Fusca & Cia - Ed. 186 - Junho2021

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Editorial

SONHOS REALIZADOS
Nesta edição, temos a oportunidade de contar histórias de sonhos que se tornaram realidade para os
proprietários dos modelos que ilustram as reportagens a seguir. A começar pelo muito bem conser-
vado Karmann Ghia 1964, cujo dono atual sempre teve uma “queda”, desde que um amigo o comprou
zero-quilômetro. Sem sucesso, ele ainda tentou por diversas vezes convencer o amigo a lhe vender
o charmoso esportivo. Mas foi somente em meados da década de 1990, trinta anos após iniciar o
“namoro”, que o destino lhe presenteou com a “conquista” do cobiçado modelo.
Outro que precisou esperar para realizar seus desejos foi um empresário de Ribeirão Preto, que se “apaixonou”
por um besouro oval exposto no Salão do Automóvel de 1992. Disposto a também possuir um exemplar com
essa característica, ele teve de garimpar e resgatar uma velha carroceria, sem motor e câmbio, abandonada
em um fero-velho. E depois aguardar cerca de dez anos até finalmente poder desfilar com o besouro dos
seus sonhos, devidamente restaurado e personalizado na escola Cal-Style.
Já o proprietário do raro Miura 1977 conta que durante muitos anos, ao passar em frente à fábrica
do esportivo, no caminho de sua cidade-natal Montenegro para a capital Porto Alegre, alimentou o
desejo de um dia também possuir um exemplar da marca gaúcha. Sonho que levou cerca de três
décadas para virar realidade, com a aquisição deste exemplar da primeira geração, cuja criteriosa
restauração contou com a inestimável consultoria de um ex-funcionário da fábrica, que lhe deu
todas as informações sobre os detalhes no acabamento original.
Por fim, em Fusca Paixão, destacamos um besouro 1961 cuja ligação com
seu dono atual remonta à mais tenra infância. Isso porque o carro já
pertencia a seu pai antes mesmo dele nascer. Na juventude, ao
trabalhar para o pai no ramo de construções de imóveis,
abriu mão de receber dinheiro, preferindo ficar com o
Sedan que ele trata como um verdadeiro “irmão”.
E para todos que nutrem o mesmo carinho por seus
carros, oferecemos a seção Faça Você Mesmo, com
dicas detalhadas de como instalar o sistema
de chave-geral, que possibilita interromper
a corrente elétrica da bateria, protegendo e
preservando seu Volkswagen quando ele
não está em sua companhia.

Roberto Marks
Editor-Executivo
fuscacia@gmail.com

PRESIDENTE: Paulo Roberto Houch • VICE-PRESIDENTE EDITORIAL: Andrea Calmon (redacao@editoraonline.com.br) • JORNALISTA RESPONSÁVEL:
Andrea Calmon (MTB 47714) • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Roberto Marks (Editor-Executivo), Luiz Guedes Jr. (Editor Assistente), Bob Sharp
(Editor Técnico); Saulo Mazzoni (Fotografia) ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Adilson Nicollette/Comunica Multimídia • COORDENADOR DE ARTE: Renato Marcel
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05001-970 – São Paulo – SP.
Sumário

RELÍQUIA.................................14
Obra do destino: a incrível história de um aposentado de
79 anos e seu inestimável Karmann Ghia 1964 14
PERSONALIZADO....................22
Resgatado de um desmanche, clássico Sedan 1957
volta às ruas na roupagem de um charmoso Cal-Style

KIT CAR...................................32
O luxo e a sofisticação da rara e pioneira versão 1977
que deu início à marca gaúcha dos esportivos Miura

FUSCA PAIXÃO........................40
A forte ligação de um comerciante do interior paulista
com o besouro 1961 que o acompanha por toda a vida

FAÇA VOCÊ MESMO...............48


Os benefícios e a sequência passo a passo na
instalação de uma chave geral em seu antigo VW

24

COLUNAS

38 4

8
EDITORIAL
Sonhos realizados
LEITOR AO VOLANTE
A palavra é sua!
11 PLACA PRETA
100% originalidade
12 FUSCURIOSIDADES
Universo Volkswagen
52 OFICINA DO BESOURO
Correio Técnico
54 CLASSIFUSCA
Vitrine de bons negócios
56 CLUBE DO MÊS
Fusca Mania Clube-PR
58 ENCONTROS
Besouros reunidos
66 RETROVISOR Fotos de capa: Luiz Guedes Jr.
e Saulo Mazzoni
Propaganda de época
6 FUSCA & CIA
FUSCA & CIA 7
Críticas, elogios ou sugestões fuscacia@gmail.com

BRASMOTOR
Sou leitor assíduo da revista Fusca & Cia e acompanho este “universo refrigerado
a ar” há muitos anos, décadas até... E posso afirmar que jamais havia escutado falar
dessa pintura saia-e-blusa criada no Brasil para decorar as unidades montadas
pela Brasmotor. Parabéns a vocês por mais essa descoberta. E ainda por cima com
muitas fotos de época, para que ninguém conteste a veracidade da história!
Euclides Monteiro
São Paulo-SP

Sempre escutei falar dos exemplares pintados em duas tonalidades pela


Brasmotor, mas nunca tinha visto fotografia, tampouco imaginado que uma unidade
remanescente ainda pudesse existir! Parabéns a toda redação pelo resgate de mais
um capítulo na trajetória do besouro em solo brasileiro.

Fabiano Dutra
Rio de Janeiro-RJ

8 FUSCA & CIA


LARGADO!
Muito boa a reportagem com o Ratwagen na
edição 117. Concordo com o título “largado, mas com
estilo”, pois é exatamente isso que nossos carros
representam! Apesar de muitos acharem “desleixo”,
customizar um legítimo Ratwagen requer boa dose
de conhecimento, cultura, bom gosto e muitas horas
de pesquisas...

Edson Luiz Franco


São Paulo-SP

FUSCA SHOW
O Clube do Fusca de Novo Hamburgo tem
o prazer de convidar a todos para o Fusca
Show 2015 – 12º Encontro Estadual de Fuscas
e Derivados de Novo Hamburgo (RS), a ser
realizado nos pavilhões da Fenac nos dias 23
e 24 de maio. O evento premiará 50 exemplares
com troféus e a estimativa é que compareçam
proprietários vindos de Santa Catarina, Paraná,
São Paulo, Uruguai e Argentina. Mais informações
pelos telefones (51) 9946-4077 ou 9599-1953.

Fusca Clube de Novo Hamburgo


Novo Hamburgo-RS

QUAL VERDE?
Comprei recentemente um Fusca 1961 na cor verde, mas acho que o verde Amazonas que se encontra nele não é
o original do ano. Como faço para saber o verde original do meu Fusca?
Henrique White
E-mail

Caro Henrique, nossa sugestão é que você procure um clube na sua região ou frequente algum evento onde poderá conhecer outros proprietários
com o intuito de pegar dicas ou até mesmo comparar seu modelo com outro similar.

GARAGEM DA VEZ
A dupla formada por um besouro 1968 e um
VW-1600 “Zé do Caixão” 1969 pertence ao
leitor Osnivaldo de Oliveira Vargas, morador
da cidade de Curitiba (PR). “O Fusca jamais foi
restaurado, apenas recebeu um banho externo
de tinta há 12 anos, quando o comprei. Já o
Zé do Caixão foi adquirido no ano passado
em estado de abandono, mas depois de uma
reforma completa faz hoje muito sucesso nas
ruas de Curitiba”, afirma o feliz proprietário.

