Texto 01 O Que É Aprender
Texto 01 O Que É Aprender
Texto 01 O Que É Aprender
SUMÁRIO
1. Buscando uma definição.
2. O cérebro na aprendizagem.
3. Novas pesquisas sobre o funcionamento do cérebro humano.
4. Condições básicas para a aprendizagem.
5. Processamento da informação.
6. Especialização cerebral.
7. Estilos de aprendizagem.
8. Fatores psicológicos na aprendizagem.
INTRODUÇÃO
"O homem acrescenta conhecimentos sobre conhecimentos: o saber nunca será sufi-
ciente. Se um homem é maior quanto mais ele sabe, a mais nobre ocupação será a de
aprender.
Desde o princípio da sua vida o bebê está aprendendo. Em seu cérebro, trilhões
de neurônios estão esperando para serem conectados. Algumas dessas conexões
foram realizadas pelos genes durante a fertilização: nos circuitos que controlam
a respiração e batimentos cardíacos, nos que regulam a temperatura ou produ-
zem os reflexos. Porém, um grande número de neurônios está pronto, são puros
e seu potencial é infinito. Algum dia estarão conectados para realizar um cálculo
matemático ou, talvez, para escrever uma poesia.
O desenvolvimento da linguagem ilustra bem a aprendizagem nos primeiros
anos. Por volta dos cinco ou seis anos a criança tem um vocabulário de aproxi-
madamente 10.000 palavras. Isto significa que desde seu nascimento tem apren-
dido mais ou menos 2.000 palavras ao ano; isto foi realizado sem um esforço vi-
sível e sem instrução formal 1•
O principal desafio que têm os pais, professores e profissionais que trabalham
com crianças que apresentam dificuldades é ajudá-las a adquirir confian ça em si
mesmas, a acreditar nas suas capacidades. Eles devem saber que as pessoas
aprendem de diferentes modos e que sua energia pode ser encaminhada par a en -
contrar estratégias adequadas para a aprendizagem, ao invés de procu ra r m anei-
ras de esconder suas dificuldades. Por isso, os p rofessores e p rofissiona is que tra-
balham com essas crianças têm uma grande responsabilidade. Suas habilidades
em observar, em detectar o problema, em saber com o d ar o feedback e decidir
como e quando in tervir são de sum a im portância. E stas crianças necessitam de
um ambiente segu ro, estimulante, onde os erros sejam permitidos e assumir ris-
cos seja incentivado . Qua ndo a criança sente que aprender é uma experiência ex-
citante da qu al se pod e desfrutar, então isso .s e transformará em algo que nunca
29
termma. , durando toda a vida. As crianças aprendem a escond er suaf dificuldades
da adoecer,
com comportamentos como ser o palhaço da classe, manter-seca a ' .
fugir das responsabilidades demonstrar desinteresse ou, muitas vezes, pofr mew
d0
mau comportamento. Com ª
' frequência fica isolada, esconde-se ou evi·t azer as
co~~as porque assim ninguém poderá lhe causar dano. Estas ~áscar~s I?r~teto~~
utilizadas para não serem tachadas de incapazes, lentas ou mtrataveis isola
nas socialmente.
É importante ajudar essas crianças a conhecerem seus pontos fortes, a com-
preenderem que suas dificuldades não existem por falta de capacidade e a desco-
brirem estratégias que sejam úteis no seu aprendizado. Em certo sentido a crian-
ça aprende pela i1n agem de si mesma que recebe do outro. Assim sendo, quanto
mais in tegradora for a imagem que proporcionam a ela seus pais e, em seguida,
seus professores, maior será sua possibilidade de reconhecer suas capacidades e
carências.
Os adultos que trabalham com crianças com dificuldades e, as próprias crian-
ças, sabem aquilo que não podem fazer, onde elas falham. Poucas vêzes é men-
cionado aquilo que fazem bem ou aquelas áreas ónde são identificados pontos
fortes. Os comentários dos professores ou dos pais giram em torno da sua imatu-
ridade, desorganização, a forma como se movimentam, a sua linguagem, a
forma como não escutam, como não respondem e como não seguem instruções;
quanto escrevem mal, como leem, as suas dificuldades em matemática ou como
não terminam suas tarefas.
O futuro dessas crianças está nas mãos das pessoas que estão ao seu lado na
aprendizagem; a confiança em si mesmas, a capacidade de tomar decisões, a ha-
bilidade para solucionar problemas, a autonomia, a motivação para atingir obje-
tivos dependerá do quanto elas forem apoiadas. Não existe uma receita única.
