Dicionario DLGC Digital 003
Dicionario DLGC Digital 003
Dicionario DLGC Digital 003
Dicionário
da Língua
Gestual
Cabo-verdiana
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO © Copyright FACOS-UFSM 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.160/98. É proibida a
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Título não representando completa ou parcialmente a opinião da editora ou
Dicionário da Língua Gestual Cabo-verdiana das organizadoras desde livro
Dicionário
da Língua
Gestual
Cabo-verdiana
ATUARAM NA PRODUÇÃO DO
DICIONÁRIO DA LÍNGUA
GESTUAL CABO-VERDIANA
PROFESSORES FOTÓGRAFOS AUTORAS
Adelaide Varela Cabral Pinto Anderson Nagera Godinho Ana Claudia Oliveira Pavão
Adelsa Tavares Evandro Bertol Anie Pereira Goularte Gomes
Helena Augusta Lopes Tavares Fagner Portella Fialho Melânia de Melo Casarin
Liliana Cassandra Filipe Leal -----------------------------------------------------
Madalena Borges Kaciane Marques dos Santos CORPO EDITORIAL
Manuel de Jesus Ramos Brito Leandro Streck FACOS-UFSM
Maria Ana M. Silva Rangel Albrecht
REITOR
Miguel Arlindo Andrade Teixeira Rodrigo Pereira Gonçalves
Paulo Afonso Burmann
Osvaldo João Chantre Silvan Stefanello Batistella
Paulo Miki Lima Cabral Vinicius Canto Blanco VICE-REITOR
Luciano Schuch
ESTUDANTES CINEGRAFISTA
Audino Barbosa Jorge Luiz Alves DIRETOR DO CCSH
Cláudia Tavares Mauri Leodir Löbler
MODELO FOTOGRAFICO
Carlos Teixeira
Pedro Henrique Machado CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Edilson Mateus Livramento Lima da Graça
Viviane Borelli
Edmilson da Cruz de Pina INTÉRPRETES DE LIBRAS
Eliana Cristina Andrade Fonseca Gabriele Messerschimidit Schuster COMISSÃO EDITORIAL
Heidy Mara da Luz Brito Jussara Maitê Moraes Esmério Ada Cristina Machado Silveira (UFSM)
Igor Borges Eugênia M. M. da Rocha Barichello (UFSM)
EDIÇÃO DE IMAGENS
Igor de Jesus Gonçalves Flavi Ferreira Lisbôa Filho (UFSM)
Fabio Porto
Janete dos Santos Maria Ivete Trevisan Fossá (UFSM)
Leonardo Carvalho
Jéssica Carvalho Sonia Rosa Tedeschi (UNL)
Silvan Stefanello Batistella
José Eduardo Souto de Pina Susana Bleil de Souza (UFRGS)
Willian da Motta Brum
Katia Madalena Fortes da Graça Valentina Ayrolo (UNMDP)
Márcia Milene Fortes Santos DIAGRAMAÇÃO Veneza Mayora Ronsini (UFSM)
Ricardo Estrela Evandro Bertol Paulo César Castro (UFRJ)
Suely Veiga Monica Maronna (UDELAR)
ESTUDO DA LÍNGUA GESTUAL CABO-VERDIANA
Marina Poggi (UNQ)
TÉCNICOS Anie Pereira Goularte Gomes
Gisela Cramer (UNAL)
Adelaide Monteiro Fabio Porto
Eduardo Andrés Vizer (UNILA)
Helmitin Vieira Melânia de Melo Casarin
Maria Jesus Ribeiro Sonia Messerschimidit CONSELHO TÉCNICO ADMINISTRATIVO
Maria Manuela Medina Willian da Motta Brum Aline Roes Dalmolin (UFSM)
Neusa Andrade Leandro Stevens (UFSM)
INTERPRETE DA LÍNGUA GESTUAL CABO-VERDIANA
Rosária Vieira Liliane Dutra Brignol (UFSM)
Adelsa Tavares
Zandi Lima Sandra Dalcul Depexe (UFSM)
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SUMÁRIO
prefácio. ............................................. 9 cores................................................... 89
danças................................................ 95
apresentações: disciplinas........................................... 99
governo brasileiro................................. 11 família................................................. 105
governo cabo-verdiano......................... 13 frutas................................................. 117
universidade federal de santa maria......... 15 instituições......................................... 127
instrumentos musicais. ........................ 135
caminhos percorridos para a mapas.................................................. 139
produção do dicionário da material escolar. ................................ 145
língua gestual cabo-verdiana............... 17 natureza............................................. 151
níveis de escolaridade. ........................ 157
glossário de símbolos . ....................... 27 números.............................................. 161
objetos de casa................................... 169
adjetivos............................................. 29 partes do corpo.................................. 173
advérbios. ........................................... 37 profissões. .......................................... 179
alfabeto.............................................. 41 pronomes. ........................................... 187
alimentos e bebidas. ............................ 53 saudações........................................... 193
animais................................................ 65 sentimentos. ....................................... 199
calendário.......................................... 73 transportes. ....................................... 205
comunicação e tecnologia................... 79 verbos................................................. 211
contexto dos surdos.......................... 85 vestuário. ........................................... 231
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PREFÁCIO
Muitas das invenções do homem, como já dito outrora, trocas de experiência e a capacitação de docentes em
são para melhorar e estender as suas habilidades. As- atendimento profissional especializado de crianças e jo-
sim foi com o telefone, para estender a sua voz; com vens com as mais diversas necessidades especiais.
