10.8 - Exceção de Pré-Executividade
10.8 - Exceção de Pré-Executividade
10.8 - Exceção de Pré-Executividade
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
“Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”.
“Em ambos os casos, tanto no de cláusula resolutiva expressa ou convencional, como no caso de
cláusula resolutiva tácita, a resolução deve ser judicial, ou seja, precisa ser judicialmente
pronunciada. No primeiro, a sentença tem efeito meramente declaratório e ‘ex tunc’, pois a
resolução dá-se automaticamente, no momento do inadimplemento; no segundo, tem efeito
desconstitutivo, dependendo de interpelação judicial. Havendo demanda, será possível aferir a
ocorrência dos requisitos exigidos para a resolução e inclusive examinar a validade da cláusula,
bem como avaliar a importância do inadimplemento, pois a cláusula resolutiva, ‘apesar de
representar manifestação de vontade das partes, não fica excluída da obediência aos princípios
da boa-fé e das exigências da justiça comutativa (Ruy Rosado de Aguiar Júnior. Extinção dos
contratos por incumprimento do devedor. 2. ed. Rio de Janeiro: Aide, 2003, p. 183)” (Carlos
Roberto Gonçalves. Direito Civil brasileiro. Contratos e atos unilaterais. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 183.).
“Apesar da expressão de pleno direito, têm os Tribunais entendido ser necessária a intervenção
judicial, sendo a sentença, neste caso, de natureza meramente declaratória. Por essa razão, e
porque há uma cláusula resolutiva tácita em todo contrato bilateral (cf. art. 1.092, parágrafo
único – atual art. 475 do novo Código Civil), não se vislumbra utilidade em tal pacto” (Carlos
Roberto Gonçalves, Direito das obrigações – parte especial, São Paulo: Saraiva, 1999, p. 75).
Certo é, então, que a cláusula resolutiva expressa produz efeitos extintivos do contrato,
independentemente de sentença desconstitutiva, mas a sentença declaratória, em regular
processo de conhecimento, é imprescindível como forma de controlar os pressupostos que
a autorizam.
Referindo-se especificamente ao compromisso de compra e venda, ensina Orlando
Gomes, sem qualquer distinção, que pelas peculiaridades do negócio, a condição
resolutiva, mesmo tácita, não se opera sem pronunciamento judicial:
“Não se rompe unilateralmente sem a intervenção judicial. Nenhuma das partes pode considerá-
lo “rescindido”, havendo inexecução da outra. Há de pedir a resolução. Sem sentença
resolutória, o contrato não se dissolve” (Orlando Gomes. Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1999, p. 252).
“Haja ou não cláusula resolutiva expressa, impõe-se a manifestação judicial para resolução do
contrato” (José Osório de Azevedo Junior. Compromisso de Compra e Venda. 2. ed. São Paulo:
Malheiros, 1983, p. 16).
De fato, José Osório de Azevedo Junior discorre sobre as diferenças entre as cláusulas
resolutiva expressa e tácita, sendo categórico ao afirmar que em qualquer delas a
resolução do contrato depende de pronunciamento judicial (José Osório de Azevedo
Junior, cit., p. 164).
Assim, em conclusão, em razão da necessidade de pronunciamento judicial o contrato
de compromisso não se extinguiu.
Se não se extinguiu, não há falar em restituição de valores, muito menos pela via
executiva.
Logo, está evidente a nulidade da execução, quer porque não há título executivo
correspondente a obrigação certa, líquida (certa quanto à sua existência e determinada
quanto ao seu objeto) e exigível (vencida).
Nesses termos:
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa,
líquida e exigível.
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa,
líquida e exigível consubstanciada em título executivo.
Posta assim a questão, com supedâneo no art. 803, parágrafo único, do Código de
Processo Civil, requer a excipiente digne-se Vossa Excelência de, inicialmente, a título de
tutela provisória de urgência (CPC, arts. 300 e 301) suspender a vertente execução e, ao
final, declarar a nulidade da presente execução com a sua extinção, condenando a
exequente, ora excepta, em honorários de advogado e demais despesas.
Termos em que,
Pede deferimento.
Data
Advogado (OAB)