Aula 06 - 4. Atos Administrativos
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Autor:
Tulio Lages
19 de Março de 2022
Tulio Lages
Aula 06
ATOS ADMINISTRATIVOS
Sumário
Aposta Estratégica........................................................................................................................ 26
Perguntas .................................................................................................................................. 33
Gabarito .................................................................................................................................... 46
% de cobrança
Tópico
Instituto AOCP
Conhecimentos introdutórios: conceito de ato administrativo. Atos
privados praticados pela administração pública. Fato 7,4%
administrativo.
Classificações dos atos administrativos 11,1%
Elementos dos atos administrativos 14,8%
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A ideia desta seção é apresentar um roteiro para que você realize uma revisão completa do
assunto e, ao mesmo tempo, destacar aspectos do conteúdo que merecem atenção.
Aspectos iniciais
a) de acordo com Maria Sylvia Di Pietro: declaração do Estado ou de quem o represente, que
produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito
Público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”1.
b) de acordo com José dos Santos Carvalho Filho: “a exteriorização da vontade de agentes da
Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito
público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público”2.
1
Di Pietro, 2016, p. 239.
2
Carvalho Filho, 2017, p. 105.
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- O ato administrativo é espécie do gênero ato jurídico, que é uma manifestação unilateral, oriunda
da vontade humana, que tem por objetivo produzir alguma alteração no mundo jurídico.
Por sua vez, o ato jurídico é espécie do gênero fato jurídico em sentido amplo, que é basicamente
qualquer acontecimento que produz alteração no mundo jurídico.
Outra espécie de fato jurídico em sentido amplo é o fato jurídico em sentido estrito, que é um
acontecimento que não depende da vontade humana e que produz efeitos jurídicos (ex:
nascimento de uma pessoa, catástrofe natural que produz a destruição de um bem etc.
Ato jurídico
- Fato administrativo é um fato jurídico que produz efeitos sobre a Administração Pública, mesmo
que não envolva a participação de agentes públicos.
Esses efeitos gerados sobre a Administração podem ser jurídicos ou não. Quando não produzem
efeitos jurídicos sobre a Administração, os fatos administrativos são também chamados de fato da
Administração.
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- Os atos administrativos não devem ser confundidos com os atos políticos ou de governo, nem
com os atos legislativos (elaboração de normas primárias, ato típico do Poder Legislativo) e os atos
judiciais (exercício da jurisdição, ato típico do Poder Judiciário).
Vale lembrar que não apenas o Poder Executivo pratica ato administrativo: os Poderes Legislativo
e Judiciário, no exercício de sua função atípica administrativa, também editam atos
administrativos.
Alcançam, assim, não apenas os atos administrativos propriamente ditos, mas também os atos de
direito privado (ex: doação, permuta etc.) e os atos materiais da administração que não contenham
manifestação de vontade (que são mera execução de determinações administrativas).
- São eles:
Presunção de legitimidade
Autoexecutoriedade
Tipicidade
Imperatividade
Presunção de legitimidade
- Presume-se que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei (ou seja, são
considerados legais e legítimos), produzindo efeitos imediatamente, ainda que eivados de vícios
ou defeitos aparentes, até sua eventual anulação pela Administração ou pelo Judiciário.
Essa presunção é relativa (juris tantum), admitindo prova em contrário. Todavia, quem deve
demonstrar eventuais vícios do ato é o administrado, já que a presunção de legitimidade produz
o efeito de inverter o ônus da prova em favor da Administração.
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- Há, ainda, a dimensão da presunção de veracidade, impondo que devem ser considerados
verdadeiros os fatos declarados pela administração para fundamentar a prática do ato
administrativo.
Autoexecutoriedade
- Informa que os atos administrativos podem ser executados pela própria Administração, sem a
necessidade de autorização prévia do Poder Judiciário.
- Atributo presente em apenas parcela dos atos administrativos (ex: cobrança de multas não é
autoexecutória, havendo necessidade de ajuizamento de ação judicial por parte da administração
caso o administrado não efetue o pagamento).
Tipicidade
- “É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente
pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração
pretende alcançar existe um ato definido em lei”3.
3
Di Pietro, 2016, p. 244.
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Imperatividade
- Informa que o ato deve ser observado pelo administrado independentemente da sua
concordância, ou seja, os efeitos do ato são impostos ao administrado de forma unilateral por
parte da administração.
- Está relacionada, portanto, à coercibilidade das obrigações e restrições impostas pelo Poder
Público aos administrados.
-Atributo presente em apenas parcela dos atos administrativos (somente nos atos que impõem
obrigações ou restrições).
