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Panorama de Siflis Adquirida Na População Idosa

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PANORAMA EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE SÍFILIS

ADQUIRIDA NA POPULAÇÃO IDOSA

Cândida Virllene Souza de Santana 1


Yasmin Maria Sátiro Cruz Tavares 2

INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) constituem um importante problema


ISSN: 2318-0854
de saúde pública, que afeta diversos segmentos sociais em todo o mundo. Nesse contexto, a
sífilis se destaca no território brasileiro pela elevada prevalência, a despeito de apresentar
diagnóstico e tratamento bem estabelecidos (HOLZMANN et al., 2022). Caracteriza-se por
ser uma infecção bacteriana reemergente que atinge o ser humano há séculos, com potencial
sistêmico e de gravidade, tendo o contato sexual desprotegido como a principal forma de
transmissão (BRASIL, 2022). Nesse sentido, fica notável a importância da atenção das
autoridades sanitárias e da elaboração de políticas públicas voltadas para as ISTs, como a
sífilis (MENEZES et al, 2021).
As ISTs são abordadas, sobretudo, a partir de um direcionamento focado no público
jovem. Contudo, a transição demográfica que o país experimenta, com o remodelamento da
pirâmide etária, revela a premência de ofertar atenção à saúde sexual da população idosa.
Além disso, as evidências apontam para a tendência de um significativo aumento das IST na
terceira idade, o que ratifica a necessidade da promoção de saúde e prevenção de doenças para
a categoria (ARAÚJO et al., 2023).
Todavia, apesar dos direitos sexuais serem considerados direitos humanos, observa-se
que há um considerável cerceamento deles no tocante às pessoas com mais idade, oriundo de
julgamentos, preconceitos e tabus sobre a vida sexual ativa nessa faixa etária (PINTO et al.,
2019). Tal realidade precisa ser modificada, pois consiste em uma prática etarista que
prejudica a qualidade de vida e invisibiliza os integrantes do grupo.
O presente estudo é relevante para demonstrar a necessidade de evidenciar a
ocorrência da sífilis nos idosos, uma vez que a temática das ISTs envolvendo tal público ainda

1
Graduanda do Curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, virllenecandida@gmail.com;
2
Graduanda do Curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, yasminmariasct@gmail.com;
é pouco explorada e debatida no meio social. Logo, observar os fatores epidemiológicos
relacionados à problemática torna-se fundamental para a compreensão da situação no decorrer
do tempo, a fim de estimular uma oferta de saúde mais direcionada e de acordo com as
necessidades específicas do grupo em questão.
O objetivo do estudo é analisar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis adquirida
na população idosa e os fatores relacionados, no Brasil, no período de 2011 a 2021.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, com abordagem quantitativa,


desenvolvido por meio de dados do Departamento de InformáticaISSN: 2318-0854
do Sistema Único de Saúde
(DATASUS) do período de 2011 a 2021. Foram incluídos dados da população com sessenta
anos ou mais, utilizando as seguintes variáveis: sexo, escolaridade, ano de notificação e região
de notificação.
Foram usadas tabelas confeccionadas no EXCEL para a operacionalização da coleta
dos dados obtidos no TABNET do DATASUS, sendo os resultados apresentados através de
análise estatística descritiva. De acordo com a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional
de Saúde, por utilizar informações de caráter secundário, oriundas de banco de dados que
possui acesso e domínio públicos, o presente trabalho dispensa registro e aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em valores absolutos, observa-se que no período de 2011 a 2021, houve um total de


