Constitucional I - Aula 03 - Constituição Corrente Conceitual

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DIREITO CONSTITUCIONAL I

Constituição: correntes conceituais,


objeto, elementos, classificação.

Profa. Neila Rejane C. Custódio


@neilacustodio
(74)98811-7526
Tipologias conceituais ou concepções ou acepções de Constituição

 Sentido Sociológico de Constituição- Ferdinand


Lassalle

 A Constituição representa a soma dos fatores reais


de poder, deve refletir o somatório das forças
sociais, econômicas e políticas de uma sociedade.
 Descompasso entre a constituição e os fatores reais
de poder – a constituição será uma simples “folha de
papel”
 Sincronia entre a constituição real e a constituição
jurídica
Sentido Político de Constituição - Carl Schmitt

 A Constituição é o conjunto das decisões


políticas fundamentais (estrutura e órgãos
do Estado, direitos individuais, vida
democrática e etc.) de um povo
 Valoriza mais a vontade do povo do que a
própria norma Constitucional em si: ressalta
mais a questão política do que jurídica. Assim,
por exemplo, se o povo desejar fazer uma
nova Constituição, ou mudar a atual, estará
livre para fazê-lo.
 Defende a distinção de Constituição e de Lei
Constitucional;
Sentido Político de Constituição - Carl Schmitt

 A Constituição é o conjunto das decisões


políticas fundamentais (estrutura e órgãos
do Estado, direitos individuais, vida
democrática e etc.) de um povo
 Valoriza mais a vontade do povo do que a
própria norma Constitucional em si: ressalta
mais a questão política do que jurídica. Assim,
por exemplo, se o povo desejar fazer uma
nova Constituição, ou mudar a atual, estará
livre para fazê-lo.
 Defende a distinção de Constituição e de Lei
Constitucional;
Sentido Jurídico de Constituição de Hans Kelsen

conceito puramente jurídico de Constituição, na


obra “Teoria Pura do Direito”, Hans Kelsen
defende que o Direito deveria preocupar-se
apenas com o dever-ser (as normas jurídicas), e
não com o ser (fatos). Deve- se, pois,
compreender a Constituição como a norma
jurídica fundamental básica, suprema de um
determinado Estado.
A Constituição é fruto da vontade racional do
homem e não das leis naturais.
Hans Kelsen concebe a Constituição em dois
planos: lógico–jurídico e o jurídico-positivo.
Norma hipotética fundamental
- Verticalidade hierárquica para
Lógico- fundamentar a validade lógico
jurídico transcendental da Constituição
jurídico-positiva.
-Norma suposta

Constituição

É a constituição – positivação
da norma suprema.
- Norma posta
Jurídico-
positivo
Sentido Culturalista (Jose Afonso da Silva, Meirelles Teixeira)

A Constituição ao mesmo tempo que é produção


humana (fruto da cultura) ela também é capaz de influir
disciplinado, modificando, a sociedade.

Segundo Bonavides, "é precioso aliar a força normativa


da Constituição, com o respeito e a efetivação do seu
conteúdo", assim, o enfoque culturalista apresenta a
união de vários aspectos sociológicos, econômicos,
jurídicos e filosóficos, e desta maneira, visa conciliar os
sentidos anteriores.
Objeto das Constituições

O objeto das constituições é estabelecer a estrutura do


Estado e de seus órgãos, o modo de assunção do poder
e de como será exercido. Isto é, quem pode exercer a
chefia do Estado e do governo e como se atinge esse
desiderato. Devem elas também estabelecer os limites
de atuação do Estado em face do indivíduo,
assegurando os direitos e garantias fundamentais,
estabelecer também os deveres fundamentais e fixar os
fins do Estado.
Elementos da Constituição