- São eles:
COMpetência
FInalidade
FORma
Motivo
OBjeto
Competência
- É o poder atribuído ao agente para a prática do ato, dizendo respeito, assim, ao sujeito que,
segundo expresso na norma, é o responsável por praticar determinado ato.
a) de exercício obrigatório: seu titular não pode optar entre exercê-la ou não. O exercício da
competência é um poder-dever (art. 11 da Lei 9.784/1999);
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- Delegação x avocação
Por outro lado, na avocação, a autoridade hierarquicamente superior chama para si o exercício de
determinada competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO
Não precisa haver relação de hierarquia. Deve haver relação de hierarquia.
É permitida apenas em caráter excepcional e
Em regra, é permitida, salvo quando houver
por motivos relevantes devidamente
impedimento legal.
justificados (art. 15, da Lei 9.784/1999).
Não podem ser objeto de delegação (art. 13
da Lei 9.784/1999): Não será possível a avocação quando se tratar
a) a edição de atos de caráter normativo; de competência exclusiva do subordinado.
b) a decisão de recursos administrativos;
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Finalidade
- Diz-se que a finalidade é o efeito mediato ou geral do ato, que invariavelmente será a satisfação
do interesse público.
Forma
- Princípio do formalismo moderado: preceitua que, para a prática de qualquer ato administrativo,
devem ser exigidas tão somente as formalidades estritamente essenciais, desprezando-se
procedimentos meramente protelatórios, o que se coaduna com o art. 22 da Lei 9.784/1999, que
dispõe que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão
quando a lei expressamente a exigir”.
- A forma é um elemento vinculado do ato administrativo, porque deve ser exteriorizado na forma
que a lei exigir. Somente no caso de a lei não exigir essa forma determinada é que a administração
poderá praticar o ato com a forma que lhe parecer mais adequada.
- A motivação (exposição, por escrito, dos motivos que levaram à prática do ato) integra a forma
do ato administrativo.
Motivo
- É a causa do ato administrativo, consubstanciada nas razões, nas situações ou nos pressupostos
de fato e de direito que dão embasamento à sua prática.
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- Motivo x motivação
Embora o motivo sempre esteja presente em um ato administrativo, a motivação, a rigor, somente
será obrigatória quando a lei assim o exigir, embora a doutrina e a boa prática administrativa
defendam que sempre seja aplicável.
Assim, temos os atos que devem ser necessariamente motivados (art. 50 da Lei 9.784/1999):
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
Além dessas hipóteses estabelecidas na Lei 9.784/1999, a CF/88 também estabeleceu uma
hipótese de motivação obrigatória:
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- Motivo x móvel
Motivo é a situação objetiva, real, externa ao agente que pratica o ato, enquanto o móvel é a
intenção, propósito, realidade interna, psicológica desse agente.
Nos atos completamente vinculados, o exame do móvel é irrelevante, porque a lei já define o
único comportamento possível perante o motivo por ela já caracterizado, inadmitindo qualquer
subjetivismo por parte do agente.
- Teoria dos motivos determinantes: preceitua que a validade do ato está adstrita aos motivos
indicados como seu fundamento, de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o
ato será nulo.
Objeto
Nos atos vinculados, o objeto deve ser exatamente aquele que a lei estabeleceu. Esse é o objeto
vinculado.
Por outro lado, nos atos discricionários, o objeto pode ser escolhido pelo agente público, dentre
os possíveis autorizados na lei, mediante a avaliação dos critérios de conveniência e oportunidade.
Esse é o objeto variável.
- Objeto x Finalidade
O objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz, sua finalidade específica, que será variável
de acordo com cada ato: aquisição, transformação ou extinção de direitos.
Por sua vez, a finalidade é o efeito geral ou mediato (no futuro) do ato, que será sempre o mesmo
(expresso ou implicitamente estabelecido na lei): a satisfação do interesse público.
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Elementos acidentais
- São elementos acessórios do ato administrativo: sua ausência não torna inválido o ato (ou seja,
não são essenciais ao ato).
- São eles:
Vício de competência
- Excesso de poder: ocorre quando o agente excede os limites da sua competência para praticar
determinado ato (ex: demissão de servidor aplicada por Ministro de Estado, quando a lei lhe
permitia aplicar apenas a penalidade de suspensão, devendo a penalidade de demissão ser
aplicada exclusivamente pelo Presidente da República).
No excesso de poder, nem sempre o ato deve obrigatoriamente ser anulado, uma vez que o vício
de competência admite convalidação, exceto na hipótese de competência exclusiva ou de
competência em razão de matéria.
