E Book Sebrae Esg Mercados Corporativos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

e-book

A importância do
ESG para pequenos
negócios
Sumário

1. Introdução .........................................................................03

2. O que é ESG........................................................................06

3. Mercados corporativos:
uma oportunidade para pequenos negócios....................08

4. Critérios ESG nas empresas com


melhores práticas de mercado............................................ 11

5. Sugestões de boas práticas


ESG para pequenos negócios............................................. 16

6. Mercados corporativos:
Como deve ser a jornada ESG para
micro e pequenas empresas?............................................. 25

7. Como avaliar o nível de maturidade da sua MPE


para uma agenda ESG? ...................................................... 28

8. Que melhorias podem ser feitas de acordo com o nível


de maturidade da sua MPE para uma agenda ESG? ......... 32

9. Dicas práticas para as MPEs acessarem


mercados corporativos ESG ............................................... 36

10. Dicas práticas para definição de ações ESG.......................40

2
1. Introdução

A aplicação do ESG nos negócios está se tornando, cada


dia mais, uma demanda do próprio mercado. ESG veio
para ficar e tende a ampliar sua esfera de importância,
inclusive entre as micro e pequenas empresas, visto a
grande relevância que tem adquirido junto a instituições
financeiras, grandes empresas e consumidores.

Em pesquisa recente, a Bloomberg estima que a agen-


da ESG deve atrair US$ 53 trilhões em investimentos em
2025, sendo que em um de cada três investimentos no
mundo será exigido ESG.
3
Desde 2014, houve um aumento de 68% em investimen-
tos para empresas que praticam ESG. Conforme pesqui-
sa da EY, intitulada Future Consumer Index 2021, 61%
dos consumidores brasileiros passaram a observar os
valores praticados pelas empresas das quais pretendem
comprar algo. E de acordo com outro estudo, EY Global
Institutional Investor Survey (2021), 90% dos investido-
res entrevistados disseram que, desde a pandemia da
Covid-19, atribuem maior importância ao ESG quando se
trata de investir em uma empresa.

Outra iniciativa que comprova esse movimento são os


Princípios para o Investimento Responsável (PRI), cria-
dos por investidores, sob a liderança da Organização das
Nações Unidas (ONU), que têm mais de 3 mil signatá-
rios. Todos se comprometeram a considerar os fatores
ESG ao investir e alocar seus recursos financeiros. O valor
combinado de seus ativos sob gestão foi superior a US$
100 trilhões em 2020.

Em outras palavras, adequar-se ao ESG passa a ser cada


vez mais um pré-requisito de competitividade e sobrevi-
vência no mercado. Para as micro e pequenas empresas,
ESG se torna um tema muito importante, principalmente
no que se refere ao fornecimento de serviços e produtos
para grandes empresas ou mercados corporativos. Para
4
acessar e manter as parcerias nesse mercado de maior va-
lor agregado, as MPEs precisam adotar medidas de sus-
tentabilidade social, ambiental e de governança; já que
nos mercados corporativos, as práticas ESG não se restrin-
gem ao ambiente de atividade da própria empresa, mas
se estendem à atuação de seus fornecedores, evidencian-
do uma relação de corresponsabilidade entre as empresas
que estabelecem relações comerciais entre si.

Nesse sentido, a dificuldade em encontrar fornecedores


que atendam aos critérios ESG definidos pelo contratan-
te são um dos grandes desafios das grandes empresas
(Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(FIRJAN, 2021). Com isso, ESG pode ser uma grande opor-
tunidade para as micro e pequenas empresas acessarem
mercados corporativos, com maior rentabilidade e valor
agregado a seus negócios.

Neste e-book, apresentamos


os conceitos, a importância, as
oportunidades e as orientações
necessárias para que as micro
e pequenas empresas possam
adotar uma agenda ESG visando
a acessar mercados corporativos.

5
2. O que é ESG

Mas, afinal, o que vem a ser ESG? É a sigla em inglês


para “environmental, social and governance” (ambiental,
social e governança, em português), utilizada para me-
dir as práticas ambientais, sociais e de governança de
uma empresa.

A sigla ESG une três fatores que mostram o quanto


uma empresa está comprometida em ter uma opera-
ção mais sustentável em termos ambientais, sociais e de
governança.

6
Cada letra tem um significado, como podemos visualizar
na figura abaixo:

SIGLA DEFINIÇÃO DIMENSÕES


Environmental, em Mudanças climáticas; gestão de
inglês, ou ambiental, carbono; esgotamento de recursos;
em português. Se poluição; consumo de energia; uso
E refere a práticas da terra; perda da biodiversidade;
adotadas na empresa consumo de água; gestão de resíduos
para conservação do e inovação em produtos e serviços
meio ambiente. que reduzem impacto ambiental.
Criação de empregos e boas
Social, em inglês e
condições de trabalho; igualdade de
português. Se refere
oportunidades; diversidade e inclusão
a relação e práticas
social; treinamento dos funcionários;
S que a empresa tem
impacto positivo nas comunidades
com as pessoas em
locais; saúde e segurança no trabalho;
seu entorno e área de
direitos humanos e combate à
atuação.
violência de gênero e assédio.
Propósito, valores e cultura da
empresa; diversidade dentro do
conselho de administração, da
Governance, em inglês, estrutura e supervisão da empresa;
ou governança, em planejamento da sucessão;
português. Se refere à remuneração dos executivos;
G
forma como a empresa controles internos; governança
realiza a administração do risco; governança das partes
de seus processos. interessadas (stakeholders); ética e
conformidade; proteção de dados;
políticas anticorrupção; divulgação
e transparência.

Dessa forma, ESG pode ser considerado um conjunto de


padrões e de boas práticas que visa definir se a operação
de uma empresa é socialmente consciente, sustentável e
corretamente gerenciada.
7
3. Mercados corporativos:
uma oportunidade para
pequenos negócios
Para ter acesso a mercados corporativos, os pequenos
negócios podem e devem pensar dentro das estratégias
que norteiam os princípios do ESG. Isso é fundamental
para fazer qualquer negócio com grandes corporações.

De acordo com o Instituto Ethos (2019), 92% das empre-


sas possuem pontos no seu código de conduta em rela-
ção à gestão de fornecedores e 69% possuem cláusulas
socioambientais nos contratos com fornecedores.