os meios de transporte, para estender a sua locomoção;
com o microscópio e o telescópio, para estender a sua Além disso, este livro tem particular relevância pela sua
visão, e tantas outras invenções… O primeiro “Dicioná- capacidade de congregar todos os aspectos aquilatados
rio da Língua Gestual Cabo-verdiana” é mais uma dessas pela cooperação técnica prestada pelo Brasil. A presente
brilhantes invenções! Tem o mérito de expandir a capa- iniciativa sintetiza o verdadeiro sentido de uma coopera-
cidade de comunicação entre as pessoas. Uma forma de ção pautada pela não imposição de soluções e pelo diálogo
comunicação muito especial, que mesmo prescindindo franco entre os parceiros, ao proporcionar a construção
do som cria pontes entre os diferentes interlocutores. de um autêntico dicionário de língua gestual cabo-verdia-
na. Por essa razão, esse trabalho tem especial valor, por-
Mas essa iniciativa vai ainda um pouco mais longe, es- que é ele próprio expressão da inclusão, tendo sido re-
tabelece também a ponte entre dois países parceiros sultado da recolha de gestos desenvolvidos pela própria
e simboliza o culminar de uma profícua cooperação comunidade surda de jovens cabo-verdianos.
em prol de uma causa nobre, i.e., a educação inclusiva.
Transcorridos 10 anos de parceria, o projeto de coope- Não posso deixar de assinalar que a Embaixada do
ração “Escola de Todos”, Fases 1 e 2, possibilitou ricas Brasil em Cabo Verde, ao longo desse percurso, pôde
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acompanhar todo o empenho e a dedicação dos espe- comunidade surda cabo-verdiana e que extrapole tais
cialistas brasileiros da Universidade Federal de Santa fronteiras estabelecendo a conexão também com a co-
Maria, que detêm notável conhecimento técnico es- munidade ouvinte.
pecializado no tema e, pela sua excelência, enrique-
cem e possibilitam ao Brasil desenvolver uma ação José Carlos de Araújo Leitão
Embaixador do Brasil em Cabo Verde
externa de alto nível com países irmãos. Mas, como
cooperar pressupõe parceria, também da parte dos
profissionais e professores cabo-verdianos é notável o
compromisso nas sucessivas missões que não se limi-
taram à cidade da Praia. Num país insular como Cabo
Verde e num projeto que elegeu a “inclusão” como
um dos seus eixos centrais, alcançou docentes e alu-
nos de todas as ilhas do país.
APRESENTAÇÃO:
Governo brasileiro
O governo da República Federativa do Brasil congratula- as relações internacionais do Brasil, “a cooperação entre
se com o governo da República de Cabo Verde ao coroar os povos para o progresso da humanidade” (Constituição
a parceria estabelecida por meio do projeto de coope- Federal artigo 4º inciso IX) e com a Agenda 2030 para
ração técnica internacional “Escola de Todos – Fase II”, o Desenvolvimento Sustentável, adotada em setembro
firmado em setembro de 2009, com a presente publica- de 2015, pelos 193 Estados-membros da ONU, os quais
ção fruto do trabalho desenvolvido no âmbito da inicia- se comprometem com a tomada de medidas ousadas
tiva. Ao longo de sua execução, o projeto implementou e transformadoras para promoção do desenvolvimento
várias ações com vistas à formação de professores mul- sustentável sem deixar ninguém para trás.