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- Função de fato: ocorre quando o agente foi investido no cargo, emprego ou função, mas há
alguma ilegalidade em sua investidura ou algum impedimento legal para a prática do ato. Nesse
caso, os efeitos do ato são considerados válidos, em razão da "teoria da aparência".
Vício de finalidade
- O vício de finalidade é denominado desvio de poder (ou desvio de finalidade), que é a prática
de ato visando fim diverso do previsto, mesmo que implicitamente, na lei (ex: remoção de servidor
público com o objetivo de puni-lo).
Trata-se de vício insanável, não podendo ser objeto de convalidação, sendo nulo o ato viciado.
Muita atenção para não confundir desvio de poder (vício de finalidade) com excesso de poder
(vício de competência)!
Vício de forma
- O vício de forma importa na anulação do ato apenas quando a forma for essencial (ou seja,
quando é estabelecida em lei). Nos demais casos, o vício é sanável e o ato passível de
convalidação.
- Quando a motivação for obrigatória, sua ausência implica vício de forma, resultando na nulidade
do ato.
Vício de motivo
Vício de objeto
- Objeto impossível: ocorre quando seu conteúdo não é realizável, factualmente e/ou
juridicamente.
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- Objeto proibido pela lei: ocorre quando seu conteúdo contraria a lei, regulamento ou outro ato
normativo.
- Objeto não previsto em lei: ocorre quando seu conteúdo é distinto do previsto na lei (exemplo:
aplicação de uma dada penalidade por 10 dias, quando a lei estabelece que para tal penalidade
o prazo máximo de aplicação é de 5 dias).
- Objeto diferente daquele que a lei prevê para a situação: ocorre quando, mesmo efetuando um
enquadramento correto entre o pressuposto de fato e a norma, a administração pratica um ato
com objeto distinto ao previsto na lei para o enquadramento que foi efetuado (se houvesse erro
de enquadramento seria vício de motivo – motivo ilegítimo).
Abuso de poder
- O abuso de poder ocorre de duas maneiras: excesso de poder (vício de competência) e desvio
de finalidade (ou desvio de poder, vício de finalidade), que já foram explicadas anteriormente.
vício de
Excesso de Poder
competência
Abuso de Poder
Desvio de Finalidade vício de
(ou Desvio de Poder) finalidade
Vinculação e discricionariedade
Nos atos administrativos vinculados, o agente público não possui margem para valorar ou escolher
nenhum de seus elementos, já que todos são vinculados.
Portanto, o grau de liberdade que a lei confere ao administrador para a prática dos atos
discricionários é menor do que para a prática dos atos vinculados.
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Essa liberdade, entretanto, nunca é total, já que não existe ato totalmente discricionário – o ato
administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas e delimitadas em lei, segundo
o atributo da tipicidade.
Inclusive, não se pode confundir discricionariedade com arbitrariedade, que seria a atuação
administrativa fora dos limites impostos pela lei.
Mérito administrativo
Esse juízo recai apenas sobre os elementos motivo e objeto, como já dito.
- O Judiciário não pode efetuar controle de mérito do ato administrativo. Portanto, somente a
própria Administração pode realizar o controle do mérito do ato administrativo, que resulta na sua
revogação (e não anulação, que é um controle de legalidade ou legitimidade).
Inclusive, o Judiciário pode efetuar o controle de atos discricionários, mas nunca o do mérito do
ato: somente da legalidade ou legitimidade do ato, resultando na sua anulação em caso de vício
em seus elementos.
Isso implica dizer, mais uma vez, que não é possível asseverar que a discricionariedade
administrativa é absoluta, devendo: a) ser exercida nos limites da lei; b) observar os princípios da
Administração Pública, especialmente os da razoabilidade, da proporcionalidade e da moralidade;
e c) atender à teoria dos motivos determinantes.
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Demais classificações
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ATO DE IMPÉRIO
ATO DE GESTÃO ATO DE EXPEDIENTE
(OU DE AUTORIDADE)
Administração utiliza suas Administração efetua a
Administração em sua rotina
prerrogativas para realizar uma gestão de seus bens e
interna, praticando atos sem
imposição coercitiva ao serviços, em situação de
conteúdo decisório.
administrado, de forma igualdade com os
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- Quanto à exequibilidade:
ATO PERFEITO ATO IMPERFEITO ATO EFICAZ ATO PENDENTE ATO CONSUMADO
Está pronto, Não está Está sujeito a condição
Está apto
tendo pronto, não suspensiva, termo,
à Já exauriu seus
completado completou seu autorização, homologação
produção efeitos.
seu ciclo de ciclo de ou aprovação para
de efeitos.
formação. formação. produzir efeitos.
