1362335

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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS


TERRITÓRIOS

Órgão 7ª Turma Cível

Processo N. AGRAVO DE INSTRUMENTO 0703965-41.2021.8.07.0000

MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO - PMDB/DF e MARIA


AGRAVANTE(S)
MADALENA DE ALMEIDA AIRES

AGRAVADO(S) LAYOUT ADMINISTRACAO DE BENS LTDA


Relator Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA

Acórdão Nº 1362335

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.


PARCELAMENTO DO DÉBITO. DESCABIMENTO. PAGAMENTO PARCIAL. MULTA E
HONORARIOS ADVOCATICIOS. DECISÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO.

1. Consoante expressa previsão do art. 916, § 7º do CPC, o parcelamentodo débitoexequendo não se


aplica ao cumprimentode sentença, sobretudo diante da falta de anuência da parte credora.

2. Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo legal, o débito será acrescido de multa de dez por
cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. Se o pagamento for parcial, a multa e
os honorários previstos incidirão sobre o restante. Art. 523, caput e §§ 1º e 2º do CPC.

3. Recurso Improvido. Decisão mantida.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores do(a) 7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito


Federal e dos Territórios, GETÚLIO MORAES OLIVEIRA - Relator, LEILA ARLANCH - 1º Vogal e
GISLENE PINHEIRO - 2º Vogal, sob a Presidência da Senhora Desembargadora LEILA ARLANCH,
em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. IMPROVIDO. UNANIME., de acordo com a ata do
julgamento e notas taquigráficas.
Brasília (DF), 12 de Agosto de 2021

Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA


Relator

RELATÓRIO

Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de antecipação da tutela recursal, interposto por
Diretório Regional do MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO – MDB/DF - e MARIA
MADALENA DE ALMEIDA AIRES, contra a Decisão de ID 79318680, proferida pelo MM. Juiz da
Vigésima Segunda Vara Cível de Brasília, que, em sede de Cumprimento de Sentença requerido por
LAYOUT ADMINISTRACAO DE BENS LTDA, indeferiu o pedido dos Executados, ora Agravantes,
de parcelamento da dívida e aplicou multa de 10% (dez por cento) sobre o débito remanescente e,
também, honorários advocatícios de 10% (dez por cento), nos termos artigo 524, § 2º, do Código de
CPC. ( proc. 0703163-11.2019.8.07.0001)

Afirmam , em síntese, que o pedido de parcelamento da dívida demonstra a boa-fé e a intenção de


realizar a quitação do débito, não havendo que se falar em multa e honorários, porquanto essas
sanções que só devem ser aplicadas nos casos de manifesta resistência da parte executada.

Acrescentam que após a ordem de constrição via BacenJud, procedeu ao depósito da quantia total
requerida pela parte exequente com intuito de garantir o juízo e liberar os valores da conta da Sra.
Maria Madalena, todavia, persiste o bloqueio das quantias que lhe são necessárias para as obrigações
e despesas da vida cotidiana.

Pugnam pela antecipação da tutela recursal para desbloquear o valor de R$16.118,08 da conta da Sra.
Maria Madalena. No mérito, requerem o provimento do recurso para reformar a Decisão agravada que
determinou a aplicação da multa prevista no art. 523, §1º do CPC e dos honorários sucumbenciais da
fase de cumprimento de sentença.

Decisão de ID 23984351 não conheceu do recurso na parte concernente ao pedido de liminar.

Contrarrazões às pags. 1/8 do ID 23148824.

Preparo regular.

É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador GETÚLIO MORAES OLIVEIRA - Relator


Conforme relatado, trata-se de Agravo de Instrumento contra a Decisão proferida pelo MM. Juiz da
Vigésima Segunda Vara Cível de Brasília que, em sede de Cumprimento de Sentença requerido por
LAYOUT ADMINISTRACAO DE BENS LTDA, indeferiu o pedido de parcelamento da dívida e
aplicou multa de 10% (dez por cento) sobre o débito remanescente e, também, honorários
advocatícios de 10% (dez por cento), nos termos artigo 524, § 2º, do Código de CPC ( proc.
0703163-11.2019.8.07.0001).