tiplicadores em Surdocegueira e Tecnologia Assistiva e
em Transcrição e Adaptação de Material em Braille, bem O princípio democrático da educação para todos, fun-
como à construção de material de Língua de Sinais para damental na promoção do desenvolvimento sustentá-
o uso e o ensino da população surda cabo-verdiana. vel sem deixar ninguém para trás, só se evidencia em
sistemas educacionais que atendam a todos os alunos
O projeto faz parte do conjunto de ações no âmbito da e não apenas a alguns deles. Trata-se de desenvolver
cooperação técnica brasileira para o estabelecimento de políticas que garantam o direito dos alunos a melho-
parcerias capazes de produzir impactos positivos no de- res instalações e materiais escolares apropriados, sen-
senvolvimento socioeconômico sustentável dos países. A síveis às deficiências, que proporcionam um ambiente
inciativa é condizente com um dos princípios que regem de aprendizagem seguro, inclusivo e eficaz para todos,
12
APRESENTAÇÃO:
Governo cabo-verdiano
O projeto “Escola de Todos”, iniciado em 2005, resulta um marco decisivo no processo de desenvolvimento
das relações de cooperação no domínio da educação e da língua gestual cabo-verdiana e, consequentemente,
da inclusão entre a República Federativa do Brasil e a no processo ensino/aprendizagem dos deficientes audi-
República de Cabo Verde, datando- se o seu início em tivos no país.
2005, quando foi assinado o protocolo de cooperação
técnica entre os dois países, com o intuito de contribuí- O conhecimento do terreno, a partilha de relatos e
rem para a implementação de uma escola inclusiva. testemunhos, quer de docentes, quer de discentes, da
experiência da educação de surdos em Cabo Verde, a
O desenvolvimento desse projeto ganhou novos contor- convivência com os alunos nas salas de aula, a obser-
nos em 2008, com a implementação da fase “Escola de vação da comunicação entre eles, os diversos registos
Todos II”, e a implementação das componentes “Apoio dessa comunicação permitiram elaborar este material
à construção de um Dicionário de Língua Gestual Cabo- que agora se apresenta e que espelha um trabalho que
verdiana”, e a II Edição do Curso do Atendimento Educa- se impunha para construir um quadro comum à língua
tivo Especializado à Distância, que incluiu o módulo “Aten- gestual cabo-verdiana.
dimento Educativo Especializado para Alunos Surdos”.
Enormes foram os desafios experimentados durante o
O caminho foi longo, e várias etapas se sucederam até processo, entre os que se destaca pela especificidade,
se chegar a este produto, que pode ser considerado a necessidade de se conhecer a forma de comunicar,
14
APRESENTAÇÃO:
Universidade Federal de Santa Maria
periências brasileiras e cabo-verdianas, por meio da res especialistas dos dois países trocaram experiências
educação inclusiva, em especial à língua gestual, con- e somaram habilidades e competências para melhorar
tribui para melhorar a qualidade de vida da população a qualidade de vida e a educação deste grupo sistema-
cabo-verdiana e para que a UFSM amplie seus horizon- ticamente excluído pela falta de sensibilidade, de aten-
tes internacionais e reforce sua missão no ensino, na ção e de políticas públicas especiais.
pesquisa e na extensão.
Os esforços que os governos brasileiro e cabo-verdiano
Os gestos sistematizados e de captação visual dão ori- empenharam, através da sua diplomacia, devem igual-
gem à língua gestual, língua materna da comunidade de mente ser reconhecidos, para que ações como esta
surdos. Nesta perspectiva, este Dicionário representa continuem sendo razão de investimentos para fortale-
uma extraordinária contribuição para a valorização, di- cer as relações bilaterais, mas especialmente focadas
fusão e, por consequência, inserção da língua gestual nas políticas de reconhecimento e respeito aos direitos
cabo-verdiana para além da comunidade surda, am- humanos.
pliando o número de pessoas que assim poderão se
A UFSM, ao mesmo tempo em que se posiciona diante
comunicar.
de novos desafios, orgulhosamente congratula-se pela
Sem dúvida alguma, esta cooperação internacional pro- realização deste trabalho, resultado de muito esforço,
porciona que a UFSM reforce suas políticas de solida- dedicação, competência e solidariedade humana e de-
riedade e internacionalização e contribui para ampliar o seja que ele possa ser inspirador para novas propostas,
debate e a inserção sobre os Objetivos do Desenvolvi- que busquem um mundo melhor, mais justo, mais in-
mento Sustentável. A atuação, em altíssimo nível, nes- clusivo e democrático.
