A Igreja Do Velho Testamento - Paulo Brasil
A Igreja Do Velho Testamento - Paulo Brasil
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SUMÁRIO
#PARTE 1 — ISRAEL É CHAMADO DE IGREJA
ANACRONISMO E PERTINÊNCIA
O TEMA
A FÉ EM HEBREUS 11:1-3 E 8
A FÉ EM HEBREUS 11:17-19
REVELAÇÃO OBJETIVA E SUBJETIVA
IMPLICAÇÕES
#PARTE 2 — A IGREJA DESDE MOISÉS ATÉ O EXÍLIO
ORGANIZAÇÃO DA IGREJA NA ÉPOCA DE MOISÉS
PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO
A IGREJA DO EXÍLIO ATÉ O SENHOR JESUS CRISTO
ORGANIZAÇÃO DA SINAGOGA
#PARTE 3 — O TEMPLO E A IGREJA
ENTENDENDO A ESTRUTURA REVELACIONAL
O TEMPLO EM AGEU 2:9
O TEMPLO EM ESDRAS 3:10-12
O TEMPLO EM DANIEL 9: 24-27
O TEMPLO NO NOVO TESTAMENTO
A RELAÇÃO DO NT COM O VT
APLICAÇÕES
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1ª PARTE
ISRAEL É CHAMADO DE
IGREJA
ANACRONISMO E PERTINÊNCIA
1) Anacronismo
2) Pertinência
“Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não
obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia
feito a promessa. Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma
posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a
areia que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé, sem ter
obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e
confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra“ (vv.11-
13).
Vejamos que “estes morreram na fé”, ou seja, morreram crendo “sem ter
obtido a promessa”.
Jesus fala com base no texto do Velho Testamento quando diz que Deus é
Deus de vivos e não de mortos. Ele disse: “Eu sou o Deus de Abraão, de
Isaque e Jacó”. Jesus responde à questão dos saduceus, que eram contrários à
ressurreição, citando o Velho Testamento. Certamente que Abraão, Isaque e
Jacó já estavam mortos na época de Cristo. Por que Jesus diz que Deus é
Deus de vivos e não de mortos? Porque eles estão vivos. Jesus disse a Marta:
“Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Mt 11:25). É a mesma fé
estabelecida no Velho Testamento. A fé na ressurreição é estabelecida em
Gênesis no capítulo 22. Deus prova a Abraão:
“Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão!
Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu
único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali
em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Levantou-se,
pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou
consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o
holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. Ao terceiro
dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então, disse a seus
servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e,
havendo adorado, voltaremos para junto de vós” (Gn 22:1-5).
Estas palavras não eram de alguém que desejava acalmar aos servos
desesperados com a possibilidade da morte de Isaque, porque eles sabiam o
que estava acontecendo. Porém Abraão diz aos servos “eu e o rapaz iremos
até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós”. Temos de atentar
para as palavras: “havendo adorado, voltaremos”. Vejamos o plural: Nós
voltaremos! Ele não disse, eu voltarei. O que significa isso? Ele cria que se e
o menino morresse Deus iria ressuscitá-lo. De onde tiramos isso? Voltaremos
a Hebreus 11 e veremos claramente esta verdade.
A FÉ EM HEBREUS
11:17-19
“Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo
para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as
promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua
descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para
ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o
recobrou”.
A braão creu que Isaque iria ressuscitar. É a convicção daquilo que não
vemos, é a certeza daquilo que nossos olhos não veem, mas é a certeza!
Nunca vimos ninguém ressuscitar, mas cremos na ressurreição dos mortos. O
mesmo princípio se aplica a Abrão. Ele nunca tinha visto ninguém
ressuscitar, mas cria na ressurreição. A Igreja no Velho Testamento cria e
estava fundamentada nos mesmos pilares que se fundamenta a Igreja do
Novo Testamento. Nós cremos e esperamos naquilo que não vemos!
Voltando ao texto que fala de Abel em Hebreus 11:4, vemos que ele
ofereceu sacrifício a Deus pela fé. Se entendermos que o sacrifício oferecido
por Abel foi através de uma fé distinta, diferente, não sendo pelo que lhe fora
revelado, então, semelhantemente teremos de entender que a fé de Abraão
não foi depositada no que lhe foi revelado. Mas o texto diz que Abraão creu.
