TCC - Produção de Bioplásticos Biodegradáveis
TCC - Produção de Bioplásticos Biodegradáveis
TCC - Produção de Bioplásticos Biodegradáveis
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
MARINGÁ
2024
JHENIFER SCARLET DE SOUZA MONTEIRO
THAUAN DE SOUZA MARQUES
MARINGÁ
2024
JHENIFER SCARLET DE SOUZA MONTEIRO
THAUAN DE SOUZA MARQUES
_____________________________
Prof. Dr. José Eduardo Olivo
_____________________________
Prof. Dr. Leandro Vitor Pavão
_____________________________
Profa. Dra. Bruna Gonçalves de Souza
AGRADECIMENTOS
Expressamos nossa gratidão às nossas famílias pelo incentivo, apoio e por tornarem nossas
conquistas possíveis. Mesmo diante de suas próprias limitações, proporcionaram as melhores
condições para que pudéssemos concluir mais uma etapa importante de nosso
desenvolvimento pessoal e profissional.
Aos Professores Dr. José Eduardo Olivo (Orientador), Dr. Leandro Vitor Pavão, Dra. Bruna
Gonçalves de Souza e aos demais professores do Departamento de Engenharia Química,
agradecemos pelo conhecimento compartilhado e por toda a orientação nos momentos de
dúvida.
Aos nossos amigos e colegas de graduação, que foram companheiros de trabalho e parte
fundamental de nossa formação, agradecemos por estarem presentes em nossas vidas e por
compartilharem essa jornada.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para nossa formação, nosso sincero
agradecimento.
Este trabalho é dedicado a todos nossos
familiares, em especial a memória de Iracy
Teixeira de Souza que lutou bravamente pelo
conhecimento durante seus vinte e oito anos
como professora pública, e que mesmo depois de
sua partida foi uma inspiração para continuar
acreditando no poder da educação.
RESUMO
Nesse contexto, este estudo relata os resultados de uma avaliação da viabilidade técnico-
econômica para a produção anual de 100.000 toneladas de poliácido lático (PLA), utilizando
ácido lático derivado da fermentação bacteriana do melaço da cana-de-açúcar. O objetivo é
fornecer resina bioplástica biodegradável tanto para o mercado brasileiro quanto internacional.
Foram avaliados os métodos de produção e o potencial dos mercados locais e internacionais.
A rota escolhida para a obtenção do PLA envolveu a polimerização por abertura do anel do
lactídeo (ROP), após o processo tradicional de fermentação para produção do seu monômero,
o ácido lático. Para validar essa escolha, foram realizadas simulações e balanços de massa e
de energia dos processos de produção. Os resultados mostraram conversões de açúcares do
melaço em ácido lático de aproximadamente 85% e de ácido lático em PLA superiores a 79%.
Para o cenário base analisado neste estudo, o VPL obtido foi de US$ 47.640.716,06, com uma
TIR de 20% e um período de payback de 10,10 anos. Após análise do ponto de equilíbrio,
constatou-se que os custos variáveis, especialmente relacionados à matéria-prima, e os custos
diretos, principalmente com equipamentos, bem como a alta carga tributária sobre a indústria
brasileira, exercem um impacto significativo no desempenho econômico da planta.
No entanto, melhorias na eficiência dos processos e a redução dos custos poderiam contribuir
para o aprimoramento da viabilidade técnico-econômica do projeto. É importante ressaltar
que a identificação de um método de produção de PLA tecnicamente viável, rentável e
ecologicamente sustentável, utilizando recursos de base biológica como o melaço da cana-de-
açúcar, pode ser um passo significativo em direção a uma bioeconomia circular no futuro.
Polyactic acid (PLA) is a biodegradable bioplastic derived from lactic acid, with properties
similar to those of fossil-based plastics commonly used worldwide. In recent years, there has
been a significant increase in global demand and production of PLA, demonstrating the
polymer's potential to replace conventional petroleum-derived plastics, especially in the
packaging, automotive, and food industries.
In this context, this study reports the results of a technical-economic feasibility assessment for
the annual production of 100,000 tons of polyactic acid (PLA), using lactic acid derived from
bacterial fermentation of sugarcane molasses. The aim is to supply biodegradable bioplastic
resin to both the Brazilian and international markets. Production methods and the potential of
local and international markets were evaluated.
The chosen route for obtaining PLA involved ring-opening polymerization (ROP) after the
traditional fermentation process to produce its monomer, lactic acid. To validate this choice,
simulations and mass and energy balances of the production processes were conducted. The
results showed conversions of molasses sugars into lactic acid of approximately 85% and
lactic acid into PLA exceeding 79%.
For the base scenario analyzed in this study, the NPV obtained was US$ 47.640.716,06, with
an IRR of 20% and a payback period of 10,10 years. After analyzing the break-even point, it
was found that variable costs, especially those related to raw materials, and direct costs,
mainly equipment costs, as well as the high tax burden on the Brazilian industry, significantly
impact the economic performance of the plant.
However, improvements in process efficiency and cost reduction could enhance the technical-
economic viability of the project. It is important to note that identifying a technically viable,
profitable, and environmentally sustainable PLA production method, using biological
resources such as sugarcane molasses, could be a significant step towards a circular
bioeconomy in the future.
Figura 11: Mecanismos para síntese de PLA de alta massa molar. ....................................... 51
Figura 14: Planta de produção de ácido lático por meio de fermentação bacteriana. ............ 63
Figura 16: Planta de produção de PLA por meio de polimerização por abertura do anel do
lactídeo (ROP). ........................................................................................................................ 66
Figura 17: Fluxograma da simulação desenvolvida para produção de ácido lático. ............. 72
Figura 24: Mapa das indústrias de açúcar e álcool do estado de São Paulo. ......................... 91
Figura 27: Layout preliminar da unidade, integrando as plantas de ácido lático e PLA. .... 101
Figura 28: Representação da relação entre custos e receitas (ponto de equilíbrio). ............ 112
LISTA DE TABELAS
Tabela 7: Uso de utilidades e gasto energético para produção de ácido lático. ..................... 74
Tabela 9: Parâmetros dimensionados para cada equipamento das plantas de ácido lático e de
PLA. ........................................................................................................................................ 76
Tabela 11: Principais plantas produtoras de PLA e suas capacidades produtivas. ................ 79
Tabela 12: Capacidades produtivas, valores médios de venda e produtores chave, a nível
nacional e internacional do PLA e de seus principais competidores. ..................................... 84
Tabela 13: Preços médios do m2 de locação, m3 de água e kW/h de energia elétrica nos três
estados avaliados. .................................................................................................................... 88
Tabela 15: Capital inicial necessário para instalação e operação da planta de produção de
ácido lático a partir do melaço da cana, subdividido em custos diretos e indiretos. ............. 105
Tabela 16: Capital inicial necessário para instalação e operação da planta de produção de
PLA a partir do ácido lático, subdividido em custos diretos e indiretos. .............................. 106
Tabela 17: Custos anuais de operação necessários para as plantas de produção de ácido lático
e PLA, subdividido em custos variáveis e fixos. .................................................................. 109
Tabela 18: Receita bruta esperada para todos os fluxos de caixa do projeto estudado. ....... 110
Tabela 19: Custo com matéria-prima para produção de ácido lático a partir da fermentação do
melaço da cana-de-açúcar por bactérias. ............................................................................... 115
Tabela 20: Custo com matéria-prima para produção de PLA a partir do ácido lático. ........ 116
Tabela 21: Preço unitário das utilidades e serviços necessários a produção de ácido lático e
PLA. ...................................................................................................................................... 117
Tabela 22: Gasto com utilidades e serviços necessários a produção de ácido lático. .......... 117
Tabela 23: Gasto com utilidades e serviços necessários a produção de PLA. ..................... 118
Tabela 25: Custo com mão de obra subdividido por setor. .................................................. 120
Tabela 26: Custo com a logística de distribuição dos produtos. .......................................... 121
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 17
1.1 História dos plásticos ................................................................................................................... 17
1.2 Plásticos convencionais e bioplásticos biodegradáveis ................................................................17
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................................... 20
2.1 Polímeros ......................................................................................................................................20
2.2 Balanços de massa e energia ........................................................................................................ 23
2.3 Ferramentas computacionais ........................................................................................................ 26
2.3.1 Excel ......................................................................................................................................27
2.3.2 Aspen HYSYS .......................................................................................................................27
2.4 Dimensionamento dos equipamentos ...........................................................................................27
2.5 Modelo de negócios ..................................................................................................................... 32
2.5.1 Conceito do negócio ..............................................................................................................32
2.5.2 Estudo de mercado ................................................................................................................ 32
2.5.3 Estudo de localização ............................................................................................................ 32