Cada criança é um ser humano único, importante. Respeitar essa individualida-
de, aceitar as diferentes formas de sentir, pensar, agir, de aprender é um ponto
básico na educação dessas crianças.
O indivíduo enfrenta o processo de aprendizagem como uma totalidade, ou seja,
a partir dos seus sentimentos, seu corpo, sua capacidade intelectual e do seu es-
quema referencial. Quando surgem dificuldades nesse processo elas não devem
ser enfocadas isoladamente. Apesar de poderem se manifestar na área emocio-
nal, na área orgânica, na área intelectual, ou na social, é importante não perder
de vista que toda a personalidade é afetada.
Aprender é um processo complexo e IJlUltifacetado que apresenta bloqueios e
inibições em todos os seres humanos. E fundamental que, quando um conflito
apareça, não o qualifiquemos como um prob_lema, te?-tando evitar a consciência
da dificuldade. Uma pessoa pode enfrentar diversas situações com seus filh os ou
alunos: às vezes pode parecer obsessivo em relação a uma tarefa, pode aceitá-la
de bom grado ou rejeitá-la quando a vê; às vezes pode apresentar u ma crise dian-
te de um probl_ema que não ~enha co1:_segutdo resolver ~• ~m o~tros casos, pode
trabalhar a dificuldade e aceitar refaze-lo. As vezes participa ativamente na sala
de aula e outras vezes está iso~ada. Todos esses comportamentos aparecem na
mesma criança e não necessanamente refletem um problema. O que os toma
significativos é quando esses comportamentos se repetem.
30
L
1 Buscando uma definição
31
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
nos permitem a organização do conhe- cesso integral que ocorre desde O pri n cíPio
cimento. da vida.
APRENDER
paocESSO INTEGRAL
PSIQUISMO
PR O CESSOS
C O GNITIV O S
Fig. 1.
32
4 Condições necessárias para aprender
Numa situação de aprendizagem tendemos a relembrar melhor o que é apresentado primeiro e depois o que é
apresentado ao final.
45
DIFICU LDADE S DE APRENDIZAGEM
Para poder enten der o compl exo sabiam correr de quatro muito mais
proces so que entra em jogo na apren- rapida mente que seus contem porâne -
dizage m, nos parece muito ilustra tivo os e podiam reconh ecer pelo olfato o
menci onar o caso dos menin os lobo. que podia m ou não comer . Havia m
Por difere ntes circun stânci as eles cres- desenv olvido exclus ivamen te as funçõe s
ceram à marge m da socied ade moder - cujos circuit os tinham sido mantid os
na. Eles foram encon trados em flores- durant e seus prime iros anos de vida.
tas, viven do sozinh os, selvag ens e Vemos , pois, que embor a possuí ssem
afasta dos da civiliz ação. Psicol ogi- a base morfo lógica cerebr al, não tive-
camen te perma neciam em um nível ram a possib ilidad e de que esta se
sub-hu mano. Foram realiza dos muitos desenv olvess e com base na organi za-
estudo s com esses menin os. Por meio ção e reorga nizaçã o funcio nal em
de exame s post morte m foi consta tado virtud e da apren dizag em prátic a e
que a base anatôm ica cerebr al perma - linguís tica que · foram adquir indo du-
necia intact a e norma l. No entant o, rante a vida 19•
neles não haviam sido forma dos os
compl exos sistem as cerebr ais funcio - O desenv olvim ento cognit ivo é
nais, ou dito de outra forma, as estru- entend ido então como um proces so que
turas neuro psicol ógicas que consti - perma nentem ente se transf o~a, como
tuem a base das funçõe s cognit ivas, ou resulta do de contín uas reestru turaçõ es
seja, da lingua gem, gnosia s, praxia s, que ocorre m nas diversa s interaç ões que
atençã o, etc., que confo rmam a base a pessoa estabel ece. Existe m mome ntos-
do psiqui smo human o. Estes menin os chaves nos quais a estimu lação permit e
não haviam adquir ido, e tão poüco pu- que algum as funçõe s apareç am e se
deram adqui rir depois , uma série de desenv olvam. Mesm o no caso do cére-
funçõe s human as como andar ereto ou bro funcio nar perfeit amente , se a pessoa
utiliza r a lingua gem oral. No entant o, não escuta até os dez anos de idade, por
◄ --
.. ' ~ -
....
