O Estudo Da Cognição e Da Metacognição Como Base para o
O Estudo Da Cognição e Da Metacognição Como Base para o
O Estudo Da Cognição e Da Metacognição Como Base para o
Abstract
The main objective of this study was to examine the importance of cognition and metacognition on a
point of view of teaching / learning currently used in schools and determine, by understanding these aspects, a
new pedagogical proposal may be more efficient point of view of improving the students' ability to grasp
knowledge, making learning more enjoyable for students and improving the capacity of a multidisciplinary
approach between different kinds of knowledge. This article is based on a study involving a review of past and
recent literature corroborating this view and focuses on increasing the capacity and intellectual development in
the classroom.
Keywords: Cognition. Metacognition. Learning
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 142 - Marzo de 2010
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Introdução
De fato, não é de hoje, que com relação a escola, podemos lembrar Debortoli (1995, p. 157)
quando ressalta que para a escola “a brincadeira nunca passou de uma atividade inferior.
Pedagogicamente, quando o brincar chega a ter alguma importância, é porque se mostrou
como um meio eficiente para as outras aquisições.”
No tocante a esse lugar hierarquicamente inferior, Santin (1987) observa que quando a
Escola abriu as portas para um melhor entendimento dos aspectos metacognitivos e a
importância da compreensão de seus aspectos para melhor adequar as condições e técnicas de
ensino/aprendizagem historicamente praticadas, as portas abertas foram as dos fundos.
Assim, infelizmente, via de conseqüência, os docentes não dão o devido valor a forma como
seus alunos pensam e suas diferenças individuais.
Buscamos assim, aqui neste estudo, uma proposta de desmistificação destes conceitos,
contemplando, desta forma, ao mesmo tempo, o próprio aluno, o professor e o conhecimento a
ser transmitido/adquirido através de uma educação mais globalizada, levando em consideração
que a atuação em conjunto de conhecimento de cada disciplina através da transdisciplinaridade
e a melhor compreensão do que de fato consiste a metacognição, apontará para um melhor
resultado final do processo ensino/aprendizagem.
Esperamos que este estudo sirva como base para melhorar a atuação do professor em sala
de aula, mostrando ao mesmo que o entendimento, mesmo que superficial, do que é a
metacognição, possa levar a uma nova técnica de ensinar que seja mais prazerosa, eficiente e
compatível com os estudantes.
Revisão de literatura
Conforme Silva (2006), somos produto de um modelo educacional que muitas das vezes não
possui interação entre o aluno e o professor, que é visto pelo aluno como o detentor do saber,
aquele que deverá transmitir todo o conhecimento. O ensino-aprendizagem se torna ainda
mais inadequado devido à quantidade de conteúdos a serem transmitidos e ao excesso de
alunos por classe, somando-se a isso, a pouca interação entre professores de diferentes
disciplinas por considerarem não haver inter-relação entre elas.
Exemplo de atividades consideradas díspares e, por esse motivo, objeto principal desse
estudo, são as práticas planejadas e estruturadas de atividade física e a compreensão dos
assuntos pertinentes as ciências exatas. A primeira é normalmente considerada como um
exercício puro de motricidade e coordenação motora (associada à destreza e habilidades por
vezes inatas) e a segunda é considerada como de base puramente conceitual, cognitiva e
abstrata, necessitando de profundas horas de raciocínio, prática mental e desenvolvimento
intelectual para sua perfeita compreensão e aproveitamento escolar.
Entretanto, evidências na literatura têm demonstrado que existe uma relação entre
aprendizagem acadêmica e o nível de desenvolvimento cognitivo que o indivíduo se encontra.
A palavra cognição é muito antiga e tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles e
atualmente pode ser definida como o ato ou processo de conhecer, que envolve atenção,
percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. (FERREIRA,
2009).
Desta forma, observa-se que a cognição é muito mais do que apenas a aquisição de
conhecimento e, consequentemente, a melhor adaptação ao meio. Ela é também um
mecanismo de conversão de tudo o que é percebido e captado para o modo de ser interno. É
um processo pelo qual o indivíduo interage com seus semelhantes e com o meio em que vive,
sem perder a sua identidade existencial. Esta se inicia com a captação dos sentidos e logo em
seguida ocorre a percepção, fator “gravado” no organismo sob forma de memória, somando-se
a conteúdos já cognizados ou formando novas cognições (GODOY, 2006).
Silva (2006) afirma que a deficiência de determinados aspectos cognitivos, pode levar o
aluno ao déficit de atenção e consequentemente, ao declínio do rendimento escolar. A
dispersão da atenção fatalmente resulta na não compreensão e interesse pelo conteúdo
proposto, no comprometimento da qualidade de trabalho do aluno e não participação em
atividades propostas em sala de aula, o que também compromete a relação interpessoal do
aluno com os demais.
Vista sob a perspectiva da didática que permeia a interface entre ensino e aprendizagem, ou
ainda, a partir de uma visão neurofisiológica, a percepção humana deve ser entendida como
associada a uma variedade de contextos cognitivos e, consequentemente, a vários tipos de
inteligência as quais Gardner (1995) nomeou em uma ampla extensão de termos exclusivos
associados a comportamentos inclusivos.