2.5.4 Plano de marketing ................................................................................................................33
2.5.5 Plano de operação ..................................................................................................................33
2.5.6 Plano financeiro .....................................................................................................................33
3. OBJETIVOS .......................................................................................................................................34
3.1. Objetivos específicos ...................................................................................................................34
4. METODOLOGIA .............................................................................................................................. 34
4.1 Revisão bibliográfica ....................................................................................................................34
4.1.1 Bioplásticos biodegradáveis ..................................................................................................34
4.1.2 Ácido polilático (PLA) ..........................................................................................................35
4.1.3 Produção do ácido lático ....................................................................................................... 37
4.1.3.1 Rota química .................................................................................................................. 37
4.1.3.2 Rota bioquímica ............................................................................................................. 39
4.1.3.2.1 Fermentação e purificação do ácido láctico ............................................................ 40
4.1.3.3 Matérias-primas alternativas para produção do ácido lático .......................................... 44
4.1.3.3.1 Vinhaça e palha de soja ...........................................................................................46
4.1.3.3.2 Bagaço e melaço da cana-de-açúcar ........................................................................47
4.1.3.3.3 Palha do milho .........................................................................................................47
4.1.3.3.4 Farelo do arroz ........................................................................................................ 48
4.1.3.3.5 Palha do trigo .......................................................................................................... 48
4.1.3.3.6 Resíduos da batata ...................................................................................................49
4.1.3.3.7 Soro do queijo ......................................................................................................... 49
4.1.5 Propriedades e aplicações do PLA ........................................................................................ 56
4.2 Descrição do processo produtivo escolhido ................................................................................. 58
4.2.1 Matéria-prima ........................................................................................................................58
4.2.2 Agente fermentativo e meio de cultura ................................................................................. 60
4.2.3 Produção do ácido lático ....................................................................................................... 61
4.2.4 Produção do ácido polilático (PLA) ......................................................................................64
4.2.5 Balanços de massa .................................................................................................................68
4.2.6 Balanços de energia ...............................................................................................................74
4.2.7 Dimensionamento dos equipamentos ....................................................................................75
4.3 Modelo de negócios ..................................................................................................................... 77
4.3.1 Conceito do negócio ..............................................................................................................77
4.3.2 Estudo de mercado ................................................................................................................ 79
4.3.3 Estudo de localização ............................................................................................................ 87
4.3.4 Plano de marketing ................................................................................................................92
4.3.5 Plano de operação ..................................................................................................................96
4.3.6 Plano financeiro ...................................................................................................................103
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 113
6. ANEXOS ..........................................................................................................................................115
6.1 Matérias-primas ..........................................................................................................................115
6.2 Utilidades ................................................................................................................................... 117
6.3 Tratamento de efluentes ............................................................................................................. 119
6.4 Mão de obra ................................................................................................................................120
6.5 Logística ..................................................................................................................................... 121
6.6 Análise HAZOP ......................................................................................................................... 122
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................123
17
1. INTRODUÇÃO
1.1 História dos plásticos
Sem dúvida hoje os plásticos se tornaram além de presentes, indispensáveis na vida
cotidiana da população mundial, encontrados em embalagens de alimentos e remédios,
sacolas, garrafas descartáveis, e sendo usados até mesmo na medicina em seringas e fios de
sutura, são materiais extremamente versáteis, baratos, leves, além de resistentes a degradação
por produtos químicos, água, luz e microrganismos (Oliveira & Borges, 2020; Finotti et al.,
2017).
Os plásticos têm seu primeiro invento associado ao americano Charles Goodyear, em
1839, criador do processo de vulcanização, que garantia maior elasticidade, durabilidade e
resistência à borracha natural. Nas décadas seguintes de 70 e 80, destacaram-se estudos do
inglês Alexandre Parkes, desenvolvedor da “parkesina”, material flexível e impermeável à
água feito a partir da celulose de vegetais, bem como o do americano John Wesley Hyatt que
aperfeiçoou o trabalho de Parkes à um novo produto, o celulóide, alternativo ao uso do
marfim em utensílios domésticos (Braskem, 2015; Science museum, 2019).
Apesar disso, foi apenas no início do século XX, que houve uma notável maior
produção científica e evolução na fabricação dos plásticos, com inventos como a baquelite,
primeiro polímero sintético, em 1907, por Leo Baekeland e o celofane por Jacques E.
Brandenberger no ano seguinte. Ainda assim, os plásticos continuavam pouco representativos
no mercado, fato apenas alterado drasticamente com a descoberta do policloreto de vinila
(PVC) por Fritz Klatte, em especial, pela capacidade desse material de ser produzido a partir
do cloro, abundante resíduo da indústria petroquímica dá época (Stiftung, 2020; Science
museum, 2019).
Logo, os plásticos conquistaram o mundo, sobre o pretexto de serem produtos
inovadores, limpos e modernos, ideia impulsionada principalmente no pós-segunda guerra
mundial, com o desenvolvimento dos processos de polimerização por países como Alemanha
e Estados Unidos que levaram a uma diversificação na produção de plásticos, com inserção no
mercado dos hoje conhecidos plásticos de PVC, PET, PP, PS, entre outros (Stiftung, 2020).
problemática, o acúmulo progressivo desse material, que leva centenas de anos para se
decompor. Frequentemente também são encontrados misturados a aditivos químicos, como
plastificantes e corantes, que apesar de proporcionarem melhoras nas propriedades desses
materiais, os tornam ainda mais agressivos ao meio ambiente (Mei, 2016).
Segundo estimativas da World Economic Forum (2016) até o ano de 2050, caso seja
mantido o ritmo atual de produção e descarte de material plástico no planeta, a quantidade de
plásticos ultrapassará a quantidade de peixes nos oceanos, possivelmente com este material se
incorporando à cadeia alimentar desses peixes e de outros organismos dos ambientes
marinhos, que eventualmente acabam sendo consumidos, causando contaminação involuntária
de outros animais e até de seres humanos (Qualman, 2017; World Economic Forum, 2016).
Apesar de seu apelo ambiental, essa classe de materiais ainda não representa parte
significativa do mercado, sendo segundo a associação European Bioplastics menos de 1% dos
plásticos produzidos anualmente no mundo. Isto, segundo especialistas devido a três
principais fatores: o elevado custo de sua matéria-prima, que pode chegar a ser três vezes
20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Polímeros
Polímeros (poli = muitos + meros ou unidades), constituintes dos plásticos, são
substâncias obtidas como resultado do encadeamento de centenas de átomos ou moléculas, em
outras palavras, são macromoléculas, ou moléculas muito grandes, de MM que podem
ultrapassar 10.000 g/mol. São produtos de reações entre moléculas mais simples, os
monômeros (mono = um + meros ou unidades), e por conta disso apresentam características
particulares que antes apenas a natureza química dos átomos ou grupamentos funcionais não
manifestava, propriedades que resultam das interações entre os segmentos de moléculas
semelhantes (intramoleculares) ou mesmo distintas (intermoleculares) (Mei, 2016; Mano,
2004).
Policondensação:
Poliadição:
2) Reação dos radicais instáveis com moléculas insaturadas (2HC = CH2) para
formação dos radicais monômeros (2HC = CH*) (Mei, 2016).
(H2O), ácido clorídrico (HCl) e metanol (CH3OH). Já, quando processada por via de
poliadição, a polimerização, geralmente, leva a formação do polímero pela ação de radicais
instáveis, altamente reativos, gerados no início da reação, que reagem rapidamente com os
monômeros presentes no meio, levando ao crescimento das cadeias carbônicas do polímero
(Mei, 2016).