 Elementos orgânicos;
Elementos limitativos;
Elementos sócioideológicos;
Elementos de estabilização constitucional;
Elementos formais de aplicabilidade.
 Elementos orgânicos - são os que contêm normas
que regulam a estrutura do Estado e do Poder, que se
concentram, predominantemente, nos Títulos II (Da
organização do Estado), IV (Da organização dos
Poderes e Sistemas de Governo), Capítulos II e III, do
Título V (Das Forças Armadas e da Segurança Pública)
e VI (Da Tributação e do Orçamento). Ex.: Art. 2º da
CF

 Elementos limitativos - se manifestam nas normas


que consagram o elenco dos direitos e garantias
fundamentais (do Título II da Constituição - Dos
Direitos e Garantias Fundamentais), excetuando-se
os Direitos Sociais. Ex.:Art. 5º, CF.
 Elementos sócioideológicos - normas que revelam o
caráter de compromisso das Constituições modernas
entre o Estado individualista e o Estado Social,
intervencionista, como as do Capítulo II do Título II
(Direitos Sociais) e as dos Títulos VII (Da Ordem
Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social). Ex.:
Art. 3º, CF/88.
Elementos de estabilização constitucional -
consagrados nas normas destinadas a assegurar a
solução de conflitos constitucionais, a defesa da
Constituição, do Estado e das instituições democráticas,
como os encontrados nos arts. 34 a 36 da CF/88; os
arts. 59, I e 60 (processo de emendas à Constituição),
art. 102, I, “a” (controle de constitucionalidade);
 Elementos formais de aplicabilidade - são os
que se acham consubstanciados nas normas que
estabelecem regras de aplicação das normas
constitucionais, assim, o preâmbulo, o dispositivo
que contém as cláusulas de promulgação, as
disposições constitucionais transitórias e o §1º,
art. 5º, que determina que as normas definidoras
dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicabilidade imediata.
Classificação das Constituições
 Quanto à origem:
 Outorgada – Constituição de 1824 (Império), Constituição
de 1937 (Getúlio Vargas), Constituição de 1967 (Ditadura
militar)*
 Promulgadas - Constituição de 1891 (1ª da República),
Constituição de 1934 (democracia social – Const. de
Weimar), Constituição de 1946, Constituição de 1988.
 Cesarista – a participação popular restringe-se a ratificar
a vontade do detentor do poder.
 Pactuadas – “exprime um compromisso instável de duas
forças políticas rivais” – Paulo Bonavides.
AI nº 4/1966 - Art. 1º - É convocado o Congresso Nacional para se reunir extraordinariamente, de 12
de dezembro de 1966 a 24 de janeiro de 1967.
§ 1º - O objeto da convocação extraordinária é a discussão, votação e promulgação do projeto de
Constituição apresentado pelo Presidente da República.
Quanto ao conteúdo

Material – tem como critério a natureza, o conteúdo


das normas: estrutura do Estado, organização dos
poderes e direitos e garantias fundamentais.
Ex.: Constituição do Império de 1824.
“Art. 178. E' só Constitucional o que diz respeito aos
limites, e attribuições respectivas dos Poderes
Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos
Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, póde
ser alterado sem as formalidades referidas, pelas
Legislaturas ordinárias”.
Formal – tem como critério o processo de formação -
CF/1988 – art. 242, § 2º - O Colégio Pedro II, localizado
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita
federal.
Quanto à forma

Escrita – é aquela condensada em um único


documento escrito.
As primeiras Constituições escritas do mundo
foram a dos EUA em 1787 e a Francesa de 1791.

Não Escrita ou Costumeira – é aquela em que as


normas não estão previstas em um único texto, advém
dos costumes, da jurisprudência e de textos
constitucionais esparsos.
 Quanto à extensão

 Sintéticas – são constituições sucintas que tratam


apenas dos aspectos básicos do Estado (organização e
poderes do Estado e direitos e garantias
fundamentais).
Ex.: Constituição dos EUA de 1787 (apenas sete
artigos e vinte e sete emendas)
 Analíticas ou Prolixas- são constituições extensas,
tratam minunciosamente vários aspectos da vida
social, como a economia, a vida familiar, o meio
ambiente, a seguridade social etc.
 Quanto ao modo de elaboração

 Dogmáticas ou sistemática– são sistematizadas em


um documento escrito em um determinado momento
da história político-constitucional de um país,
consolida os dogmas e princípios fundamentais
vigentes no momento da sua elaboração.