te acordo de cooperação entre o Brasil e Cabo Verde,
está focada na solução de um desafio muito especial: Professor Paulo Afonso Burmann
Reitor da Universidade Federal de Santa Maria
A inclusão de pessoas com deficiência pela educação
e pela restituição da sua capacidade de comunicar-se,
neste caso a população surda de Cabo Verde. Professo-
17
O Dicionário da Língua Gestual Cabo-verdiana é um de ser um arquipélago com dez ilhas, que tem a língua
dos produtos do Projeto de Cooperação Técnica In- portuguesa como língua oficial e o criolo, como língua
ternacional denominado “Escola de Todos” - Fase II, materna, que apresenta diferenças em cada ilha. Para
realizado entre o Governo de Cabo Verde e o Go- além disso, a dificuldade se acentuava, não por terem
verno do Brasil, por meio da Agência Brasileira de duas línguas orais, mas justamente por estarem em di-
Cooperação, ABC, tendo como instituição executo- ferentes espaços, onde a língua é produzida de forma
ra a Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, RS/ diferente.
Brasil.
Nesse momento, surgiu a possibilidade de realizar um
A ideia de desenvolver um dicionário surgiu a partir de estudo que pudesse registrar em formato de dicioná-
uma reunião realizada na Embaixada do Brasil em Cabo rio, os gestos da língua gestual de Cabo Verde. Ainda
Verde, em 2013, na qual entre os presentes estavam durante a reunião foram realizados contatos com pro-
professores da UFSM e representantes do governo ca- fessores da UFSM para saber da disponibilidade em de-
bo-verdiano, que relataram as dificuldades de ensinar senvolver esse estudo. Nenhum de nós sabíamos, exa-
estudantes surdos a aprenderem a língua gestual. En- tamente, o que enfrentaríamos.
tre as dificuldades relatadas estava o fato de Cabo Ver-
18
Desse modo, havia uma metodologia de trabalho que Nesta Missão, visitamos as ilhas de Santiago, São Vi-
necessitava que os professores fossem a Cabo Verde cente, Fogo e Sal para conhecermos as realidades
conhecer as ilhas do país para compreender um pou- locais, os alunos surdos que frequentavam a esco-
co das diversas comunidades surdas que no arquipé- la, pessoas surdas adultas que já não estavam mais
lago existem. na escola, dirigentes locais do sistema educativo de
cada ilha, professores, intérpretes, gestores e cida-
Pensamos, inicialmente, que deveríamos conhecer as dãos que estavam em contato com a comunidade
realidades diferenciadas do povo surdo cabo-verdia- surda do local.
no. Isso justificou a primeira visita dos pesquisadores
em algumas ilhas do país, e como presumíamos, as Considerando que a pesquisa se constituiu em uma in-
diferenças eram significativas. De acordo com pes- vestigação de abordagem qualitativa, caracterizando-se
quisas e estudos das Língua de Gestos do mundo uma pesquisa de cunho etnográfico, percebemos a im-
(GESSER, 2009), podemos afirmar que a Língua de portância de ter um “momento de escuta” dos sujei-
Gestos não é Universal, podendo inclusive ter re- tos. Foi quando passamos a entrevistar algumas pesso-
gionalismos dentro de um mesmo país. Sendo Cabo as das comunidades surdas de cada ilha e também lhes
Verde um arquipélago com dez ilhas, apesar de simi- oportunizando contar suas histórias, suas crenças, seus
laridades linguísticas na Língua Gestual Cabo-verdia- valores, suas lendas e seus mitos mostrados em suas
na, as comunidades surdas de cada ilha apresentam histórias de vida e em seu folclore. Verificamos que é
diferenças significativas em suas produções. Quanto impossível dissociar língua e cultura, pois são proces-
ao uso dos gestos, nosso maior ponto de interesse no sos imbricados que atuam como um dispositivo de sub-
estudo, podemos na ocasião, observar que houve no jetivação dos sujeitos surdos, podendo ser entendido
efetivo uso da língua, a criação e consequentemente como um gatilho determinista para aprendizagem, ca-
a instituição de gestos significativamente diferentes paz de produzir formas de ser, aprender e de viver na
para o mesmo objeto, entre as diferentes ilhas. contemporaneidade.