8
Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de
Janeiro - Firjan -, de 2021, mais de 90% das empresas cario-
cas adotam práticas de meio ambiente, social e governança.
Além disso, 80% exigem de seus fornecedores esse com-
promisso. Por outro lado, metade dessas empresas que apli-
cam práticas ESG declaram que ainda têm dificuldades de
entendimento e padronização desses critérios, assim como
para encontrar fornecedores qualificados. Do total das 64 in-
dústrias entrevistadas na pesquisa, 84% disseram ter algum
entendimento do conceito ESG. O Pacto Global - iniciativa
da ONU para engajar empresas e organizações na adoção de
dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio
ambiente e anticorrupção -, pede que as empresas apoiem
seus pequenos e médios fornecedores para que incorpo-
rem práticas sustentáveis em suas estratégias e operações.
De acordo com o Pacto Global, os principais benefícios por
apoiar fornecedores PMEs locais para o negócio são:

§ Garante conformidade às normas: As empresas maio-


res podem garantir com mais facilidade a conformida-
de do fornecedor, ao introduzir novos códigos e pro-
gramas de monitoramento e auditoria;

§ Reduz o risco: Apoiar os fornecedores PMEs da empre-


sa pode ajudar a gerenciar os riscos em toda a cadeia
de suprimentos;
9
§ Reduz custos: Redução dos custos diretos e indiretos
ao longo da parceria;

§ Cria um ambiente de negócios estável: O apoio a for-


necedores PMEs pode ter impactos positivos mais am-
plos na comunidade e na economia locais;

§ Melhora a reputação: Apoiar fornecedores PMEs per-


mite que as empresas construam relacionamentos
mais fortes com as comunidades locais onde a empre-
sa está operando;

§ Acesso à experiência, inovação e conhecimento


locais: Apoiar fornecedores PMEs pode conceder às
empresas acesso à experiência, inovação e conheci-
mento locais, aumentando o compartilhamento de in-
formações com sua cadeia de suprimentos.

10
4. Critérios ESG nas empresas com
melhores práticas de mercado
De acordo com pesquisa realizada pela Factum Consul-
toria, em 2022, para o Sebrae, analisando as 20 (vinte)
empresas nacionais e internacionais mais bem avaliadas
pelas práticas ESG, pode-se verificar os principais crité-
rios que fizeram dessas empresas referência na Agenda
ESG brasileira e mundial

A imensa maioria das empresas realiza o processo de for-


necimento responsável, ancorado na necessidade de ter
uma cadeia de valor sustentável. Outro ponto fortemen-
te presente é o critério de respeito aos direitos humanos,
por meio do Código de Conduta da empresa, incluindo
11
toda a sua rede de fornecedores. Por fim, metade das
empresas pesquisadas considera as compras locais, ou
seja, com foco em fornecedores locais (pequenas e mé-
dias empresas) no encadeamento produtivo.

De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias


(CNI), os cinco critérios mais relevantes para as organiza-
ções nos três pilares ESG são:

E – Meio Ambiente: Gestão de resíduos, gestão ambien-


tal, gestão da água e efluentes, eficiência energética e
emissões atmosféricas;

S – Social: Saúde e segurança, relações trabalhistas, di-


reitos humanos, inclusão e diversidade, relacionamento
com comunidades;

G – Governança: Código de Conduta Ética, privacidade e


proteção de dados, gestão de riscos, políticas de integri-
dade e anticorrupção, e relação com governos.

No próximo item, veremos algumas sugestões de boas


práticas ESG que são importantes para que as MPEs pos-
sam acessar os mercados corporativos.

12
13
Fornecimento responsável
§ Princípios de compras sustentáveis e responsáveis
§ Fornecedor responsável
§ Cadeia de valor sustentável

Código de conduta e direitos humanos


§ Código de conduta para fornecedores e terceiros
§ Princípios anticorrupção e conduta ética
§ Avaliação e gestão de riscos em direitos humanos
§ Processos de auditoria e due dilligence na cadeia,
monitoramento e gestão de riscos na cadeia,
critérios socioambientais de seleção
e avaliação de fornecedores

Compras locais
§ Incentivo a compra local e de PMEs
§ Desenvolvimento de fornecedores locais de PMEs
§ Projeto de encadeamento produtivo

14
Trabalho decente, economia circular
e combate às mudanças climáticas
§ Práticas trabalhistas: trabalho decente e salário
§ Combate ao trabalho análogo ao escravo
e trabalho infantil
§ Consulta à lista suja do Ministério do Trabalho
Projetos de economia circular, reciclagem e redução
de resíduos e descarte, combate às mudanças
climáticas, engajamento no CDP Supply Chain

Rastreabilidade na cadeia e
diversidade e inclusão
§ Rastreabilidade da cadeia de produto
§ Certificação externa da cadeia de valor
§ Iniciativas de diversidade e inclusão na cadeia,
equidade racial ou de gênero
§ Compras inclusivas

Gestão da água e energia limpa


§ Incentivo ao uso de energia limpa ou renovável,
produção de baixo carbono (ecoeficiente)
§ Projetos de eficiência energética na cadeia
§ Gestão de água, bacias, florestas, desmatamento
e biodiversidades na cadeia de valor

No próximo item, veremos algumas sugestões de boas prá-


ticas ESG que são importantes para que as MPEs possam
acessar os mercados corporativos.
15
5. Sugestões de boas práticas
ESG para pequenos negócios

BOAS PRÁTICAS ESG - GOVERNANÇA CORPORATIVA


BOAS
POR QUE É IMPORTANTE?
PRÁTICAS
Muitas empresas, de diferentes portes, já estão en-
gajadas em ações de responsabilidade social. As
cadeias de suprimentos também oferecem opor-
tunidades para evitar ou diminuir riscos corporati-
vos. A preocupação está relacionada aos impactos
no ambiente ou na situação das pessoas envolvidas
direta ou indiretamente pelas atividades, serviços
Gestão e produtos da empresa. Para se ter uma gestão
sustentável sustentável da cadeia de valor, algumas ações são
da cadeia de importantes: i) Realizar um planejamento com re-
valor (compras visão e inclusão de práticas sustentáveis na cadeia
sustentáveis) de valor; ii) Analisar a cadeia de valor da empresa,
com identificação dos principais impactos, riscos e
oportunidades; iii)Formalizar a estratégia de com-
pras com critérios e guias para fornecedores; iv) Se-
lecionar e avaliar a maturidade dos fornecedores
candidatos; v) Realizar a gestão e monitoramento
do contrato; vi) Definir e acompanhar os indicado-
res de performance socioambientais.

16
À medida que a visão de sustentabilidade da ca-
deia de suprimentos começa a se solidificar, o pró-
ximo passo é a definição do chamado código de
conduta, conjunto de princípios e valores adota-
dos por uma organização, com diretrizes e normas
válidas para funcionários e também para seus for-
Código de necedores. Os passos essenciais para o desenvolvi-
conduta para mento do código de conduta incluem: i) Consultar
terceiros os públicos de interesse, inclusive fornecedores; ii)
(política dos Tomar por base as normas internacionais e nacio-
fornecedores). nais de comportamento ético já em vigor, em vez
de inventar novas normas (Ver pacto global – có-
digos de conduta); iii) Consultar profissionais que
atuam nas áreas de abastecimento/suprimento;
iv) Considerar uma exigência que fornecedores
transmitam essas normas, em efeito cascata, para
sua base de suprimentos.