O balanço de massa na sua forma literal, descrito na Equação 1, pode ser reescrito na
sua forma matemática, em que os termos SAI e ENTRA são substituídos pelas vazões
mássicas/molares de saída e entrada, os termos de GERADO e CONSUMIDO são
24
substituídos pelas taxas de reação, e o termo acumula substituído pela variação da massa com
o tempo (Himmelblau & Riggs, 2014; Felder et al., 2017). Logo, o BM é escrito como segue:
��
�� + �� − �� − �� = ��
(em termos mássicos) (7.1)
��
�� + �� − �� − �� =
��
(em termos molares) (7.2)
���� ��������
� = ���� ����������� (8)
Ademais, outro parâmetro muito utilizado para a avaliação dos processos químicos
com reação é o rendimento de um produto de interesse. Dada a importância, ao final de um
processo em batelada ou na corrente de saída num processo contínuo, que a quantidade de
produto se aproxime ao máximo previsto pela estequiometria, maximizando dessa forma, a
quantidade do produto de interesse (Himmelblau & Riggs, 2014; Felder et al., 2017). O
rendimento de um produto de interesse é definido como a relação entre a quantidade do
produto formado e a quantidade de formação desse produto, prevista pela estequiometria, ou
seja:
1
�� = 2 ∙ � ∙ �2 (10)
em que m é a massa e � é a velocidade uniforme (Himmelblau & Riggs, 2014; Felder et al.,
2017).
�� = � ∙ � ∙ ℎ (11)
Em sistemas abertos ou fechados, a energia pode ser transferida entre o sistema e sua
vizinhança de duas formas, como calor ou como trabalho. O calor é definido como a energia
26
transferida como resultado de uma diferença de temperatura entre o sistema e sua vizinhança,
sempre com direção da maior para a menor temperatura. Já o trabalho se refere a energia
transferida como resposta a qualquer força motriz que não seja a diferença de temperatura,
tais como: força, torque ou voltagem (Himmelblau & Riggs, 2014; Felder et al., 2017).
∆� = � + � (12)
ou
2.3.1 Excel
O Excel é um software de planilhas eletrônica pago, desenvolvido pela Microsoft, que
possui a capacidade de realizar cálculos, tratar dados, realizar simulações e auxiliar em
análises. Além disso, o produto oferece a possibilidade de adicionar extensões, como a função
Solver, que auxilia na resolução de problemas envolvendo conjuntos de equações
interconectadas e com restrições, sendo especialmente útil para solucionar problemas
complexos da engenharia.
�
�=
�
(14)
�3
onde � é o volume do reator (�3 ), � é a taxa de fluxo ( ℎ
) e � é a taxa de diluição (ℎ−1 )
(Batista, 2024).
�=�∙� (15)
�
�= �
(15.1)
� = � ∙ �2 ∙ ℎ (16)
ℎ=�∙� (16.1)
29
4∙����
�� = �∙�� ∙����
(16.2)
�� +��
���� =
2
(16.3)
�� −�� 1/2
���� = ( − 0,171 ∙ �2 + 0,27 ∙ � − 0,047) ��
(16.4)
onde � é o volume da coluna de destilação (�3 ), � é raio da coluna (�), ℎ é a altura da coluna
(�), � é o número de estágios de equilíbrio, � é a altura do prato (�), �� é o diâmetro da
�� ��
coluna (�), ���� é a vazão máxima de vapor ( � ), �� é a massa específica do vapor (�3 ), �� é
��
a massa específica do líquido (�3 ), ���� é a velocidade máxima permitida para o vapor (�/�),
�� ��
�� é a vazão de retificação ( � ), �� é a vazão de vapor de exaustão ( � ) e � é o espaçamento
entre os pratos ( � ) (Gomide, 1988; McCabe & Smith, 2004; Blackadder & Nedderman,
2004).
� = �∙ℎ (17)
�
� = �∙∆� (17.1)
∆�
ℎ= ∝
(17.2)
30
(Gomide, 1988; McCabe & Smith, 2004; Blackadder & Nedderman, 2004).
�=�∙� (18)
� = �∙ℎ (19)
�
�=
�∙∆���
(19.1)
�
onde � é o volume do condensador (�3 ), � é a taxa de transferência de calor (� ou �), � é o
�
coeficiente global de transferência de calor ( �2∙º� ), � é a área da superfície de transferência
de calor (�2 ), ∆��� é a média logarítmica da diferença de temperatura (º�) (Gomide, 1988;
McCabe & Smith, 2004; Blackadder & Nedderman, 2004).
31
� = � ∙ �� (20)
��� �� � �� ���
�� =
��� �� � �� ���
(20.1)
��� �� � �� �������
�= ��������
(20.3)
�∙�
�=
�∙�
(20.5)
(�) (Gomide, 1988; McCabe & Smith, 2004; Blackadder & Nedderman, 2004).
32
além de possíveis incentivos fiscais a produção industrial (Gitman, 2017; PUC Consultoria Jr,
2019).
Quatro são seus pontos principais: 1) Pessoas, efere-se aos indivíduos envolvidos no
processo de marketing, incluindo funcionários, clientes, fornecedores e parceiros. A gestão
eficaz das pessoas é crucial para o bom funcionamento da organização; 2) Processos,
Representa a criatividade, disciplina e estrutura necessárias para a gestão de marketing; 3)
Programas, Refletem as ações direcionadas ao consumidor. Esses programas englobam os
antigos 4 Ps do Marketing: Produto, Preço, Promoção e Praça; 4) Performance, abarca todas
as ações que podem ter resultados na empresa (DORNELAS, 2016; SEBRAE, 2013).
3. OBJETIVOS
Avaliar a viabilidade técnica-econômica de instalação e operação de uma planta
industrial para produção de poliácido lático no Brasil, produzido a partir do ácido lático do
melaço da cana-de-açúcar. Isto, por meio de análises acerca do cenário brasileiro e mundial de
produção e mercado.
4. METODOLOGIA
4.1 Revisão bibliográfica
4.1.1 Bioplásticos biodegradáveis
Aliando as melhores características e propriedades dos plásticos biobased e dos
biodegradáveis, e assim podendo vir a substituir polímeros de origem petrolífera, tem-se o
desenvolvimento dos bioplásticos biodegradáveis, definidos como produtos que tanto derivam
de matérias-primas de origem renovável, como também que ficaram menor tempo nos
ambientes até sua total degradação em substâncias mais simples, e, em geral, atóxicas. Dentre
os principais bioplásticos biodegradáveis disponíveis no mercado, temos como os mais
35
Com grande parte de seus representantes tendo suas produções facilitadas com o
emprego de processos fermentativos, a partir das mais diversas matérias-primas alimentícias,
e devido ao aumento da demanda por produtos mais “ecológicos” para a indústria têxtil, de
embalagens, agricultura e transporte, a produção dos bioplásticos biodegradáveis tende a ter
cada vez mais enfoque no mercado. Nesse contexto, em especial, tem-se o PLA, tema
principal deste estudo, biopolímero termoplástico biodegradável mais conhecido e mais
empregado mundialmente, que hoje representa sozinho mais de 20% de toda a produção
mundial de bioplásticos (Grand View Research, 2023; European Bioplastics, 2022).
O PLA foi descoberto no início do século XIX, por Théophile-Jules Pelouze, que
condensou o ácido lático através de um processo de destilação de água formando pela
primeira vez PLA de baixo peso molecular. Apenas, quase um século depois, em 1932, que
cientistas descobriram uma rota tecnológica aplicável industrialmente para a produção desse
polímero, Wallace Carothers se baseando no aquecimento do ácido lático sob vácuo com a
remoção de água chegou a um PLA de baixo peso molecular, método este aprimorado, e
posteriormente, patenteado pela empresa americana DuPont, em 1954, para produção de PLA
de maior peso molecular (Farah et al., 2016; Pacheco & Barcellos, 2021).
Apesar disso, o interesse sobre o PLA, ficou restrito à área científica até o final da
década de 60, quando Kullar, demonstrou a degradação in vitro do polímero, essa propriedade,
associada à atoxicidade do material, criou novas possibilidades de aplicação na área médica.
Os avanços mais relevantes para o mercado de PLA começaram a surgir no início dos anos 90,
marcados pelo choque do preço do petróleo por decorrência da Guerra do Golfo. Nessa época,
a Cargill Inc., uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do mundo, interessada
em lançar um bioplástico que pudesse competir com polímeros de origem fóssil, colocou em
37
operação a primeira planta de PLA do mundo, nos EUA, com capacidade de produção de
140.000 ton/ano (Oliveira & Borges, 2020; Pacheco & Barcellos, 2021).
