Mestrado Icaro Completo V1

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Universidade de São Paulo

Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas


Departamento de Geofísica

Investigações geofísicas para otimização de cava em


mina de barita no Vale do Ribeira, região de Tunas do
Paraná- PR.

Aluno: Ícaro Augusto Pachêco


Orientador: Dr. Jorge Luís Porsani

São Paulo
2022
Ícaro Augusto Pachêco

Investigações geofísicas para otimização de cava em


mina de barita no Vale do Ribeira, região de Tunas do
Paraná- PR.

Dissertação apresentada ao Departamento


de Geofísica do Instituto de Astronomia
e Ciências Atmosféricas da Universidade
de São Paulo como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Geofísica Apli-


cada à Prospecção de Recusos Naturais e
Problemas Ambientais

Orientador: Prof. Dr. Jorge Porsani

São Paulo
2022
Agradecimentos

Primeiramente agradeço a ciências por tornar a minha existência nesse planeta


menos insignificante. Satisfação aos meus pais por terem me dado o privilégio da base e
estrutura.
Esse trabalho é para todos os meus amigos que foram aconchego nos momentos
nebulosos da minha jornada. Eu agradeço a inspiração. Esse trabalho teve ajuda direta
dos meus amigos Luis Tabosa (UnB), que trocou ideias geológicas, Thiago Mendes (UnB)
que me ajudou nas modelagens 3D de geofísica e Rafael (USP) na criação das cavas
otimizadas e operacionais. Agradeço às conversas com meu padrinho Welitom Borges
(UnB), elas foram essenciais para sempre manter o pensamento de cientista critico e a ser
humilde. Sinceros agradecimentos ao meu orientador Jorge Porsani por ter me recebido
em SP e dado a liberdade para construir a minha linha de raciocínio.
À equipe de campo Nathália Penna, Victor Hott e Marcelo. Às instituições CAPES,
FAPESP e IAG por terem dado o suporte financeiro. À mineradora Patrimônio e seu
proprietário Pedro por ter aberto as portas e os ouvidos para as propostas de pesquisa,
além de abraçar uma exploração mais sustentável e economicamente viável.
Por fim, a minha parceira Raiane Nunes Nogueira por ter corrido ao meu lado
durante essa maratona, foi muito cansativo mas sempre esteve lá para me fornecer o
último oxigênio, quando estava prestes a cair; agradeço por ter sido tão humilde, carinhosa,
bondosa e por ter acreditado no meu potencial, quando eu mesmo duvidava de mim e
acreditava que havia falhado mais uma vez. Obrigado por não ter desistido, por ter sido
abrigo nos momentos onde não havia ninguém que eu amava por perto e por ter sido tão
compreensível na ponte aérea BSB-SP, me inspiro em você meu amor.
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio"
Resumo

A Mineração de Pequena Escala (MPE) é responsável em sua totalidade por mais


de 86% dos recursos minerais explorados no Brasil, o que justifica a importância
da pesquisa nessa área. O alvo da pesquisa é a reserva de barita de Campo Chato-
Roseira, situada no Vale do Ribeira próximo ao município de Tunas do Paraná.
O depósito barítifero é de pequeno porte, do tipo Sedimentar Exalativo (SEDEX)
e apresenta dificuldade de beneficiamento. O objetivo do estudo foi identificar as
áreas mais suscetíveis à barita e calcular o provável lucro da empresa por meio de
cubagem com a finalidade de auxiliar o planejamento e sequenciamento de lavra na
mineradora Patrimônio. O método de aeromagnetometria auxiliou na investigação
da geologia regional e do trend da barita (N50E). A Resistividade Capacitiva (RC)
e Georadar (GPR) ajudaram na decisão dos melhores locais a serem detalhados.
A Eletroresistividade (ER) foi usada com a finalidade de detalhar o depósito em
profundidade e gerar os modelos de blocos 3D referentes ao minério, visto que a
resistividade característica para a barita da área foi considerada sendo maior que
15000 ohm.m. Modelos de cavas otimizadas e operacionais foram gerados afim de
delimitar a maneira mais lucrativa de pesquisar e explorar os modelos propostos
para os corpos barítiferos. O método IP no domínio do tempo e da frequência foi
recorrido para avaliar a presença de sulfetos. As anomalias mais altas para esses
últimos métodos foram de valores maiores que 16,6 mV/V para cargabilidade, 1,6%
para o percentual de frequência efetiva (PFE) e 4,20 para o Fator Metal (FM). Es-
ses dados não foram suficientes para aferir a presença de sulfetos economicamente
viáveis e foram interpretados como material inconsolidado com presença de pirita e
em alguns casos como filitos. O valor total do lucro para os três modelos de cavas
propostos foi de 4.288.404,00 US$ e o volume total calculado para material estéril
e mineralizado foi de 60.697,71 𝑚3 .

Palavras-chave: Georadar (GPR), Resistividade Capacitiva, Eletrorresistividade,


Polarização Induzida, Depósito de Barita, Depósito SEDEX, Vale do Ribeira, Oti-
mização de Cava, Cava Otimizada, Engenharia de Minas, Exploração Mineral, Mi-
neração de Pequena Escala.
Abstract
Small-Scale Mining (SSM) is responsible for over 86% of the mineral resources ex-
ploited in Brazil, which underscores the importance of research in this area. The
focus of this study is the barite reserve in Campo Chato-Roseira, located in the Ri-
beira Valley near the municipality of Tunas do Paraná. The barite deposit is small
in scale, of the Sedimentary Exhalative (SEDEX) type, and presents beneficiation
challenges. The aim of the study was to identify the areas most susceptible to ba-
rite and calculate the potential profit of the company through volume measurement
to assist in the planning and sequencing of mining operations at the Patrimônio
mine. The aeromagnetic method aided in the investigation of regional geology and
the trend of barite (N50E). Capacitive Resistivity and Ground Penetrating Radar
(GPR) assisted in deciding the best areas to be detailed. Electroresistivity was used
to detail the deposit in depth and generate 3D ore block models, considering that the
characteristic resistivity for barite in the area was deemed to be greater than 15,000
ohm.m. Optimized and operational pit models were generated to delineate the most
profitable way to explore and exploit the proposed models for the barite bodies. The
Induced Polarization method in both time and frequency domains was employed to
assess the presence of sulfides. The highest anomalies for these latter methods were
values greater than 16.6 mV/V for chargeability, 1.6% for the Percentage of Effec-
tive Frequency, and 4.20 for the Metal Factor. These data were not sufficient to
ascertain the presence of economically viable sulfides and were interpreted as un-
consolidated material with the presence of pyrite and, in some cases, as phyllites.
The total profit value for the three proposed pit models was 4,288,404.00 USD, and
the total calculated volume for sterile and mineralized material was 60,697.71 𝑚3 .

Keywords: Ground Penetrating Radar (GPR), Capacitive Resistivity, Electrore-


sistivity, Induced Polarization, Barite Deposit, SEDEX Deposit, Vale do Ribeira,
Pit Optimization, Optimized Pit, Mining Engineering, Mineral Exploration, Small
Scale Mining.
Sumário

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2 GEOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 Geotectônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Geologia da Área de Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Aeromagnetometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4 Estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.5 Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6 Depósitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.7 Modelo Evolutivo-Depósito SEDEX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1 Gravimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2 Métodos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Georadar (GPR) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.4 Otimização de cava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . 45


4.1 Georadar (GPR) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.1.1 Equações de Maxwell e Relações Constitutivas . . . . . . . . . . . . 46
4.1.2 Propagação da onda EM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.1.3 Radarfácies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 Métodos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.2.1 Eletrorresistividade (ER) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.2.1.1 Propriedade Elétrica das Rochas . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2.1.2 Fator Geométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.2.1.3 Técnicas de aquisição de dados . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.2.1.4 Arranjos de eletrodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.2.2 Resistividade Capacitiva (RC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2.3 Polarização Induzida (IP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.2.3.1 Fontes de efeito IP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.2.3.2 Domínio do tempo (TD) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.2.3.3 Domínio da frequência (FD) . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.3 Otimização de Cava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5 AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM . . . . . . . . . . . . . 77
5.1 Georadar (GPR) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.1.1 Ganho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.1.2 Análise de Frequência e Filtragem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.1.3 Análise de Velocidade-Migração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.2 Métodos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.2.1 Filtragem Prosys . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.2.2 Inversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.2.2.1 Teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.2.2.2 Filtragem- Res2Dinv . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.2.2.3 Parâmetros para inversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.3 Otimização de Cava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.1 Perfil 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.2 Perfil 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.3 Perfil 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.4 Perfil 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.5 Perfil 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
6.6 Perfil 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.7 Perfil 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.8 Perfil 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.9 Perfil 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
6.10 Perfil 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
6.11 Otimização de cava . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

7 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Lista de ilustrações

Figura 1.1 –Mapa de localização da área de estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Figura 2.1 –Províncias estruturais do Brasil. São treze as províncias, com acréscimo
da Parecis, Subandina e Margem Continental Equatorial em relação à
divisão original de Almeida (1977), modificado por Hasui, (2012) . . . 21
Figura 2.2 –Compartimentação geotectônica do ciclo Brasiliano-Panafricano. Os
crátons estão representados em rosa. Com a convergência do crátons e
fechamneto dos oceanos, formaram-se os sistemas orogênicos em verde.
Na América do Sul, os oceanos que se fecharam foram o borborema,
Adamastor (representado na figura) e Goiano-Climene. (modificado de
Hasui, et. al., 2012) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 2.3 –Compartimentação tectônica da Província Mantiqueira (Setentrional,
Central e Meridional) no contexto das faixas orogênicas neoproterozoi-
cas, com destaque para a faixa Ribeira, objeto desse estudo. Legenda:
1- Coberturas Fanerozoicas; 2- Províncias Tocantins/Mantiqueira; 3-
Domínio Externo; 4- Domínio Interno; 5- Orógenos Apiaí e São Ga-
briel; 6- Coberturas Neoproterozoicas; 7- Crátons São Francisco(CSF),
Luís Alves (CLA) e Rio de La Plata (CRP) (Modificado de Heilbron,
et. al., 2004) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Figura 2.4 –Mapa com a geologia e a área de estudo. A região de estudo está inserida
na formação Perau do grupo Setuva. (Lasmar, 2020) . . . . . . . . . . 25
Figura 2.5 –A) Unidades da geologia Regional formada pelas formações Perau, Ca-
piru e Metabasitos, as duas primeiras são separadas pela falha Lancinha
B) Detalhe da unidade local da Formação Perau, com mapeamento dos
afloramentos de barita (Fonte:Silva, et. al. 2022). . . . . . . . . . . . . 26
Figura 2.6 –Fluxograma dos resultados de magnetometria aérea obtidos.CMA cor-
responde ao Campo Magnético Anômalo corrigido, dx, dy e dz as deri-
vadas de CMA nas três direções, GHT ao Gradiente Horizontal Total,
ISA a Inclinação do Sinal Analítico e Asa a Amplitude do Sinal Analitico 29
Figura 2.7 –a) Gradiente Horizontal Total, com lineamentos 1 (NW) em destaque.
b) Amplitude do Gradiente Horizontal Total após a filtragem de cosseno
direcional e com lineamento 2 (NE) em destaque c) Inclinação do Sinal
Analítico d) ISA após o filtro de cosseno direcional e com lineamento 2
(NE) em destaque e) Dado com convolução de continuação para cima,
com lineamentos 1 (NW) em destaque. f) CCV após o filtro de cosseno
direcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 2.8 –Mapa de localização da área de estudos com os minérios de interesse
localizado na região. (Fonte: SIGMINE ANM 02/2020; adaptado por
Lasmar (2020) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 2.9 –Modelo genético da mineralização de Ba-Pb-Cu-Zn na formação KF; a)
Deposição de sequência sedimentar (Folhelho preto, arenito e siltito em
um ambiente extensional; b) Rochas sedimentares e vulcanismo bimo-
dal c) Fluido hidrotermal exalativo em ambiente de fundo oceãnico, que
acarreta na deposição dos primeiros minerais (estágio 1); d) A redução
contínua da profundidade e aumento de condições oxidantes na bacia
leva a formação de barita; e) Compressão e soerguimento tectônico de-
forma o material; f) Granitos do tipo-I, S e Asão intrudido, ajudando
a remobilização do minério; g) Cobrimento de sequência sedimentar
(Fonte: Derakhshi, et. al., 2019). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 2.10 –Perfil com a morfologia e distribuição dos diferentes tipos de minério
em um depósito SEDEX. Na imagem é possível observar o zoneamento
vertical com o aumento de barita no topo e na zona distal (modificado
por Emsbo P. et. al. (2016) apud. Derakhshi M. G. et. al. (2019)). . . . 39

Figura 4.1 –a) Esquema de aquisição demonstrando o percurso do raio da antena


até o alvo em destaque em três posições diferentes b) Radargrama
esquemático com traços referentes aos três percursos de ondas e suas
reflexões (Poluha et. al., 2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 4.2 –Onda incidente (𝑘𝑖 ), refletida (𝑘𝑟 ) e transmitida (𝑘𝑡 ) e os ângulos de
incidência, reflexão e trasmissão (𝜃𝑖 , 𝜃𝑟 , 𝜃𝑡 ,) formados com a passagem
da frente de onda do meio 1 (𝜇1 , 𝜎1 , 𝜖1 ) para o meio 2 (𝜇2 , 𝜎2 , 𝜖2 .) . . . 52
Figura 4.3 –Tipos básicos de configurações de reflexão ilustrado por Paula M. C.
L, 2019 adaptado de Sangree & Widmier (1974) . . . . . . . . . . . . . 55
Figura 4.4 –Tipos básicos de configurações de reflexão e as possíveis interpretações.
Fonte: Paula M. C. L, 2019 adaptado de Haeni F. P. (1988) . . . . . . 56
Figura 4.5 –Variação nos valores de resistividade das rochas, solos e minerais (Fonte:
Loke, 1999). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 4.6 –Exemplo de arranjo com quarto eletrodos (Fonte: Braga, 2006). . . . . 60
Figura 4.7 –Técnica de aquisição SEV (Fonte: Braga, 2006). . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 4.8 –Técnica de aquisição CE (Fonte: Braga, 2006). . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 4.9 –Primeira coluna: arranjos comumente usados na aquisição de dados de
eletrorresistividade e seus respectivos fatores geométricos (k), sendo que
os eletrodos de corrente são representados por A e B e os de potencial
por M e N. Segunda coluna: sensibilidade para cada arranjo. Arranjos:
a) Wenner, b) Dipolo-Dipolo, c) Schlumberger, d) Polo-Polo, e) Polo-
Dipolo (Fonte: adaptado de Loke, 2004 e Dahlin & Zhou, 2004). . . . . 64
Figura 4.10 –Sistema de um dipolo capacitivo. A figura superior ilustra o sistema
externamente e a parte inferior da imagem detalha o sistema interna-
mente, formado pelo gerador de corrente alternada, a placa condutora
e o isolante, sendo que o solo age como a segunda placa (Fonte: Aquino
W. F., 2022, modificado de Yamashita et. al., 2004) . . . . . . . . . . . 65
Figura 4.11 –Representação do modelo de eletrodo capacitivo na prática e a repre-
sentação do circuito elétrico equivalente (Fonte: Aquino W. F., 2022,
modificado de Shima et. al., 1996). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 4.12 –Disposição de sistema RC e ER equivalentes: A) RC equivalente a B)
método galvânico ER com arranjo dipolo-dipolo (Fonte: Aquino W. F.,
2022, modificado de Kuras et. al., 2006). . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 4.13 –Ilustração de como é feita a aquisição por meio do método RC. D
é a distância do transmissor para cada receptor. A corrente elétrica
pe aplicada para cada nível de investigação fazendo medidas de Δ𝑉
(Fonte: Aquino W. F., 2022) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 4.14 –Representação do circuito da polarização de eletrodo (Fonte: modifi-
cado de Summer, 1976). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 4.15 –Corrente emitida na forma quadrada com sistema on/off (parte supe-
rior) e resposta da carga e descarga do meio geológico medido em volts
(parte inferior), sendo 𝑉0 a voltagem total medida, 𝑉𝑝 , a voltagem re-
ferente a polarização do meio e 𝑉 a voltagem real. . . . . . . . . . . . . 71
Figura 4.16 –Integração de curva de decaimento de potencial após período de rela-
xamento de corrente em um intervalo de tempo entre 𝑡1 e 𝑡2 . . . . . . . 71
Figura 4.17 –Circuito representando o fenômeno IP (Summer, 1976) . . . . . . . . . 72
Figura 4.18 –Eletrodo poroso (Fonte: França, 2015) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

Figura 5.1 –A) Contextualização das unidades da geologia regional, que engloba as
Formações Perau, Capiru e Metabasitos. B) Detalhe da geologia local:
Formação Perau e disposição das linhas geofísicas. C) Posição das linhas
de aquisição de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Figura 5.2 –A) Bloco rolado de barita envolto por quartzito. b) Aquisição de GPR
com antenas de 200 e 270 MHz. c) Aquisição de Resistividade Capaci-
tiva. d) Aquisição de Eletrorresistividade. . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 5.3 –Fluxograma usado no tratamento e processamento de dados de GPR. . 80
Figura 5.4 –Perfil bruto sem processamento para ilustrar a identificação de hipér-
bole usada na análise de velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Figura 5.5 –Configuração dos materiais utilizados em campo. . . . . . . . . . . . . 83
Figura 5.6 –Fluxograma das etapas de processamento e modelagem dos dados. . . . 84
Figura 5.7 –Curvas de decaimentos IP. A) Curva com decaimento satisfatório. B)
Curva com baixo sinal/ruido. C) Curva para cargabilidade negativa. . . 85
Figura 5.8 –Remoção de dados com erro maior que 100% utilizando a opção RMS
error statistics. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Figura 6.1 –Perfil 1 de GPR: a) Antena de 200 MHz e as delimitações das radar-
fácies observadas b) Radarfácies R1, R2, R3, R4 e R5, na ordem da
esquerda para direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Figura 6.2 –Resultado da antena de 200 MHz após migração ao longo do perfil 1. . 93
Figura 6.3 –Resultados perfil P1: a) Perfil GPR com antena de 200 MHz. b) Modelo
de inversão para Resistividade Capacitiva c) Modelo de inversão de ER
com espaçamento mínimo entre eletrodos de 3 m. d) Modelo de inversão
para Cargabilidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Figura 6.4 –Perfil 2 de GPR: a) Antena de 200 MHz e as delimitações das radar-
fácies observadas na ordem da esquerda para direita: b) Radarfácies
R1, R2, R3, R4. c) Perfil Migrado e duas áreas com aproximação para
detalhe. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Figura 6.5 –Resultados perfil P2: a) Perfil GPR com antena de 200 MHz. b) Modelo
de inversão para Resistividade Capacitiva. . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Figura 6.6 –a) Seção de GPR de P3 com antena de 200 MHz e delimitação de cada
radarfácie. b) Radarfácies observadas. c) Resultado após processo de
migração e recorte de duas regiões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figura 6.7 –Resultados do perfil P3: a) Perfil GPR com antena de 200 MHz. b)
Modelo de inversão para RC. c) Modelo de inversão para ER. . . . . . 99
Figura 6.8 –Resultados de IP para P3: a) Cargabilidade. b) PFE. c) Fator Metal. . 99
Figura 6.9 –a) Seção de GPR ao longo do perfil 4, gerado com antena de 200 MHz e
as regiões de detalhe delimitadas por retângulos. b) Radarfácies deta-
lhadas em R1, R2, e R3. c) Seção gerada com GPR de 270 MHz e duas
regiões de detalhe. d) Resultado migrado gerado por meio de antena
de 270 MHz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 6.10 –Resultados do perfil 4: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c)
ER com espaçamento de 2,5 m; d) ER com espaçamento de 20 m e)
afloramento presente abaixo do ponto P2 e as posições das linhas 3 e 4. 102
Figura 6.11 –Resultados de IP para o perfil 4: a) Cargabilidade em mV/V; b) Per-
centual de Frequência Efetiva em % e c) Fator Metal. . . . . . . . . . . 103
Figura 6.12 –a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 5 e as regiões
de detalhe delimitadas por retângulos. b) Radarfácies detalhadas em
R1, R2, e R3. c) Resultado gerado após migração . . . . . . . . . . . . 104
Figura 6.13 –Resultados do perfil 6: a) GPR com antena de 200 MHz. b) RC. c) ER
com espaçamento mínimo entre eletrodos de 3 metros. d) Cargabilidade
com espaçamento de 3 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 6.14 –a) Seção de GPR gerado com antena de 270 MHz no perfil 6 e as regiões
de detalhe delimitadas por retângulos. b) Radarfácies detalhadas em
R1, R2, e R3. c) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz e
delimitação das regiões detalhadas em R’1 R’2 e R’3 d) Radarfácies
detalhadas com antena de 200 MHz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 6.15 –a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c) ER com espaçamento de 3
metros; d) ER com espaçamento de 5 metros e e) ER com espaçamento
de 10 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Figura 6.16 –Resultados de IP para o perfil 6: a) Cargabilidade; b) Percentual de
Frequência Efetiva e c) Fator Metal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Figura 6.17 –a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 7 e as regiões
R1 e R2 na ordem da esquerda para direita, delimitadas por retângulos.
b) Radarfácies detalhadas de R1 e R2. c) Perfil migrado e marcação de
contato entre duas fácies diferentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Figura 6.18 –Resultados para o perfil 7: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC;
ER com espaçamento de 3 metros; c) ER com espaçamento de 5 metros.112
Figura 6.19 –Resultados de IP para o perfil 7: a) Cargabilidade; b) PFE e c) Fator
Metal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Figura 6.20 –a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 8 e as regiões
R1 e R2 delimitadas por retângulos, na ordem da esquerda para direita.
b) Radarfácies detalhadas em R1 e R2. c) Perfil 8 de GPR migrado . . 114
Figura 6.21 –Resultados para o perfil 8: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c)
ER com espaçamento de 3 m. d) ER com espaçamento de 5 m e mesma
escala de cor para RC e ER de 3m; e) Cargabilidade; f) PFE e g)Fator
Metal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Figura 6.22 –a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 9 e as
regiões de detalhe R1, R2, R3 e R4, na ordem da esquerda para direita,
delimitadas por retângulos. b) Radarfácies detalhadas em R1, R2, R3
e R4. c) Perfil 9 migrado e detalhe de uma zona de contato. . . . . . . 116
Figura 6.23 –Resultados para o perfil 9: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c)
ER com 3 metros de espaçamento d) Cargabilidade com espaçamento
entre eletrods de 3 metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Figura 6.24 –Resultados para o perfil 10: a) GPR com antena de 200 MHz, b) RC,
c) ER com espaçamento entre eletrodos de 10 metros d) Cargabilidade
com espaçamento entre eletrodos de 10 metros . . . . . . . . . . . . . . 118
Figura 6.25 –Seções de eletrorresistividade dispostas em 3D. Destaque para P1, P4,
P5, P6 e P7, com os corpos de barita interpretados como os mais pro-
missores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Figura 6.26 –Fluxograma com as etapas para gerar a otimização de cava. Os dois
primeiros modelos gerados foram o de topografia e os sólidos (barita).
Posteriormente, foram gerados modelos de blocos para cada um dos an-
teriores, e ambos combinados em um. Por fim, a proposta de otimização
de cava foi gerada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Figura 6.27 –Planta da cava 1 com o pé, crista e estrada (esquerda) e a sua respectiva
superfície, inserida na topografia (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Figura 6.28 –Planta da cava 2 com o pé, crista e estrada (esquerda) e a sua respectiva
superfície, inserida na topografia (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Figura 6.29 –Planta da cava 3 com o pé, crista e estrada (esquerda) e a sua respectiva
superficie, inserida na topografia (direita). . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Lista de tabelas

Tabela 2.1 –Tabela com os principais eventos tectônicos na formação do depósito


SEDEX no Vale do Ribeira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Tabela 4.1 –Tabela de propriedades físicas dos materiais. . . . . . . . . . . . . . . . 52


Tabela 4.2 –Tabela com coeficientes de reflexão para diferentes tipos de interfaces
entre camadas. (Fonte: Porsani 1999). . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