Um sistema de monitoramento apresenta as infor-


mações sobre o cumprimento, ou não, pelos forne-
cedores, dos códigos e regras que a sua empresa
introduziu; estabelecendo medições no ponto de
partida e avaliação de desempenho. Para isso, são
Auditoria da utilizadas a autoavaliação dos fornecedores e as au-
cadeia de valor ditorias externas. Muitas empresas convidam for-
(monitora- necedores para autoanalisar seu desempenho de
mento e gestão sustentabilidade, por exemplo, na etapa inicial de
de riscos) um processo de seleção. Isso representa um bom
ponto de partida para cobrir uma parte significativa
da base de fornecedores, em um período relativa-
mente curto e a custos relativamente inferiores aos
de auditorias externas (também necessárias ao pro-
cesso de monitoramento e gestão de riscos).

17
Se necessário, é importante que as exigências de
reparação para adequação às normas sejam noti-
ficadas com clareza aos fornecedores, bem como
a definição de prazos de correção e as consequên-
cias em caso de não cumprimento do que foi deter-
Indicadores
minado. Para isso, algumas ações são importantes:
de desem-
i) Trabalho com fornecedores para criar um plano
penho de
de ações corretivas; ii) Incentivo às melhorias por
fornecedores
meio de comunicações regulares com fornecedo-
res; iii) Definição de um plano de metas para au-
mentar gradativamente os padrões e iv) Rescisão
das relações com fornecedores quando houver de-
ficiências graves em aspectos de “tolerância zero”.

As cadeias de suprimentos das empresas são a


fonte de alguns dos impactos sociais e ambientais
mais significativos. As empresas globais, principal-
mente, são mais propensas a enfrentar questões
de direitos humanos e impactos ambientais. A ras-
treabilidade pode ser uma ferramenta importante
para as empresas identificarem melhor seus prin-
cipais fornecedores, melhorando o gerenciamento
da cadeia de suprimentos, além de garantir o for-
Rastreabilidade necimento sustentável de matérias-primas. A ta-
da cadeia de refa de rastrear cada etapa da jornada do produto,
valor desde a matéria-prima até o produto finalizado,
representa um desafio para as empresas. Tecnolo-
gias emergentes, como blockchain, podem resolver
os desafios contínuos na cadeia de suprimentos.
Isso porque as redes da cadeia de suprimentos ge-
ralmente são complexas, isoladas e operam com
várias desconexões em seus sistemas de gestão
e aquisição. A tecnologia digital, portanto, é uma
grande aliada na rastreabilidade da cadeia de va-
lor de qualquer empresa.
18
Para grande parte das empresas, a maioria dos im-
pactos ambientais ocorre na cadeia de suprimen-
tos. A cadeia de suprimentos das empresas pro-
duz, em média, cinco vezes mais emissões de CO2
do que suas operações diretas. De acordo com re-
latório do CDP Supply Chain - com informações de
Combate às
125 grandes corporações, com faturamento anual
mudanças
coletivo de US$ 3,6 trilhões -, 95% das empresas
climáticas e
disseram que fornecedores com licença ambiental
redução das
são mais competitivos, enquanto que apenas 5%
emissões de
afirmaram que esses fornecedores são mais caros.
CO2
O que isso significa é que fornecedores sustentá-
veis estão atendendo às expectativas do compra-
dor, enquanto aqueles que não estão adotando
medidas para eliminar as emissões de dióxido de
carbono da atmosfera podem perder competitivi-
dade e muitas oportunidades no futuro.

Projetos voltados para energia 100% renovável,


principalmente eólica e solar, estão em voga nas
grandes e médias empresas, gerando a redução
de emissões de gases de efeito estufa e economia
Gestão da de custos energéticos. Podemos citar o caso da
energia e Ambev, que possui uma série de estratégias e pro-
eficiência gramas voltados para utilização de 100% energia
energética renovável em suas fábricas, bem como adotando
medidas como o uso de veículos elétricos e reca-
peamento de refrigeradores, dentre outras, geran-
do redução de custos, eficiência energética e me-
nor impacto sobre o meio ambiente.

19
Os impactos das mudanças climáticas continuam
a colocar o abastecimento de água em risco em
todo o mundo. O Fórum Econômico Mundial clas-
sificou as crises de água como um dos principais
riscos globais, devido ao seu impacto na produção
de alimentos, saúde humana e conflitos, dentre
outros. As empresas já estão pedindo a seus forne-
Gestão da água
cedores para que informem sobre o uso e monito-
e efluentes
ramento da água que consomem e definam políti-
cas internas sobre essa utilização. Inicialmente, os
compradores devem começar a envolver os forne-
cedores nas métricas iniciais, como medir e moni-
torar a retirada, consumo e descarte de água; para
posteriormente, exigir que assumam compromis-
sos a longo prazo na gestão hídrica.

As empresas podem impulsionar a recuperação


de produtos e materiais introduzindo novos mo-
delos de negócios circulares, que incluem: incen-
tivos ao cliente ( inclusive produto com serviço
de devolução), criação de sistema de logística
reversa para indústria e investimento em novos
recursos, como o monitoramento de ativos ou a
Economia
reciclagem de materiais. Hoje, a maioria dos ma-
circular,
teriais e produtos não é recuperada, reutilizada
embalagem e
ou reciclada; a maioria é descartada. Somente
reciclagem
14% dos plásticos são coletados para reciclagem
e apenas 2% entram em fluxos de reciclagem.
Além disso, só 20% do lixo eletrônico é reutiliza-
do de forma adequada, e menos de 1% das fibras
têxteis usadas na produção de roupas são recicla-
das; 73% dos resíduos têxteis são incinerados ou
vão para aterros sanitários.

20
A gestão de resíduos visa eliminar a poluição in-
dustrial perigosa, incluindo produtos químicos,
materiais e águas residuais. Também inclui po-
luentes liberados no ar (como fuligem ou partí-
culas), água (como lençóis freáticos contamina-
Gestão de dos com resíduos ou fertilizantes) e solo (como
resíduos subprodutos de mineração perigosos). Atualmen-
te, 80% das águas residuais não são tratadas. Se-
gundo o Banco Mundial, a poluição do ar custa à
economia global mais de 5 trilhões de dólares por
ano em custos de bem-estar e 225 bilhões de dóla-
res em renda perdida.

A biodiversidade se relaciona com a definição de


”Neutralidade da Degradação da Terra” (LDN, si-
gla em inglês), da UNCCD (Convenção das Nações
Unidas para o Combate à Desertificação), o que
inclui uma política de desmatamento zero e a rea-
lização de ações de preservação para conter o im-
Biodiversidade pacto das atividades comerciais. O desmatamento
e desmata- ameaça a sobrevivência de mais de 80% de todas
mento as espécies terrestres de flora e fauna nas flores-
tas, ao mesmo tempo em que contribui com 15%
das emissões globais de CO2. A atividade empre-
sarial é a que mais contribui para o desmatamento
e perda associada de terras e habitat do planeta.
São 7 Km² de cobertura de árvores perdidas por se-
gundo, quase 25 milhões de hectares a cada ano.

