registro.
Art. 4º A premiação de que trata o artigo anterior não se incorpora, a qualquer título, aos
salários dos empregados ou aos vencimentos dos servidores.
Art. 5º Na celebração de instrumentos contratuais de que trata o art. 92 da Lei nº 9.279, de
1996, serão estipuladas a titularidade das criações intelectuais e a participação dos criadores.
169
170
Título II
DOS DESENHOS INDUSTRIAIS
Capítulo I
DA TITULARIDADE
Conforme se comentará adiante, a própria inclusão deste Título consti-
tui inovação em relação à legislação precedente. A migração da proteção dos
desenhos industriais da categoria das patentes para uma categoria própria de
registros vem atender uma antiga reivindicação dos profissionais dessa área.
Como explicado por Maria Beatriz Afflalo Brandão: “A estratégia de prote-
ger o design dos produtos através do registro é sem dúvida adequada. A
característica contextual do design dos objetos necessita de um mecanismo
ágil de proteção; impossível no caso das patentes”251.
Reconheça-se que, não apenas a legislação, mas o desempenho do INPI
nessa área vem atendendo tal reivindicação, na medida em que, na época de
preparação deste livro, há decisões sobre a concessão de registros de desenho
industrial sendo emitidas no lapso de poucos meses a partir de seus respecti-
vos depósitos.
Assunto a ser também comentado adiante, a inovação nesta Lei relativa
à possibilidade de proteção das marcas tridimensionais pode causar dúvidas
acerca da melhor forma de protegê-las, visto que, comumente, a marca tridi-
mensional é a forma do próprio produto ou da respectiva embalagem, de tal
modo que sua proteção pode se dar de forma cumulativa como marca tridi-
mensional e como desenho industrial. Nos casos em que a forma do produto
ou de sua embalagem exercerá a função de marca, a proteção cumulativa
oferecerá o amparo mais abrangente, pois cada título tem suas vantagens e
limitações. Quanto ao registro de desenho industrial, que até este momento,
tem sido concedido com maior celeridade, sua duração é limitada ao máximo
de 25 anos, enquanto o registro de marca pode ser prorrogado indefinida-
mente. Por outro lado, a marca é protegida apenas nas classes em que é
requerida, enquanto o desenho industrial pode conferir proteção mais abran-
gente, em particular se a definição de seu campo de aplicação é correspon-
171
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 94 e 95
Capítulo II
DA REGISTRABILIDADE
Seção I
Dos Desenhos Industriais Registráveis
172
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 94 e 95
173
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 94 e 95
252 “It is implicit from Article 25(1) that Members are not expected to require protected indus-
trial designs to fulfil both the criteria of novelty and originality, since the text permits Members to
provide that designs are not “new or original if they do not significantly differ from known designs
or combinations of known design features’. This rather suggests that the words ‘new or original’ are
used as synonyms. However, any country which chooses to require a design to fulfil separate
criteria of novelty and originality may do so.” Jeremy Phillips, Intellectual Property and Interna-
tional Trade: The TRIPS Agreement, Kluwer Law International 1998, p. 185.
253 Ver arts. 96 e 97.
174
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 96
Tal com já descrito no art. 11 §2º este dispositivo visa impedir que dois
registros sejam concedidos para objetos idênticos.
Contudo, verifica-se que no Título das Patentes aquela disposição se refere
genericamente a “pedido depositado no Brasil”, levando a crer que ali se trata
apenas de pedido de patente, visto que é a natureza a que se refere aquele Títu-
lo254. Por outro lado, o §2º do art. 96 estende-se explicitamente ao “pedido de
patente ou de registro”. Pela mesma lógica, “pedido de registro” parece referir-
254 Essa foi, inclusive, a opinião externada pela Dra. Maria Margarida Mittelbach, então Direto-
ra de Patentes do INPI, quando consultada informalmente sobre tal disposição.
175
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 97
255 Art. 12. Para os efeitos deste Código, considera-se ainda modelo ou desenho industrial
aquele que, mesmo composto de elementos conhecidos, realize combinações originais, dando aos
respectivos objetos aspecto geral com características próprias.
176
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 98 e 99
dão a medida extra que a criação deve apresentar como evidência de que
houve mais do que uma adaptação ordinária e meritória de objetos conheci-
dos. Aliás, a Lei norte-americana também prevê expressamente o requisito
de novidade e originalidade, além de não-obviedade por referência ao título
de patentes, para que o design seja patenteável256.
Naturalmente, o grau de originalidade exigido pode variar de um setor
para outro. Há produtos que, por sua função, não apresentam tanto espaço
para criações de forma quanto outros e onde pequenas diferenças podem ser
suficientes para gerar a percepção para o consumidor de que se trata de um
produto novo.
Finalmente, a originalidade deve ser enfocada sob o prisma do consumi-
dor usual do produto. Se o produto é um produto de venda direta ao consu-
midor, então a originalidade deve ser passível de ser percebida por esse con-
sumidor leigo. Se o produto é um produto para venda a profissionais especia-
lizados, é a ótica desse profissional que deve ser considerada na análise da
originalidade.
Seção II
Da Prioridade
177
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 100
Seção III
Dos Desenhos Industriais Não Registráveis
Nos termos deste inciso, também não é registrável como desenho indus-
trial a forma necessária comum ou vulgar do objeto. A forma “necessária” é a
forma indispensável, ou a forma que o objeto deve obrigatoriamente ter. Já a
forma “comum ou vulgar” parece referir-se àquela forma que não apresenta
características próprias, capaz de distinguir o objeto de outros conhecidos.
Quando este inciso se refere à forma necessária comum ou vulgar “do”
objeto, parece clara a intenção de que o enfoque deve ser menor sobre a
178
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 100
179
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 101
Capítulo III
DO PEDIDO DE REGISTRO
Seção I
Do Depósito do Pedido
I — requerimento; (...)
3. Campo de aplicação.
180
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 101
Quanto ao item 7, deve ser observado que o item 3.2 do Ato Normativo
129/97261 esclarece que a declaração poderá ser feita no formulário de depó-
sito ou em apartado quando os dados identificadores dos pedido constantes
na certidão de depósito ou documento equivalente estiverem em conformi-
dade com os do requerimento de depósito do pedido.
Com relação ao item 8, note-se que, havendo divulgação anterior, o
inventor deve informar a forma, local e data, assim esclarecendo o item 2.2
do Ato Normativo 129/97262. Em vista do fato de que os regulamentos cor-
respondentes para patentes estabelecem que o depositante “poderá” infor-
mar sobre a divulgação prévia, parece haver um certo consenso de que a
expressão “deve” no ato normativo de desenhos não tem a conotação de
obrigação absoluta de cumprimento dessa formalidade263.
181
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 101
d) resumo;
e) prova do cumprimento de exigências contidas em legislação específica;
f) outros documentos necessários à instrução do pedido.
§1.º O requerimento, o relatório descritivo, as reivindicações, o desenho e o resumo deverão
satisfazer as condições estabelecidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
§2.º As reivindicações, sempre fundamentadas no relatório descritivo, caracterizarão as
particularidades do invento, estabelecendo e delimitando os direitos do inventor.
266 Ato Normativo nº 129/97
11.2.2 No caso de variantes, as reivindicações deverão ser quantas forem as variações confi-
gurativas ou de concepção de conjunto, de modo que cada reivindicação limite-se a uma única
variante; (...)
182
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 102 e 103
183
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 102 e 103
184
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 104
Seção II
Das Condições do Pedido
185
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 105 e 106
Mais uma vez, repete-se disposição prevista no Título das Patentes desta
Lei, com a diferença de que um pedido de registro de desenho industrial
pode ser retirado evitando-se sua publicação, enquanto o pedido de patente
retirado será necessariamente publicado, de tal modo que usualmente have-
rá a produção de efeitos em relação a um pedido depositado posteriormente.
Seção III
Do Processo e do Exame do Pedido
186
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 105 e 106
187
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 107
§3º — Não atendido o disposto nos artigos 101 e 104, será formula-
da exigência, que deverá ser respondida em 60 (sessenta) dias, sob pena
de arquivamento definitivo.
188
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 108
189
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 109
Capítulo V
DA PROTEÇÃO CONFERIDA PELO REGISTRO
273 A 9ª Câmara de Direto Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo decidiu à
unanimidade, nos autos do agravo de instrumento nº 212.276-4/9, caracterizada a “ilegitimidade
ad causam de pessoa jurídica que ajuíza ação de infração de desenho industrial protegido, quando
este é de titularidade de pessoa física, ainda que este seja sócio majoritário e gerente da autora,
190
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 109
mormente se inexiste autorização expressa do titular para que a pessoa jurídica explore o desenho
industrial”.
274 Essa investigação ganha especial relevância pelo fato de a concessão de registros de desenho
industrial não estar sujeita a um exame prévio de novidade pelo INPI. A primeira providência
deve, portanto, residir na determinação se o registro é de fato válido.
191
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 109
registro para o produto como um todo, onde a referida parte tem a forma
daquela registrada pelo primeiro titular. Nesse caso, embora o registro pos-
terior possa até mesmo ser válido275, seu objeto não poderá ser produzido
sem infringir o registro anterior.
Deve ser levado em conta, ainda, que não é registrável, como desenho
industrial, o objeto cuja forma seja essencialmente determinada por
considerações técnicas ou funcionais. Uma vez que praticamente qualquer
objeto de uso prático terá sua forma, ao menos em parte, determinada por
considerações técnicas ou funcionais, na análise de uma possível infração
poderá ser necessário abstrair-se daqueles aspectos do desenho registrado
que são originados por tais considerações e determinar-se em que aspectos o
objeto do registro de fato resulta de uma criação ornamental e que lhe pro-
porciona uma configuração nova e original. Ainda que a proteção recaia sobre
o objeto como um todo, havendo coincidência entre o objeto do registro e
um produto de terceiro apenas em relação àquelas partes que resultam de
considerações funcionais, então a existência de infração parece menos prová-
vel.
Uma possível maneira de se determinar se o produto de terceiro consti-
tui infração de um registro de desenho industrial reside em se confrontarem
a) o desenho protegido, b) o produto de terceiro que supostamente viola o
registro e c) produtos pertencentes ao estado da técnica que mais se asseme-
lhem ao objeto do registro. Eventualmente, tabelas comparativas confron-
tando as principais características de a), b) e c) podem ser aplicadas nessa
tarefa. Caso seja evidente que o produto desse terceiro se assemelha muito
mais ao desenho protegido do que aos produtos do estado da técnica, então
já se dispõe de uma primeira evidência de que há violação. Além disso,
naturalmente, há que se fazer uma comparação isolada entre o desenho pro-
tegido e o produto de terceiro, a fim de se determinar, por exemplo, se
ambos podem ser confundidos pelo consumidor.
Em síntese, como passos básicos para se investigar uma possível infração
de um design protegido276, já se propôs nos EUA277 o seguinte:
275 Note que, de acordo com o parágrafo único do art. 97, o resultado visual original poderá ser
decorrente da combinação de elementos conhecidos.
276 Nos EUA os designs são protegidos sob o regime de patentes.
277 Conforme apresentação de Perry Saidman no FICPI 4th Open Forum, em Florença, 22-23
de outubro de 1998.
192
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 110
Para os efeitos desta Lei, não será considerado usuário anterior aquele
que adquiriu o conhecimento do objeto do registro em virtude dos atos
praticados em conformidade com o §3º do art. 96, no período de 180 dias
que antecedem ao depósito do pedido, ou sua prioridade, ou seja, dentro do
193
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 111
Capítulo VI
DO EXAME DE MÉRITO
Art. 111 — O titular do desenho industrial poderá requerer o exame
do objeto do registro, a qualquer tempo da vigência, quanto aos aspec-
tos de novidade e de originalidade.
Art. 111
A atual Lei de Propriedade Industrial, de forma diferente da legislação
anterior, prevê um mero registro e a proteção é concedida sem qualquer
exame de mérito, o que resulta em uma grande redução de custos e tempo.
Tais fatores servem como atrativos para os empresários, uma vez que a con-
cessão de uma patente nos termos do precedente Código da Propriedade
Industrial levava, tipicamente, de quatro a cinco anos, enquanto a expedição
do registro nos termos da presente legislação pode ser conseguida em poucos
meses.
Contudo, caso seja de seu interesse, o titular, poderá requerer ao INPI o
exame do pedido, de modo a assegurar a existência de novidade e originali-
dade em vista das anterioridades existentes.
O requerimento do exame de mérito é recomendável em especial como
forma de aumentar o grau de segurança quanto à validade do registro nas
ações de infração. Embora não seja estritamente necessária para essa finali-
dade e tampouco assegure a inaplicabilidade de tal dispositivo legal, a reali-
zação do exame de mérito reduz o risco de que, nos termos do art. 204 desta
Lei, se considere que houve má-fé ou erro grosseiro na realização de diligên-
cia de busca e apreensão, devido à possível falta de validade do registro.
O exame realizado pelo INPI pode resultar num parecer favorável, caso
nenhuma anterioridade relevante seja encontrada, ou num parecer desfavo-
rável, o qual será utilizado como base para um processo de nulidade do
registro. Note-se, contudo, que, enquanto o exame de mérito pode ser re-
querido a qualquer tempo da vigência do registro, de acordo com o art. 113,
§1º, o processo de nulidade na instância administrativa apenas pode ser ins-
taurado, mesmo de ofício, no prazo de cinco anos contados da concessão do
registro. Supõe-se, portanto, que expirado o prazo para instauração de pro-
194
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 112
Capítulo VII
DA NULIDADE DO REGISTRO
Seção I
Das Disposições Gerais
195
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 113
Seção II
Do Processo Administrativo de Nulidade
280 Art. 58. O privilégio poderá ser cancelado administrativamente quando tenha sido concedi-
do contrariando o disposto nos artigos 6º, 9º e 13, quando não tenha sido observado o disposto no
§3º do artigo 40, ou quando, no seu processamento, tiver sido omitida qualquer das providências
determinadas por este Código, necessárias à apreciação e expedição da respectiva carta patente.
§1º O processo de cancelamento só poderá ser iniciado dentro do prazo de um ano, contado
da concessão do privilégio.
§2º Da notificação do início do processo de cancelamento, o interessado terá o prazo de 60
(sessenta) dias para contestação.
§3º A decisão do pedido de cancelamento será proferida dentro de 180 (cento e oitenta)
dias contados da sua apresentação.
§4º Do despacho que conceder ou denegar o cancelamento caberá recurso, no prazo de 60
(sessenta) dias.
196
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 113
281 Súmula nº 473. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conve-
niência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada em todos os casos a
apreciação judicial. (Ressalvada concorda com a apreciação)
282 TFR DJU de 28.11.1979; TJSP RT 464/76.
283 Art. 57. São competentes para promover a ação de nulidade o Instituto Nacional da Proprie-
dade Industrial ou qualquer pessoa com legítimo interesse.
284 Article 18 — From the data of publication of the patent application as provided for under
article 17 and up to the expiry of the term referred to in article 20, 2º, second paragraph, any third
party may send written observations to the National Institute of Industrial Property regarding the
patentability of the invention, object of the application, within the meaning of the articles 8 and 9.
These observations are transmitted to the owner of the application.
197
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 114, 115, 116 e 117
198
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 118 e 119
Seção III
Da Ação de Nulidade
Capítulo VIII
DA EXTINÇÃO DO REGISTRO
Art. 119 — O registro extingue-se: (...)
Basicamente, este artigo reproduz o art. 78, relativo aos motivos pelos
quais extingue-se a patente, sendo aqui aplicáveis diversos dos comentários
ali feitos. Observe-se, contudo, que os registros de desenho industrial não
estão sujeitos à caducidade por falta de exploração, o que é consistente com
aquilo que determina o art. 5, (B)286 da Convenção da União de Paris.
199
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 120
Capítulo IX
DA RETRIBUIÇÃO QÜINQÜENAL
Art. 120 — O titular do registro está sujeito ao pagamento de retri-
buição qüinqüenal, a partir do segundo qüinqüênio da data do depó-
sito.
Art. 120
Este artigo introduz uma inovação em relação às taxas de manutenção:
em lugar de taxas anuais que dispõe o Título das Patentes, as retribuições
relativas à manutenção dos registros de desenho industrial passam a ser qüin-
qüenais, isto é, devidas a cada cinco anos.
200
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 120
O art. 108 trata do prazo inicial de dez anos de vigência do registro e dos
três períodos consecutivos de prorrogação de cinco anos. Assim, o terceiro
qüinqüênio e demais deverão ser pagos e apresentados juntamente com os
respectivos pedidos de prorrogação.
Os prazos e formas de comprovação do pagamento dos qüinqüênios são
definidos no Ato Normativo nº 129/97, de acordo com o qual o pagamento
do segundo qüinqüênio ainda poderá ser efetuado dentro dos seis meses
subseqüentes, independente de notificação, mediante pagamento de multa.
201
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 121
Capítulo X
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
202
Título III
DAS MARCAS
Capítulo I
DA REGISTRABILIDADE
Seção I
Dos Sinais Registráveis Como Marca
289 CERQUEIRA, João da Gama. Tratado da Propriedade Industrial. 2ª edição. v. 2. São Paulo:
Ed. Revista do Tribunais, 1982. p. 750 ss.
290 DIAMOND, Sidney A.. A Historical Development of Trademarks. The Trademark Repor-
ter, New York: USTA, v. 65, nº 4, jul-ago 1975. p. 267
291 CERQUEIRA, João da Gama. op cit. p. 751; MORENO, Pedro C. Breuer. Tratado de
Marcas de Fabrica y de Comercio. 2ª ed. Buenos Aires: Robis, 1946. p. 10.
203
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 122
204
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 122
205
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 123
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 61: “Para os efeitos deste Código,
considera-se: 1) marca de indústria a usada pelo fabricante, industrial ou
artífice para distinguir os seus produtos; 2) marca de comércio a usada pelo
comerciante para assinalar os artigos ou mercadorias do seu negócio; 3) mar-
ca de serviço a usada por profissional autônomo, entidade ou empresa para
distinguir os seus serviços ou atividades; 4) marca genérica aquela que iden-
tifica a origem de uma série de produtos ou artigos, que por sua vez são
individualmente caracterizados por marcas específicas. Parágrafo único: A
marca genérica só poderá ser usada quando acompanhada de marca especí-
fica.”
O dispositivo traz inovações interessantes em relação à legislação ante-
rior. Em primeiro lugar, deixa de fazer a distinção entre marca de fábrica e
de comércio, de pouca utilidade prática.
De fato, a função da marca repousa, principalmente, em seu poder dis-
tintivo e atrativo, constituindo um elo de aproximação entre o produto ou
serviço e o consumidor, fazendo surgir em sua mente uma série de qualida-
des, características e expectativas que o levam a adquirir determinado artigo
em detrimento de outro. Dessa forma, não há razão para se deter na diferen-
ça adotada pela legislação anterior, de pouca importância para o consumidor.
Ademais, ambas as categorias são hoje tratadas igualmente como fornecedo-
res, designação adotada pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/90). Essa lei, aliás, imputa a ambos responsabilidade solidária pelos
vícios do produto (arts. 18 e 19, Lei nº 8.078/90) e exige que a oferta e a
apresentação dos produtos assegurem informações corretas, claras e precisas
sobre sua origem, estas efetivamente imprescindíveis para a realização plena
dos direitos dos consumidores.
206
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 1, com idêntica redação.
Reproduzindo a norma constante do art. 65, item 1 da Lei precedente, o
inciso I do art. 124 da Lei nº 9.279/96 manda que se recusem pedidos de
registro para sinais que constituam símbolos oficiais, quer nacionais, quer
internacionais. Cabe indagar, porém, se, apenas de irregistráveis (= inaptos
para funcionarem como elementos distintivos exclusivos de quem quer que
207
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
seja), esses sinais poderiam integrar marca que, pela associação de outros
elementos distintivos, reunissem os requisitos necessários à concessão de
registro. A Lei não resolve a questão e não se ocupa, igualmente, da possibi-
lidade de uso desses sinais. Assim sendo, há que recorrer às leis que discipli-
nem especificamente as condições de seu emprego.
Como exemplos de marcas que se enquadram nesse dispositivo, cabe
mencionar as seguintes, consideradas irregistráveis pelo INPI :
a)
b)
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pois que a lei, nos Estados de Direito, não tem retroação, este postulado
estando insculpido na Constituição da República. A irradiação de efeitos
para o passado só é admissível in bonam partem. Não nos parece, de qualquer
forma, que o legislador tenha agido com acerto ao fulminar pedidos em
curso. Muitas vezes, senão na maioria dos casos, as empresas cuidam de
efetuar o registro de sinais publicitários que ou já utilizam, ou passam a
utilizar logo após o requerimento, que pode tramitar durante anos e, ao final
esboroar-se na parede da nova Lei, gerando frustração e possível risco para
um investimento legítimo. Não é razoável que o empresário deva aguardar
anos para lançar sinal com destino mercadológico certeiro à época em que se
pretendia projetar no ambiente do mercado. Melhor teria sido a Lei nova
reservar a esses requerimentos análise e decisão à luz do velho diploma, pelo
menos a requerimentos efetuados em determinado prazo antes da edição das
novas normas.
Os sinais de propaganda, elementos que são de identificação de determi-
nado anunciante, alinham-se a outros ímãs de captação de clientela e inte-
gram a azienda. Apesar de não mais registráveis, acham-se tutelados pelo
Direito, já que a própria lei, ao cuidar das sanções penais, tipifica seu empre-
go indevido como ato delituoso.
Sinais há, porém, que se situam na zona fronteiriça entre slogans e mar-
cas. Isso ocorre porque slogans e marcas preenchem funções comuns. São
círculos secantes, não concêntricos, porque os sinais publicitários não são
simples espécies de marcas, mas, isto sim, elementos de identificação do
produtor ou prestador de serviços com feição própria, Ainda que tenha algu-
mas funções comuns, outras possuem que lhe são próprias e que lhe dão
cunho independente. O sinal de propaganda não visa identificar o produto, a
ponto de o público empregá-lo para denominar aquele bem em particular,
com aquelas características. Todavia, quando figura sobre o próprio produto,
torna-se infactível, por vezes, negar-lhe verdadeira função de marca. Nessa
hipótese, desempenha ambos os papéis e torna-se apto ao registro a título de
marca, sem enquadrar-se na norma proibitiva do artigo em debate. Para cor-
reta apreciação do assunto, cabe ao depositante produzir provas de utilização
do sinal nessas condições. Infelizmente, a jurisprudência administrativa a
respeito da possibilidade de se registrar como marca sinal identificador com
aparência ôntica de slogan tem sido adversa, por insensibilidade ao que ocor-
re no mundo fático. Talvez pelo caráter atributivo do registro no Brasil e pelo
apego à forma, não há, entre nós, tradição de se dar importância ao que se
passa com as marcas no seu próprio ambiente, ou seja, o mercado. A Lei
nova, porém, equaciona esse problema, na medida em que somente veda o
registro de sinais empregados APENAS como propaganda. Não nos parece
que a administração pública possa exigir do depositante que, quando do
requerimento, produza essa prova. A questão de saber se o sinal controverti-
do é empregado APENAS como propaganda surgirá tão-somente na hipótese
de procedimento de caducidade por falta de uso.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 8: “cor e sua denomina-
ção, salvo quando combinadas em conjunto original”.
A Lei nova mantém, e bem o faz, a vedação de registro de cor e de sua
respectiva denominação, quando isolada. Sinal elementar que é, a cor não
poderia ser apropriada por ninguém sob pena de se impedir a formação de
marcas, embalagens, catálogos etc. que a ostentassem. O legislador afirma,
porém, com acerto, a possibilidade de registro de cores dispostas ou combi-
nadas de modo peculiar e distintivo. Preferiu-se empregar o critério de dis-
tintividade, próprio do domínio do direito das marcas, em lugar do conceito
de originalidade, empregado pelo Código revogado, conceito que convém ao
direito de autor e que, naquele terreno, tem acepções conhecidas. Salvo para
certos fins, no campo das marcas é inadequado o conceito de originalidade e
é estranho que o legislador de 1971 o tenha buscado especificamente para
excepcionar combinações de cores, livrando-as da proibição.
Em que pese a vedação absoluta ao registro de cor e de sua denominação,
entendemos que o nome de determinada cor, se, como decorrência de longo
uso notório, se associou à determinada empresa, fato que dependerá de pro-
va. Essa possibilidade parece-nos autorizada pelo art. 6 quinquies C-1 da
Convenção da União de Paris, que manda que se levem em conta circunstân-
cias fáticas, como a duração do uso.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 10: “denominação sim-
plesmente descritiva do produto, mercadoria ou serviço a que a marca se
296 Caso da marca “BORGONHA”. Em decisão proferida nos autos dos embargos no agravo de
instrumento 38.106/RS, o Tribunal Federal de Recursos entendeu inadmissível o registro da
palavra “BORGONHA”, por imitativa da denominação “BOURGOGNE”, designativa daquela
região vinícola da França.
215
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
aplique ou, ainda, aquela que possa falsamente induzir indicação de qualida-
de ou procedência.”
