Mecânico de Automóvel Transmissão

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Mecânico de automóvel II
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032245 (46.25.12.435-7)

” SENAI-SP, 2007

2ª Edição

Trabalho editorado por Meios Educacionais da Gerência de Educação da Diretoria Técnica do SENAI-SP.

Coordenação editorial Gilvan Lima da Silva

1ª Edição
Trabalho elaborado e editorado pela Divisão de Material Didático da Diretoria de Tecnologia Educacional
do SENAI-SP

Equipe de laboração
Coordenação Adilson Tabain Kole
Elaboração Benjamin Prizendt
Conteúdo técnico Antônio Luiz Geovani (CFP 1.13)
José Ruiz Gomes (CFP 1.20)
Equipe de editoração
Fotografia Heloísa Cobra Silva
Ilustração Hugo Campos Silva

S47b SENAI - SP. DMD. Transmissão. Por Benjamin Prizendt et alii.


São Paulo, 1992. (Mecânico de automovel II, 6).

1. Mecânica de automóvel 2. Transmissão. I.t. II.s.

629.113
(CDU, IBICT, 1976)

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SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Departamento Regional de São Paulo
Av. Paulista, 1313 - Cerqueira César
São Paulo – SP
CEP 01311-923

Telefone (0XX11) 3146-7000


Telefax (0XX11) 3146-7230
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Home page http://www.sp.senai.br

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Sumário

Apresentação 7
Sistema de transmissão 9
Substituir transmissão articulada 15
Transmissão articulada 17
Recondicionar transmissão articulada 21
Semi-árvore com junta homocinética 23
Recondicionar semi-árvore com junta homocinética 29
Caixa de mudanças 31
Substituir caixa de mudanças 45
Embreagem 47
Substituir embreagem 57
Dispositivos de comando 59
Recondicionar comando de engate 65
Árvores da caixa de mudanças 67
Recondicionar caixa de mudanças 75
Eixo motriz traseiro 77
Substituir eixo motriz traseiro 81
Diferencial 83
Óleos lubrificantes para engrenagens 91
Recondicionar transmissão angular e diferencial 95
Tabela de conversões 97
Referências bibliográficas 99

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Apresentação

Diversas razões impedem que os veículos automotores sejam movidos diretamente


pelo motor de combustão interna:
x A rotação do motor geralmente é bem mais alta que a das rodas do veículo;
x O veículo, ao aguardar o sinal verde de trânsito, deve ficar parado e com o motor
ligado;
x Ao começar a mover-se, ou em subidas, o veículo necessita receber mais força do
motor do que em pisos horizontais e em alta velocidade;
x Todas as mudanças de marcha do veículo devem ser feitas sem que ocorram
trancos, isto é, de forma suave.

Todas essas funções são desempenhadas pelo sistema de transmissão do veículo,


que atua como intermediário entre o motor e as rodas motrizes do veículo. É a
transmissão que transmite a rotação do motor às rodas, reduzindo ou aumentando seu
valor para permitir ao veículo fornecer mais força ou mais velocidade em seu
deslocamento.

Neste fascículo você conhecerá os diversos componentes da transmissão:


x Embreagem, que permite interromper a ligação entre o motor e o restante da
transmissão quando o motorista pisa no pedal de embreagem;
x Caixa de mudanças, que recebe a rotação do motor e pode aumentá-la, reduzi-la
ou, mesmo, deixar de transmiti-la aos outros componentes do sistema (ponto
morto);
x Transmissão articulada e transmissão angular, que recebem a rotação da caixa
de mudanças, levando-a para as rodas;
x Diferencial, componente da transmissão que permite a uma roda motriz girar com
velocidade diferente da outra quando o veículo faz uma curva.

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Acompanhando esses conhecimentos, você aprenderá a executar as seguintes


operações:
x Substituir transmissão articulada
x Recondicionar transmissão articulada
x Recondicionar semi-árvore com junta homocinética
x Substituir caixa de mudanças
x Recondicionar embreagem
x Recondicionar dispositivos de comando de engate
x Recondicionar caixa de mudanças
x Substituir o eixo motriz traseiro
x Recondicionar transmissão angular e diferencial

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Sistema de transmissão

O sistema de transmissão normalmente compõe-se dos elementos constantes da


ilustração abaixo.

A embreagem liga ou desliga progressivamente a rotação do motor do restante do


sistema de transmissão. Esse controle é feito através do pedal da embreagem.

A caixa de mudanças recebe a rotação transmitida do motor pela embreagem.


Através de um conjunto de engrenagens, essa rotação pode ser modificada ou não e
depois ser transmitida da caixa de mudanças para a transmissão articulada.

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A mudança de rotação tem a finalidade de possibilitar ao veículo:


x Desenvolver uma velocidade maior, se as condições de carga e o piso permitirem;
x Desenvolver mais força, isto é, maior torque motriz, com velocidade menor. Essa
redução de velocidade e aumento de torque ocorrem na primeira e na segunda
marchas, que permitem ao veículo transportar mais carga, vencer subidas mais
íngremes, etc.

Portanto, a caixa de mudanças recebe o movimento de rotação do motor, modifica


essa rotação por meio de um conjunto de engrenagens e a transmite através de sua
árvore secundária para a transmissão articulada.

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A transmissão articulada transmite a rotação da caixa de mudanças para as rodas


motrizes, mesmo com os movimentos da suspensão.

A junta elástica possibilita a variação do comprimento da árvore da transmissão


articulada para acompanhar os movimentos oscilatórios da suspensão.

Da transmissão articulada, a rotação é transmitida às rodas motrizes do veículo por


intermédio de 3 conjuntos:
x Transmissão angular, que muda o plano de rotação em 90o;

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x Diferencial, que permite rotações diferentes para cada roda motriz quando o
veículo se desloca nas curvas.

x Semi-árvores que transmitem a rotação do diferencial às rodas que movem o


veículo (rodas motrizes).

Tipos de sistemas de transmissão

As transmissões mais comuns são:


x Mecânica não compacta
x Mecânica compacta
x Automática

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Na transmissão mecânica não compacta:


x A embreagem e a caixa de mudanças são comandadas pelo motorista; a
transmissão de rotação do motor inicia-se na embreagem e continua através da
caixa de mudanças, transmissão articulada, transmissão angular, diferencial e
semi-árvores.

A transmissão mecânica compacta reúne, em um só conjunto: motor, embreagem,


caixa de mudanças e eixo motriz. É o conjunto moto-propulsor que dispensa a
utilização da transmissão articulada.

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A transmissão compacta pode estar na parte dianteira ou na parte traseira do veículo.

A transmissão automática não tem embreagem - a caixa de mudanças funciona


automaticamente. Isto quer dizer que esse sistema seleciona automaticamente as
marchas, de acordo com a velocidade do veículo e a rotação do motor.

A embreagem é substituída pelo conversor de torque e a caixa de mudanças é


comandada por um fluxo hidráulico. Esta caixa de mudanças pode ser empregada
tanto no sistema não compacto como no não compacto.

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–––

Substituir transmissão
articulada

Esta operação consiste em remover e instalar a árvore de transmissão articulada.

É realizada sempre que for necessário reparar ou substituir a árvore de transmissão


ou, ainda, para facilitar a execução de outros trabalhos.

Processo de execução

1. Coloque o veículo sobre cavaletes.

2. Desligue a árvore de transmissão do eixo motriz.

3. Desligue a junta elástica da caixa de mudanças.

4. Instale a transmissão articulada no veículo, ligando-a à caixa de mudanças e ao


eixo motriz.

5. Coloque o veículo sobre o solo.

Observação:
Consulte o manual do fabricante.

