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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 9

17/09/2014 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 559.937 RIO GRANDE DO


SUL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


EMBTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMBDO.(A/S) : VERNICITEC LTDA
ADV.(A/S) : ALEXANDRE JOSÉ MAITELLI E OUTRO(A/S)

EMENTA

Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário.


Pedido de modulação de efeitos da decisão com que se declarou a
inconstitucionalidade de parte do inciso I do art. 7º da Lei 10.865/04.
Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade.
1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é
medida extrema que somente se justifica se estiver indicado e
comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões
recursais não contém indicação concreta, nem específica, desse risco.
2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao
contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que
eventualmente tenham sido recolhidos.
3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos
julgamentos tal como formalizada, dando-se primazia à Constituição
Federal.
4. Embargos de declaração não acolhidos.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, sob a presidência do
Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos e nos
termos do voto do Relator, em rejeitar os embargos de declaração.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 6835267.
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Ementa e Acórdão

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RE 559937 ED / RS

Brasília, 17 de setembro de 2014.

MINISTRO DIAS TOFFOLI


Relator

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Relatório

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17/09/2014 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 559.937 RIO GRANDE DO


SUL

RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI


EMBTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMBDO.(A/S) : VERNICITEC LTDA
ADV.(A/S) : ALEXANDRE JOSÉ MAITELLI E OUTRO(A/S)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


União requer a modulação de efeitos da decisão em que se declarou
a inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso I, da Lei
10.865/04:

“acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas


à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação
[ICMS] incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das
próprias contribuições”.

A União fundamenta sua pretensão

“em recentes práticas desse excelso Tribunal, no princípio


da segurança jurídica, e na relevância e excepcionalidade do
interesse social, haja vista os valores econômicos empolgados”.

No que concerne ao relevante interesse social, invoca as mesmas


razões utilizadas no julgamento do RE nº 556.664, no qual se reconheceu
como legítimo o recolhimento, nos prazos previstos nos arts. 45 e 46 da
Lei nº 8.212/91, das contribuições previdenciárias que não tenham sido
impugnadas até a data do citado julgamento. Naquela ocasião, segundo
alega, a postulação da Fazenda decorreu do forte impacto negativo no

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RE 559937 ED / RS

orçamento da seguridade social. Para corroborar sua argumentação, junta


Nota CETAD/COAST nº 103/2003 da Receita Federal, que, no seu
entender,

“demonstra que[,] para o ano de 2013[,] estima[va]-se


perda de arrecadação no valor de R$ 3,23 bilhões de reais. E[,]
considerando o período entre 2008 e 2012, se acaso (sic) não
[seja] concedida a modulação requestada, estima-se um impacto
negativo na ordem de R$ 14,29 bilhões de reais”.

É o relatório.

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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

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17/09/2014 PLENÁRIO

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 559.937 RIO GRANDE DO


SUL

VOTO

O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR):


Como relatado, a União requer a modulação de efeitos da decisão
com que se declarou, por violação do art. 149, § 2º, III, a, da CF - acrescido
pela EC 33/01 -, a inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7º, inciso
I, da Lei 10.865/04:

“(...) acrescido do valor do Imposto sobre Operações


Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do
valor das próprias contribuições.”

Em primeiro lugar, note-se que está assente na Corte a possibilidade


de aplicação do instituto da modulação de efeitos em processo subjetivo.
A pretendida modulação dos efeitos da declaração de
inconstitucionalidade é, no entanto, medida extrema, que somente se
justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à
ordem social. As razões recursais não contêm qualquer indicação
concreta, nem específica, desse risco.
A mera alegação de perda de arrecadação não é suficiente para
comprovar a presença do excepcional interesse social a justificar a
modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade na forma
pretendida.
Note-se que modular os efeitos, no caso dos autos, importaria em
negar o próprio direito ao contribuinte de repetir o indébito de valores
que eventualmente tenham sido recolhidos.
Como ressaltou o Ministro Cezar Peluso, quanto ao pedido de
modulação feito nos autos do RE nº 363.852/MG,

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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

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RE 559937 ED / RS

“se[,] em todos os casos de decisão de


inconstitucionalidade em matéria tributária, o Tribunal
dispuser que só valerá dali para a frente, a repetição de indébito
tributário e a prescrição não serv[irão] para mais nada”.