Tabela 5.1 –Métodos aplicados a cada perfil e parâmetros de aquisição: GPR e


frequência da antena utilizada; RC e espaçamento dos cabos coaxiais);
ER, IP-T e IP-F com espaçamento mínimo entre eletrodos. . . . . . . . 79
Tabela 5.2 –Parâmetros e custos de exploração usados na otimização de cava da
mineradora Patrimônio(adaptado de Martins 2023) . . . . . . . . . . . 90
Tabela 5.3 –Parâmetros operacionais da cava proposta para a mineradora Patrimô-
nio (adaptado de Martins 2023) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

Tabela 6.1 –Volume e peso de minério e material estéril estimado no modelo pro-
posto para a cava 1 (sul). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Tabela 6.2 –Valores de gasto, venda e lucro para a cava 1. . . . . . . . . . . . . . . 121
Tabela 6.3 –Volume e peso de minério e material estéril estimado no modelo pro-
posto para a cava 2 (meio). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Tabela 6.4 –Valores de gasto, venda e lucro para a cava 2. . . . . . . . . . . . . . . 122
Tabela 6.5 –Volume e peso de minério e material estéril estimado no modelo pro-
posto para a cava 3 (norte). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Tabela 6.6 –Valores de gasto, venda e lucro para a cava 1. . . . . . . . . . . . . . . 123
Lista de abreviaturas e siglas

ANM Agência Nacional de Mineração

ASA Amplitude do Sinal Analítico

CCV Convolução de Continuação para Cima

CE Caminhamento Elétrico

CM Campo Magnético Total

CMA Campo Magnético Anômalo

CMD Campo Magnético Diurno

CPRM Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais

GPR Ground Penetration Radar

GHT Gradiente Horizontal Total

IGRF International Geomagnetic Reference Field

IP Induced Polarization (Polarização Induzida)

ISA Inclinação do Sinal Analítico

Ma Milhões de anos

MME Ministério de Minas e Energia

MPE Mineração de Pequena Escala

MVT Missipi Valley

SEDEX Depósito Sedimentar Exalativo

SEV Sondagem Elétrica Vertical

TE Tomografia Elétrica
Lista de símbolos

𝜌 Resistividade da rocha

𝜌𝑤 Resistividade da água

𝜕 Derivada Parcial

𝜇𝑤 Permeabilidade magnética

Φ Fração da rocha preenchida por fluido

Φ𝑒 Fluxo elétrico

𝜕 Derivada parcial

𝜖 Permissividade elétrica

^r Vetor unitário do vetor r

𝜌(𝑥, 𝑦, 𝑧) Densidade de carga


D Densidade de fluxo magnético


E Campo elétrico


B Campo de densidade de fluxo magnético


H Campo magnético

⃗J Densidade de corrente elétrica

Ag Prata

Cu Cobre

Zn Zinco
18

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 Introdução
A ascensão de investimentos em pesquisa aplicada a mineração deve-se a alta
demanda da sociedade moderna por recursos minerais. A matéria prima provinda desses
recursos está presente em quase tudo do dia a dia: fertilizante usado na agricultura,
flúor usado na pasta de dente, qualquer dispositivo eletrônico (celular, ar condicionado,
computador, carro, avião...), cabo de eletricidade, lâmpada elétrica, cimento e etc. Em
resumo, hoje, quase nenhum ser humano vive sem mineração.
Dentro do contexto ambiental, as mineradoras são alvo frequente de críticas. Po-
rém, muitas vezes, o grande vilão é a forma como a gestão na exploração é feita. Tanto
em grandes como pequenas empresas o aspecto ambiental nem sempre é levado em con-
sideração e diferente do que se imagina isso pode causar mais custos econômicos.
Em 2018, o Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que aproximadamente
86,3% da mineração no Brasil é provinda da mineração de pequena escala-MPE (Bra-
sil, 2018). Este dado mostra a importância destas empresas na economia do país e nas
necessidades humanas, contexto na qual situa-se essa pesquisa.
As MPE’s normalmente carecem de pesquisa por falta de recursos financeiros e
desconhecimento dos métodos científicos. Ademais, a falta de planejamento e pesquisa
geram gastos e desperdícios, que acarreta em um modelo de lavra predatória. Neste sen-
tido, esse trabalho pretende auxiliar uma MPE no planejamento e sequenciamento de
lavra em um depósito baritífero do tipo SEDEX a partir da caracterização da geometria
e profundidade do minério.
Segundo o anuário mineral brasileiro da DNPM (Brasil, 1997-2020), as reservas
oficiais de barita diminuíram por volta de 507,5·106 t para 81,5·106 toneladas entre os
anos de 1997 e 2020. Essa redução na produção, dentre outros motivos, ocasionou o
fechamento de várias reservas por razões econômicas. Hoje os depósitos mais expressivos
do Brasil estão localizados na Bahia, sendo que outras reservas, como as do Paraná, são
de menor porte e apresentam dificuldades de beneficiamento.
Grande parte dos estudos metalogenéticos nesta região começaram na década de
80. O local de estudo foi considerado economicamente promissor principalmente devido a
presença de mineralizações de Barita, Chumbo e Zinco.
Atualmente, a Barita é o único minério explorado na mina onde foi realizado
o trabalho. A sua presença ocorre principalmente na forma estratiforme, lenticular ou
Capítulo 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 19

tabular em sedimentos clásticos, químicos marinhos ou metassedimentares. Além disso,


ela ocorre em menores volumes, hospedados em veios de quartzo (Daitx, 1996).
A barita ou sulfato de bário (𝐵𝑎𝑆𝑂4 ) é usado principalmente na indústria pe-
trolífera. As suas propriedades como alta abrasividade, inércia química e alta densidade
(4,3-4,6 g/𝑐𝑚3 ) permitem o controle da densidade do fluido de perfuração, mantêm a
pressão hidrostática, evita a penetração da lama em rochas permeáveis e previne o de-
sabamento do poço durante a exploração de petróleo. Esse minério também é utilizado
na indústria de radiologia, na preparação de tintas, pigmentos, vernizes, vidros, dentre
outros (Braz, 2002).
O depósito SEDEX em questão está inserido na Mineradora Patrimôno, no estado
do Paraná, localizada no sudoeste do Vale do Ribeira. O município de Tunas está a
aproximadamente 84 km ao norte de Curitiba, pela BR-476. A área de pesquisa, por sua
vez, está a 22 km ao sul de Tunas. O acesso à mineradora se dá pela rodovia José Richa, na
jazida de barita de Campo Chato- Roseira a 6 km a oeste do povoado do Tigre, município
de Cerro Azul. (Figura 1.1).

Figura 1.1 – Mapa de localização da área de estudo.


Capítulo 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS 20

1.2 Objetivos
Objetivos Gerais
O objetivo principal desse trabalho é auxiliar o planejamento de lavra a partir
da cubagem de barita, que permitirá estimar o tempo útil das cavas e prever o lucro da
empresa. Para isso, modelos de cavas otimizadas e operacionais serão geradas com base
nas áreas de maior potencial econômico, determinadas por meio de geofísica terrestre.
Objetivos Específicos
Os objetivos específicos do trabalho visa tanto a barita quanto outros materiais
comuns em depósito SEDEX, como por exemplo sulfetos. Os objetivos específicos para
alcançar o principal alvo do trabalho são:

• Revisão bibliográfica sobre a geologia regional, geologia local, engenharia de mina


local, métodos elétricos e GPR aplicados aos depósitos de Barita, principalmente os
do tipo SEDEX;

• Planejamento, aquisição e processamento de dados de GPR. O objetivo é reconhecer


as melhores áreas a serem detalhadas pelos outros métodos, identificar estruturas e
testar a eficiência do método na distinção entre barita e rochas hospedeiras;

• Planejamento, aquisição e processamento de dados elétricos: O objetivo a alcançar


com a resistividade capacitiva (RC) é mapear o topo da barita e junto ao GPR re-
conhecer as melhores áreas para aplicar os próximos métodos. A eletrorresistividade
(ER) será utilizada para detalhamento da profundidade, espessura e geometria dos
corpos de barita e para identificar prováveis zonas de falhas. O método IP-tempo
fornecerá resultados de cargabilidade e o IP-frequência resultados de Percentual Fre-
quency Effect (PFE) e Fator Metal (FM). Esses três últimos são usados para identi-
ficar sulfetos disseminados e auxiliará futuros estudos sobre a viabilidade econômica
de outros minérios;

• Criação de modelos geofísicos 2D e 3D para visualizar a distribuição dos materiais


em subsuperfície, que permitirá interpretar e correlacionar os dados;

• Responder se os modelos geofísicos propõem uma distribuição condizente com o


modelo geológico da literatura.

• Inferir a eficácia de cada método na descrição litológica do depósito e identificar


todos os corpos de barita para enfim realizar os objetivos gerais;
21

2 GEOLOGIA

2.1 Geotectônica
O contexto geotectônico do estudo está inserido na Província Mantiqueira, dentro
do cinturão orogênico da faixa do Ribeira, mais precisamente no Vale do Ribeira (Almeida,
1977).
A província Mantiqueira está localizada a leste do Cráton São Francisco e é uma
grande faixa com 3000 quilômetros de extensão ao longo do sul da Bahia até o Rio Grande
do Sul (figura 2.1). Os parágrafos a seguir fazem parte de um resumo da evolução tectônica,
baseado nos estudos de Almeida (1977), Heilbron (2004) e Hasui (2012);

Figura 2.1 – Províncias estruturais do Brasil. São treze as províncias, com acréscimo da
Parecis, Subandina e Margem Continental Equatorial em relação à divisão original de
Almeida (1977), modificado por Hasui, (2012)

A evolução do sistema mantiqueira tem inicio com o retrabalhamento da crosta


arqueana e acreção juvenil em ambientes de arcos de ilhas durante o arqueano e pale-
oproterozoico, com formação de granitoides. No Neoproterozoico, a tafrogênese toniana
Capítulo 2. GEOLOGIA 22

marcou a fragmentação do supercontinente Rodiana com formação de bacias do tipo rifte


com idade de 930-880 Ma., que evoluiram para bacias de margem passiva. Nesse con-
texto, ocorreu vulcanismo félsico-máfico continental na faixa Congo Ocidental e intrusões
anarogênicas no orógeno Araçuaí, assim como formação de diques máficos no Supergrupo
Espinhaço.
Em 840-800 Ma, houve a abertura oceânica onde hoje temos a formação Ribeirão,
no orógeno Araçuaí. No início do Neoproteroico, houve a formação de oceanos ao longo das
margens ocidentais e sul do Cráton São Francisco, do Cráton Paranapanema e do Cráton
Rio de La Plata. Em 800 Ma, a bacia Araçuaí-Congo Ocidental, se configurava como um
golfo que posteriormente viria a se formar um oceano onde está o orógeno Ribeira.
O período entre 790-585 Ma é marcado pelo fechamento tardio de uma bacia retro-
arco e amalgação do Godwana ocidental, durante a orogênia Neoproterozóica Brasiliano-
Pan Africana, que resultou no desaparecimento dos oceanos Goianides e Adamastor (figura
2.2). Eventos diacrônicos de orogênia geraram atividades de subducção de colisões arco-
continente e continente-continente, formando arcos magmáticos nos Orógenos Araçuaí,
Ribeira, Dom Feliciano e São Gabriel (figura 2.3). O Orógeno Araçuaí é representado
pela colisão dos Crátons do São Francisco e Congo. O Orógeno Ribeira, por sua vez, é
limitado por esses dois últimos acrescentados do Cráton do Paraná. O Dom Feliciano
relaciona-se com os crátons Rio de la Plata e Kalahari e o São Gabriel registra a colisão
de um arco-de-ilhas com o Cráton Rio de la Plata (Heilbron, 2004).
Sendo assim, os eventos de colisão mais antigos são observados nos terrenos Apiaí-
Guaupé (ca. 790 Ma) e Orógeno São Gabriel (ca. 700 Ma). O evento orogênico Brasília
meridional, nos terrenos Apiaí-Guaxupé são datados em 630-610 Ma e o orógeno Dom
Feliciano apresenta idade de cerca de 600 Ma. E por último, os Orógenos Ribeira e Araçuai
são datados com idades entre 580 e 520 Ma. O colapso tectônico dos orógenos da Província
Mantiqueira aconteceu durante Cambriano e Ordoviano (510-480 Ma) (Heilbron, 2004).
O orógeno Ribeira é o que representa a região de pesquisa. Ele apresenta trend
estrutural NE-SW, que foi formado com a interação entre o Cráton São Francisco, placas,
microplacas e arcos de ilhas a sudeste e com a interação da parte sudoeste do Cráton do
Congo. Essa parte da colisão gerou empilhamento de terrenos.
Capítulo 2. GEOLOGIA 23

Figura 2.2 – Compartimentação geotectônica do ciclo Brasiliano-Panafricano. Os crátons


estão representados em rosa. Com a convergência do crátons e fechamneto dos oceanos,
formaram-se os sistemas orogênicos em verde. Na América do Sul, os oceanos que se
fecharam foram o borborema, Adamastor (representado na figura) e Goiano-Climene.
(modificado de Hasui, et. al., 2012)

Figura 2.3 – Compartimentação tectônica da Província Mantiqueira (Setentrional, Central


e Meridional) no contexto das faixas orogênicas neoproterozoicas, com destaque para a
faixa Ribeira, objeto desse estudo. Legenda: 1- Coberturas Fanerozoicas; 2- Províncias
Tocantins/Mantiqueira; 3- Domínio Externo; 4- Domínio Interno; 5- Orógenos Apiaí e
São Gabriel; 6- Coberturas Neoproterozoicas; 7- Crátons São Francisco(CSF), Luís Alves
(CLA) e Rio de La Plata (CRP) (Modificado de Heilbron, et. al., 2004)
Capítulo 2. GEOLOGIA 24

2.2 Geologia da Área de Estudo


O Vale do Ribeira está localizado no sul do estado de São Paulo e leste do Paraná.
A bacia hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape e o complexo Estaurino Lagunar de Iguape,
Cananeia e Paranaguá nomeia a região (Bueno, 2003).
Geologicamente, a região está inserida entre a Faixa de dobramento Apiaí e o
Maciço de Joinvile. A estruturação geral segue o sentido NE-SW e há a presença de
metamorfitos de baixo e médio grau. De NE para SW é possível observar as formações
Itaiacoca, Abapã, Água Clara, Antinha, Lageado, Iporanga, Votuverava, Perau, Capiru,
Setuva e Turvo-Cajati (Daitx, 1996). A estratigrafia da região é descrita desde o século
passado. Por muitos anos, o assunto foi um debate sem resposta definida, devido ao
reduzido número de datações geocronológicas, como pode ser observado em trabalhos
como Derby (1878), Oliveira (1916) e Marini (1970), entre outros.
Trabalhos de geologia em escala regional mais modernos chegaram a um consenso
quanto ao cenário estratigráfico e pode ser caracterizado por quatro grandes unidades
pré-cambrianas da base para o topo:

• Complexo Cristalino (Oliveira, 1916) formado por rochas de fácies granulito: Com-
plexo Granulítico Serra Negra de idade arqueana (Batola et. al., 1981) e rochas
geradas no Ciclo Trasamazônico durante o Paleoproterozóico retrabalhadas no Ci-
clo Brasiliano em fácies anfibolito chamadas de Complexo Gnáissico-Migmatítico
(Siga Junior, 1995).

• Sequência vulcanossedimentares do grupo Setuva formados pelas Formação Água


Clara de fácies vulcano-sedimentar e fácies Carbonático (Marini, 1967); Formação
Perau: quartzitos, xisto, metabasitos, metavulcânicas e formações ferríferas (Batola
et. al., 1981).

• Sequências sedimentares com metamorfismo de baixo grau, idade Neoproterozóica e


ambiente do tipo plataformal do grupo Açungui. As formações próximas a área são
formadas por rochas de metabasitos, anfibolitos e anfibólios xisto (Silva, 1999); For-
mação Antinha: Metasiltitos, Meta-arenitos, Metarritmitos e Metacalcarios (Dias &
Salazar, 1987); Votuverava: Metasedimentos siltoso-argiloso, mármore, metacalcá-
rios calcíticos, quartzito e metaconglomerado (Bigarella & Salamuni, 1958) e Capiru:
Metasedimentos siltoso-argiloso, mármores dolomíticos e metadolomitos, quartzitos,
arenitos e metaarcósios (Bigarella & Salamuni, 1956).

• Complexo granitóides gnaissificados e corpos graníticos intrusivos de composição


cálcio-alcalina e subalcalina (Reis Neto, 1994), com raízes de arcos magmáticos
exudados formados durante o médio e superior Neoproterozóico (Soares, 1987) assim
como suíte sienogranitos do Neoproterozóico-cambriano (Silva, 1999).
Capítulo 2. GEOLOGIA 25

Com base na estratigrafia explicada de forma mais voltada a área próxima da


região de estudo, Lasmar (2020) criou o mapa geológico regional com base no trabalho de
Silva (1999) (figura 2.4). Na figura é observado o sistema de falhas que variam de NNE
para NE.

Figura 2.4 – Mapa com a geologia e a área de estudo. A região de estudo está inserida na
formação Perau do grupo Setuva. (Lasmar, 2020)

A figura 2.5 foi feita por Silva (2022) com base no trabalho de Andrade e Silva
(1990). A figura A corresponde as unidades regionais e a B detalha a geologia local. A re-
gião de estudo está inserida na Formação Perau do Grupo Setuva, de idade Proterozóica.
Essa formação é caracterizada por apresentar unidades quartzítica e xistosa em fácies
xisto-verde. A primeira unidade é caracterizada pela ocorrência de quartzito, mármore do-
lomítico/calcítico e xisto carbonático. Na segunda há quartzo-biotita xisto e grafita-mica
xisto, além de lentes de anfibolitos e lentes de rochas carbonáticas (Silva, et. al., 2019).
Essa formação é vulcanossedimentar e foi formada por processos hidrotermais-exalativos
em ambiente de fundo oceânico, que gerou depósito do tipo SEDEX com ocorrência de
Pb-Zn-Ag(Cu-Ba)(Daitx, 1996).
Capítulo 2. GEOLOGIA 26

Figura 2.5 – A) Unidades da geologia Regional formada pelas formações Perau, Capiru e
Metabasitos, as duas primeiras são separadas pela falha Lancinha B) Detalhe da unidade
local da Formação Perau, com mapeamento dos afloramentos de barita (Fonte:Silva, et.
al. 2022).

2.3 Aeromagnetometria
A magnetometria é um método potencial que mede a variação do campo magnético
terrestre. As principais fontes causadoras dessas variações são: 1) Campo geomagnético
do núcleo da Terra; 2) Campo magnético solar e 3) Magnetismo provindo das rochas.
Visto que o último é o único de interesse para o estudo geológico proposto, os outros dois
foram tratados como ruído, portanto subtraídos (Sordi, 2007).
O primeiro ruído tem origem relacionada ao Fe e Ni sólido do núcleo interno da
Terra, assim como a convecção e oscilação de íons livres no núcleo externo. Esses movimen-
tos geram correntes elétricas responsáveis pela produção de um campo eletromagnético.
Sendo assim, a correção é realizada pela subtração de modelos matemáticos decompos-
tos em somatório de movimentos harmônicos esféricos, que estima o valor desta parte do
campo e é chamado de International Geomagnetic Reference Field-IGRF.
Capítulo 2. GEOLOGIA 27

O segundo tipo de fonte ruidosa é causada pelas atividades magnéticas diurnas


do Sol e é corrigida por meio de magnetômetros terrestres. Com as medidas feitas no
mesmo ponto durante vários momentos do dia é possível calcular a variação diurna e
consequentemente removê-los do dado.
A terceira fonte, que nesse caso não é ruído, é gerada por meio da suscetibilidade
das rochas. As anomalias são geradas principalmente por minerais magnéticos como mag-
netita, ilmenita e pirrotita. Por meio das correções o Campo Magnético Anômalo (CMA)
é gerado pela seguinte forma:

𝐶𝑀 𝐴 = 𝐶𝑀 − 𝐶𝑀 𝐷 − 𝐼𝐺𝑅𝐹 (2.1)

sendo 𝐶𝑀 o campo magnético total medido, 𝐶𝑀 𝐷 a variação do campo magnético diurno


gerado por fontes externas ao planeta e 𝐼𝐺𝑅𝐹 o campo geomagnético.
O método auxilia na identificação de estruturas geológicas regionais como falhas
além de unidades litológicas. A visualização das anomalias e as mudanças bruscas da
propriedade física da geologia da região foram feitas a partir de produtos derivados do
𝐶𝑀 𝐴 e Gradiente horizontal e vertical do 𝐶𝑀 𝐴. As derivadas de 𝐶𝑀 𝐴 nas direções x, y
e z foram chamadas de 𝜕𝑥, 𝜕𝑦 e 𝜕𝑧, respectivamente. A amplitude de Gradiente Horizontal
Total (𝐺𝐻𝑇 ) melhora a visualização de mudanças laterais bruscas e é calculada por:
√︃
𝜕(𝐶𝑀 𝐴)2 𝜕(𝐶𝑀 𝐴)2
𝐺𝐻𝑇 = + ) (2.2)
𝜕𝑥 𝜕𝑦

A Inclinação do Sinal Analítico (ISA) ou derivada Tilt é calculado pela combinação


de 𝜕x e GHT. Esta propriedade contrasta as diferentes suscetibilidades por meio de uma
estimativa do mergulho de fontes causadoras e é dada pela mudança vertical em relação
a horizontal: (︃ )︃
𝜕𝑧
𝐼𝑆𝐴 = 𝑡𝑔 −1
(2.3)
𝐺𝐻𝑇

O resultado da Amplitude do Sinal Analítico (ASA) é uma combinação das deri-


vadas ortogonais dos três gradientes do campo magnético:

𝐴𝑆𝐴 = 𝐺𝐻𝑇 2 + 𝜕𝑧 (2.4)

O filtro de Continuação para cima (CCV) atenua exponencialmente os sinais de


alta frequência, causados por fontes rasas. Portanto, as baixas frequências provindas de
fontes profundas são destacadas (Henderson & Ziets, 1949). Essa ferramenta foi utilizada
na ISA afim de tornar a visualização dos lineamentos menos caótica. O parâmetro de
altura de observação usado foi de 125 metros e a equação do filtro é dada por:

𝐿(𝑟) = 𝑒−ℎ𝑟 (2.5)


Capítulo 2. GEOLOGIA 28

onde h é a distância em unidades de medição para continuar para cima e Lr o número de


ondas por medidas (r=2𝜋k), com k em ciclos.
Os dados utilizados são uma cortesia da CPRM, projeto Paraná-Santa Catarina
1:100.000. O espaçamento das linhas de vôo e de controle da aquisição são de 500 e 10000
metros, respectivamente. As informações sobre a aquisição podem ser conferidas em Brasil
(2011). O fluxograma desses resultados estão representados na figura 2.6, com exceção da
CCV, que é um filtro.
Os lineamentos preferenciais observados nos dados estão nas direções NW e NE.
Os primeiros estão relacionados a enxames de diques básicos do mesoproterozóico do Arco
de Ponta Grossa, gerados durante a última abertura do continente Godwana. Ao passo
que o segundo tipo são lineamentos mais antigos que correspondem as zonas de cisalha-
mentos Maria Rita, Ribeirão Grande, Água Clara, Antagorda, Lancinha, entre outros.
As derivadas 𝜕𝑥, 𝜕𝑦 e 𝜕𝑧, assim como GHT, ASA e ISA foram usados para delimitar as
estruturas. Nos produtos dx, dy e dz são observados os lineamentos na direção NW (line-
amento 1). As derivadas nas três direções e ISA apresentaram as melhores representações
das estruturas em NE, quando comparadas a GHT e ASA.
Os resultados obtidos a seguir foram realizados para entender a geologia estrutu-
ral regional, e consequentemente justificar a posição das linhas de aquisição de geofísica
terrestre. Para estudar a geologia estrutural regional, os melhores resultados foram GHT
(2.7-a) e ISA (2.7-c).
O processo de filtragem de convolução de continuação para cima (CCV) registrou
com nitidez as estruturas mais profundas que cortam a área de estudo (2.7-e). Visto que
de fato existe um lineamento NE marcante, filtros de cosseno direcional foram aplicados
em alguns produtos para atenuar o sinal das estruturas dos enxames de diques básicos de
direção N45W.
O objetivo do trabalho é identificar possíveis corpos de barita e eles estão asso-
ciadas aos lineamentos mais antigos. Embora, nos resultados seja possível observar as
estruturas nas duas direções, o filtro passa de cosseno direcional na direção 45𝑁 𝑊 foi
aplicado para destacar as estruturas de interesse na área de estudo e atenuar o sinal dos
diques da direção NE. Tal filtro foi aplicado nos dados AGHT (2.7-b), ISA (2.7-d) e CCV
(2.7-f), que foram os que apresentaram melhores resultados. O primeiro resultado foi re-
cortado para aproximar a imagem do local de estudo, os dois últimos resultados não foram
aproximados para mostrar a continuidade da estrutura NW.
Os produtos com filtro de cosseno direcional realçaram os lineamentos de interesses
(NE). Observa-se que a área de estudo está praticamente em cima da Zona de Cisalha-
mento Lancinha. Essa zona separa a formação Perau (Grupo Setuva) da Formação Capiru
(formação Acungi).
Capítulo 2. GEOLOGIA 29