19
cultural, o sentimento de pertencimento comunitário era
vívido e permanente. Na Figura 3, podemos visualizar a
entrevista da professora Helena Augusta Lopes Tavares,
que nos conta como a Língua Gestual Cabo-verdiana
começou. Ela foi uma das precursoras nesse processo,
muito influenciada pela sua ida a Portugal e pelo contato
com a Língua Gestual Portuguesa.
Figura 5: Escola Básica Ribeira Bote - Ilha de São Vicente. Figura 7: Entrevista com a professora Zandi Lima - Ilha de Santiago.
Figura 6: Alunos, professores e pesquisadoras gestoizando seu gesto pessoal. Figura 8: Escola Básica Escola Nova - Ilha do Sal.
21
Dentre as reuniões realizadas na Missão, nas quais sem- Na efetiva ação de filmagem estávamos com os re-
pre estavam presentes as pesquisadoras da UFSM, os presentantes surdos de 5 ilhas (Santiago, São Vicente,
coordenadores do Projeto em Cabo Verde e um técni- Fogo, Sal e Brava) e seus professores. Além dos profes-
co da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, a discussão sores, também contamos com os intérpretes de Língua
do nome da Língua foi um ponto determinante. Alguns Gestual Cabo-verdiana que atuam na cidade da Praia.
surdos e ouvintes preferiam Língua de Gestos Cabo-
verdiana, outros, a maioria, preferiam Língua Gestual De uma gama de vídeos sobre todo esse universo cultu-
Cabo-verdiana e assim ficou definido. A defesa pela ral e linguístico, voltamos para Santa Maria/RS/Brasil de-
preferência do termo “gesto” a “sinal” se deu pela in- terminadas a estudar, pesquisar e construir as estratégias
fluência da língua gestual e oral portuguesa, de Portu- necessárias para poder desenvolver uma pesquisa sobre
gal, que foi o colonizador de Cabo Verde, até 1975. o uso da língua gestual das ilhas de Santiago, São Vicente,
Fogo, Sal, Boavista e Santo Antão e produzir um Dicio-
nário da Língua Gestual Cabo-verdiana. E assim ocorreu.
Figura 13: Estudo dos Gestos na Multiweb/UFSM. Figura 14: Colaboradores trabalhando na Produção do Dicionário. Centro de
Educação/UFSM.
24
Figura 17: Desenho do Gesto de Árbitro para as Ilhas de São Vicente, Sal, Santo
Antão e Santiago.
Nossos mais sinceros agradecimentos a todos os envol- FENEIS/Brasil. Dicionário Ilustrado de LIBRAS. São
vidos nessa produção, pela oportunidade de aprendiza- Paulo: FENEIS, 2002. Disponível em: http://www.
gem e compartilhamento de saberes. feneis.org.br/pages/dicionarios.asp. Acesso em: 22
de março de 2018.
Glossário de Símbolos
Articulação individual
com fechamento ou abertura
Esfregar
Movimento bimanual
circular com contato entre dedos
|Alegre - Sal |Alegre - Santo Antão - Fogo - Santiago |Alegre - São Vicente
|
ADJETIVOS
|Alto (para coisas) |Alto (para pessoas) |Antigo
|
ADJETIVOS
|Feio |Forte |Fraco |Gordo
|Grande |Limpo
34 | LIMPO > PERTO
|Rápido - Boa Vista - Santiago |Rápido - Fogo |Rápido - Sal |Rápido - Santo Antão
|
ADJETIVOS
|Rápido - São Vicente |Sortudo |Sujo |Sujo - São Vicente |Triste - Sal
|Triste - Santiago - Fogo |Triste - Santo Antão |Triste - São Vicente |Zangado
Advérbios
COMO > QUANDO | 39
|
ADVÉRBIOS
|Porque |Qual
|Qualquer |Quando
40 | QUANTO > TUDO
|Quanto |Quem
|
ADVÉRBIOS