10 FUSCA & CIA


FUSCA TERCEIRIZADO?
Sou fã da revista Fusca & Cia. Ouvi de um integrante de um
clube que na década de 1990, quando a Volkswagen voltou com
a produção do besouro, ela não fabricava a lataria, mas sim Tenho um Fusca 1960 e estou com dúvida
sobre a cor das rodas. Qual é o esquema para
adquiria de uma empresa terceirizada. Isso é verdade?
escolher a tonalidade dos aros e do centro das
Antonio A. Caumo
rodas? Existe alguma regra? Até que ano o Fusca
Tapejara-RS nacional usou rodas com duas tonalidades?

Valmir Teixeira
Antonio, quando a Volkswagen encerrou pela primeira vez a produção do Fusca, Curitiba-PR
em 1986, boa parte do maquinário usado na linha de montagem foi vendido aos
fabricantes de peças de reposição. Partes pequenas da carroceria, como para-lamas, A pintura das rodas em duas tonalidades foi até a linha 1962,
saias e capôs. Ao retomar a fabricação do modelo, em agosto de 1993, a Volkswagen sendo neste último ano reservada apenas à versão do Fusca
acabou sim adquirindo alguns componentes desses fabricantes. Mas é exagero dizer monocromático. O esquema de pintura variava de acordo com a cor
que toda a lataria era terceirizada. do carro, mas normalmente seguia o padrão branco Pérola para o
centro, combinando com a tonalidade da carroceria no aro.

Tenho um Fusca 1967 e os faróis são


acessórios de época fabricados pela marca
Rossi, conhecidos como “Tremendão”. Essa
mudança acarreta perda de pontos numa
possível vistoria para obtenção de placa preta?

Danilo Abreu Costa


São Paulo-SP

Embora saibamos que os faróis “Tremendão” chegavam a ser


instalados dentro de algumas concessionárias (por iluminarem
melhor que os originais), eles ainda são considerados pela
legislação da placa preta como “acessórios de época”, e não como
“opcionais” de fábrica. Por esse motivo, sim, perde-se pontos na
vistoria de originalidade.

Gostaria de saber até que


ano o Fusca saiu de fábrica com 1
cinzeiro na lateral
do banco traseiro.
Outra coisa: já vi esse
cinzeiro com e sem
puxador, qual
o correto?

Adriano Lombardi
Petrópolis-RJ

O cinzeiro na lateral traseira


existe desde a década de 1950.
No início era redondo, passando
depois ao formato retangular. O

FAMÍLIA VOLKSWAGEN modelo com puxador (foto 1) foi


usado no Fusca produzido até
Escrevo para parabenizar a todos os envolvidos com a 1963. E nas últimas unidades
última edição (117), em especial pela matéria com a família (série “Itamar”) ele deixou de
proprietária da bela coleção na cidade paulistana de São ser feito de metal em favor do
Roque. Eu, particularmente, adoro reportagens sobre plástico (foto 2). 2
coleções, sobretudo pela imagem de vários exemplares
reunidos. Sei que deve ser trabalhoso, mas vocês podiam *Aluizio Lemos é Diretor Técnico e Presidente da Comissão
publicar matérias assim com mais frequência. de Avaliação para Veículo de Coleção do Fusca Clube do
Brasil. Cartas para essa seção: fuscacia@gmail.com
Aldo Nogueira Lima
Limeira-SP

FUSCA & CIA 11


Por Luiz Guedes Jr. fuscacia@gmail.com

ANEL COMEMORATIVO
Prestes a celebrar três décadas de existência, Já a outra, totalmente confeccionada em
o pioneiro Fusca Clube do Brasil (fundado no prata, tem produção ilimitada e custa
dia 28 de maio de 1985) vive um momento R$ 550. “Vale lembrar que 5% de toda
especial. Além de uma agenda recheada de a venda dos anéis serão revertidos para
eventos (entre eles a inauguração de sua o Fusca Clube do Brasil”, destaca Ervin.
nova sede), a diretoria lançou um souvenir Tanto a versão em ouro como a
disponibilizado a todos os fãs do besouro. mais simples exibem o mesmo
“Trata-se de um anel criado especialmente design, marcado pelo brasão do
para comemorar os 30 anos do clube. Mas Fusca Clube no topo e as laterais
qualquer pessoa pode adquirir uma unidade, adornadas pelo logotipo VW e a
independentemente de ser ou não sócia”, indicação dos 30 anos ladeada
declara Ervin Moretti, atual presidente do por uma coroa de louros,
grupo com sede na capital paulista. tudo em alto relevo e fino
Criado pela designer de jóias Bia Ferraz, o anel acabamento. Além disso, todos
está disponível em duas configurações: uma os anéis são numerados e acompanham
delas, limitada a apenas 30 unidades e vendida certificado de origem. Pedidos podem ser
a R$ 845, traz a base em prata 925 e o logotipo feitos pelo e-mail biu@biujewelry.com ou pelo
do Fusca Clube do Brasil em ouro 18 quilates. telefone (11) 99900-3626.

O MELHOR DA INTERNET
Partida a corda! – um senhor dono Fusca a corda? – flagrante de Fusca Show – paranaense cria Na pista – vídeo raro com a estreia
de Fusca cria uma maneira nada um besouro disfarçado como programa de entrevistas no interior do Fitti-Fusca, criação dos irmãos
ortodoxa de dar a partida no brinquedo de gente grande. de um Volkswagen Sedan. Emerson e Wilsinho Fittipaldi.
besouro. Confira: tinyurl.com/q3n9sxt No link: tinyurl.com/onlczqq Assista: tinyurl.com/q6p5tj8 Acesse: tinyurl.com/nkzmjrl

12 FUSCA & CIA


Relíquia
Texto e Fotos: Luiz Guedes Jr.

ENCONTROS E
14 FUSCA & CIA
desencontros
Um KARMANN GHIA nada comum e sua INCRÍVEL TRAJETÓRIA
até chegar às mãos de SEU ATUAL PROPRIETÁRIO, um
aposentado de 79 anos MORADOR DO INTERIOR PAULISTA

FUSCA & CIA 15


O charmoso cupê mescla a carroceria na
tonalidade amarelo Manila com o teto preto

U
m sonho acalentado “Sempre gostei de automóveis, Volkswagen em sua garagem. “O
por mais de 15 anos. E tanto que fui eu que ensinei meu primeiro foi um Karmann Ghia
que se tornou realidade pai a dirigir, o que não era tão 1964, comprado usado no ano
justamente no momento incomum na minha geração”, de 1966. Em 1970, fiz a troca por
em que a decisão foi desistir narra o aposentado, que apenas uma Variant zero-quilômetro,
de alcançá-lo. Assim podemos uma vez na vida enveredou para que mantive até 1978, quando
resumir a trajetória do relu- as duas rodas e adquiriu uma a substituí por um
zente Karmann Ghia 1964 na motocicleta. “Foi então a vez exemplar do Brasi- Marcas
vida de seu atual proprietário, de meu pai me dar uma lição. lia”, descreve. do tempo
o aposentado Eduardo Jorge Ele falou que eu tinha 15 dias Mas foi o Kar- Além de nunca ter
Estevão, 79 anos, morador da para vender a moto e adquirir mann Ghia 1964 sido restaurado,
cidade de Ribeirão Preto (inte- um carro”, narra Eduardo, que que deixou sauda- o esportivo
rior de São Paulo). dali em diante só teria modelos des. Só que não o preserva os faróis
de longo alcance
instalados pelo
primeiro dono

