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Acórdão Nº 1362335
EMENTA
2. Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo legal, o débito será acrescido de multa de dez por
cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. Se o pagamento for parcial, a multa e
os honorários previstos incidirão sobre o restante. Art. 523, caput e §§ 1º e 2º do CPC.
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de antecipação da tutela recursal, interposto por
Diretório Regional do MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO – MDB/DF - e MARIA
MADALENA DE ALMEIDA AIRES, contra a Decisão de ID 79318680, proferida pelo MM. Juiz da
Vigésima Segunda Vara Cível de Brasília, que, em sede de Cumprimento de Sentença requerido por
LAYOUT ADMINISTRACAO DE BENS LTDA, indeferiu o pedido dos Executados, ora Agravantes,
de parcelamento da dívida e aplicou multa de 10% (dez por cento) sobre o débito remanescente e,
também, honorários advocatícios de 10% (dez por cento), nos termos artigo 524, § 2º, do Código de
CPC. ( proc. 0703163-11.2019.8.07.0001)
Acrescentam que após a ordem de constrição via BacenJud, procedeu ao depósito da quantia total
requerida pela parte exequente com intuito de garantir o juízo e liberar os valores da conta da Sra.
Maria Madalena, todavia, persiste o bloqueio das quantias que lhe são necessárias para as obrigações
e despesas da vida cotidiana.
Pugnam pela antecipação da tutela recursal para desbloquear o valor de R$16.118,08 da conta da Sra.
Maria Madalena. No mérito, requerem o provimento do recurso para reformar a Decisão agravada que
determinou a aplicação da multa prevista no art. 523, §1º do CPC e dos honorários sucumbenciais da
fase de cumprimento de sentença.
Preparo regular.
É o relatório.
VOTOS
Registro que no tocante ao pedido de desbloqueio de ativos da conta indicada, ao apreciar o pedido de
tutela antecipada não conheci do recurso nessa parte por não haver sido objeto da Decisão agravada,
não tendo havido insurgência da parte agravante a esse respeito.
Diante desse quadro, uma vez que a Decisão agravada norteia o limitede conhecimento do agravo,
sendo vedado à sede revisora manifestar-se sobre questão que foi não decidida pelo Juízo a quo,
resulta que a análise do pedido recursal de desbloqueio de valores da conta da Sra. Maria Madalena,
inclusive formulado a titulo de antecipação da tutela recursal, ensejaria supressão de instância e ofensa
ao duplo grau de jurisdição.
Sendo assim, não conheço do recurso na parte que versa acerca do desbloqueio de valores da conta
da Agravante Maria Madalena de Almeida Aires.
Reitero o mesmo entendimento, porquanto é cediço que o Agravo de Instrumento está circunscrito aos
limites do que restou decidido.
A despeito dos fundamentos lançados pela devedora, impera reconhecer que a aplicação do instituto
previsto no artigo 916 do CPC é específico e se volta apenas aos casos de execução (títulos
extrajudiciais), não sendo a previsão estendida (salvo se houver composição entre as partes) aos casos
de cumprimento de sentença, conforme expressamente consignado no parágrafo 7º do mesmo citado
artigo.
Descabe ao julgador subverter, à guisa de interpretação, o claro desiderato esposado pelo legislador.
Não se vislumbra, assim, amparo legal para sufragar o posicionamento defendido pela devedora,
porquanto “o atual CPC, além de não trazer norma correspondente ao art. 475-R do CPC/73, o que
denota o silêncio intencional do legislador de não aplicar ao cumprimento de sentença as normas do
processo de execução de título extrajudicial, ainda reforça que o disposto no art. 916 'não se aplica ao
cumprimento de sentença' (§ 7º, art. 916, CPC/2015)” (Acórdão 1214528, 07103325220198070000,
Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, 8ª Turma Cível, data de julgamento: 6/11/2019, publicado no DJE:
20/11/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
Nesses termos, não tendo havido o cumprimento integral da obrigação, incide, sobre o débito
remanescente, multa, à razão de 10% (dez por cento). Fixo, para a presente fase processual,
honorários advocatícios em 10% (dez por cento), nos termos artigo 524, § 2º, do Código de Ritos.
Deferido o pedido de penhora de valores via SISBAJUD, a medida restou frutífera, conforme se
verifica do relatório ora acostado.
Declaro efetivada a constrição, acerca da qual deverá ser intimado o devedor, fim de que se manifeste
no prazo de 5 (cinco) dias, caso possua interesse.
Haja vista que o montante penhorado na conta de titularidade da executada MARIA MADALENA
DE ALMEIDA AIRES é suficiente para o adimplemento do valor perseguido pelo credor, promovi a
liberação das quantias penhoradas nas contas dos demais devedores.
Ultrapassado in albis o prazo para o oferecimento de impugnação, ao credor, para que diga acerca da
satisfação de seu crédito, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de se entender como integralmente
adimplida a obrigação, com a consequente extinção do feito.
Decorrido o prazo assinalado, voltem-me conclusos, a fim de que o pleito voltado à liberação do valor
anteriormente depositado seja analisado.” (ID Num. 79318680 - proc. 0703163-11.2019.8.07.0001).
Não vejo motivos para alterar o entendimento do Juízo de Primeiro Grau que indeferiu o pedido de
parcelamento do débito exequendo, porquanto não se aplica ao cumprimentode sentença conforme
expressamente preceitua o art. 916, § 7º do CPC. Ademais, aliado à falta de amparo legal, não houve
anuência da parte credora.
Quanto à incidência de multa de dez por cento e honorários advocatícios também de dez por cento
sobre o restante do débito, igualmente incensurável a Decisão agravada, pois em conformidade com a
norma legal. Confira-se:
“Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito
de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o
executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais,
acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.
[...]
“Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de
custas, se houver.
§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo docaput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
À vista do exposto, nada há a reformar na r. Decisão agravada, pois proferida em conformidade com
as disposições legais pertinentes.
É COMO VOTO.