Figura 2.6 – Fluxograma dos resultados de magnetometria aérea obtidos.CMA corres-


ponde ao Campo Magnético Anômalo corrigido, dx, dy e dz as derivadas de CMA nas
três direções, GHT ao Gradiente Horizontal Total, ISA a Inclinação do Sinal Analítico e
Asa a Amplitude do Sinal Analitico
Capítulo 2. GEOLOGIA 30

Figura 2.7 – a) Gradiente Horizontal Total, com lineamentos 1 (NW) em destaque. b)


Amplitude do Gradiente Horizontal Total após a filtragem de cosseno direcional e com
lineamento 2 (NE) em destaque c) Inclinação do Sinal Analítico d) ISA após o filtro de
cosseno direcional e com lineamento 2 (NE) em destaque e) Dado com convolução de
continuação para cima, com lineamentos 1 (NW) em destaque. f) CCV após o filtro de
cosseno direcional

2.4 Estrutural
Não foi realizada medidas de geologia estrutural, portanto, os dados analisados
foram retirados de trabalhos como Daitx (1996), Figueira (2002) e Silva (1999) e de dado
de Gradiente Horizontal Total obtido do Campo Magnético Total (figura 2.4).
As evidências estruturais de uma tectônica extensional à época da deposição dos
Capítulo 2. GEOLOGIA 31

corpos sulfetados são pequenas. Porém, a teoria é baseada na presença de magmatismo


bimodal, no grande número de corpos anfibolíticos presentes na Sequência superior do
complexo Perau e no levantamento gravimétrico na área Perau, onde é indicado desloca-
mentos verticais de aproximadamente 1,5 km da zona de cisalhamento Ribeirão Grande.
Esse deslocamento pode ter ocorrido na fase pré e sin deposicional da sequência pelítico-
alumínosa (Daitx, 1996). Por fim, dados de geoquímica em corpos de barita e sulfetos
foram interpretados como produtos de um ambiente Sedimentar Exalativo (SEDEX), que
se formaram de acordo com a presença de oxigênio em fundo marinho.
O trabalho de Figueira (2002) foi realizado em Rio Branco do Sul-PR a aproxima-
damente 30 km da área de estudo desse trabalho. Por meio de análise de estereogramas de
fraturas foi possível observar concentrações nítidas na direção NE e NW, com mergulhos
de 75∘ a superiores, que podem estar relacionada à dobramentos regionais que formam
juntas transversais, provavelmente com sobreposição de evento posterior relacionado ao
Arco de Ponta Grossa. Essas juntas muitas vezes são preenchidas por diques máficos, que
pode ser observado na lineação presente na parte leste figura ??, a orientação média obtida
por meio da imagem foi de 45∘ e o autor obteve em campo medida média de N40-50W,
com mergulho vertical.
Daitx (1996) obteve medidas na jazida Perau, ao norte dessa pesquisa. A jazida
está posicionada no flanco ocidental ao sul da antiforma Perau próximo ao fechamento
periclinal meridional. Os estratos, como consequência da dobra, se comportam como uma
flexura suave da antiforma. Dessa forma, as camadas apresentam direcionamento médio de
N10∘ E e caimento médio de 33∘ para noroeste. Nesse sistema, há corpos mineralizados e as
unidades encaixantes acompanham o mergulho do eixo da estrutura antiformal, dos eixos
de dobramento intrafoliais e nas intersecções ( S50∘ W/20∘ ). A xistosidade 𝑆1 apresenta
bandamento composicional com posicionamento subparalelo aos estratos litológicos (𝑆0 ).
O falhamento de baixo ângulo (𝐹3 ) paralelo ao 𝑆0 corresponde a uma zona de cavalgamento
de baixo ângulo, que corta um nível de anfibolito bandado com interposição tectônica de
biotita-muscovita xisto basal.
Campanha (1999) interpretou os três principais eventos de deformação do Terreno
Apiaí. O 𝑆1 , subparalelo ao acamamento foi gerado por deformação de compressão, além
do mais foram geradas várias dobras intrafoliação (dobras 𝐷2 ), gerando nova foliação
(𝑆2 ) presente principalmente em pelítos. O segundo evento, gerou dobras abertas com
superfície axial na vertical e eixos das dobras sub-horizontais. Por fim, os dois eventos
anteriores foram superpostos ao sistema de transcorrência, com trend NE dextral. A
estruturação referente as orientações das foliações para NE é relacionada a deformação
do Ciclo Brasiliano, que tem como resultado final um cinturão transcorrente.
No trabalho de Tomi (2017) foi realizado um mapeamento geológico local sendo
identificado quatro tipos de mineralização. A tipo-I é formada por mineralização concor-
Capítulo 2. GEOLOGIA 32

dante em quartzitos com metacherts intercalado, os corpos são estratiformes e concordan-


tes com o acamamento 𝑆0 na direção NE com mergulho elevando tanto para SE como para
NW. Esse tipo corresponde ao que hospeda a maior parte das reservas e apresentam espes-
suras variáveis de até 3 metros. O tipo II apresenta mineralização discordante em quartzi-
tos presentes em veios preenchidos por quartzito e barita com espessuras decimétricas na
direção preferencial dos sistemas de fraturas igual a N45-65E/vertical, N45-55E/45NW
e N65W/45-75NE. A tipo III apresenta mineralização em mármores dolomíticos silicosos
de espessura centimétricas e costuma ser reservas escassas. Por fim a tipo IV são forma-
das por blocos de barita ao longo de brechas friáveis com direção preferencial NE com
espessura média de 50 m e de até 100 metros quando cortada por falhas NW, há embrica-
mento de diferentes litologias em forma de escamas estruturais e os blocos costumam está
aglomerado a argilo-minerais e óxido de ferro. A tipo I e II são lavradas juntas, visto que
os veios partem dos corpos acamadados, portanto são as de maior interesse nesse estudo
junto com a tipo IV.

2.5 Econômica
O Vale do Ribeira apresenta importância econômica, dentre outros motivos, pe-
las suas jazidas polimetálicas de Pb-Cu-Zn-Ag-Au-Ba, assim como F, Terras Raras e P.
Apesar de ser conhecida por esse caráter metalogenético, a região apresentou importância
significativa principalmente pela produção de chumbo, visto que por volta de um terço
da produção brasileira era provinda do Vale (Daitx, 1996). A figura 2.8 mostra o mapa
de recursos encontrados no Vale do Ribeira, gerado pela Agência Nacional de Mineração.
Na área de estudo os principais minérios encontrados são barita, cobre, zinco e calcário.
Até a década de 70, a exploração de minério na região era focada principalmente
nos depósitos do tipo veios discordantes, em sequências carbonáticas. A descoberta de mi-
nério do tipo sulfeto maciço estratiforme na área Perau foi acompanhada com a descoberta
de novos depósitos de metais básicos como a jazida Canoas e corpos adjacentes à jazida
Perau. O final da década de 80 foi marcada por desvalorização de preços dos minérios
explorados na região devido o baixo teor das reservas. Esse fato ocasionou o fechamento
de várias empresas, dispersão de trabalhos científicos e desinteresse na área. Esse trabalho
busca revalidar e contribuir com a descrição física do depósito do tipo SEDEX no meio
cientifico.
Os depósitos são divididos em dois tipos: Panelas e Perau. As jazidas do tipo-
panela apresentam forte controle litoestrutural e é discordante às rochas encaixantes de
metadolomitos e metacalcários do subgrupo Lajeado com idade modelo (Pb/Pb) variando
de 1200 Ma-1100 Ma. A forma geométrica dos corpos de minério se apresentam em veios,
charutos, lentes, estiletes e são subverticalizados. O zoneamento mineralógico dos corpos
Capítulo 2. GEOLOGIA 33

de minério é lateral, com pirita nas bordas, esfarelita medianas e galena na porção central.
Esse depósito foi responsável por mais de 90% da produção de chumbo do Vale do Ribeira,
que se alojam principalmente em rochas carbonáticas das unidades Lageado e Perau. Os
sulfetos foram formados pela atuação de fluidos hidrotermais de temperatura na ordem de
350∘ e a provável origem está vinculada aos estágios finais de metamorfismo de contato.
Dados isotrópicos sugerem que a fonte de chumbo e galena é provinda de rochas crustais
de nível elevado, provavelmente metassedimentos. O enriquecimento de estanho e índio
em granitóides e sedimentos foram envolvidos por processos de lixiviação e remobilização
de metais (Daitx, 1996).
As jazidas do tipo-Perau , são caracterizadas por apresentarem litoestratigrafia
meso superior da unidade carbonática/pelítico-carbonática da sequência intermediária do
Complexo Perau (Silva, 1999). Essas jazidas apresentam importantes depósitos de Pb-
Zn-Ag, Cu, barita e em alguns casos formações ferríferas. Relacionado as unidades do
complexo Perau mas fora do contexto da formação, há ocorrência de chumbo constituído
por leitos e disseminações de galena e esfarelitas em rochas carbonáticas associadas a for-
mações ferríferas bandadas ou a veios/camadas de barita (Silva, 1999). A formação dessas
jazidas foram descritas como sincrônicas às rochas encaixantes, e ambas sofreram mesmas
ações deformacionais. A sua gênese está relacionada a processos sedimentares (Barbour
et. al., 1979), sedimentar exalativo (Silva et. al., 1981) ou vulcanogênico-exalativo (Fleis-
cher, 1976). Pesquisas com dados isotópicos de chumbo em galenas e estrôncios presentes
na barita indicam que o tempo de residência crustal do chumbo foi curto e que o estrôn-
cio derivou de uma fonte de crosta inferior ou manto superior com baixa razão Rb/Sr.
A composição isotópica obtida foi semelhante à da água do mar, propondo uma origem
singenética para as mineralizações do tipo-Perau (Tassinari C. et. al, 1990)

2.6 Depósitos
A pesquisa foi realizada na Mineradora Patrimônio. Hoje, o foco maior é a barita
por ser o único minério explorado, embora outros materiais possam ter valor econômico
na região, como sulfetos. Quando comparado aos demais silicatos, a barita (𝐵𝑎𝑆𝑂4 ) apre-
senta densidade alta de aproximadamente 4, 48𝑔/𝑐𝑚3 (Hanor, 2000). O seu uso no meio
industrial é relacionado principalmente a indústria petrolífera. Suas propriedades como
alta densidade, insolubilidade tanto em água quanto ácido e pouca abrasividade fazem
com que esse minério seja usado nos fluidos de perfuração. Além disso, ela regula a den-
sidade das lamas e garantem pressão hidrostática, que evita desmoronamento do poço.
Na área médica, o minério é utilizado em Raio-x devido a sua capacidade de absorvê-lo,
também é usado como proteção de radiações de monitores de vídeo, na preparação de
tintas e na redução de ruídos em compartimentos de motores. (Luz & Lins, 2000).
Capítulo 2. GEOLOGIA 34

Figura 2.8 – Mapa de localização da área de estudos com os minérios de interesse localizado
na região. (Fonte: SIGMINE ANM 02/2020; adaptado por Lasmar (2020)

Uma peculiaridade da barita usada na exploração de petróleo é o fato do minério


não precisar apresentar concentrações altas de Bário. Por outro lado, para o uso médico
é necessário que ele seja concentrado. Apesar do alvo de estudo não ser em um depósito
relativamente grande como os da Bahia, o minério da área apresenta concentrações al-
tas e consequentemente preço elevado. Sendo assim, os alvos consumidores são empresas
de tinta, radiologia e de motores. O preço internacional médio da barita é de aproxima-
damente 150 US$/Tonelada, podendo chegar até 1000 US$/ton. O minério utilizado na
mineradora de estudo é de aproximadamente 2000 R$/ton e a média explorada por mês
é de 250 toneladas. O objetivo da empresa é aumentar a produção para 1000 ton/mês e
ampliar o número de materias explorados como por exemplo calcário, dolomita, quartzo
e sulfetos.
Em geral, os depósitos barítiferos são classificados como sedimentar acamadado
do tipo Sedimentar Exalativo (SEDEX) ou Missipi Valley (MVT), Vulcânico acamadado,
veios e residuais. Os depósitos são classificados de acordo a sua gênese, e com particu-
laridades como rocha hospedeira, idade, ambiente de formação, controle de transporte,
salinidade e temperatura de formação, entre outros fatores.
Os depósitos do tipo sedimentar acamadados são os que representam as maiores
reservas mundiais. São caracterizados por corpos estratiformes de barita maciça em suces-
sões sedimentares. Os acamamentos podem variar de centímetros a centenas de metros,
são concordantes ou subconcordantes com o strike da camada, podem se estender por
Capítulo 2. GEOLOGIA 35

quilômetros e apresentam mineralizações principais de zinco e chumbo (Johnson et.al.,


2017). Os depósitos MVT apresentam mineralizações estratiformes e remobilizadas. Os
sulfetos ocorrem como substituição de rocha hospedeira do tipo carbonática, podendo
preencher espaços como brechas e fraturas. O modelo propõe amplo fluxo de solução hi-
drotermal na rocha encaixante que vai depender da atividade tectônica submetida na
bacia. A principal fonte para os metais é o embasamento e para o enxofre a mistura de
fluidos (Sangster, 1990; Neves, 2011).
Os depósitos do tipo SEDEX são formados pela ação da sedimentação em fundo
oceânico, em um ambiente influenciado por forte atividade hidrotermal. Com a mudança
de oxigênio, diferentes materiais vão sendo formados e depositados. O depósito não é
formado sob ação direta de rochas vulcânica. A circulação de soluções hidrotermais em
fraturas e falhas é um agente de formação e de transporte. Os corpos de minério podem
ser estratiformes com ou sem continuidade lateral, bandado e lenticulares formados em
sedimentos marinhos, além disso podem está presentes em veios e brechas. As rochas
hospedeiras costumam ser folhelhos, siltitos, calcários, xistos e dolomitos (Neves, 2011).
Os depósitos vulcânicos acamadados, por sua vez, são formados sobre influência
direta de atividade vulcânica. Nas zonas de rifte, a barita é formada nas fumarolas sub-
marinas (black smokers) e estão associadas a sulfuretos de metais básicos. A estratigrafia
desse depósito apresenta rochas ígneas e sedimentares. O Bário formado nas fumarolas
é transportado pela água do mar e aquecido pela atividade vulcânica. O contato do Ba
com sulfato de água fria, presente no assoalho oceânico, permite a formação da Barita
(Johnson et.al., 2017).
Os depósitos do tipo veios são formados em falhas, zonas de brechas e veios.
Muitas vezes estão presentes em outros tipos de depósitos e nem sempre são exclusivos.
Por exemplo, na origem dos depósito SEDEX, falhas e fraturas são gerados e pequenos
depósitos de barita podem ser alocados nessas estruturas. Portanto, esse tipo de depósito
pode apresentar diversas origens e o que há de semelhante em termos de gênese é o fato
do minério ser transportado por um ou mais fluidos de alta temperatura (100∘ 𝐶 ou mais)
(Johnson et.al., 2017).
Os depósitos residuais são formados devido atividades de intemperismo de um
depósito primário que com o transporte vem a formar um secundário. Esse tipo de depósito
não costuma ter um padrão sistemático dos materiais como os anteriores, devido o possível
fluxo conturbado. Os materiais encontrados nesse tipo de depósito são argilominerais,
fragmentos de rochas, quartzo e sulfetos metálicos (Johnson et.al., 2017).
Capítulo 2. GEOLOGIA 36

2.7 Modelo Evolutivo-Depósito SEDEX


Os dados Geofísicos foram adquiridos em um contexto de depósito SEDEX. Os
corpos de barita nessa região podem estar dispostos em camadas ou veios. Os dados irão
auxiliar na identificação da disposição da barita e de zonas de sulfeto de chumbo/zinco,
prata e sulfeto de cobre. Para entender a disposição desses materiais é importante compre-
ender a evolução do depósito e consequentemente ter um maior conhecimento da posição
de cada mineral em relação controle estrutural.
A tabela 2.1 é um resumo da pesquisa bibliográfica sobre geologia da região, já
explicada nos capítulos anteriores. Ela foi feita com o intuito de visualizar as fases do
modelo evolutivo do depósito, explicado nos próximos parágrafos desse capítulo.

Tabela 2.1 – Tabela com os principais eventos tectônicos na formação do depósito SEDEX
no Vale do Ribeira.
Idade (M.A) Época Evento Produto
<1600 -Arqueano -Retrabalhamento da crosta -Granitóide
-Paleoproterozóico -Acresção em arco de ilha -Complexo Cristalino
(Fácies granulito)
-Estruturas do transamazônico
Retrabalhado no brasilianao
em fácies anfibolito
(Complexo Gnaisse-Migmatito)
930-880 -Neoproterozóico -Tafrogênese toniana -Bacia do tipo Rifte e margem
-Fragmentação do continente passiva
Rodínia -Vulcanismo félsico-máfico:
Faixa do Congo
-Intrusões Anarogênicas:
Araçuai
-Diques Máficos (N40-50W)
-Corpos Anfiboliticos
840-800 -Neoproterozóico -Formação de oceano na -Bacia Araçuaí
formação Ribeirão (Araçuaí) -Golfo no Congo Ocidental
nas margens dos que posteriormente formou
crátons SF, Paranapanema e um oceano onde é a faixa
rio de la plata do Ribeira.
790-585 -Neoproterozóico -Fechamento da bacia -Granitóides gnaissificados
retroarco; -Granitos cálcio-alcalino
-Amalgação do Godwana a subalcalino;
Ocidental (orogênia -Raízes de arco magmático
brasiliano e Pan africana)
-Fechamento do oceano
Adamastor.

Diversos trabalhos provaram que regiões próximas correspondem a um depósitos


do tipo SEDEX (Daitx E.C., 1996; Figueira E.G. 2002; Hanor, J.S., 2000; Tassinari, et.
al. 1990). Os depósitos sulfetados e de metais básicos são formados sob grande influên-
cia de processos tectônicos rúpteis, as soluções mineralizantes percolam em falhas sin-
sedimentares profundas geradas em bacias intracontinentais ou em margem continentais
passivas que foram estiradas. Daitx (1996) cita diversas evidências de tectônica extensi-
Capítulo 2. GEOLOGIA 37

onal, tracional e metamórficos pós-deposicional, que provam a dinâmica de formação do


depósito.
Derakhshi (2019) detalha a metalogênese de mineralização de Barita-(Pb-Cu-Zn)
em um depósito Precambriano do tipo SEDEX, na Montanha Mishu, NW iraniano. O
autor se baseou em evidências geoquímica e tectônica para entender a evolução da mine-
ralização. As rochas hospedeiras sedimentares da formação Kahar (KF) foram formadas
em ambiente extensional, fato que foi observado em rochas ígneas bimodal e geoquímica.
Estudos petrográficos indicam uma zona de fonte com veios, minério massivo de barita e
sulfetos (galena, calcopirita, pirita e esfarelita) e sulfetos laminados com estruturas sedi-
mentares assim como sulfetos com barita. Por fim, a geoquímica também mostrou que alta
presença de elementos sensíveis a atividade redox indica que a mineralização ocorre em
ambiente anóxico e com diferentes níveis de oxigênio. Por fim, o elemento 𝑆𝑒 presente em
calcopirita do minério acamadado é maior que o presente na fonte e nas zonas de minério
massivo, indicando o decaimento de temperatura a partir da fonte em direção ao minério
massivo e acamadado. O ambiente de formação do depósito, portanto, é bem parecido
com o presente no Vale do Ribeira e será usado para explicar a gênese e e distribuição
teórica dos materiais.
De forma análoga a figura 2.9, a formação do depósito de interesse teria se for-
mado na tafrogênese toniana (930-880 M.a) (Figura 2.9-a). Com a formação de oceanos, e
constante rifteamento, rochas ígneas bimodais félsicas e máficas são formadas. O aumento
na profundidade da água, junto com a percolação de fluidos hidrotermais teria proporci-
onado a formação de ambientes anóxicos e deposição de sulfetos maciços (figura 2.9-b e
c). A contínua percolação de fluido marinho, juntamente com a deposição de sedimentos
em fundo oceânico teria reduzido a profundidade do oceano, gerando um ambiente com
mais oxigênio, criando condição para a formação de camadas de barita (figura 2.9-d). A
compressão dos crátons SF, Congo e Paraná teria causado o fechamento do oceano Ada-
mastor, formando a Faixa Ribeira, deformado as unidades e soerguido todas as formações
(figura 2.9-e). Corpos graníticos do tipo I, S e A teriam intrudido a formação, ajudando a
remobilização dos minérios (figura 2.9-f). Por fim, a formação Perau, juntamente com as
mineralizações e granitos teriam sido cobertos por sequências sedimentares joviais (figura
2.9-g).
Capítulo 2. GEOLOGIA 38

Figura 2.9 – Modelo genético da mineralização de Ba-Pb-Cu-Zn na formação KF; a)


Deposição de sequência sedimentar (Folhelho preto, arenito e siltito em um ambiente
extensional; b) Rochas sedimentares e vulcanismo bimodal c) Fluido hidrotermal exala-
tivo em ambiente de fundo oceãnico, que acarreta na deposição dos primeiros minerais
(estágio 1); d) A redução contínua da profundidade e aumento de condições oxidantes
na bacia leva a formação de barita; e) Compressão e soerguimento tectônico deforma o
material; f) Granitos do tipo-I, S e Asão intrudido, ajudando a remobilização do minério;
g) Cobrimento de sequência sedimentar (Fonte: Derakhshi, et. al., 2019).
Capítulo 2. GEOLOGIA 39

O Vale do Ribeira possui jazidas polimetálicos do tipo Perau, que é exalativo e


singenético e jazidas do tipo Panelas, hospedadas por rochas carbonáticas. O depósito
em questão é do tipo Perau e se apresenta estratigraficado com Cu-Pb-Ba, da base para
o topo, porém, também há uma estratificação horizontal. O depósito foi formado com a
influência de fluidos de ambiente marinho que percolaram falhas. Zonas de alimentação
foram formadas por veios subordinados a uma zona de falha singenética a sedimentação.
Lydon (2004) delimitou o zoneamento vertical e lateral desse tipo de depósito. A
figura 2.10 mostra um complexo de escape a cima da zona de alimentação, nessa zona
há corpos de sulfetos maciço com baixo grau de acamamento, são as zonas mais espessas
e apresenta alto teor de pirita (sulfeto de cobre), galena (sulfeto de chumbo ), esfarelita
(sulfeto de zinco) e barita (sulfeto de bário), da base para o topo. A distância entre o
complexo de escape e a fácies do minério acamadado varia de dezenas a centenas de
metros. Nesta zona, há camadas de sulfetos intercalados com a rocha hospedeira. Por
fim, a zona mais distal é chamada de zona hidrotermal distal, nesta há a diminuição de
sulfetos com exceção da barita e pode haver magnetita, hematita, carbonatos e Manganês.
Portanto a presença de sulfetos próximos a zona de falha é pouco estratificado, podendo
ocorrer em veios, ao passo que nas zonas distais há um maior acamamento e aumento na
concentração de barita (Emsbo P. et. al., 2016). Uma das perguntas a serem respondida
no final do trabalho: É possível observar esse zoneamento com os métodos elétricos e
GPR?