16 FUSCA & CIA


TROCADOR DE CALOR
O curioso na modificação efetuada no motor 1200 deste
Karmann Ghia 1964 é o coletor de admissão original com
aquecimento pelos gases de escapamento ter sido substituído
por outro de construção semelhante, também com camisa
seu, mas sim o de um amigo... o Karmann Ghia dele com externa. Só que em vez de através desta camisa circularem os
“Eu e esse amigo tivemos o duas características bastante gases da combustão (veja nas extremidades da chapa entre o
carro na mesma época, sendo interessantes. Uma delas eram motor e a carroceria as duas tampinhas, com dois parafusos
o dele um amarelo Manila com os faróis de longo alcance, cada, fechando as passagens de gases queimados para as duas
teto preto, comprado zero-qui- que a exemplo dos faróis
“pernas” do coletor original), circulam agora os vapores de
lômetro”, relembra o aposenta- de fábrica eram da marca
óleo do cárter, conduzidos por dois novos “caninhos” criados
do. “Inclusive alugamos vagas General Electric. Esses faróis
na adaptação. O objetivo primário é o mesmo: ou seja, aquecer
de estacionamento vizinhas, auxiliares se destacavam pela
o coletor para favorecer a vaporização da gasolina em sua
assim eu não batia a porta na maneira como foram instala-
carroceria dele e ele não batia dos, sobre suportes construí- mistura com o ar (gerando melhor desempenho e economia).
na minha”, sorri. dos artesanalmente, apoiados No sistema modificado, porém, os vapores de óleo perdem calor
“Esse amigo era uma pessoa no para-choque dianteiro”, ao passá-lo para o coletor e, ao voltarem ao cárter, mais frios
de posses e havia equipado afirma Eduardo. “Já a outra do que saíram, esfriavam o óleo ali contido. Portanto, há uma
troca de calor útil. Numa análise preliminar, a dúvida que fica
é sobre a eficácia do aquecimento do coletor pelos vapores de
óleo, uma vez que estes não circulam, ao contrário dos gases de
escapamento, que ainda são incomparavelmente mais quentes
do que o óleo armazenado no cárter. (Bob Sharp)
característica fora um in- “Depois acabamos perdendo desistir do sonho e partir Fui com meu filho olhar
tricado sistema de troca de contato e, embora eu não para uma nova solução. o carro e, conforme o
calor (veja box), criado por falasse isso para ninguém, “Resolvi procurar outro vendedor tirava a capa
um engenhoso mecânico na passei os 15 anos seguintes exemplar 1964 para com- que cobria a carroceria,
cidade do Rio de Janeiro.” pensando naquele modelo”, prar”, explica, sem saber meu coração acelerava”,
No final dos anos setenta, o narra Eduardo. o que o destino lhe reser- conta Eduardo, que ainda
aposentado tentou por mais varia alguns meses mais relembra emocionado.
de uma vez adquirir o sofis- OBRA DO DESTINO tarde. “Depois de olhar “Lá estavam os faróis de
ticado esportivo do amigo, E foi apenas em meados vários candidatos, final- longo alcance GE mon-
que sempre desconversou da década de 1990 que mente optei em fechar tados na estrutura sobre
e se negou a fazer negócio. o aposentado resolveu negócio com um modelo. o para-choque. E bastou

Testemunho
de época
A ignição junto à
coluna de direção
e o botão vermelho
de pisca alerta
sob o painel eram
adaptações comuns
nas décadas de
sessenta e setenta

18 FUSCA & CIA


Memórias
preservadas
O espelho colado
no para-sol do
passageiro e as
capas cobrindo
os bancos
originais também
são adaptações
realizadas pelo
antigo proprietário

abrir o capô do motor para


termos a confirmação: a
História documentada
O antigo extintor ainda acompanha a etiqueta com a data
tubulação cromada ‘vestin-
da última recarga: 2 de junho de 1978!
do’ o coletor de admissão
e as mangueiras extras não
deixavam mentir, era mes-
mo o tão cobiçado carro do
meu amigo!”
Ao analisar com calma o
restante do veículo, mais
algumas surpresas levaram
o novo proprietário aos ve-
lhos tempos e às memórias
FUSCA & CIA 19
Surpresas
no caminho...
Ao avaliar o
carro, o atual
dono descobriu o
macaco de fábrica
embrulhado em um
jornal de 1986...

Marcas
do tempo
Apesar do excelente
estado geral, alguns
pontos de ferrugem
na carroceria e no
berço do estepe
denunciam que este
exemplar jamais foi
restaurado

20 FUSCA & CIA


Engenharia
particular
O motor 1200 conta
com um curioso
sistema de troca
de calor para
aquecimento do
coletor de admissão
e resfriamento do
óleo do cárter

do antigo amigo. “Os bancos rados foram o extintor de


ainda preservavam as sobre- incêndio, cuja etiqueta
capas pretas que ele havia confirma a última recar-
colocado para preservar a ga no dia 2 de junho de
tapeçaria original, assim 1978. Ou ainda o macaco
como o espelho chanfrado original, embrulhado num
colado atrás do para-sol do jornal datado de 12 de
passageiro e o botão verme- novembro de 1986. Marcas
lho que aciona o pisca-aler- do tempo tão incríveis e
ta, adaptado em meados dos curiosas quanto a trajetória
anos setenta sob o painel”, de encontros e desencon-
detalha o aposentado. tros que liga o exemplar ao
Outros detalhes inespe- atual proprietário.
FUSCA & CIA 21
Personalizado
Texto e Fotos: Luiz Guedes Jr.

Renascido
DAS CINZAS
22 FUSCA & CIA
A
paixão pelo Fusca vem dos brinquedos da infância,
tornou-se mais forte na forma de primeiro carro na
juventude e ganhou novos contornos no Salão do
Automóvel de São Paulo de 1992. “Foi lá que vi pela
primeira vez um besouro com vigia Oval, numa exposição
que o Fusca Clube do Brasil organizou dentro do evento”,
comenta o empresário Marcos César Carrer, 47 anos,
morador da cidade de Ribeirão Preto, no interior paulis-
ta. “Lembro que saí de lá decidido a também possuir um
Fusca como aquele”, diz.
Curiosamente, foi no mesmo Salão que o então presiden-
te Itamar Franco, numa das primeiras aparições públicas
após sua posse, discursou sobre a necessidade de o Brasil

RESGATADO DE UM FERRO-VELHO, clássico “Oval”


1957 VOLTA ÀS RUAS na roupagem de um
CHARMOSO CUSTOMIZADO NA TENDÊNCIA CAL-STYLE

FUSCA & CIA 23


A caroceria, sem motor
e câmbio, foi encontrada
no ferro-velho de um
município vizinho

Clássico esportivo
O projeto de
customização mescla
elementos originais
com acessórios de
época, entre eles
componentes inspirados
na linha Porsche, caso
das lentes dos faróis e
das rodas Fuchs