Peticionaram os Agravantes pela antecipação da tutela recursal para desbloquear o valor de


R$16.118,08 (dezesseis mil, cento e dezoito reais e oito centavos) da conta da Sra. Maria Madalena.
No mérito, requerem o provimento do recurso para reformar a Decisão agravada que determinou a
aplicação da multa prevista no art. 523, §1º do CPC e dos honorários sucumbenciais da fase de
cumprimento de sentença.

Registro que no tocante ao pedido de desbloqueio de ativos da conta indicada, ao apreciar o pedido de
tutela antecipada não conheci do recurso nessa parte por não haver sido objeto da Decisão agravada,
não tendo havido insurgência da parte agravante a esse respeito.

Confira-se o que fiz constar naquela oportunidade:

“[...] o pronunciamento judicial atacado, ao indeferir o pedido de parcelamento do débito, aplicar


multa, fixar honorários e declarar efetivada a constrição via BacenJud, não cuidou do pedido de
desbloqueio de valores da conta de titularidade da executada Maria Madalena de Almeida Aires, o
que, de fato, não poderia ser diferente, haja vista que o pleito nesse sentido só foi formulado
posteriormente, conforme petição de ID Num. 79913827.

Acerca da pretensão formulada, a parte Exequente se manifestou no ID 80760726 e a parte


executada, logo após, em ID de 82759954 reiterou o pedido, o qual se encontra pendente de análise
pelo Juízo a quo, conforme se vê através de consulta aos autos de origem (id Num. 83442234 - Pág.
1).

Diante desse quadro, uma vez que a Decisão agravada norteia o limitede conhecimento do agravo,
sendo vedado à sede revisora manifestar-se sobre questão que foi não decidida pelo Juízo a quo,
resulta que a análise do pedido recursal de desbloqueio de valores da conta da Sra. Maria Madalena,
inclusive formulado a titulo de antecipação da tutela recursal, ensejaria supressão de instância e ofensa
ao duplo grau de jurisdição.

Sendo assim, não conheço do recurso na parte que versa acerca do desbloqueio de valores da conta
da Agravante Maria Madalena de Almeida Aires.

Quanto às demais questões suscitadas no recurso, dele conheço.” (id 23984351)

Reitero o mesmo entendimento, porquanto é cediço que o Agravo de Instrumento está circunscrito aos
limites do que restou decidido.

No tocante às demais questões suscitadas, conquanto presentes os pressupostos de admissibilidade do


Agravo de Instrumento, a irresignação recursal não tem como prosperar.

Confira-se o teor da Decisão agravada:


“Instada a promover o adimplemento do débito perseguido, veio aos autos a parte devedora, a pugnar
pelo parcelamento do débito, invocando, para tanto, o artigo 916 do Código de Ritos, promovendo, na
mesma oportunidade, o depósito de 50% (cinquenta por cento) do débito (ID 76815651).

A despeito dos fundamentos lançados pela devedora, impera reconhecer que a aplicação do instituto
previsto no artigo 916 do CPC é específico e se volta apenas aos casos de execução (títulos
extrajudiciais), não sendo a previsão estendida (salvo se houver composição entre as partes) aos casos
de cumprimento de sentença, conforme expressamente consignado no parágrafo 7º do mesmo citado
artigo.

Descabe ao julgador subverter, à guisa de interpretação, o claro desiderato esposado pelo legislador.