Figura 2.10 – Perfil com a morfologia e distribuição dos diferentes tipos de minério em um
depósito SEDEX. Na imagem é possível observar o zoneamento vertical com o aumento de
barita no topo e na zona distal (modificado por Emsbo P. et. al. (2016) apud. Derakhshi
M. G. et. al. (2019)).
40

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Gravimetria
Os trabalhos mais antigos relacionados à geofísica aplicada à depósito de barita
foram realizados com método de gravimetria (Uhley & Scharon, 1954; Visarion et. al.,
1974; Bhattacharya et al., 1974; Barnes et al., 1982). O método de gravimetria se justifica
pelo fato da barita apresentar densidade relativamente alta quando comparado com as
rochas hospedeiras. Uhley (1954) e Visarion (1974) encontram anomalias gravimétricas
positivas relativamente baixas, entre 0,5-1,0 mGal. Os valores encontrados por esses au-
tores, mesmo que não tão altos quando comparados com outras pesquisas foram eficientes
na exploração de barita com estimativas de tonelagem satisfatórias. Barnes (1982) encon-
trou valores de anomalias de aproximadamente 2 mGal. Esse valores mais altos deve-se
principalmente a maior dimensão lateral e em profundidade, além dos corpos de barita
serem bem superficiais.
Battacharya (1974) testou métodos geofísicos aplicados a pesquisa de Barita na
região do cinturão Thanewasna na área de Phutana, estado de Maharastra (Índia). A
região é caracterizada por apresentar mineralização controlada por falhas, zonas de ci-
salhamento, fraturas e associadas a mineralização de cobre, sendo que as lentes ocorrem
em profundidades rasas. A principio, o método gravimétrico seria uma boa opção devido
a sua alta densidade. Porém não foi efetivo devido as pequenas dimensões dos corpos
mineralizados e ao baixo teor do material na região. A densidade da barita na região é de
aproximadamente 3.3 𝑔/𝑐𝑚3 , valor baixo comparado a outros depósitos e provavelmente
esse fator contribuiu para a ineficácia do método. Para os métodos elétricos foram testa-
dos espaçamentos entre eletrodos de 2,5; 5; 10 e 20 metros, sendo que o segundo foi o que
obteve as melhores anomalias para a identificação das zonas com potencial econômico sa-
tisfatório, visto que a região com presença de barita apresentaram maiores resistividades.
Estudos mais recentes como o de Oladapo (2011) e Ysbaa (2019) testaram o método
integrado com outros. O primeiro autor, utilizou os métodos Gravimétrico e eletromag-
nético para estudar o depósito em Tunga, NE Nigeriano. O minério na região apresenta
densidade entre 3.16-4.24 𝑔/𝑐𝑚3 , ao passo que o arenito hospedeiro apresenta 2.63 𝑔/𝑐𝑚3 .
O depósito é do tipo veios e os valores de anomalia para barita variaram entre 177,507
e 181,072 mGals, ao passo que a condutividade apresentaram valores menores que 10
mS/m.
Ysbaa (2019) analisou dados gravimétricos e aeromagnéticos para estudar depósi-
tos no nordeste da Algeria (Norte da África). Os métodos foram utilizados para definir o
Capítulo 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 41

controle lito-estrutural da mineralização, tais como contato litológico, diápiros de sal, e fa-
lhas. O depósito é caracterizado pela presença Pb-Zn-Fe-Ba associado com cobre, fluorita,
prata e ouro. As mineralizações ocorrem ao longo de falhas e contatos entre formações de
sal e outras unidades. As mineralizações também ocorrem em depósitos MVT. O método
gravimétrico foi usado para identificar zonas de alta densidade (hematita e barita) e zonas
de baixa densidade (halita). Os dados magnéticos foram usados para identificar estrutu-
ras como fraturas e zona de alteração. A amplitude gravimétrica em corpos de Pb-Zn-Fe
(Cu,Ba) foi acima de 10 mGal e os métodos foram satisfatórios na descrição do depósito.
Portanto, em diversos trabalhos, o método gravimétrico se provou útil na deter-
minação de corpos de barita com dimensão satisfatória e altas concentrações em Ba. Na
área de estudo, as baritas apresentam peso específico de aproximadamente 4,25 𝑔/𝑐𝑚3 ,
logo, ao longo de corpos maiores é possível que eles fossem identificados pelo método.
Porém, o projeto desenvolvido não previa a aquisição de gravimetria e em estudos poste-
riores recomenda-se a utilização do método para verificar se há contraste suficiente entre
o minério e a rocha hospedeira da região.

3.2 Métodos Elétricos


Egeh (2004) aplicou o método de resistividade na na Área Akpet (Nigéria) com a fi-
nalidade em encontrar possíveis zonas de mineralização barítifera. A densidade do minério
na área varia entre 4,15 e 4,45 𝑔/𝑐𝑚3 . A possível área com mineralização foi apontada com
valores ente 2000 a 3000 ohm.m, esses valores são relativamente baixos quando compara-
dos com outros estudos. Os resultados do estudo de Akpan (2014), no depósito Okurite
(Nigéria), também foram baixos, 731-1500 ohm.m para barita com densidade média de
3,64 𝑔/𝑐𝑚3 .
Ehrim (2016) também realizou aquisição de métodos elétricos na Nigéria em uma
região chamada Lower Benue Trough. Neste local o minério de barita também ocorre em
veios, sendo que arenito é a rocha hospedeira. Os valores de resistividade encontrados
para barita foram de 1500-5500 ohm.m
Obi (2019) estudou depósitos no sudeste da Nigéria. A barita nessa região ocorre
em veios hospedados em arenitos, folhelhos e carbonatos. O minério ocorre entre 10 e
12 metros de profundidade média, com profundidade máxima de 40 metros nos veios
localizados no embasamento. A barita descrita como freca apresentou em média 3992
ohm.m, a intemperizada 500 ohm.m e o embasamento granítico 15000 ohm.m.
Ferreira (2001) realizou ensaios de Polarização Induzida Espectral (SIP) aplicado
à Exploração Mineral de Chumbo, Zinco e Prata no Vale do Ribeira (PR). O SIP é um
método que complementa o IP e a resistividade pois é possível determinar a granulometria
da mineralização e é usada para discriminar grafita de sulfetos metálicos por exemplo. O
Capítulo 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 42

resultado para cargabilidade referente ao minério metálico foi de no máximo 10 mV/V e


resistividade entre 5 e 1000 ohm.m.
Tomi (2017) realizou aquisição de elétrica e IP na mesma mineradora desse tra-
balho. Os autores realizaram aquisição de dados ao longo de corpos conhecidos com es-
paçamento de 5 metros entre eletrodos. Visto que o veio cortava o perfil na distância 14
metros foi possível identificar essas zonas com resistividade em média de 20000 ohm.m e
cargabilidade abaixo de 2,5 mV/v. A linha 2, onde havia suspeita de ocorrência do mine-
ral, foi possível observar dois corpos, uma vertical e a outra aparentemente planar, com
propriedades semelhantes a da linha 1, sendo indicada como o melhor local a prosseguir
a prospecção. A profundidade máxima foi de 17 metros e as zonas de mais alta cargabili-
dade, foram adjascentes ao corpo vertical e aparentemente planar no corpo abaixo ao de
alta resistividade plano. Todas as outras linhas adquiridas tiveram resultados acima de
10000 ohm.m para a barita
Silva (2019) usou dados aerogeofísicos do projeto ARIM Vale do Ribeira com o
intuito de investigar as mineralizações polimetálicas de Pb, Zn, Ag, Cu e Ba da formação
Perau, próxima a região de estudo desse trabalho. Dados de geofísica de eletrorresisti-
vidade e IP-Frequência do projeto Anta Gorda (REPORT, 1982) foram digitalizados e
reprocessados. No dado de aeromagnetometria é possível observar anomalias nas direções
NW-SE relacionadas ao enxame de diques mesozoicos do Arco de Ponta Grossa. Os li-
neamentos magnétIcos de direção NE-SW são lineamentos mais antigos correlacionáveis
a grandes estruturas da Zona de cisalhamento da Lancinha, Morro Agudo, etc. Esses
lineamentos são cortados por lineamentos NW-SE, referentes ao enxame de diques.
Ainda sobre a pesquisa de Silva (2019), os dados elétricos foram obtidos com in-
tuito em achar minério em anfibólio xisto, que são mais condutivos que as demais rochas.
Os valores obtidos para a resistividade e PFE, respectivamente, foram os seguintes, quart-
zitos: 7670 ohm.m e -1.8%; mica xistos: 3842 ohm.m e 0,6 %; anfibólio xisto: 1071 ohm.m
e 2,8 %; calciossilicática: 4074 ohm.m e 3,4 %; por fim, o minério metálico apresentou
valores na faixa de 951 ohm.m e 106,1 %.
Lasmar (2020) realizou a pesquisa na mesma região que o trabalho aqui descrito.
A autora usou métodos geoelétricos na identificação de corpos de barita e comparou
com dados obtidos em laboratório. A faixa ribeira é caracterizada pelo tipo de depósito
SEDEX, ou seja, apresenta mineralização polimetálica de chumbo, zinco, cobre, prata,
ouro, barita e fluorita. Como os corpos metálicos apresentam dimensões pequenas, foram
utilizados espaçamento entre eletrodos de 4 metros. A simulação em caixa foi realizada
com amostra de barita e mistura de areia com argila para simular a rocha encaixante,
o espaçamento utilizado foi de 4 cm. As regiões com barita apresentaram resposta de
resistividade alta superiores a 12000 ohm.m, valores esses superiores a outros trabalhos
como o de Ehirim (2016), que apresentou valores entre 1500 e 5500 ohm.m. A cargabilidade
Capítulo 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 43

não necessariamente foi associada diretamente ao minério em questão. Porém, os altos


valores indicam concentração de sulfeto metálico disseminado, que indica a presença do
depósito polimetálico com presença de sulfeto metálico, sendo o zoneamento vertical na
estratigrafia correspondente a Cu-Pb-Ba, da base para o topo. Importante frisar que esse
trabalho é uma continuidade do trabalho da autora e o método da pesquisa baseia-se na
conclusão da autora: Nessa região, a barita é mais resistiva que qualquer outro material.
O trabalho aqui descrito, por sua vez busca detalhar não apenas a resistividade para
locar corpos de barita mas usa-los como detalhar os métodos de IP-tempo, IP-frequência
e GPR, assim como identificar diferentes materiais de um depósito SEDEX e não apenas
a barita.

3.3 Georadar (GPR)


Silva (2021) usou o método GPR (antena de 400 MHZ), com atributo LnEnergy
para estudar rochas carbonáticas fraturadas e carstificadas da Formação Salitre no mu-
nicípio de Morro do Chapéu (BA). A região é caracterizada por carbonatos maciços e
dolomitizado com alta densidade de fraturas, preenchidas por veios de quartzo minerali-
zados com barita e galena. Dois radarfácies foram identificados. O primeiro com reflexões
de baixa a média amplitude com refletores plano-paralelos. A segunda foi identificado re-
fletores verticais com alta amplitude, esse grupo apresenta descontinuidade e truncamento
lateral causado por falhas, fraturas locais e torres cársticas. O autor conseguiu distinguir
seis sequências estratigráficas diferentes. Embora o método GPR não tenha apresentado
sinal característico da barita, foi possível identificar as zonas cisalhadas geradas por es-
forços transtencionais e juntas de distenção rotacionadas preenchidas por quartzo, barita
e galena identifios também em afloramento.
Zhou (2001) delimitou as zonas do sulfeto por tomografia de radar em poço na
mina Hellyer-Austrália. A característica do depósito é um pouco diferente com a estudada
nesse projeto: associadas a rochas vulcanosedimentares. A estratigrafia é composta por
sequência de Andesitos como capa, rochas vulcanoclásticas como lapa e pillow lavas ba-
sálticas. A unidade mineralizada é envolta por zonas de barita e pirita, sendo que o objeto
de detecção principal são as zonas de falha com o contato entre a lapa e unidade minerali-
zada. O autor relacionou o coeficiente de velocidade e atenuação do sinal com constantes
dielétricas e condutividade. A pesquisa foi aplicada à materiais de alta resistividade e
meios com atenuação de sinal. A mina de sulfeto, composta por metal básico, apresentou
radares refletores devido o contraste entre rocha encaixante e zona mineralizada, o que
permitiu a identificação das zonas de cisalhamento relacionadas ao minério. O uso de GPR
foi bem sucedido para tal objetivo pois pequenas concentrações de sulfetos disseminados,
que se apresentam em profundidades rasas, transformam a rocha encaixante em forte
atenuador de sinal. Por fim, foi demonstrado a importância em transformar velocidade
Capítulo 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 44

e atenuação em constante dilétrica e condutividade devida a facilidade na interpretação,


sendo que os procedimentos matemáticos também foram expostos no trabalho.

3.4 Otimização de cava


Tichauer (2014) usou geofísica como apoio à otimização de cava em depósito de
manganês na cidade de Itabipra-SP. Os métodos ER e IP foram utilizados ao longo de
afloramentos. A eficiência da utilização desses métodos geofísicos na otimização de cava
ocorre pois os resultados apresentam pouca ambiguidades na hora de interpretar. Esse
fato tornando-os confiáveis e precisos na locação das áreas com presença do minério.
O trabalho auxiliou a Mineradora de Pequena Escala ao localizar os locais com maior
probabilidade em encontrar Manganês. A presença do minério foi confirmada com furos
de sondagem. Posteriormente, o otimização de cava foi feita com base no modelo gerado.
Costa (2017) estendeu o uso do método geofísico no planejamento de lavras de
manganês, ouro e calcário. Os testes em mina de manganês foi realizado no mesmo local
do trabalho descrito no parágrafo anterior. O teste na mina de ouro foi feita no município
de São Roque- SP e o de calcário em Taubaté-SP. O trabalho mostrou que os ensaios
geofísicos ajudou na redução de incertezas geológicas. Essa redução foi de 10% para o
ouro, 13% para o manganês e 4% no calcário. O tempo de pesquisa foi reduzido quando
comparado aos métodos de sondagens rotativas. Essa redução foi entre 75 e 77%. Os
custos foram reduzidos e os modelos geológicos construidos com base na geofisica foram
usados nas decisões do planejamento de lavra.
Os próximos dois trabalhos citados nesse capitulo foram realizados na minera-
dora Patrimônio, a mesma de onde foi realizado essa dissertação. Sendo assim, ambos os
trabalhos foram usados de inspiração.
Silva (2022) usou ER e IP em depósito barita para construir modelo geológico e
posteriormente fazer o planejamento de lavra e a cava otimizada. O resultado final permi-
tiu a redução do tempo de pesquisa em 62% e 93% nos resíduos. Por fim, Martins (2023)
usou os dados adquiridos nessa dissertação para gerar cavas otimizadas e operacionais
em mina de barita. O autor buscou dados de engenharia de mina como os custos com
a exploração por tonelada de material retirado. Por meio dos dados adquiridos a cava
operacional foi construída com o método Lerchs & Grossman com a finalidade em reduzir
os custos e explorar o material de maneira que o lucro seja o máximo possível.
45

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METO-


DOLOGIA

4.1 Georadar (GPR)


O método Georadar, Ground Penetrating Radar (GPR) ou Radar de Penetração
no Solo é classificado e descrito pelos principios eletromagnéticos. A aquisição se dá por
meio de ondas de rádio com frequências entre 10 MHz e 2,6 GHz. O método é comumente
usado para localizar feições rasas como estruturas geológicas e objetos soterrados. Embora
seja um método eletromagnético, o processamento de dados se aproxima com o de reflexão
sismica, devido o principio da reflexão de ondas eletromagnéticas (Porsani, 1999; Porsani
et. al., 2004; Porsani et. al., 2006).
A propagação do sinal EM por uma antena transmissora é usada para estudar
alvos em profundidades entre 1 cm a 50 metros, que vai depender da frequência do si-
nal transmitido e das propriedades do material: condutividade elétrica, permissividade
dielétrica e permeabilidade magnética do meio (Daniels, 2004).
Com a mudança das propriedades eletromagnéticas dos diferentes materiais em
subsuperficie, a onda é refletida e parcialmente difratada (figura 4.1-a). Consequente-
mente, refletores são causados devido a diferença entre o alvo de interesse e o meio a sua
volta. Essas observações são feitas por meio de radargrama de distância no eixo x e tempo
de percurso da onda. Sendo assim, sequências de traços apresentam amplitudes de energia
das ondas refletidas em um intervalo de tempo de ida e volta do sinal (Figura 4.1-b).

Figura 4.1 – a) Esquema de aquisição demonstrando o percurso do raio da antena até


o alvo em destaque em três posições diferentes b) Radargrama esquemático com traços
referentes aos três percursos de ondas e suas reflexões (Poluha et. al., 2017).
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 46

4.1.1 Equações de Maxwell e Relações Constitutivas


A equações diferenciais de Maxwell descrevem matematicamente o comportamento
do campo elétrico e magnético do método Georadar. O campo eletromagnético é formado
por dois vetores, o campo elétrico 𝐸⃗ e o campo magnético 𝐵,⃗ sendo que as fontes que
provocam esses campos são formados por uma escalar representada por 𝜌 (𝐶/𝑚3 , Cou-
lomb/metro cúbico) e uma vetorial 𝐽⃗ (𝐴/𝑚2 , Ampére por metro quadrado). As constantes
eletromagnéticas são formadas pela permissividade elétrica (𝜌0 = 𝑐2 /𝜇0 ) e a permeabi-
lidade magnética do vácuo (𝜇0 = 4𝜋10−7 ), sendo que 𝑐 é a velocidade da luz igual a
299792458 m/s . As leis matemática do fenômeno eletromagnético são as seguintes:

1) Lei Coulomb para o campo elétrico:

⃗ =𝜌
𝜀0 ∇ · 𝐸 (4.1)

2) Lei de Ampére para o campo eletromagnético:

∇×𝐵 ⃗ ⃗
𝜕𝐸
− 𝜖0 = 𝐽⃗ (4.2)
𝜇0 𝜕𝑡

3) Lei de Gauss para o campo magnético:

⃗ = 0,
∇·𝐵 (4.3)

4) Lei de Faraday para indução eletromagnética:


⃗ = − 𝜕𝐵
∇×𝐸 (4.4)
𝜕𝑡

No primeiro par de equação 4.1 e 4.2 aparece 𝜖0 multiplicado pelo campo 𝐸 ⃗ e


o campo 𝐵 ⃗ dividido por 𝜇0 . Essas relações indicam a formação de campos vetoriais de
dimensões 𝐶/𝑚2 e 𝐴/𝑚, sendo que as fontes aparecem do lado direito das equações (Rijo,
L. 2001).
Lembrando que E ⃗ é o campo elétrico, 𝜌 a densidade de carga elétrica, 𝜀0 a per-

missividade elétrica do vácuo, B
⃗ o campo magnético e 𝜕 B
𝜕𝑡
a variação temporal do campo
magnético; 𝜇0 a permeabilidade magnética do vácuo e 𝐽⃗ a densidade de corrente elétrica.
No segundo par 4.3 e 4.4 não é possível observar fontes de corrente e o divergente
e o rotacional, atuam diretamente nos campos 𝐸 ⃗ e𝐵⃗ (Rijo, L. 2001).

Essas equações, porém são muito gerais para serem aplicadas na geofísica e as
propriedades eletromagnéticas dos meio geológicos não aparecem nelas. Sendo assim, usa-
mos as relações constitutivas para relacionar o campo microscópico 𝐸⃗ e𝐵 ⃗ aos campos
macroscópicos de 𝐽, ⃗ e 𝐻.
⃗ 𝐷 ⃗
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 47

Para interpretar os dados de GPR é importante entender as propriedades físicas


do meio geológico que vai influenciar o dado. Contudo, as relações constitutivas do meio
são as equações que relacionam a resposta gerada pelo campo externo em termos de
propriedades elétrica e magnética. As três propriedades estudadas são: condutividade
elétrica, permissividade dielétrica e permeabilidade magnética (Olhoeft, 1981):

1) Condutividade Elétrica:
𝐽⃗ = 𝜎 𝐸
⃗ (4.5)
Conhecida como Lei de Ohm, essa equação relaciona a densidade de corrente de
condução (⃗J) ao campo elétrico (E).
⃗ A densidade de corrente é proporcional a
condutividade elétrica (𝜎). A condutividade elétrica diz respeito a facilidade que
um fluxo de corrente elétrica percorre um determinado material. Os fatores que
mais influenciam essa propriedade nas rochas são: conteúdo de água, porosidade,
concentração de sal dissolvido em água, metal maciço, conteúdo de argila e minerais
condutivos. Sendo que a movimentação de íons livres em soluções aquosas é o fator
mais comum em estudos geológicos (Olhoeft, 1981).

2) Permissividade dielétrica:

⃗ = 𝜖𝐸
𝐷 ⃗ (4.6)

Essa equação relaciona o vetor densidade de fluxo elétrico, polarização ou desloca-


mento elétrico (𝐷)
⃗ ao campo elétrico (𝐸)
⃗ e a permissividade dielétrica do meio (𝜖).
A permissividade dielétrica é uma medida da capacidade do material em armaze-
nar energia elétrica na presença de um campo elétrico. Quando um campo elétrico
externo é aplicado e logo em seguida interrompido, a corrente de deslocamento do
material do material será a propriedade física relacionada com a taxa de decaimento
da cargas elétrica, como ocorre em um capacitor.

3) Permeabilidade Magnética:
A terceira relação constitutiva do meio relaciona o campo magnético (𝐻)
⃗ com a
indução magnética (𝐵)
⃗ e a permeabilidade magnética do meio (𝜇). A permeabilidade
magnética é uma medida da capacidade do material em conduzir o fluxo magnético
na presença de um campo magnético

⃗ = 𝜇𝐻
𝐵 ⃗ (4.7)

Para termos práticos, essas relações podem ser substituidas nas equações 4.1 a 4.4.
A condutividade elétrica, assim como a permissividade dielétrica são propriedades
que diz respeito a atenuação propagação do sinal. Por outro lado, materiais com baixa
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 48

condutividade elétrica, como solos arenosos, podem permitir que a onda eletromagnética
penetre mais profundamente no subsolo, gerando reflexões mais nítidas de camadas ou
objetos.
Materiais que possuem alta condutividade elétrica, como água salgada, solos argi-
losos saturados ou rochas contendo minerais condutivos, podem absorver grande parte da
energia da onda eletromagnética, reduzindo sua capacidade de penetrar profundamente
no subsolo. Isso pode levar a uma perda de resolução do sinal, uma vez que as reflexões
de camadas ou objetos abaixo desses materiais podem ser atenuadas. Além disso, a alta
condutividade elétrica pode gerar ruídos nos dados, dificultando a interpretação.
Em geral, a permissividade dielétrica aumenta com a umidade do meio, pois a
água é um bom condutor elétrico e tem uma alta constante dielétrica em comparação com
outros materiais. Isso significa que, em geral, as áreas úmidas ou saturadas no subsolo
tendem a apresentar uma permissividade dielétrica mais alta do que as áreas secas.
Por outro lado, materiais com alta densidade, como rochas, tendem a ter uma per-
missividade dielétrica mais baixa. Portanto, a constante dielétrica da rocha é geralmente
menor do que a do solo.
Quando a onda EM encontra uma mudança na permissividade dielétrica, parte da
energia é refletida de volta para a superfície, e essa reflexão pode ser registrada pelo radar
como uma anomalia ou uma camada geológica. Portanto, entender como a permissividade
dielétrica é afetada pelas características do meio é fundamental para interpretar com
precisão os dados de GPR e extrair informações sobre a estrutura e as propriedades do
subsolo.
A permeabilidade magnética do meio não é considerada um parâmetro significa-
tivo, uma vez que a maioria dos materiais encontrados no subsolo têm uma permeabilidade
magnética próxima à do vácuo. Além disso, a frequência do radar geralmente usada na
prospecção geofísica (geralmente na faixa de alguns MHz a alguns GHz) é muito alta para
que a permeabilidade magnética do meio cause distorções significativas.
Portanto, as propriedades elétricas do material são as mais utilizadas nas interpre-
tações dos dados. Espera-se conseguir identificar o material de barita por ser um material
bem resistivo. O quartzito por ser mais poroso, se estiver preenchido por água, pode
atenuar o dado, porém, de forma geral é um material bem resistivo que pode ser difícil
a diferenciação apenas com o GPR. O georadar vai ser importante em diferenciar sinal
atenuado, que pode ser consequência de um material inconsolidado com um ambiente
pouco atenuado mais propicio para a exploração. Outro papel importante do método vai
ser a delimitação de radafácies subverticais, que sugeriria a presença de barita em zonas
fraturadas, além de radafácies horizontais que apontaria diferentes camadas. Esses resul-
tados juntamente com os dados de ER e RC irá indicar o possível ambiente de locação do
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 49

material.