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Transmissão articulada

A transmissão articulada é o elemento encarregado de transmitir o movimento de


rotação da saída da caixa de mudanças para o eixo motriz. Está localizada sob o
veículo, em sentido longitudinal.

Os componentes da transmissão articulada são mostrados na figura abaixo.

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A transmissão articulada é tubular, balanceada e possui em suas extremidades juntas


universais. Uma delas está instalada em uma junta deslizante. chamada junta
elástica.

São essas juntas que permitem a transmissão da rotação, mesmo com as variações de
ângulo e de comprimento da transmissão.

A transmissão articulada funciona da seguinte maneira:


x As juntas universais permitem a transmissão da rotação entre dois eixos, ligados
entre si por uma cruzeta;

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x O conjunto da cruzeta e garfos - um em cada eixo, permite que a rotação seja


transmitida, tanto quando os eixos estão em linha reta, como quando formam um
ângulo entre eles.

Para isso, a cruzeta vem assentada em rolamentos de agulhas, lubrificados com graxa.

A junta elástica permite compensar a variação da distância entre a caixa de mudanças


e o eixo motriz, devido aos movimentos da suspensão. Para tanto, a junta elástica tem
uma parte estriada interna, que se desloca com a parte estriada externa da árvore de
transmissão.

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A árvore de transmissão articulada é balanceada para:


x Garantir que ela gire da mesma forma em toda a sua extensão;
x Evitar vibrações durante sua rotação.

Manutenção

Defeitos Causas
Vibração x Cruzetas desalinhadas
x Fixação da junta universal está solta
x Árvore de transmissão está atuando em
ângulo muito acentuado
x Árvore de transmissão empenada ou
desbalanceada
Ruído nas juntas universais x Má fixação da junta universal
x Falta de lubrificação
x Rolamentos de agulhas das juntas
universais danificados ou gastos
x Grampos soltos

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Recondicionar transmissão
articulada

É a operação que o Mecânico de automóvel realiza quando a árvore de transmissão


apresenta folga nas cruzetas, na junta elástica ou quando for necessário substituir os
garfos ou a própria árvore.

Processo de execução

1. Separe a junta elástica da árvore de transmissão.

Observação:
Verifique se há marcas de referência. Se não houver, faça-as.

2. Retire a cruzeta da árvore de transmissão.

Precaução
Segurar, firmemente, os anéis-trava.

3. Retire a cruzeta da junta elástica.

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Precaução
Segurar, firmemente, os anéis-trava.

4. Limpe os componentes da árvore de transmissão.

5. Inspecione os componentes da árvore de transmissão.

6. Verifique se há empenamento na árvore.

Observação:
Substitua os componentes que apresentarem irregularidades.

7. Instale as cruzetas.

8. Instale a junta elástica na árvore.

Observação:
Consulte o manual do fabricante do veículo.

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Semi-árvore com junta


homocinética

É uma barra de aço, cilíndrica, com extremidades que se articulam por meio de juntas
homocinéticas.

Sua instalação é feita entre o conjunto motriz, formado pela caixa de mudanças e
pelo diferencial, e as rodas. Em certas marcas de veículos, essas semi-árvores com
junta homocinética localizam-se na parte traseira mas, na maioria dos casos,
encontram-se na parte dianteira dos veículos.

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A semi-árvore com junta homocinética compõe-se das peças ilustradas abaixo.

1 - Árvore de saída (ponta de eixo com junta homocinética fixa)


2 - Anéis de travamento
3 - Braçadeiras
4 - Coifas de proteção
5 - Semi-árvore (ou árvore de entrada)
6 - Junta homocinética deslizante
7 - Arruelas Belleville
8 - Anel centralizador

O movimento da caixa de mudanças e diferencial passa pela junta homocinética


interna para a semi-árvore. Essa junta, chamada junta deslizante, tem movimentos:
x Axial para compensar a variação do comprimento da semi-árvore;
x Angular, entre as árvores que estão ligadas a ela.

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A junta homocinética mais usada tem esferas colocadas em um alojamento. No caso


da junta homocinética interna, as árvores que são ligadas por ela são: a árvore de
saída da caixa de mudanças e a semi-árvore.

Os componentes da junta homocinética que possui esferas estão indicados abaixo.

As árvores de transmissão podem ser também do tipo homocinética com cruzeta.

As juntas homocinéticas permitem articulação e rotação igual e regular nas árvores


articuladas.

A rotação passa da junta homocinética interna (deslizante) para a semi-árvore e,


desta, para a junta homocinética externa (fixa). As juntas são fixadas às árvores por
anéis de retenção e são protegidas por coifas. A função das coifas é impedir a
penetração de água e impurezas - garantindo, assim, a permanência da graxa que
lubrifica os elementos das juntas.

As coifas são fixadas às árvores e às juntas homocinéticas por braçadeiras. As


braçadeiras podem ser de dois tipos: auto-travantes e aparafusadas e, uma vez
retiradas, não devem ser reaproveitadas.

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A árvore de saída com junta homocinética tem uma extremidade estriada com ponta
rosqueada, que permite a fixação do cubo da roda e o ajuste dos seus rolamentos.

A árvore de saída transmite o movimento da semi-árvore (árvore de entrada) às rodas


motrizes.

Manutenção

As juntas homocinéticas têm um tempo de duração previsto pelos fabricantes.


Entretanto, sua durabilidade depende de manutenção periódica, principalmente dos
cuidados dispensados às coifas de proteção.

Para um funcionamento normal da semi-árvore com junta homocinética, devem ser


observados os seguintes procedimentos:
x Verificar se há rasgos ou perfurações nas coifas de proteção, substituindo-as
quando necessário;
x Verificar se há trincas ou afrouxamento das braçadeiras das coifas. Deve-se
substituí-las, se necessário;
x Manter a porca da árvore de saída (ponta de eixo) dentro do torque recomendado;
x Verificar o aperto dos parafusos de fixação das juntas homocinéticas, corrigindo-o
quando for necessário;
x Lubrificar as juntas homocinéticas conforme as instruções do fabricante do veículo;
x Sempre que as braçadeiras forem retiradas das coifas de proteção, deve-se
substituí-las por braçadeiras novas.

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Defeitos Causas

Ruído na árvore de transmissão, x Parafusos da junta homocinética frouxos


quando o veículo “arranca” ou se x Folgas na própria junta homocinética.
desloca em linha reta.

Ruído na árvore de transmissão x Porca da ponta da árvore de saída frouxa


quando o veículo faz curva x Estrias da árvore danificadas
x Folga excessiva no interior da junta
homocinética

Vazamento de lubrificantes nas x Coifas de proteção rasgadas ou perfuradas


juntas homocinéticas x Braçadeiras das coifas quebradas ou frouxas

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Recondicionar semi-árvore
com junta homocinética

Esta operação leva o Mecânico de automóvel a remover a árvore de transmissão


homocinética do veículo para desmontá-la, inspecionar seus componentes, realizar
sua montagem e, por fim, instalá-la novamente. É praticada sempre que a árvore
apresenta irregularidades de funcionamento.

Processo de execução

1. Retire os parafusos e as porcas de fixação da semi-árvore.

2. Retire a semi-árvore.

3. Separe, da árvore de transmissão, as juntas homocinéticas interna e externa.

4. Desmonte as juntas homocinéticas.

5. Lave todos os elementos metálicos da árvore de transmissão.

6. Inspecione os componentes da árvore de transmissão e as juntas homocinéticas.

Observação:
Substitua os componentes que apresentarem trincas, empenamentos e desgastes.