Através da constant e inter-relação com o mundo a criança segue construindo a sua aprendiz
agem.
46
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
PROCESSOS NEUROPSICOLôGICOS
Fig. 12.
47
DIFICU LDADES DE APRENDIZAGEM
Praxias ou proces samen to psicomotor: proprio ceptivo s motore s que vêm sendo
as unidad es funcio nais das praxia s. A
São movim entos organi zados, pro- obtenç ão dessas praxia s inclui a sua
duto de proces sos de aprend izagem autom atizaçã o, já que são produt o da
prévio s que tendem a determ inado aprend izagem . Por exemp lo, as praxia s
objetiv o. Refere m-se à execuç ão de atos manua is começ am a partir da preens ão
volun tários compl exos aprend idos reflexa que vai se ajusta ndo de acordo
duran te a vida como, por exemp lo, com os diferen tes objeto s que a crianç a
camin har, comer, vestir-se, cumpr imen- vai manip uland o. Desta manei ra,
tar, pentea r-se ou escrever. Em qualqu er conseg ue progre ssivam ente regula r a
apren dizage m motor a interv êm pro- preen são por meio da repeti ção e
cessos centra is (cortic ais) de análise s e reforç o das ativid ades explor atória s
síntes e da inform ação, que vêm de propo rciona das pelas brinca deiras e
aferên cias cinest ésicas de múscu los, outras ativid ades relaci onada s com
tendõe s e articul ações que intervê m nas esse objetiv o. Deste modo a crianç a
ativid ades motor as. Nesse proces so pode compo r múltip los estere ótipos
interv êm outras aferên cias como as manua is (recor tar, dobrar , model ar)
visuais , auditiv as e táteis. que vão incorp orando novas destrez as
motora s 23 •
A análise e síntese dessa inform ação
propri ocepti va levam à forma ção de É muito impor tante compr eende r
esque mas ou padrõe s funcio nais dos que as aquisi ções motor as requer em
movim entos, que tendem a se conso- uma ativid ade compl exa do sistem a
lidar media nte a repetiç ão dos mesmo s. nervos o. O bebê se desloc a em direçã o a
A eficác ia da ativida de motor a é atin- algum ponto do espaço com de-
gida com o reforç o que permi te es- termin ada finalid ade. Isto é o que
tabiliz á-la e mantê -la como tal. Desta chama mos de psicom otricid ade e é
forma são constit uídos os estereó tipos basead a em concei tos gnoso prático s.
Assim , podem os entend er que "a
psicom otiicid ade integra as interaç ões
cognit ivas emoci onais, simbó licas e
sensór io-mot oras na capaci dade de ser e
expres sar-se em um contex to psicos so-
cial. A psicom otricid ade assim definid a
desem penha um papel fundam ental no
desenv olvim ento harmô nico da per-
sonalidade"24.
49
DIFICUL DADES DE APRENDIZAGEM
Durante as primeir as dez semana s de vida o bebê não pode manter a cabeça
erguida e a mesma pende para um e outro lado.
Perto do quarto mês já pode realizar um movime nto contínu o manten do o
equilíbr io sobre o eixo corpora l.
Para compre ender mais clarame nte a Estas aquisiçõ es motora s permite m a
psicom otricida de faremos sua análise existên cia das aquisiç ões dinâmi cas
em três dimens ões, entende ndo que é gerais como correr, escalar, saltar, etc.
uma atividad e comple xa na qual estas Por sua vez permite m também as
26
dimens ões estão integra das : coorden ações dinâmi cas manua is
impresc indíveis para a leitura e escrita
• Dimen são motora como a coorden ação óculo-m anual ou
visodigital.
• Dimen são cogniti va
A tonicid ade muscul ar: seu desen-
• Dimen são emocio nal volvim ento está ligado à evoluçã o do
sistema nervoso , basicam ente o desen-
A dimens ão motora : volvime nto das funções piramid ais e a
mielini zação das fibras nervos as . No
Compre ende as funções de:
recém-n ascido encontr amos uma hipo-
• Evoluç ão da tonicid ade muscul ar; tonia no seu eixo corpor al e uma hi-
pertoni a nas suas extrem idades; à me-
• Desenv olvimen to do control e e dis- dida que o bebê vai se desenvo lvendo ,
sociaçã o de movime ntos; também vai se equilib rando graças à
progres siva tonicid ade do tronco . O
• Desenv olvimen to da eficiênc ia mo- quadro acima pode nos ajudar a entende r
tora (velocid ade e precisã o); a evoluçã o da tonicida de na criança21.