Este dispositivo é corolário do próprio conceito de marca. As marcas são
sinais destinados a distinguir os produtos/serviços de um empresário dentre
os demais disponíveis no mercado. Em um ambiente de comércio muito
diferente daquele que existia na Idade Média e até certo momento da Idade
Moderna, as marcas é que, em uma estrutura de mercado, permitem ao
consumidor selecionar o produto ou serviço que lhe convém. O produto
pode convir ao consumidor por uma multiplicidade de fatores que incluem
preço, tradição, determinadas características como sabor, confiabilidade,
imagem de requinte etc. A marca é o símbolo que lhe possibilita identificar
qual produto ou serviço reúne essas qualidades. Disso infere-se logicamente
que a marca deve ser veraz: tudo o que ela anuncia ao público deve corres-
ponder à realidade, sob pena de frustrar a expectativa razoável do consumi-
dor que, vendo o sinal estampado na embalagem de determinado produto,
parte da premissa de que ele, produto, reúna todas as características que
simboliza. Acompanhando o pensamento de Rui Barbosa297, as marcas são
símbolos que sintetizam um perfil do produto a que aderem e, portanto,
constituem elementos de confiança junto ao público. São verdadeiros geno-
mas, que carregam, de forma simbólica, todo o conteúdo do produto. Ipso
facto, a contrafação e, com maior razão, o registro de marcas sabidamente de
terceiros, conduzem a uma total distorção do sistema de marcas, eliminando
a principal função dos sinais distintivos e desnorteando o consumidor, que se
torna inseguro quanto à origem e à qualidade do produto que adquiriu com
base em experiência anterior sufragada por determinado sinal distintivo. É
esse postulado que informa a norma proibitiva contida no inciso X deste
artigo. Dando tratamento mais científico ao assunto do que a Lei precedente,
o dispositivo repele todos os sinais enganoso.
O uso — e, com muito mais razão, o registro — de sinais enganosos afeta
o consumidor de modo certeiro. O sinal enganoso visa, justamente, encantar
o consumidor, apregoando qualificação que o produto ou serviço, na realida-
de, não tem. Dependendo das condições em que se apresente o sinal e da
natureza da ilusão que ele provoca, o seu emprego no comércio constitui
verdadeiro estelionato, e o seu registro, manifesta fraus legis. A Lei nº
8.078/90, que disciplina as relações de consumo, proíbe expressamente o
uso desses sinais, em seu art. 4º, inciso VI, atentatórios que são a direitos
basilares do consumidor. Além da própria liberdade de seleção, turbada pelo
uso de expressão ou logotipo inveraz, a aquisição de produto ou contratação
de serviços em condições diversas daquelas anunciadas, simbolicamente,
pela marca, podem ter conseqüências danosas, quer patrimoniais, quer mo-
rais ou mesmo de saúde.
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Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 15: “nome de obra lite-
rária, artística ou científica, de peça teatral, cinematográfica, de competições
ou jogos esportivos oficiais, ou equivalentes, que possam ser divulgados por
qualquer meio de comunicação, bem como o desenho artístico, impresso por
qualquer forma, salvo para distinguir mercadoria, produto ou serviço, com o
consentimento expresso do respectivo autor ou titular.”
A Lei nº 9.279/96 deu tratamento melhor, em nosso sentir, aos diversos
bens jurídicos que, antes apertados dentro de um mesmo dispositivo — o
inciso XV do art. 65 do Código de 1971 — se acham, agora, arrolados em
incisos próprios, com seus pares. O inciso XIII cuida especificamente das
designações e símbolos relacionados ao mundo do esporte, das artes, da cul-
tura, da política, da sociologia e da ciência.
Nesse sentido vale destacar que a vedação deste inciso é absoluta, não
permitindo a utilização do termo protegido em qualquer classe que seja.
Como exemplo, ressaltamos diversos indeferimentos de pedidos de re-
gistro em diversas classes, com base no nome do famoso campeonato de
corrida automobilística denominado “FORMULA INDY”;
1. indeferimento do pedido de registro nº 819094048 para a marca
“INDY GLASSES EYEWEAR”, na classe 09.45 (Revista da Propriedade
Industrial de nº 1.553 de 10.10.2000);
298 Exemplo disso foi a adoção, por um restaurante do Rio de Janeiro, do nome de um estabele-
cimento legendário, que marcou uma época, sem, todavia, repetir-lhe, nem de longe, as caracte-
rísticas, levando o público a frustrações e, de certa forma, contaminando a celebridade da antiga
marca.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 12: “nome civil ou pseu-
dônimo notório e efígie de terceiro, salvo com expresso consentimento do
titular ou de seus sucessores diretos.”
Os incisos XV e XVI tratam com mais precisão as condições de registro
dos vários elementos identificadores da pessoa humana. A Lei anterior, em
linguagem singela, vedava o registro não autorizado de nome civil, pseudôni-
mos notórios e efígies. Com isso, levou a dúvidas, em nosso sentir, comple-
tamente irrazoáveis, quanto à possibilidade de registro de parte de nome,
como, e.g., o patronímico, ainda, de apelidos notoriamente conhecidos e
nomes artísticos. Os tribunais deram interpretação melhor ao dispositivo,
levando o INPI a mudar sua orientação e admitir como irregistrável, salvo
com consentimento, também o patronímico299.
A Lei nova ocupa-se dos sinais identificativos da pessoa humana em dois
incisos separados, um, reservado ao nome de batismo, parte dele, a assinatu-
ra e a imagem; o outro, os nomes que a pessoa quis adotar, em suas atividades
ou que a sociedade lhe deu e se associou à sua imagem, bastando para nomeá-
la. Com isso, abrange todas as hipóteses, resguardando o homem em um dos
seus direitos fundamentais. O nome é indissociável da pessoa humana, per-
mitindo que se distinga dos demais socii e se movimente dentro da socieda-
de. Antes do advento da Lei nº 9.279/96, todas as formas de identificação da
pessoa humana já se achavam tuteladas pelo Direito. Ainda que não arroladas
na lei específica dentre as causas de recusa do registro, encontravam-se am-
paradas pelo Direito comum. A especificação feita pelo legislador de 1996 é
299 Cabe referência notadamente ao acórdão do Tribunal Federal de Recursos no caso CAR-
TIER (Apelação Cível de nº 98.531/RJ, acórdão publicado no Diário da Justiça de 12.12.1985,
p. 23.110.
221
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
benéfica, porém, por afastar dúvidas hermenêuticas, por mais incabíveis que
fossem, e certamente surgiu da tendência dos órgãos administrativos no sen-
tido de só aplicar normas contidas na legislação que lhes compete, segmen-
tando a dogmática. A Lei nova não cuida, como a precedente também não o
fazia, das hipóteses de homonímia, mais provável, aliás, na esfera dos nomes
artísticos, cuja proteção, ao contrário da dos pseudônimos e apelidos, não se
condiciona à notoriedade que tenham granjeado.
Quid juris na hipótese de homonímia? A ocorrência do fenômeno pode
conduzir a um hiato de direitos, na medida em que o homônimo, segundo a
postular o registro, se dedique a atividade idêntica, afim ou relativa, e sobre-
tudo — mais grave ainda — quando o primeiro a registrar tenha adquirido
reputação junto à clientela. Não se pode negar ao homem, de um lado, o
direito a empregar seu nome para suas atividades mercantis ou profissionais.
Não se pode negar ao público, por outro lado, o direito de selecionar os bens
ou serviços que pretende buscar, identificados por sinais inequívocos, nem
ao concorrente o direito de preservar sua clientela, evitando confusão com
marca idêntica. O direito de personalidade pode ser absoluto, mas o seu
exercício, se abusivo, é repudiado pelo Direito. E abuso haverá, a nosso ver,
por parte daquele que, constatando o sucesso de um empresário, se aproveita
da coincidência de nome para fazer-lhe concorrência fácil, independente de
investimento. Verifica-se nítida fraude à Lei, pois a hipótese é de violação
indireta de dispositivo legal que proíbe confusões entre empresas e reprime
a competição desleal. É forçoso reconhecer que, independentemente da fun-
ção original dos apelidos dados ao homem — tomado o termo apelido na sua
acepção mais larga — uma vez que o nome sirva de elemento de identificação
de bens no comércio, constituindo instrumento de canalização de clientela,
passa a desempenhar, de maneira paralela, papel de marca, alinhando-se aos
demais sinais que se acotovelam no mundo mercantil. Não que os sinais
derivados de apelidos atribuídos à pessoa humana se submetam a todos os
princípios aplicáveis às marcas de carga genética diversa, em face da interse-
ção de direitos de outra ordem — direitos de personalidade —, mas a eles
convêm, sem qualquer dúvida, o princípio da capacidade de identificação
inequívoca, que não conduza à confusão para o público, e o princípio da
lealdade na competição, postulado sobre o qual se assenta todo o sistema de
sinais distintivos. Conquanto se reconheça ao homem o direito de fazer uso
de seus apelidos, seria injurídico permitir que o exercício desse direito inter-
ferisse com a harmonia da vida mercantil.
O INPI, em hipóteses de homonímia, vem exigindo forma distintiva.
Não o faz de modo adequado, pensamos, já que impõe essa conduta mesmo
ao primeiro depositante e ainda que outros não haja, no futuro. É razoável
que se exija forma distintiva ao nome, mas apenas dos demais pretendentes
ao registro.
Como exemplo de sinais enquadrados nesse dispositivo, cabe mencionar
os seguintes, considerados irregistráveis pelo INPI :
222
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“ROLLING STONE”
223
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224
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Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 13: “termo técnico usado
na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com produto, mercadoria
ou serviço a distinguir.”
A exemplo do Código revogado, a Lei nº 9.279/96 veda o registro de
termos técnicos relacionados com o produto ou serviço que visem distinguir.
O princípio informativo é o mesmo que rege a proibição de se registrarem
sinais de caráter genérico, descritivo, de uso comum ou necessário, assunto
sobre o qual já discorremos. O INPI, aliás, vem aplicando essa norma proibi-
tiva com acerto, como no caso “‘EBAUCHES’’301 e mais recentemente no
processo nº 818850990 para a marca MELATONIN depositado na classe
05.50, por se tratar de expressão largamente utilizada em produtos farma-
cêuticos para designar sua espécie (Revista da Propriedade Industrial de nº
1.531 de 09.05.2000).
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 17: “imitação, bem como
reprodução no todo, em parte ou com acréscimo, de marca alheia registrada
para distinguir produto, mercadoria ou serviço, idêntico, semelhante, relati-
301 Pedido de registro 17.649/79, relativo à marca EBAUCHES, denegado pelo INPI, cf. despa-
cho publicado na RPI de 11.10.1983, por se tratar de termo técnico da indústria relojoeira.
225
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
302 Assim, e.g., no caso FABERGÉ (pedido de registro 20.822/80, denegado cf. publicação na
RPI de 01.03.1983
226
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
227
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, item 19: “dualidade de marcas
de um só titular, para o mesmo artigo, salvo quando se revestirem de sufi-
ciente forma distintiva.”
O dispositivo, que retoma a norma proibitiva contida no item XIX do
Código de Propriedade Industrial de 1971, é de interpretação inequívoca. O
avanço em relação à lei revogada reside na ressalva, decorrente de raciocínio
em sentido contrário, das marcas idênticas, porém, de natureza diversa. A
ressalva não é desimportante, pois, ao longo da vigência do Código de 1971,
o INPI, por muitas vezes, se recusou a registrar, ao argumento de dualidade,
marcas gerais (impropriamente denominadas “genéricas”) idênticas a marcas
específicas do mesmo titular.
Direito anterior: Lei nº 5.772/71, art. 65, itens 7 e 18: “formato e envol-
tório de produto ou mercadoria”, “marca constituída de elemento passível
de proteção como modelo ou desenho industrial.”
Estes dois incisos merecem comentário conjunto, na medida em que
cuidam da espinhosa questão do registro de marca consistente na forma do
228
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
229
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 124
230
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
Seção III
Marca de Alto Renome
231
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
308 O que não quer dizer que a notoriedade não dependa, para seu reconhecimento, de elemen-
tos probatórios, tendo sentido diverso daquele que o direito processual empresta ao termo “fatos
notórios”. Nessa direção, o acórdão do antigo Tribunal Federal de Recursos nos autos da Apelação
em Mandado de Segurança 101.948-RJ, com ementa publicada no DJ de 10.03.1988, referente
ao caso “GAROTO”. Vale transcrever parte do voto de Sua Excelência o Ministro Eduardo
Ribeiro, apreciando a matéria:
“A hipótese não se identifica com a do fato notório que independe de prova. Este constitui
conhecimento próprio da cultura de um certo povo, ou pelo menos de dada região, de tal modo
que se pode afirmar, sem receio de erro, tratar-se de alguma coisa de todos sabida. Assim, por
exemplo, a ninguém razoavelmente se haveria de exigir prova de que no dia 25 de dezembro
comemora-se o nascimento de Cristo.
A notoriedade de marcas não se rege pelos mesmos parâmetros. Não se requer conhecimen-
to comum tão difundido que permita afirmar que ninguém, vivendo em certa comunidade, possa
ignorá-lo. (...)”.
232
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
309 Cabe mencionar, nesse tocante, as discussões travadas durante os trabalhos da comissão de
estudos sobre marca notória (Questão 100), designada pela AIPPI, durante a reunião do Comitê
Executivo de Barcelona em 1990.. A comissão, integrada por especialistas de nomeada, enfren-
tou, no início das discussões, enormes dificuldades exatamente pela falta de precisão terminoló-
gica. O Judiciário, no Brasil e em outros países, vem, igualmente, confundindo os conceitos,
tratando, não raro, de marca notória quando, em realidade, a hipótese é de marca notoriamente
conhecida.
310 Nessa confusão incorreu, com o devido respeito, a sentença que dirimiu controvérsia em
torno da pretendida notoriedade da marca “ITAÚ” pertencente à Companhia Cimento Portland
Itaú. Diz a sentença monocrática, ao analisar a questão, que “(A) notoriedade deve ser aferida
dentro do círculo dos consumidores do produto, mormente quando este é restrito a determinado
tipo de indústria (...) “ (Ação Ordinária 7.055.943, ajuizada perante a 7ª Vara Federal do Rio de
Janeiro, julgada em 12.03.1987, cf. publicação de 05.05.1987.
233
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
311 Processo de nulidade conhecido e provido, anulado o registro nº 817659463, para a marca
“TICKETRONIC”, nominativa, classe 41 (41-20,41-40), em nome de Shell International Petro-
leum Company Limited, com base nas marcas de alto renome “TICKET” e “TR TICKET RES-
TAURANTE”, registros 006592546 (nominativa, classe 40.15) e 810978784 (mista, classe
40.15).. Decisão publicada na Revista da Propriedade Industrial nº 1513 de 04 de janeiro de
2000. Parecer do INPI: (...) no que se refere a segunda requerente, tendo em vista que, segundo
o art. 125 da LPI, “à marca considerada de alto renome será assegurada proteção especial em
todos os ramos de atividade”, entendemos que a convivência entre as marcas TICKETRONICS
X TR TICKET RESTURANTE poderia causar associação por parte do público usuário, com
relação a origem dos serviços, visto que destinam-se a segmentos de mercado afins e genéricos, ou
seja, “serviços de intermediação”. Ademais, a marca requerida reproduz o elemento característi-
co da marca da requerente, TICKET, o que confirma a impossibilidade de coexistência entre
ambas.. Isto posto, entendemos que o registro objeto do Processo Administrativo de Nulidade
deva ser declarado nulo, com base nos arts. 124, inciso XIX, LPI/1996, art. 125.
312 Artigo 10 da resolução no. 110/04 — O impugnante da proteção especial de que trata o
artigo 125 da LPI deverá apresentar ao INPI, por ocasião do recurso ou da manifestação em
processo administrativo de nulidade, as provas cabíveis à demonstração da insubsistência do alto
renome da marca.
234
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
a
313 Ver nesse sentido a decisão da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 2 Região,
publicada no DJ de 19/12/2000, pp. 865-6. Processo nº 199902010418821 —
Ementa: Propriedade Industrial — Reconhecimento de Marca como de Alto Renome —
Proteção Diferenciada — Art. 125, da Lei nº 9.279/96 — Reconhecimento da Procedência do
Pedido — Art. 269, II, Do Cpc — Remessa Necessária Improvida — Sentença Integralmente
Mantida. 1 — E assegurada proteção especial à marca considerada de alto renome, registrada no
Brasil, proteção esta que alcança todos os ramos de atividade a ela vinculados. Este é o princípio
contido no art. 125, da Lei nº 9.279/96. 2 — A pretensão nao foi contestada pelo INPI, que se
manifestou, reconhecendo ser a marca DAKOTA de alto renome e, por isso, merecedora da
proteção conferida pelo art. 125, da Lei nº 9.279/96.
314 É difícil imaginar, por exemplo, que marcas como “MARLBORO” ou “NESTLÉ” pudessem
ser utilizadas em qualquer outro segmento sem provocar associação ou confusão.
235
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
236
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
317 O INPI entendeu que a marca FRIGIDAIRE é notória no sentido do art. 67 do Código
revogado, satisfazendo-se com o percentual de 63% apurado por instituto de pesquisa, tomando
em conta, em particular, a vastidão do território brasileiro (despacho publicado na RPI de
23.08.1988., em relação ao processo de notoriedade 812.498.010)
318 A resolução no. 110/04 estipula em seu artigo 11 e seguintes, que uma COMISSÃO ESPE-
CIAL apreciará as oposições e os processos administrativos de nulidade com fundamento no alto
renome (artigo 125, LPI), composta de três membros efetivos e dois suplenete.
319 Questão 100, sobre proteção de marcas não registradas, porém, notoriamente conhecidas e
proteção de marcas reputadas, cujo comitê de trabalho foi presidido pelo Dr. José Antonio B.L.
Faria Correa no curso daquele evento, em Barcelona.
237
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
320 “For some marks which have acquired a high reputation in particular jurisdiction, such as to
give them an autonomous attractive power in themselves, protection ought to be given against use
or registration for any goods or services without the need to prove any undue advantage or detri-
ment as mentioned above.”
321 First Council Directive, de 21.012.1988, art. 5, 2, in verbis: “Any Member State may also
provide that the proprietor shall be entitled to prevent all third parties not having his consent
from using in the course of trade any sign which is identical with, or similar to, the trade mark in
relation to goods or services which are not similar to those for which the trademark is registered,
where the latter has a reputation in the Member State and where use of that sign without due
cause takes unfair advantage of, or is detrimental to, the distinctive character or the repute of the
trade mark”.
A hipótese não é, stricto sensu, de marca notória (= de alto renome) no sentido objetivo que
dá o art. 67 do Código revogado e do art. 125 da Lei nova, mas, isto sim, de auferimento de
benefício indevido a partir da fama de um sinal distintivo, independentemente do nível de
projeção que esse tenha alcançado. A jurisprudência do INPI apanhou o fenômeno com a aplica-
ção do arti. 2º, alínea “d” do Código revogado.
322 A notoriedade do restaurante denominado “BAR LUIZ”, na cidade do Rio de Janeiro, e.g.,in-
fluenciou a decisão do INPI no sentido de proclamar a registrabilidade do nome do estabeleci-
mento a despeito da preexistência da marca “SÃO LUIZ”, inicialmente invocada pelo órgão
como fato obstativo (Registro 760332541, decisão publicada na RPI de 5.07.1983).
238
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 125
239
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 126
Seção IV
Marca Notoriamente Conhecida
326 Deciciu a 6ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo em Agravo de Instru-
mento nº. 2245024 — interposto por Fiat Automóveis S/A contra a FAPESP: Propriedade
Industrial — Direito de marca “FIAT” com registro no INPI — Registro dos nomes de “domí-
nios” fiatpalio.com.br e fiatsiena.com.br perante a Fapesp por terceiro, não detentor dos direitos
das marcas “FIAT”, “PALIO” e “SIENA” — Impossibilidade — Obrigação da Fapesp de abster-se
do registro de nomes de “domínios” que possam induzir terceiros a erro — Inteligência do art. 2,
III, b, do Anexo I da Resolução nº 001/98 do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
327 Ver, e.g., o acórdão da 4ª Turma do antigo Tribunal Federal de Recursos nos autos da
Apelação Cível 92.04.21788-0/SC, publicado no Diário da Justiça de 10.03.1993, à p.7.279, em
que se disputava a marca “RCI”, indevidamente registrada pela ré-apelante. Diz o v. aresto que
“integradas ao direito interno, pelo decreto 19.056, de 31.12.1929, as proibições constantes da
240
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 126
Convenção da União de Paris devem ser entendidas como “proibições legais” para os efeitos do
art. 64 do Código de Propriedade Industrial (...)”.
328 Incorreu, assim, na confusão conceitual de que já se falou retro, pois o termo marca notória,
tal como definido no art. 67 da antiga Lei não eqüivale ao termo marca notoriamente conhecida
empregado pela Convenção da União de Paris.
329 O INPI fez, aliás, mais, na medida em que institucionalizou a aplicação do art. 6 bis da
Convenção da União de Paris nas diretrizes de análise fixadas pelo Ato Normativo nº 123/92,
atualmente em revisão tendo em vista o advento da Lei de 1996.
330 Como ocorreu com o pedido de registro nº 812722876, para a marca “UNLIMITED”, classe
25 (25.10, 25.20, 25.30), em nome de Umen Indústria e Comércio, indeferido com base na
marca notoriamente conhecida “THE LIMITED” (Reg. nº 812654706, classe 25), tendo em vista
o arti. 6 bis da Convenção da União de Paris, conforme publicação veiculada na Revista da
Propriedade Industrial nº 1.320, de 19.03.1996.
331 Art. 16, itens 2 e 3. Diz, expressamente o item 2: “2. O disposto no Artigo 6 bis da Conven-
ção de Paris (1967) aplicar-se-á, mutatis mutandis, a serviços. Ao determinar se uma marca é
notoriamente conhecida, os Membros levarão em consideração o conhecimento da marca no
setor pertinente do público, inclusive o conhecimento que tenha sido obtido naquele Membro,
como resultado de promoção da marca.”
332 Esse é, aliás, o critério proposto pela AIPPI em sua Resolução sobre a Questão 100, relativa
às marcas notórias, aprovada pelo Comitê Executivo daquela entidade em Barcelona em 1990.
333 Nessa direção, o acórdão do antigo Tribunal Federal de Recursos nos autos da Apelação Cível
90.02.19566-4/RJ, que, confirmando a sentença monocrática, anulatória de registro da marca
241
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 126
“SOTHEBY’ promovido por leiloeiro nacional, entendeu que é “irregistrável a marca “SOTHE-
BY” por leiloeiro brasileiro, por se tratar de marca notoriamente conhecida no ramo e nome
comercial.” (acórdão publicado em 5.03.1991, à p. 3.632.)
334 Esse dispositivo acha-se em linha com a diretiva do Conselho da Comunidade Econômica
Européia, artigo 5, item 2.
335 Decreto nº 635, de 21.08.1992, publicado em 24.08.1992.
336 In verbis: “3. O disposto no Artigo 6 bis da Convenção de Paris (1967) aplicar-se-á, mutatis
mutandis, aos bens e serviços que não sejam similares àqueles para os quais uma marca esteja
registrada, desde que o uso dessa marca, em relação àqueles bens e serviços, possa indicar uma
conexão entre aqueles bens e serviços e o titular da marca registrada e desde que seja provável que
esse uso prejudique os interesses do titular da marca registrada”.
337 Ver, nesse sentido, decisão do INPI no processo nº 816262640, referente à marca “TU-
BORG”, classe 25 (25.40, 25.50, 25.60), em nome de Calçados Tobago Ltda., arquivado com
base na marca notoriamente conhecida “TUBORG”, de CARLSBERG A/S, famosa cervejaria. A
decisão do r. Instituto foi fundamentada na aplicação contrario sensu do art. 160, I, do Código
Civil de 1916, que trazia a noção de fraude à lei. Apesar de os produtos não serem idênticos ou
mesmo semelhantes, verificou-se a possibilidade de confusão se exibida a marca notoriamente
conhecida de cervejas em roupas de origem distinta.
338 Vale mencionar o parecer da Procuradoria do INPI.sobre a matéria (PROC/91/91, de
22.11.1991), dando pela plena aplicabilidade do artigo 6 bis da Convenção da União de Paris e
dos mecanismos jurídicos de repressão a pedidos de registro espúrios. Vale transcrever os seguin-
tes trechos da conclusão daquele trabalho (item 63, p.16):
“(a) Não há e nem poderia haver qualquer impedimento na mesma lei interna (Código da
Propriedade Industrial) para a aplicação do artigo 6º, bis da Convenção da União de Paris;
242
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 126
“(b) Como órgão responsável pela aplicação das normas que regulam a Propriedade Indus-
trial, e sendo a Convenção de Paris subscrita pelo Brasil, cabe ao INPI aplicá-la imperativamente
(...)”
339 Sobre o princípio informativo do artigo 6 bis, é interessante notar a sentença do Dr. Paul Erik
Dyrlund, da 23ª Vara Federal do Rio de Janeiro, julgando ação proposta por O’Neill Inc. contra
Gold Hot Artigos Esportivos Ltda. e o INPI. Diz, ali, o magistrado que “o escopo do artigo 6 bis
é a repressão à concorrência desleal, que é princípio que permeia a legislação dos países civiliza-
dos, constituindo, no Brasil, mecanismo expressamente previsto para proteger a propriedade
industrial (art. 2º, d, da lei 5.772/71).”(sentença publicada no DORJ-III de 28.07.1995, nos
autos da ação ordinária 88.0016679-2).
340 Vários acórdãos têm isso nessa direção, dentre os quais o julgado da 1ª turma do Tribunal
Regional Federal da 2ª região nos autos da Apelação Cível 89.02.00805/3 — RJ, publicado no
Diário da Justiça de 20.08.1991, à p. 19.304, onde se discutia a possibilidade de se registrar a
243
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 126
marca “UNO A ERRE”, proclamada como sendo de conhecimento notório. Vale transcrever o
seguinte excerto do aresto:
“(...) A marca notória, preenchidos os requisitos da lei brasileira, tem ampla proteção em
nosso País, aplicando-se ao caso concreto a Convenção de Paris. A marca “UNO A ERRE “,
embora a empresa estrangeira, aqui, não houvesse se constituído, é conhecida mundialmente no
ramo de pedras preciosas. A empresa nacional, antes de implementadas e ultimadas as negocia-
ções para realizar a joint venture, não poderia, sem autorização, fazer o registro, requerendo, para
si, uma marca a ser utilizada em nome comum.”