24 FUSCA & CIA


Detalhes
com grife
Marcas como
Empi e Lucas
assinam vários
acessórios do
besouro, que
exibe ainda
freio a disco nas
rodas traseira

produzir um carro tão popular quanto


o Fusca, que havia deixado de ser
feito em 1986. Sugestão que a Auto-
latina acabou acatando literalmente,
tornando possível a volta do besouro
às linhas de produção um ano mais
tarde, no dia 23 de agosto de 1993,
numa cerimônia em que o próprio
Itamar esteve presente.
Ou seja, quisesse um Fusca zero-quilô-
metro, o empresário paulista mataria
a vontade em um prazo relativamente
curto. Mas o desejo de Marcos era
circular a bordo de um Sedan Oval, o
que levou pouco mais de uma década
para se tornar realidade. A começar
pela dificuldade de encontrar um exem-
plar, “busca que só teve fim meses mais
tarde, em um ferro-velho de Cajuru,
município localizado a 60 quilômetros
de Ribeirão Preto”, narra o empresário.
“Aliás, foi uma verdadeira operação de
resgate”, relembra. “A carroceria já estava
desprovida de motor e câmbio, sem falar
na aparência nada empolgante, fruto dos
desgastes provocados pela ação do tem-
po”, emenda. “Mas o que realmente im-
FUSCA & CIA 25
portava para mim era se tratar de um legítimo caminho que envolveu todo tipo de dor
Sedan 1957, com o tão cobiçado vigia Oval.” de cabeça, inclusive o falecimento de um
funileiro no meio do serviço.”
LONGA ESPERA Com isso, o besouro ficou pronto apenas em
Além da paixão pelo besouro, Marcos tam- meados de 2002. “E continuou mudando
bém cultivou desde muito jovem a mania nos anos seguintes até chegar à configuração
de incrementar seus carros com rodas, atual”, narra Marcos, sobre a personalização
volante e tudo mais que pudesse reforçar na escola Cal-Style. “O mais engraçado é que
a esportividade dos modelos. E com o raro cheguei a essa receita por pura intuição, já
Sedan 1957 não foi diferente. “Isso, inclu- que apenas recentemente passei a aprender
sive, deveria tornar mais fácil o processo sobre as culturas de customização do besouro.
de restauração”, observa o proprietário, Jamais segui tendência alguma, apenas fui
que ainda assim levou mais de 10 anos fazendo tudo como achava que deveria ser
para concluir os trabalhos. “Foi um longo feito”, garante o proprietário.

26 FUSCA & CIA


A customização no estilo Cal-Style é fruto de pura “intuição” do dono

Charme extra
Estribos claros e
uma badalada caixa
de ferramentas da
marca alemã Hazet
contribuem para o
visual do Sedan

FUSCA & CIA 27


Seja planejado ou obra do acaso, o charmoso
Sedan se destaca por exibir a carroceria inspirada
no esquema saia-e-blusa dos primeiros Cabrio-
let feitos pela Karmann, com pintura em duas
tonalidades. Já o toque de esportividade fica por
conta das rodas Fuchs de Porsche, com aro de 17
polegadas, réplicas feitas pela nacional RM, monta-
das com pneus 195/40R17 na frente e 205/40R17,
atrás. “Conjunto realçado pela suspensão rebaixa-
da com catraca na dianteira e regulagem de facão,
na traseira”, aponta Marcos, que ainda equipou o

28 FUSCA & CIA


besouro com freio a disco nas quatro rodas.
“Os dianteiros são originais do Fuscão, en-
quanto os traseiros levam pinça de VW Golf
com disco de Chevrolet Opala”, diz.
A preocupação com a segurança nas
frenagens se justifica assim que o capô do
motor é aberto. Em vez de um compor-
tado 1.200 de época, o Sedan 1957 leva
uma reluzente unidade de 1.600 cm³ com
dupla carburação Empi 40, distribuidor
especial do mesmo fabricante, sensor Hall,
alternador, radiador deslocado e filtro
esportivo no respiro do óleo, além de um

Os bancos dianteiros são originários da primeira geração do Chevrolet Corsa


FUSCA & CIA 29
Suspensão
rebaixada
O besouro
recebeu catraca
na dianteira,
enquanto a
traseira teve a
alturada regulada
no facão

O motor leva distribuidor e dupla carburação Empi, além de filtro esportivo no respiro do óleo
30 FUSCA & CIA
Em vez da mecânica
1.200 de época, o
Sedan 1957 acelera
uma invocada unidade
de 1.600 cm³

caprichado visual com vários componen-


tes cromados. Pegada esportiva que vai de
encontro às mudanças efetuadas tanto na incluiu ainda o elegante volante de época Rob
carroceria como no interior da cabine – e Gran Turismo, alavanca de câmbio e cestinha
no porta-malas, onde repousa uma elegante porta-objetos Empi, além de um “caseiro”
caixa de ferramentas Hazet. retrovisor com função dia/noite. “Eu mesmo
Visto por fora, o besouro exibe frisos de cortei o acrílico do tamanho certo e o adaptei Vidros
inox, faróis com lente de Porsche 356, ao espelho”, afirma o empresário, cuja paixão
pela série Oval já o levou a arrematar outro
inteiriços
estribos importados na cor do carro, faróis
A eliminação
de longo alcance General Electric e luz de exemplar, porém de 1954. “É realmente um
dos quebra-
ré Lucas “England”. Tudo em perfeita har- vício que parece nunca ter fim”, encerra, sem
deixar claro se a frase se refere ao gosto por
ventos exigiu
monia com componentes clássicos como
as lanternas Hella e as charmosas “banani- besouros “ovalados”, à mania de personalizar a adaptação
nhas de sinalização”. “Além disso, os vidros seus carros ou ambas as coisas... da máquina da
das portas passaram a ser inteiriços, sem Kombi para que
quebra-vento, o que exigiu a adaptação da tudo funcionasse
máquina da Kombi para que funcionassem
corretamente”, detalha o proprietário.
Já o interior é marcado pelos bancos dian-
teiros originários da primeira geração do
Chevrolet Corsa, que a exemplo do restante
dos revestimentos ganhou couro em tonali-
dade clara. “O assoalho, por sua vez, recebeu
carpete bouclê, enquanto o teto é feito de
lã casimira, seguindo o que era padrão nos
modelos alemães”, comenta Marcus, que

FUSCA & CIA 31


Kit Car
Texto: Luiz Guedes Jr. Fotos: Saulo Mazzoni

PRECURSOR
de uma saga
Em 1977, o GAÚCHO MIURA surgiu no mercado nacional,
ELEVANDO O SEGMENTO DOS ESPORTIVOS fora-de-série a
novos padrões de QUALIDADE E SOFISTICAÇÃO
32 FUSCA & CIA
FUSCA & CIA 33
Criativo, mas
problemático
Apenas no
modelo 1977 os
faróis ocultos
são acionados
aproveitando o
vácuo gerado
no coletor de
admissão do motor

A proposta do Miura era ser


o esportivo mais luxuoso
do mercado brasileiro no
segmento dos fora-de-série

34 FUSCA & CIA


A
década de 1970 assistiu a um especialmente, o consagrado Puma,
efervescente crescimento do que ainda liderava com certa folga
segmento dos esportivos fora- o ranking dos esportivos fabricados
-de-série no mercado automobi- com carrocerias de plástico reforça-
lístico nacional. Sobretudo após 1976, do com fibra de vidro sobre a confiá-
quando o governo brasileiro proibiu vel mecânica Volkswagen arrefecida
as importações de veículos como a ar. Afinal, apostar na qualidade do
forma de coibir a evasão de divisas do produto nada mais era que seguir a
país. E foi no embalo desse cenário receita que eles já adotavam nos ser-
que nasceu a marca Miura, fruto dos viços de personalização de interio-
sonhos e das ambições de dois bem- res executados na Aldo Auto Capas
-sucedidos empresários gaúchos. (nome fantasia da Besson & Gobbi
E eles não chegaram para ser apenas Ltda), empresa da qual eram sócios
mais um. Para Aldo Besson (1940- desde o final dos anos sessenta na
2011) e Itelmar Gobbi, o objetivo era
bastante claro: construir um carro capital Porto Alegre (RS).
que superasse em luxo e conforto O projeto, que teve início em me-
nomes como Adamo, Bianco e, ados de 1975, ganhou as ruas dois
anos mais tarde com uma produção
ainda tímida. Naquele primeiro ano
de 1977, menos de 30 exemplares
saíram da linha de montagem, entre
eles o que ilustra esta reportagem,
cujo chassi número 10012 compro-
va ser a décima segunda unidade
produzida. Nos anos seguintes,
entretanto, a marca Miura cresceu
não apenas com o aumento dos
pedidos, mas também com novos
lançamentos, assumindo a liderança
do segmento a partir de 1982.