Perfeição e validade não se confundem.
Assim, o ato perfeito, que já completou seu ciclo de formação, pode ser:
a) válido e eficaz: conforme às exigências legais e apto a produzir efeitos;
b) inválido e eficaz: desconforme às exigências legais, mas, mesmo assim, produzindo efeitos;
c) válido e ineficaz: conforme às exigências legais, mas dependente de condição ou termo para produzir efeitos;
d) inválido e ineficaz: desconforme às exigências legais e dependente de condição ou termo para produzir
efeitos.
- São elas:
Normativo
Ordinatório
Negocial
Enunciativo
Punitivo
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Atos normativos
- São os que veiculam regras gerais e abstratas, visando permitir a fiel execução das leis.
O decreto autônomo que trata da extinção de funções e cargos quando vagos (art. 84, VI, "b", da
CF/88) produz efeitos concretos, não sendo considerado ato normativo.
Atos ordinatórios
- São voltados aos próprios agentes públicos, com efeitos restritos ao âmbito interno, contendo
determinações voltadas ao exercício desses agentes.
- Exemplos: ordens de serviço, instruções (desde que não possuam caráter normativo), circulares
internas, portarias etc.
Atos negociais
- Apesar de serem denominados "negociais", tais atos não tratam de contrato ou de negócio
jurídico – são declarações unilaterais da vontade da Administração.
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Vinculados: uma vez cumpridos os requisitos estipulados pela lei por parte do
particular, este terá o direito subjetivo de obter a anuência da Administração, que
não tem margem para decidir sobre o pedido.
Definitivos: não podem ser revogados, mas tão apenas anulados ou cassados (ou
seja, não duram eternamente – inclusive podem ter prazo de validade –, apesar de
serem denominados "definitivos". O que há é uma expectativa de definitividade).
a) Licença = ato vinculado, definitivo (ex: licença para dirigir, alvará para exercício de profissão);
Outros atos negociais (pouco frequentes em prova): aprovação, homologação, visto, admissão,
dispensa e renúncia.
Atos enunciativos
- Contêm uma declaração da Administração (quanto a uma situação ou um fato), sem veicularem
manifestação de vontade do poder público, como as certidões, os atestados, os pareceres e as
apostilas.
- Certidão x Atestado
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Na certidão, a Administração fornece cópia fiel de informações que possui em seus arquivos e
bases de dados (registros públicos). No atestado, a Administração comprova (e declara) um fato
de que tenha conhecimento em razão da atuação de seus agentes (o fato não consta dos registros
públicos).
- Pareceres
O parecer veicula opinião técnica, fornecendo subsídios para a tomada de decisão de autoridades.
Via de regra, não produz sozinho efeitos jurídicos (nada obstante, um ato decisório posterior pode
aprovar o parecer e determinar que seja seguida pelos subordinados a opinião técnica contida no
parecer).
Há, por outro lado, duas espécies de pareceres com conteúdo decisório: os pareceres normativos
os pareceres vinculantes.
O parecer normativo é utilizado para expedir determinações gerais e abstratas, sendo, portanto,
um ato normativo.
Já o parecer vinculante é utilizado para expedir ordens, sendo, portanto, um ato ordinatório.
- Apostilas
Atos punitivos
- Não se confundem com o poder punitivo do Estado, exercido pelo Poder Judiciário, em
decorrência de crimes e contravenções.
- A sanção aplicada a servidores públicos é oriunda dos poderes hierárquico e disciplinar; quando
aplicada a particulares com vínculo específico, origina-se do poder disciplinar (apenas); e quando
aplicada a particulares em geral (sem vínculo específico), emana do poder de polícia.
- Anulação e revogação
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ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
Opera sobre atos discricionários válidos, por
Opera sobre atos ilegais, ilegítimos, inválidos.
razões de conveniência e oportunidade.
Se o vício do ato é insanável, o administrador
O administrador pode decidir entre revogar
é obrigado a proceder à sua anulação
ou não o ato (atuação discricionária), a partir
(atuação vinculada).
de um juízo de mérito sobre o ato.
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Os tribunais superiores têm entendido que tanto a anulação quanto a revogação de atos que
desfavoreça interesses do administrado deve ser precedida de procedimento administrativo em
que lhe seja assegurado o exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa, mesmo que seja
nítida a ilegalidade.
“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial”5.