A mesma fé que Abraão teve é a mesma que Abel teve. É a mesma estrutura.
E todos os eleitos têm esta mesma fé que é a mesma fé do povo de Deus na
história, no VT ou no NT. Fé implica numa revelação de Deus. Só podemos
crer naquilo que nos é revelado pela Palavra de Deus.
“É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para
justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a
Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o
evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo
que os da fé são abençoados com o crente Abraão”.
Romanos 11:1-5
A questão que Paulo levanta é simples. Deus rejeitou Seu povo? Não, de
modo algum. Por quê? Porque “Eu sou israelita e fui salvo”. Agora Paulo dá
o conceito para colocar tudo no prumo certo. Antes estava estabelecido o
conceito de que Israel era o povo eleito apenas como nação, como raça. Mas
Paulo diz que isso é um equívoco. Quem é o verdadeiro israelita? Não é
simplesmente o que nasce em Israel. Paulo agora se refere tanto ao povo do
VT quanto ao do NT e diz que ambos estavam na mesma situação; e afirma:
“no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça”.
Isto é, assim como foi no Antigo Testamento, é agora no novo. Nada mudou!
É a mesma coisa. No Antigo Testamento haviam os eleitos segundo a graça
de Deus. Não era porque nasciam em Israel que eles eram salvos, pois
haviam os eleitos dentre o povo de Israel. Por isso Paulo cita Elias que
dissera: “Senhor, eu estou só!”. Mas Deus lhe diz: “Nada disso, Eu reservei
para mim sete mil homens”. Ou seja, “Eu reservei para mim os que são fiéis.
Dentro desta nação existem sete mil que não se dobraram diante de Baal”. E
Paulo conclui dizendo que é assim também hoje que vive um remanescente
segundo a eleição da graça.
a) Os anciãos
Esta instituição tinha raízes tão profundas na vida de Israel, desde a época
dos patriarcas, que era impossível tirá-la de sua vida. Na época do exílio os
anciãos se ajuntaram na presença de Ezequiel. Em várias ocasiões os anciãos
foram a Ezequiel para indagar sobre a Palavra de Deus (Ez 14:1-6; 20:1-5;
20:27). Dois escoceses escreveram acerca da Igreja: James Bannerman
escreveu um livro chamado “A Igreja de Cristo” (contém dois volumes e é
uma obra excelente)[1]. Seu filho, Douglas Bannerman, escreveu outro livro
com o título: A Doutrina Bíblica Sobre a Igreja. Este livro é um estudo
bíblico e teológico acerca da Igreja baseado nas Escrituras — recomendo a
leitura destes livros. Douglas Bannerman apresenta algumas citações dos
rabinos que falam sobre os anciãos. Estas citações mostram a posição
importante que este ofício tinha no pensamento judaico. Eis algumas citações
destes teólogos judaicos (rabinos) do passado:
Deveriam ser homens aptos, capazes, que temiam a Deus, homens que
apoiavam a verdade, que odiavam o lucro ganho por meios injustos. Estas
qualificações espirituais são as mesmas que o apóstolo Paulo exige dos
presbíteros no Novo Testamento e até hoje. Além destas qualificações eles
deveriam se tornar responsáveis pelo governo para instruir o povo e para
julgá-lo. Estas mesmas funções dos anciãos do VT também são
recomendadas aos presbíteros do Novo Testamento. Apesar deste conselho
do sogro de Moisés parecer algo de homem para homem, seu mentor, Jetro, o
coloca debaixo das mãos de Deus. Ele diz: “Deus seja contigo” (Ex. 18:19).
Com certeza era uma necessidade para Moisés estabelecer um sistema de
tribunais para que ele pudesse somente tratar dos assuntos mais difíceis. Os
outros assuntos seriam tratados nos níveis mais baixos.
Não devemos ver isto como toda a congregação de Israel julgando este
homem, mas isto se referia aos anciãos como era o costume. A decisão dos
anciãos era o ato da congregação, mesmo se a congregação não concordasse
com os anciãos. Mas, algumas vezes uma reação negativa do povo não
concordando com a decisão dos anciãos levava a uma modificação desta
decisão. Vemos, então, que eles não eram senhores que se punham na
condição de dominadores do povo, mas eram seus representantes.