Howard Gardner (1995), em seu trabalho sobre inteligência humana, definiu vários aspectos
sobre aquilo que se pode chamar de inteligência. Abrangendo versáteis considerações sobre
Inteligências Múltiplas, o autor as categorizou, inicialmente, em sete modalidades. Estas foram
posteriormente ampliadas por ele e por outros autores, dentre os quais podemos aqui citar
Armstrong (2001) e Antunes, (2002). Gardner (2001) expandiu a noção comum de inteligência,
assumindo uma posição de que havia evidências de diversas competências intelectuais
humanas relativamente autônomas.
Como sugerido por Gama (1998) já ao final da década de noventa, a Teoria das Inteligências
Múltiplas era uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral
e única, que permite aos indivíduos um desempenho, maior ou menor, em qualquer área de
atuação. Devido a sua insatisfação com a idéia de QI e com visões unitárias de inteligência
cujos objetivos eram mensurar as habilidades importantes para o sucesso escolar, Gardner
(1995) redefiniu a inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para solucionar
problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas culturas e
do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções culturalmente
apropriadas para os seus problemas, Gardner (1995) trabalhou no sentido inverso ao
desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem a
tais realizações.
Destaca-se ainda, nos ensinamentos de Barros (2005), que o universo infantil deverá ser
muito rico de estímulos variados, sendo então de grande importância, que a criança
experimente diversas oportunidades que estimulem a cognição e a metacognição durante a
infância, para que seu organismo e seu cérebro se desenvolva adequadamente pois isto
constituirá base para vinculações cognitivas plurais, e de alta ordem de organização e ação.
Nas palavras de Silva (2006), a compreensão da metaconição traria uma nova perspectiva a
este cenário. Essa é, sem dúvida, uma visão mais globalizante, através da qual se busca uma
nova abordagem do ensino. Entretanto, o valor intrínseco de cada disciplina declara não haver
interdisciplinaridade sem a disciplinaridade. Além disso, remete-nos a reflexão sobre a
importância de considerarmos a articulação das atividades a serem realizadas com objetivos,
conteúdos e estratégias da formação de professor no projeto pedagógico da escola.
Prossegue o autor afirmando que a educação deve ir além do saber “conteúdista”, restrito ao
conhecimento de cada disciplina, o qual se mostra muito distante da realidade vivida pelo
educando. A função maior da escola é formar cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e
direitos. Entretanto, se faz necessário que os educadores consigam articular seus
conhecimentos a fim de obter um todo bem organizado, dotado de significação mais ampla.
É preciso enfatizar que a teoria construtivista nos últimos anos está incorporada nas práticas
pedagógicas, e estas encontram respaldo não só nas idéias de Jean Piaget, como também nas
de Lev Vygostsky, além de em outras psicologias cognitivas que afirmam existirem diversos
modelos de conhecimento prévio. Neste sentido, é plausível supor que as Estratégias de
Aprendizagem que estão diretamente ligadas ao construtivismo e ao processo de metacognição,
oportunizam uma aprendizagem muito mais rica e concreta, como também são capazes de
provocar desafios e oportunidades, onde o aluno é levado a construir e reconstruir seu próprio
conhecimento. E ainda mais, essa construção deverá ser baseada numa prática reflexiva onde o
aluno refletirá sobre sua aprendizagem em si, o que fará com que ele desenvolva seu próprio
processo de metacognição.
Logo, a metacognição como proposta educacional incide sob um aspecto ainda pouco
trabalhado em termos do ensino-aprendizagem: a consciência.
Por muito tempo, estudos no âmbito da aprendizagem humana centraram-se nos fatores
motivacionais e nas capacidades cognitivas como os dois principais determinantes do bom
aproveitamento escolar. Após a década de 1970, surgiu uma terceira categoria de variáveis que
até hoje vem sendo extensivamente estudada, sendo esta denominada de Metacognição.
(FLAVELL; WELLMAN, 1977)
Segundo Ferreira (2009), Metacognição é a capacidade de saber o que se conhece: ter uma
habilidade e poder explicar como ela é realizada, sendo algo que vai um pouco além da
cognição, isto é, a faculdade de conhecer o próprio ato.
Várias investigações nesta área também foram realizadas por autores como Brown (1978),
Pressley (1986), Weinert e Kluwe (1987), todos eles contribuindo de forma significativa para o
perfeito entendimento dos processos metacognitivos.
Pressley (1986) realçou que, em termos de aproveitamento escolar, para além da utilização
de estratégias, é importante o conhecimento sobre como e quando utilizá-las, fazendo uma
profunda análise sobre a sua utilidade, eficácia e oportunidade.
Para Ribeiro (2003) a falta de êxito de alguns estudos com o intuito de promover a utilização
de estratégias ou modificações e a verificação das diferenças significativas no desempenho
escolar observadas nos estudantes, ocorrem não apenas em função da utilização de estratégias
cognitivas, mas sim, de estratégias Metacognitivas.
