Imunidade tributária Sociedade de Economia Mista

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 12

Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 12

09/08/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 944.558 MINAS


GERAIS

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE BELO
HORIZONTE
AGDO.(A/S) : COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS
ADV.(A/S) : NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES

EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.


REQUISITOS. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS
PÚBLICOS. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A
JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE
TRÂNSITO. RECURSO MANEJADO EM 1º.6.2016.
1. O entendimento adotado pela Corte de origem, nos moldes do
assinalado na decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada
no Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a imunidade tributária
prevista na alínea “a” do art. 150, VI, da Constituição Federal alcança a
sociedade de economia mista prestadora de serviço público essencial, sem
caráter concorrencial.
2. As razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar
os fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
3. Considerado o trabalho adicional realizado em grau recursal,
majoro em 10% (dez por cento) os honorários anteriormente fixados,
obedecidos os limites previstos no artigo 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015.
4. Agravo regimental conhecido e não provido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, na conformidade da ata

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537868.
Supremo Tribunal Federal
Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 12

ARE 944558 AGR / MG

de julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em negar


provimento ao agravo regimental, majorado o valor da verba honorária
fixada anteriormente, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Senhor
Ministro Marco Aurélio. Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto
Barroso.

Brasília, 09 de agosto de 2016.

Ministra Rosa Weber


Relatora

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537868.
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 12

09/08/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 944.558 MINAS


GERAIS

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE BELO
HORIZONTE
AGDO.(A/S) : COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS
ADV.(A/S) : NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES

RELATÓRIO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Contra a decisão por


mim proferida, pela qual negado seguimento ao recurso, maneja agravo
regimental o Município de Belo Horizonte.
A matéria debatida, em síntese, diz com o preenchimento dos
requisitos por sociedade de economia mista prestadora de serviços
públicos para fazer jus à extensão da imunidade tributária.
O agravante ataca a decisão impugnada ao argumento de que a
violação dos preceitos da Constituição Federal se dá de forma direta.
Sustenta que há tese firmada no RE 599.176 “[...] no sentido de que os
serviços de transporte ferroviário prestados por sociedade de economia mista
estão fora do alcance da imunidade tributária recíproca, [...] que o voto proferido
pelo Ministro Joaquim Barbosa, no que acompanhado pela maioria desse STF,
afirmou que a imunidade tributária recíproca não se aplica aos casos em que a
sociedade de economia mista prestadora de serviço público cobra tarifa do usuário
[...]” (doc. 10, fl. 04). Alega a existência de dois paradigmas com
repercussão geral reconhecida, o Tema 385, RE 694.015-RG/SP, e o Tema
508, RE 600.867-RG/SP. Requer a aplicação do art. 543-B do CPC/1973 ou o
sobrestamento do feito.
O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais julgou a
controvérsia em decisão cuja ementa reproduzo:

“TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537869.
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 12

ARE 944558 AGR / MG

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. IMÓVEL DA


COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS (CTBU).
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. DELEGATÁRIA DE
SERVIÇO PÚBLICO. DESEMPENHO DE ATIVIDADE EM
REGIME DE MONOPÓLIO DA UNIÃO. PRECEDENTE DO
STF (RE 253.472, TRIBUNAL PLENO, DJ 25.8.2010). FIXAÇÃO
DE REQUISITOS PARA ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE
GOZO DA REFERIDA IMUNIDADE. PREENCHIMENTO DOS
REFERIDOS REQUISITOS PELA EMBARGANTE.
RECONHECIMENTO DO DIREITO À IMUNIDADE
CONSTITUCIONAL. RECURSO PROVIDO.
A imunidade tributária recíproca não se estende às
empresas públicas e sociedades de economia mista que
exploram atividades econômicas regidas pelas normas de
direito privado e que visem à percepção de lucro, sob pena de
configurar concorrência desleal.
Contudo, necessário impõem-se, na aplicação da referida
imunidade, diferenciar as empresas públicas e sociedades de
economia mista exploradoras de atividades econômicas, as
prestadoras de serviço público e, por fim, aquelas prestadoras
de serviço público em regime de monopólio, na condição de
delegatárias da administração pública direta.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 253472,
da Relatoria p/acórdão do Ministro Joaquim Barbosa, fixou os
critérios a serem aferidos para atribuição ou não do gozo da
imunidade recíproca às empresas públicas e sociedades de
economia mista.
Constatado que a CTBU atende aos referidos requisitos,
necessário conceder-lhe o gozo da imunidade tributária
recíproca.
Recurso provido.” (Doc. 05, fl. 83.)

Acórdão recorrido publicado em 25.5.2015.


Recurso manejado em 1º.6.2016.
Intimada a agravada em 08.6.2016, apresentou contraminuta (doc.
14).