21
Existe uma série de riscos e prejuízos no setor em-
presarial/industrial envolvendo a questão dos di-
reitos humanos. São eles:
- As operações industriais geralmente envolvem
vários parceiros de negócios e grandes ativida-
Direitos des contratadas e subcontratadas. Sem a devida
humanos diligência de direitos humanos e monitoramen-
(avaliação to contínuo, essas interações podem se traduzir
de impacto em impactos graves, que vão desde o emprego
e gestão de de menores até acidentes de trabalho, trabalho
riscos) forçado e violência no local de trabalho;
- Todo trabalhador tem direito a um salário justo
e digno. Em países com regulamentações tra-
balhistas fracas, os trabalhadores podem estar
expostos a condições de trabalho que violam os
direitos humanos;
- Funcionários e candidatos em potencial a vagas
de emprego podem ser discriminados por causa
da orientação sexual e/ou identidade de gênero,
raça, cor, etnia, religião, idioma, gravidez ou de-
ficiência, dentre outros. Isso pode se manifestar
na forma de oportunidades de trabalho perdi-
das e redução na remuneração.
- A fabricação, transporte, instalação e uso final
de produtos industriais podem ter impactos am-
bientais e de segurança severos entre os traba-
lhadores.
- Consultas e avaliações da comunidade, que in-
cluem a questões sobre direitos sociais e huma-
nos, ao lado de impactos ambientais, podem ser
realizadas antes e durante as operações.

22
- Os direitos de propriedade dos povos indígenas
e populações tradicionais não são ainda claros
devido à legislação e aos processos burocráticos
que discriminam os povos minoritários, sem falar
dos conflitos históricos, reassentamento ou prá-
ticas consuetudinárias de uso da terra. Empresas
correm o risco de não consultar adequadamente
as comunidades do entorno antes e durante seus
processos de produção, podendo causar graves
consequências aos direitos humanos.
- As empresas devem garantir condições de tra-
balho seguras e saudáveis para todos os funcio-
nários, contratados e parceiros de negócios, em
todas as suas operações. Os trabalhadores po-
dem estar em risco devido a tarefas perigosas e
extenuantes, longas horas de trabalho, equipa-
mentos ou controles de segurança inadequados
ou devido à natureza das tarefas repetitivas.
- As empresas podem contribuir para o avanço dos
direitos humanos em sua abordagem de trabalho
com fornecedores. O fornecimento de matérias-
-primas é um setor de alto risco que é propenso a
violações de direitos humanos (trabalho infantil,
más condições de trabalho e exploração de tra-
balhadores migrantes, impactos na comunidade,
crises humanitárias e despejos forçados).
- Os fabricantes industriais geralmente estão lo-
calizados em países onde a liberdade de asso-
ciação não é garantida. Os empregadores devem
incentivar os trabalhadores a expressar suas pre-
ocupações e garantir que eles possam acessar
meios eficazes de negociação coletiva.

23
As empresas devem garantir que todos os seus fun-
cionários, independentemente de acordos contra-
tuais, tenham uma renda capaz de suprir suas ne-
cessidades e as de seus dependentes, elevando os
padrões de saúde e de bem-estar. Em 2019, mais
Práticas
de 630 milhões de trabalhadores em todo o mun-
trabalhistas e
do - quase um a cada cinco funcionários - não ga-
salário justo
nhavam o suficiente para tirar a si próprios e suas
famílias da situação de pobreza extrema ou mo-
derada. Isso significa que 19% de todos os traba-
lhadores do mundo não ganham o suficiente para
escapar da pobreza.

O Pacto Global das Nações Unidas pede que as em-


presas apoiem seus fornecedores de pequenas e
médias empresas (PME) para incorporar a susten-
tabilidade em suas estratégias e operações. E a re-
Incentivo à
alidade é que as PMEs já estão presentes na cadeia
compra local
de abastecimento da maioria das empresas. Elas
(parcerias com
fazem parte da política das empresas para diversi-
fornecedores
ficar suas fontes de suprimentos, gerar inovação e
locais)
ter acesso a novos produtos. Por isso, apoiar os for-
necedores PMEs a incorporar a sustentabilidade e
o Código de Conduta não é apenas a coisa certa a
fazer; como também traz benefícios ao negócio.

24
6. Mercados corporativos:
Como deve ser a jornada ESG
para micro e pequenas empresas?
Para implantar uma agenda ESG na micro e pequena
empresa visando a inserção em mercados corporativos,
o Sebrae considera 7 (sete) etapas principais , de acordo
com a figura a seguir:

A metodologia considera etapas correlacionadas para a


jornada, de acordo com as dimensões e tópicos a serem
mapeados pelas MPEs em seus modelos de negócios,
analisando o nível de maturidade ESG.

25
Sensibilização e mobilização
Informações empresariais para personalização da
jornada ESG para a MPE. Programas de capacitação e
divulgação para os participantes da cadeia de valor,
unidades Sebrae UFs, empresas âncoras e MPEs

Engajamento das partes


interessadas
Identificação e engajamento das principais
partes interessadas internas e externas
da MPE através de consultas

Avaliação de materialidade
Consolidação dos resultados das
consultas aos stakeholders da MPE
em uma matriz de materialidade

Radar de maturidade ESG


Avaliação do nível de maturidade e gestão
dos tópicos materiais mais importantes
para o negócio da MPE

Estratégia e plano de ação ESG


Elaboração da visão e estratégia de
sustentabilidade da MPE, com
base nos resultados de seu radar de
maturidade ESG

Evolução, reporte ESG


e divulgação
Divulgação da estratégia de
sustentabilidade da MPE, assim como dos
seus planos de ações, metas e métricas em
relação aos tópicos materiais priorizados
através de um reporte estruturado
Monitoramento e revisão
da estratégia
Acompanhamento dos resultados da
divulgação do relatório e avaliação do
atingimento das metas e métricas da MPE.
Desenvolvimento e refinamento da
estratégia de sustentabilidade do próximo ano

26
Critérios de maturidades ESG para MPEs

Dimensão ESG Tópicos abrangentes

1 Estratégia e sustentabilidade
2 Programa de integridade (Compliance)
3 Gestão financeira e administração do
negócio
4 Produtividade e inovação
Governança
5 Relacionamento e gestão de
e gestão
fornecedores
6 Relacionamento com
consumidores ou clientes
7 Cumprimento das leis trabalhistas,
tributárias e ambientais

8 Relação com empregados


9 Compromisso com o desenvolvimento
Social profissional
10 Saúde e segurança dos empregados
11 Relacionamento com a comunidade

12 Impactos no meio ambiente


13 Política ambiental
14 Avaliação e desempenho ambiental
Ambiental
15 Compromisso com o meio ambiente
16 Avaliação e identificação de riscos
ambientais
1
“Relatório propondo framework de atuação do Sebrae com ações prá-
ticas, ferramentas a serem desenvolvidas no contexto do tema ESG
para pequenos negócios”. FACTUM (2022).