7. Monte as juntas homocinéticas.

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8. Monte a árvore de transmissão na ordem inversa da desmontagem.

9. Instale a árvore de transmissão no veículo.

10. Instale os parafusos e as porcas de fixação da árvore.

Observação:
Consulte o manual do fabricante do veículo.

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Caixa de mudanças

A caixa de mudanças tem por finalidade adequar a movimentação do veículo às


condições de carga, tipo de piso e velocidade que ele enfrenta. Compõe-se dos
seguintes elementos básicos enumerados na ilustração abaixo e a seguir descritos.

A carcaça da caixa envolve os componentes da caixa de mudanças.

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A árvore primária recebe o movimento do motor através da embreagem e transmite-o


à árvore intermediária da caixa de mudanças.

1 - árvore primária
2 - árvore secundária

A árvore intermediária tem diversas engrenagens ligadas a várias engrenagens livres


da árvore secundária. As engrenagens livres giram sobre a árvore secundária.

1 - árvore primária
2 - árvore intermediária
3 - engrenagens livres da árvore secundária
4 - árvore secundária

Cada marcha corresponde a uma combinação de uma engrenagem da árvore


intermediária com outra da árvore secundária: a primeira é a engrenagem motora que
vai transmitir sua rotação e torque à segunda, que é a engrenagem movida. Há apenas
uma marcha no veículo que não utiliza essa combinação de engrenagens.

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Conhecendo-se o número de dentes da engrenagem motora e da engrenagem movida,


podemos calcular a relação de transmissão que determina a rotação e o torque de
saída em um sistema de transmissão. O cálculo é feito da seguinte maneira:

Relação de transmissão ( i )

número de dentes da engrenagem movida


i=
número de dentes da engrenagem motora

No sistema redutor, o número de dentes da engrenagem motora é menor do que da


engrenagem movida. O cálculo da relação de transmissão fica, assim, considerando o
caso de uma engrenagem motora com 10 dentes e a movida com 20 dentes.

Esse resultado quer dizer que o torque da engrenagem movida é 2 vezes o torque da
engrenagem motora. A engrenagem movida, por ser maior que a motora , move-se
mais lentamente (redução de rotação) mas, em compensação, apresenta um aumento
no torque. É que seus dentes funcionam como alavancas maiores que as alavancas
correspondentes aos dentes da engrenagem motora.

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No sistema multiplicador, como o número de dentes a engrenagem motora é maior,


ocorre um aumento da rotação e, portanto, redução do torque. Exemplo: engrenagem
movida com 10 dentes e motora com 20 dentes.

Ou seja, o torque cai para a metade, ao mesmo tempo que a rotação duplica
(multiplicação por 2).

No sistema prise direta as engrenagens, movida e motora, possuem o mesmo número


de dentes e, portanto, não ocorre nem redução e nem multiplicação da rotação.

A relação de transmissão permite compreender como se obtêm as diferentes marchas


do veículo, que serão analisadas, a seguir, detalhadamente.

A seguir detalharemos cada marcha, através de figuras. A linha cheia será utilizada
para mostrar a transmissão da rotação de um árvore a outra.

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Ponto morto

Há situações em que necessitamos manter o veículo parado, com o motor em


funcionamento. É o que ocorre, por exemplo, quando aguardamos o verde de um
semáforo. Nesse caso, a alavanca de mudanças deve ser colocada em ponto morto,
isto é, nenhuma marcha estará engrenada.

A alavanca de mudanças, quando está “em ponto morto”, desliga a árvore secundária
das demais. Neste caso, o movimento de rotação chega somente até a árvore
intermediária, não se transmitindo à árvore secundária.

Primeira velocidade

É uma marcha de baixa velocidade e muita força, isto porque resulta da combinação
da menor engrenagem da árvore intermediária com a maior engrenagem da árvore
secundária. Com isso há uma redução de velocidade e um aumento do torque motriz.

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Segunda velocidade

É uma marcha de velocidade maior que a primeira, mas com menor torque motor. Isto
ocorre porque ela resulta de uma menor redução entre a engrenagem da árvore
intermediária com a engrenagem da árvore secundária.

Terceira velocidade

Trata-se de uma marcha que supera, em velocidade, a segunda. Perde, entretanto


quanto ao torque motor. Resulta de uma menor redução da engrenagem da árvore
intermediária para a engrenagem da árvore secundária.

Tratando-se de veículos de quatro marchas à frente, da primeira à terceira marcha o


movimento de rotação é transmitido pela árvore intermediária.

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Quarta velocidade

Não utiliza a árvore intermediária. As árvores primária e secundária ligam-se


diretamente. Resulta, então, uma velocidade maior que a da terceira marcha,
mas com menor torque motriz. Esta ligação direta entre a árvore primária e a
secundária chama-se prise direta.

Marcha a ré

É obtida através de uma engrenagem intermediária, que inverte o sentido de rotação


da árvore secundária.

1 - árvore intermediária
2 - engrenagem intermediária
3 - rotação invertida

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Sobremarcha

Existem veículos que têm caixa de mudanças com sobremarcha (overdrive), isto é,
apresentam na última marcha uma velocidade de saída maior que a de entrada. Isso
quer dizer que a velocidade da árvore secundária é maior que a apresentada pela
árvore primária.

A vantagem da sobremarcha é que o veículo alcança maior velocidade com menor


rotação do motor. Desta forma, há um menor consumo de combustível e maior vida útil
do motor.

Caixa de transferência

Alguns veículos, dadas as suas características de trabalho, possuem mais de um eixo


tracionado, sendo necessária uma caixa de transferência de rotação e torque para as
rodas motrizes.

A quantidade de saídas de uma caixa de transferência corresponde à quantidade de


árvores de transmissão e, consequentemente, de eixos motrizes.

A tração nas quatro rodas é usada quando o veículo vai operar em terrenos de difícil
acesso ou em subidas íngremes.

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Transmissão

O comando da caixa de transferência é feito através de uma alavanca existente dentro


da cabina do veículo, cujas posições podem ser:
x Desengatada, para estrada normal. Nesse caso o movimento de rotação da caixa
de mudanças é transferido somente ao eixo traseiro;
x Engatada, para estradas de difícil acesso, quando o movimento de rotação da
caixa de mudanças é transmitido para o eixo traseiro e, se necessário, para o
dianteiro.

Tipos de caixa de mudanças

Os mais comuns são:


x Mecânica não compacta
x Mecânica compacta
x Automática, compacta e não compacta.

Caixa de mudanças mecânica não compacta


Suas marchas são determinadas pelo motorista, por meio da alavanca de mudanças,
para adequar o deslocamento do veículo de acordo com:
x A carga que transporta
x Velocidade
x Condições do piso

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Transmissão

Abaixo encontramos uma vista esquemática de uma caixa desse tipo.

Nas caixas sincronizadas, as engrenagens da árvore secundária giram livremente, sem


transmitir movimentos. Ao ser engrenada uma marcha, somente a engrenagem
correspondente a ela transmite o correspondente movimento à árvore secundária. As
demais engrenagens continuam girando livres, na árvore secundária, embora estejam
em contato com suas engrenagens correspondentes da árvore intermediária. Isto
acontece porque, no sistema sincronizado, o acoplamento das engrenagens da árvore
secundária com a própria árvore é feito por meio do deslocamento das luvas
sincronizadas. Nas caixas não sincronizadas, as engrenagens da árvore secundária
não se acoplam permanentemente com as suas correspondentes engrenagens da
árvore intermediária.

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Transmissão

Nesse tipo de caixa, as engrenagens das duas árvores estão desalinhadas, o que faz
com que elas girem livres com seus eixos.