• Desenv olvime nto das possibi lida-
des de equilíbr io; A dissocia ção dos movim entos é a
destrez a que nos permit e realiza r
• Definiç ão e afirmaç ão da laterali- movim entos indepe ndente s entre os
dade. distinto s segmen tos corpora is.
50
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
51
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
3-5 1 -s-c-a 1
53
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
~4
rias fases. No começo, para a criança
que vive centrada em si mesma, a noção construção mental. Esta noção será uma
das bases para o desenvolvimento do
do tempo é muito subjetiva. A ordem é a
primeira coisa que a criança capta, ou pensamento lógico-matemático.
seja, deve primeiro levantar, depois ir à
escola, comer, deitar-se; isto constitui
Os conceitos de espaço e tempo são 4
uma sucessão ordenada de elementos
básicos para a aprendizagem.
~
isolados . A criança começa a medir o A estruturação espaço-temporal, ou fll
tempo com pequenas situações do dia, seja, as relações entre os elementos numa (!I
situação específica de espaço e temp~ são (t
determinantes para reproduzir certa
ordenação de fonemas, letras, números, @I
palavras, etc., no espaço, no tempo ou (1
nos dois ao mesmo tempo. (í
A lateralidade e a direcionalidade es- (1
tão relacionadas com a estruturação (t
espaço-temporal.
t
A lateralidade: refere-se à condição (1
destra, canhota ou ambidestra. Quer
~
dizer, a função ou atividade que realiza
um indivíduo ocorre com maior fr _ ~
quência de um lado do corpo que e:U ~
outro
, . e tem representação num h em1s- . ~
feno cerebral ou no outro.
~
A direcionalidade: quando a crian (
·--
t ornou consc1encia ça
da lateralidade do seu ~
corpo e conhece os lados direito e (
esquerdo,
. está pronta para utili·zar esses
A atenção está presente e participa ativamente (
na con duta humana desde a en trada do estimulo conceitos
. no espaço externo . Ao expe-
até a resposta m otora. nmentar os dois lados do seu corpo e as e
(
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CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
1' ·~
Memória declarativa Memória Rrocedimental
Informação sobre fatos Habilidades e hábitos
'
1' 1'
Fig. 13. Feldman, R. (1998) Psicologia com Aplicações nos Países de Língua Hispânica.
A memória nos possibilita relembrar nosso passado. Sem ela, cada experiência seria vivenciada como algo
totalmente novo.
57
{IM
Memó ria semânt ica: refere-se à me- intelec tuais (lingua gem, ciência s, artes,
mória geral, aos fatos relacio nados etc.) que recebe ao nascer como legado
com o mundo , às regras da lógica, ta- das gerações passadas.
buadas , etc.
Seu caráter ativo: a pessoa exerce
Memória processual ou proced i- um papel ativo no desenv olvime nto
mental: é a memór ia para habilidades e intelec tual por meio das atitude s que
hábitos. É o recordar como e referem-se mantém frente a seu entorn o. A moti-
tanto a proced imento s motore s como vação tem uma grande import ância,
cognitivos. pois é ela que impuls iona a busca cog-
nitiva de um indivíd uo para resolve r
determ inado proble ma.
O pensam ento:
A natureza processual do pensa-
É defini do como a capaci dade mento: devem os entend er o pensam ento
ps icocog nitiva para a resolu ção de como um proces so. Do ponto de vista
pr oblema s novos utiliza ndo a experiê n- neurof isiológ ico ele é entend ido como a
cia que a pessoa possui . As caract e- formaç ão e estabil ização de um sistem a
rística s do pensa mento são as se- cerebra l funcion al. Do ponto de vista
guinte s33:
psicoló gico é visto como uma ação
Sua natur eza histór ico-social: o menta l que é atualiz ada quand o à
d esenvo lvimen to do pensam ento é pessoa é aprese ntada a um proble ma a
possível à medid a que o indivíd uo in- resolve r.
terioriza o patrim ônio cultura l human o
O pensamento é concebido: basead o
objetiv ado nos produ tos materi ais e
num sistem a de instrum ento e opera-
ções socialm ente produz idos que a pes-
soa foi interio rizand o no decorr er da sua
vida.
