TEA e Inclusão
TEA e Inclusão
TEA e Inclusão
ISSN 2358-1840
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Resumo
Este artigo objetiva investigar o estado atual de discussões nacionais sobre a
educação inclusiva de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Para isso, realizou-se uma revisão integrativa da literatura para adentrar o que
artigos teóricos e empíricos, publicados em 2016-2021 e indexados nas bases
SciELO, PePSIC e BVS-Psi, discutem sobre a inclusão educacional de estudantes
com autismo. Foram encontrados 58 artigos; após aplicar os critérios de
inclusão/exclusão, foram selecionados 10 estudos lidos na íntegra. Os resultados
foram categorizados em três eixos que tratam assuntos relacionados à educação
inclusiva com autistas, a saber: formação continuada do professor na inclusão
escolar no TEA, que aponta a necessidade de os professores estarem em
constante processo de desconstrução de ideias e práticas pautadas na
despotencialização do estudante; ferramentas utilizadas na inclusão escolar no
TEA, cujos aspectos relevantes estão vinculados ao ambiente da escola, a
relação estabelecida entre professor, estudante e seus pares, a ludicidade e o
estudo da matemática; desafios da inclusão escolar no TEA, que trata da
dificuldade em relação ao ensino, da pouca proximidade dos educadores com a
questão do diagnóstico e as barreiras atitudinais por parte deles. Conclui-se que
os estudos integrados estão direcionados para práticas mais humanizadas,
acolhedoras, compreensivas e inclusivas em quaisquer ambientes que garantam
educação para todos.
1 Mestrando em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará. Bolsista pela Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).
2 Pós-Doutor e Doutor em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Docente do Programa de Pós-Graduação
(Mestrado e Doutorado) em Psicologia da Universidade Federal do Ceará. Bolsista Produtividade pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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Abstract
This article aims to investigate the current state of national discussions on
inclusive education for students with Autism Spectrum Disorder (ASD). For this,
an integrative literature review was employed to enter what theoretical and
empirical articles, published in 2016-2021 and indexed in the SciELO, PePSIC
and BVS-Psi databases, discuss about the educational inclusion of autistic
students. 58 articles were found; after applying the inclusion/exclusion criteria,
10 studies read in full were selected. The results were categorized into three
axes that deal with issues related to inclusive education with autistic people,
namely: continuing teacher education in school inclusion in the TEA, which points
out the need for teachers to be in a constant deconstructing ideas process and
practices based on the depotentiation of the student; tools used in school
inclusion in TEA, whose relevant aspects are linked to the school environment,
the relationship established between teacher, student and their peers,
playfulness and the study of mathematics; challenges of school inclusion in TEA,
which deals with the difficulty in relation to teaching, the little proximity of
educators with the diagnosis issue and the attitudinal barriers on their part. It is
concluded that integrated studies are directed at more humanized, welcoming,
comprehensive and inclusive practices in any environment that guarantees
education for all.
1. Introdução
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desta condição podem acarretar danos funcionais nas áreas pessoais, sociais e
acadêmicas, a partir de excessos ou déficits no comportamento. Ao apresentar
as peculiaridades para o diagnóstico do TEA, discorre-se que: “[...] as
características essenciais do transtorno do espectro autista são prejuízo
persistente na comunicação social recíproca e na interação social e padrões
restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividade”
(ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA, 2014, p. 97).
De acordo com relatório divulgado pelo Centers for Disease Control and
Prevention, em pesquisa realizada em 2018, 1 a cada 44 crianças aos 8 anos de
idade é diagnosticada com TEA, nos Estados Unidos da América (EUA)
(MAENNER et al., 2021). Entretanto, um recente estudo publicado na revista
Jama Pediatrics, partindo de dados apurados em 2019 e 2020, revelou a
prevalência do autismo na região norte-americana em 1 a cada 30 crianças e
adolescentes, fato que atualiza a informação anteriormente citada (QIAN LI et
al., 2022).
Contudo, em contraste ao que ocorre nos EUA, no Brasil não há estudos
estatísticos que se preocupem em apurar informações concernentes ao
diagnóstico do TEA. Isso decorre do fato de o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) não aferir tais dados. A despeito dessa invisibilidade
estatística, deve-se mencionar a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL, 2012). Sancionada em
2012, esta medida garante o direito à educação entre outras coisas. Torna-se
necessário, portanto, discutir a respeito da inclusão deste público em escola
comum.