27
7. Como avaliar o nível de
maturidade da sua MPE
para uma agenda ESG?
O Sebrae construiu uma metodologia² para que você,
empreendedor, possa avaliar em que nível de maturida-
de ESG sua empresa se encontra, a partir de 05 (cinco)
níveis, de acordo com as dimensões e tópicos, conforme
a figura a seguir:

² Extraído do material “Jornada ESG Corporativa Externa,


Sebrae – Conexões corporativas”.
28
O que cada nível significa

TÓPICOS
1. Estratégia e sustentabilidade
2. Programa de integridade (compliance)
3. Gestão financeira e administração do negócio
4. Produtividade e inovação
5. Relacionamento e gestão de fornecedores
6. Relacionamento com consumidores ou clientes
7. Cumprimento das leis trabalhistas, tributárias e ambientais

0 1 2
Nenhuma governança Governança corporativa Governança corporativa
corporativa estabelecida porém, estabelecida porém,
estabelecida. Sem limitada. Alguns reativa. Canais de
canais de comunicação canais de comunicação comunicação formais
formais estabelecidos básicos com e procedimentos
com empregados, empregados, clientes e para gestão do
Dimensão: 1. Governança e gestão

clientes e fornecedores. fornecedores. Grande relacionamento com


Grande risco de risco de autuação por empregados, clientes
autuação por não não conformidades. e fornecedores. Médio
conformidades. risco de autuação por
não conformidades.

3 4 5
Governança corporativa Governança corporativa Governança corporativa
proativa estabelecida robusta implementada integrada com a gestão
com planejamento com gestão da da sustentabilidade do
estratégico e sustentabilidade do negócio e fortalecida
um programa negócio e programa por um programa de
de integridade de integridade integridade robusto.
amplamente difundido. amplamente difundido. Relacionamento com
Canais de comunicação Canais de comunicação empregados, credores,
formais, controles formais, controles clientes e fornecedores
e procedimentos e procedimentos estabelecidos por
para gestão do para gestão do estratégias de diálogo,
relacionamento com relacionamento com procedimentos e
empregados, clientes e empregados, clientes e políticas que visam
fornecedores visando fornecedores visando ao engajamento das
maior eficiência ao reconhecimento partes interessadas
operacional. Baixo risco por sua eficiência, na gestão da
de ser autuada por não qualidade e alto grau sustentabilidade
conformidades. de conformidade. empresarial

29
O que cada nível significa

TÓPICOS
8. Relação com empregados
9. Compromisso com o desenvolvimento profissional
10. Saúde e segurança do trabalho
11. Qualidade de vida e direitos humanos
12. Relacionamento com a comunidade

0 1 2
Nenhuma política Algumas ações e Política de relação
de gestão e iniciativas esporádicas com empregados
relacionamento com de relacionamento estabelecida com
empregados. Sem com empregados, valorização e promoção
canais de diálogo com a mas nenhuma política da saúde, da segurança,
comunidade. ou compromisso do bem-estar e do
estabelecido. Diálogo desenvolvimento
com a comunidade profissional.
limitado às ações Relacionamento
pontuais. com a comunidade
Dimensão: 2. Social

incentivado
internamente.

3 4 5
Políticas de relação Política de relação com Política de relação com
com empregados empregados robusta empregados robusta
proativa com incentivo abarcando temas como e efetiva, abarcando
ao desenvolvimento direitos humanos, todos os temas
profissional e diversidade e inclusão, importantes para o
treinamento de qualidade de vida, negócio. Procedimentos
funcionários em temas saúde e segurança. e investimentos para
como saúde, segurança Compromisso, revisões e melhoria
e qualidade de vida. incentivo, promoção contínua de políticas
Relacionamento e investimento no e programas.
com a comunidade desenvolvimento, Compromissos
incentivado treinamento e exigidos tanto de
internamente conscientização funcionários quanto
e divulgado de funcionários. de fornecedores /
externamente. Relacionamento terceiros / empreiteiros.
com a comunidade Diálogo e engajamento
estruturado com estruturado com
estratégias de diálogo e a comunidade,
engajamento em vigor. com mensuração
dos benefícios das
iniciativas.
30
O que cada nível significa

TÓPICOS
13. Impactos no meio ambiente (pegada ambiental)
14. Política ambiental
15. Avaliação e desempenho ambiental
16. Compromisso com o meio ambiente
17. Avaliação de riscos ambientais
18. Identificação de riscos ambientais

0 1 2
Nenhum compromisso Políticas ambientais Políticas ambientais
padrão ambiental limitadas em vigor. Realiza em vigor que atendem
adotado. Não possui uma identificação e aos padrões ambientais
políticas e procedimentos avaliação básica de riscos necessários para o setor
relacionados ao meio e impactos ambientais, da empresa, porém
ambiente, como porém limitada a algumas com procedimentos
identificação ou avaliação atividades e processos esporádicos, conflitantes ou
de riscos e impactos da empresa. Possui confusos. Procedimentos
ambientais. Nenhum alguns programas ou em vigor para identificação
Dimensão: 3. Ambiental

processo para mitigar riscos atividade informais para de riscos e impactos


e impactos ambientais do mitigar riscos e impactos ambientais e sociais em
negócio. ambientais. todas as atividades-chave.

3 4 5
Política e procedimentos Conjunto completo de Políticas e procedimentos
ambientais atendendo políticas, procedimentos ambientais claramente
aos padrões ambientais e registros ambientais, comunicados interna
necessários em vigor mantidos centralmente e e externamente.
através de comunicação revisados periodicamente. Compromisso da alta
esporádica, implementação Ampla consciência administração com
e processos de revisão. ambiental na empresa. a melhoria contínua
Realiza conscientização Identificação e da gestão ambiental.
para o engajamento da priorização sistemática e Sistema maduro de
equipe na identificação documentada de riscos identificação e avaliação
e priorização de riscos e impactos ambientais, de riscos e impactos
e impactos ambientais, que são periodicamente ambientais de entradas
com envolvimento de revisados e atualizados internas e externas,
especialistas externos, em atividades existentes, revisado e atualizado
quando necessário. novas e em mudança. periodicamente como
Iniciativas e procedimentos Ampla conscientização e parte do plano de melhoria
implementados para engajamento na empresa contínua. Procedimentos
gerenciar os riscos e no processo. estendidos a contratados,
impactos ambientais, subcontratados, terceiros
com uma abordagem e cadeia de suprimentos
proativa para gerenciar conforme relevante.
os problemas ambientais
relacionados.

31
8. Que melhorias podem ser feitas
de acordo com o nível de maturidade
da sua MPE para uma agenda ESG?