Um garfo desloca, longitudinalmente, as engrenagens na árvore secundária, até elas


se engrenarem com as engrenagens da árvore intermediária.

Caixa de mudança compacta

Neste tipo de caixa, assim como na não compacta, as marchas adequadas ao


deslocamento do veículo também são determinadas pelo motorista, por meio da
alavanca de mudanças.

Esta caixa é chamada compacta porque, em uma só carcaça, são montados a caixa de
mudanças e o eixo motriz.

Dependendo da marca do veículo, a caixa de mudanças pode ser instalada


longitudinalmente ou na posição transversal, em relação à carroceria. Veja a seguir.

SENAI 41
Transmissão

A grande vantagem da colocação da caixa transversalmente é que dispensa o conjunto


de transmissão angular.

A caixa compacta pode, ainda, estar localizada na dianteira do veículo ou na sua


traseira.

Manutenção

Os comandos de engate sofrem desgaste decorrente do uso, provocando


encavalamento de marcha, dificuldade de engrenamento e outros defeitos.

Defeitos Causas
x Falta de lubrificação
x Liames empenados
Alavanca com dificuldade para
x Acoplamento danificado
engrenar as marchas
x Buchas danificadas

x Falta de lubrificação
Ruídos na alavanca x Folga excessiva

x Comando de engate
desregulado
As marchas escapam x Coxins da caixa de mudanças
danificados

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Transmissão

Caixa de mudanças automática

Nas caixas de mudanças automáticas as marchas adequadas ao deslocamento do


veículo, em função do piso onde ele se desloca, da carga que transporta e da
velocidade compatível, não são determinadas pelo motorista. A própria caixa de
mudanças determina, seleciona e faz a troca de marchas, de acordo com a
necessidade do momento. Para iniciar o deslocamento do veículo, o motorista, apenas,
tem que selecionar o sentido de deslocamento (para frente ou para trás), através de
uma alavanca, e acelerar para causar os engrenamentos automáticos.

As caixas automáticas operam por meios hidráulicos, elétricos ou pneumáticos.

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Transmissão

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Transmissão

Substituir caixa de mudanças

Esta operação consiste em remover e instalar a caixa de mudanças no veículo. É


realizada sempre que for necessário reparar ou substituir a caixa de mudanças, ou
para facilitar a execução de outros trabalhos.

Processo de execução

1. Desligue os comandos externos da caixa de mudanças.

2. Retire a caixa de mudanças.

3. Instale a caixa de mudanças.

4. Ligue os comandos externos da caixa.

5. Regule esses comandos.

Precaução
Solicite a ajuda de um colega.

Observação:
Consulte o manual do fabricante do veículo.

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Transmissão

46 SENAI
Transmissão

Embreagem

A embreagem tem como função ligar e desligar o motor da caixa de mudanças.

A ligação é feita comprimindo o disco da embreagem entre o platô e o volante motor.


Esse disco deve aderir firmemente para não patinar ao receber a rotação e o torque do
motor.

SENAI 47
Transmissão

O disco de embreagem é um disco de aço, montado na extremidade da árvore


primária, de maneira a permitir seu deslizamento. Possui guarnições de atrito em suas
duas faces, fixadas por rebites - uma delas adere firmemente ao volante do motor e a
outra, ao platô.

1 - disco da embreagem
2 - platô
3 - guarnições de atrito
4 - volante motor

Alguns tipos de disco de embreagem possuem entalhes sobre a superfície externa das
guarnições. A finalidade desses entalhes é dupla:
x Permitir a dispersão dos resíduos, provenientes do próprio desgaste normal;
x Impedir a diminuição do coeficiente de atrito que esses resíduos causariam
(prejudicando o bom funcionamento do conjunto da embreagem).

A figura apresenta um disco de embreagem em corte, destacando suas partes


principais.

1 - rebites de fixação das


guarnições de atrito
2 - guarnições de atrito
3 - manga estriada
4 - disco de embreagem

48 SENAI
Transmissão

Para que o engate da embreagem seja suave, o disco é provido de um dispositivo de


amortecimento de golpes.

1 - disco externo
2 - disco interno
3 - molas de absorção
de esforços

O disco interno está fixado à manga estriada, enquanto os discos externos estão
presos ao disco de embreagem. Entre os três discos são formadas sedes que abrigam
molas de absorção de esforços (molas de torção), em quantidades que variam de 4 a
8. Estas molas têm a função de permitir um certo movimento entre os discos externo e
interno, de maneira que sejam absorvidos esforços de torção. Esses esforços ocorrem
no momento do engate entre anel de pressão - disco de embreagem - volante do
motor.

A compressão que o platô faz no disco contra o volante pode ser através de :
x Molas helicoidais;

SENAI 49
Transmissão

x Por uma mola tipo membrana (também chamada diafragma), que tem a forma de
um prato fino, ligeiramente cônico e é feita de aço.

Quando o pedal da embreagem está em posição de repouso, o platô está comprimindo


o disco da embreagem contra o volante. Nessas condições, a rotação e o torque do
volante motor passam para o disco, fazendo-o girar e, junto com ele, a árvore primária
que está encaixada nas estrias da parte central do disco.

O volante motor, o disco e a árvore primária da caixa de mudanças, na condição


acima, constituem um único conjunto - giram à mesma velocidade de rotação.

Quando o motorista aciona o pedal de embreagem, comanda uma série de elementos


ligados entre si que, com seu movimento, libera o disco do volante motor. Com isso, a
rotação do volante motor não se transmite mais ao disco e à árvore primária da caixa
de mudanças.

Esse afastamento do disco, que separa motor e transmissão, chama-se debreagem.

50 SENAI
Transmissão

Debreagem - platô de molas helicoidais

É conseguida por meio de um mecanismo constituído de:

1 - colar
2 - rolamento de encosto
3 - alavancas debreadoras

O garfo é acionado pelo pedal da embreagem por meio de um dos seguintes


dispositivos:

Cabo

Haste e alavancas
SENAI 51
Transmissão

x Acionamento hidráulico

O garfo empurra o rolamento de encosto contra uma das extremidades de alavancas


debreadoras.

As alavancas debreadoras têm articulação - enquanto uma extremidade é dirigida para


o disco da embreagem, a outra puxa a placa de pressão do platô, liberando o disco
de embreagem.

52 SENAI
Transmissão

Debreagem - platô com mola tipo membrana

A figura mostra como se dá a ação do garfo sobre a mola tipo membrana.

1 - o garfo empurra o rolamento


2 - o rolamento comprime o centro da membrana
3 - a periferia da membrana move-se para trás

Com o platô acionado, o disco fica afastado do volante.

SENAI 53
Transmissão

Comparação entre platô com molas helicoidais e com mola tipo membrana

A figura seguinte apresenta uma vista explodida dos elementos que constituem um
platô de molas helicoidais e sua relação com o volante motor, com o disco de
embreagem, garfo e rolamento de encosto.

Percebe-se que as molas helicoidais, atuando na periferia do platô, estão sujeitas a


vibrar - principalmente em altas rotações.

Outros inconvenientes desse platô referem-se à própria característica das molas


helicoidais:
x Sua tensão aumenta quando a embreagem é acionada - o contrário do que seria
conveniente;
x Como são diversas molas, com o tempo umas podem atuar com menor tensão do
que as outras. Dessa forma, o platô deixa de exercer força uniforme em toda a
periferia do disco de embreagem.

Com o desgaste da guarnição do disco, as molas passam a trabalhar com uma tensão
menor do que a normal, o que favorece o deslocamento do disco da embreagem.