Josué 9 trata dos Gibeonitas que fizeram o pacto de paz com os anciãos:
Devemos entender que os anciãos não deveriam ter feito este pacto com
os Gibeonitas. Eles deveriam ter destruído este povo, mas havendo feito um
pacto com eles, em nome de Deus, e com juramento, não poderiam mais
destruí-los. No entanto, a reação do povo (v. 18) deu resultado e levou a uma
modificação na decisão dos anciãos (príncipes). Diante da reação do povo, os
Gibeonitas foram aceitos pelos anciãos como rachadores de lenha e tiradores
de água. Na sua época, Douglas Bannerman concluiu com esta colocação de
forma resumida:
b) A Sinagoga
“No sexto ano, no sexto mês, aos cinco dias do mês, estando eu sentado
em minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, sucedeu
que ali a mão do Senhor Deus caiu sobre mim” (Ez 8:1)
Os anciãos foram falar com Ezequiel para receber uma palavra da parte
de Deus acerca da situação de Jerusalém. Aqui temos o início, a raiz, que é a
reunião dos anciãos para ouvir a exposição da Palavra de Deus pelo profeta.
E quando eles voltam do cativeiro para a terra de Canaã o serviço de
adoração que Esdras dirigiu é muito semelhante ao serviço da Sinagoga. Em
Neemias 8:1-3, lemos:
“Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele;
abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. Esdras bendisse ao Senhor, o
grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! –, levantando as
mãos; inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra ...
Leram no livro, na lei de Deus, claramente, dando explicações, de
maneira que entendessem o que se lia”.
2 Se for uma igreja fiel, pois, infelizmente, hoje, nem todos os pastores e presbíteros de igrejas
Presbiterianas locais cumprem seus votos de fidelidade aos padrões confessionais — NE).
ORGANIZAÇÃO DA SINAGOGA
1) Anciãos
Vale a pena notar como fato interessante que o sacerdote judaico não
tinha em si um lugar especial ou direitos especiais na Sinagoga. Ao contrário,
era norma de que ninguém poderia entrar na Sinagoga durante a adoração
(culto) com a vestimenta de sacerdote. A única vez que o sacerdote recebia
algum tipo de reconhecimento era na hora da bênção. Se havia no meio um
sacerdote, ele era chamado para dar a bênção de Arão à congregação. A
congregação respondia dizendo, amém. Se não havia sacerdote o Sheliach
Tsibbur dava a bênção com uma oração.
Conclusões (Sinagogas):
3 É importante perceber que, embora a mulher exerça um papel importante na igreja, esta tarefa nunca
foi dada a elas — NE.
3ª PARTE
O TEMPLO E A IGREJA
ENTENDENDO A ESTRUTURA REVELACIONAL
Confissão de Fé de Westminster
O princípio pelo qual nos guiamos para entender essa estrutura
revelacional orgânica do Velho Testamento está fundamentado na Confissão
de Fé de Westminster no capítulo VII, seção V e VI que trata sobre a doutrina
do Pacto.
Depois da queda existe um só pacto de Deus com seu povo, não dois
pactos, mas um único que é administrado de forma diferente no decorrer da
história, o mesmo pacto. Precisamos entender o templo à luz de toda a
revelação.
O que este colega estava dizendo é que, se uma pessoa vai à igreja pelas
novidades que ela cria, esta pessoa só permanecerá em função das novidades
estabelecidas. Ou seja, não haverá limites para novidades criadas para que os
membros permaneçam na igreja. Concluiu dizendo: “Mas se uma pessoa vem
à igreja por causa da Palavra, o pastor só precisará pregar a Palavra com
fidelidade e esta pessoa permanecerá”.
Então, falar sobre o templo é caminhar nesta direção. Para ser bem prático
quanto a este entendimento vejamos, a seguir, 2 Samuel 7:1-17.
O TEMPLO EM
AGEU 2:9
Uns choraram, outros se alegraram. Quem chorou? Os idosos (v. 12) que
tinham visto o primeiro templo e agora estavam vendo a reconstrução do
segundo templo. Percebemos neste texto de Esdras que este choro não era de
alegria, mas era choro de tristeza mesmo. Porém, lemos na segunda parte do
versículo 12: “no entanto, levantaram as vozes com gritos de alegria”.