O Sebrae construiu uma metodologia para que você,


empreendedor, possa desenvolver competências e obter
melhorias na sua empresa visando à jornada ESG. Veja
na figura a seguir:

32
O que cada nível significa
TÓPICOS
1. Estratégia e sustentabilidade
2. Programa de integridade (compliance)
3. Gestão financeira e administração do negócio
4. Produtividade e inovação
5. Relacionamento e gestão de fornecedores
6. Relacionamento com consumidores ou clientes
7. Cumprimento das leis trabalhistas, tributárias e ambientais

0 1 2
Defina missão, visão e valores Adote um código de conduta Estabeleça objetivos e metas
da empresa. Estabeleça uma ética. Envie uma carta de para o planejamento estratégico
separação clara no planejamento compromisso do CEO a todos da empresa. Implemente
financeiro entre os negócios os funcionários. Desenvolva indicadores financeiros para
pessoais e os da organização. um planejamento estratégico diferentes áreas da empresa.
Desenvolva critérios para e financeiro com instrumento Divulgue internamente o código
garantir a eficiência das entregas de controles e análises com de conduta ética e crie um canal
e a qualidade de produtos e revisões periódicas. Divulgue de denúncia para irregularidades.
serviços. Crie um canal formal de os canais de comunicação Desenvolva um plano de gestão
comunicação com consumidores/ para clientes/ consumidores. de fornecedores críticos com base
Dimensão: 1. Governança e gestão

clientes. Implemente instrumentos para nos indicadores de eficiência de


mensurar a efetividade desses entrega aos clientes e qualidade
canais. Estabeleça critérios para dos produtos/serviços. Mapeie
qualidade dos insumos recebidos. e obtenha todas as licenças e
Implemente cláusulas de alvarás necessários para atuação
conformidade nos contratos com da empresa.
fornecedores críticos.

3 4 5
Estabeleça objetivos e metas Estabeleça um plano de melhoria Defina metas de melhoria anual
de sustentabilidade para o anual para o planejamento mais agressivas como parte do
planejamento estratégico. Crie uma estratégico e objetivos de planejamento estratégico de
estratégia para lidar com conflitos sustentabilidade. Compartilhe negócios. Inclua o feedback das
societários, como profissionalização praticas com outras empresas. partes interessadas externas na
da gestão para a sucessão. Capacite Invista na capacitação dos revisão e atualização dos planos
os empregados sobre conduta ética empregados sobre as leis a que de ação, objetivos e metas. Integre
e prevenção da corrupção. Garanta estão submetidos. Estabeleça as partes interessadas externas
o anonimato do denunciante nos instrumentos de sanções e no plano de melhoria contínua de
canais de denúncias da empresa. punições para violações do código inovação e produtividade. Inclua
Realize pesquisas de satisfação de conduta e comportamento suas demandas no planejamento
com clientes/ consumidores para ético. Avalie a efetividade dos de negócios/operações. Integre os
melhoria contínua dos canais de instrumentos periodicamente. resultados do monitoramento e
comunicação, da qualidade e da Desenvolva um processo de reporte revisão da cadeia de suprimentos
eficiência na entrega. Mapeie e com informações financeiras e não às políticas de fornecimento e
obtenha as certificações voluntárias financeiras para divulgação para aos programas de capacitação do
de produtos, processos de as partes interessadas. Desenvolva fornecedor.
produção, serviços ou sistema de um plano de melhoria contínua
gestão mais importantes para o para o índice de satisfação dos
negócio da empresa. Nomeie um clientes/ consumidores. Capacite
responsável técnico credenciado por os empregados no relacionamento
sua respectiva entidade de classe. e direitos do consumidor/ cliente.
Inclua como critérios da tomada de Implemente um plano de gestão de
decisão de compra, a realização de riscos de fornecedores. Estabeleça
consultas a informações publicas critérios de sustentabilidade para o
relevantes dos fornecedores. processo de compras. 33
O que cada nível significa
TÓPICOS
8. Relação com empregados
9. Compromisso com o desenvolvimento profissional
10. Saúde e segurança do trabalho
11. Qualidade de vida e direitos humanos
12. Relacionamento com a comunidade

0 1 2
Elabore um planejamento Desenvolva uma política de Inclua critérios de igualdade,
para pagar em dia todos relação com empregados diversidade e inclusão na política
os funcionários. Invista na que inclua tópicos como de relação com empregados. Crie
capacitação dos funcionários não promoção da saúde, da um planejamento para investir
alfabetizados. Faça uma inspeção segurança e do bem-estar, e no desenvolvimento profissional
física de suas instalações para valorize o desenvolvimento de empregados, sócios e
verificar se oferece um ambiente profissional. Estabeleça políticas administradores da empresa.
físico agradável e seguro aos procedimentos e iniciativas Desenvolva um plano de atividade
seus empregados. Incentive para promoção da saúde e da e conscientização de promoção
cuidados com higiene e saúde e segurança dos trabalhadores, e de qualidade de vida, saúde e
planeje iniciativas de promoção planeje iniciativas de bem-estar segurança. Implemente controles
da qualidade de vida para os organizacional. Desenvolva um para revisão dos documentos
funcionários. Crie um canal de formato de relatório simples e de SSO. Divulgue as iniciativas
Dimensão: 2. Social

diálogo com a comunidade. um reporte centralizado para realizadas com a comunidade nas
Incentive o trabalho voluntário acompanhamento das iniciativas redes sociais da empresa.
internamente. com a comunidade.

3 4 5
Estabeleça políticas de Invista em recursos que facilitem Defina metas de diversidade e
prevenção à violação de direitos a contratação de pessoas com inclusão para a empresa dentro da
humanos. Crie um canal de deficiência motora, auditiva e política de relação com empregados.
sugestões ou reclamações para visual. Incremente o plano de Relacione essas metas com bônus
os empregados. Elabore metas conscientização e aprimoramento e premiações para os gestores da
de contração de empregados da profissional com oferecimento empresa. Integre as sugestões e
comunidade do entorno. Elabore de curso externos para os feedback dos empregados na revisão
um plano com treinamentos empregados. Crie um canal de e atualização dos procedimentos
internos para conscientização sugestões relativas à saúde e de saúde e segurança, e no
e desenvolvimento profissional segurança para os empregados. planejamento de iniciativas de
dos empregados. Certifique-se Implemente melhorias nas qualidade de vida. Integre os
que todos os documentos legais políticas de SSO com base empregados no plano de melhoria
de SSO estão atualizados e que nas sugestões. Sensibilize os contínua de desenvolvimento
os equipamentos de proteção empregados sobre as políticas de profissional. Inclua suas demandas
individual (EPIs) são oferecidos. prevenção à violação de direitos nos planos de conscientização e
Divulgue e mobilize a rede de humanos. Crie um processo de capacitação profissional. Implemente
contratos da empresa a favor auditoria e fiscalização interna programas de treinamento para que
das organizações apoiadas na em direitos humanos. Estenda os trabalhadores possam treinar
comunidade. seu sistema para fornecedores colegas e fornecedores sobre as
e contratados. Mensure os políticas de prevenção à violação
resultados das atividades na de direitos humanos. Desenvolva
comunidade e relacione os seus recursos compartilhados e iniciativas
benefícios para o negócio. coletivas com a comunidade. Envolva
a rede de contatos da empresa nessas
iniciativas.
34
O que cada nível significa
TÓPICOS
13. Impactos no meio ambiente (pegada ambiental)
14. Política ambiental
15. Avaliação e desempenho ambiental
16. Compromisso com o meio ambiente
17. Avaliação de riscos ambientais
18. Identificação de riscos ambientais