PROJETO DE VANGUARDA
O modelo pioneiro fabricado em 1977
exibe várias características exclusivas.
A começar pelas maçanetas de VW
Brasilia adotadas nas portas, depois
substituídas por componentes de Alfa
Romeo Ti4. Ou ainda o avantajado
capô dianteiro, reduzido nas unidades
produzidas nos anos seguintes. Além
disso, apenas nas versões iniciais os
faróis ocultos eram acionados apro-
veitando-se o vácuo gerado dentro do
coletor de admissão do motor. Apesar
da criatividade, o sistema apresentava
problemas constantes, forçando o
fabricante a adotar motores elétricos
a partir de 1978.
Mas é no interior que o Miura inau-
gural apresenta sua particularidade
mais marcante: o painel dividido em

O projeto gaúcho ganhou as ruas um ano após a proibição das importações


FUSCA & CIA 35
três módulos. Numa época em que elétrico de altura, ambos itens ine-
os noticiários ainda eram domina- xistentes nos automóveis nacionais
dos por assuntos como Guerra-Fria da época. Sem falar na qualidade e
e Corrida Espacial, os sócios Aldo e no conforto dos bancos de fabrica-
deste modelo de três módulos algo
Itelmar vislumbraram que o espor- ção própria e de toda a tapeçaria da
raro e, consequentemente, verdadei-
tivo deveria possuir não apenas as cabine, marca registrada da Aldo
ro sonho de consumo entre colecio-
linhas externas, mas também outras Auto Capas. Por fim, os comprado-
nadores e fãs da marca gaúcha.
conotações futuristas. Daí um painel res podiam escolher ainda opcionais
Além de todos esses atributos ex-
que chega a lembrar o interior da “luxuosos” como rádio/toca-fitas,
clusivos, o esportivo fabricado em
Enterprise (famosa espaçonave dos vidros elétricos e ar-condicionado.
1977 também já trazia vários dos
filmes da série Star Trek).
conceitos que se tornariam famosos
O único problema é que os volumo-
sos nichos feitos para abrigar os ins-
e ajudariam a consolidar a marca RESTAURAÇÃO CRITERIOSA
Miura na conquista da predileção Além de trazer a numeração do
trumentos acabavam prejudicando a
do mercado. Detalhes sofisticados chassi 10012, a plaqueta de iden-
visibilidade do motorista, sobretudo
como pedaleira com regulagem
aqueles de estatura mais baixa. Mo-
de distância e volante com ajuste
tivo pelo qual o painel foi alterado
para um formato mais “convencio-
nal” a partir da linha 1978, fazendo

Painel futurista
O painel de
três módulos
marca o interior
das primeiras
unidades, que
oferecem ainda
volante com
regulagem
elétrica de altura

36 FUSCA & CIA


A qualidade dos bancos e dos revestimentos internos era a marca da
Aldo Auto Capas, em atividade desde o final dos anos sessenta

Detalhe
exclusivo
As maçanetas de
VW Brasilia seriam
substituídas por
componentes de
Alfa Romeo a partir
da linha 1978

FUSCA & CIA 37


tificação do modelo das fotos e cresci em Montenegro, no Rio
exibe o código 05 para a cor com Grande do Sul. E sempre que ia
a qual o exemplar deixou a linha para a vizinha Porto Alegre eu pas-
de produção. “Esse número re- sava de carro em frente à fábrica
fere-se à tonalidade vermelho Ita- da Miura, o que fez nascer minha
maraty, que era usada pela linha curiosidade e desejo pelos esporti-
Ford na ocasião”, declara o técni- vos da marca”, narra. de muito trabalho e pesquisas
co em automação Paulo Ricardo Paulo conta que adquiriu o raro até concluir a criteriosa restau-
Marcadella, 53 anos, proprietário exemplar 1977 por volta de 2008. ração que devolveu ao modelo o
do esportivo. “Apesar de residir E que foram necessários três anos visual de quando deixou a linha
atualmente na cidade de Otacílio de produção. “Foi um verdadeiro
Costa, em Santa Catarina, nasci exercício de paciência, no qual

O para-choque feito de plástico ABS deformável


é parte integrante do design da carroceria do Miura
38 FUSCA & CIA
Receita padrão
Assim como os
concorrentes, o
Miura chegou ao
mercado empurrado
pela mecânica 1.600
de dupla carburação
originária do besouro

contei com o inestimado auxílio


do Miura Clube do Rio de Janeiro,
responsável por preservar todo
o espólio do antigo fabricante,
inclusive documentos com núme-
ros e dados de produção”, detalha res sobre os padrões dos tecidos e
o proprietário. “Por sinal, este meu estilos das costuras usados nos ban-
modelo foi o primeiro exemplar a cos, revestimentos laterais, assoalho
receber a placa preta autenticada e teto. “Pena que ele faleceu pouco
pelo clube”, diz. antes de eu concluir os trabalhos”,
Um detalhe interessante na lamenta o proprietário. “Por outro
recuperação da originalidade foi lado, o exemplar foi recentemente
a consultoria do tapeceiro Jonas apresentado a ninguém menos que
Santana, que havia trabalhado na Itelmar Gobbi, sócio e idealizador
fabricação dos primeiros Miura da marca Miura. Ele ficou bastante
em 1977 e pôde explicar ao técnico emocionado ao ver o carro em tão
em automação todos os pormeno- bom estado de conservação e aca-
bou autografando a coluna da porta
do motorista”, comemora Paulo,
feliz como uma criança que acabou
de ganhar um novo brinquedo.