O platô de mola tipo membrana utiliza uma única mola que, por isso, aplica uma
mesma força em toda a superfície de contato da placa de pressão. Trata-se de uma
pressão constante, mesmo com o desgaste do disco da embreagem.

54 SENAI
Transmissão

Isso não acontece com as molas helicoidais que “endurecem” à medida que vão sendo
comprimidas, ou perdem sua tensão com o desgaste do disco da embreagem.

Manutenção

A embreagem está sujeita a falhas e desgastes como se apresenta no quadro


seguinte.

Defeitos Causas
Embreagem deslizando x Platô danificado
(patinando) x Platô desregulado
x Disco com óleo
x Molas do platô sem tensão
x Guarnição gasta
x Embreagem sem folga no curso
Ruído na embreagem x Rolamento de embreagem danificado
x Bucha ou rolamento de centro da árvore primária
gastos
Embreagem x Disco emperrado
Trepidando x Guarnições quebradas
x Platô desregulado
Dificuldade x Platô quebrado
de engrenar x Pedal com folga excessiva
x Alavancas de acionamento do pedal com
desgaste
x Membrana com desgaste

SENAI 55
Transmissão

56 SENAI
Transmissão

Substituir embreagem

Esta operação consiste em retirar, inspecionar e instalar a embreagem. É praticada


quando a embreagem apresentar irregularidades em seu funcionamento, ou para
permitir a execução de outros trabalhos.

Processo de execução

1. Retire o platô de embreagem.

Observações:
a) Solte os parafusos alternadamente.
b) Faça uma marca de referência no platô, em relação ao volante motor.

2. Limpe os componentes da embreagem.

3. Examine as peças que compõem a embreagem quanto a:


desgaste, sulcos, trincas, sinais de superaquecimento, folga, empenamento e
revestimento do disco com óleo.

Observação:
Substitua as peças que apresentarem alguma irregularidade.

4. Instale o platô de embreagem.

Observações:
a) Lubrifique a bucha-guia e as estrias do disco.
b) Siga as marcações de referência.

SENAI 57
Transmissão

c) Centralize o disco usando uma guia.

d) Aperte os parafusos alternadamente.


e) Consulte o manual do fabricante do veículo.

58 SENAI
Transmissão

Dispositivos de comando

Comandos internos da caixa de mudanças

A tampa da caixa de mudanças é uma peça de ferro fundido (ou de ligas leves) que
veda a caixa de mudanças. Serve, ainda, de suporte para a instalação de alavancas,
que permitem o engrenamento das marchas.

Para evitar o engrenamento simultâneo de duas marchas, há dispositivos de


travamento, que evitam o deslocamento simultâneo de duas ou mais hastes.

Os dispositivos de travamento podem ser dos seguintes tipos:

SENAI 59
Transmissão

x Travamento através de pinos;

x Travamento através de esferas e pinos;

60 SENAI
Transmissão

x Travamento através de disco.

x Travamento através de comando pneumático.

1 - válvula - abre ou fecha a passagem do ar


para circuitos de seleção e atuação.
2 - válvula pré-seletora
3 - válvula relé de comando - seleciona os
circuitos das velocidades (lenta ou rápida)
4 - cilindro comando
5 - válvula de bloqueio
6 - válvula pneumática (árvore intermediária)

Além do sistema de travamento das hastes deslizantes, existe ainda o sistema de


retém que tem como finalidade fazer com que as hastes deslizantes só se movam
quando o motorista acionar a alavanca de mudanças para engrenar uma marcha.

Para isto, a haste deslizante possui cavidades que correspondem a uma das marchas
e ao ponto morto. É nessas cavidades que será alojada uma esfera sob tensão de uma
mola. Esse conjunto serve para posicionar corretamente a luva do conjunto

SENAI 61
Transmissão

sincronizador e evitar desengrenamento da marcha quando o veículo estiver em


movimento.

Para engrenar uma determinada marcha, o motorista aciona a alavanca de mudanças.


Desse modo, a alavanca aciona o trambulador que seleciona e movimenta um só liame
e, portanto, uma alavanca do garfo. Cada liame pode movimentar duas marchas,
porém em momentos diferentes e de sentidos opostos, para deslocar a luva sobre a
engrenagem correspondente à marcha desejada.

Manutenção

O dispositivo de comando pode apresentar defeitos, como indica o quadro a seguir:

Defeitos Causas
Dificuldades para x Garfo empenado
engrenar marchas x Tampa trincada
x Molas dos dispositivos com excesso de tensão
x Esferas emperradas
x Hastes de acionamento desgastadas
x Falta de lubrificação
Marchas desengrenando x Molas fracas
x Esferas desgastadas
x Hastes deslizantes desgastadas
x Garfo empenado

62 SENAI
Transmissão

Comandos externos da caixa de mudanças

A alavanca de comando é uma haste de aço que se articula com a caixa de


mudanças para engrenar a marcha desejada, ao ser acionada pelo motorista. Pode ser
instalada no assoalho do veículo, à direita do motorista, ou na coluna de direção.

Nos dois casos a alavanca de comando exerce as seguintes funções:


x Selecionar as marchas desejadas;
x Engrenar as marchas desejadas.

Nos veículos leves, a alavanca de mudanças pertence ao conjunto de dispositivos de


comando da caixa de mudanças, cujos componentes são mostrados abaixo.

O motorista movimenta a alavanca que, por meio do trambulador, seleciona o liame


correspondente à marcha desejada. O liame aciona a alavanca do garfo e engrena a
luva na engrenagem da marcha escolhida.

SENAI 63
Transmissão

O quadro abaixo apresenta os principais defeitos encontrados na alavanca de


mudanças, bem como suas prováveis causas.

Defeitos Causas
Alavanca muito dura x Falta lubrificação
para o engrenamento x Liames empenados
das marchas x Acoplamentos com as alavancas do garfo estão
danificados
x Alojamento das hastes dos garfos podem estar gastos
x Embreagem desregulada

Ruídos na alavanca x Falta de lubrificação


de mudanças x Folga excessiva

64 SENAI
Transmissão

Recondicionar comando
de engate

Esta operação consiste em retirar, desmontar, inspecionar, montar, instalar e regular


dispositivos de comando da caixa de mudanças. É executada quando notamos
dificuldade na seleção e mudança de marchas, ou quando elas desengrenam.

Processo de execução

1. Retire os comandos da caixa de mudanças.

2. Desmonte-os.

3. Limpe-os.

4. Inspecione-os.

Observação
Substitua os componentes que apresentarem irregularidades.

5. Monte os comandos da caixa de mudanças.

6. Instale-os.

7. Regule-os.

Observação
Consulte o manual do fabricante do veículo.

SENAI 65
Transmissão

66 SENAI
Transmissão

Árvores da caixa de
mudanças

A caixa de mudanças possui três árvores, além do conjunto de marcha a ré.

Árvore primária

Recebe o movimento de rotação do motor por meio da embreagem à qual se acopla e


transmite esse movimento às outras árvores da caixa de mudanças.

SENAI 67
Transmissão

Seu formato, comprimento, tipo e número de engrenagens variam dependendo do


veículo considerado. Abaixo ilustramos dois tipos de árvores primárias.

A árvore primária da caixa de mudanças não compacta é instalada em alinhamento


com a árvore secundária. Seus componentes básicos estão indicados na figura abaixo.

1 - parafuso de fixação do flange 5 - anel-trava


2 - flange retentor 6 - rolamento
3 - junta 7 - árvore primária
4 - vedador 8 - engrenagem da árvore primária

Na caixa de mudanças não compacta, a árvore primária tem apenas uma engrenagem
fixada a seu eixo. Essa engrenagem está constantemente engrenada com a árvore
intermediária.