58
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
O pensamen to do adolescent e
alcançou um estado de equilíbrio
muito avançado. Isto quer dizer
que as estruturas cognitivas se
desenvolve ram até um ponto em
que podem se adaptar a uma
grande variedade de problemas. As
estruturas cognitivas se encontram
quase completam ente formadas e
sofrem muito poucas modificaçõ es Fig. 15.
61
.,_,,.. pftºS:- St -
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
•-
No vínculo com a mãe a criança estrutura suas capacidades individuais e também a sua atitude frente ao
--
-•
mundo e, portanto, frente à aprendiz.agem.
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CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Evolução da linguagem
64
CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
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OIFICI.J UlAORS OU APRll NOliAOB.M
úmero de
um sentido mais ou menos estável mesmo tempo em que O n .d ,
eu senti o e
é a reação dos adulto s frente a palavr as aumen ta, s
mais preciso . Na medid a em que
essas emissõ es. O adulto acredi ta
vão surgin do novas palavr as, as
que a crianç a está dizend o o que
que já existia m restrin gem seus
ele quer ouvir e o repete . Isto dá à
crianç a um modelo sonoro igual ao múltip los sentid os . Passa dos ?s
que ela emitiu e lhe permit e, ao dois anos já se pode falar da exis-
mesmo tempo , melho rar fonetic a- tência de um vocabu lário. É forma -
mente suas emissõ es posteri ores e do por palavr as isolad as e outras
dar ou confirm ar um signifi cado à agrup adas em frases e usada s
união dos sons que ela produz iu. como unidad es verbai s. A crianç a
Começ a a fase da palavr a-frase : a realiza , de forma parale la, divers as
crianç a utiliza uma palavr a como aquisi ções fonétic as e sintáti cas.
expres são global de sentim entos ou
desejos , assim como, para nomea r Ao redor dos três anos a crianç a já
ou pedir objetos diferen tes. Pouco pode produz ir palavr as de três síla-
a pouco o vocabu lário vai aumen- bas simple s e compo r, adequ ada-
tando. Aos dezoito meses pode emi- mente , frases simple s. Esta primei -
tir ao redor de dez palavra s e desco- ra lingua gem é formad ora do eu: as
bre que cada objeto tem um nome primei ras palavr as são um e~forç o
diferen te. Entre o final do primei ro em direção à autono mia; a crianç a
ano e do segund o, aumen ta rapida- vai se separa ndo do mundo que a
mente na criança a compr eensão da rodeia e toma consci ência da sua
lingua gem falada ao seu redor. O distânc ia em relação aos objeto s. A
progre sso da expres são verbal é crianç a vai adquir indo consci ência
mais lento: durant e essa época a de si mesma diferen ciada do outro
crianç a compr eende melho r a lin- e é capaz de se relacio nar com ele;
guagem do que a expres sa. A pri- esta prime ira lingua gem é ao
meira frase surge entre os dezoito mesmo tempo portad ora de infor-
meses e os dois anos , mais ou mação e elemen to de relaçã o com
menos . Estas primei ras frases são as pessoa s próxim as a ela.
uma combi nação de ·d uas palavra s-
frases. Nesta época surge o não. Ronda i e Breda rt (1988)45 resum em
de manei ra clara os princi pais as-
Entre os dois e três anos ocorre pectos do desenv olvime nto da lin-
uma explos ão da lingua gem: ao guagem infanti l até os quatro anos:
De 1 a 2 anos
• Aspecto e tempo;
• Quantificação e qualificação;
• Artigos e pronomes;
• Advérbios e preposições.
Aos seis anos já pode emitir qual- A linguag,e m não pode ser classi-
quer som do idioma. Pode expres- ficada em nenhuma categoria dos fatos
sar de forma clara o essencial dos humanos. Ela se apoia numa faculdade
acontecimentos. Pode realizar ade- que a natureza nos dá . A linguagem
quadamente a concordância entre pertence ao domínio individual e ao
sujeito e verbõ, assim como a con- domínio social e um não pode ser
67
JOOFllCtJllLlDIM)ES DJE ~ G E M :
Textos:
Ana Ma ria Salg ado Gómez, formada em
Psicologia (Psicologia Clínica e
Psicologia Edu cati va).
Nor a Esp ino sa Terán, form ada em Psicolog
ia (Psicologia Edu cati va).
Coo rde naç ão Geral:
Gab riel a Car rera .
EDIÇÃO MM XI
© CULTURAL, S.A.
ww w.g rup ocu ltur al.c om
Imp res são e aca bam ent o: Ser mog raf (24)
2237-3769
ISBN: 978 -85-89990-39-4