Item raro
Somente a versão
1977 exibia capô
dianteiro maior,
a exemplo do
exemplar de
número 10012,
autografado pelo
criador Itelmar
Gobbi na coluna
da porta do
motorista

FUSCA & CIA 39


Fusca Paixão
Texto: Luiz Guedes Jr. Fotos: Saulo Mazzoni

40 FUSCA & CIA


QUASE IRMÃOS
COMERCIANTE do interior paulista se DIVIDE
NA MISSÃO de resgatar a originalidade e
preservar A TRAJETÓRIA DO BESOURO que o
acompanha AO LONGO DE TODA A SUA VIDA

FUSCA & CIA 41


N
ão houve um dia na vida bra Marcelo. “Aliás, até meu suas mãos. “Meu pai trabalhava
do comerciante Marcelo pai aprendeu a dirigir neste na construção de casas e, aos 19
Ruiz em que o Sedan 1961 Fusca, já que foi seu primeiro anos, eu fui ajudá-lo numa das
não estivesse presente. automóvel e naquela época as obras. Ao final do serviço, sugeri
Afinal, quando ele nasceu, o autoescolas não possuíam veícu- que em vez de pagamento em di-
besouro já fazia parte da famí- los próprios, cabendo ao aluno nheiro eu recebesse o Fusca 1961,
lia havia cinco anos. “Meu pai arrumar um carro para as aulas o que ele felizmente concordou”,
comprou esse carro em 1969, e o dia da prova”, emenda. comemora o morador de Salto.
tornando-se o segundo dono”, Hoje com 40 anos de idade, De lá para cá, a paixão pelo car-
narra o herdeiro e atual pro- Marcelo preserva o que para ele rinho só aumentou. A primeira
prietário, morador da cidade de é mais que um simples carro, “é providência foi substituir a antiga
Salto, no interior de São Paulo. quase como um irmão, alguém placa amarela pelas cinzas atuais.
“Foi nele que dei meus primei- que faz parte da família”, afirma “Fui conversar com o despa-
ros passeios na infância, realizei o comerciante, lembrando a oca- chante e consegui a sequência
as viagens em família e aprendi sião em que as chaves do besouro numérica 1961, ano de fabricação
a dirigir na juventude”, relem- passaram definitivamente para do modelo”, narra Marcelo, que

42 FUSCA & CIA


Dupla
indicação
Apesar de
instalar as
bananinhas
originais, o
proprietário
optou em
manter
os piscas
dianteiros

Os faróis, popularmente conhecidos como “Tremendão”, são acessórios de época


FUSCA & CIA 43
Mistura de passou a estudar a história reverter todas as alterações co vermelho. “Alguém havia
elementos do besouro e decidiu resgatar realizadas ao longo dos anos instalado os componentes de
O banco de fábrica ao máximo sua originalidade tanto pelo primeiro dono acrílico bicolor usado a partir
e as bananinhas de – processo que vem sendo como por seu pai, numa de 1962”, aponta o proprietá-
época juntaram- realizado nas últimas décadas época em que o costume rio, que por outro lado optou
se a itens como e não tem data para terminar. era “modernizar” o besouro em preservar os faróis, mes-
estribos e laterais como forma de valorizá-lo. mo não sendo os originais de
das versões Entre os resgates já empre- fábrica. “São acessórios raros
monocromáticas RESGATE DE ÉPOCA endidos, está o retorno das de época conhecidos como
existentes na A maior dificuldade do co- diminutas lanternas com ‘Tremendão’, por isso resolvi
linha 1961 merciante na árdua tarefa é lentes de vidro monocromáti- mantê-los”, argumenta.
44 FUSCA & CIA
Ignição
no dedo
O motor de partida
por botão era
acessório comum
nos besouros
fabricados até o
início dos anos
sessenta

Os piscas dianteiros também sência do marcador do nível


haviam sido modernizados de combustível significa que
ao longo do tempo. “Por isso este meu exemplar pertence
importei dos EUA com- à primeira série de 1961.
ponentes da marca Hella Logo, este carro também de-
conhecidos como ‘fininhos’, veria possuir as charmosas
iguais aos usados na linha bananinhas de sinalização.”
nacional de 1961”, conta Decidido a seguir as pistas,
Marcelo. “Contudo, apenas o comerciante mandou
mais tarde, descobri em realizar um serviço de funi-
minhas pesquisas que a au- laria a fim de inspecionar
FUSCA & CIA 45
Padrão
original
As diminutas
lanternas
com lentes as colunas laterais. “Para conhecido como “saco de exibe ainda detalhes inu-
monocromáticas minha surpresa, a teoria bode”, localizado abaixo do sitados como o motor de
foram resgatadas se comprovou. Lá estavam, painel, que passou a ser item partida acionado por botão e
pelo atual ocultados debaixo de uma de série no Fusca nacional uma moldura revestida com
proprietário fina chapa metálica soldada, justamente a partir de 1961. espuma sobre o painel – que
os velhos buracos para as Os bancos, apesar de era moda na Europa, mas é
hastes luminosas”, comemo- bastante gastos pelo tempo, bastante rara em exemplares
ra Marcelo, que apesar de também são os originais, en- nacionais –, tendo como
instalar as charmosas bana- quanto o acentuado desgaste funções reduzir os reflexos
ninhas, optou em preservar na coloração do volante dei- de luz no velocímetro e
as lanternas de pisca sobre xa uma dúvida no ar: seria também oferecer algum tipo
os para-lamas dianteiros. um componente das versões de proteção aos ocupantes
A originalidade também se monocromáticas existentes em caso de acidente. “São
faz presente no motor de na ocasião? “Eu acredito que detalhes que prefiro manter,
1.200 cm³ com sistema elétri- sim”, afirma Marcelo, razão pois fazem parte da história
co de 6 volts e câmbio com pela qual mandou instalar do carro e da minha própria
a primeira marcha “seca”, estribos e laterais de portas história. Aliás, fazem parte
não sincronizada. Ou ainda no padrão monocromático. de nossa trajetória como
no esguicho popularmente O exemplar do comerciante uma família”, finaliza.
46 FUSCA & CIA
Padrão 1961
A mecânica preserva o motor de 1.200 cm³ com o sistema elétrico de 6
volts e o câmbio com a primeira marcha “seca”, não sincronizada

Álbum de família
O besouro ao longo das
décadas com a família do
atual proprietário. E na mesma
garagem há 46 anos...

FUSCA & CIA 47


Caderno técnico
Texto e Fotos: Luiz Guedes Jr.

CHAVE-GERAL
Dicas!
FERRAMENTA NECESSÁRIA
Chave 13 mm + chave
19 mm + furadeira
com broca de 13 mm
DIFICULDADE:

TEMPO MÉDIO
60 minutos

!
ANTES DE INICIAR O TRABA-
LHO, CERTIFIQUE-SE QUE O
Prático e CARRO ESTEJA DESLIGADO
E GUARDE AS CHAVES NO
funcional BOLSO PARA QUE NINGUÉM
A chave-geral
permite deixar O LIGUE INADVERTIDAMENTE!
o veículo sem

N
uso por longos
períodos sem ão há nada pior que tentar ligar o besou-
descarregar ro após meses sem uso e descobrir que a
a bateria bateria “arriou”. Para que isso não acon-
teça, muitos proprietários costumam
desconectar a bateria do carro quando a intenção é deixá-lo
sem uso por um longo intervalo. Mas existe uma alternativa
ainda mais prática, que é a instalação de uma chave-geral, “que
nada mais é que uma chave de rosquear capaz de permitir ou
interromper a corrente elétrica do veículo, sendo que no passa-
do era instalada em local pouco visível, atuando também como
dispositivo anti-furto”, afirma o engenheiro mecânico Walter
Abramides, proprietário da oficina paulistana Garage Web.
De acordo com o especialista, uma das preocupações na
hora da instalação é fixar a chave-geral numa área de chapa
metálica limpa, sem tinta ou tapeçaria, facilitando o contato
e a passagem de energia. “No Fusca a bateria fica debaixo do
banco traseiro, dificultando um pouco o serviço, já que toda
parte metálica do entorno possui algum revestimento que
deve ser eliminado”, aponta Abramides. Como também é uma
área de difícil acesso, decidimos executar o passo a passo a
seguir num modelo Volkswagen Brasilia, facilitando assim a No passado, a chave-geral já foi
visualização e o entendimento. usada como sistema anti-furto
48 FUSCA & CIA
1 Na sequência, também com uma
chave de 13 mm, solte o parafuso que
fixa o cabo negativo na carroceria. O papel
de aterramento também será desempenhado pela
chave-geral depois de tudo instalado.