Primeiro os idosos choraram em alta voz quando viram os alicerces da casa.
Muitos, no entanto, os outros que não eram idosos e que não viram o
primeiro templo, não choraram, mas ficaram alegres. O que levou tristeza
àqueles idosos? Eles viram no passado a suntuosidade do templo de Salomão
e agora estavam vendo que os alicerces do templo reconstruído eram bem
menores do que o templo de Salomão. A beleza era inferior, a suntuosidade
era inferior, mas o profeta não permitiu que essa diminuição da glória externa
diminuísse a glória intrínseca essencial do templo. A linguagem é a mesma:
“A glória desta última casa será maior do que a da primeira”, ou seja, a
glória do segundo templo é maior que a glória do templo de Salomão. Não
porque o edifício fosse maior ou mais suntuoso, pois não o era. Então, em
que a glória era maior? Vemos claramente que não era no aspecto estético,
pois o templo era inferior ao de Salomão.
O TEMPLO EM
DANIEL 9: 24-27
No versículo 26 ele diz que “Depois das sessenta e duas semanas, será
morto o Ungido e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir
destruirá a cidade e o santuário”. Veja que haverá destruição da cidade e do
templo. Continua: “…e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá
guerra; desolações são determinadas”. No v. 27 vemos que agora, depois do
templo destruído, não haverá mais sacrifício: “Ele fará firme aliança com
muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a
oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a
destruição, que está determinada, se derrame sobre ele”. Vejamos que na
metade da semana “fará cessar o sacrifício”. O Messias fará firme aliança
com muitos e nessa aliança que ele faz com seu povo, com “muitos” (e não
com todos), que é a redenção de todos os eleitos da terra, e quando a
destruição do templo acontece, logo depois não haverá mais necessidade de
sacrifícios. Então se encerra o texto. O sacrifício não se faz mais necessário.
O templo é agora desnecessário e o sentido da existência de uma “cidade
santa” desaparece.
João 2:18-19
No Evangelho de João 2:18-19, lemos: “Perguntaram-lhe, pois, os
judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas? Jesus lhes
respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei”. O
contexto é do templo de Herodes, o templo reconstruído que foi melhorado
antes do nascimento de Cristo. “Replicaram os judeus: Em quarenta e seis
anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás? Ele,
porém, se referia ao santuário do seu corpo” (v. 20-21). Jesus estava
identificando exatamente que o templo era ele. O Novo Testamento diz que
em Jesus, habita (katoike) corporalmente, toda a plenitude da divindade (Cl
2.9); Jesus tem a essência do ser de Deus. Sendo o próprio Deus, ali habita a
perfeição de Deus. A palavra “habitar” é usada para dizer onde exatamente
Deus habitava. O templo prefigurava a habitação de Deus. Jesus, sendo o
próprio Deus, é a habitação de Deus porque é o próprio Deus.
Por isso Ageu, olhando para uma construção inferior do templo, diz: “A
glória desse templo é maior do que a glória do templo de Salomão”. Porque
estava encerrando o período das sombras e estava se aproximando a chegada
de Cristo.
1 Co 6:18-19
Lemos ainda no Novo Testamento, 1 Co 6:18-19: “Fugi da impureza.
Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele
que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis
que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual
tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. Nosso corpo é
templo do Espírito Santo. Olhando para Antigo Testamento vemos que o
templo era a descendência de Davi e que a casa era o Redentor, o Filho de
Davi, edificada e construída por ele. Salomão era descendência de Davi,
assim como Cristo. No Novo Testamento ninguém identifica o sentido pleno
da palavra “templo”. Jesus Cristo é o templo e nós somos templo também.
Essa identificação entre Cristo e a Igreja é uma identificação bíblica clara.
Não há como separar Jesus da Igreja. Cristo é o cabeça da Igreja e nós (a
Igreja) somos corpo.
Não há distinção na relação entre o Servo e o povo. Jesus morreu por seu
povo. Não podemos separar Cristo da Igreja, pois Cristo é seu cabeça. Mas o
templo somos nós também porque em nós habita o Espírito Santo de Deus,
mas não na sua plenitude como acontece com Cristo que é o próprio Deus.
Por isso somos o templo e também Cristo é o templo. Assim, não há mais
necessidade de templo físico para Deus “habitar”.