4.1.2 Propagação da onda EM


A permissividade elétrica do meio é importante na aquisição de dados de GPR
pois representa a capacidade do material em se polarizar quando aplicado um campo
elétrico. No contexto geológico, o ambiente normalmente é anisotrópico e os parâmetros
constitutivos são tratados como tensores. Consequentemente, a permissividade dielétrica
poderia assumir valores reais e complexos. Se fosse considerado uma parte imaginária
para a permissividade dielétrica, assumiríamos uma mudança na frequência do espectro
do sinal eletromagnético (Almeida, 2016).
Dentre os diversos modelos para descrever o comportamento da permissividade
dielétrica, vamos considerar a Terra como um meio isotrópico, estratificado, sem vari-
ação lateral, 𝜖 e 𝜎 constantes. Além disso, como a permeabilidade magnética não va-
ria muito entre as rochas, o valor adotado é igual a permeabilidade magnética o vácuo:
𝜎0 = 4𝜋10−7 𝐻/𝑚.
Como a água é a matéria mais simples de ser representada e a principal presente
no meio geológico, o modelo desenvolvido para condutividade e permissividade efetiva foi
construida baseada nesse elemento. Olhoeft calculou a condutividade em corrente contínua
(1994) e Keller (1988) a permissividade dielétrica relativa na forma real e complexa a partir
da fórmula de Debye (1945):

𝜖𝑟 = 𝜖′𝑟 − 𝑖𝜖′′𝑟 (4.8)

𝜎𝑒𝑓 = 𝜎 ′ + 𝜔𝜖′′ (4.9)

sendo 𝜖𝑟 é a permissividade dielétrica relativa complexa; 𝜖′𝑒𝑓 é a permissividade


efetiva real, 𝜎 ′ a parte real da condutividade elétrica, 𝜎𝑒𝑓 a condutividade efetiva real,
𝜖′𝑟 a parte real da permissividade dielétrica e 𝜖′′𝑟 é parte imaginária da permissividade
dielétrica.
Logo, a permissividade dielétrica complexa (𝜖* ) do meio pode ser modelada por
meio do modelo de Debye, que leva em consideração a frequência das ondas eletromagné-
ticas incidentes e os efeitos de polarização do meio:

𝜖𝑠 − 𝜖∞
𝜖* = 𝜖∞ + (4.10)
1 + (𝑖𝜔𝜏 )
onde 𝜖∞ é a permissividade dielétrica do meio em altas frequências, 𝜖𝑠 é a permissividade
dielétrica estática do meio, ou seja, a permissividade dielétrica em frequência zero, 𝜔 é
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 50

a frequência angular das ondas eletromagnéticas e 𝜏 é o tempo de relaxação do meio. O


tempo de relaxação 𝜏 é uma medida da rapidez com que as cargas elétricas se reorientam
no meio em resposta a um campo elétrico.
Aqui vamos tratar a permissividade dielétrica relativa como constante dielétrica.
Essa constante é representada pela divisão entre a permissividade dielétrica real (𝜖′0 ) e a
permissividade do vácuo (𝜖0 ):

𝜖′
𝜖𝑟 = (4.11)
𝜖0
Para aplicações de GPR, 𝜖′′𝑟 tende a zero, visto que a a permissividade dielétrica
imaginária é muito menor que a real, sendo negligenciada (Davis & Annan 1977). Além
disso, a constante dielétrica da água não muda com a alteração da frequência abaixo de
GHz. Logo, a condutividade efetiva se aproxima da condutividade em corrente contínua
e 𝜎𝑒 𝑓 = 𝜎0 (Porsani, 1999).
Os próximos parâmetros importantes na interpretação dos dados são as constantes
de atenuação e propagação da onda eletromagnética desenvolvida por Stratton (1941).
Essas constantes (eq. 4.12 e 4.13) são derivadas das equações de Maxwell e da
solução da equação de ondas. A primeira fórmula é usada para estimar a profundidade
de penetração das ondas eletromagnéticas em diferentes tipos de solo. Ela depende da
frequência da onda, da condutividade elétrica do meio e da constante dielétrica relativa.
Em GPR, essa constante é importante pois afeta a profundidade de penetração das on-
das no solo e, portanto, a resolução e qualidade das imagens do subsolo obtidas pelo
equipamento

⎯ ⎡⎯ ⎤

⎸1
⎸(︃ )︂2 )︃
𝜎
⎸ (︂
𝛼= 1+ − 1⎦ (4.12)

𝜔 𝜇𝜀 ⎷
2
⎷ ⎣
𝜔𝜖

A constante de propagação se trata de uma medida na qual nos ajuda a entender


como as ondas eletromagnéticas se propagam em diferentes meios e é dada por:

⎯ ⎡⎯ ⎤

⎸1
⎸(︃ )︂2 )︃
𝜎
⎸ (︂
𝛽= 𝜔 ⎷ 𝜇𝜀 ⎣⎷ 1 + + 1⎦ (4.13)

2 𝜔𝜖

Na prática, os fatores que vão mais influenciar os dados são a velocidade da EM


e o fator de atenuação em determinado meio (Porsani J. L., 1999). Levando em conta
frentes de ondas constantes consideradas planos e a sua derivada em relação ao tempo,
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 51

obtemos a seguinte equação:

𝜔
𝑣= (4.14)
𝛽

Neste caso, a velocidade 𝑣(𝜔) da onda eletromagnética depende da frequência.


Sendo assim, consideramos velocidade em que a frequência da propagação da onda EM é
baixa (𝜔 → 0). Nesse contexto, a constante de atenuação e propagação são iguais:

𝜔𝜇𝜎
√︂
𝛼=𝛽= (4.15)
2
Com a velocidade igual a:

2𝜔
√︃
𝑣= (4.16)
𝜇𝜎

Outro caso é para frequências muito altas, (𝜔𝜖 → ∞). As constantes de propagação
2
são geradas por meio da expansão de série de potências de 𝜔𝜎2 𝜖2 e o procedimento pode
ser consultado em Porsani (1999):

𝜎 𝜇
√︂
𝛼= (4.17)
2 𝜖


𝛽 = 𝜔 𝜇𝜖 (4.18)

Por fim, a equação a velocidade de propagação da onda EM em materiais geológico


é representada por:

𝑐
𝑣=√′ (4.19)
𝜖𝑟
sendo 𝑐 a velocidade da luz igual a √1
𝜇0 𝜖0
= 2, 997𝑥108 𝑚/𝑠 e 𝜖′𝑟 a constante dielétrica dos
materiais dada pela tabela 4.1.
O último parâmetro que vai influenciar nosso padrões de reflexão da onda ele-
tromagnética (radarfácies) é o coeficiente de reflexão e de transmissão. O resumo dos
procedimentos para chegar nesse parâmetro foi retirado de Porsani (1999), para termos
práticos e aplicados será enfatizado apenas os parâmetros utilizados para interpretação
dos dados.
As ondas eletromagnéticas propagam no meio de acordo com as propriedades já
definidas 𝜎, 𝜖𝑒𝜇. O dado adquirido apresentará resultados satisfatórios quando há mu-
dança nessas propriedades, o que causará impedância elétrica na interface das diferentes
camadas. Assim como nas aquisições sísmicas, a onda EM irá refletir e refratar quando
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 52

Tabela 4.1 – Tabela mostrando valores aproximados de condutividade elétrica, velocidade,


comprimento de onda, atenuação e permissividade dielétrica para alguns materiais, adap-
tado por Paula M. C. L. (2019) de Ulriksen C. P. F. (1982); Daniels D. J. (1996); Daniels
(2004); Goodman D. & Piro S. (2013). Os valores de velocidade, comprimento de onda e
atenuação estão baseados em uma frequência de 400MHz.
Condutividade Velocidade Comprimento de onda Atenuação Permissividade
Material
mho/m m/ns (cm) 1/m dielétrica
Ar 0 0,30 75 0 1
Areia 0.003 0,05 - 0,22 26.52 0.2 3 - 30
Areia e Cascalho 0,13 - 0,14
Água 0.01 0,0333 8.33 0.21 81
Asfalto .001 0,1225 30.62 0.08 6
Argila 0,06 - 0,15 8 - 12
Basalto 0.01 0,106 26.51 0.67 8
Concreto 0.0001 0,1134 28.35 0.01 7
Cobre 5.8 x 107 0,0262 6.55 95.52 1
Ferro 1,0 x 107 0.01 0.02 39738.35 1
Siltes 0,07 - 0,095 5 - 30
Solo e Areia 0,12 - 0,21 2-6
Solo Arenoso (seco) 0.00014 0,1897 47.43 0.02 2-6
Solo Arenoso (molhado) 0.007 0,06 15 - 30 0.26 25
Solo Argiloso (seco) 0.0003 0,1936 48.41 0.04 2.4 - 30
Solo Argiloso (molhado) 0.05 0,0772 19.31 2.43 10 - 40
Solo com componentes saturados 0,08 - 0,13 5 - 15
Solo seco 0.00011 0,1897 47.43 0.01 2-6
Solo Molhado 0.021 0,0688 17.2 0.91 5 - 40
Solos Orgânicos 0,04

encontrar a interface entre materiais com propriedades elétricas distintas, esse fenômeno
irá ditar o quanto do sinal irá ser refletido, indicado pelo coeficiente de reflexão (Stratton,
1941).
A reflexão e a refração ocorrida entre as camadas será ditada pela lei de Snell
e equações de Fresnel. A lei de Snell relaciona os ângulos entre a onda EM incidente,
refletida e refratada (𝜃𝑖 , 𝜃𝑟 , 𝜃𝑡 ,), como pode ser observado na figura 4.2.

Figura 4.2 – Onda incidente (𝑘𝑖 ), refletida (𝑘𝑟 ) e transmitida (𝑘𝑡 ) e os ângulos de incidên-
cia, reflexão e trasmissão (𝜃𝑖 , 𝜃𝑟 , 𝜃𝑡 ,) formados com a passagem da frente de onda do meio
1 (𝜇1 , 𝜎1 , 𝜖1 ) para o meio 2 (𝜇2 , 𝜎2 , 𝜖2 .)
.
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 53

A lei de Snell diz respeito a relação entre os ângulos formados na incidência e na


reflexão (eq. 4.20) e os formados na incidência e transmição da onda (eq. 4.21):

𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖 ) = 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 ) (4.20)

𝑘𝑖 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖 ) = 𝑘𝑡 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 ) (4.21)


sendo k o número de onda.
Na aplicação de GPR, vamos considerar a incidência da onda EM como normal
(𝜃𝑖 = 0) e o coeficiente de reflexão é gerado pelas equações de Fresnel. A amplitude desse
coeficiente é reescrito como impedância elétrica Z. A onda EM é atenuada até atingir
a interface entre duas camadas com impedância elétrica diferentes. Consequentemente,
uma parte da onda é refratada/transmitida e a outra refletida. Essa impedância pode ser
calculada por meio das equações de Maxwell (Porsani J. L., 1999):

√︃
𝑖𝜔𝜇
𝑍𝑥𝑦 = (4.22)
𝜎 + 𝑖𝜔𝜖
Para o estudo da aplicação de GPR, a amplitude do coeficiente de reflexão, escrita
para incidência normal, é igual a:

𝑍2 − 𝑍1
𝑟𝐺𝑃 𝑅 = (4.23)
𝑍2 + 𝑍1
Como 𝑍1 e 𝑍2 são impedâncias de diferente meios, 𝑟𝐺𝑃 𝑅 é reescrito como:

√ √
𝜎1 + 𝑖𝜔𝜖1 − 𝜎2 + 𝑖𝜔𝜖2
𝑟𝐺𝑃 𝑅 =√ √ (4.24)
𝜎1 + 𝑖𝜔𝜖1 + 𝜎2 + 𝑖𝜔𝜖2
Embora, o coeficiente de reflexão seja dependente da condutividade elétrica do
meio, para frequências usadas no GPR (𝜔 → ∞), a corrente de condução é ignorada pois
não há dependência entre 𝑘 2 e 𝜎 (Stratton, 1941):

√︁ √︁
𝜖′1 − 𝜖′2
𝑟𝑔𝑝𝑟 = √︁ √︁ (4.25)
𝜖′1 + 𝜖′2

A tabela 5.1 algumas relações de coeficiente de reflexão para diferentes tipos in-
terfaces propostas por Porsani (1999). A primeira interface (Solo seco/ Água) apresenta
80% de energia incidente que pode ser usada para mapear nível freático de aquifero. A
segunda mudança de meio (Ar/Solo seco) gera uma reflexão de 38% de energia incidente
e é uma reflexão indesejada na aquisição, por isso a antena deve estar bem junta ao solo.
O coeficiente gerado por Solo/Ferro é de 100% e é usado para identificar tupos metálicos,
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 54

visto que grandes hipérboles são geradas nesse tipo de interface. Por último, o coeficiente
de reflexão entre água e rocha (52%) demonstra que o método pode ser usado sobre super-
ficies de rios e lagos, porém, eles não podem ser muito condutivos para que seja evitado
atenuação do dado.

Tabela 4.2 – Tabela com coeficientes de reflexão para diferentes tipos de interfaces entre
camadas. (Fonte: Porsani 1999).
Meio 1 Meio 2 Coef. Reflexão
Solo Seco (𝜖′𝑟 = 5) Água (𝜖′𝑟 = 81) -0,80
Ar (𝜖′𝑟 = 1) Solo Seco (𝜖′𝑟 = 5) -0,38
Solo (𝜎0′ = 15𝑚𝑆/𝑚) Ferro (𝜎0′ = 109 𝑚𝑆/𝑚) -1
Água (𝜖′𝑟 = 81) Rocha (𝜖′𝑟 = 8) 0,52

4.1.3 Radarfácies
Com os principais princípios físicos do método GPR explicados fica mais fácil
diferenciar os padrões de reflexão, entender que tipo de material está associado a deter-
minado padrão e consequentemente interpretar os dados. Nesse tópico será demonstrado
os principais padrões de reflexão que pode ser encontrado nos resultados.
Paula (2019) resume os principais trabalhos que abordam esse tema. O inicio
do estudo sobre diferenciação dos padrões de reflexão de forma sistemática se deu nos
anos 70 com o estudo de estratigrafia por meio de sísmica na indústria do petróleo. Os
estudos avançaram nos anos 70 e 80 e pesquisas em laboratório e campo demonstraram
a importância em analisar e agrupar grupos com elementos de reflexão em comum tais
como padrão de reflexão, amplitude, frequência, intervalos de velocidade, geometria das
fácies. Após agrupar diferentes radarfácies, é importante relacioná-los com a porosidade
e litologia (Mitchum & Sangree 1977; Sangree, 1974; Brown & Fisher, 1980; Haeni 1988).
Os principais tipos de reflexão propostos por Sangree & Widmier (1974) estão
ilustrados na figura 4.3 e são:

• Livre de reflexões → Podendo apresentar hipérboles geradas por difração como por
exemplo um meio onde o solo é hidratado e inconsolidado e hipérboles são geradas
devido raízes de árvore ou tubulações

• Estratificado → Reflexões paralelas, subparalelas ou divergentes onde há um grau


de continuidade

• Reflexões caóticas → Reflexões com alta amplitude porém descontínuas, normal-


mente com conjuntos de reflexões amontoadas e contorcida.
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 55

Figura 4.3 – Tipos básicos de configurações de reflexão ilustrado por Paula M. C. L, 2019
adaptado de Sangree & Widmier (1974)

O Georadar começou a ser amplamente utilizado para estudos estratigráficos na


década de 90. Autores como Jol & Smith (1991); Beres Jr & Haeni (1991); Haeni (1988)
perceberam que os padrões de reflexão utilizados na sísmica eram bem parecidos com os
do GPR.
Sendo assim, Beres & Haeni (1991) utilizaram GPR em depósitos lacustres rasos e
estratificados. Eles correlacionaram os dados com furo de sondagem e a figura foi gerada
por Haeni (1988).
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 56

Figura 4.4 – Tipos básicos de configurações de reflexão e as possíveis interpretações. Fonte:


Paula M. C. L, 2019 adaptado de Haeni F. P. (1988)

As interpretações da figura 4.4 são utilizadas como base de exemplos de materi-


ais, porém um vários materiais podem apresentar padrões semelhantes, desde que suas
propriedades elétricas sejam semelhantes.

4.2 Métodos Elétricos


4.2.1 Eletrorresistividade (ER)
O método da eletrorresistividade baseia-se na medição do potencial elétrico de um
material geológico antes e depois de aplicada uma corrente. A partir da diferença entre os
potenciais medidos, a resistividade aparente do material, submetido a um campo elétrico,
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 57

pode ser calculada. Consequentemente, a separação de pacotes geológicos, delimitação


de zona saturada em água e zonas de metais maciços podem ser distinguidos, devido a
diferença de resistividade dos materiais.

4.2.1.1 Propriedade Elétrica das Rochas

A prospecção geoelétrica é composta pelos seguintes métodos: Potencial Espontâ-


neo (SP), Eletrorresistividade (ER), Polarização Induzida (IP), Resistividade Capacitiva
(RC) correntes telúricas/magnetoteluricos (MT), e eletromagnético, sendo os quatro pri-
meiros conhecidos como métodos elétricos de prospecção (Gandolfo, 2007). Todos os três
têm como finalidade estudar efeitos produzidos em decorrência do fluxo de corrente no
subsolo, que pode ser tanto fluxo espontâneo quanto induzido.
Com os métodos elétricos, portanto, é possível delimitar a variação de resistividade
elétrica das rochas. A corrente é conduzida no meio principalmente pela forma iônica
(eletrolítica) e eletrônica. Na primeira forma, o fluxo de corrente aplicado no meio ocorre
através do movimento de íons livres presentes nos fluidos que preenchem os vazios do
material geológico, como por exemplo, poros, fraturas e falhas. A condutividade eletrônica,
por sua vez, dá-se pela passagem de corrente em materiais com alta densidade de elétrons
livres e ocorre na matriz da rocha tais como os metais maciços.
A condutividade eletrolítica é a mais comum nos materiais. Embora, a condutivi-
dade eletrônica apresente sua importância em meios com presença de minerais maciços
condutivos tais como sulfetos e grafite. Visto que no contexto da mineração, a maior
parte desses minerais condutivos estão presentes de forma disseminadas e em concentra-
ções relativamente baixas para serem detectadas com ER, o método IP é usado de forma
complementar ao ER.
A variação nos valores de resistividade para um mesmo material geológico (Figura
4.5) aumenta a necessidade de um estudo apurado da geologia do material presente na
região e da presença de fluidos nos poros.
Rochas ígneas e metamórficas se comportam como materiais resistivos quando
comparados com as rochas sedimentares. A resistividade dessas rochas irá depender da
percentagem de fraturas preenchidas por fluído. Sendo assim, em um mesmo material deste
tipo, a variação nos valores de resistividade podem variar intensamente, característica
importante na detecção de zonas fraturadas (Loke, 1999).
As rochas sedimentares apresentam variação nos valores de algumas dezenas a
aproximadamente 10000 ohm.m (Loke, 1999). As medidas irão variar com a presença ou
não de fluído nos poros e sua salinidade. A lei de Archie (eq. 4.26) relaciona a resistividade
de uma rocha porosa e o fator de saturação de fluido, a lei é aplicada principalmente
para rochas sedimentares com pouco conteúdo de argila, devido a maior complexidade da
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 58

equação aplicada para material argiloso.

𝜌 = 𝑎𝜌𝑤 Φ−𝑚 (4.26)

sendo, 𝜌 a resistividade da rocha, 𝜌𝑤 a resistividade da água, Φ a fração da rocha preen-


chida com fluido e tanto 𝑎 quanto 𝑚 parâmetro empíricos (Keller & Frischknecht, 1966).
Para a mineração é importante observar a variação nos valores de resistividade
para diferentes minérios. Sulfetos metálicos tais como pirrotita, galena e pirita apresentam
valores menores que 1 ohm.m. Outro fator importante para o estudo em questão é o fato
do minério ser disseminado ou maciço, visto que no primeiro caso a concentração é baixa
para ser detectada apenas com ER, sendo necessário o uso de IP. Por fim, a maioria dos
óxidos, tais como hematita, são condutores.

Figura 4.5 – Variação nos valores de resistividade das rochas, solos e minerais (Fonte:
Loke, 1999).

4.2.1.2 Fator Geométrico

A lei de Ohm (𝑈 = 𝑖𝑅) é um dos pilares da eletrorresistividade. A mesma foi


desenvolvida a partir da observação de que a corrente é proporcional a força eletroscópica
de um circuito, que era gerada por pilhas voltaicas. Essa força foi posteriormente chamada
de voltagem (Rijo, 2001).
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 59

A equação (4.27) descreve o fluxo de corrente continua em uma subsuperficie se-


gundo a lei de Ohm, sendo que 𝐽⃗ é o vetor representado pelo fluxo de corrente, 𝐸
⃗ o campo
magnético e 𝜎 a condutividade do meio.

𝐽⃗ = 𝐸
⃗ ·𝜎 (4.27)

A condutividade 𝜎 é a facilidade com a qual a carga elétrica flui através do meio.


A resistividade (𝜌) é o inverso da condutividade e o campo elétrico é o gradiente do
potencial, logo, a equação 4.27 é reescrita como:

∇𝑉
𝐽⃗ = (4.28)
𝜌
Por definição, a intensidade de corrente que atravessa um tubo com área S e
comprimento l é igual a:

∫︁
𝑖= 𝐽⃗ · 𝑛
^ · 𝑑𝑆 (4.29)
𝑆

logo,

𝑖
𝑑𝑉 = · 𝑑𝑙 (4.30)
𝜎𝑆
dV é uma pequena diferença entre dois pontos de modo que

𝑉𝑎 − 𝑉𝑏 = 𝑅 · 𝐼 (4.31)

Substituindo 4.30 em 4.31 obtemos:

𝑙 𝑙
𝑅= = 𝜌( ) (4.32)
𝜎𝑆 𝑆
Na aquisição de dados elétricos ER e IP são utilizados dois eletrodos de corrente
(A e B) para aplicar corrente no subsolo e outros dois potenciais (M e N) para medir a
diferença de potencial em um ponto, como pode ser observado na figura 4.6. A corrente
flui como se fosse na metade de uma esfera equipotencial, portanto, a área S é calculada
como 𝐴 = 2𝜋𝑟 2 . Como o objetivo do método é adquirir valores para a resistividade
aparente entre os eletrodos, então a condutividade é trocada pela resistividade e obtemos
a equação a seguir:

𝑅·𝑆
𝜌= (4.33)
𝑙
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 60

Considerando que o meio é homogêneo e isotrópico, a disposição de eletrodos


representada pela figura 4.6, apresentará uma superfície equipotencial em forma de semi-
esfera e a equação 4.33 ficará igual a:

𝜌
𝑅= (4.34)
2𝜋𝑟
Consequentemente, haverá diferença de potencial (ddp) no eletrodo M e N:

𝜌 1 1
𝑉𝑀 = (𝐼 · )·( − ) (4.35)
2𝜋 𝐴𝑀 𝐵𝑀

𝜌 1 1
𝑉𝑁 = (𝐼 · )·( − ) (4.36)
2𝜋 𝐴𝑁 𝐵𝑁
Sendo a letra do eletrodo de corrente (A ou B) seguida da letra do eletrodo de potencial
(M ou N) referente a distância entre os mesmos. Logo, a equação da ddp entre os dois
eletrodos de potencial será dada por:

𝜌 1 1 1 1
Δ𝑉𝑀 𝑁 = (𝐼 · )( − − + ) (4.37)
2𝜋 𝐴𝑀 𝐵𝑀 𝐴𝑁 𝐵𝑁
A resistividade do meio será igual à:

𝑉
𝜌=𝐾·Δ (4.38)
𝐼
e o fator geométrico (K) igual à

2𝜋
𝐾= 1 1 1 1 (4.39)
𝐴𝑀
− 𝐵𝑀
− 𝐴𝑁
+ 𝐵𝑁

Figura 4.6 – Exemplo de arranjo com quarto eletrodos (Fonte: Braga, 2006).