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537869.
Supremo Tribunal Federal
Relatório

Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 12

ARE 944558 AGR / MG

É o relatório.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537869.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 12

09/08/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 944.558 MINAS


GERAIS

VOTO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Preenchidos os


pressupostos genéricos, conheço do agravo regimental e passo ao exame
do mérito.
Nada colhe o agravo.
Conforme consignado, o entendimento adotado no acórdão
recorrido não diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste
Supremo Tribunal Federal, razão pela qual não há falar em afronta aos
preceitos constitucionais invocados no recurso, a teor da decisão que
desafiou o agravo, verbis:

“Vistos etc.
Contra o juízo negativo de admissibilidade do recurso
extraordinário, exarado pela Presidência do Tribunal a quo, foi
manejado agravo. Na minuta, sustenta-se que o recurso
extraordinário reúne todos os requisitos para sua admissão.
Aparelhado o recurso na afronta aos arts. 150, VI, “a”, 156 e 173,
§ 1º, da Constituição Federal. Decisão recorrida publicada em
09.10.2015.
É o relatório.
Decido.
Preenchidos os pressupostos extrínsecos.
Da detida análise dos fundamentos da decisão
denegatória de seguimento do recurso extraordinário, bem
como à luz das razões de decidir adotadas pelo Tribunal de
origem, por ocasião do julgamento do recurso veiculado na
instância ordinária, concluo que nada colhe o agravo.
O entendimento adotado no acórdão recorrido não
diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo
Tribunal Federal, razão pela qual não se divisa a alegada ofensa
aos dispositivos constitucionais suscitados. Nesse sentido:

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537870.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 12

ARE 944558 AGR / MG

‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO PREDIAL
E TERRITORIAL URBANO – IPTU. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO. IMUNIDADE RECÍPROCA:
APLICABILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.’ (RE
773131 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda
Turma, julgado em 17/12/2013, PROCESSO ELETRÔNICO
DJE de-026 DIVULG 06-02-2014 PUBLIC 07-02-2014).

‘DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO.


IPTU. IMUNIDADE. ART. 150, VI, “A” DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. SERVIÇO PÚBLICO DE
TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.
PRECEDENTES. CONSONÂNCIA DA DECISÃO
RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA
CRISTALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE
TRÂNSITO. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM
11.6.2014. 1. O entendimento adotado na decisão agravada
reflete a jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo
Tribunal Federal, no sentido de que a imunidade tributária
prevista na alínea “a” do art. 150, VI, da Constituição
Federal alcança a sociedade de economia mista prestadora
de serviço público essencial, sem caráter concorrencial. 2.
As razões do agravo regimental não se mostram aptas a
infirmar os fundamentos que lastrearam a decisão
agravada. 3. Agravo regimental conhecido e não provido.’
(RE 918704 AgR, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira
Turma, julgado em 24/11/2015, PROCESSO ELETRÔNICO
DJE de-247 DIVULG 07-12-2015 PUBLIC 09-12-2015).

Nesse sentir, não merece processamento o apelo extremo,

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537870.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 12

ARE 944558 AGR / MG

consoante também se denota dos fundamentos da decisão que


desafiou o recurso, aos quais me reporto e cuja detida análise
conduz à conclusão pela ausência de ofensa a preceito da
Constituição da República.
Nego seguimento (art. 21, § 1º, do RISTF).”

Irrepreensível a decisão agravada.


A suposta ofensa aos postulados constitucionais invocados no apelo
extremo somente poderia ser constatada a partir da análise da legislação
infraconstitucional e da reelaboração da moldura fática delineada no
acórdão de origem, o que torna oblíqua e reflexa eventual ofensa,
insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso
extraordinário. Nesse sentido, cito precedentes de ambas as Turmas desta
Suprema Corte:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. RFFSA.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. REQUISITOS. SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA. SERVIÇOS PÚBLICOS. 1. O deslinde da
controvérsia acerca da análise do preenchimento dos requisitos
para fazer jus à extensão da imunidade recíproca a sociedades
de economia mista prestadoras de serviços públicos demanda o
reexame do contexto fático-probatório e da legislação
infraconstitucional, de modo a inviabilizar o processamento do
apelo extremo. 2. Agravo regimental a que se nega
provimento.” (RE 936.310-AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin,
Primeira Turma, DJE de 08.4.2016.)

“Agravo regimental no recurso extraordinário. Imunidade


recíproca. Artigo 150, VI, a, da CF. RFFSA. Sociedade de
Economia Mista prestadora de serviço público. Requisitos da
imunidade. Matéria infraconstitucional. Fatos e provas. 1. O
Supremo Tribunal Federal já adotou o entendimento de que as
sociedades de economia mista que prestam serviços públicos
são, em princípio, alcançadas pela imunidade tributária

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537870.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 12

ARE 944558 AGR / MG

disciplinada no art. 150, inciso VI, alínea a, da Carta Magna. 2.


O acórdão recorrido acolheu o argumento da União – sucessora
da extinta rede ferroviária federal S/A - de fazer jus à
imunidade relativa aos impostos, por se tratar de pessoa
jurídica prestadora de serviço público. 3. Para dissentir do
julgado recorrido e avançar na análise dos requisitos da
imunidade recíproca de que trata o art. 150, VI, a,
contextualizado com o art. 173, § 2º, da Constituição, necessário
seria a reanálise da causa à luz da legislação infraconstitucional
de regência e do contexto fático e probatório (Súmula 279/STF),
providências vedadas em sede de recurso extraordinário. 4.
Agravo regimental não provido.” (RE 911.498-AgR/SP, Rel. Min.
Dias Toffoli, Segunda Turma, DJE de 26.02.2016.)