A produção do ácido lático por vias biotecnológicas utiliza como principal agente
fermentativo, bactérias, normalmente, anaeróbias facultativas, não esporuladas e ácido
tolerantes de necessidades nutricionais consideravelmente complexas. Vários microrganismos
já foram isolados e utilizados na produção do ácido lático, mas, em geral, pertencentes aos
gêneros Aerococcus, Carnobacterium, Coryne, Enterococcus, Lactococcus, Lactobacillus,
Lactosphaera, Leuconostoc, Oenococcus, Pediococcus, Paralactobacillus, Streptococcus,
Tetragenococcus, Vagococcus e Weissell. A maioria deles produz o L-ácido lático, mas
algumas geram o D-ácido lático ou DL-ácido lático (Masutani & Kimura, 2014).
As bactérias lácticas (BAL), como as citadas acima, em sua maioria, não possuem a
capacidade de sintetizar o ATP por meio da respiração, e o fazem se utilizando do ácido
pirúvico, gerando ao final do seu metabolismo diferentes produtos, assim como indicado, na
Figura 9. Bactérias homofermentativas produzem ácido lático como único produto ao final do
metabolismo da glicose pela via glicolítica (EMP), nesse processo um mol de glicose gera
dois mols de ácido lático. Já bactérias heterofermentativas, produzem quantidades
equimolares de ácido lático, CO2, etanol e/ou acetato, a partir do metabolismo da glicose por
via de oxidação das pentoses (fosforilação oxidativa). Vale citar ainda, que a maioria das
BAL homofermentativas que estão disponíveis para produção comercial do ácido lático
pertencem principalmente ao gênero Lactobacillus (Grocholski, 2019; Ojo & Smidt, 2023).
42
Vale pontuar ainda que outros agentes fermentativos também podem ser utilizados
para produção do ácido lático, como é o caso de fungos filamentosos. No entanto, a maioria
dos estudos e procedimentos industriais tratam do emprego de bactérias para fermentação, isto
em razão das várias características importantes que um microrganismo deve ter para ser
industrialmente atraente na produção de ácido lático, como: alta produtividade; alto
43
rendimento; capacidade de usar fontes baratas de nutrientes; produzir alta concentração final
de produto; produzir baixa quantidade de subprodutos; além de possuir certa robustez em
relação à contaminação e infecções (Masutani & Kimura, 2014; Auras, R. et al., 2022).
Ademais, vale ressaltar, que o ácido formado necessita muitas vezes de ser separado e
purificado do caldo fermentado, que contém diversas impurezas, como açúcares e biomassa.
Isto, a partir de processos que variam entre precipitações, extrações com solvente e
destilações a vapor, envolvendo ainda etapas de neutralização seguidas de filtração,
concentração e acidificação (Benevenuti, 2016; Komesu et al., 2017). Para dessa forma, ser
possível ao fim do processo fermentativo a obtenção do produto com rendimentos globais
típicos superiores a 90% para carboidratos como substrato (Eiteman & Ramalingam, 2015).
44
Há ainda, como mencionado, outra alternativa para purificação do ácido lático, a que
se utiliza do método da destilação a vapor, baseada no arraste por vapor de água de
substâncias pouco hidrofílicas, sob pressão reduzida, possibilitando a separação do ácido
lático sem que ocorra sua decomposição térmica (autoesterificação). Apesar disso, assim
como os outros métodos de purificação, este apresenta altos custos de operação, sobretudo
com relação ao consumo energético, que tende a ser extremamente elevado, já que é
necessária a evaporação de uma grande quantidade de água para recuperação de pequenas
quantidades de ácido láctico, tornando por vezes esta alternativa inviável (Trindade, 2002;
Benevenuti, 2016).
industriais alimentícios, como o bagaço da cana, a palha do trigo e o soro do queijo, hoje
ainda são pouco empregados, estando limitados em utilização para pesquisa (Pereira, 2019).
Ainda nesse contexto, a cada ano enormes quantidades de biomassa são destruídas ou
não recolhidas e utilizadas, tais como farelo de pós-colheita, bagaço de cana-de-açúcar, palha
de trigo, fibras de bambu e arroz, dentre outras. Dessa forma, o reaproveitamento e
valorização de resíduos ou mesmo a utilização de outras fontes que não são a cana-de-açúcar
ou o amido de milho para a produção de biopolímeros como o PLA são de grande valia para o
desenvolvimento de uma indústria e economia mais consciente e sustentável (Mei, 2016).
Como é possível observar, o ácido polilático pode ser obtido em diferentes extensões
moleculares, no entanto, em geral, só seu polímero de alto peso molecular é de interesse para
a indústria. A produção desse polímero a partir de uma fonte de carbono, pode ocorrer por três
rotas de síntese distintas, sendo elas: a) polimerização por condensação direta ou
policondensação; b) policondensação direta em solução azeotrópica ou desidratação
azeotrópica; c) polimerização através da abertura do anel de lactídeo (dímero cíclico do ácido
láctico) (ROP). Apesar disso, atualmente, a polimerização direta e a polimerização por ROP
são as técnicas de produção mais utilizadas (Carvalho, 2013; Cuchaba, 2022).
Além disso, a síntese de PLA por via direta, pode ser dividida em três fases principais:
É possível encontrar muitos trabalhos que adotam a rota direta de síntese, em geral,
especificamente que tratam da técnica de obtenção de PLA por meio de fusão de oligômeros,
com uso de catalisadores, sob pressão reduzida, para a formação de polímeros de alta massa
molar por policondensação em estado fundido, como reportado na patente KR 2002022160-A.
Ou ainda, como encontrado na patente WO 2008/139658 onde é revelada a obtenção PLA de
baixa massa molar (�� ≅ 16.000 �/���), por irradiação de micro-ondas a 200 ºC ao longo
de 30 minutos em um sistema catalítico binário de SnCl2/TsOH, à pressão de 3,9�103 �� ,
alcançando-se um rendimento aproximado de 54% (Petzhold et al., 2013).
O processo acima, no entanto, peca com frequência quanto ao seu tempo total de
reação que é extremamente elevado para quaisquer aplicações industriais, sendo possível se
observar uma diminuição considerável da massa molar para estes tempos elevados de reação,
sobretudo durante o tratamento térmico. Ademais, vale pontuar que é possível se encontrar
ainda outros trabalhos que adotam a obtenção de PLA por policondensação em estado sólido,
agora sob outras condições, como na patente JP59096123-A, que descreve a reação sem a uso
de catalisadores, porém, com obtenção de polímeros de massa molar mais reduzida, de no
máximo 18.000 �/��� (Petzhold et al., 2013).
Já quando o PLA é sintetizado por via indireta, por abertura do anel do lactídeo (ROP),
esta que é a rota mais estudada atualmente, devido ao baixo consumo de tempo e a
possibilidade de um controle preciso da síntese química, em condições menos severas se
comparado a rota direta, pois dispensa o uso de solventes, com eliminação da molécula de
água a temperaturas inferiores a 200 ºC, no intuito de produzir um dímero intermediário
cíclico, o lactídeo (Rivadulla, 2019). O processo via ROP é dividido, geralmente, em 3 etapas:
O processo de destilação azeotrópica, faz o uso dos mesmos estágios principais citados
na policondensação direta do ácido lático, com exceção de que o último estágio é eliminado
porque a reação é realizada em solução. Com essa alteração, a remoção da água do meio de
reação torna-se mais fácil e pode-se chegar a um polímero de maior massa molar. Contudo,
este processo é limitado principalmente pelo tempo de reação, que tende a ser maior e pelo
rendimento reduzido em relação a matéria-prima, devido a necessidade de recuperar o
polímero da corrente de produto com solvente. Além disso, requer vários compostos e
catalisadores sofisticados que surgem como potenciais contaminantes do produto. Todos estes
pontos, muitas vezes tornam o processo de obtenção do PLA por desidratação azeotrópica
inviável tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. (Carvalho, 2013; Cuchaba
2022).
É possível ainda encontrar outros trabalhos que descrevem a produção de PLA por
procedimento de destilação azeotrópica, como nas patentes US 5.310.865 e JP08188642-A,
variantes do procedimento experimental anterior, que relatam a obtenção de PLA de alta
massa molar de, respectivamente, 240.000 �/��� e 250.000 �/���, onde se investigaram, a
reação de polimerização sob diferentes condições de pressão e temperatura, bem como o
comportamento frente a diferentes catalisadores, como ácidos próticos, metais, óxidos e
haletos metálicos, e solventes, como cetonas, hidrocarbonetos alifáticos de cadeia longa e
ésteres aromáticos, como forma de contornar a dificuldade de remoção completa do difenil
éter que frequentemente eleva o custo de produção do polímero (Petzhold et al., 2013).