Portanto, o método mede a resistividade do material geológico a partir de uma


corrente introduzida no meio. Porém, este material não é homogêneo e por isso a resistivi-
dade medida é chamada de aparente (𝜌𝑎 ), que é uma média ponderada das resistividades
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 61

reais de um pacote com diferentes materiais. A inversão, método utilizado na modelagem,


é usada com a finalidade em obter resistividade reais aproximadas.

4.2.1.3 Técnicas de aquisição de dados

As técnicas de aquisição dos métodos geoelétricos de prospecção diz respeito à


maneira na qual os eletrodos irão ser movimentados ao longo da superfície. A técnica
utilizada é uma combinação entre Sondagem Elétrica Vertical (SEV) e Caminhamento
Elétrico (CE), .
A sondagem elétrica vertical (fig. 4.7) é utilizada principalmente em estudos que
objetiva investigar variação de resistividade em profundidade. O estudo da SEV é feito
a partir de anotações dos valores de resistividade em uma curva log. A mudança dessa
curva indicará diferentes camadas, sendo possível obter análise em uma dimensão (1D).
A investigação geológica utilizando a técnica SEV é em profundidade e a medida que
os eletrodos de corrente A e B são afastados um do outro, a profundidade aumenta em
relação a um ponto lateralmente fixo.

Figura 4.7 – Técnica de aquisição SEV (Fonte: Braga, 2006).

Diferente da SEV, a técnica do caminhamento elétrico (CE) é utilizada para de-


terminar descontinuidades laterais, como por exemplo: zonas mineralizadas, fraturas, e
diques. A figura 4.8 demonstra como que os eletrodos são deslocados em uma determi-
nada direção, ao passo que quando aumentada a distância entre os mesmos, dados em
maiores níveis de investigação são obtidos. A maneira como os eletrodos são espaçados
para se obter maiores níveis é realizada a partir dos diferentes tipos de arranjos, explicados
na próxima seção.
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 62

Figura 4.8 – Técnica de aquisição CE (Fonte: Braga, 2006).

4.2.1.4 Arranjos de eletrodos

A escolha do arranjo é de extrema importância na identificação do alvo de interesse.


Sendo que os mais utilizados são: Wenner, dipolo-dipolo, Wenner-Schlumbeger, polo-polo
e polo-dipolo (figura 4.9). O fator geométrico explicado na seção 4.2.1.2 irá influenciar
diretamente nos resultados. Logo, as considerações mais importantes a serem observadas
na escolha são: profundidade de investigação, sensibilidade à variações de resistividade
lateral/vertical e razão sinal/ruído.
O arranjo Wenner (figura 4.9-a) é bastante utilizado na técnica do caminhamento
elétrico e possui três variantes: Wenner alpha, beta e gama. O primeiro está demostrado
na figura, sendo que os outros dois são apenas diferentes combinações entre eletrodos. A
maneira de separar os eletrodos continua a mesma para os três tipos, sendo que a distância
“a” permanece fixa durante o caminhamento e posteriormente aumenta. A partir do
perfil de sensibilidade é possível observar que o arranjo apresenta contornos horizontais
abaixo do centro do arranjo. Consequentemente, o arranjo é sensível a mudanças em
profundidades como a determinação de zonas de contato em material estratificado. A
profundidade atingida é moderada e apresenta sinal forte, fato que pode prevalecer o
arranjo em uma área ruidosa.
No arranjo Dipolo-dipolo, o espaçamento entre os eletrodos de corrente (AB) é
igual a uma distância “a”, o par de eletrodos de potencial (MN) apresentam a mesma
distância, inicialmente fixa (figura 4.9-b). Os dois pares são separados entre si por uma
constante "n", que é aumentada com a necessidade em se obter maiores profundidades.
Este é um arranjo com sensibilidade satisfatória para mudanças horizontais. Além do
mais, apresenta baixo ruído relacionado ao acoplamento eletromagnético e, portanto, é
amplamente utilizado em aquisições de IP (Loke, 2004).
O arranjo Schlumberger (figura 4.9-c) apresenta o par de eletrodos de potencial
fixo no centro do arranjo e com uma distância fixa entre ambos. Nos extremos, há um
eletrodo de corrente em cada extremidade, que são separados a cada medida. Este arranjo
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 63

é utilizado para a realização da técnica da SEV, visto que que cada medida é realizada
abaixo da anterior.
O intuito inicial do arranjo polo-polo seria utilizar apenas um eletrodo de corrente e
um de potencial. Porém, essa configuração não existe e uma maneira de se aproximar deste
caso é posicionando outros eletrodos de corrente e de potencial a uma grande distância
do centro. Essa distância é considerada satisfatória como 20 vezes a distância “a” entre
o par de eletrodos posicionado no centro do arranjo (figura 4.9-d). Assim como o dipolo-
dipolo, esse arranjo supre o problema de erro relacionado ao acoplamento eletromagnético,
porém exige uma grande quantidade de corrente elétrica para suprir o espaçamento. Outro
problema do arranjo são os ruídos telúricos provocados devido a grande distância entre
os eletrodos de potencial.
O arranjo polo-dipolo (figura 4.9-e) apresenta um par de eletrodos de potencial
separados por uma distância “a”. Um dos eletrodos de corrente (A) é posicionado no infi-
nito e um outro (B) é deslocado por uma distância “na”. Este arranjo apresenta resolução
lateral satisfatória, com sinal melhor que o do dipolo-dipolo. Porém, devido a sua natu-
reza assimétrica, a interpretação dos dados torna-se mais complexa. Loke (2004) sugere
repetir as medidas de maneira reversa ao arranjo para remover a natureza assimétrica dos
resultados, porém esse procedimento levaria um tempo maior que o normal.
Dahlin & Zhou (2004) comparam a resolução e eficiência dos resultados de re-
sistividade 2D utilizando oito arranjos. Os autores aferem que para regiões onde o alvo
geológico é verticalizado, como é o caso das zonas mineralizadas em veios de quartzo ou
disseminados na rocha, o melhor arranjo é Dipolo-dipolo.
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 64

Figura 4.9 – Primeira coluna: arranjos comumente usados na aquisição de dados de eletror-
resistividade e seus respectivos fatores geométricos (k), sendo que os eletrodos de corrente
são representados por A e B e os de potencial por M e N. Segunda coluna: sensibilidade
para cada arranjo. Arranjos: a) Wenner, b) Dipolo-Dipolo, c) Schlumberger, d) Polo-Polo,
e) Polo-Dipolo (Fonte: adaptado de Loke, 2004 e Dahlin & Zhou, 2004).

4.2.2 Resistividade Capacitiva (RC)


A seção Propriedade Elétrica das Rochas (4.2.1.1) se aplica ao método RC pois
assim como a ER, a RC é usada para medir a Resistividade Elétrica. A diferença se
aplica na maneira como os dados são adquiridos, a RC é mais simples e rápida de ser
adquirida, porém, as investigações são mais rasas. Sendo assim, ela foi usada para mapear
o material rochoso próximo a superfície. Visto que a barita é resistiva e se encontra a
poucos metros de profundidade, se houver, devemos encontra-la. Posteriormente, após
delimitada as regiões economicamente propicias, a ER detalhará o material com mais
rigor.
Diferente do método convencional (ER), na RC não há a necessidade do aco-
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 65

plamento galvânico entre os eletrodos e o subsolo. O método se utiliza do principio do


acoplamento capacitivo. O equipamento é formado por um gerador de corrente alternada,
uma placa condutora e um material isolante. A placa condutora e o subsolo, separadas
pelo isolante, agem como placas do sistema de um capacitor elétrico. A figura 4.10 ilus-
tra esse sistema de um dipolo capacitivo, sendo que a parte superior da figura ilustra-o
externamente e a inferior detalha a parte interna.

Figura 4.10 – Sistema de um dipolo capacitivo. A figura superior ilustra o sistema ex-
ternamente e a parte inferior da imagem detalha o sistema internamente, formado pelo
gerador de corrente alternada, a placa condutora e o isolante, sendo que o solo age como
a segunda placa (Fonte: Aquino W. F., 2022, modificado de Yamashita et. al., 2004)

O gerador aplica uma corrente alternada de frequência 16,5 kHz, que gera campo
elétrico e retensão de carga no resistor dielétrico (isolante). A corrente elétrica mantêm a
carga elétrica por indução que atravessa o meio devido a capacitância da placa condutora
e da subsuperfície. Os dipolos capacitivos receptores do acoplamento medem o potencial
elétrico de corrente (tensão). Shimas 1996 ilustra o tipo de circuito que é formado nesse
sistema resistivo-capacitivo (figura 4.11). Corrente alternada é gerada pois a frequência
da tensão da força eletromotriz (E) é alta e cargas elétricas são geradas no isolante entre
a placa condutiva e o subsolo. Consequentemente, o efeito capacitivo é gerado com uma
magnitude de corrente representada pela Lei de Kirchhoff 4.40 (Shima, et. al., 1996, apud.
Aquino 2022).
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 66

Figura 4.11 – Representação do modelo de eletrodo capacitivo na prática e a representação


do circuito elétrico equivalente (Fonte: Aquino W. F., 2022, modificado de Shima et. al.,
1996).

𝐸
𝐽 = 1 (4.40)
𝑅+ 𝑖𝜔𝐶
Sendo 𝐽 a magnitude de corrente da corrente alternada, 𝐸 a força eletromotriz, 𝑅 a
resistência do terreno em Ohms, 𝜔 a frequência angular em 𝑟𝑎𝑑/𝑠, 𝐶 a capacitância do
eletrodo em Farads e esses dois últimos pertencentes a parte imaginária 𝑖.
Feito as medidas, os registros das tensões são convertidos em sinal digital numa
taxa de amostragem de 0,5 segundos e por fim a resistividade elétrica é medida a partir
do fator geométrico, semelhante as equações 4.38 e 4.39 (Yamashita et. al., 2004).
O arranjo usado no método RC é análogo ao arranjo dipolo-dipolo (figura 4.9-
b). Embora, os fatores geométricos usados na ER e RC sejam bem parecidos eles se
diferenciam. A diferença se deve principalmente pelo fato de que agora as medidas não
estão restritas a pontos fixos de eletrodos. Kuras (Kuras O. Beamish D. Meldrum P. I.
(2006)) explica de forma sucinta o fator geométrico de RC dado por:

𝜋𝐿
𝐾𝐿𝐴 = 2 𝑏2 +2𝑏 𝑏+2 𝑏2 −2𝑏 𝑏−2
(4.41)
𝑙𝑛[( 𝑏2𝑏−1 )2𝑏 ( (𝑏+1) 2) ( (𝑏−1)2 ) ]
visto que 𝐿 é o comprimento dos eletrodos e 𝑋 a separação entre o transmissor e os
receptores usado em 𝑏 = 2𝑋/𝐿.
Além disso, Kuras (2006) explica que para um mesmo fator geométrico calculado
em ER e RC, para a distância do dipolo 𝑋 e comprimento do dipolo para ER (𝐿𝑑𝑐 ) serão
diferentes que o comprimento de 𝐿 para as antenas dipolares do RC (𝐿𝐿𝐴 ). Aquino (2022)
ilustra esse fato na figura 4.12. Como consequência desse fato, a diferença dos fatores
geométricos entre os dois métodos varia entre 1 e 16 %, a depender do distanciamento
entre as antenas capacitivas. Os menores valores dessa diferença ocorrerão com a maior
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 67

separação entre as antenas. Portanto, a diferença ente a medida ER e RC serão maiores


em profundidades rasas e menores em grandes profundidades.

Figura 4.12 – Disposição de sistema RC e ER equivalentes: A) RC equivalente a B) método


galvânico ER com arranjo dipolo-dipolo (Fonte: Aquino W. F., 2022, modificado de Kuras
et. al., 2006).

Outro fator importante para levar em consideração na aquisição é a resistividade


elétrica do meio. Nas aquisições ER, não é favorável fazer medidas onde o solo superficial
está muito resistivo, pois a resistência de contato inferida pode ser alta e a corrente não flui
de maneira satisfatória, acarretando em ruídos, e por isso o uso de água com sal na base
dos eletrodos. Por outro lado, na aquisição RC, é primordial a superfície não ser condutiva.
Esse fato deve-se a Lei de Ohm (Δ𝑉 = 𝐼.𝑅), ou seja, quanto maior a resistência do meio
maior a amplitude da tensão. Logo, em meios resistivos, a tensão gerada para uma corrente
aplicada será alta e a profundidade atingida será maior e com menos ruído (Kuras et. al.
2006, apud. Aquino 2022). A profundidade de investigação aproximada usando o método
é aproximada pela equação 4.42 e a distãncia entre o sistema transmissor e receptor não
deve exceder esse valor (Milsom, 2003; Timofeev, et. al. 1994). A resistividade elétrica do
meio é dada por 𝜌 e 𝑓 é a frequência do sinal emitido.

√︃
𝜌
𝑑 = 15, 9 (4.42)
𝑓

Com todos os requisitos atendidos, a corrente de deslocamento será baixa o sufici-


ente para ser ignorada e a resistividade aparente será calculada da mesma forma que no
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 68

mérodo ER. A corrente elétrica predominante, portanto, será a de condução e considera-


mos o sistema como quasi-estático. Nesse caso, na lei de Ampére (equação 4.2), onde a
soma da corrente de condução e a variação de corrente de deslocamento produz campo
magnético, a variação da corrente de deslocamento será nulo e a correlação utilizada sera
a relação constitutiva, equação 4.27 (Aquino 2022).
Por fim, o equipamento é composto de uma antena capacitora transmissora (Tx)
e quatro receptoras (Rx). Dessa forma, a aquisição é feita de maneira similar ao dipolo-
dipolo da Eletrorresistividade com a praticidade do operado puxar todo o sistema ao
mesmo tempo, ao passo que o equipamento faz aquisição por meio das técnicas SEV e CE
de maneira rápida, como pode ser observado na figura 4.13 do Aquino (2022).

Figura 4.13 – Ilustração de como é feita a aquisição por meio do método RC. D é a
distância do transmissor para cada receptor. A corrente elétrica pe aplicada para cada
nível de investigação fazendo medidas de Δ𝑉 (Fonte: Aquino W. F., 2022)

4.2.3 Polarização Induzida (IP)


A Polarização Induzida é um fenômeno físico causado pela resposta da corrente
elétrica no material geológico após ser desligada. Em outras palavras, o método refere-se
a capacidade do material em armazenar carga elétrica. Este fenômeno pode ser estudado
através da curva de decaimento do potencial após atingir a sobrevoltagem (domínio do
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 69

tempo) ou pela resposta que o material apresenta quando submetido à diferentes frequên-
cias, sendo que a impedância elétrica diminui com o aumento da frequênia (domínio da
frequência).
O método IP é bem difundido na exploração mineral, principalmente por se tratar
de um método sensível à certos minerais metálicos em baixas concentrações. De acordo
com Summer (1976), corpos de sulfeto disseminado com concentrações de minerais metá-
licos iguais a 0,5% podem ser o suficiente para apresentar anomalia, sendo que a resposta
aumenta com a mineralização. Por outro lado, as aquisições de resistividade poderiam
esconder o sinal de interesse quando o objeto principal está relacionado a minerais disse-
minados.

4.2.3.1 Fontes de efeito IP

Quando a corrente elétrica é aplicada na subsuperfície, parte da energia elétrica


é armazenada na rocha. O armazenamento dessa energia pode ocorrer por dois efeitos:
polarização de membrana e polarização de eletrodo.
A polarização de membrana (eletrolítica) é mais utilizada em estudos hidrogeo-
lógicos, devido à presença de íons em argilo-minerais de uma rocha porosa com poucos
minerais metálicos. Este tipo de polarização ocorre devido à uma nuvem de cargas ne-
gativas na interface entre a rocha e o poro contendo fluido. Consequentemente, os íons
positivos são atraídos e os negativos repelidos da interface. Quando uma corrente é apli-
cada sobre o sistema, os íons positivos fluem mais facilmente através da nuvem eletrolítica
e os negativos são retidos (Telford, et. al., 1990).
Quando a corrente é cessada, os íons retornam ao seu estado inicial por meio da
difusão dos íons, esse caminho elétrico é conhecido como Faradaico por envolver oxidação
e redução, sendo este o fator gerador do efeito IP.
A polarização de eletrodo ocorre na presença de minerais metálicos, sendo este
o alvo de estudo principal na geofísica aplicada à prospecção mineral. Os minerais pre-
sentes (maciços ou disseminados) são causadores de carga e descarga da camada dupla,
assim como nos capacitores, gerando um caminho de natureza eletrocinética, do tipo
não-faradáico. (Summer, 1976).
Na polarização de eletrodo, portanto, parte da corrente flui de maneira eletrolítica
e outra de maneira eletrônica. Na primeira, a impedância associada com a transferência
de elétron pode ser representada pela reação de resistência e a segunda pode ser repre-
sentada como a variação da impedância de um simples capacitor (figura 4.14). Sendo que
a sobrevoltagem (overvoltage) é a energia potencial extra e necessária para quebrar a
barreira eletroquímica criada na polarização de membrana.
A impedância interfacial metal-eletrólito pode ser descrita da seguinte forma:
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 70

Quando submetida a frequências maiores que 1000 Hz, a maior parte da corrente elé-
trica flui através da interface por meio não-faradáico, enquanto que o fluxo de corrente
via caminho faradáico aumenta com a redução da frequência (Ward, 1990).
Anderson & Keller (1964) explicam que o efeito IP em arenito rico em pirita
cresce em parte a partir do efeito de polarização de eletrodo (sobrevoltagem) e outra
a partir de polarização eletrolítica. Porém, no estudo aqui presente, apenas o primeiro
efeito interessa e a identificação do sulfeto é possível apenas quando a polarização de
sobrevoltagem exceder a eletrolítica. Esta condição é satisfeita quando houver mais que
10% de sulfeto na rocha. Portanto, os autores propõem o uso de baixa densidade de
corrente para aumentar o efeito da polarização de interesse.

Figura 4.14 – Representação do circuito da polarização de eletrodo (Fonte: modificado de


Summer, 1976).

4.2.3.2 Domínio do tempo (TD)

O método IP envolve medidas de impedância, com interpretação voltada às pro-


priedades elétricas da geologia local. No domínio do tempo esta propriedade pode ser
medida periodicamente com o sistema liga/desliga da corrente (Ward 1990).
Como pode ser observado na figura 4.15, a voltagem da polarização (𝑉𝑝 ) decai até
zero em um intervalo de tempo característico, sendo possível ser medida após a interrupção
da corrente no subsolo. Quando a corrente é ligada novamente, a mesma leva o mesmo
intervalo de tempo 𝑉𝑝 para atingir o seu pico de voltagem.
A variável 𝑉𝑝 é a sobrevoltagem (overvoltage), que nos instrumentos atuais não
é registrada continuamente devido à inviabilidade instrumental. Como alternativa a essa
limitação, o equipamento registra 𝑉 𝑝 em vários intervalos de tempo curtos. Posterior-
mente, a integral da curva 𝑉𝑡 (figura 4.16) num intervalo de tempo, dividida por 𝑉𝑝
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 71

fornece a cargabilidade (𝑀 ) do meio polarizável (equação 4.43).

1 ∫︁ 𝑡2
𝑀 = 𝑉𝑡 𝑑𝑡 (4.43)
𝑉𝑝 𝑡1

Figura 4.15 – Corrente emitida na forma quadrada com sistema on/off (parte superior) e
resposta da carga e descarga do meio geológico medido em volts (parte inferior), sendo 𝑉0
a voltagem total medida, 𝑉𝑝 , a voltagem referente a polarização do meio e 𝑉 a voltagem
real.

Figura 4.16 – Integração de curva de decaimento de potencial após período de relaxamento


de corrente em um intervalo de tempo entre 𝑡1 e 𝑡2 .

O fator metal (FM) é mais comum de ser usado no domínio da frequência, porém
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 72

é possível ser utilizado no domínio do tempo por meio da seguinte equação:

1000𝑀
𝐹𝑀 = (4.44)
𝜌𝐷𝐶
onde a cargabilidade 𝑀 é dada em termos de milisegundos (Whitherly and Vyselaar,
1990)

4.2.3.3 Domínio da frequência (FD)

As aquisições no domínio da frequência podem ser realizadas por meio de medidas


de fase ou amplitude. Em muitos casos, o comportamento IP para rochas mineralizadas
pode ser aproximado pelo circuito mostrado na figura 4.17. A componente 𝑅𝑑 𝑐 do circuito
representa o comportamento da condução iônica resistiva em caminhos de corrente em
uma parte não mineralizada próxima a minerais metálicos. O resistor Rb, por sua vez,
pode ser comparado à resistência devido aos caminhos de condução bloqueados dentro da
parte mineralizada da rocha, e o capacitor 𝐶 pode ser associado com a capacitância da
dupla camada e a impedância Warburg (Summer, 1976).

Figura 4.17 – Circuito representando o fenômeno IP (Summer, 1976)

Em baixas frequências, o capacitor é um circuito aberto e a resistência medida


refere-se apenas ao 𝑅𝑑 𝑐. Por outro lado, em altas frequências, a resistência depende tanto
de 𝑅𝑏 quanto 𝑅𝑑 𝑐. Sendo assim, a mudança na resistência do circuito (impedância) é uma
medida que leva em consideração o bloqueio de corrente com a mudança da frequência
(𝑓 ) de corrente. A impedância de um circuito em paralelo é definida por:

1 1 1 𝑍𝑏 𝑍𝑑𝑐
= + → 𝑍𝑓 = (4.45)
𝑍𝑓 𝑍𝑑𝑐 𝑍𝑏 𝑍𝑏 + 𝑍𝑑𝑐

Sendo, 𝑍𝑑𝑐 e 𝑍𝑏 a impedância da componente 𝑑𝑐 e 𝑏 respectivamente.


Visto que 𝑍𝑏 e 𝑍𝑑 𝑐 podem ser escritos em função de 𝑅𝑏 e 𝑅𝑑 𝑐, como mostra as
equações 4.46 e 4.47, então a equação 4.45 é substituída pela 4.48. Onde a frequência
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 73

angular (𝜔) é igual a 2𝜋𝑓 , 𝐼 é a intensidade de corrente e 𝐶 a capacitância do circuito.

1
𝑍𝑏 = 𝑅𝑏 + (4.46)
𝐼𝜔𝐶

𝑍𝑑 𝑐 = 𝑅𝑑 𝑐 (4.47)

1
𝑅𝑑𝑐 (𝑅𝑏 + )
𝑍𝑓 = 𝐼𝜔𝐶
1 (4.48)
𝑅𝑑𝑐 + 𝑅𝑏 + 𝐼𝜔𝐶

Logo, o efeito da frequência (equação 4.49) é adotado como forma de estudar


a variação de impedância em um meio geológico a partir de duas ou mais frequência
de corrente e posteriormente correlacionar os dados com um meio que apresente zona
mineralizada.

𝑍𝑓 (𝑚𝑖𝑛) − 𝑍𝑓 (𝑚𝑎𝑥)
𝐹𝐸 = (4.49)
𝑍𝑓 (𝑚𝑎𝑥)

Na equação anterior temos duas frequências, uma menor que tende a zero e outra
maior que tende ao infinito, portanto, 𝑍𝑓 (𝑚𝑖𝑛) e 𝑍𝑓 (𝑚𝑎𝑥) é igual a 𝑍𝑑𝑐 e 𝑍𝑓 , respecti-
vamente. Portanto, se os termos das equações 4.47 e 4.48 forem substituídos na 4.49, a
razão da equação 4.50 é obtida.

𝑅𝑑𝑐
𝐹𝐸 = (4.50)
𝑅𝑏
O método IP por meio de medições de amplitude se utiliza de duas frequências.
A primeira e mais baixa (dc) apresenta maior período e consequentemente mais tempo
para a voltagem transiente aumentar. A segunda frequência é mais alta (ac) e apresenta
menor voltagem. Por fim, o PFE (Percentual Frequency Effect) ou percentual de frequência
efetiva relaciona o aumento percentual entre ambas frequências (Equação 4.51).