0 1 2
Identifique os cinco riscos Expanda as políticas ambientais Centralize código, políticas,
ambientais mais comuns para para abordar os principais procedimentos e registros do
o setor de negócio e região da riscos e impactos do setor e sistema de gestão ambiental da
empresa. Realize uma inspeção região da empresa. Verifique empresa. Mantenha um registro
física de suas instalações para se há atualizações nas leis de atualização. Desenvolva
ver onde esses cincos riscos mais e regulamentos ambientais e implemente uma lista de
comuns podem ser relevantes. locais e nos códigos de clientes/ verificação dos principais riscos
Escreva e implemente um plano credores. Desenvolva um ambientais com base nas boas
de ação para abordar um risco ou modelo de plano de ação que práticas internacionais. Realize
impacto ambiental do negócio. inclua a atividade, prazo, pessoa um mapeamento de processo
responsável, procedimentos das atividades da empresa.
operacionais. Inicie um registro Desenvolva e implemente uma
Dimensão: 3. Ambiental

de rastreamento central e designe matriz para priorizar os riscos


alguém para ser responsável pela ambientais em todas as áreas-
organização e atualização. chave.

3 4 5
Defina um cronograma para Crie um plano de melhoria anual Defina metas de melhoria anual
revisão e atualizações do sistema do sistema de gestão ambiental, mais agressivas como parte do
de gestão ambiental. Defina compartilhe e utilize práticas planejamento estratégico de
um procedimento, cronograma de outras empresas líderes no negócios. Inclua as reclamações
e equipe para conduzir, revisar tema. Inclua indicadores-chave ambientais e resoluções no
e atualizar a avaliação de de desempenho. Divulgue o reporte de sustentabilidade
risco ambiental da empresa. desempenho ambiental do da empresa. Integre as partes
Inclua instalações e operações negócio em relatórios não interessadas na avaliação do
terceirizadas. Desenvolva e financeiros para as partes sistema de gestão ambiental e
implemente um procedimento interessadas. Desenvolva e no planejamento de melhorias.
para envolver os trabalhadores na implemente um procedimento Compartilhe suas políticas
avaliação de risco ambiental. de consulta com as partes ambientais e procedimentos com
interessadas para identificar seus fornecedores. Estenda seu
os riscos ambientais do sistema de gestão ambiental para
negócio de forma proativa. fornecedores e contratados.
Desenvolva e implemente um
procedimento para identificação
de riscos ambientais na cadeia de
suprimentos.

35
9. Dicas Práticas para as MPEs para
acessar mercados corporativos ESG

Nesta seção vamos dar dicas práticas de como a sua mi-


cro ou pequena empresa pode se preparar e acessar mer-
cados com maior valor agregado a partir de uma agenda
ESG. Vamos lá!

1. Conheça mais sobre ESG e mobilize a sua empresa:


Importante ter uma fundamentação para uma pro-
posta ESG em sua empresa. Estudar e pesquisar sobre
o tema ESG é muito importante principalmente para
as empresas que estão começando nessa temática.
Pode ajudar a criação de um grupo de trabalho com
36
alguns colaboradores da empresa e parceiros institu-
cionais que podem ser convidados. O alinhamento e
o envolvimento de todos os funcionários e lideranças
da empresa (com treinamento e encontros) são fun-
damentais para que a agenda de ESG se torne robus-
ta e prática no cotidiano da empresa. Se já tiver uma
agenda implantada, veja se a equipe está com conhe-
cimento e engajada nas práticas e rotinas estabeleci-
das para os três níveis da agenda.

2. Faça um mapeamento da sua empresa e do seu setor


de atuação: Uma boa estratégia de ESG depende de uma
análise da sua empresa e do seu setor de atuação. Levan-
tar os impactos positivos e negativos da sua MPE, suas
fortalezas, fraquezas, bem como, as oportunidades que
podem surgir com adoção de práticas de ESG, além das
tendências, inovações e pontos críticos do setor (princi-
palmente nos quesitos ambiental, social e de governan-
ça) serão subsídios para uma estratégia na sua empre-
sa. Neste ponto, dica importante é realizar a análise de
materialidade com as partes interessadas (­stakeholders)
do seu negócio (ver artigos no portal Sebrae para aplicar
a matriz de materialidade). Conversar e mapear junto a
seus clientes, fornecedores, comunidade, organizações
de apoio e parceiros, prioridades para a agenda, pode
trazer ganhos e vantagens ao processo.
37
3. Tome uma decisão estratégica: Com todas as infor-
mações e análises em mãos, cabe uma definição es-
tratégica sobre prioridades e propósitos da agenda
ESG na sua empresa. Nessa decisão estratégica, de-
ve-se analisar quais as transformações necessárias a
serem realizadas na empresa em seus aspectos cultu-
rais, processos, relações e recursos para um determi-
nado período. Nessa visão de futuro, a empresa deve
se perguntar quais os propósitos, quem e como ela
precisa ser, o que deve ser feito, que decisões estraté-
gicas precisam ser tomadas, o que precisa ser ajusta-
do ou transformado e quais as prioridades da agenda
ESG nos três pilares. Todas essas questões fazem parte
de um plano estratégico que deve ser periodicamen-
te revisado a partir da execução e monitoramento da
agenda.

4. Tenha um plano de ação: A partir das diretrizes es-


tratégicas estabelecidas, a empresa deve elaborar um
plano de ação para a agenda ESG com a descrição de
ações, metodologia, indicadores, recursos, prazos,
responsáveis para cada um dos três pilares (ambien-
tal, social e governança). Aqui é hora da ação. Colocar
em prática a agenda ESG na sua empresa. Estabeleça
metas e ações que sejam factíveis com as capacidades
humanas, financeiras e organizacionais no momento.
38
ESG é uma jornada. Importante começar e gradativa-
mente expandir os horizontes da sua agenda ESG.

5. Mantenha controle e transparência: Monitorar as


ações a partir de indicadores de desempenho ESG é
fundamental para realizar ajustes na jornada e dar
credibilidade à agenda. Toda e qualquer ação ou ati-
vidade deve ser medida a partir de indicadores pre-
viamente definidos. É importante que a empresa dis-
ponibilize relatórios ou boletins sobre os resultados
das ações realizadas, mostrando transparência e res-
ponsabilidade na agenda ESG.