Antes de iniciar o trabalho, certifique-se de que o carro esteja


desligado e guarde as chaves no bolso para que ninguém o ligue
inadvertidamente. Comece sempre o serviço liberando o contato
do polo negativo da bateria. Caso contrário, uma ferramenta pode
encostar em qualquer parte metálica e fechar curto-circuito.

2 5

Embora não seja necessário, é sempre mais seguro trabalhar com a


bateria totalmente desconectada. Para isso libere também o polo positivo. Aproveite para limpar os conectores com o auxílio de uma lixa.
Além de superaquecimento, sujeira e corrosão nos conectores
acabam dificultando a passagem de energia, resultando em faróis
3 mais fracos e dificuldade de ignição.

! UMA DAS PREOCUPAÇÕES NA HORA DA


INSTALAÇÃO É FIXAR A CHAVE-GERAL
NUMA ÁREA DE CHAPA METÁLICA LIM-
PA, SEM TINTA OU TAPEÇARIA, FACILITAN-
DO O CONTATO E A PASSAGEM DE ENERGIA!

Em alguns casos, como no Brasilia, é preciso usar uma chave de


13 mm para soltar a bateria de sua base, tendo assim acesso à
outra ponta do cabo negativo, de aterramento na carroceria.
FUSCA & CIA 49
AGRADECIMENTO
Garage Web
Rua Dr. Elias Chaves, 160,
Santa Cecília,
São Paulo-SP
Tel.: (11) 3222-1424
6 Com a chave de 13 mm, fixe o
cabo do polo negativo à chave-geral,
que também passará a desempenhar o papel
de aterramento.
9

Em seguida, use uma furadeira e uma broca de 13 mm para


efetuar o furo onde a chave-geral será instalada.

Novamente com uma lixa, limpe a área no entorno do furo. Qual- Pronto, já é possível instalar a chave de rosca. Antes de girá-la
quer vestígio de tinta ou tapeçaria pode atrapalhar a passagem de
corrente elétrica.
10 até o fim e acionar a passagem de corrente, conecte de volta
os cabos da bateria, desta vez o positivo antes do negativo.

Posicione a chave geral no buraco aberto e prenda a porca de fixação com uma chave de 19 mm.
50 FUSCA & CIA
Caderno técnico
Por Bob Sharp fuscacia@gmail.com

SUSPENSÃO
NO FUSQUINHA?
Gostaria de saber em qual ano o
Fusca 1300 Standard passou a sair
de fábrica com a mesma suspensão
com pivô e fixação das rodas por
4 parafusos, conjunto lançado
com o Fuscão a partir do segundo
semestre de 1970?

Fábio Girão
Rio de Janeiro-RJ

Fábio, foi em 1975, com o 1300-L, alguns meses


depois estendida ao 1300 Standard.

CABO DO VELOCÍMETRO
Acabei de adquirir um Fusca 1300-L ano 1979, que pertencia ao avô
do meu genro e que está muito bem conservado. Essa semana o cabo
do velocímetro rompeu e, como já tive outros Fuscas, resolvi eu mesmo
fazer a troca. Desconectei o cabo do velocímetro sem problemas, mas, ao
tentar retirá-lo do cubo da roda, notei que estava preso. Puxei com forca
e a capa acabou estourando, ficando um pedaço na ponta de eixo. Tive
de desmontar a calotinha, tirar a trava, rolamento e a panela de freio para
conseguir retirar o restante da capa que havia ficado no local. Montei
tudo novamente e no lugar correto, verificando inclusive se o buraco
da calotinha estava com o furo quadrado. Saí para testar e o ponteiro
do velocímetro estava oscilando. Voltei, ajustei novamente o cabo no
velocímetro, dei outra volta e o problema persistiu. Entrei debaixo do
carro e notei que o cabo e a capa estavam “enrolados”, parecendo uma
trança. Resumindo: perdi o cabo. Gostaria de saber o que tem de ser
feito para que o velocímetro funcione perfeitamente novamente?

Hilvo de Abreu
Campinas-SP

Hilvo, não vejo razão para que o cabo tenha ficado enrolado. É uma montagem simples até. Também
não consigo visualizar cabo e capa enrolados como “uma trança”, pois para isso são necessárias duas
partes e o cabo e capa formam uma unidade, cabo dentro da capa. Se houvesse uma foto dessa “trança”
ajudaria bastante a elucidar esse caso.

RADIADOR DE ÓLEO
Minha dúvida é bastante simples: se eu conectar mangueiras no bloco do motor refrigerado a ar e transferir o
radiador de óleo para o lado do câmbio, a bomba de óleo conseguirá manter a lubrificação?

Júlio César Domingos Pereira


E-mail

Julio, a bomba original não tem capacidade de vazão para tanto, a pressão de trabalho do sistema cairia. Mas vale tentar e ver se a pressão se mantém ou
cai, nem é preciso fazer a instalação completa, só como teste. Se que antiguamente existiam umas bombas de maior vazão, com engrenagens mais largas.
Pode ser que ainda existam no mercado de preparação, aqui ou no exterior.
52 FUSCA & CIA
BESOURO HIBERNADO
Caro Bob, acabei de comprar um Fusca 1965, o qual pretendo usar apenas
em ocasiões especiais, já que ele possui baixa quilometragem e a intenção é
preservá-lo ao máximo. Minha dúvida é a seguinte: quais cuidados devo tomar
com relação aos pneus, parte elétrica e gasolina no tanque com o carro parado
por muito tempo. Há um prazo máximo para que o combustível não estrague?

Lúcio Mello
São Paulo-SP

Lúcio, felizmente com a redução do enxofre de 800 partes por milhão para 50, juntamente com redução dos
elementos aromáticos, na gasolina, ocorrida no começo de 2014, a gasolina pode ficar até 1 ano no tanque sem
se deteriorar. É bom ter no carro uma chave-geral para cortar todo e qualquer consumo de energia elétrica (veja
no “Faça você mesmo” dessa edição de Fusca & Cia), deixar fresta nos vidros das janelas para manter o interior
ventilado e, por último, encher os pneus com 50 libras para não haver deformação dos flancos — o ideal é deixar
o carro sobre cavaletes, rodas no ar, mas isso nem sempre é possível —, sem esquecer de tirar ar dos pneus
quando for tirar o carro da hibernação. Use um calibrador para restabelecer a pressão ideal (16 libras na dianteira,
22 libras na traseira). Na carroceria, de lavada e seca, aplique cera protetora. Não é preciso cobrir o carro.

GASOLINA PURA!
Tenho um Fusca 1975 a gasolina e motor 1300. Com o aumento da
porcentagem de álcool na gasolina, qual seria a melhor solução para nós,
proprietários dessas raridades antigas?