|Tudo
Alfabeto
A >C| 43
|A
|
ALFABETO
|B
|C
44 |Ç>E
|Ç
|
ALFABETO
|D
|E
F >H| 45
|F |F - Fogo
|
ALFABETO
|G
|H
46 |I>K
|I
|
ALFABETO
|J
|K
L >N| 47
|L
|
ALFABETO
|M
|N
48 |O>Q
|O
|
ALFABETO
|P
|Q |Q - Fogo
R >T| 49
|R |R - Boa Vista
|
ALFABETO
|S
|T
50 |U>W
|U
|
ALFABETO
|V |V - Boa Vista
|W
X >Z| 51
|X
|
ALFABETO
|Y
|Z
Alimentos
e Bebidas
ABÓBORA > ALHO | 55
|Abóbora - Boa Vista |Abóbora - Fogo |Abóbora - Santiago - Santo Antão |Abóbora - São Vicente
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|Açúcar |Açúcar - São Vicente |Alface - São Vicente
|Alface - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista |Alho - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista |Alho - São Vicente
56 | ARROZ > BATATA COMUM
|Batata Comum - Boa Vista - São Vicente |Batata Comum - Santiago - Sal - Santo Antão |Batata Comum - Fogo
BATATA DOCE > BEBIDA | 57
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|Batata Doce - Santiago - Sal - Santo Antão |Batata Frita - Boa Vista - São Vicente
|Batata Frita - Fogo |Batata Frita - Santiago - Sal - Santo Antão |Bebida
58 | BETERRABA > CAFÉ
|Beterraba
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|Carne - Santiago - Sal |Cebola |Cenoura - Fogo |Cenoura - Santiago - Sal - Santo Antão - Boa Vista - São Vicente
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|Chá |Chá - VARIAÇÃO |Chouriço
|Couve - Fogo - Boa Vista |Couve - Sal - São Vicente |Couve - Santiago
60 | COUVE > FIAMBRE
|Farinha - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão |Feijão |Fiambre - Santiago - São Vicente
FIAMBRE > LEITE | 61
|Fiambre - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista |Inhame - São Vicente |Iogurte - Fogo - Boa Vista
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|Iogurte - Sal |Iogurte - Santiago
|Iogurte - São Vicente |Leite - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista
62 | LEITE > OVOS
|Leite - São Vicente |Mandioca - Fogo |Mandioca - Santiago |Mandioca - Santo Antão
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|
ALIMENTOS E BEBIDAS
|Queijo - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista
|Aranha |Avestruz
|
ANIMAIS
|Baleia |Bode
|Galinha |Galo
|
ANIMAIS
|Gato |Girafa |Golfinho
|Lula |Macaco
|
ANIMAIS
|Pombo
|
ANIMAIS
|Porco
|Raposa |Rato
72 | SAPO > ZEBRA
|Sapo |Tartaruga
|
ANIMAIS
|Tigre |Tubarão
|
CALENDÁRIO
|Março |Abril |Maio
|Ontem - Santo Antão |Ontem - São Vicente |Manhã |De manhã cedo |Tarde
|
CALENDÁRIO
|Semana |Semana (esta semana) |Semana (passada)
|Computador
|
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA
|DVD |e-mail
|Facebook |Google
82 | INSTAGRAM > MESSENGER
|Instagram |Internet
|
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA
|Jornal |Mensagem
|Messenger
PEN DRIVE > TELEMÓVEL | 83
|
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA
|Rádio |Revista |Skype |Tablet
|TV |Twitter
|
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA
|Viber
|Whatsapp |Youtube
Contexto
dos Surdos
APARELHO AUDITIVO > OUVINTE | 87
|
CONTEXTO DOS SURDOS
|Implante Coclear |Inclusão
|Surdo
| SURDO
Cores
AMARELO > CREME | 91
|
CORES
|Cinza - Fogo |Cinza - Santiago