- Cassação: ocorre quando seu beneficiário deixa de cumprir os requisitos para continuar
beneficiando-se dos efeitos do ato (ex: cassação de licença para dirigir ou para construir, quando
seu titular deixa de atender aos requisitos previstos na lei para manter o seu direito).
4
STF – MS 28279/DF.
5
STF – Súmula 473.
6
STF – MS 28.273/DF.
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- Contraposição: ocorre quando surge um novo ato com efeitos opostos a outro já praticado, que
acaba sendo extinto.
- Caducidade: ocorre quando há superveniência de norma jurídica que torna ilegal um ato
praticado anteriormente, porque passa a contrariar a nova legislação. O ato, assim, é extinto.
- Extinção natural: ocorre quando há o cumprimento normal de seus efeitos (ex: ato que possuía
vigência de 2 meses, cujo prazo de validade se exaure);
Convalidação
O ato com vício sanável é também chamado de "ato anulável", ao passo que o ato com vício
insanável é denominado "ato nulo". Essa classificação vem da teoria dualista das nulidades,
adotada no Brasil.
Diz-se que há "nulidade absoluta" no caso de vício insanável, e "nulidade relativa" no caso de
vício sanável.
Há ainda outra corrente, a monista, não adotada no Brasil, que preconiza a impossibilidade de
convalidação de qualquer ato administrativo, de maneira que qualquer vício no ato deve ensejar
a sua invalidação: ou o ato é válido ou é nulo (não havendo, portanto, ato anulável).
- A convalidação pode operar tanto em atos vinculados como discricionários, não sendo um
controle de mérito, mas de legalidade.
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Na esfera federal, a Lei 9.784/99 prevê a possibilidade de convalidação nos seguintes termos:
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.
Assim, nos termos do dispositivo, a convalidação na esfera federal deve observar os seguintes
requisitos:
Cumpre destacar, por fim, que a autora Weida Zancaner e a jurisprudência do STJ7 apontam como
óbice à convalidação a existência de impugnação administrativa ou judicial, salvo situações
excepcionais que autorizam a convalidação do ato impugnado.
a) vício de competência relativa à pessoa (não à matéria, portanto), desde que não se trate de
competência exclusiva;
c) vício de objeto, desde que seja caso de conteúdo plúrimo (que contém mais de uma
providência administrativa), aproveitando-se as providências não atingidas por nenhum vício –
ou seja, trata-se de uma convalidação parcial.
7
STJ - REsp 719.548/PR, REsp 663.889/DF etc.
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APOSTA ESTRATÉGICA
Dentro do assunto “Atos Administrativos”, “Extinção dos atos administrativos” é(são) o(s) ponto(s)
que acreditamos ser(em) o(s) que possui(em) mais chances de ser(em) cobrado(s) pela banca.
Dessa forma, é importante memorizar quais são as formas mais comuns de desfazimento dos atos
administrativos, bem como os principais conceitos associados a cada uma delas.
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correção do
ilegalidade ato válido ato válido invalidade ou
ato
ilegalidade
superveniente
efeitos mantém os
conveniência e administrado
retroativos efeitos já
oportunidade não cumpriu
(ex tunc) produzidos
condição
atos não
poder é um ato
nulos ou
dever / discricionário
"anuláveis"
autotutela
vícios efeitos não
pode ser sanáveis: retroagem (ex
realizada competência nunc)
pelo Poder e forma
Judiciário nem todo ato
pode ser
revogado
QUESTÕES ESTRATÉGICAS
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QUESTÕES ESTRATÉGICAS
Comentários
GABARITO: “D”
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a) Auto-executoriedade.
b) Imperatividade.
c) Exigibilidade.
d) Jurisdição.
e) Presunção de Legitimidade.
Comentários
GABARITO: “D”
A jurisdição é o poder que o Estado possui de “dizer o Direito”, de aplicar o Direito a um caso
concreto, com o objetivo de solucionar os conflitos interesses. Embora possam existir decisões
administrativas, os atos administrativos não são dotados de jurisdição.
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Comentários
GABARITO: “D”
Comentários
GABARITO: “B”
A: errado. No ato simples, há pura manifestação de vontade de apenas 1 órgão, seja ele colegiado
ou monocrático.
C: errado. Os atos compostos são aqueles em que, para sua formação, basta a manifestação de
vontade um único órgão, sendo apenas ratificado por outra autoridade ou outro órgão para fins
de exequibilidade.
há manifestação de vontade de um órgão apenas, mas que depende, para produção de efeitos,
da prática de ato por outro órgão que o aprove.