𝜌𝑑𝑐 − 𝜌𝑎𝑐
𝑃𝐹𝐸 = × 100 (4.51)
𝜌𝑎𝑐
Em termos práticos, o PFE é utilizado com 𝜌𝑑𝑐 no dominador, invés de 𝜌𝑎𝑐 ,
devido a sua maior correlação com a cargabilidade (𝑀 ). O fator metal por sua vez diminui
algumas ambiguidades tais como o fato de uma rocha muito metamórfica poder apresentar
valores altos para o 𝑃 𝐹 𝐸, mesmo que não haja conteúdo metálico satisfatório. Portanto,
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 74

o 𝐹 𝐸 é dividido por 𝜌𝑑𝑐 e multiplicado por 2𝜋 · 105 , logo o fator metal (𝑀 ) (Eq. 4.52)
apresenta uma boa escala e uma maior correlação com as zonas mineralizadas e sulfetadas.

𝐹𝐸
𝑀𝐹 = · 2𝜋 · 105 (4.52)
𝜌𝑑𝑐
Na aquisição IP no domínio do tempo é necessária maior precisão, logo é impor-
tante reduzir os ruídos relacionados ao efeito de polarização entre eletrodo e solo. Portanto,
eletrodos porosos são utilizados como alternativa de reduzir a variação temporal da po-
larização, pois são não-polarizáveis. Cada eletrodo poroso é constituído por um cilindro
de PVC, sendo que a base é feita de cerâmica porosa, no qual a solução de sulfato de
cobre infiltra lentamente e atinge o solo. Uma haste de cobre é conectada na parte interna
da tampa para que possa entrar em contato com a solução de 𝐶𝑢𝑆𝑂4 e um terminal
de conexão na parte externa, que é conectado a cada saída do cabo de potencial (figura
4.18).

Figura 4.18 – Eletrodo poroso (Fonte: França, 2015)

4.3 Otimização de Cava


A exploração de barita na mineradora Patrimônio ocorre a céu aberto, por meio
do método open pit. A cava é formada por bancadas e rampas de acesso que permite a
remoção do corpo mineralizado do topo para a base. O objetivo da otimização da cava
é fazer um desenho preliminar onde a exploração seja a mais lucrativa possível. Esse
processo evita a retirada excessiva de material estéril em um cenário onde os custos são
maiores que os valores de arrecadação.
O inicio da cava se dá pelo decapeamento do material estéril acima do minério.
Posteriormente, o material é retirado ao longo dessas rampas sucessivas (Assunção, 2017).
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 75

A cava operacional é o processo no qual questões geotécnicas são avaliadas. Essa avaliação
depende do tipo de rocha e solo. Esse fator irá ter consequência na determinação da
inclinação das bancadas e ângulo final do talude. Além disso, a largura da bancada é
escolhida de acordo com o tamanho das máquinas usadas na remoção do material (Peroni,
2008).
A cava otimizada precisa ser reavaliada durante as diversas etapas de exploração,
principalmente com a mudança nos preços do minério. Além da geometria depender de
características geométricas afim de evitar deslizamento, o formato da lavra depende do
volume e teor (estéril/minério).
Sendo assim, o primeiro passo para a otimização de cava de um depósito mine-
ral é a criação do modelo geológico. Esse modelo deve constar a geometria e o tipo de
material presente. Essa etapa foi feita com auxílio da geofísica terrestre, visto que os mé-
todos utilizados foram testados em áreas controladas e foi confirmada a suas eficiência na
discriminação do minério (barita).
A próxima etapa é delimitar o modelo do sólido fechado relacionado ao minério
e o modelo topográfico. Posteriormente, esses dois modelos são convertidos em modelo
discreto de blocos. O material estéril corresponde aos blocos abaixo da topografia que
não fazem parte do minério. Os blocos auxiliam o algorítimo computacional a calcular o
volume e o preço de retirada de cada bloco e consequentemente insinuará a maneira a ser
explorada mais lucrativa.
O cálculo é feito por meio subtração do valor de arrecadação menos os custos.
Esse último parâmetro é feito por meio do valor de custo por 𝑚3 , que refere-se aos gastos
administrativos com mão de obra, material, beneficiamento e recuperação. Os blocos
estéreis apresentam valores negativos, visto que não é vendido e há um custo na sua
extração. Por fim, a cava operacional é feita por meio da altura da bancada, ângulo de
talude da bancada, largura de berma, largura da rampa e ângulo geral da cava.
O método computacional de otimização por processo automático usado foi desen-
volvido por Lerch & Grossmann (1965). O algoritimo L&G utiliza a programação dinâmica
e teoria dos grafos aplicado a otimização de processos discretos. A teoria matemática dos
grafos permite que o programa calcule a diferença entre o valor total do minério e o custo
da extração dos blocos estéreis e do minério. Essa teoria é baseada na comparação siste-
mática entre cada bloco vizinho. Essa comparação permite que o algorítimo crie diferentes
geometrias e calcule qual delas fornece o maior lucro. O maior lucro seria referente a ex-
ploração apenas dos blocos do minério, porém isso é impossível. Para retirar blocos de
minério é necessário retirar estéreis, principalmente nas bordas, além disso deve-se levar
em conta os ângulos que respeitam a estabilidade do talude (Assunção, 2017).
A teoria de grafos considera que um sistema com vários subgrafos formados por
Capítulo 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLOGIA 76

nós e ramos. O produto disso é uma cava viável que considera os parâmetros operacio-
nais citados no parágrafo anterior. O valor de lucro máximo corresponde ao fechamento
máximo de um grafo identificado pelos seus parâmetros individuais de custo e peso. Esse
fechamento máximo corresponde a cava otimizada (Assunção, 2017).
77

5 AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MO-


DELAGEM

A mineradora Patrimônio é detentora das concessões de lavra dos seguintes pro-


cessos da DNPM: 006.921/1954 e 008.581/1943 . As aquisições de dados geofísicos foram
focadas no segundo processo (Figura 5.1-A).
Foram realizadas aquisições ao longo de dez perfis posicionados de forma aproxi-
madamente perpendiculares ao trend estrutural NE relacionado a barita, (figura 5.1-B).
Dessa forma a probabilidade de cruzar uma feição do minério é maior. O perfil 10 foi
o único que foi feito paralelamente a direção NE como controle. A figura 5.1-C é uma
imagem de satélite com as linhas de aquisição. Na imagem é possível notar que as linhas
não foram feitas totalmente retilíneas devido a dificuldades encontradas como a vegetação
densa e topografia acentuada.
As aquisições foram feitas entre os dias 25-30/10/2021 e 16-19/02/2022. O primeiro
período foi focado em investigar o local com métodos mais rápidos: RC e GPR; além de
ER com espaçamento de 3 metros.
Os resultados mais promissores foram escolhidos e o segundo período de aquisições
foi reservado para investigar maiores profundidades. Sendo assim, as feições de barita
foram detalhadas em maiores profundidades. Por fim, decidiu-se estudar a possibilidade
em identificar locais com possível ocorrência de sulfetos de Cu-Pb-Zn.
Por causa de limitações como o curto período disponível para aquisições e o solo
compacto, o projeto inicial não previu a aplicação de método IP com eletrodos porosos,
que gasta mais tempo de aquisição e é mais difícil de serem instalados em solo compacto.
Por isso foi improvisado a utilização de eletrodos metálicos. Embora o recomendado para
IP-T seja a utilização de eletrodos porosos, afim de evitar polarização de eletrodo, os três
métodos irão ajudar a avaliar a ocorrência ou ausência de tal efeito. Como a região de
estudo apresenta materiais geológicos bem resistivos, espera-se que não ocorra influência
significativa da polarização de eletrodo nos resultados, o que justifica o uso de eletro-
dos metálicos. A combinação de IP-T (cargabilidade) e IP-F (FM e PFE) auxiliará na
identificação de zonas sulfetadas.
A figura 5.2-a mostra um bloco rolado de barita envolto por quartzito. Na imagem
é possível observar a maior porosidade do quartzito quando comparado com a barita. Com
o objetivo em analisar a eficácia do método em mapear o contraste entre os materiais,
aquisições com georadar foram feitas de forma simultânea com duas antenas de fabricação
americana, da empresa GSSI: SIR-3000 e SIR-4000, que operam nas frequências 200 e 270
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 78

MHz, respectivamente. A técnica utilizada por essas antenas é a common offset.: (figura
5.2-b).
A aquisição de dados RC foi feita com o instrumento OhmMapper da empresa
Geometrics, os espaçamentos de cabos coaxiais utilizados foram de 2.5, 5 e 10 metros
(figura 5.2-c).
Por fim, as aquisições dos métodos elétricos de ER, IP-T e IP-F foram feitos com
o instrumento Syscal Pro de 10 canais da IRIS Instrument. A técnica de aquisição utili-
zada em todas as linhas é uma combinação de caminhamento elétrico e sondagem elétrica
vertical com o arranjo de eletrodos Dipolo-Dipolo. Os cabos utilizados apresentam espa-
çamento mínimo entre eletrodos de 5, 10 e 20 metros, todos construídos pelo Laboratório
de Geofísica Aplicada do IAG-USP (figura 5.2-d).
A tabela 5.1 informa quais métodos foram usados em cada perfil e os parâme-
tros utilizados, as cédulas vazias indicam que o método em questão não foi utilizado na
respectiva linha.

Figura 5.1 – A) Contextualização das unidades da geologia regional, que engloba as For-
mações Perau, Capiru e Metabasitos. B) Detalhe da geologia local: Formação Perau e
disposição das linhas geofísicas. C) Posição das linhas de aquisição de dados.
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 79

Tabela 5.1 – Métodos aplicados a cada perfil e parâmetros de aquisição: GPR e frequên-
cia da antena utilizada; RC e espaçamento dos cabos coaxiais); ER, IP-T e IP-F com
espaçamento mínimo entre eletrodos.
Perfil/Método GPR RC ER IP-T IP-F
P1 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 3m 3m
P2 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m
P3 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 10m 10m 10m
P4 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 5 e 10m 5m 5m
P5 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 3m 3m
P6 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 3, 5 e 10 m 10 m 10m
P7 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 3e5m
P8 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 3e5m 5m 5m
P9 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 3m 3m
P10 200 e 270 MHz 2.5, 5 e 10 m 10 m

Figura 5.2 – A) Bloco rolado de barita envolto por quartzito. b) Aquisição de GPR com
antenas de 200 e 270 MHz. c) Aquisição de Resistividade Capacitiva. d) Aquisição de
Eletrorresistividade.
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 80

5.1 Georadar (GPR)


Os dados de GPR foram filtrados e processados por meio do software Reflexw
10.0 (Sandmeier K. J., 1998). O fluxograma de tratamento e processamento de dado está
representado na figura 5.3.

Figura 5.3 – Fluxograma usado no tratamento e processamento de dados de GPR.

Ao importar o dado, a edição do dado é feita com os parâmetros de aquisição, como


tipo do dado (constant offset)), formato do arquivo e unidade de medida para o tempo
de percurso da onda. O ajuste do tempo zero é uma etapa em que a primeira chegada
da onda do radar é atrasada como forma de corrigir o real tempo zero. Isso ocorre pois o
instrumento inicia o registro do dado com atraso.
Os próximos passos em um processo de tratamento de dados básico são: filtragem
e ganho. A ordem desses dois processos pode variar, visto que o ajuste é feito até a
visibilidade do resultado for satisfatória. Os principais métodos de ganho e filtragem são
detalhados a seguir.

5.1.1 Ganho
A remoção do ganho de cabeçalho (Remove Header Gain) é aplicada para se obter
as amplitudes reais das anomalias. Aplica-se esta etapa quando a função ganho é usada
durante a aquisição com a finalidade em melhorar a visualização do resultado bruto em
tempo real.
O ganho temporal compensa a atenuação do dado em grandes profundidades em
um meio onde há perda de sinal significativo próximo à superfície. Sendo assim, a ampli-
tude da onda é aumentada com o tempo de propagação e profundidade. Os dois tipos do
ganho temporal é a função Automatic Gain Control (AGC) e o Energy Decay. O primeiro
equilibra a amplitude em cada traço independentemente. Como consequência desse tipo
de ganho, as altas amplitudes irão ser reduzidas e as baixas aumentadas.
O segundo tipo refere-se a um aumento exponencial do ganho em um aumento do
traço linear. Ou seja, a função ganho permite intensificar a amplitude por meio de uma
função 𝑔(𝑡) = (1 + 𝑎𝑡 )(𝑒𝑏*𝑡 ), sendo que 𝑎 refere=0se ao parâmetro linear (1/pulso) e 𝑏
exponencial (db/m).
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 81

O ganho Energy Decay é análogo ao AGC com a diferença em que um valor escalar
é fornecido e cada traço do dado será multiplicado por esse valor por esse valor.
A opção Manual gain (y) permite aplicar esses ganhos no eixo y de forma manual.
Deve-se atentar, porém, ao fato dessas ferramentas de ganho alterar a informação da
amplitude verdadeira. Logo, o ganho é usado principalmente para visualizar estruturas
como fraturas e acamamento, presentes em materiais atenuadores de sinas como argila ou
areia saturada.

5.1.2 Análise de Frequência e Filtragem


O processo de filtragem Dewow é aplicado visando atenuar o espectro de frequên-
cia baixo, referente a ruídos espúrios, provindos da superfície, que podem afetar os dados
devido a campo eletromagnético próximo ao equipamento. Esse processo é aplicado su-
perficialmente e muitas vezes junto a correção do tempo zero. Como a área de estudo é
bem isolada de interferências externas esse processo quase não fez diferença e nos perfis
procedentes, foi aplicado apenas a correção do tempo zero.
A filtragem de remoção de background pode ser usada para atenuar sinais de
ondas diretas aéreas/terrestre causadas por acoplamento eletromagnético da antena e
a superfície terrestre. (Almeida E. R., 2016). A remoção desse efeito é feita tanto nas
proximidades superficiais quanto na em profundidade.
A filtragem do dado em si começa por uma análise de frequência do sinal obtido. Os
filtros mais conhecidos são o seguintes: low pass, no qual altas frequências são removidas e
é usada para destacar estruturas planares como estratigrafia; high pass, em que as baixas
frequências são removidas, usadas para estudar refletores inclinados; e o filtro passa banda,
que corta frequências altas e baixas nos extremos de uma curva de distribuição gaussiana.
O filtro passa banda pode ser dividido em band pass frequency e bandpass butterworth. O
primeiro "recorta"o espectro e frequência tanto no eixo-y quanto no x, na forma parecida
a um trapézio e o segundo tipo corta nos extremos inferior e superior do eixo-x.

5.1.3 Análise de Velocidade-Migração


O processo de migração visa aperfeiçoar a geometria e posição espacial dos refle-
tores e ajuda a reduzir interferência da onda aérea. A migração causa a suavização e as
vezes até eliminação das hipérboles. Como explicado na seção de radarfácies, as hipérboles
são geradas quando a frente de onda EM atinge algum objeto pontual com contraste de
propriedade elétrica. Em casos da engenharia, o objeto de estudo são tubulações metálicas
que provocam a formação dessas hipérboles e nesse caso a migração não é tão necessária e
pode inclusive atrapalhar na interpretação. Na geologia, as hipérboles podem ser geradas
devido conglomerados, matacões e blocos de rochas em geral.
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 82

No contexto do depósito estudado aqui, a barita foi depositada junto com a ro-
cha quartzítica. O quartzito pode apresentar estrutura primária de deposição (𝑆0 ) bem
definida com o material de barita formado de forma lenticular e concordante ao 𝑆0 do
quartzito. Porém, na região também ocorre barita na forma de blocos residuais e em
veios. No caso dos blocos, hipérboles seriam gerados ao passo que nos veios, apareceriam
estruturas verticalizadas.
Portanto, a migração ajuda a identificar os diferentes tipos de material presente
na área. Nesta etapa, o eixo-y é convertido de tempo de percurso da onda EM para
profundidade. Sendo assim, a análise de velocidade foi feita com o objetivo em obter uma
estimativa média da constante dielétrica/velocidade do meio geológico.
A figura 5.4 ilustra como é feita essa análise. Ao encontrar uma hipérbole definida,
usa-se a ferramenta do software para ajustar a abertura e obter uma estimativa de velo-
cidade do meio. Essa estimativa pode variar de um perfil para o outro, visto que o meio
não é homogêneo, portanto a análise da velocidade é uma média. O método GPR não foi
usado para delimitar a profundidade do minério, logo, essa a velocidade pode ser obtida
como uma média e no caso da figura abaixo foi de 0.09 m/ns, que é equivalente a uma
constante dielétrica de 11.

Figura 5.4 – Perfil bruto sem processamento para ilustrar a identificação de hipérbole
usada na análise de velocidade.

Após feita a análise de velocidade, a migração foi executada com o método Kir-
chhoff. Após realizada esta etapa, a hipérbole de referência mudou a sua forma para
planar. Portanto, as interpretações dos dados serão feitas com base em cada etapa do tra-
tamento e processamento, visto que por exemplo, informações como amplitude da onda
pode ser invalidada com o processo de ganho e a presença de hipérboles, importante na
descrição de possível material disposto em forma de blocos de rochas, pode prejudicar a
identificação dessas feições.

5.2 Métodos Elétricos


Os métodos Elétricos ER e IP foram realizados com cabos de corrente (A e B) e
de potencial inseridos diretamente nos canais do equipamento (figura 5.7).
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 83

A aquisição de IP com os eletrodos porosos não estava prevista no projeto. Isso


ocorreu pois o principal objeto de interesse do proprietário da MPE é o material de
barita, que não apresenta resposta para IP. Além disso, a utilização de eletrodos porosos
aumentaria significativamente o tempo de aquisição. Como alternativa para caracterizar
o sulfeto metálico de Cu-Pb-Zn presente em aproximadamente 20 metros de profundidade
(Lasmar 2020), as medidas de resistividade foram feitas em dois períodos distintos:2 e 4
segundos. Posteriormente, os dados de IP-frequência (PFE e FM) foram calculados com
as equações 4.51 e 4.52, respectivamente. O dado de cargabilidade, mesmo que medido
com eletrodo metálico, também foi inserido no trabalho.

Figura 5.5 – Configuração dos materiais utilizados em campo.

Um dos procedimentos de importância previsto para o trabalho é o de filtragem


e modelagem. Pretende-se usar o software Prosys II da Iris Instrument para importar e
filtrar os dados, ao passo que para os modelos de inversão foi usado o software Res2Dinv
ver. 3.53. da GEOTOMO, como demonstrado no fluxograma da figura 5.6. Com a fina-
lidade em analisar a estatística dos dados e gerar as seções georreferenciadas no espaços
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 84

foi usado o programa de interpolação Oasis Montaj. Por fim os dados foram normalizados
para uma mesma escala para facilitar a interpretação.

Figura 5.6 – Fluxograma das etapas de processamento e modelagem dos dados.


.

5.2.1 Filtragem Prosys


Para obter bons resultados, e consequentemente uma boa interpretação é impor-
tante atentar-se aos erros nos dados. Os dois tipos de erros comuns em dados elétricos
são os erros sistemáticos e os aleatórios. O primeiro tipo é causado por erros durante
a aquisição tais como eletrodos desconectados, alta resistividade de contato, cabos rom-
pidos e eletrodos oxidados. Os erros aleatórios, por sua vez, são mais difíceis de serem
identificados, pois representam os erros causados por fontes externas tais como corrente
telúrica e acoplamento eletromagnético.
Os erros sistemáticos são corrigidos por meio do programa Prosys. O primeiro
parâmetro observado é a resistividade de contato. Valores maiores que 4 𝑘Ω foram des-
considerados por serem causadores de ruído, valores iguais a 999,99 𝑘Ω significam que o
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 85

circuito estava aberto. As curvas de resistividade são analisadas de forma semelhante às


da resistividade de contato, sendo que os valores que se comportam como spikes são ana-
lisados e em alguns casos considerados como ruído. Os valores de corrente (𝐼𝑛), potencial
(𝑉𝑎𝑏 ) e de resistividade iguais a zero são removidos por não apresentarem significado físico
e foram utilizados apenas os valores de resistividade absoluta (Absolute Rho Value).
Por último, as curvas de decaimento IP são observadas, assim como o desvio pa-
drão (dev) para cada ponto. A figura 5.7a-c demonstra os tipos de curva de decaimento
IP comuns de serem encontrados no banco de dado. Os dados com alto sinal/ruído foram
mantidos (figura 5.7-a), os com baixo sinal/ruído e com alto desvio padrão foram removi-
dos (figura 5.7-b ) e os sinais negativos também foram excluídos por causa da dificuldade
em discriminar os que representam ruído dos que apresentam significado físico.

Figura 5.7 – Curvas de decaimentos IP. A) Curva com decaimento satisfatório. B) Curva
com baixo sinal/ruido. C) Curva para cargabilidade negativa.
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 86

5.2.2 Inversão
5.2.2.1 Teoria

A inversão é um método matemático que busca criar um modelo da terra com res-
postas físicas similares com os valores medidos em campo. Parâmetros físicos são estimados
a partir dos dados observados e um modelo de subsuperfície é gerado, que proporciona
uma melhor interpretação e criação de modelos geológicos mais confiáveis. O programa
RES2DINV é utilizado para correlacionar as resposta do modelo com os valores de re-
sistividade em diversos pontos, separados por células, esse processo é feito por meio da
diferenças finitas ou elementos finitos. (Loke, 2004).
Os métodos de otimização é executado de forma que a diferença entre o modelo de
resposta e o dado observado seja o menor possível. Um exemplo comum é o método dos
mínimos quadrados (Loke, 1999), no qual um modelo inicial é modificado até que a soma
do quadrado dos erros da diferença entre o modelo de resposta e os dados observados
seja o menor possível. Esse erro é reduzido com a equação Gauss-Newton, que determina
a mudança nos parâmetros do modelo. Sendo assim, o método dos mínimos quadrados
desmoothness constrained apresenta modificação Marquardt-Levenberg (Lines & Treitel,
1984) na equação Gauss-Newton, e é definida como:

(𝐽 𝑇 𝐽 + 𝜆𝐹 )Δ𝑞𝑘 = 𝐽 𝑇 𝑔 − 𝜆𝐹 𝑞𝑘 (5.1)

onde 𝐹 = 𝛼𝑥 𝐹𝑥 𝐹𝑥 𝑇 + 𝛼𝑦 𝐹𝑦 𝐹𝑦 𝑇 + 𝛼𝑧 𝐹𝑧 𝐹𝑧 𝑇

• 𝐹𝑥 , 𝐹𝑦 𝑒𝐹𝑧 = Matrizes relacionadas ao filtro de achatamento nas direções x, y e z,


respectivamente.

• 𝛼= Pesos relativos para a suavização para direção indicada.

• 𝑞=Vetor com resistividades.

• 𝐽 =Matriz Jacobiana de derivadas parciais.

• 𝜆=Fator amortecimento (damping factor).

• 𝑔=Vetor de discrepância.

Esse método de inversão é usado quando a resistividade dos materiais em subsuperfície


varia de maneira gradativa. Porém, quando a geologia apresenta mudanças bruscas como
corpos verticais, a inversão robusta (blocky inversion) é indicada para realçar as bordas
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 87

(eq. 5.2). Logo, a inversão permite a criação de uma seção de resistividade e cargabilidades
mais verdadeiras.

(𝐽 𝑇 𝐽 + 𝜆𝐹𝑅 )Δ𝑞𝑘 = 𝐽 𝑇 𝑅𝑑 𝑔 − 𝜆𝐹𝑅 𝑞𝑘 (5.2)

Sendo 𝐹𝑅 = 𝛼𝑥 𝐶𝑥 𝑇 𝑅𝑚 𝐶𝑥 + 𝛼𝑦 𝐶𝑦 𝑇 𝑅𝑚 𝐶𝑦 + 𝛼𝑧 𝐶𝑧 𝑇 𝑅𝑚 𝐶𝑧 ; 𝑅𝑑 e 𝑅𝑚 são matrizes de


ponderação que são introduzidas de forma que diferentes elementos dos dados e do vetor
de rugosidade do modelo se ajustem até apresentarem pesos iguais no processo de inversão
(Loke, 2004).