68 SENAI
Transmissão

Árvore intermediária

A árvore intermediária também é conhecida como trem de engrenagens. Como está


acoplada à árvore primária sempre pela mesma engrenagem, a relação entre as
velocidades de rotação da árvore primária e da secundária é fixa. É uma transmissão
de rotação com redução de velocidade, chamada redução permanente, já que a
engrenagem da árvore intermediária é maior que a da árvore primária.

A redução de velocidade reflete-se, também, na saída da caixa. Isto é, a árvore


secundária, ao receber a rotação da árvore intermediária, fica com uma velocidade de
rotação menor do que a árvore primária. Essa redução aumenta a força motriz do
veículo, necessária para ele arrancar ou deslocar-se em subidas. Dizemos que há um
aumento de torque, através da redução de velocidade.

Os componentes da árvore intermediária são:

1 - rolamento interior
2 - árvore intermediária
3 - rolamento
4 - engrenagem impulsora da
marcha-à-ré
5 - anél-trava

As engrenagens da árvore intermediária são de diversos tamanhos e seu número


corresponde ao das marchas do veículo menos um: por exemplo,4 marchas = 4 - 1 =
3 engrenagens na árvore intermediária. Isto porque nas caixas de mudança não
compacta a última marcha (prisedireta) não depende da árvore intermediária.

SENAI 69
Transmissão

A engrenagem impulsora da marcha a ré faz parte da árvore intermediária.

Árvore secundária (caixa convencional)

Também conhecida como árvore de saída, a árvore secundária acopla-se à árvore


intermediária, da qual recebe o torque motriz (o esforço de rotação), transmitindo-o em
valor aumentado às rodas motrizes.

Seus componentes básicos são mostrados na figura seguinte.

1 - anel sincronizador 8 - árvore secundária


2 - mola das chavetas 9 - coroa do velocímetro
3 - chavetas 10 - engrenagem 2a velocidade
4 - cubo do sincronizador 11 - engrenagem 1a velocidade
5 - luva do sincronizador 12 - rolamento
a
6 - engrenagem 3 velocidade 13 - engrenagem intermediária da ré
7 - roletes 14 - anel de retenção

As engrenagens da árvore secundária estão constantemente ligadas às da árvore


intermediária. Essas engrenagens deslizam livremente na árvore secundária. São elas
que recebem o movimento da árvore intermediária e o transmitem à árvore secundária
através de luva de engate e cubo sincronizador.

70 SENAI
Transmissão

Na prise direta, a árvore secundária se une à árvore primária através de uma luva de
acoplamento. Como esse acoplamento é feito diretamente entre as árvores, não há
variação de rotação e torque entre a árvore primária e a secundária.

Conjunto de marcha a ré

Esse conjunto causa a inversão do sentido de rotação da árvore secundária, o que faz
o veículo deslocar-se para trás. Isto acontece pela colocação de uma engrenagem
intermediária entre as engrenagens de marcha a ré, situadas uma na árvore
intermediária e outra, na secundária.

Conjunto sincronizador

O engrenamento das marchas no veículo deve ser feito sem trancos ou atritos que
danifiquem os dentes das engrenagens.

SENAI 71
Transmissão

Para que isso ocorra, há um conjunto sincronizador formado pelos componentes


abaixo ilustrados.

No momento em que é engrenada uma marcha, sua luva atua sobre o anel
sincronizador. O anel é pressionado de encontro ao cone da engrenagem da marcha e,
por atrito, iguala sua velocidade, de forma a ocorrer um engrenamento suave.

O anel sincronizador realiza um contato inicial, preparando o engrenamento definitivo.


Como o nome diz, ele sincroniza (iguala) o movimento da luva com o da engrenagem.

72 SENAI
Transmissão

A engrenagem da árvore secundária recebe rotação da engrenagem da árvore


intermediária e, por intermédio da luva, transmite sua rotação ao cubo. O cubo está
ligado à árvore secundária através de estrias e, por isso, essa árvore passa a girar
com a mesma rotação que a engrenagem que foi selecionada.

Manutenção

O quadro abaixo indica os principais defeitos apresentados pela caixa de mudanças.

Defeitos Causas
Ruído na x Rolamento danificado
caixa de mudanças x Nível de óleo abaixo do normal
x Engrenagens desgastadas
x Roletes quebrados
x Dentes de engrenagens quebrados
Marchas arranhando ao x Anel sincronizador danificado
engrenar x Luva do anel sincronizador danificada
x Lubrificante inadequado
Marchas escapando x Engrenagens desgastadas
x Luva do anel sincronizador desgastados
x Garfos de acoplamento das marchas danificados
x Engrenagens com folga axial acima da especificada
x Conjunto retém desgastado

SENAI 73
Transmissão

74 SENAI
Transmissão

Recondicionar caixa de
mudanças

Esta operação consiste em desmontar a caixa de mudanças e as árvores que a


compõem, inspecionar seus componentes, substituir as peças danificadas, ajustar e
montar corretamente os componentes. É executada sempre que a caixa de mudanças
apresenta irregularidades.

Processo de execução

1. Drene o óleo.

2. Retire e desmonte as árvores.

Observação:
Prenda a árvore que vai ser desmontada em uma morsa utilizando mordentes ou
suportes apropriados.

3. Limpe todos os componentes da caixa de mudanças.

4. Inspecione os componentes quanto a trincas, deformações, sulcos, empenamentos


e desgastes.

5. Monte, ajuste e instale os componentes na caixa.

6. Abasteça a caixa com óleo.

Observação:
Consulte o manual do fabricante do veículo.

SENAI 75
Transmissão

76 SENAI
Transmissão

Eixo motriz traseiro

O eixo motriz traseiro tem a finalidade de apoiar a suspensão traseira, transmitir o


torque motriz para as rodas e suportar os esforços laterais. Compreende os seguintes
componentes:
x Transmissão angular;
x Diferencial;
x Semi-árvores e rolamentos;
x Carcaça metálica que aloja todos os elementos anteriores.

A semi-árvore é uma barra de aço cilíndrica que tem suas extremidades preparadas
para fazer acoplamentos com outras peças,

SENAI 77
Transmissão

As semi-árvores tem que suportar os esforços impostos pelo peso do veículo, além de
transmitir o torque motriz, recebido através do diferencial, para as rodas.

De acordo com a montagem das semi-árvores, o eixo motriz pode ser:


x Semiflutuante - utilizado em automóveis e em veículos para serviços leves;
x Flutuante - empregado em veículos destinados a serviços pesados.

O sistema semiflutuante possui cada semi-árvore apoiada por um rolamento na


extremidade interna da carcaça do eixo motriz. É sobre esse rolamento que a roda se
apóia.

No sistema flutuante, a semi-árvore é fixa ao cubo da roda, que se apoia em dois


rolamentos. Os rolamentos são montados na extremidade exterior da carcaça do eixo
motriz e suportam tanto o peso do veículo como os esforços desenvolvidos nas curvas.
Nesse tipo de montagem, a semi-árvore transmite o torque para as rodas, não tendo
que suportar o peso do veículo.

78 SENAI
Transmissão

Manutenção

O quadro seguinte apresenta as falhas mais comuns verificadas no eixo motriz e suas
causas prováveis.

Defeitos Causas

O eixo x Nível do lubrificante muito baixo


superaquece x Lubrificante inadequado
x Pré-carga excessiva nos rolamentos
x Folga entre dentes insuficiente entre a coroa e o pinhão
Vazamento x Carcaça trincada ou danificada
de óleo x Vedadores danificados
x Orifícios de aeração obstruído

SENAI 79
Transmissão

80 SENAI
Transmissão

Substituir eixo motriz traseiro

Esta operação consiste em retirar e instalar o eixo motriz traseiro. É executada sempre
que for necessária a sua substituição ou para facilitar a execução de outros trabalhos.