5. (AOCP/2016/CM RB/ Analista – Direito) Sobre os atos administrativos, é correto afirmar que
a) vícios de forma são insanáveis.
b) a administração não pode anular seus próprios atos, devendo o interessado recorrer ao Poder
Judiciário para obter eventual declaração de nulidade.
c) não é possível o exame do puro mérito administrativo pelo Poder Judiciário.
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Comentários
GABARITO: “C”
O Poder Judiciário não analisa o mérito administrativo, vale dizer, não faz análise da oportunidade
e conveniência da prática do ato administrativo, limitando-se a avaliar a legalidade do ato em
questão.
A: errada. Os vícios de forma podem ser sanados quando a forma não for essencial à validade do
ato.
B: errada. A administração pode (poder-dever) anular seus próprios atos, quando eivados de vício
de legalidade, nos termos do art. 53 da Lei nº 9.784/1999:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.
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Comentários
GABARITO: “B”
Item II – errado. Esse é o conceito de atos ordinatórios, não de atos enunciativos, que são aqueles
em que a Administração reconhece uma situação de fato ou de direito (ex: certidões, atestados
etc.).
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.
Por outro lado, é certo que todos os atos administrativos estão sujeitos ao controle do Poder
Judiciário, quanto à legalidade, em razão do exposto no art. 5º, inciso XXXV, da CF/1988:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
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Perguntas
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26. Considerando que o Poder Judiciário não pode adentrar no mérito do ato, é possível asseverar
que a discricionariedade é absoluta?
27. Em eventual colisão entre um ato geral e um ato individual, qual deve prevalecer?
28. Os atos externos podem ser destinados à própria Administração?
29. Uma decisão administrativa proferida pelo plenário do Tribunal de Contas é um ato simples,
composto ou complexo?
30. Uma portaria conjunta emitida pela Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional é um
ato composto ou complexo?
31. Nos atos compostos, o ato acessório deve preceder ou anteceder o ato principal?
32. Considere os seguintes atos: a) apreensão de mercadorias; b) permissão de uso de bem
público; c) imposição de multa administrativa; d) protocolo de documento. Quais deles são atos
de: império? Gestão? Expediente?
33. Qual a diferença entre ato nulo e anulável?
34. Quais vícios nos elementos do ato podem ser sanados?
35. Qual a diferença entre o ato perfeito e o ato válido?
36. É possível que um ato seja imperfeito e válido? E imperfeito e inválido?
37. Qual a diferença para os atos normativos e as leis?
38. É possível dizer que os contratos administrativos são, em essência, atos administrativos
negociais?
39. Qual a diferença entre a licença, a autorização e a permissão?
40. A exoneração de servidor é uma forma de invalidar sua nomeação?
41. Quais as diferenças entre a anulação e a revogação?
42. O que é convalidação?
De acordo com Maria Sylvia Di Pietro: “declaração do Estado ou de quem o represente, que
produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito Público
e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”8.
8
Di Pietro, 2016, p. 239.
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De acordo com José dos Santos Carvalho Filho: “a exteriorização da vontade de agentes da
Administração Pública ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito
público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público”9.
É um fato jurídico que produz efeitos sobre a Administração Pública, mesmo que não envolva a
participação de agentes públicos.
Esses efeitos gerados sobre a Administração podem ser jurídicos ou não. Quando não produzem
efeitos jurídicos sobre a Administração, os fatos administrativos são também chamados de fato da
Administração.
Significa dizer que se presume que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei,
produzindo efeitos imediatamente, ainda que eivados de vícios ou defeitos aparentes, até sua
eventual anulação pela Administração ou pelo Judiciário.
Essa presunção é relativa, admitindo prova em contrário. Todavia, quem deve demonstrar
eventuais vícios do ato é o administrado, já que a presunção de legitimidade produz o efeito de
inverter o ônus da prova em favor da Administração.
Não. A imperatividade está presente somente nos atos impõem obrigações ou restrições.
9
Carvalho Filho, 2017, p. 105.
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Segundo Maria Sylvia Di Pietro, “é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a
figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada
finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei”10.
Competência é o poder atribuído ao agente para a prática do ato, dizendo respeito, assim, ao
sujeito que, segundo expresso na norma, é o responsável por praticar determinado ato.
8. A delegação pode ser realizada mesmo a órgãos ou agentes não subordinados? E a avocação?
Sim, embora o mais comum é que a delegação ocorra quando há relação de hierarquia.
Não! O art. 13 da Lei 9.784/1999 dispõe que não podem ser objeto de delegação:
Não, a avocação não será possível quando se tratar de competência exclusiva do subordinado.