Vale citar também, que atualmente são feitos estudos acerca da obtenção de PLA de
alta massa molar através de polimerização em suspensão, como relatado na patente PI
1106280-0 A2, onde é descrita a suspensão do PLA em um líquido inerte, utilizado como
56
solvente e catalisador da reação, sendo alguns representantes ácidos de Lewis, como o BF4 e
líquidos iônicos, da família dos tetrafluorboratos, cloretos e/ou sais dos mesmos. A reação se
processa com contato de solução aquosa de ácido lático com líquido iônico em quantidade
catalítica, em temperaturas inferiores a 170 ºC e pressão variando de 1-50 Pa, seguido de
adição de excesso de líquido iônico ao meio reacional, sob atmosfera inerte, temperatura
variando de 140-170 ºC, sob as mesmas condições de pressão (Petzhold et al., 2013).
Vale ressaltar, que a rota sintética adotada para produção do PLA e o monômero de
arranjo ótico escolhido, são determinantes para as propriedades do polímero final, com o PLA
comercial sendo um blend feito a partir de PLLA/PDLA ou PLLA/PDLLA. Quando
produzido através de policondensação direta do ácido láctico, o PLA apresenta baixa massa
molar e propriedades mecânicas que não são adequadas para a maioria das aplicações, como
baixa resistência ao impacto e baixo alongamento na ruptura, já se sintetizado a partir de
polimerização por abertura de anel do lactídeo geram-se polímeros de ácido lático de alta
massa molar e com grande variedade de aplicações, com resistência a tração comparáveis aos
do politereftalato de etileno (PET) e poliestireno (PS) (Carvalho, 2013; Cipriano, 2013).
Quanto ao seu processamento, o PLA, assim como outros polímeros pode ser moldado
tanto por extrusão quanto por injeção, que consistem basicamente, em forçar a passagem da
resina plástica fundida sob pressão controlada a fim de preencher (injeção) ou transpor
(extrusão) um determinado molde ou matriz, possibilitando uma grande variedade de
formatos, tamanhos e complexidades de detalhes ao produto. Apesar disto, por se tratar de um
material higroscópico e muito sensível à alta umidade relativa e temperatura, antes do seu
processamento, o PLA necessita de ser seco até atingir um teor de água abaixo de 100 p.p.m.
para evitar a hidrólise (transesterificação), redução de seu peso molecular, e consequente
limitação de sua aplicabilidade (ABIPLAST, 2022; Muv, 2024; Aguirre et al., 2016).
gases e vapor de água, o PLA apresenta desempenho superior como barreira em comparação
ao PS e pior em relação ao PET. Além disso, devido ao seu monômero ser um metabólito
comumente produzido pelo corpo humano, na forma do isômero L-ácido láctico, e portanto,
de características de fácil assimilação e atoxicidade, o PLA tem sido estudado como
alternativa ao uso de materiais biocompatíveis não biodegradáveis e de alto custo na
biomedicina como em fios de sutura, implantes cirúrgicos, faciais e ósseos, sistemas de
liberação controlada de fármacos e de cultivo de células (Oliveira & Borges, 2020; Finotti et
al., 2017).
(Contínua)
(Conclusão)
levedura (fonte de vitaminas), que segundo vários autores trata-se das melhores fontes de
nutrientes para bactérias lácteas. Vale citar que se propõe a substituição do meio de cultura e
da cepa de microrganismos 1 vez ao mês (Kwan et al., 2018; Manandhar & Shah, 2020;
Grocholski, 2019).
(gesso) ( � = 85%) , posteriormente separado da mistura por nova filtração (filtro rotativo)
para descarte ou em alguns casos venda como gesso bruto (Eiteman & Ramalingam, 2015;
Manandhar & Shah, 2020; Jun et al., 2014; Min et al., 2011; Ling, 2003).
Obs.: Todos os Mixers apresentados na Figura 16, acima, são do tipo Plug Flow (PFRs), misturadores
estáticos empregados em reações de alta viscosidade, como a própria produção do PLA, para a
obtenção de produtos mais homogêneos quanto a suas características físicas e químicas (Stamixco,
2024).
Inicialmente, a solução aquosa de ácido lático (85%) é misturada com uma dispersão
de catalisador, óxido de zinco (0,3% em peso). Em seguida, a mistura é introduzida em um
reator de pré-polimerização responsável pelo processo de polimerização direta do ácido
láctico, no qual são gerados os oligômeros, polímeros de baixa massa molar, que por reação
de equilíbrio se rearranjam gerando a molécula de lactídeo, com uma conversão parcial em
lactídeo de 73% em peso. O reator de pré-polimerização é equipado com sistema de
aquecimento para controle de temperatura, mantida dentro da faixa de 80 ºC a 220 ºC por 8
horas, e agitadores mecânicos, a fim de manter o meio reacional o mais homogêneo possível.
Além disso, pode ser acompanhado de sistema de trocador de calor e vaso com controle de
nível para coleta e retirada da água do processo, que deve ser feita continuamente para
garantir a polimerização (Battù & Ferrero, 2018; Horban et al., 2017; Kwan et al., 2018; Hu
et al., 2017b).
Agora, para obter um polímero mais puro, o PLA formado na etapa anterior deve ser
purificado, através de metodologia que se baseia na dissolução do polímero em clorofórmio
(1:1 p/v) para então re-precipitação com metanol (98%) (1:3 v/v), sendo o produto obtido
filtrado e seco em evaporador de bandeja (40 ºC) e em spray dryer (secagem por atomização)
68
para retirada do solvente e quaisquer resquícios de umidade. Esse processo, relata taxa de
recuperação do polímero de 100% com elevado grau de pureza (95%), com o clorofórmio e o
metanol sendo recuperados por etapa de destilação e passíveis de reutilização (Kwan et al.,
2018; Battù & Ferrero, 2018; Hu et al., 2017b).
Obs 2.: Para simular o processo de produção de PLA, foram utilizadas apenas as informações
apresentadas anteriormente na seção 4.2.4, sem o detalhamento das reações químicas envolvidas.
Fonte: Adaptado de Eiteman & Ramalingam (2015), Jun et al. (2014), Min et al. (2011), Ling (2003),
Olga et al. (2017) e Komesu et al. (2017).
71
(Contínua)
(Conclusão)
Com base nesses dados, foi possível observar uma conversão global dos açúcares
(frutose, sacarose e glicose) do melaço da cana-de-açúcar em ácido lático de cerca de 85%, e
do ácido lático em PLA, de aproximadamente 79,4%. Esses resultados são consistentes com
os valores encontrados na literatura, os quais reportam uma conversão de açúcares em ácido
lático em torno de 90% e de ácido lático em PLA de cerca de 77% (Hu et al., 2017a; Hu et al.,
2017b).
Para todos os cálculos de volume, foi considerada uma margem de segurança de 25%.
Os volumes dos tanques de estocagem foram calculados com base na densidade e massa dos
materiais armazenados, justamente com a frequência de aquisição e o tempo de
carregamento/descarregamento. O volume do Spray Dryer foi calculado somando o volume
de todos os equipamentos utilizados para sua simulação: o “Mixer”, o “Dryer” e o “AirHeat”.
No caso da extrusora/pelletizadora não foi possível recorrer ao simulador. Portanto, adotou-se
como parâmetro principal de dimensionamento sua capacidade produtiva, que deve ser de
aproximadamente 11,67 t/h. Os parâmetros dimensionados para cada equipamento estão
detalhados na Tabela 9.
76
(Continua)
(Conclusão)
como o principal fornecedor de PLA a nível nacional. Para viabilizar seu crescimento e
alcançar tais metas, o negócio atuará com a promoção de iniciativas ao desenvolvimento
sustentável com parceiros para prospecção e divulgação dos produtos aos empreendedores
que atuam no setor de transformados plásticos. Vale ressaltar que no projeto proposto todo o
ácido lático produzido será destinado exclusivamente à produção de PLA, e não
comercializado.