Processo de execução

1. Retire o eixo motriz traseiro

2. Instale o eixo motriz traseiro

Observações:
a) Observe as normas de segurança.
b) Consulte o manual do fabricante do veículo.

SENAI 81
Transmissão

82 SENAI
Transmissão

Diferencial

A rotação da árvore secundária da caixa de mudanças é transmitida às rodas motrizes


do veículo.

Normalmente, nos veículos que têm caixa de mudanças convencional (isto é, não-
compacta), o motor é instalado na dianteira e o eixo motriz na traseira do veículo.
Dizemos, assim, que o veículo possui tração traseira.

Nesses casos há uma transmissão da rotação e do torque do motor, através da caixa


de mudanças, até o eixo motriz.

Nos veículos em que a caixa de mudanças


está no sentido longitudinal,
acompanhando a carroçaria, o eixo motriz
tem um conjunto que muda o plano de
rotação da árvore secundária para as
rodas, num ângulo de 90º. Esse conjunto
chama-se transmissão angular e é
formado por uma coroa e um pinhão, que
são engrenagens de tamanhos diferentes,
dispostas em ângulo reto.

SENAI 83
Transmissão

A árvore de transmissão articulada passa a rotação da caixa de mudanças para o


pinhão. O pinhão transmite essa rotação à coroa.

A coroa, nos veículos com motor longitudinal, tem forma cônica. Seu diâmetro é maior
que o diâmetro do pinhão e tem, também, um maior número de dentes. A coroa recebe
o torque motriz e o transmite à caixa do diferencial.

A transmissão angular tem como funções:


x Causar a transmissão de rotação entre duas árvores perpendiculares entre si;
x Estabelecer a redução permanente da velocidade de rotação do motor para as
rodas motrizes. Essa redução ocorre devido ao maior número de dentes da coroa,
em relação ao pinhão. É com essa redução de velocidade que ocorre um aumento
do torque motriz.

Dependendo da posição de engrenamento do pinhão com a coroa, a transmissão


angular do veículo pode ser:
x Helicoidal: quando coincidem as linhas de centro do pinhão e da coroa.

x Hipoidal: quando não ocorre essa coincidência.

84 SENAI
Transmissão

Os dentes da coroa e do pinhão são submetidos a um processo de lapidação para se


obter o acasalamento entre essas duas peças. Esse acasalamento evita ruídos e
desgaste prematuro. Assim, ocorrendo dano ao pinhão ou à coroa, deve-se substituir
ambos.

Além da transmissão angular, o eixo motriz possui outro conjunto de engrenagens: o


diferencial.

Quando a caixa de mudanças é transversal em relação ao veículo, suas árvores têm


rotação no mesmo plano que as rodas motrizes. Por isso o eixo motriz não tem
transmissão angular.

Nas caixas de mudança compactas, o diferencial está acoplado na própria caixa.

SENAI 85
Transmissão

O diferencial tem como função permitir que as rodas motrizes possam girar cada uma
com rotação diferente da outra. Isso ocorre quando o veículo percorre uma curva - a
roda do lado de dentro da curva move-se mais lentamente do que a roda que está do
lado de fora da curva.

A roda 1 percorre uma distância


maior que a roda 2 que está do
lado interno da curva

Para que a roda que se move mais lentamente não seja arrastada pela outra, o eixo
motriz é dividido em duas semi-árvores ligadas entre si pelo diferencial.

86 SENAI
Transmissão

O eixo motriz possui em sua carcaça a caixa de diferencial. Nela estão alojadas as
engrenagens planetárias, que são paralelas à coroa, e as satélites, que estão a 90º,
isto é, perpendiculares às planetárias indicados na figura a seguir.

A caixa do diferencial gira junto com a coroa. Quando as duas rodas motrizes giram à
mesma velocidade (veículo em linha reta), as engrenagens satélites funcionam como
trava entre as engrenagens planetárias. Nessas condições, as engrenagens
planetárias giram com a mesma velocidade.

Quando, entretanto, uma das rodas diminui de velocidade (por exemplo, em uma
curva), a engrenagem planetária ligada a ela também gira mais lentamente. Nesse
caso, as engrenagens satélites passam a girar sobre seu eixo, permitindo a variação
de rotação entre as planetárias. O mesmo acontece com as rodas motrizes, pois estão
presas às engrenagens planetárias através das semi-árvores.

SENAI 87
Transmissão

Quando ocorre essa segunda situação, o número de rotações que diminui em uma
roda aumenta na outra.

Certos veículos possuem um sistema de tração positiva (antiderrapante), que impede


a passagem de rotação de uma roda a outra. Esse bloqueio ocorre quando uma das
rodas patina devido à baixa aderência com o piso. Esse sistema bloqueia as
planetárias com a caixa do diferencial, fazendo com que as duas rodas girem à mesma
rotação.

88 SENAI
Transmissão

Transmissão angular - dupla redução

Os veículos que circulam em qualquer terreno e com cargas elevadas devem


apresentar maior redução para vencer o esforço resistente.

Não é conveniente que essa redução seja apenas devida à relação entre os dentes do
pinhão e da coroa porque, nesses caso, o pinhão ficaria com um tamanho muito
pequeno, desgastando-se rapidamente. Usam-se, então, eixos motrizes com redução
dupla - sistema de duas reduções de saída, comandado pelo motorista com
acionamento elétrico ou pneumático, de acordo com a necessidade de um maior
torque motriz.

Manutenção

Periodicamente, deve-se verificar o nível de óleo do diferencial, conforme instruções do


fabricante do veículo.

SENAI 89
Transmissão

As peças danificadas devem ser substituídas isoladamente ou em pares (quando


trabalharem acasaladas entre si).

Defeitos Causas

Rolamentos x Vazamento de óleo


Defeituosos x Lubrificante inadequado
x Pré-carga incorreta
x Sujidade
x Ajuste incorreto ou falha das peças correlatas

Coroa e x Sobrecarga
Pinhão muito x Ajuste incorreto
Gastos ou x Vazamento de óleo
Danificados x Lubrificante inadequado
x Excentricidade excessiva da coroa
x Falha das engrenagens
x Parafusos de carcaça do eixo traseiro e da coroa apertados
com torque incorreto
x Coroa e pinhão acasalados incorretamente

Semi-árvore x Carcaça empenada


Partida x Operação defeituosa da embreagem
x Quebra por falha

Engrenagens do diferencial x Vazamento de óleo


rustidas x Lubrificante inadequado
x Sobrecarga
x Deslizamento das rodas

Excentricidade excessiva x Parafusos da caixa do diferencial com torque incorreto


da coroa x Coroa torcida ou empenada
x Caixa do diferencial torcida ou empenada
x Folga entre dentes insuficiente entre a coroa e o pinhão

Vazamento de óleo x Carcaças trincadas ou danificadas


x Vedador de óleo do pinhão gasto, danificado ou
incorretamente instalado
x Juntas danificadas ou incorretamente instaladas
x Nível do lubrificante elevado
x O lubrificante forma muita espuma
x Bujões soltos ou danificados
x Orifício de aeração obstruído

90 SENAI
Transmissão

Óleos lubrificantes para


engrenagens

As engrenagens, ao se movimentarem, estão submetidas à força de atrito entre suas


superfícies de contato.