341 Nesse sentido, ver decisão da 6ª Turma do Tribunal Regional Federal — 2ª Região, que
confirmou a irregistrabilidade da marca “FORD MODELS” em nome de Class Modelos e Promo-
ções S/C Ltda., destinada a assinalar serviços enquadrados na classe 40 (40.25, 40.60), tendo em
vista a marca notoriamente conhecida FORD MODELS, de FORD MODELS, INC. Publicação
no DJ-2, 27.09.02, p.317.
244
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
casa, e terá imediato acesso ao mundo. O Direito não pode desconhecer essa
nova moldura do mundo, sob pena de tornar-se inócuo, não desempenhando
o seu grande papel de balizar a conduta humana.
Capítulo II
PRIORIDADE
Art. 127 — Ao pedido de registro de marca depositado em país que
mantenha acordo com o Brasil ou em organização internacional, que
produza efeito de depósito nacional, será assegurado direito de priori-
dade, nos prazos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invali-
dado nem prejudicado por fatos ocorridos nestes prazos.
Art. 127
O texto do caput inspira-se no art. 4º da Convenção da União de Paris
(CUP), que estabelece: “Aquele que tiver devidamente apresentado pedido de
patente de invenção, de depósito de modelo de utilidade, de desenho ou mo-
delo industrial, de registro de marca de fábrica ou de comércio num dos países
da União, ou o seu sucessor, gozará, para apresentar o pedido nos outros países,
do direito de prioridade durante os prazos adiante fixados.”342, 343
A finalidade desse dispositivo é assegurar ao titular da marca a data de
depósito original, de modo que nenhum fato ocorrido durante o prazo con-
vencional de seis meses344, contados da data do depósito do pedido cuja
prioridade é reivindicada, possa impedir seu registro no Brasil.
Ficam, contudo, ressalvados os direitos de terceiros, anteriores à data do
depósito do pedido que serve de base ao direito de prioridade.
Considera-se para efeito desse dispositivo como dando origem ao direito
de prioridade qualquer pedido efetuado em um dos países membros da CUP
342 Art. 4
A. 1) — Redação dada pelo Decreto 1.263, de 10 de outubro de 1994, que ratifica a
declaração de adesão aos artigos 1º a 12 e ao artigo 28, alínea 1, do texto da Revisão de Estocolmo
da Convenção de Paris para Proteção da Propriedade Industrial (CUP).
343 A Convenção da União de Paris equipara os nacionais de cada um dos países da União para
efeitos de proteção da propriedade industrial. Nenhuma condição de domicílio ou de estabeleci-
mento no país em que a proteção é requerida pode ser exigida para os nacionais de países da
União para o gozo de qualquer dos direitos de propriedade industrial. Ressalvam-se expressamen-
te as disposições das legislações de cada um dos países da União relativas ao processo judicial e
administrativo e à competência, bem como à escolha de domicílio ou à designação de mandatário,
eventualmente exigidas pelas leis de propriedade industrial — CUP Art. 2º 1) a 3).
344 Art. 4º
C 1) — Os prazos de prioridade acima mencionados serão de doze meses para as invenções
e modelos de utilidade e de seis meses para os desenhos ou modelos industriais e para as marcas
de fábrica ou de comércio (Decreto nº 1.263/94 — CUP).
245
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
246
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
348 Lei nº 5.772/71, Art. 68 — Para os efeitos deste Código, considera-se marca estrangeira a
que, depositada regularmente em país vinculado a acordo internacional do qual o Brasil seja
signatário ou partícipe, for também depositada no Brasil dentro do prazo de prioridade estipulado
no respectivo acordo sob reserva de direitos de terceiros, e desde que seja assegurada reciproci-
dade de direitos para o registro de marcas brasileiras, naquele país.
§1º Durante esse prazo a prioridade não será invalidada por igual depósito da marca, por
terceiros.
349 A expressão adotada é semelhante à utilizada pela CUP no art. 4 B, primeira parte.
350 Em relação às marcas de indústria e comércio, a CUP indica, como não impeditivo ao
registro, outro pedido de registro apresentado durante o prazo convencional ou o uso da marca no
interregno da prioridade. Tal menção é meramente exemplificativa. Nestes comentários relata-
mos, também exemplificativamente, outras situações previstas em nossa legislação, que não
poderão fundamentar direito de terceiros ou posse pessoal a fim de invalidar pedido de registro
formulado com reivindicação de prioridade, tal como o nome comercial registrado após a data de
depósito original, cuja prioridade é requerida no Brasil. Os direitos de terceiros anteriores ao
pedido de registro que serve de base ao direito de prioridade são ressalvados nos termos da Lei nº
9.279/96 e do art. 4 B in fine da CUP.
351 Ver comentários ao art. 124, incisos V, XII, XVII, XIX, XXII e XXIII da Lei nº 9.279/96
neste livro.
247
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
352 Maiores comentários sobre proibições ao registro nesta obra, no item referente ao art. 124 e
respectivos incisos.
353 Não confundir com marca notoriamente conhecida, objeto do art.o 126 da Lei nº 9.279/96
— Ver maiores comentários sobre o tema nesta obra, arts.124, inciso XXIII e 126.
248
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
354 Maiores comentários sobre marca de alto renome e marca notoriamente conhecida nesta
obra, arts. 125 e 126.
355 Para o exercício deste direito, contudo, a LPI exige o depósito, na forma do art. 158, §2º.
249
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
250
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 127
251
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 128
Capítulo III
DOS REQUERENTES DE REGISTRO
(4) Para a declaração de prioridade nenhuma outra formalidade poderá ser exigida no mo-
mento da apresentação do pedido. Cada país da União determinará quais as conseqüências da
omissão das (o quê?) previstas no presente artigo, as quais não poderão exercer a perda do direito
de prioridade.
363 Lei nº 5.772/71,
Art. 62 — Só podem requerer registro de marca as pessoas de direito privado, a União, os
Estados, os Territórios, Municípios, o Distrito Federal e seus órgãos de administração direta ou
indireta.
Parágrafo único. As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativa
à atividade que exerçam efetiva e licitamente, na forma do artigo 61.
252
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 128
253
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 128
367 Manual do Usuário, instituído pelo Ato Normativo do INPI nº 154/99, de 21.12.1999, p.
26.
368 Ver comentários aos arts. 123, inciso III, 147 e 149 a 154 desta obra.
254
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 129
Capítulo IV
DOS DIREITOS SOBRE A MARCA
Seção I
Aquisição
369 Sobre marcas de certificação, ver comentários aos arts. 123, inciso II e 148 a 154 nesta obra.
255
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 129
Uma das maiores inovações da nova Lei está no §1º deste artigo, que
introduziu o denominado “direito de precedência”, segundo o qual o utente
de boa-fé pode, sob determinadas condições, fazer prevalecer o uso anterior
sobre pedido de registro depositado, impugnando-o com base no uso ante-
rior.
Dispositivo semelhante já se encontrava nos Códigos de 1945, de 1967
e de 1969 (respectivamente, Decreto-lei nº 7.903/45, art. 96; Decreto-lei
nº 254/67, art. 82; Decreto-lei nº 1.005/69, art. 104), de modo que durante
o período de vigência daqueles diplomas legais vigorou no Brasil o, impro-
priamente chamado, “sistema misto” de proteção à marca. Na verdade, este
dispositivo não constitui um modo de aquisição do direito, mas tão-somente
o reconhecimento do uso anterior, de boa-fé, como capaz de obstar o registro
com violação dos princípios que regem a propriedade industrial.
Já o Código de 1971, que vigorou por mais de duas décadas, modificou
o regime até então vigente, suprimindo o dispositivo que conferia o direito
de precedência, o que acabou por incentivar uma verdadeira indústria de
depósitos, cujos interessados não tinham direito à marca pretendida, trazen-
do para o Brasil uma imagem negativa como um país que não assegurava uma
proteção adequada à propriedade industrial, já que a norma inscrita no art.
256
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 129
370 Nossas cortes já enfrentaram situações em que o deferimento do pedido de registro foi
atacado com base no direito de precedência, valendo citar, a título de exemplo, trechos do
seguinte julgado: “(...) A aplicação da nova lei nos presentes autos assegura à Autora o direito de
precedência ao registro, conforme exegese do seu art. 129. Assim, como restou comprovado nos
autos que a Autora usava a marca “CORT-TRAT SM” (fls. 45/56) desde 1991, portanto antes do
depósito da Ré perante o INPI (em 22 de fevereiro de 1994 — fl. 79), possui precedência àquele
registro perante o INPI. Desta forma, o ato administrativo que manteve, em grau de recurso, o
deferimento do pedido de registro da Ré, nº 817725890, não se respaldou no ditame legal, vez
que não foi dado o direito de precedência ao registro à Autora. (...)” (Ação Ordinária e Ação
257
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 129
Cautelar nºs 9700210693 e 9700633004, 15ª Vara Federal da Seção Judiciário do Rio de Janeiro,
Juiz Augusto Guilherme Diefenthaeler, Publicado no D.O. de 01/06/2001, p. 49)
371 Tal regra, juntamente com os fundamentos sobre os quais se alicerça, foram muito bem
explicados por uma corte norte-americana: “A sale of a trademark divorced from its good will is
characterized as an “assignment in gross”. If one obtains a trademark through an assignment in
gross, divorced from the good will of the assignor, the assignee obtains the symbol, but not the
reality. Any subsequent use of the mark may be in connection with a different business, a different
258
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 130
Seção II
Da Proteção Conferida pelo Registro
good will and a different type of product. The continuity of the thing symbolized by the mark is
broken. Use of the mark by the assignee in connection with a different good will and different
product may result in a fraud on the purchasing public, who reasonably assume that the mark
signifies the same nature and quality of goods or services, whether used by one person or another”
(Marshak v. Green, 746 F. 2d 927, 223 U.S.P.Q. 1099, 1100, 2d Cir. 1984).
259
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 130
260
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 130
261
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 131
Art. 131 — A proteção de que trata esta Lei abrange o uso da marca
em papéis, impressos e propaganda e documentos relativos à atividade
do titular.
Art. 131
Este dispositivo afasta qualquer dúvida de que a proteção conferida às
marcas compreende não só o uso do sinal diretamente no produto ou serviço
262
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 132
263
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 132
Portanto, o inciso I do art. 132, deve ser usado com muita cautela de
modo a não figurar ato de concorrência contrário aos usos honestos em ma-
téria industrial ou comercial, bem como qualquer outro dispositivo da pre-
sente Lei, emanado do art. 129, comentado anteriormente.
No inciso II, reitera-se a preocupação do legislador em impor limitações
aos próprios limites de “uso justo” de marcas de terceiros. Este inciso trata
especificamente da permissão conferida ao fabricante de acessórios, destina-
dos a equipar um bem principal, de indicar a destinação do produto por este
comercializado.
Cumpre ressaltar, que este inciso, in fine, enfatiza a importância de se
zelar pelas práticas leais de concorrência de modo a não promover a vanta-
gem indevida àquele que não tem a titularidade da marca, bem como garantir
que sua integridade material e reputação sejam preservadas.
Desse modo, o fabricante poderia indicar que seu acessório destina-se ou
é compatível com produtos das marcas “X”, “Y” ou “Z”. No entanto, não
poderá passar a imagem de que tal produto é um acessório oriundo do mes-
mo fabricante do veículo e de seus componentes.
Tomamos como exemplo a indústria automobilística, onde temos a
montadora concorrendo com fabricantes de acessórios compatíveis com seus
veículos. Não poderá a montadora, titular da marca “ZZZ”, de um determi-
nado carro, impedir que o fabricante de acessórios indique que seu produto
se destina a equipar o veículo “ZZZ”. No entanto, extrapola-se tal limite de
“uso justo” de marca alheia quando o fabricante de acessórios busca, por
qualquer meio, divulgar seu produto como se original da montadora fosse.
Ou mesmo, que este use a marca “ZZZ” como chancela de qualidade de seu
produto, de forma a criar associação, perante os consumidores, com a mon-
tadora, legítima titular dos diretos sobre a marca “ZZZ”.
O inciso III contém uma das inovações introduzidas com a Lei de Pro-
priedade Industrial a respeito de um tema que já reclamava um tratamento
legal para resolver os conflitos gerados em torno do que se convencionou
chamar de importação paralela.
Ao dispor que o titular da marca não poderá impedir a livre circulação de
produto colocado no mercado interno com o seu consentimento, o legislador
introduziu no sistema brasileiro o conceito da exaustão dos direitos sobre a
marca, segundo o qual, após a primeira venda do produto no mercado, o
direito sobre a marca se esgota, de modo que o titular da marca não poderá
mais invocar o direito de exclusividade para impedir as vendas subsequentes.
É como, hoje, se vem tentando conciliar, de um lado, os direitos decor-
rentes do registro da marca, e, de outro, os interesses do comércio pela livre
circulação das mercadorias, confrontados diante da necessidade do mundo
atual de estabelecer até onde vai (ou pode ir) o direito de exclusividade
conferido ao titular da marca.
Com a Lei comentada, o Brasil incorporou, no que diz respeito às mar-
cas, o conceito da exaustão de direitos em nível nacional, com expressa
264
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 132
ressalva das situações previstas nos §§3º e 4º do seu art. 68, exigindo, em
ambos os casos, o consentimento do titular para que a comercialização ocor-
ra.
O inciso IV permite a citação de marca registrada em discurso, em texto
de obra científica ou literária ou qualquer outra publicação sem conotação
comercial e sem prejuízo para o aspecto distintivo da marca. A não ser em
casos extremos, em que a citação da marca contenha ou faça alguma alusão
que o seu titular considere prejudicial à sua reputação, o direito decorrente
do registro não teria tal alcance.
Cumpre ressaltar que, ao nosso ver, o legislador não se limitou a permitir
mencionado “uso justo” em obras científicas e literárias. Ao ampliar para
“qualquer outra publicação” admite-se o “uso justo” em qualquer forma de
mídia, nas mais diferentes manifestações, o que alberga a citação em obra
audiovisual, bem como na fotográfica.
O que importa para a caracterização da citação justa de marca alheia é a
ausência de conotação comercial ou prejuízo ao caráter distintivo da citada
marca, de forma a evitar práticas de concorrência desleal.
Outro tema controverso, trazido pelo artigo em análise, é a possibilidade
de concorrente citar marca de outro em peça publicitária. Primeiramente,
conforme devidamente abordado nos comentários ao art. 131, a proteção
conferida pela Lei ora em estudo abrange o uso em papel, impressos, propa-
ganda e documentos relativos à atividade do titular.
O dispositivo trazido pelo inciso IV do presente art. 132 veda o uso
comercial ou qualquer forma de uso que traga prejuízo para seu caráter dis-
tintivo372.
Mais ainda, o recém-promulgado Código Civil, Lei nº 10.406/2002, ao
disciplinar os direitos da personalidade, em seu art. 17, veda o uso não auto-
rizado de nome alheio em propaganda comercial. Aplica-se tal artigo em
conjunto com o art. 55 do mesmo diploma legal, que reza que se confere às
pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade.
Em outras palavras, veda-se o uso não autorizado do nome comercial de
determinada empresa em propaganda com caráter comercial.
Tais dispositivos mostram a harmonização do ordenamento jurídico pá-
trio na repressão às diversas formas de concorrência desleal, seja valendo-se
da fama de marca alheia para auferir lucro indevido, seja no denegrimento da
imagem do concorrente perante o público consumidor.
Para coroar o entendimento doutrinário anterior, cita-se verbete 227,
súmula/STJ reconhecendo que “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Neste sentido, julgado de recurso especial nº 331.517 — GO
(2001/0080766-0) o Exmo. Sr. Ministro Cesar Asfor Rocha (Relator) en-
372 Sobre a tutela do caráter distintivo da marca ver comentários ao art. 130, III.
265
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 132
“(...) viável a apelada ter divulgado preços mais baixos do que os que os
eram anteriormente por ela praticados, uma vez que a propaganda visa
aos consumidores, e a empresa que tiver o menor preço, com certeza,
venderá mais obtendo maiores lucros.
266
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 132
267
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 133
Capítulo V
DA VIGÊNCIA, DA CESSÃO E DAS ANOTAÇÕES
Seção I
Da Vigência
268
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 133
269
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 134
Seção II
Da Cessão
270
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 135
uso por período superior a cinco anos e/ou sua penhora. Caso tais informa-
ções sejam omitidas, o cessionário pode pedir a devolução da quantia paga,
nos casos de cessão onerosa, e, possivelmente, até pleitear indenização por
perdas e danos.
Importante, por fim, ressaltar que os efeitos da cessão abrangem todo o
território nacional e, no caso de marcas registradas em países diversos, o
titular pode cedê-la para um titular diferente em cada país376.
A novidade introduzida pela atual Lei em comparação com a legislação
revogada377 é que a documentação para formalização da cessão de marcas
encontra-se agora prevista nas Diretrizes de Análise de Marcas, em seu item
5, quando anteriormente estava elencada nos arts. 87, 88 e 89 do antigo
diploma legal.
271
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 136
Seção III
Das Anotações
272
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 136
273
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 136
I — a propriedade;
II — a superfície;
III — as servidões;
IV — o usufruto;
V — o uso;
VI — a habitação;
VII — o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII — o penhor;
IX — a hipoteca;
X — a anticrese.
383 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil — Direito das Coisas, São Paulo, Ed. Saraiva, p. 8. “A
matéria é objeto de acesa controvérsia, dividindo-se os escritores brasileiros em dois campos
antagônicos.
A opinião tradicional, vinda do direito romano, é a de só serem reais os direitos como tal
considerados pela lei, ponto de vista que informa a maioria das legislações modernas e recebe o
aplauso de grande número de juristas.
Todavia, talvez inspirado na orientação da jurisprudência francesa, um grupo considerável de
civilistas tem acolhido a tese contrária, sustentando ser livre às partes atribuírem realidade a
direitos resultantes de convenções havidas entre elas. Entendem esses escritores não haver empe-
cilhos de ordem legal que vedem o estabelecimento de outros direitos reais, além dos enunciados
no art. 1.225 do Código Civil, desde que não contravenham à ordem pública e aos bons costu-
mes.”
274
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 136
384 Art. 1431 do NCC — Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em
garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor ou alguém por ele, de uma
coisa móvel, suscetível de alienação.
385 Clóvis Beviláqua, Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, 9ª ed. Rio de Janeiro, v. III,
obs. 1 do art. 768, CC/1916.
386 Clóvis Beviláqua, ops. cit., obs. 1 ao art. 713.
275
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 137 e 138
387 J.X. Carvalho de Mendonça, Tratado de Direito Comercial, vol. 3, 5ª ed., p. 102.
276
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 137 e 138
388 Art. 5º, inciso XXXIV, a, CF — são a todos assegurados, independentemente do pagamento
de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou
abuso de poder.
389 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Ed. Malheiros 21ª ed.,
p. 580, apud Toshio Mukai, Direito Administrativo Sistematizado, Ed. Saraiva, 2ª ed., p. 505.
390 Art. 5º, inciso XXXV, CF — a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito.
277
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 139
Seção IV
Da Licença de Uso
278
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 139
393 Não obstante a eliminação das regras limitadoras do §4º do art. 90 da Lei nº 5.772/71, o INPI
não autoriza o pagamento e a remessa ao exterior de remuneração decorrente de uso de marca
cujo registro está em processo de nulidade ou cancelamento.
279
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 139
394 Código Brasileiro de Defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto, Ed.
Universitária, 5ª ed., Rio de Janeiro, 1998, pp. 144 e 145.
280
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 140
395 Art. 7º. Os titulares de marcas registradas no Brasil poderão autorizar o uso das mesmas a
terceiros, devidamente estabelecidos, mediante contrato de exploração, revestido de formalida-
des legais. (crase não pode ser usada antes de masculino)
281
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 140
396 Cumpre ressaltar, porém, que a averbação dos contratos não seria ainda necessária para fins
de remessa de remuneração ao exterior decorrente da licença e dedutibilidade fiscal, o que
ocorreu somente com a Lei nº 5.772/71.
282
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 140
397 Miranda, Pontes de. Tratado de Direito Civil. vol. XVI, (1956). Revista dos Tribunais. p.
357.
283
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 140
398 O artigo 14, da Lei nº 4.131/62 não permitia o pagamento de royalties de filial ou subsidiária
brasileira a sua matriz no exterior. Com o advento da Lei nº 8.383/91, art. 50, a restrição foi
eliminada, tendo o INPI adotado um posicionamento restritivo no sentido de que os pagamentos
devem ser fixados de acordo com o limite máximo de dedutibilidade fiscal nos contratos entre
empresas brasileiras e suas respectivas controladoras estrangeiras.
399 Art. 14. Não serão permitidas remessas para pagamentos de “royalties”, pelo uso de patentes
de invenção e de marcas de indústria ou de comércio, entre filial ou subsidiária de empresa
estabelecida no Brasil e sua matriz com sede no exterior ou quando a maioria do capital da
empresa no Brasil, pertença aos titulares do recebimento dos “royalties” no estrangeiro. (grifos
nosssos)
284
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 140
285
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 140
286
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 141
402 Ato Normativo 124, de 4 de setembro de 1994, que institui as Diretrizes de Análise de
Marcas e cria a Comissão de Revisão.
287
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
Capítulo VI
DA PERDA DOS DIREITOS
288
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
do TRIPS. De fato, os prazos que até então vigoravam, de dois anos, pare-
cem-nos insuficientes para o lançamento ou relançamento de um sinal distin-
tivo no mercado. A implementação do uso de um sinal distintivo pressupõe
investimento expressivo, implicando inúmeros procedimentos que, em cer-
tas áreas, incluem a obtenção de licença junto ao órgão competente. Exigir
que, registrada a marca, o titular, em apenas dois anos, a utilize efetivamen-
te, é demandar, na maioria das vezes, esforço hercúleo. Bem agiu, portanto,
o legislador de 1996.
O art. 143, em seu inciso II, por outro lado, dá melhor redação à hipóte-
se de emprego do sinal com modificações de suas características, substituin-
do o texto desajeitado do art. 84 do Código revogado.
A Lei nova, além disso, substitui a figura da força maior, excludente da
caducidade, pelo conceito de justificação por razões legítimas. Essa noção
vem do art. 5 da Convenção da União de Paris e melhor convém ao direito
das marcas. O instituto da força maior, tal como erigido pelo Direito Civil
brasileiro, não se ajusta com perfeição ao universo das marcas, campo emi-
nentemente econômico, onde qualquer mudança conjuntural pode tornar
impraticável a manutenção de determinada marca no mercado, salvo em
condições artificiais. Aliás, nisso reside a grande falha do sistema anterior,
mas, antes de tudo, a incompreensão da jurisprudência que prevaleceu até
certo momento histórico. As marcas são ferramentas de captação de cliente-
la e desempenham, ou, antes, devem desempenhar função prática no merca-
do, servindo de instrumento de reconhecimento, por parte do público, dos
produtos ou serviços que lhe convêm. Quando uma marca é mantida no
mercado apenas para satisfazer requisitos rígidos de uso, perde ela a sua
função original tornando-se meramente artificial. Inútil a mantença de mar-
cas que marcas já não mais são. Melhor que se lhes interrompa o uso, mas que
se lhes assegure a conservação do registro, para reinício de utilização em
época mais favorável. Com muito acerto, portanto, obrou, a nosso ver, o
legislador, introduzindo conceito mais moderno, coerente com o que se pas-
sa na realidade do comércio e não na fria teoria do papel.
O art. 143 enuncia que “caducará” o registro nas hipóteses que, a seguir,
se descrevem nos incisos I e II. O dispositivo encerra um comando para que
o Estado, advindo requerimento fundamentado, e desde que presentes os
pressupostos, extinga o título que concedeu. Ressaltam, desde logo, duas
diferenças essenciais em relação ao tratamento que o Código de 1971 dava à
matéria: a) o Estado só pode agir quando provocado; b) a provocação depen-
de de interesse legítimo.
Foi feliz o legislador, na medida em que, de fato, a questão de saber se
um sinal distintivo que foi registrado por órgão administrativo está ou não em
uso interessa apenas àqueles que sobre sinal idêntico ou semelhante detêm
algum interesse. Pouco se dá ao consumidor se, dentre as marcas registradas
pelo INPI, muitas haja que não mais se usem ou que nunca tenham sido
usadas. O sistema anterior só se entendia à luz de uma concepção essencial-
289
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
290
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
Fixada essa noção, cabe pesquisar critérios que orientem a valoração da prova
de uso nas diferentes hipóteses. Em artigo que publicamos na Revista da
ABPI, identificamos os seguintes parâmetros:
3) Quanto à licitude
291
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
O direito deve ser exercido pelo seu titular ou com seu consentimento
(licença). Como fruto de interpretação manifestamente equivocada, o INPI,
no passado, ainda exigia que a licença, para ser eficaz, ali estivesse averbada
quando do procedimento de caducidade. A exigência não tinha qualquer
esteio legal, pois que o Código então vigente não a continha, e as normas
restritivas de conduta não admitem exegese extensiva. Por inconstitucional,
a postura do INPI foi afastada pelos tribunais em algumas ocasiões e o pró-
prio órgão a reviu, editando, para isso, ato específico. O que a Lei dizia era
que o registro (aliás, averbação) do contrato é condição de eficácia perante
terceiros, querendo dizer, em última análise, que o usuário (= licenciado) só
pode opor seu direito a terceiros depois de averbada a licença. O registro é,
portanto, de interesse do usuário. Temendo interpretações inusitadas quan-
do aos efeitos da averbação, como aquela que condicionava a admissibilidade
de provas de uso produzidas em nome de licenciado à prévia averbação de
contrato, a nova Lei, no § 2º de seu art. 140, diz, expressamente, que, para
eficácia (o termo que emprega, indevidamente, é “validade”, quando se trata
de eficácia) de prova de uso, a averbação de contrato é desnecessária. La-
mentável, porém, conveniente, que o legislador tenha tido de declarar, ex-
pressamente, o que decorre de interpretação normal de regra que manda
averbar apenas para produção de efeitos perante terceiros.