|
CORES
|Rosa - Fogo |Roxo
|Verde |Vermelho
Danças
AFRO DANCE > HIP HOP | 97
|
DANÇAS
|Colá |Dança - São Vicente
|Valsa
Disciplinas
ARTE > EDUCAÇÃO ARTÍSTICA | 101
|
DISCIPLINAS
| Disciplinas - São Vicente
|Educação Artística - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista |Educação Física - Fogo
|
DISCIPLINAS
|Educação Física - Santiago - Sal - Santo Antão - Boa Vista - São Vicente |Filosofia - Santiago - Sal - Santo Antão - Boa Vista - São Vicente
|Física |Francês |Geografia - Santiago - Fogo - Santo Antão - Boa Vista - São Vicente
HISTÓRIA > LÍNGUA PORTUGUESA | 103
|
DISCIPLINAS
|Liceu |Língua Inglesa |Língua Inglesa - VARIAÇÃO
|Língua Portuguesa - Santiago - Sal - Fogo - Santo Antão - Boa Vista |Língua Portuguesa - São Vicente
104 | MATEMÁTICA > QUÍMICA
|Psicologia |Química - Fogo |Química - Santiago - Sal - Santo Antão - Boa Vista - São Vicente
Família
ADOLESCENTE > AFILHADO | 107
|Adolescente |Adulto
|
FAMÍLIA
|Afilhada
|Afilhado
108 | AMIGA > CUNHADO
|Enteada
|
FAMÍLIA
|Enteado |Esposa
|Esposo |Filha
110 | FILHA ADOTIVA > GÊMEOS
|Filha adotada
|
FAMÍLIA
|Filho adotado
|Filho |Gêmeos
GENRO > IRMÃO | 111
|Genro
|
FAMÍLIA
|Homem |Irmã
|Irmão
112 | MADRASTA > MENINO
|Madrasta
|
FAMÍLIA
|Madrinha |Mãe
|Menina |Menino
MULHER > NOIVO | 113
|Mulher |Namorada
|
FAMÍLIA
|Namorado |Neta |Neto
|Noiva |Noivo
114 | NORA > SOBRINHO
|Nora
|
FAMÍLIA
|Padrasto |Padrinho
|
FAMÍLIA
|Tio |Velho
|Viúva |Viúvo
Frutas
ABACATE > ANANAS | 119
|
FRUTAS
|Amêndoa - Fogo |Amêndoa - Santo Antão
|Coco
|
FRUTAS
|Coco (Soletrado) |Figo - Santiago
|Goiaba - Fogo
|
FRUTAS
|
FRUTAS
|Maracujá - Fogo |Marmelo - Fogo |Marmelo - Santo Antão
|Papaia |Pera
|
FRUTAS
|Uva |Zimbrão
Instituições
ACAMPAMENTO > CÂMARA MUNICIPAL | 129
|
INSTITUIÇÕES
|Aeroporto - Santo Antão - Boa Vista - São Vicente |Bar |Cadeia - São Vicente
|Cadeia - Sal - Fogo - Boa Vista |Cadeia - Santiago - Santo Antão |Câmara municipal
130 | CASA > CINEMA
|Cemitério - Fogo |Cemitério - Santiago - Boa Vista |Cemitério - Santo Antão - São Vicente
|Embaixada |Escola
|
INSTITUIÇÕES
|Farmácia - Santiago - Sal - Fogo - Boa Vista - São Vicente |Farmácia - Santo Antão
|Feira / Sucupira - Santiago - Sal - Fogo - Boa Vista |Ginásio |Hospital - Santiago - Fogo
132 | HOSPITAL > IGREJA
|
INSTITUIÇÕES
|Padaria
|Palácio |Porto
134 | PORTO > SUPERMERCADO
|Porto - São Vicente |Posto de Gasolina - Sal |Posto de Gasolina - Boa Vista - Santo Antão
|
INSTITUIÇÕES
|Supermercado
Instrumentos
Musicais
APITO > FERRINHO | 137
|
INSTRUMENTOS MUSICAIS
|Bateria |Buzio |Carrilhão |Castanholas
|África
|
MAPAS
|América Central |América do Norte |América do Sul |Antártida
|Ilha de Maio |Ilha de Santa Luzia |Ilha de Santiago |Ilha de Santo Antão
|
MAPAS
|Ilha de São Nicolau |Ilha de São Vicente
|
MATERIAL ESCOLAR
|Caderno - PADRÃO |Caderno - Santiago |Calculadora |Caneta
|
MATERIAL ESCOLAR
|Régua |Tesoura
Natureza
ÁGUA > CHUVA | 153
|Água |Arco iris - Santiago - Boa Vista |Arco iris - Santo Antão
|
NATUREZA
|Arco iris - São Vicente |Areia - Santiago - Fogo - Santo Antão - Boa Vista - Sal |Areia - São Vicente
|Furacão - São Vicente |Furacão - VARIAÇÃO |Lua - Boa Vista - São Vicente |Lua - Santiago - Fogo