Esse atrito deve-se às irregularidades que as superfícies dos objetos possuem, por
melhor que seja seu acabamento.

Com o movimento, as irregularidades se engancham, ficam forçadas e se partem. É


desta forma que o atrito produz desgaste, aquecimento e perda parcial da energia
que uma engrenagem transmite à outra. O uso de substâncias lubrificantes nas
engrenagens tem como objetivo diminuir a intensidade dos problemas causados pelo
atrito.

As engrenagens, pelas suas características de formato e funcionamento, necessitam


de óleos lubrificantes apropriados.

Esses óleos devem ser quimicamente estáveis para evitar a formação de produtos
resultantes da sua deterioração que os tornam mais espessos. A alteração química do
óleo pode, também, produzir a corrosão nas superfícies, finamente acabadas, dos
dentes das engrenagens e dos rolamentos.

SENAI 91
Transmissão

Outra propriedade importante é uma viscosidade apropriada que facilita mudanças de


marcha e garante uma distribuição rápida do óleo.

Os óleos para engrenagens dividem-se em duas categorias principais:


x Óleos minerais puros: óleos extraídos do petróleo, que não receberam aditivos
para suportar cargas elevadas. Podem, entretanto, conter outros aditivos, como
antiespumante, antiferruginoso, etc. No Brasil são usados os óleos com
viscosidade SAE 90, 140 e 250;
x Óleos para engrenagens hipóides: que são engrenagens de eixos
perpendiculares, onde o centro do pinhão (engrenagem menor) trabalha abaixo do
centro da coroa (engrenagem maior).

Esses óleos são fabricados nas mesmas viscosidades mencionadas acima. Contém,
entretanto, aditivos que garantem um mínimo de desgaste e perdas por atrito, nas
condições de funcionamento em que as películas lubrificantes estão sujeitas a serem
expulsas das superfícies. Esses aditivos conferem, assim, condições para o óleo
suportar as extremas pressões encontradas nos diferenciais com engrenagens
hipoidais.

Óleo para transmissão automática

As transmissões automáticas exigem um fluído de :


x Baixa viscosidade;
x Elevado índice de viscosidade, para não alterar a eficiência da transmissão de
força, com a variação da viscosidade;

92 SENAI
Transmissão

x Altíssima resistência à oxidação, pois os órgãos de comando devem ter o


mínimo possível de depósitos formados pela oxidação;
x Alta capacidade antiespumante, já que a espuma é altamente prejudicial à
transmissão automática.

Esse fluido é classificado pelas letras TQ, tipo A.

O óleo para transmissões automáticas deve passar por um controle periódico, ajuste
de nível, além da troca após a quilometragem aconselhada.

Nível de óleo muito baixa causa:


x Lubrificação insuficiente,
x Maior desgaste das engrenagens,
x Superaquecimento.

A lubrificação inadequada traz, também, como conseqüências:


x Maior barulho das transmissões, devido ao aumento das folgas;
x Dificuldades no engate das marchas;
x Maiores perdas de óleo, pelo desgaste rápido dos retentores que trabalham a seco.

Deve-se, entretanto, observar rigorosamente a especificação do fabricante para a


substituição do óleo. Isto porque alguns câmbios automáticos precisam de um óleo
cujo coeficiente de atrito diminua com a redução da velocidade de deslizamento,
tornando mais suave o engate das engrenagens. Outros câmbios, entretanto,
necessitam um aumento desse coeficiente, para tornar o engate mais rápido.

SENAI 93
Transmissão

94 SENAI
Transmissão

Recondicionar transmissão
angular e diferencial

Esta operação consiste em desmontar, inspecionar, montar, ajustar e regular os


componentes da transmissão angular e do diferencial. Deve ser executada quando
ocorre alguma das seguintes irregularidades: folga, ruídos ou vazamentos.

Processo de execução

1. Drene o óleo do eixo motriz.

2. Desmonte os componentes da transmissão angular e diferencial.

3. Limpe todos os componentes.

4. Inspecione quanto a: desgastes, folga, trincas ou empenos.

5. Monte, ajuste e regule esses componentes da transmissão angular e do


diferencial.

6. Abasteça o eixo motriz com óleo lubrificante.

Observação:
Consulte o manual do fabricante do veículo.

SENAI 95
Transmissão

96 SENAI
Transmissão

Tabela de conversões
para obter multiplicar por
COMPRIMENTO
milímetro polegada 25,4
metro pé 0,3048
metro jarda 0,9144
quilômetro milha 1,609

ÁREA
milímetro2 polegada2 645,2
centímetro2 polegada2 6,45
metro2 pé2 0,0929
metro2 jarda2 0,8361

VOLUME
milímetro3 polegada3 16387,0
centímetro3 polegada3 16,387
litro polegada3 0,01639
litro galão 3,7854
metro3 pé3 0,02832

MASSA
quilograma libra (lb) 0,4536
gramas onça (oz) 28,35
FORÇA
newton (N) quilograma força (kgf) 9,807
newton (N) onça (oz) 0,278
newton (N) libra (lb) 4,448

TORQUE
newton.metro (N.m) libra.polegada )lb.pol) 0,11298
quilograma força.centímetro (kgf.cm) libra.polegada (lb.pol) 1,152
newton.metro (N.m) libra.pé (lb.pé) 1,3558
quilograma força.metro (kgf.m) libra.pé (lb.pé) 0,13826
newton.metro (N.m) quilograma força.metro (kgf.m) 9,806
newton.metro (N.m) quilograma força.metro (kgf.cm) 0,098

POTÊNCIA
quilowatt (kw) hp 0,746
quilowatt (kw) cv 0,736

PRESSÃO
quilograma/centímetro2 libra/polegada2 (lb/pol2) 0,0703
quilopascal (Kpa) libra/polegada2 (lb/pol2) 6,896
quilopascal (Kpa) quilograma/centímetro2 (kg/cm2) 98,1
bar (bar) libra/polegada2 (lb/pol2) 0,069
bar (bar) quilograma/centímetro2 (kg/cm2) 0,981

SENAI 97
Transmissão

SENAI 98
Transmissão

Referências

Arias-Paz, Manuel Manual de automóveis. São Paulo,


Mestre Jou, 1978.

General Motors do Brasil S/A . Manual de reparações Chevrolet 1965:


suplementos C-10 e C-60. São Caetano do Sul, 1965.

Mercedes Benz do Brasil: Caixa de mudanças.

O Mecânico, no 48. Revista mensal.

Seleções do Reader’s Digest. O livro do automóvel.


Lisboa, 1981.

SENAI/DN: SMO: Mecânico de automóveis. Rio de Janeiro. 1984.

SENAI/SP: SMO: Mecânico de automóveis. São Paulo, 1977.

Volkswagen do Brasil. Manual de reparações: módulo 34 - transmissão.

SENAI 99
Transmissão

100 SENAI
Aprendizagem industrial
Mecânico de automóvel

Mecânico de automóvel I
004576 (46.25.11.433-8) Fascículo introdutório
032241 (46.25.11.433-8) Ferramentas
032242 (46.25.11.433-8) Metrologia
032243 (46.25.11.433-8) Ajustagem mecânica
032244 (46.25.11.433-8) Suspensão e direção

Mecânico de automóvel II
004577 (46.25.12.435-7) Freios
032245 (46.25.12.435-7) Transmissão

Mecânico de automóvel III


004578 (46.25.13.437-6) Arrefecimento
032246 (46.25.13.437-6) Alimentação
032247 (46.25.13.437-6) Eletricidade do motor

Mecânico de automóvel IV
004579 (46.25.14.439-5) Lubrificação
032248 (46.25.14.439-5) Motor

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