292
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
6) Quanto à periodicidade
293
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 142, 143, 144, 145 e 146
294
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 147
Capítulo VII
DAS MARCAS COLETIVAS E DE CERTIFICAÇÃO
403 Tratado da Propriedade Industrial. 2.ed. ver. atual. Por Luiz Gonzaga do Rio Verde e João
Casimiro Costa Neto. São Paulo: Rev.Tribunais, 1982, p. 795.
404 Revista de la Ompi (Organización Mundial de la Propiedad Intelectual) — Ginebra, julio-se-
tiembre de 2002.
295
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 147
2) Cada país será juiz das condições particulares em que a marca coletiva
será protegida e poderá recusar a proteção se essa marca for contrária ao
interesse público.
296
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 147
297
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 147
298
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 148
405 Douglas Gabriel Domingues, Marcas e Expressões de Propaganda, Forense, [ano], p.179.
406 Douglas Gabriel Domingues, Marcas e Expressões de Propaganda, Forense, [ano], p.184.
407 Mélanges offerts à Albert Chavanne — droit pénal proprieté industrielle, Litec, 1990, p. 243.
299
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 148
300
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 148
409 Uma Introdução à Propriedade Intelectual, vol. I, Editora Lumen Juris, 1997, p. 269.
410 Hélio Fabbri Júnior, “Marcas Tridimensionais, de Certificação e Coletivas sob a Perspectiva
da Nova Legislação de Propriedade Industrial, Revista da ABPI, XV Seminário Nacional de
Propriedade Intelectual, Anais 1995, p. 58.
301
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 148
302
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 149
303
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 150 e 151
304
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 152, 153 e 154
305
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 155
Neste caso, há estreita ligação com o art. 124, inciso XII, que dispõe não
ser registrável como marca a “reprodução ou imitação de sinal que tenha sido
registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o
disposto no art. 154”. Assim, tanto é vedado o registro por terceiros das
marcas de certificação ou coletivas vigentes, como também daquelas cujos
registros tenham sido extintos, por qualquer razão, ainda que venham, antes
do vencimento do prazo aqui previsto, a ser requeridas até mesmo por mem-
bros da coletividade ou por pessoas autorizadas ao uso.
Tanto a marca coletiva como a de certificação tem como função identi-
ficar um grupo, no primeiro caso, ou garantir institucionalmente determina-
das características do produto ou serviço correspondente, protegendo o con-
sumidor, no segundo caso. Dentro dessas condições, é natural que, logo após
a extinção do registro, os consumidores ainda associem o referido sinal com
aquelas entidades. Natural, portanto, fixar-se um prazo de desassociação,
dentro do qual não se permitirá a reapropriação por terceiros, como medida
de proteção aos consumidores, pois, de outro modo, poderiam eles incorrer
em erro, atribuindo ao novo requerente as qualidades associadas à entidade
titular.
Bibliografia
1. Mélanges offerts à Albert Chavanne — droit pénal — propiété industrielle. Litec —
1990. p. 243.
2. Symposium on the International Protection of Geographical Indications. Funchal
(Madeira, Portugal) — October 1993 — World Intellectual Property Organiza-
tion.
3. Revista de la Ompi (Organización Mundial de la Propiedad Intelectual) — Gene-
bra, julio-setiembre de 2002.
4. 4 WIPO NATIONAL SEMINAR ON TRADEMARKS (Rio de Janeiro —
09/10.06.1994.
Capítulo VIII
DO DEPÓSITO
306
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 155
I — requerimento; (...)
307
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 155
308
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 156 e 157
309
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 158
Capítulo IX
DO EXAME
416 Art. 79. O exame verificará se o pedido está de acordo com as prescrições legais, tecnica-
mente bem definido e se há anterioridades ou colidências.
§1º Por ocasião do exame, serão formuladas as exigências julgadas necessárias, inclusive no
que se refere à apresentação de novo exemplar descritivo, clichê e outros documentos. (crase
necessária)
310
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 158
§2º A exigência não cumprida ou não contestada no prazo de 60 (sessenta) dias acarretará o
arquivamento do processo, encerrando-se a instância administrativa.
§3º Considerada improcedente a contestação oferecida à exigência, o processo será arquiva-
do.
§4º Verificada a viabilidade do registro, será publicado o clichê para apresentação, no prazo
de 60 (sessenta) dias, de eventuais oposições, dando-se ciência ao depositante.
§5º Salvo o disposto no §2º deste artigo, do despacho que conceder, denegar ou arquivar o
pedido de registro, e que não ficará condicionado a eventuais manifestações sobre oposições
oferecidas, caberá recurso no prazo de 60 (sessenta) dias.
417 Cumpre notar que em países como Canadá, Colômbia, Filipinas, Peru e a República da
África do Sul o exame prévio do pedido antecede a sua publicação para fins de oposição por parte
de terceiros. Alguns outros países, tais como Itália, Cuba, Coréia do Norte, Líbano, Sérvia e
Montenegro (antiga Iugoslávia) não prevêem o oferecimento de oposição em sua legislação mar-
cária.
418 Art. 5º — Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V — é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem; (...)
311
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 158
312
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 159
421 Art. 94. Salvo motivo de força maior, caducará o registro, “ex officio” ou mediante requeri-
mento de qualquer interessado, quando o seu uso não tiver sido iniciado no Brasil dentro de dois
anos contados da concessão do registro, ou se for interrompido por mais de dois anos consecuti-
vos.
313
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 159
314
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 160
422 Art. 221 — Os prazos estabelecidos nesta Lei são contínuos, extinguindo-se automat-
icamente o direito de praticar o ato, após seu decurso, salvo se a parte provar que não o realizou
por justa causa.
§1º — Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte e que a impediu
de praticar o ato.
423 Art. 125 — À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada prote-
ção especial, em todos os ramos de atividade.
424 Art. 129 — A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, confor-
me as disposições desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território
nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148.
§1º — Toda pessoa que, de boa-fé, na data da prioridade ou depósito, usava no País, há pelo
menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para distinguir ou certificar produto ou
serviço idêntico, semelhante ou afim, terá direito de precedência ao registro. (boa-fé tem hífen)
315
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 161
Capítulo X
DA EXPEDIÇÃO DO CERTIFICADO DE REGISTRO
425 Art. 128 — Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito
público ou de direito privado.
§1º — As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade
que exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta
ou indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei.
§2º — O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica repre-
sentativa de coletividade, a qual poderá exercer atividade distinta da de seus Membros.
§3º — O registro da marca de certificação só poderá ser requerido por pessoa sem interesse
comercial ou industrial direto no produto ou serviço atestado.
§4º — A reivindicação de prioridade não isenta o pedido da aplicação dos dispositivos cons-
tantes deste Título.
316
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 162
317
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 163 e 164
318
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 165
Capítulo XI
DA NULIDADE DO REGISTRO
Seção I
Disposições Gerais
319
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 165
pode ser proposta pela própria Administração (INPI) ou por qualquer pessoa
com legítimo interesse no prazo de cinco anos contado da concessão do
registro, de acordo com os arts. 173 e 174 desse diploma.
Portanto, existem dois remédios jurídico-processuais para se suscitar a
nulidade de um registro, um, perante a própria administração pública, outro,
perante o Judiciário.
O procedimento de nulidade administrativa pode ser instaurado a re-
querimento de qualquer pessoa com legítimo interesse ou do próprio INPI.
A possibilidade de o INPI autotutelar seus atos, anulando aqueles registros
para marcas concedidos ao arrepio da lei, tem seu fundamento no caput do
art. 37 da Constituição Federal, segundo o qual a administração pública
direta, indireta ou funcional obedecerá, dentre outros, ao princípio da legali-
dade. Sendo ilegal e, portanto, nulo o registro concedido em desacordo com
a Lei de Propriedade Industrial, nos termos do art. 165, há que se aplicar o
princípio da legalidade, anulando-o.
As súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal corroboram o ex-
posto, assim determinando:
Súmula 346 — A administração pública pode declarar a nulidade dos
seus próprios atos.
Súmula 473 — A administração pública pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respei-
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.
Como visto, toda vez que o INPI conceder registro para marca infringin-
do alguma norma legal e, notadamente, alguma das normas da lei específica,
o ato concessivo é nulo. As causas que dão ensejo à nulidade podem ser
divididas em quatro modalidades.
A primeira diz respeito à nulidade declarada por impropriedade de seu
objeto. Essa impropriedade pode decorrer do fato de o sinal não reunir os
requisitos essenciais capazes de caracterizá-lo como marca (novidade, veraci-
dade e caráter lícito) ou, ainda, de o sinal caracterizar um objeto apto à tutela
jurídica diversa, por exemplo, um modelo de utilidade, desenho industrial
ou sinal de propaganda.
A segunda hipótese de nulidade é a de lesão a direitos de terceiros,
implicando ofensa, notadamente, a diversos dos incisos do art. 124, incisos I
a XXIII, da Lei de Propriedade Industrial.
A terceira hipótese de nulidade do registro advém da falta de cumpri-
mento de alguma formalidade legal por parte do INPI, indispensável ao regu-
lar processamento do pedido de registro.
A quarta modalidade relaciona-se com a qualidade do titular, que, não
estando no ramo de negócio objetivado pela marca, não tem legitimação para
postular-lhe o registro nos termos do §1º do art. 129 da Lei.
320
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 166
Reza a Lei, ainda (art. 165, parágrafo único), que a nulidade dos registros
pode ser total ou parcial, sendo condição para a nulidade parcial o fato de a
parte subsistente da marca ser considerada validamente registrável. Nesse
caso, há que se fazer a anotação no respetivo certificado de registro, indican-
do-se que a proteção legal se restringe tão-somente à parte considerada váli-
da.
Por fim, a nulidade do registro, em sede administrativa, deve ser suscita-
da dentro de 180 dias a contar da publicação da concessão de registro da
Revista da Propriedade Industrial (art. 169 da LPI). Em sede judicial, a ação
de nulidade deve ser proposta dentro de cinco anos contados da data de
concessão do registro atacado (art. 174 da LPI), em linha com o art. 6 bis, 2),
da CUP, ressalvados os casos em que comprovada a má-fé (art. 6 bis, 3), da
CUP). A jurisprudência de nossos tribunais vem confirmando esses parâme-
tros legais. Findo esse prazo, entende a maioria da doutrina que há prescri-
ção, ou seja, a nulidade revalida-se. Nas palavras de José dos Santos Carvalho
Filho “entende-se que o interesse público que decorre do princípio da estabi-
lidade das relações jurídicas é tão relevante quanto a necessidade de restabe-
lecimento da legalidade dos atos administrativos, de forma que deve o ato
permanecer seja qual for o vício de que esteja inquinado”.
321
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 166
seu próprio nome, num ou em vários desses países, o titular terá o direito
de se opor ao registro pedido ou de requerer o cancelamento ou, se a lei
do país o permitir, a transferência a seu favor do referido registro, a
menos que este agente ou representante justifique o seu procedimento.
322
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 166
323
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 167
324
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 167
Industrial possui mera expectativa de direito, direito esse que somente irá
consolidar-se com a conversão do pedido em registro — naturalmente, desde
que decisão posterior não venha decretar a sua nulidade. Em consonância
com essa sistemática, a declaração de nulidade do registro terá, necessaria-
mente, que retroagir à data do depósito do pedido. De outro modo, poderia
surgir, no período compreendido entre a data do depósito e a data de publi-
cação da declaração da nulidade do registro, um suposto direito em favor do
requerente. Como bem referido nos comentários ao art. 165, o legislador
deixou absolutamente claro que a nulidade do registro terá efeito ex tunc,
afastando, assim, eventuais dúvidas quanto à possível validade do registro em
algum momento.
A mera expectativa de direito que assiste ao depositante de uma marca
depreende-se, ainda, dos arts. 189 e 190 e seus respectivos incisos. Com
efeito, tais dispositivos determinam que a tipificação dos crimes contra as
marcas se dá apenas nos casos em que ocorrerem violações de marcas regis-
tradas. Uma vez que o exame de registrabilidade constitui pressuposto es-
sencial para a concessão de um registro, não poderia haver a configuração de
um crime quando o direito supostamente ofendido nem sequer se materiali-
zou.
O Código da Propriedade Industrial (Lei nº 5.772/71) estabelecia, em
seu art. 98, a nulidade do “registro efetuado contrariando as determinações
deste Código”. A legislação anterior, portanto, já determinava que a nulidade
do registro de marca operava-se ex tunc, estabelecendo, assim, a necessária
segurança jurídica.
A Convenção da União de Paris — CUP — (com a revisão de 1967
realizada em Estocolmo), por ser o diploma legal mais antigo em matéria de
Propriedade Industrial, merece um estudo nesse sentido, ainda que breve.
Em seu art. 6 nº 1 a CUP estabelece, inicialmente, que cada país membro
determinará, por meio de sua respectiva legislação nacional, as condições de
depósito e de registro das marcas de indústria e comércio. As disposições do
texto convencional que nos interessam mais objetivamente nesse contexto
são aquelas contidas no art. 6 bis nº 1426. Esse dispositivo, muito embora
contemple a possibilidade de “invalidação” do registro e não de nulidade,
está em harmonia com a LPI, na medida em que faculta aos países membros
325
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 168
Seção II
Do Processo Administrativo de Nulidade
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 168
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427 Súmula 346 — A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
428 Súmula 473 — A administração pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos,
a apreciação judicial.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 169
3. fundamentação legal e
4. legítimo interesse.
429 Art. 158 — Protocolizado, o pedido será publicado para apresentação de oposição no prazo
de 60 (sessenta) dias.
430 4.3.5.3 — Meio de prova
(...)
5. As provas constituídas de Notas Fiscais, que não poderão ser os originais da primeira via,
deverão conter informações relacionadas com o objeto do registro, seu titular ou seu licenciado
ou autorizado.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 169
(..)
10. Em se tratando de marca mista, figurativa ou tridimensional, será admitido como prova
de uso complementar, qualquer documento de natureza não fiscal, devidamente datado, que
contenha a marca conforme originalmente registrada.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 170 e 171
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 170 e 171
sado, ter vista dos autos, obter cópia de documentos nele contidos e conhecer as decisões profe-
ridas;
formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de
consideração pelo órgão competente;
fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação,
por força de lei.
432 Cf. art. 50 e §§ da Lei nº 9.784/99.
433 Art. 39 — Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas
pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data,
prazo, forma e condições de atendimento.
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender
relevante à matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessá-
rios à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração
para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 172
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
Seção III
Da Ação de Nulidade
Art. 173 — A ação de nulidade poderá ser proposta pelo INPI ou por
qualquer pessoa com legítimo interesse. Arts. 173, 174 e 175
Parágrafo único — O juiz poderá, nos autos da ação de nulidade,
determinar liminarmente a suspensão dos efeitos do registro e do uso
da marca, atendidos os requisitos processuais próprios.
Art. 174 — Prescreve em 5 (cinco) anos a ação para declarar a nuli-
dade do registro, contados da data da sua concessão.
Art. 175 — A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da
Justiça Federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito.
§1º — O prazo para resposta do réu titular do registro será de 60
(sessenta) dias.
§2º — Transitada em julgado a decisão da ação de nulidade, o INPI
publicará anotação, para ciência de terceiros.
Com a nova sistemática adotada pela Lei nº 9.279/96, não é mais possí-
vel a interposição de recurso administrativo contra o ato concessivo de regis-
tro de marca. Entretanto, se o registro for concedido em desacordo com as
condições estabelecidas na referida Lei, poderá ser decretada sua nulidade
(art. 165). A decretação poderá ocorrer na esfera administrativa, por meio
do processo administrativo de nulidade (art. 168 a 172), que tem, evidente-
mente, caráter rescisório, do qual não se pretende aqui tecer maiores comen-
tários.
Por outro lado, encerrada ou não a instância administrativa, o INPI ou
qualquer pessoa com legítimo interesse poderá promover a ação de nulidade
do registro concedido ao arrepio da lei. Cumpre ressaltar que se trata de
nulidade e não de anulabilidade, insanável pelo juiz, e só podendo ser decre-
tada em processo com rito ordinário.
Do enunciado do artigo extrai-se que a ação de nulidade de registro de
marca se reveste tanto de caráter público e como de caráter privado. Quando
a Lei prevê expressamente a legitimidade do INPI para interpor ação de
nulidade de seu próprio ato concessivo do registro, em razão da ilegalidade
desse ato, está outorgando ao INPI a titularidade da ação civil pública para
controle jurisdicional objetivo da administração pública, no que diz respeito
aos atos administrativos concessivos de registros de marcas. De fato, os direi-
tos de propriedade industrial, de acordo com a Constituição Federal, art. 5º,
XXIX, e com o art. 2º da Lei nº 9.279/96, refletem o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do país, daí porque o interesse
público e a legitimidade do INPI para pleitear o controle judicial da legalida-
de de seus próprios atos.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
Além do INPI, como dito, qualquer pessoa com legítimo interesse pode
propor a ação de nulidade. O legítimo interesse de que trata o artigo em tela
é, sem dúvida, de direito material. Para alguns, o legítimo interesse está na
realização do direito objetivo, já que a legalidade do ato administrativo cons-
titui bem comum e é de interesse geral. Aliás, o Código de Defesa do Con-
sumidor (Lei nº 8.078/90), art. 4º, inciso VI434, e a Lei Antitruste (Lei nº
88.884/94), art. 21435, cujas normas são de ordem pública, dão a dimensão
do interesse público e coletivo na proteção dos direitos de propriedade in-
dustrial. Nesse aspecto, como afirma o Professor Andréa Ferreira436, trata-se
de uma “ação coletiva de nulidade do ato administrativo de registro de mar-
ca”. Para outros, o interesse é a realização de um direito primordialmente
subjetivo, de caráter eminentemente privado. Em nossa opinião, ambos os
aspectos estão presentes em maior ou menor grau, dependendo dos funda-
mentos da demanda.
As ações de nulidade de registro de marca podem ter os mais diversos
fundamentos, na medida em que são nulos os registros concedidos em desa-
cordo com os dispositivos da Lei ora comentada, em especial se contrariar as
proibições de seu art. 124. Assim, o registro pode ser nulo tanto porque o
sinal protegido é de uso comum ou vulgar, ou termo técnico usado na indús-
tria, como porque a marca protegida é considerada imoral ou, ainda, porque
reproduz moeda ou brasão oficiais etc. Os exemplos são vários. Entretanto,
na prática, o mais usual é depararmo-nos com a ação individual de nulidade
de registro de marca, pela qual o titular de determinado domínio (seja direi-
to de autor, registro de marca ou outros símbolos distintivos, nome comer-
cial etc.) pleiteia ao Judiciário a nulidade de registro concedido pelo INPI a
um terceiro, por entender que tal registro está infringindo seu direito. As-
sim, o titular de determinada marca pode requerer a nulidade de registro
para marca idêntica ou semelhante concedido a outrem, para assinalar pro-
dutos idênticos, semelhantes ou afins. Também o titular dos direitos decor-
rentes de uma obra intelectual tem legitimidade para atacar o registro de
434 Art. 4º — A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transferência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...)
VI — coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo,
inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas
e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; (...)
435 Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese
prevista no artigo 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica: (...)
XVI — açambarcar ou impedir a exploração de direitos de propriedade industrial ou intelec-
tual ou de tecnologia; (...)
in “As duas espécies de ações de nulidade de registro marcário”, Revista Forense, vol. 346,
pp. 143/159.
436 in Tratado do Direito Privado, Tomo XVII, Editor Borsoi, 1956, pp. 121/ 123.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
437 O Código de Processo Civil de 1939, previa em seu art. 333, a concessão de liminar para
suspensão dos efeitos da patente, nos autos da ação de nulidade de patente, na mencionava a
respeito do registro de marca.
438 In “Antecipação de Tutela e Medidas Cautelares em Propriedade Industrial, Anais ABPI
1999, pp. 21/28.
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lo sobre o qual se apóia uma eventual ação criminal (art. 205, da LPI) e/ou
cível, propostas em razão de sua violação, caso já coberto pelo manto da
prescrição. A nulidade do registro só poderá ser questionada perante a Justi-
ça Federal, com a participação do INPI. Em litígios daquela natureza, onde
se discute a violação da marca, há que se fazer uma análise sobre o raio de
proteção da marca e a existência ou não da invasão do espaço jurídico do
autor, pelo uso da expressão controvertida nas condições pretendidas pelo
réu.
É certo que determinadas nulidades, que afetam o interesse público
(como o caso, por exemplo, de marca imoral ou contra os bons costumes),
são insanáveis. Entretanto, cabe à justiça equilibrar tais interesses, até em
observância ao princípio constitucional do direito adquirido. Para evitar
maiores delongas sobre a matéria que, aliás, não é o ponto central do dispo-
sitivo ora comentado, e mesmo porque o contexto desta obra que se preten-
de apenas de referência não permite maiores discussões, reportamo-nos ao
excelente artigo do Dr. José Antonio B. L. Faria Correa, publicado na Revista
da Associação Brasileira da Propriedade Industrial, nº 23 (10).
Há que se chamar a atenção, por fim, para o fato de que a Lei fala
expressamente em nulidade de registro (e não em anulabilidade). São nulos
os registros concedidos em desacordo com a LPI. Anuláveis seriam os regis-
tros concedidos, por exemplo, após publicação defeituosa da marca, ou da
classe etc. De qualquer forma, em qualquer dessas hipóteses, o prazo para
propositura da ação de desconstituição do registro é de cinco anos.
Todavia, não se pode deixar de comentar a hipótese clara de imprescri-
tibilidade da ação de nulidade de registro de marca, que é aquela prevista no
art. 6 bis, 3), da CUP, ou seja, as marcas registradas de má-fé. Isso, inde-
pendentemente da notoriedade do sinal que será oposto à marca cujo regis-
tro se pretende anular. A matéria, aliás, não é nova para nossos tribunais,
embora a jurisprudência ainda não seja farta (Ver AC nº 98.02.46202-0 —
TRF-2ª R, DJ-II de 19.06.2001, p. 103)
Este artigo não encontra correspondente na Lei anterior. O antigo Códi-
go da Propriedade Industrial não mencionava a competência do foro nem a
participação do INPI nas ações de nulidade. Independentemente da previsão
na Lei específica anterior, a jurisprudência há muito já se firmara no sentido
de que a ação de nulidade de registro de marca (ou de patente) deve ser
proposta perante a Justiça Federal. Isso porque, em sendo o INPI autarquia
federal, possui foro privilegiado, nos termos do art. 109, I, da Constituição
Federal. Trata-se, portanto, de competência absoluta ratione personae, não
podendo ser modificada. De fato, “(A) competência fixada em norma cons-
titucional é exaustiva e taxativa, não podendo ser modificada por lei ordiná-
ria ou exegese ampliativa ou restritiva” (STJ-2ª Seção, CC 1.361-PE, rel.
Min. Athos Carneiro, v.u., DJU de 06.05.91, p. 5.639).
Ainda que o INPI venha intervir no feito como assistente litisconsorcial,
o que não é o caso, como se verá adiante, ainda assim a competência seria da
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
Justiça Federal. Nessa hipótese, não ocorreria qualquer nulidade pelo fato de
o INPI ter atuado como assistente litisconsorcial e não como litisconsorte,
pois os poderes processuais do assistente litisconsorcial são quase tão amplos
quanto os do litisconsorte, estando, inclusive, sob o regime da unitariedade.
De efeito, nenhum prejuízo sofreria o INPI.
Quanto à competência territorial, a jurisprudência dominante é no sen-
tido de que o INPI deve ser demandado no foro da cidade do Rio de Janeiro,
onde tem sua sede (a regra do art. 100, IV, a) e b)), prevalecendo sobre a do
art. 94, §4º, ambos do CPC), conforme comentários de Theotonio Negrão.
Todavia, existe farta jurisprudência no sentido de que, embora a princípio o
INPI deva ser demandado no foro da Seção do Judiciário do Rio de Janeiro,
onde a autarquia tem sua sede, na hipótese de a ação ser proposta também
contra outro(s) réu(s), o autor poderá ajuizá-la no domicílio deste(s), se
assim preferir.
Como mencionado anteriormente, nas ações de nulidade de patente ou
de registro de marca, o INPI, quando não for autor, há de integrar o feito na
qualidade de litisconsorte passivo. O direito em discussão nessas ações, de a
empresa ré ser titular de um privilégio tutelado por patente ou de registro de
marca, e, portanto, deles usufruir com exclusividade, decorre de ato pratica-
do pela referida autarquia federal. A ação, pois, engloba tanto os direitos
patrimoniais do registro de marca ou de patente, quanto o ato administrativo
que o concedeu.
Por outro lado, a possibilidade jurídica da ação de nulidade de registro de
marca ou de patente proposta contra o Instituto Nacional da Propriedade
Industrial e o particular, reflete, em última análise, a garantia constitucional
de controle, pelo Poder Judiciário, dos atos administrativos praticados ao
arrepio da lei (art. 5º, XXXV), já que o objetivo final da ação é o reconheci-
mento da validade ou invalidade do ato administrativo, por força do requisito
da legalidade.
O âmbito da lide das ações de nulidade extrapola o direito de proprieda-
de, desaguando na ineficácia do ato administrativo que o outorgou. Não se
pode decretar a nulidade de um registro de marca sem considerar inválido o
ato do INPI que o concedeu. Tanto o registro de marca como o respectivo
ato concessivo são, ambos, válidos ou nulos. Nesse passo, não há como afastar
do INPI a qualidade de litisconsorte passivo, necessário e unitário.