A empresa estará localizada na cidade de Ribeirão Preto (SP), em uma unidade matriz
no parque industrial, e possuirá dois sócios, cada um com 50% de participação no negócio:
Thauan de Souza Marques e Jhenifer Scarlet de Souza Monteiro. Na seção 4.3.4, que trata do
plano de operação, encontra-se mais informações a respeito da estrutura social do novo
negócio.
(Continua)
(Conclusão)
Fonte: Adaptado de Jem & Tan (2020), ABICOM (2021), Barrett (2021) e Bailey (2023).
como PBAT, PBS e PHA, principalmente em produtos de uso único. A avaliação do mercado
mundial de plásticos, incluindo as capacidades produtivas, os valores médios de venda da
resina e os principais competidores do PLA da nova empresa, está apresentada na Tabela 12.
(Continua)
(Conclusão)
Fonte: Adaptado de Marçon (2021), Intratec Solutions (2023a), SDEC (2011), Jacques (2010),
Intratec Solutions (2023b), Lamb (2022), Fortune Business Insights (2023), Statista (2024a), Fortune
Business Insights (2022), Prismane Consulting (2023a), Jem & Tam (2020), Chemanalyst (2023a),
Meng et al. (2023), Chemanalyst (2023b), Data Bridge (2022a), Barletta et al. (2022), Data Bridge
(2022b), Prismane Consulting (2023b), Technavio (2024), Markets and Markets (2023) e ABICOM
(2021).
análises subsequentes serão baseadas na premissa de que as regiões sul e sudeste são os
principais centros consumidores de PLA no Brasil (ABIPLAST, 2022).
Propõe-se ainda uma análise SWOT, apresentada na Figura 22, que, ao abordar as
forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do novo negócio, esclarecerá possíveis
posicionamentos estratégicos de mercado, fornecerá insights para solução de problemas e
contribuirá para a redução de custos. No contexto das forças e fraquezas, destaca-se a
disponibilidade de matéria-prima, a valorização de subprodutos, o investimento inicial e o
processo tecnológico. Quanto às oportunidades e ameaças, são enfatizadas a sustentabilidade,
a situação do mercado, os pontos a serem desenvolvidos e as estratégias de venda (Volpato,
2022; Sebrae, 2019).
Outros interessantes estados localizados nessas regiões para possível alocação de uma
indústria do ramo são Minas Gerais e Paraná, pois assim como o estado de São Paulo
apresentam fatores importantes para definir a localização como: rotas de abastecimento e
escoamento de produtos já estabelecidas, infraestrutura logística já existente, mão de obra
local capacitada e possíveis fornecedores nas proximidades (ABIQUIM, 2022). A Figura 23
traz um gráfico da distribuição das plantas químicas a nível nacional.
Realizando um estudo para saber qual dos três estados oferece a melhor oportunidade
para a localização da planta de PLA, diversas variáveis podem ser comparadas, incluindo o
preço médio de locação, água e energia elétrica, a disponibilidade de matéria-prima, os
incentivos fiscais, a qualidade de vida e a proximidade dos mercados consumidores. Os
valores médios do m2 de locação, do m3 de água e do kW/h de energia elétrica nos três
estados em análise foram levantados e podem ser observados na Tabela 13, que apresenta os
dados fornecidos pelos sindicatos e órgãos governamentais SINDUSCON, SNIS e ANEEL.
No que diz respeito aos incentivos fiscais, a nível nacional tem-se o Regime Especial
da Indústria Química (REIQ), que concede alíquotas menores, atualmente, de 1,39 para
PIS/Pasep e 6,4 para Cofins, que as aplicadas a empresas estrangeiras na compra de insumos
utilizados na indústria, a fim de reduzir a diferença de custos entre as empresas brasileiras e
suas concorrentes internacionais (ABIQUIM, 2022; Câmara dos Deputados, 2022). Ademais,
os estados estudados apresentam programas de redução das cargas tributárias e medidas que
89
● São Paulo – Pacote de Benefícios Fiscais para Apoiar a Retomada Econômica, que
prevê: isenção do ICMS na aquisição de máquinas e equipamentos; utilização do
crédito acumulado do ICMS em projetos de investimentos; redução do ICMS de
setores geradores de empregos; alíquota de 12% para operações internas; diferimento
do ICMS na aquisição interna e a suspensão do imposto na importação de matéria-
prima, produto intermediário e material de embalagem integrados no processo de
fabricação de artigos destinados à exportação (InvestSP, 2023).
● Minas Gerais – Plano de Regularização e Incentivo para a Retomada da Atividade
Econômica no Estado de Minas Gerais (Recomeça Minas), que oferece incentivos e
reduções especiais para a quitação de créditos tributários do estado, são eles: anistia,
perdão legal para multas decorrentes a infração da legislação tributária nos primeiros 2
anos; e o benefício fiscal de ICMS, regime especial de tratamento tributário setorial
que prevê desconto de 1% a 5% na alíquota do ICMS (ALMG, 2023).
● Paraná – Programa Paraná Competitivo, que garante tratamento tributário diferenciado
para empresas que invistam no estado, contemplando benefícios como: parcelamento
do ICMS; diferimento do ICMS na aquisição de energia elétrica e gás natural;
transferência de crédito de ICMS para aquisição de máquinas, equipamentos e
materiais destinados a obras; e redução de impostos sobre cargas (Invest Paraná, 2023).
● São Paulo – Principal polo econômico e cultural do país, São Paulo, desponta como
líder no ranking de estados com a melhor qualidade de vida do Brasil, com 90% dos
seus municípios apresentando alto IDH, destacasse em quesitos como qualidade da
saúde pública e privada, educação, com instituições de ensino de excelência,
contribuindo para a formação de um mercado de trabalho que se destaca pela
qualificação de seu contingente (InvestSP, 2023; Atlas Brasil, 2022).
● Minas Gerais – Estado de vasta extensão territorial e população numerosa e variada.
Sua qualidade de vida varia significativamente de acordo com a região, enquanto
algumas cidades mineiras oferecem excelentes serviços de educação e saúde, outras
enfrentam desafios em termos de infraestrutura e desenvolvimento. O estado é notável
90
por suas universidades de prestígio, mas a qualidade de vida pode ser influenciada
pela localização geográfica e pela disponibilidade de recursos (Invest Minas, 2023).
● Paraná – Situado na região sul do Brasil, é conhecido por sua economia diversificada,
com destaque para a produção agrícola e industrial. Isto se traduz em uma
infraestrutura sólida, com boas estradas e serviços de transporte público,
proporcionando conveniência e acessibilidade. Possui amplo acesso a outros mercados
consumidores através do Mercosul, e figura em sétimo lugar no ranking de estados
com a melhor qualidade de vida do Brasil (Invest Paraná, 2023; Atlas Brasil, 2022).
Assim, com base na análise das sete variáveis propostas – preço médio do m2 de
locação, preço médio do m3 de água, preço médio do kW/h de energia elétrica,
disponibilidade de matéria-prima, incentivos fiscais, qualidade de vida e localização de
mercados consumidores – conclui-se que São Paulo é o estado mais adequado para a
implementação do projeto, já que:
Nesse contexto, o município de Ribeirão Preto destaca-se em relação aos demais, pois
concentra a maior capacidade instalada de produção de açúcar e álcool do estado. Além disso,
possui uma localização estratégica, próxima aos principais mercados consumidores do Brasil,
92
e está relativamente próximo dos maiores portos do país, como o Porto de Santos-SP (400
km), o Porto de Paranaguá-PR (700 km) e o Porto de Itaguaí-RJ (668 km), o que facilita o
escoamento da produção para os mercados consumidores internacionais. Desta forma, o
município de Ribeirão Preto mostra-se como a melhor escolha para a instalação da nova
planta para produção de PLA (Desenvolve SP, 2019; Conexos, 2023; Rota Mapas, 2024).
Ademais, mesmo que a empresa busque por fomentar o mercado brasileiro, seu foco
principal será o mercado internacional, logo, surge a necessidade de que o nome seja em
inglês, considerada língua universal. Foram nesses moldes que a logotipo da empresa foi
construída, a partir de elementos que transmitem segurança e tranquilidade aos clientes. Isto,
através da escolha do azul como cor majoritária, complementado pelo verde que remete ao
meio ambiente, tema reforçado pela figura de uma indústria integrada ao planeta terra,
relacionando-se ainda ao compromisso global de impacto socioambiental do produto e do
93
novo negócio. Na Figura 25, encontra-se uma representação do logotipo construído para a
Biosolutions PLA.