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. IMUNIDADE
RECÍPROCA. IPTU. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS. PRETENSÃO CUJO
ACOLHIMENTO DEMANDARIA REEXAME DE FATOS E
PROVAS. SÚMULA 279/STF. PRECEDENTES. 1. O Supremo
reconheceu a possibilidade de extensão da imunidade recíproca
sobre a renda, os bens e o patrimônio de sociedade de economia
mista que desempenha serviço de interesse público em caráter
exclusivo. 2. A instância ordinária apontou preenchimento dos
requisitos necessários para a incidência da imunidade tributária
prevista no art. 150, VI, a, da Constituição Federal . O
acolhimento da pretensão demandaria um novo exame do
acervo fático-probatório. Incide, no caso, a Súmula 279/STF. 3.
Agravo regimental a que se nega provimento.” (ARE 861.545-
AgR/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJE de
29.4.2015.)

Por fim, quanto à alegação de que a matéria discutida no acórdão


recorrido é similar à do RE 594.015-RG/SP e RE 600.867-RG/SP, não assiste
razão ao agravante, por ausência de identidade entre o paradigma
apontado e o caso presente.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537870.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. ROSA WEBER

Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 12

ARE 944558 AGR / MG

As razões do agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os


fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
De outro lado, cumpre destacar que a garantia de prestação
jurisdicional em tempo razoável, decorrência lógica da dignidade da
pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil, passou a
figurar, de forma explícita, entre as cláusulas pétreas, a partir da Emenda
Constitucional 45/2004, quando inserido o inciso LXXVIII no art. 5º da Lei
Maior. Ressalte-se que a proteção contida no referido dispositivo não se
dirige apenas às partes, individualmente consideradas, estendendo-se a
todos os usuários do Sistema Judiciário, porquanto beneficiados pelo
desafogo dos Tribunais Pátrios.
Se a parte, ainda que não interessada na postergação do desenlace da
demanda, utiliza a esmo o instrumento processual colocado à sua
disposição quando já obteve uma prestação jurisdicional completa, todos
os demais jurisdicionados são virtualmente lesados no seu direito à
prestação jurisdicional célere e eficiente.
A utilização indevida das espécies recursais, consubstanciada na
interposição de recursos manifestamente inadmissíveis, improcedentes
ou contrários à jurisprudência desta Suprema Corte como mero
expediente protelatório, desvirtua o próprio postulado constitucional da
ampla defesa e configura abuso do direito de recorrer, a ensejar a
aplicação da penalidade prevista no art. 1021, § 4º, do CPC, calculada à
razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa. Nesse
sentido: ARE 951.191-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, DJe
23.6.2016; e ARE 955.842-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, 2ª Turma, DJe
28.6.2016.
Agravo regimental conhecido e não provido, com aplicação da
penalidade prevista no art. 1021, § 4º, do CPC, calculada à razão de 1%
(um por cento) sobre o valor atualizado da causa. Considerado o trabalho
adicional realizado em grau recursal, majoro em 10% (dez por cento) os
honorários anteriormente fixados, obedecidos os limites previstos no
artigo 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015.
É como voto.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11537870.
Supremo Tribunal Federal
Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 12

09/08/2016 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 944.558 MINAS


GERAIS

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Presidente, a minha


divergência é quanto ao de nº 1 da lista. Continuo convencido de que
sociedade de economia mista não goza de imunidade tributária, da
imunidade recíproca da alínea "a" do artigo 150, inciso VI, da
Constituição Federal, mesmo porque não pode impor tributo a quem
quer que seja, e a imunidade é recíproca.
Por isso, provejo este agravo.

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 11592186.
Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 09/08/2016

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 12

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 944.558


PROCED. : MINAS GERAIS
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
AGTE.(S) : MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
AGDO.(A/S) : COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS
ADV.(A/S) : NELSON WILIANS FRATONI RODRIGUES (3600/AC, 9395A/AL,
598/AM, A598/AM, 1551-A/AP, 24290/BA, 16599-A/CE, 25136/DF, 15111/
ES, 27024/GO, 9348-A/MA, 107878/MG, 13043-A/MS, 11065/A/MT, 15201-
A/PA, 128341-A/PB, 922-A/PE, 8202/PI, 30916/PR, 136118/RJ, 725-
A/RN, 4875/RO, 372-A/RR, 80025A/RS, 23729/SC, 484A/SE, 128341/SP,
4.923-A/TO)

Decisão: Por maioria de votos, a Turma negou provimento ao


agravo regimental, majorado o valor da verba honorária fixada
anteriormente, nos termos do voto da Relatora, vencido o Senhor
Ministro Marco Aurélio. Presidência do Senhor Ministro Luís
Roberto Barroso. 1ª Turma, 9.8.2016.

Presidência do Senhor Ministro Luís Roberto Barroso. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber
e Edson Fachin.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo Gustavo Gonet


Branco.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 11543727

Você também pode gostar