De fato, ao conceder, em favor de particular, direito de propriedade
industrial, a administração, por meio de seu órgão competente, o INPI adota
um posicionamento, resultado da manifestação de sua vontade. Destarte,
torna-se ela responsável pela validade e eficácia desse direito, de que é bene-
ficiário o respectivo titular. Portanto, a responsabilidade do INPI no caso da
constituição de direito de propriedade industrial que infringe disposição le-
gal é direta, e, como tal, é ele entidade diretamente interessada na ação de
nulidade. Nada impede, é certo, que, uma vez em juízo, o INPI venha a rever
seu entendimento, reconhecendo a procedência do pedido do autor.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
444 Art. 116. A pessoa domiciliada no estrangeiro deverá constituir e manter procurador, devi-
damente qualificado e domiciliado no Brasil, com poderes para representá-la e receber citações
judiciais relativas aos assuntos atinentes à Propriedade Industrial, desde a data do depósito e
durante a vigência do privilégio ou do registro.
Parágrafo único. O prazo para contestação de ações em que a citação se fizer na forma deste
artigo será de 60 (sessenta) dias.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 173, 174 e 175
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Título IV
DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS
(...)
(...)
Art. 95: Não podem ser registrados como marca de indústria e de comér-
cio:
(...)
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 177
Cabe destacar que este mesmo Código regulamentava, em seus arts. 100
a 103, as “indicações de proveniência” e sua utilização. Como se pode obser-
var, a matéria, nesse diploma, era mais bem abordada do que no Código em
vigor.
O Código de Propriedade Industrial, em vigor até 1997 (Lei nº
5.772/71), previa, em seu art. 2º, letra “c” a repressão às falsas indicações de
procedência.
No art. 65, itens 9 e 10, este Código coibia o registro como marca de
nome ou indicação de lugar de procedência e sua imitação suscetível de
confusão, bem como a falsa indicação de procedência. Em seus arts. 70 a 72,
sob a denominação de “indicações de procedência”, o Código se ocupava dos
“ (...) nome(s) de lugar notoriamente conhecido como centro de extração,
produção ou fabricação de determinada mercadoria ou produto”, incluindo
num mesmo conceito as indicações de procedência propriamente ditas e as
denominações de origem, sem que seja feita a distinção cabível.
Já na Lei que ora se comenta, as indicações geográficas estão bem regu-
lamentadas, merecendo todo um título exclusivo, o que reflete a crescente
preocupação e importância deste assunto. O art. 2º, item IV, mantém a
repressão às falsas indicações geográficas, já contemplada pelo art. 2º, letra
“c’ do Código em vigor.
O art. 176 define como “indicação geográfica” as indicações de proce-
dência e as denominações de origem, que são adequadamente definidas nos
arts. 177 e 178, respectivamente.
Cabe ressaltar que este tratamento vai além da definição disposta no
TRIPS. O art. 22, 1, do TRIPS define como indicação geográfica “as indica-
ções que identifiquem um produto como originário do território de um
Membro, ou região ou localidade deste território, quando determinada qua-
lidade, reputação ou outra característica do produto seja essencialmente atri-
buída à sua origem geográfica”, sem que uma definição mais precisa seja
estabelecida, como em nossa legislação. Ora, esta definição é a mesma en-
contrada no art. 178 a seguir, que fala sobre as denominações de origem.
Questão relacionada, mas que não está atualmente coberta pelo conceito
de indicação geográfica, são os nomes de produtos típicos de um país ou
região, mas que não são nomes geográficos. Um exemplo seria “cupuaçu”
que é o nome indígena de uma fruta brasileira, mas não é um nome geográfi-
co. As normas que regulam a concorrência desleal têm aplicação nesses ca-
sos. Art. 177
Art. 177 — Considera-se indicação de procedência o nome geográfi-
co de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha
tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de
determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Este ar-
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 178 e 179
tigo define de modo preciso o que vem a ser uma indicação de procedên-
cia. Como se observa, esta indicação consiste no nome geográfico de
local conhecido pela fabricação, produção ou extração de determinado
produto ou de prestação de determinado serviço, sem que necessaria-
mente as condições geográficas daquela região tenham contribuído
para esse renome. A cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, por exem-
plo, pode ser considerada como indicação geográfica para artigos de
malharia, em vista da grande concentração de fábricas do setor ali
sediadas.
Art. 178 — Considera-se denominação de origem o nome geográfico
de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe pro-
duto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva
ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e hu-
manos.
Arts. 178 e 179
Aqui, tem-se a definição precisa da “denominação de origem”. Como a
indicação de procedência, a denominação de origem consiste no nome geo-
gráfico de local conhecido pela fabricação, produção ou extração de determi-
nado produto ou de prestação de determinado serviço. Ocorre que, neste
caso, os fatores naturais e humanos da região necessariamente influem na
qualidade ou nas características do produto ou serviço, diferentemente do
que ocorre na indicação de procedência. Para que determinada indicação
geográfica possa ser considerada “denominação de origem”, é mister que o
clima, o solo ou alguma outra característica exclusiva daquela região tenham
influência direta no produto ou, ainda, que um notório saber da população da
região seja imprescindível à confecção daquele produto. Nesta categoria en-
quadram-se, obviamente, os vinhos, pois é notória a influência do solo das
regiões no produto resultante das vindimas da região. Como exemplo desta
influência temos o vinho do Porto, elaborado unicamente com uvas colhidas
em pequena região demarcada às margens do rio Douro, em Portugal, cujo
solo pedregoso e rico em xisto proporciona características únicas àquele vi-
nho. Igualmente são “denominações de origem” a região de Parma, na Itália,
onde as condições especiais do solo, aliadas às técnicas seculares de trabalho,
proporcionam o presunto de Parma, ou o queijo Parmiggiano.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 180, 181 e 182
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 180, 181 e 182
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Título V
DOS CRIMES CONTRA
A PROPRIEDADE INDUSTRIAL
Capítulo I
DOS CRIMES CONTRA AS PATENTES
351
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 183
352
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 184
353
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 184
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 184
446 Art. 5 quater — Quando um produto for introduzido num país da União no qual exista uma
patente protegendo um processo de fabricação desse produto, o titular da patente terá, com
referência ao produto introduzido, todos os direitos que a legislação do país de importação lhe
conceder, em virtude da patente desse processo, com referência aos produtos fabricados no
próprio país.
447 Ver supra nota 26.
448 A expressão “diretamente” foi introduzida no P.L. 115/93 no Senado Federal, em vista da
aprovação pelo Congresso da Rodada Uruguai do GATT em dezembro de 1994. O texto original
remetido pela Câmara dos Deputados não incluía essa expressão. Ao fazê-lo, contudo, no art. 42,
aparentemente olvidou-se o legislador de adaptar de modo correspondente às disposições sobre
os crimes, o que redundou na discrepância entre os referidos dispositivos. Tal fato, contudo, não
invalida os arts. 183 e 184 à luz de TRIPS, visto que os requisitos mínimos estipulados nesse
Acordo são, de todo modo, atendidos pelo art. 42.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 185
449 Essa interpretação parece ser mais consistente se levarmos em conta que no Projeto de Lei
originalmente aprovado na Câmara dos Deputados (P.L. 824/91), o arti. 42 incluía ambas as
disposições relativas à infração indireta e relativa aos componentes da invenção [originalmente
como inciso III do art. 42]. Assim, no projeto 824/91 era mais claro que a matéria de que dispõe
o atual art. 185 não deveria ser considerada como também tratando da infração indireta ou por
contribuição, visto que não haveria sentido em se incluir, no mesmo artigo, duas disposições
tratando da mesma matéria.
356
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 185
185, não é necessário que o usuário final infrinja a patente para que as
disposições deste artigo sejam aplicáveis contra aquele que fornece um com-
ponente da invenção a esse usuário. Além disso, quando o art. 185 se refere
ao fato de que a aplicação final do componente induz, necessariamente, à
exploração do objeto da patente, isto claramente visa somente estabelecer o
propósito do componente, de tal modo que a materialização de tal explora-
ção não é necessária para que tal artigo seja aplicável.
Tal possibilidade dificilmente seria reconhecida na vigência da Lei nº
5.772/71, cujo art. 15 estabelecia que qualquer particularidade do invento,
para ter assegurada proteção isoladamente, deveria ser requerida ou reivindi-
cada em separado.
Esta disposição inspirou-se na legislação de patentes norte-americana450,
porém focaliza a questão dos atos praticados com relação a componentes da
invenção de uma maneira distinta: enquanto a respectiva disposição na legis-
lação norte-americana prevê que um terceiro não autorizado praticando tais
atos pode ser considerado como um infrator por contribuição, do presente
art. 185 pode-se inferir que esse terceiro é considerado como um infrator
direto.
De fato, a legislação norte-americana parece não ter o propósito de apli-
car-se à situação em que uma pessoa fabrica e vende um componente de uma
invenção para a substituição de um componente defeituoso ou gasto do pro-
duto de terceiro, produto esse que foi legitimamente adquirido do titular ou
de seu licenciado, i.e., o propósito de 35 U.S.C. parece ser o de dar ao titular
o direito de impedir que outros fabriquem e comercializem componentes a
alguém que irá, então, praticar atos de infração. Em conseqüência, os tribu-
nais norte-americanos são, por vezes, defrontados com a necessidade de dis-
tinguir entre um reparo ou conserto, que é permitido, e uma “reconstrução”
do produto patenteado, o que seria um direito exclusivo do titular451. Em
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 185
dant’s delivery system, and adaptor allowing its use with plaintiff’s re-usable laser, thus constitu-
tes permissible repair unless it effects “reconstruction” such that new product is created. (DC
EPa, September 17, 1992) — Surgical Laser Technologies Inc. v. Surgical Laser Products Inc. —
25 USPQ2d — 1993 — p. 1806.
452 Georg Benkard — Patentgesetz Gebrauchsmustergesetz — 9. Auflage — 1993 — pp. 418-
419.
453 “If the essence of an invention is concerned with a specific key system with a particular
arrangement of profiles for a key hierarchy but not in the shape of a single key, then a single key
blank cannot infringe the patent, even though its shape could be manufactured to pass for a key in
the protected combination of keys.” — IIC — vol. 20 — nº 1/1989 — p. 81.
454 “The use of one part of a device defined in a claim can result in an infringement when the
subject-matter of the claim is realized by that part (...)” — Nota: texto em inglês, conforme
publicado em IIC; ver supra nota 33. A mesma frase continua como segue: “(...) the remainder of
the claim being for obvious and economically usefull supplements, which display no particulari-
ties.”
455 Nota: a proposta original de emenda que fizemos em relação ao PL 824/91, durante sua
tramitação na Câmara dos Deputados, residia em incluir-se no art. 42 um inciso III com o
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 185
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
361
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
459 “It was legal error to hold that the aligning and charging steps must be performed by separate
elements in the apparatus. One to one correspondence of components is not required and elements
or steps may be combined without ipso facto loss of equivalency [...] An apparatus claim describing
a combination does not require that the function of each be performed by a separate structure in
the apparatus. The claimed and accused devices must be viewed and evaluated as a whole.”
CAFC, March 31, 1989) — Sun Studs Inc. v. ATA Equipment Leasing Inc. — 10 USPQ2d —
1989 — p. 1347.
460 Stephen M. Bodenheimer, Jr. e John Beton — “Infringement by equivalents in the United
States and Europe: A comparative analysis” — Mitteilungen der deutschen Patentanwälte — Heft
4/93 — p. 101.
461 “In determining whether accused device or composition infringed valid patent, resort must be
had in first instance to words of claim; if accused matter falls clearly within claim, infringement is
made out and that is the end of it.” (SupCt — May 29, 1950) — Graver Tank and Mfg. Co., Inc.
et al. v. The Linde Air Products Company — 85 USPQ — 1950 — p. 328.
462 “Infringement by equivalents in the United States and Europe: A comparative analysis” —
Stephen M. Bodenheimer, Jr. and John Beton — Mitteilungen der deutschen Patentanwälte —
Heft 4/ — p. 100.
463 “The essence of the doctrine [of equivalents] is that one may not practice a fraud on a patent.”
— (SupCt — May 29, 1950) — Graver Tank and Mfg. Co., Inc. et al. v. The Linde Air Products
Company — 85 USPQ — 1950 — p. 330; ver referência à mesma citação em Texas Instrument,
Inc. v. ITC (CAFC, November 19, 1986) — 231 USPQ — 1986 — p. 835.
464 “[P]atentee’s competitors [...] are ingenious in acting in such a way that they remain outside
the literal wording of the patent claims.” — Jan J. Brinkhof — “Some Thoughts on Equivalents” —
IIC — vol. 22 — Special Issue — 1991 — p. 911.
362
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
465 Ver “Infringement by equivalents in the United States and Europe: A comparative analysis”
— Stephen M. Bodenheimer, Jr. e John Beton — Mitteilungen der deutschen Patentanwälte —
Heft 4/93 — p. 99.
466 Ver supra nota 36.
467 É importante observar que o momento que serve de referência no tempo para determinação
de uma equivalência é o momento da infração, contrariamente a correntes que sustentam que
uma eventual equivalência deveria ser avaliada tendo como referência o momento do depósito do
pedido. Isto porque um dado equivalente técnico pode se tornar conhecido e usual, apenas anos
após o depósito do pedido de patente e nem por isso deve deixar de ser considerado como um
equivalente para fins de determinação de infração.
468 Este teste de três etapas tornou-se bem conhecido a partir da decisão do caso Graver Tank
and Mfg. Co., Inc. et al. v. The Linde Air Products Company, pela Suprema Corte dos Estados
Unidos — 85 USPQ — 1950 — p. 328.
469 “Comparison of function/way/result is acceptable way of showing that structure in accused
device is ‘substantial equivalent’ of claim limitation, but such comparison is not only way to do so;
how equivalency to required limitation is met necessarily varies from case to case due to many
variables, such as form of claim, nature of invention defined by it, and kind of limitation that is
not literally met.” — Malta v. Schulmerich Carillons Inc. (CAFC, December 26, 1991) — 21
USPQ2d — p. 1.161.
470 “Der Schutzbereich eines Patents ist nach §14 PatG 1981 jedenfalls nicht weiter als der
Schutzbereich eines Patents nach dem vormals geltenden Recht. Er erfasst keine äquivalenten
Abwandlungen, die auf erfinderischer Tätigkeit beruhen.” (O escopo de proteção de uma patente
de acordo com §14 PatG 1981, de qualquer modo, não é mais amplo do que o escopo de proteção
de uma patente de acordo com a legislação anterior. Ele não abrange quaisquer alterações equiva-
363
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
lentes que resultem de atividade inventiva.) — BGH, Urt. v. 17. março de 1994 — X ZR 16/93
— Zerlegvorrichtung für Baumstäume.
471 “For the determination of the scope of protection [...] it is decisive whether the average person
skilled in the art was able to determine the equally effective means of the alledged infringement
from the claims using the description and the drawings and based on his professional knowledge
[...].” (Federal Supreme Court, DE, 1986) — IIC — vol. 18 — nº 6/1987 — p. 799.
472 Heinz Bardehle — “Equivalents and International Patent Law Harmonization” — AIPLA
Q.J. — vol. 20 — nº 2/1992.
473 Bardehle refere-se ao exemplo do parafuso e do pino como meios de fixação equivalentes.
Embora se tratem de equivalentes óbvios para um especialista versado na técnica, estritamente
falando eles alcançam o mesmo resultado (fixação) de maneiras diferentes.
474 “In the United States [...] [t]hese factors include the patent specification and drawings, the
prosecution history of the patent, all the claims of the patent, the understanding in the art as to
the meaning of the terms used in the claims of the patent, the overall function and results of the
claimed invention, the overall function and results of the item accused of infringement, all
limitations in the patent claims, the scope and content of the prior art, and the determination
whether the patentee created any ‘estoppel’ during the course of prosecuting the patent applica-
tion before the U.S.P.T.O.” — “Infringement by equivalents in the United States and Europe: A
comparative analysis” — Stephen M. Bodenheimer, Jr. and John Beton — Mitteilungen der
deutschen Patentanwälte — Heft 4/93 — p. 100.
475 “There is no abstract guide to determining when a modified device crosses the boundary with
respect to the reasonable scope of patent claims.” — Texas Instrument, Inc. v. ITC (CAFC,
November 19, 1986) — 231 USPQ — 1986 — p. 839.
476 Loctite Corp. v. Ultraseal Ltd. (CAFC, December 17, 1985) — 228 USPQ — 1986 — p.
364
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
• para permitir que o titular recupere certa proteção, da qual ele abriu
mão durante o processamento de seu pedido de patente.
96; decisão também reportada em Pennwalt Corp. v. Durand-Wayland Inc. (CAFC, November
6, 1987) — 4 USPQ2d — 1987 — p. 1.739.
477 Decisão pela Suprema Corte alemã (Bundesgerichtshof — DE): IIC — vol. 18 — nº 6/1987
— p. 795 com comentários por B. Geissler; ver também 1991 R.P.C. — nº 24 — p. 597.
478 Como “estado da técnica” aqui se alude ao estado da técnica relativo à patente cuja infração
se verifica. O conceito subjacente reside em que uma concretização que pode ser inferida de
forma evidente do estado da técnica não é patenteável e, portanto, não poderia ser considerada
como estando no escopo da patente, sob pena de a patente ser considerada nula.
479 Ver comentários por B. Geissler à referida decisão — IIC — vol. 18 — nº 6/1987 — p. 803.
480 “Patent owner’s statements during prosecution of its reissue applications, in which it sought
patent protection for buried cable irrigation system and argued that burried cable steering is
365
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
‘completely different’ from system used by patent in suit, preclude its contention that accused’s
buried cable system is equivalent either under 35 USC 112 or under doctrine of equivalents.”
(CAFC, January 7, 1993) — Valmont Industries Inc. v. Reinke Manufacturing Co. Inc. — 25
USPQ2d — 1993 — p. 1451
481 “[...] [T]he claim[‘s] elements may be treated as examples of a class which may be extended
more or less broadly as the disclosure warrants, the prior art permits, and the originality of the
discovery makes desirable.” (2d. Cir., 1929) — Claude Neon Lights, Inc. v. E. Machlett & Son —
3 USPQ — p. 222.
482 “Of course, if A + B + C’ were patented because of unexpected results, those unexpected
results might prompt a finding of no equivalence.” — Atlas Power Co. v. E.I. du Pont de Nemours
& Co. (CAFC, December 27, 1984) 224 USPQ — 1985 — p. 417.
483 Stephen M. Bodenheimer, Jr. e John Beton — “Infringement by equivalents in the United
States and Europe: A comparative analysis” — Mitteilungen der deutschen Patentanwälte — Heft
4/93 — p. 101.
366
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
do ser também objeto de uma patente mais recente não descaracterizar por
si só uma infração de outra patente mais antiga, a existência de tal segunda
patente pode ser relevante no caso de infração por equivalência. Isso porque
no caso de a novidade da segunda patente consistir na aplicação de determi-
nados elementos equivalentes àqueles da primeira patente, então pratica-
mente se afasta a hipótese de que esses elementos são equivalentes óbvios
dos elementos da primeira patente. Contudo, se, por um lado, há que se
verificar se a primeira patente foi devidamente considerada durante o exame
do pedido que resultou na segunda patente, por outro lado, resta ainda o
teste tripartite para determinar se, apesar de não serem equivalentes óbvios,
esses elementos do produto acusado, ainda assim, podem ser considerados
como elementos equivalentes aos da primeira patente.
Defrontada, em uma ação de infração, com a questão da equivalência
relativa a aperfeiçoamentos não óbvios, a Suprema Corte alemã484 forneceu
a seguinte orientação:
“A abrangência de proteção de uma patente (...), em qualquer caso, não
é maior do que a abrangência de proteção de uma patente de acordo com o
direito vigente anteriormente. Ela não abrange alterações equivalentes, que
derivam de atividade inventiva.”485
Se, por um lado, a conclusão anterior pode ter derivado da aplicação do
critério de equivalente óbvio, por outro lado, o simples fato de que se obteve
uma invenção em si patenteável não deve, sem mais considerações, afastar a
hipótese de infração por equivalência486. Em tais casos, o segundo dos crité-
rios propostos naquela versão do Tratado de Harmonização da OMPI (equi-
valência óbvia) pode ser inapropriado para determinar a equivalência, uma
vez que, por própria definição, uma invenção (a segunda invenção) não é
óbvia em relação ao estado da técnica (primeira invenção), ou, nesse caso, o
dispositivo aperfeiçoado e em si patenteável, acusado de infração, não seria
óbvio em relação ao dispositivo anteriormente patenteado. O primeiro crité-
rio, i.e., o teste tripartite função/maneira/resultado será, então, mais apro-
priado para determinar se há infração por equivalência.
Não obstante alguns autores tenham expressado opinião diferente, é
importante para a justa aplicação do conceito de equivalência que ela seja
determinada à luz da tecnologia disponível no momento da infração, visto
que um dado equivalente pode tornar-se usual ou mesmo conhecido apenas
367
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
487 “It is not required that those skilled in the art knew, at the time the patent application was
filed, of the asserted equivalent means of performing the claimed invention; that equivalent is
determined as of the time infringement takes place.” (CAFC, November 19, 1986) — Texas
Instrument, Inc. v. ITC — 231 USPQ — 1986 — p. 835; referência é feita também a Atlas
Power Co. v. E.I. du Pont de Nemours & Co. (CAFC, December 27, 1984) 224 USPQ — 1985
— p. 417 e a American Hospital Supply Corp. v. Travenol Laboratories, Inc. (CAFC, September
26, 1984) — 223 USPQ — 1984 — p. 583.
488 Heinz Bardehle — “Equivalents and International Patent Law Harmonization” — AIPLA
Q.J. — vol. 20 — nº 2/1992.
368
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 186
369
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 187
Capítulo II
DOS CRIMES CONTRA OS DESENHOS INDUSTRIAIS
489 Quanto à questão 3, podem haver exceções se a reivindicação é considerada como sendo
excessivamente ampla.
490 Art. 171 — Violar direito assegurado por patente de desenho ou modelo industrial:
I — reproduzindo, sem autorização do concessionário ou cessionário, desenho ou modelo
industrial que é o objeto de patente;
II — explorando, sem autorização do concessionário ou cessionário, desenho ou modelo
industrial de privilégio alheio;
III — importando, vendendo, expondo à venda, ocultando ou recebendo, para o fim de ser
vendido, objeto que é imitação ou cópia de desenho ou modelo industrial privilegiado;
Pena — detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa de 500 (quinhentos) a 5.000 (cinco
mil) cruzeiros.
370
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 187
491 Vol. II, Tomo I, Parte III, edição de 1952/Revista Forense, p. 420.
492 Ver comentários mais detalhados acerca da determinação da extensão da proteção conferida
pelo registro de desenho industrial junto ao parágrafo único do art. 109.
371
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 187
por vontade do agente), de mera conduta, de dano (de efetiva lesão ao bem
jurídico), comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), simples (prote-
ge um único bem) e de ação vinculada (a lei descreve expressamente o meio
de execução).
Da mesma forma que na patente de invenção faz-se de grande relevância
destacar que é freqüente, na prática, com intuito de colher indícios de cunho
oficial, sobre a autoria e materialidade, a fim de caracterizar o corpo de delito
do crime praticado, a utilização de medidas preparatórias de vistoria e busca
e apreensão, previstas no art. 240 do Código de Processo Penal, visando
identificar, mediante a elaboração de laudo pericial técnico por peritos no-
meado pelo juízo competente, os respectivos autores e/ou responsáveis pelo
ilícito.
O objeto material do crime em referência, ou seja, a coisa sobre a qual
recai a conduta delituosa, é o desenho industrial, sendo o sujeito ativo aquele
que comete o crime, podendo ser qualquer pessoa física ou jurídica, enquan-
to que o sujeito passivo será sempre o detentor do privilégio advindo da
concessão do desenho industrial violado.
O tipo objetivo ou, melhor, os elementos concretos do tipo penal em
epígrafe, cujo significado se extrai da mera observação, pressupõe (i) a fabri-
cação do produto que seja objeto de desenho industrial e (ii) a inexistência
de autorização do titular do privilégio.
O tipo subjetivo é representado pelos elementos que necessitam ser
interpretados pelo juiz em cada caso concreto. Na hipótese presente, os
únicos elementos subjetivos do tipo penal, que caracterizam a conduta do
infrator, são o dolo, natural e genérico, e a culpa.
O crime culposo ocorrerá, por exemplo, quando o sujeito ativo, em razão
da não inobservância do dever de cuidado objetivo (negligência, imprudência
ou imperícia), deixar de atentar para o fato de que determinado objeto que
fabrica infringe um desenho industrial concedido à outrem.
Quanto a época da consumação, classifica-se o delito ora em comento
como crimes de mera conduta, ou seja, o qual se consuma no exato momento
em que a conduta é praticada. Nos crimes de mera conduta o tipo penal
descreve apenas uma ação, não existindo resultado, nem, muito menos, nexo
de causalidade entre conduta e resultado. Em assim sendo, certo é que o tipo
penal não admite crime tentado, uma vez que se realiza num só ato, sendo,
portanto, impossível a interrupção da execução por circunstâncias alheias à
vontade do sujeito ativo.
O direito de ação é do próprio detentor do privilégio e a ação penal que
se aplica é a ação penal de natureza privada, que se inicia mediante queixa-
crime, atuando o Ministério Público apenas como fiscal da lei, podendo,
inclusive, aditar a queixa para corrigir imperfeições formais, mas não para
inclusão de co-réu ou de fato novo.
372
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 188
373
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
Capítulo III
DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS
374
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
sua causa contra os falsificadores de rapé, mas, também, viu nascer uma
legislação específica sobre a matéria, que veio ao encontro dos anseios da
sociedade comercial da época.
As disposições penais do Decreto de 1875, vale notar, vieram inaugurar
a incensurável tradição pátria de se punir criminalmente os falsificadores de
marca registrada, reconhecendo-se, assim, a gravidade de tal conduta e as
conseqüências que tem para a sociedade como um todo.