Agora, quanto a divulgação do produto, esta será realizada por meio de ferramentas de
marketing digital, como as redes sociais, incluindo o LinkedIn, e o site oficial da empresa,
ambos disponíveis em português e inglês. O LinkedIn é atualmente a principal ferramenta
para promover e evidenciar a autoridade de uma empresa, a partir dele pretende-se criar
94
Um dos motivos que fazem com que no exterior a utilização dos bioplásticos esteja
crescendo são as políticas públicas que impedem a comercialização de embalagens de uso
único não biodegradáveis, neste contexto, o uso de PLA em descartáveis é impulsionado.
Atualmente, no Brasil esta política engloba apenas canudos descartáveis, utilizados em
estabelecimentos comerciais, principalmente de grandes capitais como São Paulo, Rio de
Janeiro e Porto Alegre. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a lei já se tornou mais rigorosa,
abrangendo utensílios plásticos no geral. Aproveitar-se desta política pública se mostra
essencial para a empresa, ainda mais ao se considerar o consumo nos grandes centros urbanos
brasileiros (Zaremba, 2020).
Já quanto a distribuição do produto, esta que envolve desde a venda até o pós-venda.
Pensando-se em maior rentabilidade, será necessária uma distribuição direta e exclusiva, onde
o PLA será vendido diretamente ao cliente final sem intermédio, garantindo a qualidade e
exclusividade do produto. Nesse modelo, que buscará por otimizar e integrar a presença on-
line e off-line, o site se tornará o principal canal de venda da empresa tendo uma seção
dedicada apenas ao contato com a setor comercial, que antes do atendimento terá tempo
necessário para conhecer os perfis e preparar-se para conversar com os clientes, de forma a
convencê-los sobre a qualidade do PLA, e assim maximizar a conversão em venda de
produtos.
Prevê-se para a Biosolutions PLA uma produção diária acelerada, que pode ultrapassar
as 280 toneladas, dessa forma será essencial manter um ritmo de vendas condizente para
evitar problemas de armazenamento. Nesse sentido, após a pelletização/extrusão do PLA,
propõe-se embalar o produto em big bags, cada um comportando até 1.000 kg. Essa
abordagem visa garantir a segurança dos materiais, otimizar os processos logísticos e
proporcionar um armazenamento eficaz da produção, protegendo contra umidade e luz –
variáveis de sensibilidade do PLA – e permitindo um controle mais preciso da produção por
meio de lotes (Gasogenio, 2024; Santos et al., 2018).
Apesar de se tratar de uma empresa que terá o seu site como referência para atender
aos seus clientes, e considerando a estrutura organizacional citada acima, os processos de
negócio da nova empresa envolverão também:
A política de recursos humanos terá como prioridade um plano de carreira para todos
os funcionários, reservando parte das ações da empresa para distribuição entre os funcionários
de maneira progressiva, considerando cargo/função, tempo de empresa e avaliação de
desempenho, como forma de motivá-los e de criar uma equipe coesa e comprometida. Todos
os funcionários terão um conjunto de benefícios que inclui plano de saúde, vale-transporte,
auxílio alimentação, férias remuneradas, 13º salário, adicional noturno, fundo garantia por
tempo de serviço (FGTS), licença maternidade, e ainda receberão bônus de final de ano (após
a empresa atingir o fluxo de caixa positivo e caso a empresa atinja suas metas).
A empresa iniciará com 430 funcionários e chegará ao 7º ano com 450 pessoas (≅ 1%
ao ano) em seus quadros. Esse crescimento gradual é justificado pela progressiva
automatização dos processos, visando aprimorar a eficiência operacional e a produtividade. É
importante destacar que, dentro do conjunto total de colaboradores, uma parcela de 5%
corresponde a jovens aprendizes, conforme estipulado pela Lei 10.097/00. Essa abordagem
não só amplia as oportunidades para inovação, mas também busca aproveitar os incentivos
fiscais disponibilizados às empresas, incluindo redução de 2% do FGTS, 30% do IR, dispensa
de aviso prévio remunerado e isenção da multa rescisória (Bonamigo Contabilidade, 2023).
Figura 26 – Organograma.
Setor Nº de
Funcionários
Qualidade/Tratamento de Resíduos 75
P&D 15
Produção 127
PCP 9
Comercial 18
Administrativo 19
Financeiro 10
Manutenção 40
RH 19
Jurídico 6
Marketing 11
Almoxarifado 23
TI 20
Expedição 18
Suprimentos 20
Terceirizações (Segurança, Limpeza, Alimentação e Brigada de 102
Incêndio)
Fonte: Elaborada pelos autores.
necessária a produção de aproximadamente 150.000 t/ano de ácido lático. Esta escala de PLA
que representaria mais de 10% da capacidade mundial de produção de PLA estimada em 2021
(670.000 toneladas), e capaz de impactar significativamente o mercado nacional e
internacional, sobretudo sendo compatível com a crescente demanda mundial e com as escalas
produtivas observadas em outras plantas já estabelecidas no mundo (Prismate Consulting,
2023).
Obs.: A área estimada para a unidade é de 125.000 m2, alinhada com os tamanhos de plantas de ácido
lático e PLA em operação em todo o mundo.
Por se tratar de uma empresa química, também será exigida uma atenção maior quanto
ao licenciamento ambiental, com o objetivo de aliar desenvolvimento econômico com
preservação da natureza. Resíduos do processo de produção do PLA como metanol (solvente)
e sulfato de cálcio (gesso), podem ser extremamente nocivos ao meio ambiente. Logo, a nova
empresa deverá e manterá suas operações dentro das normas estabelecidas pela Resolução Nº
237 do CONAMA que define os procedimentos de licenciamento ambiental durante a
102
implementação e operação do projeto, com expedição das três licenças ambientais necessárias:
Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO) (Sardão, 2017).
sejam eles líquidos (água, clorofórmio e metanol) e sólidos (biomassa e oligômeros residuais),
quando possível, serão vendidos para geração de receita, caso contrário, serão tratados
internamente ou encaminhados para tratamento off-site. A gestão dos processos de tratamento
será realizada pela equipe de tratamento de resíduos da empresa.
da revenda de produtos das instalações seria gerada após a vida útil da planta (Kwan et al.,
2018).
(Continua)
(Conclusão)
Fonte: Adaptado de Kwan et al. (2018), Manandhar & Shah (2023), Yulius (2017), Humbird et al.
(2011) e Baral & Shah (2016).
(Continua)
(Contínua)
(Conclusão)
Fonte: Adaptado de Kwan et al. (2018), Manandhar & Shah (2023), Yulius (2017), Humbird et al.
(2011) e Baral & Shah (2016).
Após determinar o capital inicial para estabelecer as novas plantas de ácido lático e
PLA, é crucial definir os custos anuais de operação, abrangendo tanto os custos variáveis
(matérias-primas, mão de obra, eletricidade, vapor, água, logística, manutenção, laboratório,
suprimentos operacionais e impostos) quanto os custos fixos (depreciação, seguro, despesas
gerais). Todos os custos mencionados, estão detalhadamente resumidos na Tabela 17.
109
Dentro dos custos anuais de operação, um aspecto relevante e que está intimamente
ligado à receita do projeto é o custo logístico envolvido no transporte dos produtos (PLA e
gesso), detalhado no Anexo 6.5. Existem dois tipos de contrato de envio: o CIF (Cost,
Insurance and Freight), onde o vendedor fica responsável pelos custos, e o FOB (Free on
Board), no qual o comprador assume os riscos e custos. Devido à natureza dos produtos da
Biosolutions PLA, os mercados consumidores, volumes de carga e valores de venda, foi
decidido utilizar o modelo FOB para o mercado interno e o modelo CIF para o mercado
externo (Guarnieri, 2022).
110
A escolha do modelo FOB para o mercado interno visa viabilizar a venda do gesso
(inviável quando o custo logístico é considerado) e proporcionar maior controle ao comprador
sobre a logística, permitindo-lhe trabalhar com transportadoras de sua confiança. Para o
mercado externo, devido à necessidade de coordenar dois meios de transporte (rodoviário e
naval) para garantir o cumprimento dos prazos e priorizar um preço de venda competitivo,
optou-se pelo CIF, com a empresa assumindo os custos logísticos, após firmadas algumas
parcerias com transportadores para redução de custos e maior segurança na entrega.