A RELAÇÃO DO NT COM O VT
Isaías 42:1
“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a
minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o
direito para os gentios”. Quem é o servo aqui? É um povo ou é uma
pessoa? É uma pessoa! O texto se refere à pessoa de Cristo.
Isaías 44:1
“Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi”. Quem é
o servo aqui? Um povo ou uma pessoa? O povo de Israel!
Isaías 49:3
“e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser
glorificado”. O servo aqui é o povo de Israel.
Isaías 52: 13
“Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado
e será mui sublime. Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto
estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência,
mais do que a dos outros filhos dos homens), assim causará admiração às
nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não
lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão”.
Isaías 53
Jesus é apresentado como servo sofredor que morreu pelo seu povo (v. 6):
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”. Aqui
o servo está identificado com aquele por quem ele morreu. Deus fez cair a
iniquidade de todos os eleitos sobre Cristo. Vemos que em um momento o
servo é Cristo e em outro ele é Israel. Os judeus interpretando o servo
sofredor do texto de Isaías 53 entendem que é Israel. Mas o problema sério
que eles têm é dizer quando Israel no seu sofrimento levou sobre si o pecado
de alguém. Este é o grande problema do texto para eles. Mas o fato é que
Jesus é o SERVO! Ele levou sobre Si o pecado do seu povo.
Identificamos que Cristo morre por seu povo. Cristo e seu povo estão
unidos! Por isso, no entendimento do Antigo Testamento, templo é a casa de
Davi construída pelo FILHO de Davi. O apóstolo Paulo, no Novo
Testamento, diz que Jesus Cristo é o templo. Em outras palavras, Paulo diz à
Igreja: “Vós sois o templo do Espírito Santo”.
A sombra cessou. Cristo chegou. Sabemos o que fazer agora com a ideia
da construção de um templo.
APLICAÇÕES
(1) Percebemos que quando Paulo escreve aos crentes da Igreja de Corinto
sobre a igreja como “templo”, “santuário” do Espírito, ele o faz no contexto
da santidade. Isto é, “vocês não devem entregar seus corpos à imoralidade,
pois são o templo do Senhor”. A santidade é relacionada com a ideia do
templo físico. No templo ninguém adentrava no santo dos santos, no lugar
santíssimo, porque morreria. Havia limites para seu acesso ao santo lugar,
pois a santidade de Deus ali era revelada — Deus estava presente. Quando
cremos no Senhor, o Pai e o Filho, pelo Espírito Santo, vêm habitar em nós.
Cristo habita em nós pelo Espírito. Ele é o selo da nossa salvação. Nós somos
o templo do Senhor, a Igreja é a habitação de Deus. Por isso a ideia de
santidade não é mais relacionada ao lugar físico, mas onde Deus habita. Deus
não habita nos limites físicos do edifício de qualquer igreja. Deus habita no
coração do crente e, por isso, está no meio da Igreja. A santidade tem de ser
particular, individual, mas como povo de Deus ela é essencialmente
corporativa e dessa forma somos o templo do Espírito Santo.
A terra santa é onde Deus está. Não existe santidade inerente a alguma
coisa que foi construída. Muitos dizem que Israel é terra santa. Esta
expressão só aparece duas vezes na Bíblia, em Êxodo e Zacarias. Em Êxodo
refere-se ao deserto de Midiã e não a Israel. Quando Moisés está nesta região,
vê uma sarça ardente e uma voz que lhe fala: “Tira as sandálias dos pés
porque a terra em que pisas é terra santa”. Era terra santa porque Deus
queria mostra a Moisés que o Deus Santo estava presente ali, e não porque
havia algo inerente na terra que a fazia mais santa.
Certo pastor foi a uma igreja e viu, para sua surpresa, um culto com
apresentação de um grupo de coreografia. Ele tentou entender a mensagem e
aprender alguma coisa. Mas ele perguntava: “Qual o entendimento disso
tudo? Eu não consigo entender, fico mais confuso!”. Isso confunde ainda
mais, porque jovens dançando desperta nas pessoas a sensualidade. Roupas
apertadas, movimentos sensuais, dentro do culto, dentro da igreja, que se
reúne para adorar a Deus, como entender isso? Mas a Bíblia diz que nós
devemos fugir da sensualidade. Isso é criatividade.
Amém.
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