O Decreto de 1875, assim como toda a legislação posterior, exigia o
registro de marca validamente expedido no Brasil (na época, pelo Tribunal
do Comércio), para que fosse autorizada a ação criminal. A tipificação penal,
ainda que deficiente, era suficientemente abrangente para permitir uma ade-
quada proteção aos titulares de marcas registradas. Caracterizava-se como
crime a contrafação de marcas registradas, o uso de marcas contrafeitas, a
aposição dolosa nos produtos de sua manufatura de marcas de terceiros, a
venda e a exposição à venda de produtos contendo marcas contrafeitas. Ou-
trossim, punia-se a mera imitação de marca registrada, de forma que pudesse
levar o consumidor a erro e o uso dessas marcas imitadas.
As penas para a reprodução de marca registrada eram de um a seis meses
de prisão simples e multa de 5 a 20% do dano causado ou que poderia ter
sido causado.
O Decreto posterior, nº 3.346, de 14 de outubro de 1887, trouxe algu-
mas alterações na tipificação dos crimes contra marca registrada, de forma a
melhor defini-los. Diferentemente do Decreto de 1875, o Decreto de 1887
não mais mencionava contrafação como crime. Em seu lugar, passou a utilizar
a denominação mais correta e objetiva, até nos dias de hoje adotada: a repro-
dução. Assim, tornou-se clara a contraposição de reprodução e imitação,
somente a segunda forma prescindindo da possibilidade de confusão pelo
consumidor.
Em 1904, a Lei nº 1.236, de 24 de setembro, foi promulgada. No entan-
to, não trouxe essa Lei nenhuma modificação substancial quanto à tipificação
penal dos crimes contra marca registrada. No entanto, visível era a importân-
cia da punição como crime a conduta de reprodução e imitação de marca
registrada, na medida em que dois terços da Lei eram dedicados à tipificação
dos crimes e à normas adjetivas criminais. As penas também eram maiores,
variando de seis meses a um ano de prisão e multa.
Após 1904 até a promulgação do Código Penal, de 7 de dezembro de
1940, não houve modificações na esfera dos crimes contra a marca registra-
da, ocorrendo apenas a gênese do Decreto nº 16.264, de 1923, que em nada
substancial alterava a Lei de 1904. Em iniciativa infeliz, o Código Penal
absorveu para o corpo de seu texto, a tipificação e a apenação desses crimes,
retirando-as da lei especial. Tal absorção fez com que os crimes contra a
violação de marcas se tornassem diluídos e de importância menor dentro do
contexto do Código. As penas também diminuíram, passando a ter um míni-
mo de três meses e máximo de um ano, e multa. No entanto, a figura da
375
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
376
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
Vale notar que o caput do art. 175 do Código de 1945 tinha redação vaga
e imprecisa: “Violar direito de marca de indústria ou de comércio”. Quer
parecer que o legislador do pós Segunda Grande Guerra, tentou fugir da
redação uniforme da legislação penal brasileira, sem afirmar no caput a con-
duta vedada e se utilizando de gerúndio nos incisos.
A Lei atual trouxe de volta a forma e o rigor da lei penal brasileira e
permitiu maior definição sobre a vontade do legislador, especialmente no
tocante à clareza de que o crime é contra o registro de marca e não uma vaga
“violação a direito de marca”.
377
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
378
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
agente (CP, art. 12, nº II). A ação delituosa do infrator, ou se limitará a atos
preparatórios, que escapam à sanção penal, ou constituirá crime consumado.
Nos crimes de reprodução, imitação e usurpação não se pode conceber o
começo de execução, impedida de consumar-se por circunstâncias alheias à
vontade do agente. Dos atos preparatórios à consumação do delito, o infrator
passa em circunstâncias tais que impossível se torna a tentativa. Figure-se a
reprodução ou imitação de certa marca. Preparada a cópia ou o desenho da
marca imitada, feito o respectivo clichê, inicia-se a impressão. O interessado,
prevenido do que se passa, requer a diligência de busca e apreensão e inter-
rompe o trabalho apenas começado. Ter-se-ia verificado a tentativa? Acha-
mos que não. O crime consumou-se, desde que se começou a imprimir as
marcas e até o momento em que se prepararam os desenhos e os clichês.
Antes disso haveria somente atos preparatórios, não passíveis de pena.” (in
Tratado da Propriedade Industrial, p. 1.105/1.106, 2ª ed., v. 2, Revista dos
Tribunais, 1982)
A lição anterior, porém, não encerra a questão, uma vez que o saudoso
mestre não atentou para o fato de que os atos de elaboração de clichês e
desenhos antes da efetiva reprodução da marca em outros produtos, material
publicitário e demais materiais podem caracterizar a tentativa, se a atividade
for interrompida por circunstâncias alheias à vontade do agente. Esse é o
entendimento do penalista Julio Fabbrini Mirabete, apesar de ele próprio
reconhecer as divergências doutrinárias existentes (Manual de Direito Penal,
p. 385, 12ª ed., v. 2, Atlas, 1997). Entende essa segunda corrente doutrinária
que os crimes sob análise são plurissubsistentes, podendo ser fracionados em
diversos momentos diferentes, ainda que essa divisão seja de complexa ca-
racterização.
379
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 189
380
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 190
381
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 190
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 190
383
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 190
384
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 191
Capítulo IV
DOS CRIMES COMETIDOS POR MEIO DE MARCA,
TÍTULO DE ESTABELECIMENTO E SINAL
DE PROPAGANDA
385
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 191
386
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 192
Capítulo V
DOS CRIMES CONTRA INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS
E DEMAIS INDICAÇÕES
387
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 193 e 194
388
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
Com este artigo, o legislador tipifica como crime não só as falsas indica-
ções geográficas, mas também outros tipos de indicações de procedência não
verdadeiras, caracterizadas pelo uso indevido de marca, nome comercial ou
outro sinal que indique uma origem que não corresponde à realidade.
Da mesma forma que nos artigos anteriores deste Capítulo, as penas são
alternativas, permitindo ao magistrado a eleição entre detenção e multa.
Verificou-se ao longo do Capítulo que o Brasil, desde há muito, contem-
pla proteção às indicações geográficas, prevendo punição àqueles que, por-
ventura, venham a fazer uso ilícito ou desautorizado destas.
Como já previam as legislações anteriores sobre a matéria, sem prejuízo
da ação criminal, a Lei assegura ao prejudicado a possibilidade de intentar
ações na esfera cível contra os infratores, prática que tem se revelado mais
comum no âmbito das indicações geográficas.
Dentre as diversas decisões proferidas por nossos tribunais em disputas
envolvendo indicações geográficas, cabe citar a ação promovida pela associa-
ção alemã para a proteção dos vinhos nacionais, Stabilisierungsfonds für
Wein, contra sociedade brasileira que utilizava em seus produtos a indicação
“Schwartze Katz”, do distrito alemão de Zell. A decisão unânime da Quarta
Câmara Cível do Tribunal de Justiça de o Rio Grande do Sul é objetiva, ao
decidir pela inviabilidade de utilização da expressão pela indústria brasileira,
por se tratar de produto internacionalmente conhecido e expressão indicati-
va de região de cultivo em outro país (AC 591040688, decisão publicada no
DJRS de 26/10/1992.)
Capítulo VI
DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
389
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
390
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
391
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
aos olhos dos consumidores e estes o comprem, pensando ser o artigo daque-
le concorrente” (ob. cit., pp. 83 e 84).
Prosseguindo, Delmanto esclarece que o crime de desvio de clientela
pode ser cometido, também, “através de indicações ou informações mentiro-
sas, dadas ao público consumidor, por exemplo, o industrial fabrica vinagre
artificial, como sendo produzido com uvas naturais; ou espelhos de vidro,
como se o fossem de cristal etc.” (ob. cit., p. 93); “da imitação de catálogos,
circulares, listas etc.” (ob. cit., p. 93); através da “imitação de fachadas e
vitrines” (ob. cit., p. 93); por meio da “alteração, supressão ou imitação de
cartazes e anúncios” (ob. cit., p. 95), através de “imitação de filmes publici-
tários, slogans e jingles e outros meios de publicidade” (ob. cit., p. 96).
A estes devem ser acrescentadas as imitações de embalagens para acon-
dicionar produtos, prevalecendo-se, no conjunto, do emprego das cores pre-
dominantes nas do concorrente, observando disposição igual ou semelhante
destas; uso, nelas, de dizeres e sinais (não registrados) idênticos ou seme-
lhantes, colocados ou dispostos de forma a torná-los confundíveis com as do
rival.
O registro malicioso e indevido de domínio por indivíduo que reproduz
marca ou nome comercial de estabelecimento alheio, com o claro intuito de
confundir usuário ou consumidor, prejudicar ou obter vantagens pecuniárias
dos titulares das respectivas marcas e nomes comerciais também se insere
nesta modalidade, não obstante a aplicação combinada com o art. 195, inciso
V e art. 209 da Lei nº 9.279/1996.
Como bem observa, mais uma vez, o professor Fábio Ulhoa Coelho, em
seu artigo “O estabelecimento virtual e o endereço eletrônico” (Tribuna do
Direito, nov. 1999, p.32):
“A adoção de núcleo de endereço que possa induzir o internauta em erro
quanto à identidade do empresário titular do estabelecimento virtual confi-
gura concorrência desleal (LPI, art. 209). O prejudicado tem direito, além da
indenização por perdas e danos, à prestação jurisdicional cautelar que autori-
ze medidas registrarias e técnicas capazes de obstar a prática desleal”.
Os atos abrangidos por essa modalidade de concorrência desleal são in-
contáveis, sendo impossível catalogá-los.
Nossas Cortes de Justiça, em diversas ocasiões, já tiveram a oportunida-
de de interpretar a disposição em análise, sobrelevando aí os seguintes acór-
dãos:
393
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
394
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
O art. 195, IV não traz nenhuma grande inovação legal, pois que a práti-
ca de tal delito já era prevista na antiga Lei de Propriedade Industrial, Lei nº
5.772/71, que, por seu turno, mantinha em vigor por meio de seu art. 128, o
art.177, incisos I e II do Decreto-lei nº 7.903, de 27 de agosto de 1945.
No entanto, há que notar que o crime contra expressão ou sinal de
propaganda antes elencado em capítulo próprio (capítulo IV do Decreto-lei
nº 7.903, de 27.08.45) foi agora englobado pelo legislador dentro do rol
daqueles crimes tipificados como concorrência desleal, isso porque a atual
Lei de Propriedade Industrial não mais confere registro às expressões ou
sinais de propaganda.
Assim, se o art. 177, do Decreto-lei nº 7.903 de 27.08.45, somente
considerava como crime a violação de direito assegurado pelo registro de
expressão ou sinal de propaganda, a nova Lei entende como violação enqua-
drada como prática de concorrência desleal, o uso sem a devida autorização
ou a imitação de expressão ou sinal de propaganda alheios.
Em outras palavras, para a configuração do crime de concorrência desleal
nesta modalidade, independente do registro, basta que haja a utilização, sem
autorização, ou a imitação de expressões ou sinais de propaganda, capaz de
causar confusão.
395
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
396
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
tanto, qualquer forma de imitação, desde que capaz de causar confusão, deve
ser reprimida.
As hipóteses de imitação de determinada expressão ou sinal de propa-
ganda são muito bem comentadas por Celso Delmanto em sua obra Crimes
de Concorrência Desleal, editado em 1975 pela Editora da Universidade de
São Paulo, onde já lecionava com maestria sobre o assunto. À página 96
daquele livro, o autor cita como exemplo a campanha publicitária de deter-
minada marca de refrigerante que tem como centro de atração um famoso
artista. Nesse caso, o concorrente desleal utiliza-se de um sósia daquele ar-
tista e dele se serve para imitar a propaganda já veiculada ou, ainda, em filme
publicitário semelhante, com a participação do mesmo artista com a inten-
ção de denegrir, sub-repticiamente, o produto de concorrente.
397
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398
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Tal delito já era elencado pelo Decreto-lei 7.903/45 dentro do rol dos
crimes de concorrência desleal (art. 178, VI).
A exegese mais apurada do art. 195, VI, nos leva a concluir, assim como
o fez em parte Gama Cerqueira em sua obra citada, que o crime de concor-
rência desleal descrito anteriormente se refere àquela situação em que “o
concorrente desleal se aproveita do trabalho alheio ao lançar no mercado
como de sua produção ou fabricação, mercadorias ou artigos produzidos ou
fabricados por outrem, beneficiando-se com as vantagens resultantes da boa
qualidade do produto e sua aceitação pelos consumidores” (ob. cit. p.
1.296).
O saudoso Mestre Gama Cerqueira afirmava em sua consagrada obra
que somente haveria crime se o agente fosse também produtor.
Aqui ousamos discordar, com a devida vênia, do insuperável mestre.
Quer nos parecer, que essa não foi a intenção do legislador infraconstitucio-
nal ao editar o dito preceito.
Entendemos que a utilização da expressão “em produto de outrem” não
implica, obrigatoriamente, a necessidade de o agente ser produtor, não se
tratando de uma qualidade especial do agente, para a configuração do delito.
399
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
400
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
ção, por seu turno é o “ato que distingue, diferencia, entre seus pares ou
similares” (ob. cit. p. 153).
Prática bastante comum — onde os titulares de prêmios ou recompensas
deles se utilizam por meio de propaganda para recomendar ao público a
qualidade de seus produtos ou serviços — pode causar por parte do concor-
rente desleal atos com o objetivo de angariar clientela alheia, por intermédio
de chamariz inexistente ou não verídico.
Aliás, tal norma não visa apenas atingir a relação de concorrência entre os
comerciantes, industriais. Está intrinsecamente relacionada com a tutela das
relações de consumo à medida que o consumidor também é afetado substan-
cialmente (como na maioria dos casos de concorrência desleal) por ser atraí-
do por “título” (entenda-se recompensa ou distinção) ostentado indevida-
mente, o que incrementa e potencializa significativamente o poderio do con-
corrente desleal, seja comercial ou industrial, em detrimento de seus concor-
rentes (aqui configurando a concorrência desleal).
Aliás, subsidiariamente, pode-se invocar o próprio Código de Defesa do
Consumidor, que em seu art. 67, condena a prática de propaganda enganosa
ou abusiva, cujo tipo objetivo se enquadra também na conduta daquele que
pratica o delito descrito nesse inciso, sendo, portanto, possível inclusive a
caracterização do concurso formal.
Excluiu a nova Lei, entretanto, as expressões “de indústria, comércio ou
ofício”. Em nossa opinião, tal exclusão se dá simplesmente pelo fato de a
falsa atribuição poder ocorrer em qualquer área.
Casos típicos de inverídica auto-atribuição são a reprodução de meda-
lhas em garrafas de bebidas e azeite ou ainda por meio da utilização de
expressões como “escolhidos”, “consagrados pela preferência”, “carro do
ano” etc. (Celso Delmanto in ob. cit. p. 149).
Ainda, de acordo com Delmanto, o concorrente desleal que comete esse
tipo de crime pode se referir àquele que:
O agente de tal crime será o concorrente desleal que tenha feito uma
auto-atribuição inverídica. Os sujeitos passivos, por seu turno, serão tanto o
titular da distinção ou recompensa ou, ainda, quaisquer outros que tenham
com o concorrente desleal uma relação de concorrência.
401
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
Por sua vez, o inciso VIII, do art. 195 também repete quase que integral-
mente o disposto pela Lei anterior (art. 178, VIII).
Uma excelente análise do crime previsto no artigo mencionado é, sem
dúvida, feita por Celso Delmanto. Diz com bastante acerto esse grande tra-
tadista à página 161 de sua obra Crimes de Concorrência Desleal (Ed. da
USP, 1975), que na norma ora debatida que, como dito, quase que total-
mente reproduzida pelo legislador da Lei nº 9.279/96, encontram-se incluí-
das duas formas de concorrência desleal, sendo que ambas têm em comum o
uso de recipiente ou invólucro de outrem, que não o do agente criminoso.
Segundo os ensinamentos daquele especialista, o crime ora sob análise, equi-
vale, em última análise ao preenchimento (remplissage, refil).
Nesse passo, ainda segundo aquele mestre a norma em foco comporta
dois crimes, senão, vejamos:
Na primeira hipótese, o concorrente desleal vende ou expõe à venda, na
embalagem de outrem, produto adulterado ou falsificado que, por sua vez,
pode pertencer a qualquer pessoa, inclusive ao verdadeiro e legítimo criador
da embalagem. Nesse caso, o conteúdo da embalagem é, necessariamente,
adulterado ou falsificado.
Note-se que se entende por invólucro, tudo aquilo que é utilizado para
envolver e, por embalagem qualquer dispositivo acondicionador do produto,
dentro do contexto citado, uma vez que os mesmos devem ser utilizados no
mercado de tal forma e constância que o consumidor comum os associe
imediatamente ao produto neles contidos e, por conseqüência, à sua origem.
De se lembrar que se no invólucro ou embalagem, que contém o produto
adulterado ou falsificado pelo agente criminoso, constar marca registrada de
terceiro, estar-se-á, também, cometendo o crime previsto no art. 190 da Lei
em vigor.
Tamanha é a necessidade de se coibir a pratica dos crimes sob comento
que, no caso dos produtos alimentícios, farmacêuticos, saneantes e afins, foi
promulgada a Lei nº 9.677, de 2 de julho de 1998, alterando os dispositivos
já constantes do Código Penal, equiparando-os aos crimes hediondos, com
previsão de pena de reclusão, que varia de dez a 15 anos, além de multa,
senão vejamos:
402
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
Parágrafo 1º. Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à
venda, tem em depósito para vender, ou, de qualquer forma, distribui ou
entrega a consumo o produto falsificado corrompido, adulterado
Por sua vez, o art. 275 do Código Penal, sobre o invólucro ou recipiente
com falsa indicação estabelece que:
403
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
que, de algum modo, estejam ligadas por circunstâncias várias. Quando isso
ocorre, estamos diante do chamado concurso de crimes (concursus delicto-
rum), que dá origem ao concurso de penas”.
Ainda, segundo Mirabete, há vários sistemas teóricos para a aplicação da
pena nas diversas formas de concursos de crimes. O primeiro deles refere-se
ao cúmulo material, segundo o qual recomenda-se a soma das penas de cada
delito que compõe o concurso.
O segundo, refere-se ao cúmulo jurídico, de acordo com o qual a pena a
ser aplicada deve ser mais grave do que a cominada para cada delito cometi-
do, sem que as mesmas sejam somadas.
O terceiro sistema é o da absorção, onde só se aplica a pena do delito
mais grave, excluindo-se os demais.
O último sistema, o da exasperação, é aquele em que se aplica a pena do
delito mais grave, aumentada de certa quantidade a sanção em decorrência
dos outros crimes.
A grande crítica ao sistema da absorção, adotado pelo legislador, é o fato
de que o mesmo deixa impune a prática de vários crimes.
404
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
A atual legislação, agrupou os dois tipos penais num mesmo inciso, sem
no entanto descaracterizar o ensinamento acima. Neste passo, apesar da
substituição do “nomen juris” “segredo de fábrica ou negócio” por “informa-
ções ou dados confidenciais utilizáveis na indústria no comércio ou prestação
de serviços” a norma penal não sofreu qualquer modificação.
O sujeito ativo do crime em questão (autor do delito) “só pode ser
quem, por suas relações de serviço contratual, divulga, explora ou utiliza
segredo de fábrica ou negócio, que por tais circunstâncias especiais lhe foi
confiado ou veio a ter conhecimento. Devemos incluir todas as relações
derivadas do contrato de trabalho, de prestação de serviços, que por dever de
lealdade e fidelidade obrigam à custódia do silêncio495“
Por outro lado, pode-se dizer que o sujeito passivo direto é o titular do
segredo juridicamente tutelado, podendo-se destacar o industrial ou comer-
ciante. Indiretamente, o sujeito passivo passa a ser o público consumidor do
produto ou serviço que se utilize das informações ou dados confidenciais
violados.
A ação típica consiste em divulgar, explorar ou utilizar segredo de fábrica
ou negócio, sendo tais práticas imputadas diretamente ao empregado do
titular do direito jurídico violado.
Importante frisar que “qualquer que seja a forma ou meio empregado
para revelar o segredo, é essencial que um terceiro venha a conhecer os
segredos de fábrica e de negócio de seu titular. É necessário que o destinatá-
rio da comunicação tenha condições de transmitir o conhecimento, ainda
que não o compreenda ou seja incapacitado para pôr em ação o objeto do
segredo. Não se requer que o destinatário da comunicação seja pessoa deter-
495 COSTA, Álvaro Mayrink, Direito Penal — Parte Especial. 5ª ed. Rio de Janeiro. Ed. Forense,
2001. p. 1.306.
406
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 195
496 FERNADES, Miguel Bajo, Derecho penal económico aplicado a la actividad empresarial,
Madrid, 1978. p. 306.
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409
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Capítulo VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
410
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 197
Nos termos do inciso II do art. 196, o juiz poderá aumentar a pena a ser
aplicada ao agente, se a infração tiver sido contra marcas de alto renome,
notoriamente conhecida, de certificação ou coletiva, definidas nos arts. 125,
126, 123, incisos II e III desta Lei, respectivamente.
Para os fins deste artigo, entende-se por Marcas de Alto Renome aquelas
previstas no art. 125, desta Lei, merecedoras que são de proteção em todas
as classes de produtos ou serviços.
Marcas Notoriamente Conhecidas, previstas no art. 126 desta Lei, são
aquelas dotadas igualmente de alto grau de conhecimento, porém restrito ao
segmento de mercado dos produtos e/ou serviços que identifica.
Marcas de Certificação, conceituada no art. 123, inciso II, são aquelas
usadas para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determi-
nadas normas técnicas, principalmente no que se refere à qualidade e natu-
reza do material utilizado e metodologia empregada.
Marca Coletiva, por seu turno, é aquela prevista no art. 123, inciso III,
destinada a identificar produtos ou serviços oriundos de membros de uma
mesma entidade (ex.: marca de uma cooperativa).
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 198
412
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 198
497 Entende-se por “Autoridade Alfandegárias” os agentes da Secretaria da Receita Federal que
operam nas áreas fronteiriças, portos e aeroportos. Sua definição pode ser obtida pela combina-
ção do art. 14 do Decreto nº 91.030/85 e dos arts. 1º e 2º da Lei nº 9.003/95:
Art. 14. A estrutura dos serviços aduaneiros, bem como a fixação de jurisdição territorial e a
distribuição da competência dos órgãos aduaneiros ou das unidades da Secretaria da Receita
Federal, de qualquer nível, com atribuições em matéria aduaneira, serão reguladas pelo Ministé-
rio da Fazenda.
Art. 1º. A Secretaria da Receita Federal, órgão central de direção superior de atividade
específica do Ministério da Fazenda, diretamente subordinada ao Ministro de Estado, tem por
finalidade a administração tributária da União.
Art. 2º. Constituem área de competência da Secretaria da Receita Federal os assuntos
relativos à política e administração tributária e aduaneira, à fiscalização e arrecadação de tributos
e contribuições, bem assim os previstos em legislação específica.
498 Como interessado entende-se o proprietário da marca falsificada, alterada ou imitada ou de
marca que tenha sido alvo de falsa indicação de procedência. Sobre tal conceito, vale observar a
regra contida no item 2, do art. 10, da CUP, que assim dispõe: Art. 10 — 2) Será, em qualquer
caso, reconhecido como parte interessada, quer seja pessoa física ou jurídica, o produtor, fabri-
cante ou comerciante empenhado na produção, fabricação ou comércio desse produto e estabe-
lecido quer na localidade falsamente indicada como lugar de procedência, quer na região em que
essa localidade estiver situada, quer no país falsamente indicado ou no país em que se fizer uso da
falsa indicação de procedência.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 198
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 199
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499 Um acórdão unânime da 5ª. Turma do STJ, proferido nos autos do Habeas Corpus no.
12.815-SP., julgou que “ a não inclusão na queixa, dentro do prazo decadencial de todos os
co-réus — embora possível — importa em renúncia tácita do direito de ação quanto aos excluí-
dos. Por força do princípio da indivisibilidade da ação penal (art. 49 CPP), deve tal renúncia
produzir efeitos em relação aos demais possíveis autores do crime. Nos crimes contra a proprie-
dade imaterial o prazo do artigo 529 do CPP prepondera, por ser específico, sobre o disposto nos
artigos 38 do CPP e 103 do CP (DJ-1, 19/11/2001, pág. 293).
500 Em acórdão unânime da 14ª. Câmara do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo, proferido no Habeas Corpus no. 323.628/6, o entendimento de que nos crimes contra a
propriedade imaterial, o prazo para o oferecimento de queixa-crime é de 30 dias, contados a
partir da intimação ao ofendido da homologação do laudo pericial, sob pena de decadência, nos
termos do artigo 529 do CPP, que é especial e prevalece em relação à norma geral do artigo 38,
também do CPP (RT, 758/557-559, dezembro 1998).
416
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 201
Isso quer dizer que, além das diligências preliminares de busca e apreen-
são (nos casos de crimes classificados dentre aqueles que deixam vestígios),
previstas nos arts. 527 e seguintes do Código de Processo Penal, poderá o
titular do direito violado requerer ao juiz que aplique, de forma suplementar,
as modificações introduzidas na Lei nº 9.279/96501.
Apesar de a Lei de Propriedade Industrial abranger matérias de Direito
substantivo e adjetivo das esferas cível e penal e, ainda, diante de sua posição
no quadro de hierarquia de leis, que possibilitaria a revogação dos artigos
compreendidos no Código de Processo Penal (pela aplicação do princípio lex
posteriori derogat priori), ainda assim, nenhum artigo daquele diploma legal
restou revogado pela Lei nº 9.279/96.
Se criadas modificações aos dispositivos legais do Código de Processo
Penal, tais modificações, no entanto, não se prestam a revogar o disposto nos
arts. 527 e seguintes daquele diploma legal. Sua previsão tem por escopo
tão-somente adicionar um novo procedimento em complementação aos refe-
ridos artigos, visando modernizar e adaptar os procedimentos até então apli-
cados ao novo contexto dos crimes contra a propriedade industrial502.