LUA > SAL | 155
|
NATUREZA
|Nuvem - Santiago - Fogo - Santo Antão - Boa Vista |Nuvem - São Vicente |Relampago - Santiago
|Rio |Sal
156 | SOL > VENTO
|Vento
Níveis de
Escolaridade
BACHARELADO > MESTRADO | 159
|Bacharelado |Doutoramento
|
NÍVEIS DE ESCOLARIDADE
|Ensino básico |Ensino secundário
|Licenciatura |Mestrado
160 | PRÉ ESCOLA > UNIVERSIDADE
|Zero |Um
|
NÚMEROS
|Dois |Três
|Oito |Nove
|Dez |Vinte
TRINTA > CINQUENTA | 165
|Trinta
|
NÚMEROS
|Quarenta
|Cinquenta
166 | SESSENTA > OITENTA
|Sessenta
|
NÚMEROS
|Setenta
|Oitenta
NOVENTA > CEM | 167
|Noventa
|
NÚMEROS
|Cem
|Cem - VARIAÇÃO
168 | MIL > NÚMEROS
|Banca |Cama
|
OBJETOS DE CASA
|Cômoda |Estante |Fogão
|Prateleira |Rádio
|TV
Partes
do Corpo
ÂNUS > PEITO | 175
|
PARTES DO CORPO
|Cabelo |Língua |Mãos |Nádegas |Nariz
|
PARTES DO CORPO
|Vagina - Santiago
Profissões
ADVOGADO > ARQUITETO | 181
|Advogado
|
PROFISSÕES
|Agricultor |Árbitro - Fogo
|Bombeiro |Cabeleireiro
|
PROFISSÕES
|Dentista |Desenhista
EMPREGADA > JOGADOR | 183
|
PROFISSÕES
|Fotógrafo |Garçom
|Jardineiro |Jogador
184 | JORNALISTA > MÉDICO
|Jornalista |Marceneiro
|
PROFISSÕES
|Mecânico
|Médico
MÉDICO > PADEIRO | 185
|
PROFISSÕES
|Militar - São Vicente |Motorista - Santiago
|Padeiro
186 | PEDREIRO > PSICÓLOGO
|Pedreiro |Pescador
|
PROFISSÕES
|Pronomes Pessoais
|
PRONOMES
|Eu |Tu |Ele |Ela
|Ele (quando não está no campo visual) |Ela (quando não está no campo visual)
190 | NÓS > ELES
|Pronomes Possessivos
|
PRONOMES
|Meu |Minha |Teu |Tua
|Pronomes Demonstrativos
|
PRONOMES
|
SAUDAÇÕES
|Bom Dia |Com Licença |Com Licença - VARIAÇÃO
|
SAUDAÇÕES
|Teu Nome Gestual |Tudo Bem
|
SENTIMENTOS
|Carinhoso |Desculpar |Fome |Fome - Fogo
|Sono - São Vicente |Tristeza - Santiago - Fogo - Santo Antão - Boa Vista
TRISTEZA > ZANGADO | 203
|
SENTIMENTOS
Transportes
AMBULÂNCIA > BOTE | 207
|Ambulância
|
TRANSPORTES
|Asa Delta |Autocarro |Avião |Balão
|
TRANSPORTES
|Paraquedas |Submarino |Táxi
|Transportes Marítimos
Verbos
ABRAÇAR > AVISAR | 213
|
VERBOS
|Amar |Arrumar
|Cair Calçar
|
VERBOS
|Calçar Chinelo |Caminhar |Cansar
|Comer |Comprar
|
VERBOS
|Conhecer | Conseguir |Construir
|
VERBOS
|Distribuir - Santiago - Santo Antão |Doer |Doer - São Vicente
|Engravidar |Entrevistar
ESCONDER > EXPERIMENTAR | 221
|
VERBOS
|Esquecer - Santo Antão |Estragar
|
VERBOS
|Gritar - São Vicente |Invejar |Jogar |Jogar - Fogo - Santo Antão
|
VERBOS
|Mentir |Mentir - São Vicente |Nadar |Namorar
|Ouvir |Partir
|
VERBOS
|Pegar |Perder
|Procurar |Proibir
|
VERBOS
|Proibir - São Vicente |Puxar |Quebrar
|
VERBOS
|Trocar |Vender |Ver |Verbos - Santo Antão
|Zangar
Vestuário
BATA > CALCINHA | 233
|Bata |Biquini
|
VESTUÁRIO
|Blusa |Boné |Calça
|Calção |Calcinha
234 | CAMISA > MACACÃO
|Meia |Pijama
|
VESTUÁRIO
|Roupa |Roupão |Saia
|Sandália |Sapato
236 | SHORTS > VESTIDO DE GALA
|Shorts |Sutiã
|
VESTUÁRIO
|Vestido de Gala
VESTIDO DE NOIVA | 237
|Vestido de noiva
|
VESTUÁRIO
Fonte: Humanst521
Formato: 21x26,5cm, com tiragem de 1000 exemplares
Papel capa: Couchê Fosco 170g/m2
Papel miolo: Couchê Fosco 115/m2
Esta obra foi impressa na Gráfica Pallotti
Santa Maria - RS - Brasil
2019