Não se vislumbra, assim, amparo legal para sufragar o posicionamento defendido pela devedora,
porquanto “o atual CPC, além de não trazer norma correspondente ao art. 475-R do CPC/73, o que
denota o silêncio intencional do legislador de não aplicar ao cumprimento de sentença as normas do
processo de execução de título extrajudicial, ainda reforça que o disposto no art. 916 'não se aplica ao
cumprimento de sentença' (§ 7º, art. 916, CPC/2015)” (Acórdão 1214528, 07103325220198070000,
Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, 8ª Turma Cível, data de julgamento: 6/11/2019, publicado no DJE:
20/11/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Neste mesmo sentido, colha-se o entendimento recentemente manifestado pelo TJDFT:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PRESTAÇÃO


ALIMENTÍCIA. PARCELAMENTO DO DÉBITO. ART. 916 DO CPC. INAPLICABILIDADE.
DECISÃO MANTIDA. 1. O parcelamento do débito exequendo não se aplica ao cumprimento de
sentença, conforme disposto no § 7º do art. 916 do CPC. 2. Recurso conhecido, mas não
provido.Unânime. (Acórdão 1260358, 07074230320208070000, Relator: ROMEU GONZAGA
NEIVA, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 1/7/2020, publicado no DJE: 13/7/2020. Pág.: Sem
Página Cadastrada.)

Inviável, portanto, impor ao credor, na forma pretendida, o parcelamento de um débito decorrente de


condenação transitada em julgado.

Nesses termos, não tendo havido o cumprimento integral da obrigação, incide, sobre o débito
remanescente, multa, à razão de 10% (dez por cento). Fixo, para a presente fase processual,
honorários advocatícios em 10% (dez por cento), nos termos artigo 524, § 2º, do Código de Ritos.

Deferido o pedido de penhora de valores via SISBAJUD, a medida restou frutífera, conforme se
verifica do relatório ora acostado.

Declaro efetivada a constrição, acerca da qual deverá ser intimado o devedor, fim de que se manifeste
no prazo de 5 (cinco) dias, caso possua interesse.

Haja vista que o montante penhorado na conta de titularidade da executada MARIA MADALENA
DE ALMEIDA AIRES é suficiente para o adimplemento do valor perseguido pelo credor, promovi a
liberação das quantias penhoradas nas contas dos demais devedores.

Dessa forma, considerando que o montante penhorado na conta pertencente ao PARTIDO DO


MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO - PMDB-DF restou desbloqueada, tenho como
prejudicada a apreciação das insurgências formuladas em ID 78981257, razão pela qual deixo de
apreciar os pleitos formulados no referenciado petitório.

Ultrapassado in albis o prazo para o oferecimento de impugnação, ao credor, para que diga acerca da
satisfação de seu crédito, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de se entender como integralmente
adimplida a obrigação, com a consequente extinção do feito.

Decorrido o prazo assinalado, voltem-me conclusos, a fim de que o pleito voltado à liberação do valor
anteriormente depositado seja analisado.” (ID Num. 79318680 - proc. 0703163-11.2019.8.07.0001).

Não vejo motivos para alterar o entendimento do Juízo de Primeiro Grau que indeferiu o pedido de
parcelamento do débito exequendo, porquanto não se aplica ao cumprimentode sentença conforme
expressamente preceitua o art. 916, § 7º do CPC. Ademais, aliado à falta de amparo legal, não houve
anuência da parte credora.

Quanto à incidência de multa de dez por cento e honorários advocatícios também de dez por cento
sobre o restante do débito, igualmente incensurável a Decisão agravada, pois em conformidade com a
norma legal. Confira-se:

“Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito
de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o
executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais,
acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.

[...]

§ 7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença.

“Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de
custas, se houver.

§ 1º Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo docaput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.

§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto nocaput, a multa e os honorários previstos no §


1º incidirão sobre o restante.”

À vista do exposto, nada há a reformar na r. Decisão agravada, pois proferida em conformidade com
as disposições legais pertinentes.

NEGO, POIS, PROVIMENTO AO RECURSO.

É COMO VOTO.

A Senhora Desembargadora LEILA ARLANCH - 1º Vogal


Com o relator
A Senhora Desembargadora GISLENE PINHEIRO - 2º Vogal
Com o relator
DECISÃO

CONHECIDO. IMPROVIDO. UNANIME.

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