Exemplo disso seria a modificação introduzida no art. 202 da Lei nº
9.279/96, que, conforme adiante restará demonstrado, complementa de for-
ma inovadora a abrangência da apreensão nos casos de crimes contra a pro-
priedade industrial classificados dentre aqueles que deixam vestígios.Art. 201
Art. 201 — Na diligência de busca e apreensão, em crime contra a
patente que tenha por objeto a invenção de processo, o oficial do juízo
será acompanhado por perito, que verificará, preliminarmente, a exis-
501 Isso, pois, as diligências preliminares de busca e apreensão de que tratam os arts. 527 e
seguintes do CPP, de acordo com a doutrina e jurisprudência predominantes, têm por escopo
tão-somente a apreensão de exemplares dos produtos contrafeitos para a formação do corpo de
delito (nos casos específicos de crimes contra a propriedade industrial que estejam classificados
dentre aqueles que deixam vestígios). Tal abrangência é, pois, diametralmente oposta àquela
instituída pelo art. 202 e incisos, que permite a apreensão não só de exemplares, mas também de
toda a produção criminosa.
502 Sobre o tema, Lélio Denícoli Schmidt, em artigo publicado na Revista da ABPI, nº 43, de
1999 (A Busca e Apreensão nos Crimes Contra a Propriedade Industrial: Requisitos para a
Concessão e Responsabilidade pela Execução, nº 2.5, p. 32 e 33), assim aborda o tema: “No caso
de eventual antinomia de normas, a Lei 9.279/96, a exemplo do que já ocorria com o DL
7.093/45, prevalece sobre o CPP, por ser mais especial e posterior em relação a ele.” A própria
Lei destaca isto, lendo-se no art. 200 da LPI que “a ação penal e as diligências preliminares de
busca e apreensão, nos crimes contra a propriedade industrial, regulam-se pelo disposto no
Código de Processo Penal, com as modificações constantes dos artigos deste Capítulo”. O mesmo
já dispunha o art. 182 do DL 7.093/45. A parte final destas normas não deixa dúvidas quanto à
prevalência das mesmas em relação ao CPP. É importante compreender este aspecto, pois tanto
o DL 7.903/45 quanto a Lei de Propriedade Industrial deram à busca e apreensão funções mais
amplas do que a originalmente contemplada pelo CPP, procurando não só caracterizar a materia-
lização do delito, mas também e sobretudo impedir a sua continuidade.”
417
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 202
503 A antiga redação do art. 184, do DL 7.903/45 previa a destruição da marca falsificada ou
imitada, antes de ser despachada nas repartições públicas. Na concepção do antigo legislador, tal
momento significava a fase mais crítica à qual deveria anteceder a destruição da mercadoria
418
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 202
contrafeita. A nova redação da LPI confere mais atualidade ao procedimento, quando institui
como sendo o momento mais adequado para tal destruição aquele que antecede a sua distribui-
ção.
419
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 202
do, ficando, pois, saliente que a apreensão será efetivada na sede industrial
da empresa e ali serão apreendidos todos os exemplares ilícitos.
Sobre esse ponto, nem se venha argumentar que não houve comando
expresso da Lei para tanto. Se o dispositivo trata de normas procedimentais
alternativas, obviamente que tais normas não possuem a mesma limitação
das diligências preliminares do Código de Processo Penal, pois se assim o
fosse, estar-se-ia diante de caso de duplicidade de normas com objetivo idên-
tico. Afinal, lex prospicit, non respicit.
Além disso, a permissão legal para apreensão de marca falsificada, alte-
rada ou imitada, onde quer que seja encontrada, se contrapõe ao caráter
restrito da medida preparatória de busca e apreensão, na qual, via de regra,
somente se processa no local indicado pelo requerente. Tal permissivo legal
garante ao titular do direito a possibilidade de proceder à apreensão da marca
falsificada, alterada ou imitada, também, nos demais locais em que essa pos-
sa ser encontrada (loja de fábrica, depósito, distribuidor, gráfica, entre ou-
tros), ficando, pois, evidente a intenção do legislador em autorizar o caráter
itinerante do mandado de busca e apreensão.
Sobre a possibilidade de apreensão da marca falsificada, alterada ou imi-
tada, antes de utilizada para fins criminosos, é importante asseverar que tal
locução permite ao titular do direito requerer ao juiz a apreensão de todos os
elementos utilizados no crime, antes que este se consume.
Conforme anteriormente frisado, a apreensão da totalidade dos produ-
tos contrafeitos tem por fim retirá-los definitivamente de circulação, impe-
dindo a continuidade da infração, bem como evitando que o próprio contra-
fator possa estar incurso novamente no mesmo crime. Assim, portanto, tal
artigo traduz a intenção do Estado em impedir a perpetuação de tais crimes,
por intermédio do emprego de meios eficazes para coibir o infrator a cessar
de uma vez por todas a prática delituosa, evitando, deste modo, um novo
julgamento e a nova condenação do infrator (delictum iteratum gravius est).
A grande justificativa para tal abrangência da norma contida no art. 202
remonta ao fato de que cada exemplar de produto contrafeito ou falsificado
constitui, só por si, uma ilicitude própria e independente das demais, de tal
maneira que a apreensão parcial dos produtos contrafeitos significaria a con-
tinuidade da infração, já que a sua cessação somente ocorreria em relação a
alguns exemplares de um todo correspondente à produção ilícita504.
504 A maior abrangência na apreensão criminal de produtos contrafeitos, que permita a apreen-
são de toda a produção fraudulenta é compartilhada por José Carlos Tinoco Soares (Código da
Propriedade Industrial — Comentários à Lei 5.772/71 e ao DL 7.903/45, nº 279, p. 297, Ed.
Resenha Tributária, 1974, Hermano Duval (Concorrência Desleal, nºs 47 a 49, pp. 419 a 425, Ed.
Saraiva, 1976) e Lélio Denícoli Schmidt (A Busca e Apreensão nos Crimes Contra a Propriedade
Industrial: Requisitos para a Concessão e Responsabilidade pela Execução, nº 2.5, pp. 32 e 33,
Revista da Propriedade Industrial nº 43, 1999).
420
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 202
505 Neste sentido: Julio Fabrini Mirabete (Código de Processo Penal Interpretado, p. 603, Ed.
Atlas, 1995), J. Frederico Marques (Elementos do Direito Processual Penal, vol. III, n. 857, p.
319) e E. Magalhãs Noronha (Curso de Direito Processual Penal nº 165, p. 305, Ed. Saraiva,
1979)
506 Sobre tal ponto, conveniente frisar que o mesmo art 6º, inciso VII, do Código de Processo
Penal, ordena que a Polícia Judiciária deverá determinar o exame de corpo de delito ou quaisquer
outras perícias, caso seja necessário. Tal dispositivo evidencia de forma cristalina que a realização
de perícia em sede de inquérito policial, nos casos de crimes contra a propriedade industrial são
plenamente cabíveis, já que constituem procedimentos comuns no âmbito da Polícia Judiciária.
421
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 203
507 Sobre o tema, e Lélio Denícoli Schmidt (A Busca e Apreensão nos Crimes Contra a Proprie-
dade Industrial: Requisitos para a Concessão e Responsabilidade pela Execução, nº 2.5, p. 32,
Revista da Propriedade Industrial nº 43, 1999) assim entende: “Embora o artigo 202 da LPI aluda
apenas a marca falsificada, o mesmo procedimento há de ter lugar nos casos de violação de
patente, por analogia, que como já visto em matéria de processo penal é expressamente admitida
(art. 3º do CPP).”
422
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 204
o artigo sob exame somente impede que o juiz ordene a paralisação de ativi-
dades licitamente exercidas pelo referido agente.
Dessa forma, o suposto agente do dano não sofreria uma abusiva busca e
apreensão de produtos que não estivessem enquadrados entre aqueles, obje-
to da infração, mantendo seu comércio/indústria em funcionamento, restan-
do ao juiz ordenar, apenas, a cessação do exercício das atividades causadoras
da diligência de busca e apreensão.
423
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 205
424
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 206
425
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 206
Art. 39.
§3º. A ação civil proposta com base em violação dos direitos relativos à
propriedade intelectual sobre programas de computador, correrá em se-
gredo de justiça.
Título II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Capítulo I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS
E COLETIVOS
426
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 206
(...) “Ocorre, entretanto, que, agindo da maneira por que o fez, evocou
inteiramente para si a definição destas hipóteses excepcionadoras. Há,
aqui, portanto, uma reserva constitucional. No Código de Processo Ci-
vil, todavia, vamos encontrar algumas ressalvas que, ao menos ao primei-
ro súbito de vista, não se acomodam facilmente aos dois permissivos
constitucionais para segredo de justiça.
E é bom que se diga que no fundo estarão com boa dose de razão os que
assim pensarem. E que nada obstante estas medidas estarem voltadas à
proteção de interesses particulares, não é menos certo, todavia, que está
presente por detrás da preservação de sua eficácia o próprio interesse na
manutenção da eficiência da jurisdição. De fato, não é fácil imaginar-se
que a publicitação de medidas de sorte que estamos cuidando só poderá
levar a uma precipitação da dilatação dos bens pelo devedor, o que,
visualizando sob a ótica de um interesse mais amplo da coletividade, só
427
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 206
Portanto sem se negar que as portas estejam abertas para uma eventual
polêmica, o interesse social a que se refere a Constituição pode ser de-
tectado na espécie, desde que não se encare o tema à luz do direito
material protegido, mas sim sob a ótica da própria eficácia da jurisdição,
que é, sem dúvida um interesse social de alta relevância. “ (Comentários
a Constituição do Brasil de 1988, 2º vol., arts. 5 a 17, Editora Saraiva,
pp. 287 e 288)
(...)
428
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 207
429
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 207
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 207
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 208
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434
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 209
Por fim, vale repisar não ser lógico restringir a indenização no campo da
propriedade industrial apenas à hipótese prevista no art. 208. Isso porque,
como já comentado, a reparação civil decorrente da violação dos direitos de
propriedade industrial e dos atos de concorrência desleal compreende as
perdas e danos, os lucros cessantes e os danos morais. Concluindo: o art. 208
poderia ter sido facilmente suprimido da Lei de Propriedade Industrial, sem
qualquer prejuízo material, já que seu texto, além de ser impreciso, foi re-
produzido na íntegra no inciso I do art. 210 da mesma Lei.
435
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 209
508 A 3ª. Turma do STJ., em decisão unânime proferida nos autos do recurso especial no.
70.015-SP., fixou que “o criador de modelo industrial não protegido, não pode opor-se ao seu uso
por terceiro” sob alegação de prática de concorrência desleal. Acrescenta, ainda, o acórdão, que
“a concorrência desleal supõe o objetivo e a potencialidade de criar-se confusão quanto à origem
do produto, desviando-se clientela” (RSTJ, 97/195-8, setembro 1997).
436
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 209
gislação civil em vigor, como, aliás, autorizado pelo próprio art. 207 da Lei de
Propriedade Industrial.
437
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 209
Com efeito, ainda que o autor qualifique o seu pedido como sendo um
“pedido de tutela antecipada”, pode ocorrer que o requerimento tenha índo-
le substancialmente cautelar, e mesmo assim deverá ser analisado pelo ma-
gistrado, à luz do princípio da fungibilidade, da economia processual e da
instrumentalidade das formas.
Se a finalidade das medidas de natureza cautelar é garantir a possibilida-
de de eficácia da providência jurisdicional final, elas existem justamente para
ensejar a aplicabilidade plena do princípio constitucional da inafastabilidade
jurisdicional. Sem dúvida, qualquer restrição à concessão de medidas dessa
natureza esbarra na própria Constituição Federal, comprometendo, por vias
transversas, o próprio direito material em jogo.
Como se vê, ganha especial importância o consagrado princípio da fungi-
bilidade. A partir de agora, nos casos onde a parte formula pedido de anteci-
pação de tutela com evidente índole cautelar e vice-versa, o magistrado não
poderá deixar de observar o standard jurídico que disciplina que as razões de
ordem formal não podem criar obstáculos para que a parte obtenha a seu
favor provimento cujo sentido e função sejam o de gerar condições à plena
eficácia da providência jurisdicional pleiteada.
Na lição do doutrinador Eduardo Talamini, (In, Tutela Relativa aos De-
veres de Fazer e de Não Fazer, ed. RT, ano 2001, pp. 366/368), “nesses
casos, em que há disputa séria e objetivamente exteriorizada acerca da natu-
reza da medida de urgência, parece ser o caso de o juiz, ainda que pessoal-
mente convencido de que a via adequada era outra que não a adotada pelo
requerente, relevar esse aspecto formal e passar à análise dos demais requisi-
tos para a concessão da providência. Os princípios que norteiam tal solução
são os mesmos que dão suporte à teoria da fungibilidade em matérias de
recursos (efetividade da tutela, instrumentalidade das formas, economia
processual, proteção à boa-fé). Desse modo, em certos casos, possibilitar-se-
á a antecipação da tutela, apesar de ter sido requerida mediante a instauração
de um autônomo processo cautelar, bem como em situações excepcionais,
será viável a concessão da tutela meramente conservativa no bojo do próprio
processo principal, a despeito de não se tratar de uma das hipóteses em que
isso é expressamente autorizado pela lei. Não se trata de fazer tábula rasa da
disciplina positiva, que distingue claramente a via de requerimento e obten-
ção de duas tutelas de urgência. Se a lei existe e não padece de nenhum
defeito de constitucionalidade, cumpre observá-la, ainda que se discorde da
opção feita pelo legislador. Por isso, a fungibilidade entre as duas vias de
pleito e concessão de tutelas de urgência deve ficar restrita aos casos; a) de
dúvida objetiva acerca da natureza da medida, tal como acima delineado; b)
ou de extrema urgência na concessão da providência para afastar dano gra-
ve.”
Ou seja, nas zonas de penumbra, deverá sempre se decidir em favor dos
valores fundamentais. A tendência que já existia, no que tange à fungibilida-
de de medidas que têm a urgência como pressuposto, sob o risco de ineficá-
438
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 209
439
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 209
enquanto que o art. 209 da Lei nº 9.279/96 trata das ações indenizatórias no
âmbito da propriedade industrial.
Cumpre ainda ressaltar que o §1º, do art. 209 da Lei de Propriedade
Industrial não exige a comprovação da “verossimilhança”, mas tão-somente
de dano irreparável ou de difícil reparação, cumulado com a mera “fumaça
do bom Direito”, sendo que o §2º é silente quanto aos requisitos para a
concessão da busca e apreensão.
Com efeito, as duas tutelas previstas no art. 209 têm por escopo, exata-
mente, impedir a continuidade do ato violador até o julgamento do mérito da
ação indenizatória e apreender mercadorias contendo ilicitamente marca re-
produzida ou imitada de propriedade de outrem, liminarmente.
Visa-se à proteção da marca, do invento ou do direito autoral, não se
exigindo a demonstração da probabilidade do dano, mas somente a configu-
ração do perigo da prática de ato provavelmente contrário ao Direito.
Assim, nada impede que o autor busque, além do ressarcimento pelas
perdas e danos causados pelo ato de violação de direitos de propriedade
industrial e atos de concorrência desleal, uma ordem liminar para que o réu
interrompa os atos ilícitos que vem praticando.
A própria Lei da Propriedade Industrial abre oportunidade para a tutela
adequada dos direitos por ela protegidos, ao dispor, no seu art. 207, que,
“Independente da ação criminal, o prejudicado poderá intentar as ações cí-
veis que considerar cabíveis na forma do Código de Processo Civil”.
Por fim, cumpre destacar que as tutelas previstas nos dois parágrafos do
art. 209, por serem de caráter de extrema urgência, devem ser analisadas
pelo magistrado, liminarmente e inaudita altera parte, com base nos requisi-
tos legais da aparência do bom Direito e do perigo na demora da prestação
jurisdicional. Do contrário, seria um enorme contra-senso agraciar, v.g, o
violador de uma marca registrada, com a abertura prévia do contraditório,
pois, no momento que o mesmo tomasse conhecimento da existência de um
pedido liminar para buscar e apreender seus produtos contrafeitos, com toda
certeza iria procurar ocultá-los ou comercializá-los rapidamente, o que invia-
bilizaria, por completo, a efetividade da tutela de remoção do ilícito. Em
hipótese alguma estaria o magistrado, nesse caso, ferindo os princípios cons-
titucionais da ampla defesa e do due process of law, já que o próprio legislador
inseriu a expressão “liminarmente” no corpo do art. 209. Cabe ao juiz verifi-
car a presença dos pressupostos para a concessão liminar das tutelas requeri-
das na ação e, se entender necessário, determinar, ainda, a prestação de
caução em dinheiro ou garantia fidejussória do autor, como previsto no pró-
prio texto legal.
Vale lembrar que o art. 835 do CPC estabelece que o autor, nacional ou
estrangeiro que residir fora do Brasil ou dele se ausentar na pendência da
demanda, prestará, nas ações que intentar, caução suficiente às custas e ho-
norários de advogado da parte contrária, se não tiver no Brasil bens imóveis
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 210
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Título VI
DA TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
E DA FRANQUIA
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
509 Ato Normativo nº 116 — “1. O INPI averbará os contratos de participação nos custos de
pesquisa e desenvolvimento tecnológico que estabeleçam fluxo de tecnologia entre empresas
domiciliadas no país, adiante denominadas receptoras, e centros de pesquisa, ou empresas, com
capacidade de geração de tecnologia, no país ou no exterior, adiante denominadas fornecedoras,
inclusive entre empresas com vinculação societária entre si.
“2. Em contrapartida da participação nos custos do desenvolvimento de pesquisas e tecnolo-
gias, a fornecedora se obriga a fornecer à receptora os resultados das pesquisas que efetuar, ou
tecnologias que vier a desenvolver, inclusive licença plena relacionada a todos os direitos que
porventura venham a incidir sobre tais desenvolvimentos, consoante programa estabelecido de
comum acordo e explicitado no contrato de participação.” (esclarecer de quem são os grifos)
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513 Art. 12. As somas das quantias devidas a título de “royalties” pela exploração de patentes de
invenção, ou uso de marcas de indústria e de comércio e por assistência técnica, científica,
administrativa ou semelhante, poderão ser deduzidas, nas declarações de renda, para o efeito do
art. 37 do Decreto nº 47.373 de 7 de dezembro de 1959, até o limite máximo de cinco por cento
(5%) da receita bruta do produto fabricado ou vendido.
§3º As despesas de assistência técnica, científica, administrativa e semelhantes, somente
poderão ser deduzidas nos cinco primeiros anos do funcionamento da empresa ou da introdução
de processo especial de produção, quando demonstrada sua necessidade, podendo este prazo ser
prorrogado até mais cinco anos, por autorização do Conselho da Superintendência da Moeda e do
Crédito. (grifos nossos).
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514 “4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta de vendas e serviços, diminuída:
a) das vendas canceladas;
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
453
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
• uma via original do contrato ou duas vias autenticadas, que devem ser
acompanhadas de tradução simples para a língua portuguesa quando o
contrato for celebrado em idioma estrangeiro;
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
515 Art. 2º. Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o
direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclu-
siva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de
implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo
franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado
vínculo empregatício.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
517 Acórdão da 5ª Turma do antigo Tribunal Federal de Recursos da 4ª Região, nos autos da
Apelação ao Mandado de Segurança 109.706/RS, publicada no Diário da Justiça de 03.12.1987,
à p. 27450. Ementa: Tributário. Imposto de renda. Dedução. Registro prévio dos contratos de
transferência de assistência técnica no INPI. Empresa domiciliada no território. Descabimento.
RIR/80, Instrução Normativa 005/74. CTN, art. 99. I — Incensurável a r. sentença monocrática
que dispôs que “a simples leitura do disposto pelo art. 126 do Código de Propriedade Industrial,
permite-se verificar que, em tal dispositivo não se cria obrigação alguma de natureza tributária.
Nele se exige, tão só para os fins do art. 2º da Lei nº 5.648/70, o registro dos contratos de
transferência de tecnologia do INPI. Assim, ver-se em tal norma, art. 126 do CPI, uma norma de
natureza tributária, é ir além do que expressamente previu o legislador”, porque as restrições
tocantes à debutibilidade só são cabíveis às empresas domiciliadas no exterior. II — Normas
hierarquicamente inferiores não alcançam disposições de texto hierarquicamente superior.
(RIR/80, Instrução Normativa 005/74, CTN, art. 99). III — Caracterizado o justo receio, impõe-
se a concessão do mandado de segurança. IV — Remessa Oficial e apelação desprovidas.
Acordão: Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas: Decide a
Quinta Turma do Tribunal Federal de Recursos, por unanimidade, negar provimento à apelação
e à remessa oficial, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado. Custas, como de lei. Brasília-DF., em 28 de outu-
bro de 1987 (data do julgamento).
Acórdão da 3ª Turma do antigo Tribunal Federal de Recursos da 4ª Região, nos autos da
Apelação ao Mandado de Segurança 8904163706/SC, publicado no Diário da Justiça d e
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
TABELA 1
GASTOS COM TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA COMPARADOS
COM A IMPORTAÇÃO DE BENS DE CAPITAL E BENS DE CONSUMO
(US$ Milhões)518
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
TABELA 2
GASTOS COM FRANQUIA E ASSISTÊNCIA TÉCNICA
(US$ MILHÕES)519
Pela primeira vez, foi estabelecido prazo para o INPI examinar os contra-
tos submetidos à sua aprovação, com o objetivo de evitar demoras excessivas
durante o processo de averbação.
O prazo de 30 dias foi expressamente fixado na Lei para o INPI se
manifestar sobre pedidos de averbação de contratos.
Contudo, esse prazo se renova a cada apresentação de petição de cum-
primento de exigências durante o processo de averbação, não representando
garantia alguma de que o Certificado de Averbação será emitido nesse pe-
ríodo.
460
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 211
521 Art. 1º O início do prazo previsto no parágrafo único, do art. 211, da Lei nº 9.279/96, será
contado a partir da data da aceitabilidade do efetivo pedido de registro, na Diretoria de Transfe-
rência de Tecnologia — DIRTEC, por intermédio da Seção de Apoio Técnico — SAATEC,
quando receberá numeração sistêmica.
461
462
Título VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Capítulo I
DOS RECURSOS
Contrariamente ao Código de 1971, a LPI introduziu disposições espe-
cíficas relativas aos recursos, em capítulo especialmente criado para discipli-
nar os recursos administrativos cabíveis contra atos e decisões emanados das
autoridades do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Os recursos administrativos, na opinião de Hely Lopes Meireles, “são
um corolário do Estado de Direito e uma prerrogativa de todo administrado
ou servidor atingido por qualquer ato da Administração”. De fato, ao inadmi-
tir decisões únicas e irrecorríveis, o nosso ordenamento jurídico confere se-
gurança às relações jurídicas, atendendo, pois, a uma exigência da índole
humana, que não se conforma com uma única opinião, evitando destarte a
possibilidade de decisões injustas ou ilegais.
Os recursos contra as decisões das autoridades do INPI, assim como
ocorre nos demais órgãos da administração pública, são interpostos volunta-
riamente pelo administrado, por meio de petição escrita, observados os prin-
cípios administrativos da publicidade e do formalismo. Tais recursos são
decididos pelo Presidente da autarquia, em atenção ao princípio do controle
hierárquico, consagrado no Direito Administrativo Brasileiro.
463
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 212
464
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 213
465
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 214, 215 e 216
Capítulo II
DOS ATOS DAS PARTES
Art. 216 — Os atos previstos nesta Lei serão praticados pelas partes
ou por seus procuradores, devidamente qualificados.
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 214, 215 e 216
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 217
522 Ver Atos Normativos nº 127, item 11.1.1.1; nº 129, item 7.1.1.1; nº 131, item 16.3, e
Resolução do INPI nº 75, art. 14.
468
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 218
523 Ver Atos Normativos nº 127, item 12.3, nº 129, item 8.3, e item 15.2 da Resolução nº 083,
de 14.12.2001, que normaliza o processamento dos depósitos de pedidos de registro de marca.
524 Ver Tabela de Retribuição de Serviços do INPI, cujos valores foram instituídos pela Portaria
MDIC nº 59, de 27/05/97.
469
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 219
525 Ver Tabela de Retribuição citada acima e Resolução do INPI nº 052, de 12.05.1997, que
dispõe sobre a redução de valores de retribuições de serviços prestados pelo INPI a ser obtida por
pessoas físicas, microempresas (assim definidas em lei), sociedades ou associações de intuito
não-econômico e órgãos públicos.
526 No caso específico destas duas peças (oposição e recurso), a Tabela de Retribuição de
Valores do INPI em vigor não prevê qualquer isenção.
470
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 220 e 221
Art. 220 — O INPI aproveitará os atos das partes, sempre que pos-
sível, fazendo as exigências cabíveis.
Arts. 220 e 221
Embora os atos das partes sempre devam seguir e conter tudo o que está
estipulado em lei, o INPI deve, sempre que possível, aproveitar o que lhe foi
apresentado e, no caso de ainda restar dúvida, oferecer a possibilidade para
que a parte esclareça e comprove o alegado. Nessa hipótese, o INPI formula-
rá as exigências pertinentes.
Essa norma atende aos princípios da verdade material, princípio básico
do Direito Administrativo, e da fungibilidade dos recursos e o da economia
processual, aplicável, por analogia, ao procedimento administrativo.
Capítulo III
DOS PRAZOS
471
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 220 e 221
Como a lei adjetiva civil, que inspirou o presente capítulo, a LPI também
é silente quanto ao procedimento a ser adotado para a comprovação da justa
causa e quanto ao prazo tal comprovação. O STF, ao dirimir a questão quanto
ao prazo533, entendeu que a comprovação da justa causa deve ser realizada
durante a vigência do prazo ou em até cinco dias após cessado o impedimen-
to, sendo certo que este é o prazo do art. 185 do CPC para a prática de
qualquer ato pela na ausência de preceito legal ou assinação pelo juiz.