Merece destaque, também, o voto da Ministra Cármen Lúcia nesse


mesmo caso, segundo o qual,

“(...) a não ser em situações excepcionalíssimas, em que a


execução do que nós decidimos gere [m]ais problemas sociais,
principalmente, não econômicos ou financeiros, mas sociais,
que realmente poderiam ensejar uma prática dessa natureza em
caráter excepcionalíssimo, nós temos de manter até o que é
pedagógico para os órgãos do Estado. Não se pode afrontar a
Constituição, nem nós aqui, que nos submetemos à
Constituição, nem o Congresso Nacional, nem o Poder
Executivo. [Errando], eu pago na minha vida pessoal e o Estado
paga também quando ele erra. Então, não se pode fazer
realmente disso uma prática comum”.

Como ponderou o Ministro Joaquim Barbosa, ao apreciar o AI nº


557.237/RJ,

“(...) em matéria tributária, a aplicação de efeitos


prospectivos à declaração incidental de inconstitucionalidade
demanda um grau ainda mais elevado de parcimônia,
porquanto é um truísmo afirmar que os valores arrecadados
com a tributação se destinam ao emprego em finalidades
públicas. Portanto, não basta ao sujeito ativo apontar a
destinação de índole pública do produto arrecadado para
justificar a modulação temporal dos efeitos de declaração de
inconstitucionalidade, sob o risco de se inviabilizar qualquer
pretensão de restituição de indébito tributário, em evidente
prejuízo da guarda da constitucionalidade e da legalidade das
normas que instituem as exações.

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Voto - MIN. DIAS TOFFOLI

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 9

RE 559937 ED / RS

Evidentemente, a possibilidade que o sistema jurídico


confere ao Supremo Tribunal Federal para modular no tempo
os efeitos da declaração de inconstitucionalidade e a destinação
do produto da arrecadação ao exercício de atividades estatais
não podem redundar na imunização do Estado ao dever de
zelar pela validade das normas jurídicas que cria, favorecendo
assim a especulação legal”.

Aspecto relevante na apreciação de pedidos de efeitos prospectivos à


declaração de inconstitucionalidade de normas de incidência, diz respeito
ao papel exercido pela prescrição e pela decadência tributárias, institutos
que já atuam na salvaguarda do Erário. No RE nº 596.177, Plenário, o
Ministro Relator, Ricardo Lewandowski, ao negar o pedido de
modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade da
contribuição do FUNRURAL, observou o seguinte:

“[Q]uanto ao possível ingresso de incontáveis demandas


pleiteando o ressarcimento dos valores referentes à contribuição
em tela, há de se destacar a limitação trazida pelo instituto
jurídico da prescrição.”

A segurança jurídica está, na verdade, na proclamação do resultado


dos julgamentos tal como formalizada, dando-se primazia à Constituição
Federal, exercendo, assim, o Supremo o papel que lhe é reservado - o de
preservar a Carta da República e os princípios que a ela são ínsitos.
Diante do exposto, indefiro o pedido de modulação dos efeitos da
decisão embargada, motivo pelo qual não acolho os embargos de
declaração.
É como voto.

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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17/09/2014 PLENÁRIO

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SUL

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Presidente,


acompanho o relator. Não consigo vislumbrar, no caso, a possibilidade de
modulação. Agora, não sei se teremos oito votos para chegar à modulação
parcial.

O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI


(PRESIDENTE) - Não, mas ele está rejeitando. Votação unânime pela
rejeição dos embargos.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Está bem.

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Extrato de Ata - 17/09/2014

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 559.937


PROCED. : RIO GRANDE DO SUL
RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI
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EMBDO.(A/S) : VERNICITEC LTDA
ADV.(A/S) : ALEXANDRE JOSÉ MAITELLI E OUTRO(A/S)

Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do


Relator, rejeitou os embargos de declaração. Ausentes,
justificadamente, o Ministro Roberto Barroso, participando do
“Yale Global Constitutionalism Seminar”, na Universidade de Yale,
e, neste julgamento, o Ministro Teori Zavascki. Presidiu o
julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 17.09.2014.

Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Presentes


à sessão os Senhores Ministros Celso de Mello, Marco Aurélio,
Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber e
Teori Zavascki.

Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot Monteiro de


Barros.

p/ Fabiane Pereira de Oliveira Duarte


Assessora-Chefe do Plenário

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