10
Di Pietro, 2016, p. 244.
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O objeto é o efeito jurídico imediato que o ato produz, sua finalidade específica, seu conteúdo,
seu resultado prático, que será variável: aquisição, transformação ou extinção de direitos.
Por sua vez, a finalidade é o efeito geral ou mediato (no futuro) do ato, que será sempre o mesmo
(expresso ou implicitamente estabelecido na lei): a satisfação do interesse público.
Preceitua que, para a prática de qualquer ato administrativo, devem ser exigidas tão somente as
formalidades estritamente essenciais, desprezando-se procedimentos meramente protelatórios, o
que se coaduna com o art. 22 da Lei 9.784/1999, que dispõe que “os atos do processo
administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir”.
Vinculado, porque deve ser exteriorizado na forma que a lei exigir. Somente no caso de a lei não
exigir essa forma determinada é que a Administração poderá praticar o ato com a forma que lhe
parecer mais adequada.
Embora o motivo sempre esteja presente em um ato administrativo, a motivação, a rigor, somente
será obrigatória quando a lei assim o exigir, embora a doutrina e a boa prática administrativa
defendam que sempre seja aplicável.
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Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
Motivo é a situação objetiva, real, externa ao agente que pratica o ato, enquanto o móvel é a
intenção, propósito, realidade interna, psicológica desse agente.
Nos atos completamente vinculados, o exame do móvel é irrelevante, porque a lei já define o
único comportamento possível perante o motivo por ela já caracterizado, inadmitindo qualquer
subjetivismo por parte do agente.
Que a validade do ato está adstrita aos motivos indicados como seu fundamento, de maneira que,
se os motivos forem inexistentes ou falsos, o ato será nulo.
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Nos atos vinculados, o objeto deve ser exatamente aquele que a lei estabeleceu. Esse é o objeto
vinculado.
Por outro lado, nos atos discricionários, o objeto pode ser escolhido pelo agente público, dentre
os possíveis autorizados na lei, mediante a avaliação dos critérios de conveniência e oportunidade.
Esse é o objeto variável.
É o apoderamento da atribuição de agente público por parte de alguém que não sido investido
no cargo, emprego ou função (ex: uma pessoa qualquer se vestir de policial e passar a fazer
patrulhas nas ruas, sem ter sido investido no cargo), sendo considerados inexistentes os atos
praticados pelo usurpador.
Desvio de poder (ou desvio de finalidade) é a prática de ato visando fim diverso do previsto,
mesmo que implicitamente, na lei (ex: remoção de servidor público com o objetivo de puni-lo).
Trata-se de vício de finalidade do ato.
O excesso de poder ocorre quando o agente excede os limites da sua competência para praticar
determinado ato (ex: demissão de servidor aplicada por Ministro de Estado, quando a lei lhe
permitia aplicar apenas a penalidade de suspensão, devendo a penalidade de demissão ser
aplicada exclusivamente pelo Presidente da República).
Só quando a forma for essencial. Nos demais casos, o vício é sanável e o ato passível de
convalidação.
23. No que tange aos seus elementos, qual a diferença entre os atos administrativos vinculados e
os discricionários?
Nos atos administrativos vinculados, o agente público não possui margem para valorar ou escolher
nenhum de seus elementos, já que todos são vinculados.
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Não, somente a própria Administração pode realizar o controle do mérito do ato administrativo,
que resulta na sua revogação. (e não anulação, que é um controle de legalidade ou legitimidade).
Sim, mas nunca do mérito do ato: somente da legalidade ou legitimidade do ato, resultando na
sua anulação em caso de vício em seus elementos.
26. Considerando que o Poder Judiciário não pode adentrar no mérito do ato, é possível asseverar
que a discricionariedade é absoluta?
Não, a discricionariedade deve: a) ser exercida nos limites da lei; b) observar os princípios da
Administração Pública, especialmente os da razoabilidade, da proporcionalidade e da moralidade;
e c) atender à teoria dos motivos determinantes.
27. Em eventual colisão entre um ato geral e um ato individual, qual deve prevalecer?
O ato geral, uma vez que, na prática de atos individuais, a Administração é obrigada a observar
os atos gerais pertinentes ao caso.
Sim, os atos externos podem ser destinados tanto aos particulares quanto à própria
Administração; o que os distingue dos atos internos é o fato de produzirem efeitos fora da
repartição que os originou.
29. Uma decisão administrativa proferida pelo plenário do Tribunal de Contas é um ato simples,
composto ou complexo?
30. Uma portaria conjunta emitida pela Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional é um
ato composto ou complexo?