Assim, por analogia, pode-se dizer que a comprovação da justa causa
deve ser realizada perante o INPI dentro do prazo do art. 224 da LPI, uma
vez cessado o fato impeditivo. Vencido o prazo do referido artigo, a compro-
vação da justa causa ainda pode ser realizada pela parte, sendo sua admissibi-
lidade um ato discricionário do INPI.
528 Parágrafo único do art. 393 da Lei nº 10.406/2002 (Novo Código Civil Brasileiro), em vigor
desde 11.01.2003, que manteve a redação do parágrafo único do artigo 1.058 do Código Civil
revogado.
529 STJ — 4ª Turma, RESP 285947/RJ, publicado no DJU da 11.06.2001; STJ — 1ª Turma,
RESP 109116/rs, publicado no DJU de 23.06.1997.
530 TAPR — 4ª Câmara, Agravo 132909701, publicado no DO de 07.05.1999.
531 Nota do Art. 183 (Art. 183: 2d) do “Código de Processo Civil e Legislação Processual em
Vigor” de Theotonio Negrão, Ed. Saraiva, 2002, p. 261: “O TJSP considerou causa justa a
‘paralisação da cidade, em face de inundação, impossibilitando a locomoção do advogado’ (JTJ
164/222)”; Ver também Ato Normativo nº 146/99, que dispõe sobre a restituição de prazo, por
motivo de força maior, em decorrência de enchente na cidade de São Paulo.
532 Pontes de Miranda in Comentários ao Código de Processo Civil, Atualização legislativa de
Sérgio Bermudes, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1996, p. 139.
533 STJ — 6ª Turma, Ag. 117-4/SP, publicado no DJU de 13.06.1994.
472
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 220 e 221
Uma vez reconhecida a justa causa, a LPI permite que o INPI fixe novo
prazo para a realização do ato pela parte, desvinculando-se, assim, do prazo
originário, conforme o §2º do artigo anterior. Caso haja omissão do Instituto
quanto ao novo prazo, o limite temporal deve ser guiado pelo art. 224 da LPI.
Por outro lado, deve-se ressaltar que a inércia da parte, sem justa causa,
induz à preclusão do direito de praticar aquele ato, mas não implica prescri-
ção de intentar ações judiciais. Em outras palavras, o decurso de um prazo
administrativo sem manifestação da parte interessada em nada prejudica a
revisão judicial de um ato do INPI, em observância ao preceito do art. 5º,
XXXV534, da Constituição da Federal de 1988.
Outro ponto que deve ser ressaltado é que a Constituição Federal, den-
tre os princípios fundamentais, prevê o direito de petição para a defesa de
direito ou contra a ilegalidade ou abuso de poder, conforme disposto no art.
5º, inciso XXXIV, alínea “a”. Adiante, no art. 37, caput, a Lex Legum estabe-
lece que a administração pública deve obedecer, dentre outros, ao princípio
da eficiência, ou seja, deve fazer uso dos recursos necessários para obter
máxima qualidade na execução de suas funções.
A interpretação sistemática dos dispositivos mencionados leva a crer
que, uma vez iminente o perigo de o INPI praticar ato ilegal, nada impede
que a parte peticione àquele Instituto alertando para a possibilidade ou prob-
abilidade de erro, a fim de formar um perfeito juízo de convicção do exami-
nador e consagrar, em sua plenitude, o princípio constitucional anteriormen-
te destacado.
Neste sentido, ainda que, por exemplo, expirado um prazo para a apre-
sentação de uma oposição a um pedido de registro de marca, pode a parte
interessada oferecer ao INPI uma petição que dê subsídios ao examinador
para melhor avaliar as circunstâncias do caso. A extinção do direito de ofere-
cer a peça de oposição não implica adequação do pedido de registro aos
ditames legais e, por conseguinte, legítima é a manifestação de qualquer
interessado contra iminente ato ilegal de órgão da administração pública,
qual seja, a concessão de um registro em desacordo com a LPI.
No que tange ao assunto, Carvalho Filho535 comenta:
534 Art. 5º (...) XXXV — a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.
535 José dos Santos Carvalho Filho, in Manual de Direito Administrativo, Ed. Lumen Juris, Rio
de Janeiro, 1999, p. 665.
473
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 222, 223 e 224
536 Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do come-
ço e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973).
§1º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado
ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973) I — for determinado o
fechamento do fórum; II — o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
474
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 225
Capítulo IV
DA PRESCRIÇÃO
475
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 225
O direito de propriedade, como óbvio, recai sobre a res e não sobre uma
outra pessoa, como ocorre com os direitos obrigacionais. Nestes, ainda
que a relação jurídica tenha sobre objeto uma coisa, como, verbi gratia,
na compra e venda (...), não há a ocorrência de um ius in re, senão,
apenas uma obrigação a vincular as partes contratantes.
476
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 225
477
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 226
Capítulo V
DOS ATOS DO INPI
478
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 227
Art. 227
Capítulo VI
DAS CLASSIFICAÇÕES
479
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 227
480
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 227
Cabe observar que as classificações, tanto das patentes quanto dos dese-
nhos industriais e das marcas, têm também por objetivo a ordenação dos
processos para facilitar buscas referentes a direitos anteriores, mas não têm
a função de determinar possíveis conflitos que muitas vezes transcendem os
limites estabelecidos pelas referidas classificações.
Aliás, tanto a classificação não constitui critério conclusivo para aferição
de violação de direitos de terceiros, que a própria Lei de Propriedade Indus-
trial, ao proibir, em seu art. 124, inciso XIX, o registro de sinal suscetível de
confusão com marca registrada de terceiro, fala de produto ou serviço idên-
tico, afim ou semelhante, e não de produto ou serviço enquadrado em deter-
minada classe. Portanto, o princípio da especialidade das marcas define-se
em função da natureza dos produtos ou serviços e não em função da classe a
que se destinem os sinais. Essa é, cabe anotar, a posição atual do INPI. O
órgão, no passado, via a classificação como parâmetro para aplicação do prin-
cípio da especialidade, mas, no decorrer do tempo, mudou substancialmente
a sua postura e, já há muitos anos, acolhe impugnações fundadas em direitos
sobre sinal registrado em classe diversa daquela objeto do requerimento im-
pugnado, desde que convencido de que os produtos ou serviços apresentam
relatividade, similaridade ou afinidade de modo a provocar risco de confusão
ou associação. Assim também tem agido o Judiciário538, entendendo que a
classificação tem finalidade puramente administrativa, não podendo consti-
tuir elemento definidor de colidência, até porque as marcas distinguem pro-
dutos e serviços e não classes.
Passamos agora a tratar especificamente das particularidades de cada
classificação:
538 Ver decisão judicial em ação de rito ordinário nº 2002.5101500887-9, proferida pela 35ª
Vara Federal do Rio de Janeiro, publicada no DORJ-III/ Seç. II, 04.10.2002, p. 120.
539 Base 15/01/2003 — informação obtida em 14/02/2003 no site www.wipo.int.
481
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 227
482
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 228
Capítulo VII
DA RETRIBUIÇÃO
Art. 228 — Para os serviços previstos nesta Lei será cobrada a retri-
buição, cujos (não há como manter a concordância errada) valor e pro-
cesso de recolhimento serão estabelecidos por ato do titular do órgão da
administração pública a que estiver vinculado o INPI.
Art. 228
O INPI, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co-
mércio Exterior tem suas retribuições estabelecidas por meio da Portaria do
Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo nº 59, de 27 de maio de
1997, publicada no Diário Oficial da União, Seção I, de 28 de maio de
1997, data em que entrou em vigor.
483
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 228
484
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 228
485
486
Título VIII
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
487
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 229
(i) o art. 70.2 do Acordo indica que na data de sua aplicação para o
membro em questão, o Acordo gera obrigações com respeito a toda a
matéria existente que esteja protegida naquele membro na citada data,
ou que satisfaça, ou venha posteriormente a satisfazer, os critérios de
proteção estabelecidos neste Acordo;
(iv) o art. 70.8 do Acordo TRIPS claramente indica que, quando um país
membro, na data de entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC,
não conceder proteção patentária a produtos farmacêuticos nem a pro-
dutos químicos para a agricultura em conformidade com as obrigações
previstas no art. 27, deverá a partir da data de aplicação deste Acordo, os
critérios de patenteabilidade ali estabelecidos; e
488
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 229
489
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 229
dos, para todos os efeitos, devendo o INPI publicar a comunicação dos aludi-
dos indeferimentos.
Parágrafo único. Aos pedidos relativos a produtos farmacêuticos e pro-
dutos químicos para a agricultura, que tenham sido depositados entre 1º de
janeiro de 1995 e 14 de maio de 1997, aplicam-se os critérios de patenteabi-
lidade desta Lei, na data efetiva do depósito do pedido no Brasil ou da
prioridade, se houver, assegurando-se a proteção a partir da data da conces-
são da patente, pelo prazo remanescente a contar do dia do depósito no
Brasil, limitado ao prazo previsto no caput do art. 40.” (NR)
“Art. 229-A. Consideram-se indeferidos os pedidos de patentes de pro-
cesso apresentados entre 1º de janeiro de 1995 e 14 de maio de 1997, aos
quais o art. 9º, alínea “c”, da Lei nº 5.772, de 21 de dezembro de 1971, não
conferia proteção, devendo o INPI publicar a comunicação dos aludidos in-
deferimentos.” (NR)
“Art. 229-B. Os pedidos de patentes de produto apresentados entre 1º
de janeiro de 1995 e 14 de maio de 1997, aos quais o art. 9º, alíneas “b” e “c”,
da Lei nº 5.772, de 1971, não conferia proteção e cujos depositantes não
tenham exercido a faculdade prevista nos arts. 230 e 231, serão decididos
até 31 de dezembro de 2004, em conformidade com esta Lei.” (NR)
“Art. 229-C. A concessão de patentes para produtos e processos farma-
cêuticos dependerá da prévia anuência da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVS).” (NR)
O art. 229, como modificado pela Lei nº 10.196, faz distinção entre as
datas efetivas de depósito no Brasil dos pedidos pendentes; rejeita aqueles
com data efetiva de depósito anterior a 1995 (data de ratificação do Acordo
TRIPS) relativos às matérias listadas no artigo onde não foi usada a rota dos
arts. 230 e 231 (via pipeline) e inclui outros dispositivos não constantes de
sua versão original.
Conforme pronunciamento da Associação Brasileira de Propriedade In-
telectual (ABPI) por intermédio da Resolução de 13/01/2000, a Medida
Provisória nº 2.014, da qual deriva a Lei nº 10.196, fere dispositivos consti-
tucionais e contraria disposições do Acordo TRIPS como indicado adiante.
A começar pelo caput do artigo, existe tratamento diferenciado e discri-
minado em relação aos pedidos de patente com datas efetivas de depósito
antes de 1995 e no período de 1995-1997 (data de entrada em vigor da Lei
em sua plenitude). Em se tratando de um dispositivo transitório, pela sua
própria natureza, a norma não seria passível de modificação já que o prazo
inicialmente previsto no art. 229 (possibilidade de depósitos de pedidos de
patente via arts. 230 e 231 da Lei — pipeline) já estava esgotado quando da
publicação da MP nº 2.014. Por outro lado, ao considerar indeferidos os
pedidos de patente anteriores a 1995, haveria uma perda de bem sem o
devido processo legal, violando o que dispõe o inciso LIV do art. 50 da
Constituição Federal.
490
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 229
491
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 229
549 Art. 4 quater — Não poderá ser recusada a concessão de uma patente e não poderá ser uma
patente invalidada em virtude de estar a venda do produto patenteado ou obtido por um processo
patenteado sujeita a restrições ou limitações resultantes da legislação nacional. (concorda com a
venda)
492
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 230
493
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 230
Uma vez publicado o pedido de patente depositado com base neste art.
230, qualquer terceiro interessado pode formalmente apresentar uma oposi-
ção à concessão da patente brasileira com argumentos que comprovem espe-
cificamente o não atendimento ao estabelecido no caput do artigo.
Portanto, durante esta fase de processamento a opoente deve apresentar
argumentos que demonstrem que o objeto da patente requerida já havia sido
efetivamente colocado no mercado pela própria titular antes da data de de-
pósito do pedido brasileiro e/ou que terceiros já haviam realizado sérios e
efetivos preparativos para exploração de tal objeto no Brasil antes da data de
depósito do pedido em questão.
494
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 230
De acordo com o §3º, fica estabelecido que para a concessão das patentes
requeridas de acordo com art. 230 não será realizado exame técnico no que diz
respeito aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
A patente brasileira será concedida se e quando uma patente correspon-
dente for concedida no país onde o primeiro pedido foi depositado e terá o
mesmo escopo de proteção, com exceção das matérias que incidirem nas
proibições previstas nos arts. 10 e 18 da LPI.
Desta forma, se uma patente pipeline foi requerida com base em um
pedido de patente originalmente depositado em um país europeu, por exem-
plo, a patente a ser considerada para efeitos de concessão futura no Brasil
deverá ser uma patente correspondente concedida e válida naquele mesmo
país da Europa. O art. 3º não permite que na situação mencionada se utilize,
por exemplo, uma patente norte-americana ou japonesa mesmo correspon-
dente àquele pedido original.
495
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 231
496
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 232
Observa-se que de acordo com o art. 231, a data-base para efeitos legais
é a data em que a invenção foi divulgada pela primeira vez, tendo em vista
que este artigo refere-se à situação de inventores brasileiros sem nenhuma
patente requerida anteriormente e, portanto, não haveria outras datas con-
cretas a considerar.
Diferentemente do que ocorre com o art. 230 que trata dos casos pipeli-
ne onde há uma patente estrangeira correspondente já concedida, a matéria
contida nos pedidos de patente depositados segundo o art. 231 nunca passa-
ram por qualquer exame, seja de ordem formal ou técnica. Por esse motivo,
tais pedidos de patente serão submetidos ao processamento normal previsto
em lei, com exceção do requisito de novidade que não será considerado de
forma absoluta visto que a matéria da invenção em questão já teria sido
divulgada.
497
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 232
498
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 232
550 Ver comentários aos arts. 40 e 229 quanto à interpretação de que a “data de aplicação” de
TRIPS para o Brasil seria 01.01.1995.
551 Art. 70 — Proteção da Matéria Existente (...)
3. Não haverá obrigação de restabelecer proteção da matéria, que, na data de aplicação deste
Acordo para o Membro em questão, tenha caído no domínio público.
499
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 233
comentado, esse Acordo prevê que um país membro é obrigado a aplicar suas
disposições aos pedidos pendentes na “data de aplicação”. Em princípio, às
patentes concedidas a tais pedidos não convertidos em pipeline não se apli-
cam às restrições de que trata o art. 232 quanto ao uso anterior.
500
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 233
501
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 233
Mandava aquele diploma legal, em seu art. 67, que a notoriedade fosse de-
clarada pelo INPI, após exame dos documentos comprobatórios produzidos
pela parte interessada. A declaração de notoriedade era válida pelo prazo do
registro ao qual se referia, podendo ser prorrogada juntamente com aquele
título, desde que o órgão se convencesse de que o sinal conservava essa
qualidade à época da prorrogação.
Nas disposições da nova Lei, a tutela dos sinais, ora designados marcas de
alto renome, não mais depende de declaração prévia, mas, apenas, da verifi-
cação do fenômeno do renome no momento em que se dá a controvérsia.
Não se cogita mais de declaração anterior por parte do INPI, sendo dispen-
sado este prévio juízo oficial a respeito do seu grau de conhecimento.
O alto renome será reconhecido, assim, incidentalmente, na medida em
que for apresentada alguma medida administrativa ou judicial contra ato
infrator de terceiro, com base no alto renome de uma marca, e o INPI, no
primeiro caso, ou o Poder Judiciário, no segundo, reconhecer este status ao
dar procedência ao pedido de abstenção do uso da marca infratora. Será
conclusiva a percepção do mercado na época em que o alto renome for
invocado para proteção de um direito infringido.
Vale notar que é possível, embora não necessário, propor uma ação judi-
cial declaratória, contra o INPI, com o objetivo específico de obter uma
declaração do alto renome de uma marca.
Importante comentar, ainda, que o INPI está, no momento, cogitando
de instituir um procedimento que permita estender os efeitos do reconheci-
mento do alto renome de um sinal no âmbito de um processo de oposição ou
nulidade administrativa a outros casos similares.
Ademais, embora na maioria dos casos não venha a ser suficiente como
prova isolada, deve-se ressaltar que um registro de declaração de notorieda-
de, ainda que extinto por força do artigo ora comentado, considerando o
disposto no art. 332 do Código de Processo Civil, poderá ser utilizado para
demonstrar o reconhecimento, pelo INPI, em determinada data, do alto
renome de uma marca.
Em vista da inexigibilidade da declaração de notoriedade para o alcance
do reconhecimento do renome de uma marca, entendeu o legislador que não
faria mais sentido assoberbar a autarquia com a apreciação dos pedidos de
declaração pendentes, optando pelo arquivamento dos pedidos em curso.
Pelo princípio constitucional da irretroatividade, a Lei nova não atinge, evi-
dentemente, os registros de notoriedade já concedidos quando do início de
sua vigência, permanecendo eles em vigor pelo prazo restante de proteção.
Em que pesem os acertos do novo dispositivo legal, mais coerente seria,
tanto no caso dos pedidos de declaração de notoriedade, quanto nos pedidos
de registro de expressão de propaganda, que o legislador enfrentasse a análi-
se dos requerimentos efetuados antes da vigência da nova Lei à luz do diplo-
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 234 e 235
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 236
de o depositante se valer dos prazos da nova Lei, quando estes lhe forem mais
benéficos, o que tem sido confirmado pela prática do INPI.
Tal entendimento foi corroborado em decisão proferida pela Exmª. Juíza
da 21ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, Liliane do Espírito
Santo Roriz de Almeida, em que afirma:
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 237 e 238
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 239
atos até então praticados. Somente os atos posteriores à Lei nova se regularão
conforme os preceitos desta.
Hipótese semelhante se verificou, após a entrada em vigor da nova Lei,
nas ações judiciais visando à anulação de registros concedidos sob a égide do
antigo Código da Propriedade Industrial. Nessa hipótese, as ações foram
decididas conforme o que previa a Lei em vigor quando da sua concessão, em
respeito ao princípio lex tempus regit actum.
Foi com muito acerto, portanto, que o legislador, em respeito aos princí-
pios que regem a lei civil no tempo, optou por ordenar que os recursos
interpostos na vigência da Lei antiga fossem julgados de acordo com tais
disposições, reservando a imediata aplicação da Lei nova tão-somente aos
atos subseqüentes ao novo dispositivo legal.
506
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 240
507
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 241 e 242
508
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Arts. 243 e 244
te, retirou o mesmo para reexaminar sua compatibilidade com a atual legis-
lação brasileira.
Na área dos desenhos industriais chegou a ser elaborada um minuta de
Protocolo, que não chegou a ser aprovada pelos quatro países.
Art. 243 — Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação quan-
to às matérias disciplinadas nos arts. 230, 231, 232 e 239, e 1 (um) ano
após sua publicação quanto aos demais artigos.
Arts. 243 e 244
De acordo com este artigo, as únicas disposições que passaram a viger
imediatamente com a publicação da Lei nº 9.279/96 em 15 de maio de 1996
foram aquelas relativas aos pedidos pipeline, isto é, aqueles regidos pelos
arts. 230 e 231, que podiam ser depositados entre 16 de maio de 1996 e 15
de maio de 1997, além das respectivas ressalvas quanto ao uso anterior das
matérias relativas a esses pedidos (art. 232) e as disposições que autorizam o
Poder Executivo a promover as necessárias transformações no INPI, para
assegurar à autarquia autonomia financeira e administrativa. Os demais arti-
gos tornaram-se eficazes a partir de 15 de maio de 1997.
509
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL Art. 244
510
LISTAGEM DAS ABREVIATURAS
511
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
DO Diário Oficial
DPN Domínio de Primeiro Nível ([TLI] — Top Level Domain)
EDA Escritório de Direitos Autorais
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
GATT General Trade and Tariffs Agreement (Acordo Geral de
Comércio e Tarifas)
GTLI) Generic Top Level Domain (Domínio Genérico de Primeiro
Nível)
IBRAC Instituto Brasileiro de Estudos das Relações de Concorrência
e Consumo
ICANN The Internet Corporation for Assigned Names and Numbers
IFIA International Federation of Inventor’s Associations
IIC International Review of Industrial Property and Copyright
INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial
IP Internet Protocol (Protocolo d Internet)
LPI Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96)
MARE Ministério da Administração e da Reforma do Estado
MDIC Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MP Medida Provisória
NIEO New International Economic Order
OGM Organismo Geneticamente Modificado
OHIM Organização para Harmonização Internacional de Marcas
OMC Organização Mundial do Comércio (WTO — World Trade
Organization)
OMPI Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO —
World Intelectual Property Organization)
PatG Patent Gesetz
PC Personal Computer (Computador pessoal)
PCT Patent Cooperation Treaty (Tratado de Cooperação em
Matéria de Patentes)
P&D Pesquisa e Desenvolvimento (R & D — Research and
Development)
PDTA Programa de Desenvolvimento Tecnológico na Agricultura
PDTI Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial
PL Projeto de Lei
PLT Patent Law Treaty ( OMPI)
PND Plano Nacional de Desenvolvimento
PROC Procuradoria (INPI)
RESP Recurso Especial
RPI Revista da Propriedade Industrial
RT Revista dos Tribunais
RTJ Revista do Tribunal de Justiça
SLD Second Level Domain (Domínio de Segundo Nível)
512
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
513
514
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL BIBLIOGRAFIA
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LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL BIBLIOGRAFIA
520
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL LEGISLAÇÃO
LEGISLAÇÃO
Brasil
LEGISLAÇÃO
BRASIL ATO NORMATIVO INPI Nº 15. DE 11.09.1975 — Estabelece conceitos
básicos e expede normas, para fins de averbação de contratos de transferência de
tecnologia e correlatos, na forma do Código da Propriedade Industrial (Lei nº
5.772;71).
ATO NORMATIVO INPI Nº 7.002. DE 1980 — Dispões sobre a declaração de
notoriedade de marcas.
ATO NORMATIVO INPI Nº 78, de 17.12.1985 — Dispõe sobre o depósito de
pedidos de privilégio de modelo industrial e de desenho industrial.
ATO NORMATIVO INPI Nº 101, DE 14.06.1989 — Dispõe sobre os documentos
básicos que integram o pedido de privilégio de invenção.
ATO NORMATIVO INPI Nº 104, de 21.12.1989 — Institui a Classificação Nacional
de Modelos e Desenhos Industriais.
ATO NORMATIVO INPI Nº 123, de 04.08.1994 — Institui as Diretrizes de Análise
de Marcas e cria a Comissão de Revisão.
ATO NORMATIVO INPI Nº 127, de 05.03.1997 — Dispõe sobre a aplicação da Lei
de Propriedade Industrial em relação às patentes e certificados de adição de
invenção.
ATO NORMATIVO INPI Nº 129, de 05.03.1997 — Dispõe sobre a aplicação da Lei
de Propriedade Industrial em relação aos registros de desenho industrial.
ATO NORMATIVO INPI Nº 131, de 23.04.1997 — Normaliza os depósitos de
pedidos de registro de marca e seu procedimento.
ATO NORMATIVO INPI Nº 132, de 23.04.1997 — Dispõe sobre a instituição de
formulários para a apresentação de requerimentos na área de marcas.
ATO NORMATIVO INPI Nº 137, de 30.04.1997 — Dispõe transitoriamente sobre
procedimentos relativos à concessão de registros de expressões e de sinais de
propaganda e sobre declaração de notoriedade, bem como suas prorrogações.
ATO NORMATIVO INPI Nº 152, de 09.09.1999 — Dispõe sobre a apresentação de
auxílio voluntário para o exame técnico, em relação a pedidos de patentes e
certificados de adição de invenção.
ATO NORMATIVO INPI Nº 154, de 28.12.1999 — Normaliza os depósitos de
pedido de registro de marca e seu processamento e institui o Manual do Usuário.
CIRCULAR DO BANCO CENTRAL Nº 2.202,de 22.07.1992 — Dispõe sobre
alterações no Regulamento do Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes — Atua-
lização nº 20, Programa Federal de Desregulamentação.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Promulgada em
05.10.1988.
DECRETO Nº 2.682, de 23.09.1875.
DECRETO Nº 3.346, de 14.10.1887 — Estabelece regras para o registro de marcas
de fábrica e de commércio.
DECRETO Nº 16.264, de 19.12.1923 — Cria a Directoria Geral da Propriedade
Industrial.
DECRETO Nº 75.572, de 08.04.1975 — Promulga a Convenção de Paris para prote-
ção da Propriedade Industrial, revisão de Estocolmo, 1967.
521
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL LEGISLAÇÃO
522
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL LEGISLAÇÃO
Exterior
ABPI — Parecer sobre a aplicação do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Proprie-
dade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS).
INPI — Parecer DIRPA Nº 01;97 — Aplicação do art. 70 do acordo TRIPS com
relação às invenções não passíveis de proteção segundo as alíneas ‘b’ e ‘c’ do art.
9º do CPI e extensão do prazo de vigência das patentes.
INPI — Parecer PROC/DICONS — AD Nº 69/93 — Aplicabilidade do item 17 do
art. 65 e art. 89 do CPI em relação a empresas de um mesmo grupo econômico.
MCT — Parecer CONJUR nº 024, de 07.05.99 — Autorização para Remessa de
Material para o Exterior — Universidade Federal do Acre — Of. PR 0130/99,
07.04.99.
STF — SÚMULA Nº 473.
STJ — SÚMULA Nº 142.
STJ — SÚMULA Nº 143.
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Exterior
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Institute of Medicine and National Research Council. Disponível em
http://www.greatachievements.org. Acesso em 11 out 2000.
524
ÍNDICE REMISSIVO
ÍNDICE REMISSIVO
525
LEI DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL ÍNDICE REMISSIVO
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