Tabela 18 – Receita bruta esperada para todos os fluxos de caixa do projeto estudado.
Ano do PLA Gesso Bruto PLA (FOB) Gesso Bruto Receita Bruta
Projeto Produzido (t) Produzido (t) (US$/t) (FOB) (US$)
(US$/t)
0-1 0 0 2.836,00 12,00 0
2 70.000 72.479 2.836,00 12,00 199.389.748,00
3 80.000 82.833 2.836,00 12,00 227.873.996,00
4 90.000 93.187 2.836,00 12,00 256.358.244,00
5-21 100.000 103.541 2.836,00 12,00 284.842.492,00
Fonte: Adaptado de Chemanalyst (2023a) e Statista (2024b).
Após estimar a receita bruta prevista para o projeto, é crucial ponderar sobre os
principais tributos que afetarão os lucros da nova empresa. De acordo com o SEBRAE (2020),
os principais tributos fixos incidentes sobre Biosolutions PLA serão (Sebrae, 2020):
111
Ademais, foram analisados cenários nos quais a TMA era superior a 15%, para prever
o comportamento do novo negócio diante de cenários de incerteza que poderiam levar ao
aumento das taxas de juros praticadas no mercado. Observou-se, então, uma diminuição no
VPL e um aumento no período de payback, indicando a redução da atratividade do projeto.
Logo, optou-se por manter uma TMA de 15%, já que esta proporciona um bom prêmio em
comparação com as taxas de juros mais comuns, como a TJLP de 6,53%, a TLP de 9,92% e a
Taxa Selic de 11,25%. O projeto revelou-se sensível aos custos variáveis, especialmente os
relacionados à obtenção das matérias-primas (elevada demanda de melaço de cana-de-açúcar),
que sozinha representa cerca de 61,89% do total anual de US$ 185.197.119,34 em custos
variáveis (BNDES, 2024a; IBGE, 2024; BNDES, 2024b; Nubank, 2024).
Por fim, um gráfico foi elaborado para ilustrar a relação entre as receitas e os custos
operacionais, com o objetivo de analisar o ponto de equilíbrio, um indicador importante para a
segurança do projeto. Este gráfico é apresentado na Figura 28. Observa-se que cerca de
20.000 toneladas de PLA e gesso precisam ser vendidas por ano para igualar as receitas aos
custos de operação. Isso demonstra a solidez e segurança do novo negócio, especialmente
diante do crescimento significativo, a cada ano, da demanda global por PLA. Vale ressaltar
que a maior parte da produção da Biosolutions PLA será destinada ao mercado externo,
extremamente aquecido devido às novas diretrizes adotadas globalmente para um
desenvolvimento mais sustentável e consciente.
Q (t)
5. CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou a avaliação técnico-econômica de um projeto preliminar de
uma unidade industrial para produção de ácido lático e PLA no Brasil, a partir do melaço de
cana-de-açúcar utilizando bactérias do gênero Lactobacillus. O modelo produtivo integrado é
dividido em duas etapas: a obtenção do ácido lático (monômero) e a obtenção do PLA
(polímero). Foram adotadas rotas de produção amplamente utilizadas na indústria e
reconhecidas por sua maturidade tecnológica. A rota para obtenção do ácido lático envolveu o
processo tradicional de fermentação, com produção de gesso. Já a polimerização do PLA foi
realizada por meio da abertura do anel do lactídeo. Após simulação do processo, observou-se
conversões de açúcares do melaço em ácido lático de aproximadamente 85% e de ácido lático
em PLA superiores a 79%.
O cenário analisado neste estudo demonstra ser economicamente viável, com VPL de
US$ 47.640.716,06, TIR de 20% e período de payback de 10,10 anos. O preço de venda de
PLA foi estabelecido em US$ 2.836,00/t, comparável aos valores praticados mundialmente.
Após análise do ponto de equilíbrio, constatou-se que os custos variáveis, especialmente
relacionados à matéria-prima, e os custos diretos, principalmente com equipamentos, exercem
um impacto significativo no desempenho econômico da planta. Portanto, melhorias na
eficiência dos processos e a redução dos custos com matérias-primas e equipamento podem
contribuir para a diminuição dos custos de produção e para o aprimoramento da viabilidade
técnico-econômica do projeto. Além disso, a exportação do PLA teve uma influência
substancial nos custos de produção, devido aos custos logísticos e à carga tributária associada.
6. ANEXOS
6.1 Matérias-primas
Tabela 19 – Custo com matéria-prima para produção de ácido lático a partir da fermentação do melaço da cana-de-açúcar por bactérias.
Matéria-Prima Custo Unitário (FOB) (US$/t) Quantidade Necessária (t/ano) Custo Total (FOB) (US$/ano)
Melaço da Cana-de-Açúcar US$ 195,97 320.541 US$ 62.815.831,60
Hidróxido de Cálcio (Ca(OH)2) US$ 160,00 62.883 US$ 10.061.222,40
Ácido Sulfúrico (H2SO4) US$ 86,60 83.240 US$ 7.208.543,30
Metanol (CH3OH) US$ 315,71 14.593 US$ 4.607.097,59
Cultura Bacteriana (Lactobacillus delbrueckii) US$ 460,00 12 Unidades US$ 5.520,00
(1 Cepa/Mês)
Nutrientes US$ 2.333,00 6.381 US$ 14.886.266,42
(Extrato de Levedura + Licor de Milho)
Água (m3) 0,724 22.439 US$ 16.245,84
Total (US$) - - US$ 99.600.727,14
Fonte: Adaptado de Usina Coruripe (2023), Business Analytic (2024a), Business Analytic (2024b), Business Analytic (2024c), ATCC (2024), IndexBox
(2023), Lian et al. (2023) e SNIS (2023).
116
Tabela 20 – Custo com matéria-prima para produção de PLA a partir do ácido lático.
Matéria-Prima Custo Unitário (FOB) Quantidade Necessária (t/ano) Custo Total (FOB) (US$/ano)
(US$/t)
Ácido Lático - 146.103 -
Acetato de Etila (C4H8O2) US$ 1.010,00 5.688 US$ 5.744.556,80
Poliglicerol-10 US$ 2.982,00 61 US$ 182.736,96
Clorofórmio (CHCl3) US$ 613,33 6.128 US$ 3.758.314,49
Metanol (CH3OH) US$ 315,71 9.804 US$ 3.095.354,77
Octoato de Estanho (Catalisador) US$ 11.750,00 128 US$ 1.500.240,00
Nanopartícula de Óxido de Zinco (Catalisador) US$ 2.000,00 369 US$ 737.800,00
Total (US$) - - US$ 114.619.730,16
Fonte: Adaptado de Business Analytic (2024d), Echemi (2024), Business Analytic (2024e), Business Analytic (2024c), Made In China (2024), Alibaba
(2024).
117
6.2 Utilidades
Tabela 21 – Preço unitário das utilidades e serviços necessários a produção de ácido lático e PLA.
Utilidade/Serviço Custo Unitário (US$)
Eletricidade (kWh) 0,14
Vapor BP (t) 20,58
Água de Resfriamento (m3) 4,51
Água de Gelada (m3) 2,77
Fonte: Adaptado de ANEEL (2023), Intratec (2019a), Intratec (2019b) e Intratec (2019c).
6.5 Logística
Produto Produção Método de Capacidade Nº Carregamento Margem Valor Valor Valor Total
(t/dia) Transporte (t) Carregamentos/dia Máximo de Unitário Total (R$/ano)
(t/dia) Segurança (R$) (R$/dia)
(t)
PLA 187 Truck 19,50 9 175,5 11,2 27.496,00 247.464,00 88.344.658,00
Navio 30,82 6 184,9 - 50.000,00 300.000,00 107.100.000,00
Custo Logístico Total (R$) R$ 195.444.648,00
Custo Logístico Total (US$) US$ 39.088.929,60
Obs. 1: O carregamento máximo por dia foi estimado com base no tempo médio de carregamento de cada método de transporte.
Obs. 2: A margem de segurança é a quantidade de estoque que a empresa mantém para garantir que possa atender à demanda em situações imprevistas.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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