Yuri Porfirio
E-mail

Yuri, lamentavelmente não há solução. Seu carro foi projetado para gasolina com até 12% de álcool. Portanto
ele roda com gasolina inadequada desde setembro de 1997, quando a gasolina passou a ter 22% de álcool e
em 2002, por lei, 25%. Portanto, não são esses 2% a mais que vão fazer diferença. Nem gasolina premium ou
Podium, que manterão os 25%, resolve. Os malefícios pelos quais você e muitos passam há 18 anos são de
duas ordens. Uma, os materiais como borrachas, diafragmas, peças como escapamento, bomba de gasolina
e boia do medidor de combustível, atacadas por esse álcool. Outra, mistura ar-combustivel pobre, mas isso
é facilmente corrigível aumentando os giclês do carburador, pouca coisa. Mistura pobre se manifesta por
hesitação (“engasgo”) na aceleração e perda de potência. Mas se você não sente isso talvez seja porque na
época em que seu carro foi feito as misturas eram muito ricas, que com a gasolina com álcool a 22% ou mais,
ficou certa. Vá usando a gasolina comum ou comum aditivada e observe.
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Motor: 1.500 cm³ Motor: 1.600 cm³, a gasolina Motor: 1.600 cm³
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ANUNCIE

FUSCACIA@GMAIL.COM
54 FUSCA & CIA
O grupo paranaense é famoso
pela organização de mosaicos
gigantes no Dia Mundial do Fusca

FUSCA MANIA CLUBE CURITIBA


F
oi no evento em comemora- Contas do Paraná. Mas é uma
ção ao Dia Nacional do Fusca vez ao ano, mais especificamente
de 2003 que os amigos Otto no Dia Mundial do Fusca (22
Bisneto, Adir dos Santos e de julho), que os integrantes do
Cristiano Sieno decidiram fundar clube fazem sua grande festa,
um clube dedicado aos besouros realizando um de seus famosos
da capital paranaense. Ali mesmo, mosaicos gigantes no pátio da
em meio à exposição, já agrega- concessionária local VW Copava,
ram cerca de 20 outros proprie- localizada no bairro do Cabral.
tários interessados em integrar o Fora isso, o grupo também organi-
grupo que acabava de nascer... za carreatas entre os sócios a fim
Como todos sabem, a cidade de de participar de eventos de outros
Curitiba destaca-se hoje como um clubes no Paraná e na vizinha
dos grandes redutos do universo Santa Catarina. Sem falar no apoio
Volkswagen a ar, inclusive com a todos os integrantes, com auxílio
o recorde de público e modelos desde a aquisição de um modelo
expostos na última celebração do até o processo de restauração
Dia Nacional do Fusca. Até por e manutenção da antiga linha
isso, não havia um nome melhor Volkswagen. Para isso, inclusive, o Nome: Fusca Mania Clube Curitiba-PR
para batizar o grupo, senão Fusca Fusca Mania Clube Curitiba conta Fundação: 20/01/2003
Mania Clube Curitiba, atualmen- com um site, onde incentiva a tro- Sócios: 65 integrantes ativos
te com 327 nomes cadastrados e ca de experiências e informações
ao menos 65 sócios ativos e parti- de locais para compra de peças e Eventos periódicos: Encontros Mensais (todo primeiro
cipantes em todos os eventos. realização de trabalhos mecânicos. domingo do mês, no Centro Cívico de Curitiba) e Dia
Entre os encontros periódicos, Para ficar sócio, basta compa- Mundial do Fusca (estacionamento Copava)
o grupo se reúne todo primei- recer fielmente aos encontros Site: facebook/fuscamaniaclube
ro domingo de cada mês no mensais e provar que faz parte
estacionamento do Tribnal de do espírito do grupo. Contato: fusca.mania.clube.curitiba@gmail.com

56 FUSCA & CIA


Encontros
Fotos: Fábio Girão/Divulgação

O VETERANOS REUNIDOS
mês de mar-
ço marcou a
realização do
grande encon-
tro organizado pelo
Veteran Car Clube
do Rio de Janeiro. E
a família de modelos
Volkswagen arrefe-
cidos a ar mais uma
vez se fez presente
em quantidade e
qualidade. O público
que compareceu à
mostra, ralizada no
Parque do Flamengo,
no tradicional bairro
carioca de mesmo
nome, pôde apreciar
não apenas exempla-
res do besouro tanto
originais como cus-
tomizados nas mais
variadas escolas. Mas
também verdadeiras
raridades, como a
primeira geração da

58 FUSCA & CIA


Besouros
personalizados
nos mais variados
estilos e uma fila
de Karmann Ghias
estiveram entre as
atrações da festa

FUSCA & CIA 59


Encontros
Família Tipo 3 na-
cional, representada
lado a lado por um
VW-1600 (popular
Zé do Caixão), uma
Variant e um TL, to-
dos de “frente alta”e
faróis retangulares.
Já os amantes de
“esportivos” pude-
ram conferir uma
longa fila de exem-
plares do Karmann
Ghia, sem falar num
perfeiro SP2 prata
com interior “Cara-
melo” e um rarís-
simo Puma Spider,
com capota rígida e
aerofólio de época.

O público pôde
apreciar esportivos
como SP2 e Puma
Spider, além da
primeira geração da
Família Tipo 3: VW-
1600, Variant e TL

60 FUSCA & CIA


A família
Volkswagen a ar
se fez presente
em número e
qualidade no evento
organizado no
Parque do Flamengo

FUSCA & CIA 61


Encontros
Fotos: Eduardo Duarte/Divulgação

O
belo domingo de
sol do dia 1 o. de
março foi pal-
co da primeira
edição do Power VAG,
evento organizado na ca-
pital paulista pelo grupo
Volksbrothers em parce-
ria com o site Volkspage
e diversos outros clubes
dedicados à paixão pela
marca alemã. Com o
lema “a união por uma
marca em um único
sentimento”, o badalado
encontro arrastou mais

FORÇA VOLKSWAGEN
de mil proprietários ao
Shopping D, no bairro
paulistano do Canindé,
que teve seus quatro an-
dares de estacionamento
completamente tomados
pelos participantes. E
claro que a forte pre-
sença de besouros e
derivados arrefecidos a
ar deixaram bem claro
onde e como toda essa
paixão começou... A pró-
xima edição do evento
acontecerá ainda neste
ano, sendo que a data
será em breve anunciada
na página do Facebook
do Volksbrothers.

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A mostra reuniu
modelos VW de
todas as gerações,
mas a presença
de besouros e
derivados a ar foi o
grande destaque

FUSCA & CIA 63


Encontros
Fotos: Edson Silva/Divulgação

A FUSCA É ARTE
terceira edição
do Encontro de
Fusca de Embu
das Artes (Gran-
de São Paulo) foi um
sucesso, com a partici-
pação de aproximada-
mente 800 exemplares
Volkswagen e a presen-
ça de um público esti-
mado em 6 mil pessoas.
Além de clubes locais e
dos municípios vizi-
nhos, o evento atraiu
proprietários de várias
cidades distantes como
Piracicaba e Bragança
Paulista, ambas no
interior paulista, além
de modelos vindos de
outros estados, caso de
Blumenau (SC) e São
José dos Pinhais (PR).
A mostra foi organi-
zada pelo clube local
Metropolitan Volks.

64 FUSCA & CIA


A festa de Embu das
Artes atraiu cerca
de 800 exemplares
vindos de cidades
próximas e até
mesmo de outros
estados, como
Paraná e Santa
Catarina

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Propagandas inesquecíveis

Dezembro de 1981 A publicidade da Volkswagen responde com graça a uma notícia veiculada na
época sobre a produção de um “carro mundial” feito por uma marca concorrente. E aproveita para destacar as
características que fizeram do Fusca um sucesso nos cinco continentes e uma verdadeira paixão mundial...

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