Destarte, o TEA entra no debate acerca da escolarização de crianças e
adolescentes com deficiência, sobretudo pela senda da Educação Inclusiva, que
defende o direito de todo infante se envolver na atividade de ser educado em
escolas comuns, as quais devem assegurar ao estudante diagnosticado com TEA
(BRASIL, 2015): o acesso; a participação; e, a permanência escolar. Esse direito,
conquistado ao longo do tempo, é sustentado pela Constituição Federal (BRASIL,
1988), bem como pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) e, mais recentemente, pelo Estatuto da
Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015). Tais documentos, tomados atualmente
como marcos históricos na evolução do conceito de educação inclusiva,
acompanharam o desenvolvimento da sociedade, empenhando-se em retirar a
deficiência do modelo biomédico ao apostar em um modelo social, em que ao
sujeito com deficiência são oferecidas oportunidades de se reconhecer como
parte da sociedade.
A Educação Inclusiva se constitui um movimento de abertura,
acolhimento e valorização da diferença do estudante em seu contexto de
escolarização. Entende a deficiência a partir de múltiplos contornos, uma vez
que não possui o interesse de limitar o estudante a um diagnóstico nosológico,
mas parte de uma compreensão que leva em consideração os aspectos
biopsicossociais deste (RODRIGUES, 2006). Por isso, contemporaneamente,
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2. Metodologia
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A análise da amostra bibliográfica final foi feita com base nos aportes de
Lima e Mioto (2007), em que se empregou as técnicas de: leitura seletiva sobre
os textos compilados, de modo a buscar os conteúdos relacionados ao tema;
leitura reflexiva, em que se minutou as principais ideias dos autores lidos sobre
o fenômeno da educação inclusiva com pessoas com autismo; leitura
interpretativa, em que foram inter-relacionadas e categorizadas tais ideias de
acordo com os propósitos desta pesquisa. Os dados foram analisados entre maio
e junho de 2022.
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3. Resultados
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Inclusão e
permanência de Silveira; Donida;
universitários com Analisar as condições de acesso e Santana
diagnóstico de permanência de pessoas com TEA na
(Avaliação: Revista 2020
transtorno do Universidade a partir das queixas
espectro autista: linguísticas apresentadas por eles. de Avaliação de
discussões acerca de Ensino Superior)
barreiras linguísticas
Analisar episódios interacionais de Lemos; Nunes;
Transtorno do
crianças com autismo nos contextos Salomão
espectro autista e
de sala de aula e pátio, 2020
interações escolares: (Revista Brasileira de
considerando seus pares e
sala de aula e pátio. Educação Especial)
professores.
Desafios no processo
de escolarização de
Investigar, as principais dificuldades,
crianças com autismo
os desafios e as barreiras Camargo et al.
no contexto
enfrentadas por professores de
inclusivo: diretrizes (Educação em 2020
alunos com diagnóstico médico
para formação Revista)
prévio de TEA em situação de
continuada na
inclusão na escola comum.
perspectiva dos
professores.
As experiências nos
espaços-tempos da Discutir a escola a partir do olhar da
Francês; Mesquita
escola sob o olhar de criança acerca das experiências
(Revista Brasileira de 2021
uma criança com vivenciadas nos espaços-tempos da
Educação)
Transtorno do escola.
Espectro do Autismo.
Fonte: Elaboração própria dos autores.
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5. Considerações finais
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Por fim, destaca-se que este estudo não teve a pretensão de sanar todas
as lacunas teóricas da inclusão escolar dos estudantes com autismo. Pelo
contrário, deve ser encarado como parcial e complementar à outras revisões
sobre o tema. Em suma, o estudo se preocupou em sintetizar conhecimentos,
os quais estão direcionados para práticas mais humanizadas, acolhedoras,
compreensivas e inclusivas em quaisquer ambientes que garantam educação
para todos. Para trabalhos futuros, recomenda-se revisões de literatura sobre
outros indivíduos que são público-alvo da educação especial na perspectiva
inclusiva, como os superdotados e as pessoas com Síndrome de Down, por
exemplo. Pesquisas interventivas em instituições educacionais que trabalham
com o público autista, também, são incentivadas no intento de gerar e pesquisar
tais práticas.
REFERÊNCIAS
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https://www.scielo.br/j/rbee/a/z9kw6rcvPhxsPSkmLnXwMhd/abstract/?lang=
pt. Acesso em: 25 jul. 2022.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. O desafio das diferenças nas escolas. 4. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar - O que é? Por quê? Como
fazer? São Paulo: Summus, 2015.
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SILVEIRA, Patrícia Tusset; DONIDA, Lais Oliva; SANTANA, Ana Paula. Inclusão
e permanência de universitários com diagnóstico de transtorno do espectro
autista: discussões acerca de barreiras linguísticas. Avaliação: Revista de
Avaliação de Ensino Superior, v. 25, n. 03, p. 659-675, 2020. Disponível
em:
https://www.scielo.br/j/aval/a/TH57DrKJHRCHqksd3SJfDLD/?lang=pt. Acesso
em: 25 jul. 2022.