39
10. Dicas Práticas para
definição de ações ESG

Algumas dicas importantes para que o micro e pe-


queno empreendedor defina ações de ESG na sua
empresa.

§ Se a sua empresa já tiver estabelecido um plano ou


uma agenda ESG em seu cotidiano empresarial, esse
já é um motivo de diferenciação de mercado. Se aten-
te se os indicadores estão sendo monitorados e se são
necessários ajustes na jornada. Caso seja necessário,
avalie as decisões estratégicas e operacionais tomadas
e veja se os colaboradores estão engajados ou com di-
40
ficuldades em atuar a partir das mudanças estabele-
cidas. Lembre-se que ações de ESG e de sustentabili-
dade trazem mudanças no funcionamento e operação
em uma empresa.

§ Comece com o pilar da Governança. Ela será a base do


processo. Sem governança, os outros pilares não se sus-
tentarão. Assim, para acesso dos mercados corporati-
vos, a empresa deve ter uma gestão eficiente e proces-
sos estabelecidos junto a todo o corpo técnico e rede de
fornecedores. A garantia de direitos sociais e trabalhis-
tas aos funcionários são obrigatórios para uma política
ESG. Questões como compliance, a postura ética nos ne-
gócios, a valorização da prestação de contas, o código
de conduta da empresa e responsabilidade corporativa
são elementos que fortalecem parcerias institucionais.

§ No pilar social, questões como inclusão social e diver-


sidade são elementos averiguados e valorizados em
qualquer política ESG. A relação da empresa com a so-
ciedade em geral, principalmente com a experiência
dos consumidores e atuação junto à comunidade em
sua volta, são fatores importantes para práticas sociais
em uma agenda.

41
§ No pilar ambiental, cada empresa deve, a partir do se-
tor e atividade econômica desenvolvida, mapear prá-
ticas que possam promover menor impacto ao meio
ambiente e emissão de gases de efeito estufa (GEEs).
Temas como eficiência energética e gestão e descarte
de resíduos são sempre valorizados. A gestão de água
e utilização de embalagens ou insumos sustentáveis
também são muito valorizados em mercados mais
competitivos.

§ ESG é uma jornada. Após a sua empresa decidir quais


estratégias de ESG, devem ser indicadas, definir que
ações devem ser iniciadas. A ideia é não atuar em di-
versas frentes, sendo mais importante dar um passo
de cada vez, definindo prioridades, principalmente
quando o conceito ainda não foi totalmente adotado
na empresa. Defina uma jornada e tenha consciência
de que é preciso segui-la em etapas.

42
11. O que dizem as grandes
empresas e especialistas sobre
ESG e os pequenos negócios ?
“Tirar práticas ESG do papel. Ter uma meta de atingimento por
menor que seja o impacto, importante começar. ESG não é coisa
só de empresa grande”
(Guilherme Weege, CEO da Malwee)

“Fazer no dia a dia para trazer uma melhoria contínua. Criar


uma agenda positiva com pequenos e médios fornecedores para
que nossa conduta seja mais positiva é fundamental. Temos em
torno de 2.700 fornecedores e o trabalho com o Sebrae no en-
cadeamento produtivo permitiu diminuir a dependência e au-
mentar a produtividade desses fornecedores. Um de nossos pi-
43
lares é ter forte agenda inclusiva e o trabalho de ganha-ganha
com os nossos fornecedores”.
(Douglas Catan - Diretor de Suprimentos
e logística na Intercement)

“...A Raízen movimenta 5.000 parceiros, sendo 56% de peque-


no porte com mais de 1.000 categorias, com 55 mil itens distin-
tos. Temos uma forte agenda nessa área de suprimentos, vamos
do campo ao posto de combustível. Precisamos contribuir com
essa rede de fornecedores para que consigam aperfeiçoar seus
processos, se eles não conseguirem, nós também não consegui-
remos. Precisamos das MPEs para entregar nossos compromis-
sos. Nosso objetivo é fortalecer o desenvolvimento de excelência
à luz do ESG”
(Henrique Nakamura - Diretor de
Suprimentos da Raízen)

“Grandes empresas estão mudando seu modelo de negócios. E


aquelas empresas que não são capazes de se transformar, irão
morrer; porque é mais fácil recomeçar, criar novas empresas, do
que se transformar. Pensar na sustentabilidade é pensar sobre
mudanças sistêmicas. Levei décadas trabalhando em empresas
e quanto mais velho, percebia que são os médios e os pequenos
que são importantes na entrega de negócios sustentáveis”.

44
Algumas contribuições para os micros e pequenos empresários:
§ Mesmo se for bem pequeno, você pode ter muito impacto;
§ Encontre pessoas na empresa que são capazes de liderar essa
agenda ESG;
§ Engaje seus principais clientes;
§ Esteja além de seus concorrentes;
§ Envolva-se em iniciativas e projetos que possuem impacto;
§ Pesquisar estudos de caso de sustentabilidade é importante
para o seu negócio;
§ As pessoas estão buscando empresas que podem apoiar. Pes-
soas comuns não vão querer apenas promessas, mas ações
verdadeiras.
(John Elkington – Renomado escritor
e filósofo da sustentabilidade)

“Nossa estratégia prima pelo impacto que os nossos negócios


geram e essa responsabilidade pode trazer resultados bem inte-
ressantes. Negócios nascem para resolver questões da socieda-
de e isso deve ser materializado nos produtos e serviços criados.
Sustentabilidade não é uma estratégia, é a própria estratégia
corporativa”.
(Denise Hills, Diretora de Sustentabilidade na Natura)

45
“A parceria com grandes empresas pode gerar grandes benefí-
cios para as micro e pequenas empresas. É importante desen-
volver ações de ESG que tenham objetivos sociais (com colabo-
radores e comunidades), bem como, aspectos ambientais e de
governança da pequena empresa. Essas questões são analisa-
das por grandes corporações para formalização de contratos e
parcerias”.
(Valéria Felippi da Felippi Strass).

“Vemos nossa cadeia de valor como fonte de inovação. Estamos


acompanhando a agenda de carbono zero e de sustentabilida-
de. Queremos trazer os pequenos negócios, temos um diagnós-
tico e a capacitação de fornecedores diante da pegada de carbo-
no, pois isso impacta na nossa cadeia. Estamos olhando nossa
cadeia de valor para os próximos 100 anos”.
(Letícia Kawanami - Global Sustainability
Manager da Suzano)

“Estamos sempre olhando a demanda do negócio e a demanda


da sociedade. Quando a gente consegue essa conexão, consegui-
mos uma transformação em larga escala. Precisamos das em-
presas menores, se elas estão em dificuldade, também teremos”.
(Pedro Massa - VP&General Manager
Brazil na Coca-Cola)

46
/sebrae /tvsebrae

@sebrae @sebrae

Você também pode gostar