75208 notificações de casos de sífilis na população com sessenta anos ou mais. Em uma
análise mais detalhada, nota-se um aumento em todos os anos desde 2011 a 2019. Houve uma
queda das notificações em 2020 e 2021, sendo mais acentuada no ano 2021. Estudos apontam
que tal fato pode ser decorrente de uma subnotificação no período pandêmico, no qual as
pessoas ficaram mais isoladas.
Com relação à população jovem e adulta, o número de casos de sífilis adquirida é menor
na população idosa. A partir de sessenta anos, há uma queda intensa das notificações.
Ademais, existe uma maior incidência no subgrupo entre sessenta e sessenta e quatro anos de
idade, com menos casos na faixa etária de oitenta anos ou mais.
No que tange às regiões de notificação, tem-se o seguinte escalonamento, em ordem
decrescente, levando em consideração valores absolutos referente ao número de notificação
de sífilis adquirida na população com sessenta anos ou mais do período estudado: Sudeste,
Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. A Região Sudeste apresenta a maior quantidade de casos
na faixa etária, com uma somatória de cerca de 42 mil casos. Também é a que possui a
população total mais numerosa e a maior quantidade de casos na população geral. O número
de casos na faixa etária é diretamente proporcional à quantidade de casos na população total
em todas as regiões. A título de exemplo, a Região Norte apresenta a menor quantidade de
casos no total e a menor quantidade de casos na faixa etária de sessenta anos ou mais.
ISSN: 2318-0854
Na comparação das notificações com relação ao sexo, tem-se o seguinte panorama em
números absolutos: 45061 casos referentes ao sexo masculino e 30106 relativos ao sexo
feminino. Assim, depreende-se que a população masculina idosa é a mais afetada pela IST em
questão, o que pode ser devido a padrões culturais e de uma maior exposição a
comportamentos sexuais de risco por homens.
A junção da escolaridade com a faixa etária trata-se de uma combinação mais complexa
de ser analisada. Na população geral, em termos absolutos, existem mais casos na população
com ensino médio completo em comparação à população com o ensino médio incompleto,
essa tendência se mantém na população idosa. Da mesma forma acontece quando se compara
ensino superior completo e incompleto. Os exemplos anteriores, vistos de maneira mais
isolada e superficial, contrariam o pensamento de que a maior escolaridade diminuiria a
quantidade de casos de IST. Em síntese, menores taxas são observadas na população com
ensino superior, seja completo ou incompleto, em comparação aos demais níveis de
escolaridade, na população com mais de sessenta anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os números demonstram a significativa quantidade de casos de sífilis adquirida na


terceira idade, o que ratifica a necessidade da promoção de saúde e prevenção da IST em
análise para a categoria. Logo, observar os fatores epidemiológicos relacionados à
problemática torna-se fundamental para a compreensão da situação no decorrer do tempo, a
fim de estimular uma oferta de saúde mais direcionada às necessidades específicas do grupo
em questão.
Além disso, mais estudos sobre a temática devem ser realizados, inclusive trabalhos
com dados primários, visto que produções sobre o assunto das ISTs na população idosa ainda
são escassas, de uma maneira geral.

Palavras-chave: Envelhecimento, Idoso, Infecções Sexualmente Transmissíveis, Saúde


Sexual, Sífilis.

ISSN: 2318-0854
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças


de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente
Transmissíveis – IST [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022.

DE ARAÚJO, Laís Carvalho Silva et al. SEXUALIDADE E ENVELHECIMENTO:


PROMOVENDO A SAÚDE DO IDOSO. Zenodo, 2023.

HOLZMANN, Ana Paula Ferreira et al. Fatores associados ao diagnóstico da sífilis adquirida
em usuários de um centro de testagem e aconselhamento. Rev. Pesqui.(Univ. Fed. Estado
Rio J., Online), p. e11233-e11233, 2022. ISSN: 2318-0854

MENEZES, Iasmim Lima et al. Sífilis Adquirida no Brasil: Análise retrospectiva de uma
década (2010 a 2020). Research, Society and Development, v. 10, n. 6, p. e17610611180-
e17610611180, 2021.

PINTO, Monique Xavier Romano et al. Sexualidade e envelhecimento: a percepção de idosos


participantes de grupo de convivência. Fisioterapia Brasil, [S.L.], v. 20, n. 1, p. 43-49, 19
fev. 2019.

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