 Históricas – são não escritas e surgem lentamente, a


partir dos costumes e das transformações sociais.
Forma-se da evolução histórica das tradições de um
determinado povo.
Ex.: Constituição Inglesa
Quanto à estabilidade

 Rígida – é aquela que não pode ser alterada pelo mesmo


processo de alteração das leis infraconstitucionais.
Requer procedimentos especiais, solenes e formais para
a reforma de suas normas.
 Flexível – pode ser alterada pelo mesmo procedimento
adotado para as normas legais, não existe Supremacia
Constitucional.
 Semirrígida ou semiflexível – possui uma parte rígida e
outra parte flexível.
 Ex.: Constituição do Império de 1824 (art. 178,
Constituição 1824)
 Imutável – constituição que não admite alteração.
 Quanto à ideologia

 Ortodoxa – resulta da consagração de uma única


ideologia.
Ex.: Constituições da União Soviética de 1923,
1936 e 1977

 Eclética ou Pluralista – contempla de forma


democrática diversas ideologias.
Ex.: CRFB/1988 – art. 1º, V- Pluralismo político
 Quanto à finalidade

 Constituição garantia – tem por finalidade garantir


as liberdades públicas contra a arbitrariedade
estatal, limitando-se praticamente a isso.

 Constituição dirigente ou social – se caracteriza por


conter normas definidoras de tarefas e programas de
ação a serem concretizados pelos poderes públicos.
CRFB/1988 – art. 3º - objetivos fundamentais da
República.
 Quanto ao modo de ser (Karl Loewenstein) – critério da
eficácia em face da realidade, é lastreada "na
conformação constitucional quanto à realidade do
processo de poder político”.

Constituição normativa – é aquela em que as normas


dominam o processo político, visam submeter o processo
político à observância e termos da constituição. Faz com
que o poder se adapte ao texto constitucional. A
constituição é efetivamente aplicada.
 Quanto ao modo de ser (Karl Loewenstein) –

Constituição nominal – é aquela em que o processo


político não se adapta às suas normas. É carente de
realidade existencial, pois apesar de ser juridicamente
válida, o processo político a ela não se curva ou se adapta
adequadamente. Não é aplicada efetivamente.

Constituição semântica – é concebida como instrumento


a serviço do poder, visa estabilizar e eternizar a
intervenção dos dominadores fáticos do poder político.
Consubstancia-se em um modelo constitucional que, em
vez de servir como mecanismo de limitação do poder
estatal, visa apenas à estabilização e conservação da
estrutura de dominação do poder político.
 Classificação de GUSTAVO ZAGREBELSKY - as constituições
atuais podem ser consideradas tanto pluralistas quanto
dúcteis.

Pluralistas - não representam uma única ideologia, já que


são obras de consenso formado a partir de recíprocas
concessões acertadas entre forças políticas distintas.

Dúcteis - veiculam conteúdos tendencialmente


contraditórios entre si, sem que se lhes possa traçar uma
hierarquia rigorosa. Pelo contrário, eles devem ser assim
preservados, de modo a conceder ampla margem à
configuração legislativa, além de abertos a possíveis
ponderações judiciais. Estabelecem mútuas relações entre
legislador e juiz, política e justiça.
Classificação da Constituição Brasileira de 1988

 Quanto ao conteúdo: formal


 Quanto à forma: escrita
 Quanto à estabilidade: rígida
 Quanto à origem: promulgada ou democrática
 Quanto à extensão: analítica
 Quanto à finalidade: dirigente ou social
 Quanto ao modo de elaboração: dogmática
 Quanto à ideologia: eclética
 Quanto ao modo de ser: normativa

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