31. Nos atos compostos, o ato acessório deve preceder ou anteceder o ato principal?
Os dois: o ato acessório pode ser prévio, com a função de autorizar a prática do ato principal, ou
posterior, com a função de conferir eficácia ao ato principal.
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O ato nulo possui vício insanável em um dos seus elementos constitutivos, sendo ilegal e ilegítimo
e, por isso, não pode ser convalidado, devendo ser anulado.
Já o ato anulável é o que apresenta defeito sanável, sendo passível de convalidação pela própria
Administração.
São sanáveis os vícios de competência quanto à pessoa (e não quanto à matéria), exceto se se
tratar de competência exclusiva, e o vício de forma, a menos que se trate de forma essencial
exigida em lei.
O ato perfeito é o que contém todos elementos constitutivos previstos na lei. Já o ato válido é
aquele cujos elementos de formação não apresentam nenhum vício.
Nenhuma dessas combinações é possível, porque o ato imperfeito, a rigor, sequer existe como
ato administrativo, porque não cumpriu todas suas etapas de formação, de modo que, por outro
lado, todo ato perfeito é, necessariamente, válido ou inválido.
As leis são elaboradas a partir do processo legislativo e podem criar direitos e obrigações o direito,
ou seja, podem inovar o ordenamento jurídico, enquanto que os atos normativos são praticados
pela Administração e não podem inovar no ordenamento jurídico.
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38. É possível dizer que os contratos administrativos são, em essência, atos administrativos
negociais?
Não, porque não são atos bilaterais, mas sim atos unilaterais, embora haja presença de interesse
recíproco entre as partes.
Possibilita ao particular o
exercício de alguma atividade Refere-se apenas ao uso de
material de predominante bem público; caso se refira
Confere direitos ao interesse dele e que, sem esse à delegação de serviços
particular que consentimento, seria públicos, a permissão deve
preencheu todos os legalmente proibida, ou a ser formalizada mediante
requisitos legais. prestação de serviço público um “contrato de adesão”,
não exclusivo do Estado, ou, precedido de licitação (ou
ainda, a utilização de um bem seja, não constitui um ato
público. administrativo).
Por outro lado, a invalidação da nomeação ocorreria caso constatado que o ato de nomeação foi
ilegal.
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É importante destacar que os tribunais superiores têm entendido que tanto a anulação quanto a
revogação de atos que desfavoreça interesses do administrado deve ser precedida (tem que ser
antes!) de procedimento administrativo em que lhe seja assegurado o exercício do direito ao
contraditório e à ampla defesa, mesmo que seja nítida a ilegalidade.
A convalidação pode operar tanto em atos vinculados como discricionários, não sendo um controle
de mérito, mas de legalidade.
Na esfera federal, a Lei 9.784/99 prevê a possibilidade de convalidação nos seguintes termos:
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.
Assim, nos termos do dispositivo, a convalidação na esfera federal deve observar os seguintes
requisitos:
Cumpre destacar, por fim, que a autora Weida Zancaner e a jurisprudência do STJ (REsp
719.548/PR, REsp 663.889/DF etc.) apontam como óbice à convalidação a existência de
impugnação administrativa ou judicial, salvo situações excepcionais que autorizam a convalidação
do ato impugnado.
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5. (AOCP/2016/CM RB/ Analista – Direito) Sobre os atos administrativos, é correto afirmar que
a) vícios de forma são insanáveis.
b) a administração não pode anular seus próprios atos, devendo o interessado recorrer ao Poder
Judiciário para obter eventual declaração de nulidade.
c) não é possível o exame do puro mérito administrativo pelo Poder Judiciário.
d) ato vinculado é aquele em que o administrador faz um juízo de oportunidade e conveniência.
e) ato discricionário é aquele em que o legislador pré-definiu a única conduta possível do
administrador diante da situação, sem deixar-lhe margem de escolha.
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Gabarito
1. Letra D 4. Letra B
2. Letra D 5. Letra C
3. Letra D 6. Letra B
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRINO, Marcelo. DIAS, Frederico. PAULO, Vicente. Aulas de direito constitucional para
concursos. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). A Constituição e o Supremo. 5. ed. Brasília: STF,
Secretaria de Documentação, 2016.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 30. ed. São Paulo: Atlas,
2016.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 29. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
FURTADO, Lucas Rocha. Curso de direito administrativo. 5. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.
LIMA, Gustavo Augusto F. de. Agências reguladoras e o poder normativo. 1. ed. São Paulo:
Baraúna, 2013.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 40. ed. São Paulo: Malheiros, 2014.
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