Este conceito conduziu alguns autores a concluírem que alunos considerados bons
aprendizes são mais aptos na utilização dessas estratégias para adquirir, organizar e utilizar o
conhecimento adquirido, como na regulação do seu progresso cognitivo (RIBEIRO, 2003).
De um modo geral todo ser humano é capaz de receber, processar e armazenar informações
bem como corrigir e detectar erros. Todo tipo de comportamento que o indivíduo venha a exibir
envolve processos neurais específicos via sistema nervoso central, processos que acontecem
desde a percepção do estímulo até a efetivação da resposta selecionada. Desta forma, aprender
é mudar um comportamento em função da experiência e das trocas de informações com o
meio. Todo este evento só se torna viável através da plasticidade de processos neurais
cognitivos, que possibilitam o aprendizado de tarefas incorporadas em diferentes maneiras no
cérebro (CUNHA et.al.,2004).
Foi visto até aqui que os termos cognição e metacognição se misturam de certa forma, mas
o que é cognitivo e o que é metacognitivo?
Pode-se então afirmar, como a maioria dos estudiosos deste tema como Flavell (1979),
Brown (1978), Pressley (1986), Ribeiro (2003) e Davis et al. (2005) que o termo metacognição
pode ser amplamente aplicado aos conhecimentos que as pessoas têm sobre a cognição,
enquanto estas estão solucionando uma determinada tarefa ou atividade. O que interessa é a
analise da relação entre os conhecimentos do indivíduo e a resolução efetiva da tarefa, e
também analisar a relação entre a forma de regular a própria atividade e a resolução que foi
dada a ela. Em ambas as situações, os conhecimentos e as atividades metacognitivas se
referem à cognição do mesmo indivíduo e não a cognição em geral ou a cognição de outras
pessoas.
O estudo sobre metacognição é sem dúvida um dos caminhos para que o indivíduo conheça
suas capacidades e limitações com o objetivo de obter melhores resultados no seu processo de
aprendizagem e de posse desse conhecimento sobre Metacognição, fica evidente que o
processo de ensino/aprendizagem deveria tender, naturalmente, a oferecer meios que
incentivassem a prática e o envolvimento, bastando, ao professor, a sabedoria de compor as
suas aulas na forma mais atraente possível e atuar de forma harmônica em seu projeto
pedagógico, promovendo reforços, correções e feedback emocional de forma que o aprendiz
pudesse utilizá-los devidamente. Por conseguinte, um fator muito importante em relação à
função do educador físico é o entendimento pleno sobre os meios e fins do conteúdo a ser
ensinado. Para tanto, além da tarefa de ensinar, o mesmo precisa atrelar às suas funções
docentes, a referência da pesquisa em torno da efetividade do método utilizado. Perguntas tais
como, se outro método poderia resultar em uma melhor aprendizagem, ou se outro tipo de
instrumental poderia render mais são necessárias no dia-a-dia de suas aulas. (PORTILHO;
DREHER, 2009)
Observa-se que a eficácia da aprendizagem não é dependente apenas da idade e
experiência, mas também da aquisição de estratégias cognitivas e metacognitivas que
possibilitem ao aluno planejar o seu desempenho escolar, permitindo a tomada de consciência
dos processos que utiliza para aprender e a tomada de decisões apropriadas sobre que
estratégias utilizar em cada uma das tarefas e ainda, avaliar a sua eficácia, alterando-as quando
não produzem os resultados desejados (SILVA; SÁ, 1993).
Não basta fazer e saber, mas é preciso saber como se faz para saber e como se faz para
fazer. (GRANGEAT, 1999)
À medida que o sujeito atua em seu meio, vai criando uma rede de interações formada por
um conjunto de nós e ligações entre teorias, conceitos, crenças e idéias, em contínuo processo
de elaboração, no qual não há um nó ou entidade fundamental. Trata-se de um conhecimento
provisório, transitório, independente, inter-relacionado e interdisciplinar, sempre aberto a novos
nós e ligações que favorecem aprender problemas globais e fundamentais para neles inserir
problemas parciais e locais. (MORIN, 2000: p.14).
Conclusão
A cognição e a metacognição, como vistas neste estudo, podem ser vistas como a
capacidade chave de que depende a perfeita aprendizagem e certamente a mais importante:
aprender a aprender, o que por vezes não tem sido contemplado pela escola.
É conveniente salientar que cabe à escola sim, formar o cidadão, entendido como aquele
que participa plenamente da sociedade, tomando decisões acertadas em função de um projeto
pessoal que se articula a um projeto social mais amplo. Nesses termos, a tarefa da escola
torna-se mais complexa do que meramente transmitir informações ou ensinar habilidades.
Aprender é uma estratégia de sobrevivência que envolve riscos e promete retornos. Exige a
capacidade de tolerar frustração e a confusão; de agir sem saber o que vai acontecer; de
enfrentar a incerteza sem ficar inseguro.
Chamamos a atenção para a forma que deverá acontecer a aprendizagem, vez que o
conhecimento deverá ocorrer à medida que o sujeito interage com o objeto e com o contexto
que esse está inserido. Para isto se é necessário que o conhecimento ocorra de uma forma
mais próxima da realidade do aluno.
Referências