5.2.2.2 Filtragem- Res2Dinv

A filtragem de erros sistemáticos também pode ser feita utilizando o programa


RES2DINV. A opção exterminate bad datum dispõem os valores de resistividade aparente
em forma de perfis para cada nível de profundidade. Os dados ruidosos aparecem como
forma de pico devido a mudança brusca no valor de resistividade aparente.
Outra forma de remover os dados ruins é utilizando a opção RMS error statistcs.
Essa opção é executada após a inversão e é ultiliza para dados onde os valores de resistivi-
dade aparente não podem ser facilmente visualizados em forma de pseudoseção ou perfis.
A figura 5.8 é um exemplo desse filtro, onde os valores a direita da barra verde foram
removidos. Essa opção exibe a distribuição da diferença de porcentagem entre os valores
de resistividade aparente observado e calculado em logaritimo. Logo, os valores ruins são
apresentados com grandes erros. Para este tipo de filtragem foram removidos os dados
com erro maior que 100%.

5.2.2.3 Parâmetros para inversão

A escolha do método de inversão e os parâmetros vão depender de fatores como:


geologia local, quantidade de dados, tempo de inversão desejado, contraste de resistividade
e intensidade de ruído nos dados. Sendo assim, alguns testes com diferentes parâmetros
de inversão são testados com o intuito de analisar a influência nos resultados.
• Tipo de inversão: Os dois tipos de inversão principais, explicados na seção
4.2.1, costumam ser testados. A inversão robusta proporcionou modelos com contatos
abruptos entre as anomalias, porém os resultados se mostraram constantes dentro da
anomalia. Além disso, a inversão suavizada (smoothness-constrained least-squares ) resulta
em anomalias mais sinuosas e a robusta em dados com contatos entre anomalias mais
retilíneos e verticais.
• Mesh Refinement: Esse parâmetro define se será utilizada uma malha normal
(normal mesh), fina (finer mesh) ou muito fina (finest mesh). A primeira é recomendada
para dados que o contraste de resistividade é menor que 50 para 1. A malha fina é utilizada
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 88

Figura 5.8 – Remoção de dados com erro maior que 100% utilizando a opção RMS error
statistics.

para contrastes de até 500 para 1 e a ultima para dados com contrastes maiores que 500
para 1.
• Vertical to horizontal flatness filter ratio: Essa opção pode ser utilizada
com o intuito de verticalizar ou horizontalizar as anomalias. Os maiores valores para
razão entre o filtro de achatamento vertical horizontal produzem feições mais verticais,
para modelos mais horizontais é utilizado valores baixos como 0,5. Quando o objetivo
de estudo é localizar as zonas mineralizadas, que apresentam feições mais verticais, é
utilizado valor igual a 2.
• Reduce effect of side blocks: Os blocos que estão posicionados nas laterais
e na base do modelo de diferenças finitas e elementos finitos apresentam grande efeito no
processo da inversão. Portanto, a opção Reduce effects of side blocks modifica tais blocos
para mesmo tamanho dos centrais. Para dados muito ruidosos essa opção pode acarretar
em valores incomuns de resistividade alta ou baixa nas extremidades da seção.
• Model refinement: Normalmente o modelo de blocos é gerado com tamanho
de célula igual ao espaçamento entre os eletrodos. Porém, em alguns casos como os de
locais com grande variação de resistividade próxima a superfície, o mais recomendado é
utilizar o tamanho de célula igual a metade do espaçamento.
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 89

• Thickness of the first layer: É recomendado que a espessura para a primeira


camada de blocos para os arranjos polo-polo, dipolo-dipolo e polo-dipolo seja igual a 0,9;
0,3 e 0,6 vezes o espaçamento dos eletrodos respectivamente.
• Jacobian Matrix calculation: Essa opção permite escolher o tipo de cálculo
da matriz jacobiana. O método quase-Newton é o mais rápido e simples. Quando o com-
putador utilizado não apresentou limitações relacionadas a memória, a matriz Jacobiana
é recalculada para todas as interações.
• Type of optimization method: Essa opção está relacionada com a solução de
equações do mínimo quadrado para gerar um modelo. Em casos que não são modelados
muitos dados e não há limitação referente ao computador, o método Gauss-Newton ou
método completo é o executado.
• Logarithm of apparent resistivity: O cálculo da inversão pode ser apresen-
tado em valores do logaritmo da resistividade ou o valor de resistividade direto. Porém,
muitas vezes o modelo fica muito ruidoso quando os valores de resistividade direto é
utilizado, sendo assim, o logaritmo da resistividade costuma ser utilizado.

5.3 Otimização de Cava


O programa utilizado para a cava otimizada e operacional é o Micromine Origin
& Beyond, versão 2022 (22.0.508.3). A licença de uso foi fornecida pela faculdade de
engenharia de minas da escola Politécnica da USP.
Os dados de Eletrorresistividade permitiram criar o modelo geológico. Os dez
perfis foram julgados e cinco apresentaram resultados que indicaram tamanho de minério
satisfatório (p1, p4, p5, p6 e p7). O modelo 3D foi criado por meio da função wireframe. Em
cada perfil foi delimitado as partes que representam o minério (Resistividade maior que
15000 ohm.m). Posteriormente, elas foram interligadas como malha triangulada, formando
um corpo sólido fechado.
O modelo de bloco foi gerado primeiramente para o minério. Outro modelo foi
gerado para todo material abaixo da topografia referente ao material estéril. Na tabela de
cada modelo, uma coluna foi criada o valor 1 foi atribuído a todos os blocos do minério ao
passo que o valor 0 aos estéreis. Esses dois blocos foram combinados em um único bloco.
O tamanho definido para os blocos e sub-blocos foi de 1mEx1mNx1mRL.
O trabalho proposto por Martins (2023) foi feito com base nos perfis geoelétricos
adquiridos nesse trabalho. O autor adquiriu dados de engenharia de minas como os custos
e parâmetros geotécnicos da cava. Esses dados serão aproveitados. A função beneficio do
Capítulo 5. AQUISIÇÃO, PROCESSAMENTO E MODELAGEM 90

modelo de cava é dada pela equação (5.3):

𝑡𝑜𝑛
𝑓 (𝑏) = 𝑔 · 𝑟 · (𝑝 − 𝑐𝑟 ) − (𝑐𝑙 + 𝑐𝑝 + 𝐺𝐴) (5.3)
𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜
onde 𝑔 é o teor do minério, que no caso é 100%; 𝑟 a recuperação do metal dada pela
diferença entre flotação e lixiviação; 𝑝 o preço de venda do minério beneficiado; 𝐶𝑟 o custo
de refino; 𝐶𝑙 custo de lavra como perfuração e desmonte; 𝐶𝑝 custo do processamento como
moinho e britagem; por fim G&A custos gerais com funcionário e contas para manter a
mineradora ativa.
Os parâmetros e seus respectivos valores estão representados na tabela 5.2. Esses
dados foram confirmados com o proprietário da mineradora Patrimônio afim de confirmar
se houve alteração. O único parâmetro que houve alteração foi o valor de venda do minério,
com aumento de 20%.

Tabela 5.2 – Parâmetros e custos de exploração usados na otimização de cava da minera-


dora Patrimônio(adaptado de Martins 2023)
Parâmetros Valores
Diluição 2%
Recuperação 98%
Densidade (Minério) 4.2 t/m3
Densidade (Estéril) 2.7 t/m3
Custo de Lavra (minério) 20 US$/t
Custo de Lavra (estéril) 18 US$/t
Custo do processo 10 US$/t
Custo geral e administrativo 5 US$/t
Recuperação 98%
Preço de Venda 360 US$/t

Por fim, os parâmetros operacionais da cava foi delimitada por Martins (2023),
representado na tabela 5.3. Esses parâmetros foram definidos por meio de estudos geo-
técnicos e estruturais do material. Os valores foram inferidos de maneira que viabilize o
acesso do topo a base do minério sem que ocorra deslizamento de material e colapso da
cava.
Tabela 5.3 – Parâmetros operacionais da cava proposta para a mineradora Patrimônio
(adaptado de Martins 2023)
Parâmetros Valores
Altura da bancada 3m
Ângulo de talude da bancada 81∘
Largura de berma 2m
Largura da rampa 5m
Radio de giro 9m
Gradiente da rampa 10%
Ângulo geral da cava 50∘
91

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados de GPR, Resistividade Capacitiva (RC), Eletrorresistividade (ER)


e Polarização Induzida (Dominio do tempo e da frequência) foram usados para auxiliar
na caracterização dos materiais presentes na região como estruturas geológicas, barita e
sulfetos.
O parâmetro para identificar os locais com maior probabilidade em encontrar ba-
rita foi o trabalho de Lasmar (2020), onde a autora conclui que na área de interesse,
o minério com pureza satisfatória apresenta valores de resistividade maiores que 15000
ohm.m. Os métodos GPR e RC foram usados como forma de reconhecimento da área.
Ambos são mais rápidos e versáteis e fornecem detalhes da superfície em baixas profundi-
dades. Ambos foram usados para mapear o topo dos corpos de barita e decidir os melhores
lugares para adquirir dados de eletrorresistividade e IP.
Com o Georadar foi possível observar fácies de reflexão distintas e variação lateral
nítida. Para cada perfil, primeiramente, foram descritos os padrões de fácies de reflexões.
Posteriormente, os resultados foram comparados e detalhados com o RC, principalmente
nos locais onde a ocorrência de baria são mais previveis (>15000 ohm.m). Os resultados
de ER foram usados para detalhar os materiais em profundidade e delimitar o corpo de
barita por inteiro.
Como já discutido na Geologia e Revisão Bibliográfica da região, o depósito SE-
DEX da região do Vale do Ribeira é caracterizado por ser polimetálico, com ocorrência
de Cu-Pb-Zn. Portanto, os métodos de IP foram justificados na descrição desse material.
Pequenas concentrações de sulfetos como pirita e argilominerais podem promover anoma-
lias de cargabilidade, portanto o IP-F foi usado para detalhar as concentrações e natureza
das diferentes fontes de anomalias para cargabilidade. Visto que o IP-T foi usado com
eletrodos metálicos, que deixa os dados mais suscetíveis a ruído provindo de polarização
de eletrodo, o IP-F foi recorrido para reduzir a ambiguidade na interpretação.
Embora tenham sido realizadas aquisições de GPR com antenas de 200 e 270 MHz,
foram inseridas nesse capitulo apenas resultados da antena julgada mais adequada na
interpretação. Os dados migrados foram uteis na eliminação de hipérboles e delimitação
de material rochoso e estruturas pequenas. Porém, a partir do dado não migrado foi
possível observar com mais efetividade a heterogeneidade do material rochoso, onde há
quartzito e barita. Portanto, o dado migrado foi inserido apenas em alguns perfis.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 92

6.1 Perfil 1
O resultado da antena de 200 MHz ao longo do perfil 1 obteve investigações de
até aproximadamente 5 metros de profundidade (6.1-a), ao passo que para antena de 270
MHz, a investigação atingiu 3 metros. Como esta segunda antena não forneceu detalhe
suficiente para auxiliar na interpretação, apenas o resultado da primeira foi inserido.
Foram delimitadas 5 radarfácies marcadas no resultado da antena de 200 MHz
(6.1-b). Os locais de cada radarfácie estão indicados na figura 6.1 como retângulo e na
ordem crescente da esquerda para direita. A primeira (R1) corresponde a uma estrati-
grafia inclinada, porém quase horizontal e bem superficial, correspondente ao solo bem
compacto. A radarfácie R2 é caracterizada por um padrão caótico, amplitude média e
hipérboles fechadas, que foram planificadas após o processo de migração (figura 6.2), essa
radarfácie pode corresponder ao solo com presença de fragmentos de rochas centimétricos.
Em R3 é possível observar descontinuidade vertical que separa um material caótico com
padrão plano de um material com feição vertical. A R4, corresponde a locais com ampli-
tude baixa e fronteiras com lineações inclinadas, que pode ser zonas de falhas ou contato
com um material bem inconsolidado. Por fim, R5 corresponde a um padrão caótico com
hipérbole fechadas e amplitude alta.
A migração reduziu o número de hipérboles e ajudou a notar continuidade nas
camadas e da delimitar as zonas de descotinuidades marcadas por R3. Na figura 6.2 é
possível observar a seção e uma aproximação em duas regiões: R’1 e R’2. Na primeira
região nota-se a descontinuidade vertical e o contato entre dois materiais observados
antes em R3. Em R’2 há uma região verticalmente descontinua separando dois materiais
parecidos: padrão caótico e amplitude forte. Por fim, o tempo de percurso da onda foi
convertida em profundidade.
A figura 6.3-a demonstra o perfil de GPR e 6.3-b o de resistividade capacitiva.
Foram destacadas nesses dois perfis as regiões chamadas de P3, P5 e P6. Em P3, a
amplitude do sinal de GPR foi baixa e coincidiu com um trecho vertical e de baixa
resistividade (<1000 ohm.m), P5 e P6 delimita a borda de um extenso material com alta
resistividade (>15000 ohm.m), o dado de GPR nessa região apresentou padrão caótico com
certa heterogeneidade, sendo na parte oeste houve indicios de várias hipérboles, amplitude
média e descontinuidades marcadas por atenuação do sinal, a parte oeste coincide com a
radarfácie R3, onde a amplitude é alta.
A figura 6.3-c representa o resultado para ER com espaçamento mínimo entre
eletrodos de 3 metros, o resultado se mostrou bem parecido com de RC. A profundidade
atingida foi de aproximadamente 10 metros, onde é possível observar três pequenos corpos
de anomalias caracteristica da barita em P1, P2 e P4, sendo que o quarto corpo entre P5
e P6 apresenta a maior dimensão de aproximadamente 48 metros.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 93

Figura 6.1 – Perfil 1 de GPR: a) Antena de 200 MHz e as delimitações das radarfácies
observadas b) Radarfácies R1, R2, R3, R4 e R5, na ordem da esquerda para direita

Figura 6.2 – Resultado da antena de 200 MHz após migração ao longo do perfil 1.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 94

A região P2, 6.3-d ,marcada por atenuação do dado de Georadar e baixa resis-
tividade, apresentou cargabilidade anômala maior que 16,6 mV/V, porém menores que
21 mV/V, além de ter uma dimensão pequena. Devido a posição dessa anomalia, dimen-
são e magnitude não muita alta, acredita-se que a mesma possa ser uma zona fraturada
preenchida por água, essa saturação e presença de argilominerais dissolvidos, assim como
pequenas quantidades de pirita podem gerar anomalias desta natureza.

Figura 6.3 – Resultados perfil P1: a) Perfil GPR com antena de 200 MHz. b) Modelo de
inversão para Resistividade Capacitiva c) Modelo de inversão de ER com espaçamento
mínimo entre eletrodos de 3 m. d) Modelo de inversão para Cargabilidade.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 95

6.2 Perfil 2
O resultado com antena de 270 MHz não forneceu informação adicional, por isso
foi incluída apenas o de 200 MHz (figura 6.4-a). A primeira radarfácie é semelhante a R1
do perfil 1 e representa uma camada de solo ou saprolito plana (6.4-b). A R2 corresponde
ao sinal com amplitude baixa, em R3 há hipérboles em meio a amplitudes médias tipico de
blocos de rochas em um solo pouco consolidado ou material verticalizado. Em R4 é possível
observar uma zona de contato nítida entre um material com sinal de baixa amplitude e
um outro com alta amplitude. Além disso, em R4 é possível observar reflexões da onda ao
entrar em contato com o segundo material, mais consolidado e resistivo, esse material se
dispõe de forma verticalizada porém com continuidade lateral, demonstrando uma certa
heterogeneidade.
A figura 6.4-c ilustra o resultado migrado, com as delimitações dos sinais caóticos
e de baixa amplitude, com a redução de concentração de hipérboles. Por meio do resul-
tado migrado é observado estruturas que são mais difíceis de serem observadas no dado
sem migração. No primeiro recorte da seção, há reflexões tipicas de estruturas como par
conjugado em fraturas. Por outro lado, na segunda feição observada, o corpo verticalizado
é de certa forma esticado lateralmente e é mais dificil de ser observado o caráter vertical,
embora a continuação lateral seja mais evidente.
A comparação entre os resultados de GPR e RC está demonstrada na figura 6.5.
A aquisição desta linha foi feita sobre pequenos corpos de barita aflorantes. Com o perfil
de GPR foi possível observar variação lateral (6.5-a). Essa variação é marcada por uma
região caótica com algumas hipérboles e amplitude de sinal forte e outra por áreas onde
há atenuação do sinal como em P1, onde provavelmente há material saturado.
Na figura 6.5-b é possível observar que a área caótica do resultado de GPR coincide
com um material mais resistivo. Os pontos P2 e P3 apresentam resistividade maior que
18000 ohm.m, tipico de barita e no perfil de GPR esses corpos resistivos se apresentaram
como hipérboles fechadas, com amplitude forte e com reflexões no topo desses materiais.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 96

Figura 6.4 – Perfil 2 de GPR: a) Antena de 200 MHz e as delimitações das radarfácies
observadas na ordem da esquerda para direita: b) Radarfácies R1, R2, R3, R4. c) Perfil
Migrado e duas áreas com aproximação para detalhe.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 97

Figura 6.5 – Resultados perfil P2: a) Perfil GPR com antena de 200 MHz. b) Modelo de
inversão para Resistividade Capacitiva.

6.3 Perfil 3
No perfil 3, para a antena de 200 MHz poucas radarfácies foram observadas (figura
6.6-a). A radarfácie encontrada é plana e com amplitude média (figura 6.6-b). Além disso
foi possível observar duas hipérboles uma em cima e outra embaixo da camada. A figura
6.6-c ilustra a seção migrada e recortada no trecho que é observado as camadas plano
paralelas. Nesse perfil não foi observado alguma região caótica tipica das observadas em
outros perfis que apresentaram valores de resistividade característica da barita.
A figura 6.7-b corroborou a observação de aparentemente não haver barita rasa
ao longo desta linha e a figura 6.7-c em profundidade. No ponto P1 é possível observar
uma área com atenuação de sinal de Georadar e resistivdade baixa (<500 ohm.m) em
ume estrutura vertical. Em P2 há hipérboles que sugere a presença de blocos e radarfácie
plano paralelo com resistividade aproximadamente 1500 ohm.m, interpretado como um
solo ou saprolito bem compacto.
O perfil 3 foi feito abaixo do perfil 4 e com espaçamento mínimo entre eletrodos
de 10 metros. Na figura 6.10 é possível observar um afloramento composto basicamente
por saprólito e solo disposto abaixo da linha 4, a base desse afloramento corresponde
a superfície onde foi realizada a aquisição do perfil 3. Os resultados de IP apresentaram
valores máximos de 14,4 mV/V para cargabilidade (6.8-a), 1,20 para PFE (6.8-b) e valores
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 98

acima a 4,20 para FM (6.8-c), sendo esse último o único considerado alto. Entre 70 e 80
metros do perfil de ER e IP foram observadas estruturas de greta de contração, o que
sugere que o baixo valor de resistividade nesse trecho e o alto FM seja devido a presença
de material saturado, assim como dissociação de argilominerais causado pela percolação
de água.

Figura 6.6 – a) Seção de GPR de P3 com antena de 200 MHz e delimitação de cada
radarfácie. b) Radarfácies observadas. c) Resultado após processo de migração e recorte
de duas regiões.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 99

Figura 6.7 – Resultados do perfil P3: a) Perfil GPR com antena de 200 MHz. b) Modelo
de inversão para RC. c) Modelo de inversão para ER.

Figura 6.8 – Resultados de IP para P3: a) Cargabilidade. b) PFE. c) Fator Metal.


Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 100

6.4 Perfil 4
A figura 6.9-a ilustra a seção do resultado gerado a partir de aquisição com antena
de 200 MHz e as delimitações das radarfácies observadas. Nessa seção é observado três
padrões R1, R2 e R3 (figura 6.9-b). A primeira apresenta forma sigmoidal, a segunda é
uma feição inclinada e a terceira representa reflexões paralelas levemente inclinadas em
meio a uma região com padrão caótico.
Com a antena de 270 MHz foi possível adquirir resultados com mais detalhes 6.9-c.
A primeira aproximação observada na figura indica a área R1 e R2, nessa imagem é nítido
que a feição sigmoidal é continua e logo abaixo há uma hipérboles que indica uma feição
verticalizada, a reflexão inclinada em R2 sugere que tenha sido causado por esse corpo
vertical. A segunda região de corte refere-se a R3, com esta antena é possível observar com
mais nitidez descontinuidades dentro da região caótica. Por fim, a figura 6.9-d representa
o resultado da antena de 200 MHz migrado.
A figura 6.10 corresponde a comparação entre os resultados com b) representado
pelo resultado de RC, c) corresponde ao resultado de ER com espaçamento mínimo entre
eletrodos de 5 metros, d) a ER com espaçamento de 20 metros e e) ao afloramento presente
abaixo do ponto P2.
O resultado de GPR neste perfil é marcado por alta densidade de radarfácies
caóticas fácies com sinal atenuado. Ao comparar com o dado de RC, nem todo local caótico
correspondeu a uma região promissora para exploração de barita, porém as regiões com
resistividade caraterística ao material apresentaram de maneira geral padrão caótico. Na
figura 6.10-c foi interpretado duas feições de barita, uma em P2 e outra principal em P4.
Próximo a 40 metros de distância foi identificado o topo de um material condutivo (<600
ohm.m).
O perfil de ER com espaçamento de 20 metros foi feito para análise da parte
condutiva. O topo deste material se encontra a 20 metros de profundidade e se estende
até 40 metros (figura 6.10-d). A figura 6.10-e registra o afloramento logo abaixo do ponto
P2. Os dados da linha 4 foram adquiridos logo acima da linha 3, como observado no tópico
anterior, em P3 não foi encontrado material de barita o que corroborar o fato deste se
alocar apenas em profundidades rasas. Além disso, no perfil 3 foi observado estruturas
de greta de contração, o que sugere percolação de água; portanto, a baixa resistividade
observada na figura 6.10-d foi interpretada como uma região saturada em água.
Os dados de IP foram adquiridos com espaçamento de 5 metros. O resultado
de cargabilidade não apresentou valores maiores que 20 mV/v e anomalia foi observada
na posição P2 (figura 6.11-a). Nesse mesmo ponto, a porcentagem de frequência efetiva
máxima foi de até 1,20% (figura 6.11-b) e o Fator Metal foi de 2,40 FM (figura 6.11-c).
Como foi identificado pirita milimétrica em quantidades não muito altas em uma mistura
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 101

de solo e saprolito no afloramento da figura 6.10-3, esses valores de IP foram atribuidos a


essa ocorrência mineral.

Figura 6.9 – a) Seção de GPR ao longo do perfil 4, gerado com antena de 200 MHz e
as regiões de detalhe delimitadas por retângulos. b) Radarfácies detalhadas em R1, R2,
e R3. c) Seção gerada com GPR de 270 MHz e duas regiões de detalhe. d) Resultado
migrado gerado por meio de antena de 270 MHz.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 102

Figura 6.10 – Resultados do perfil 4: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c) ER com
espaçamento de 2,5 m; d) ER com espaçamento de 20 m e) afloramento presente abaixo
do ponto P2 e as posições das linhas 3 e 4.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 103

Figura 6.11 – Resultados de IP para o perfil 4: a) Cargabilidade em mV/V; b) Percentual


de Frequência Efetiva em % e c) Fator Metal.

6.5 Perfil 5
A figura 6.12-a ilustra a seção para antena de 200 MHz. Nesse resultado é possível
observar delimitações de diferentes materiais, foram destacados três regiões R1, R2 e R3.
Essas áreas foram aproximadas em 6.12-b. Em R1 há radarfácie caótica com hipérboles
suaves e amplitude acentuada. R2 também apresenta padrão caótico com lineamento
inclinado e conjunto de hipérboles empilhadas que caracteriza uma feição vertical. R3 é
bem similar a R2, porém há lineamentos mais planares. Por fim, a seção foi migrada e em
6.12-c observa-se as regiões descritas mais planares e continuas, sendo possível observar
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 104

uma continuidade entre os materiais e as descontinuidades que cortam o material.

Figura 6.12 – a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 5 e as regiões
de detalhe delimitadas por retângulos. b) Radarfácies detalhadas em R1, R2, e R3. c)
Resultado gerado após migração

A figura 6.12 representa uma comparação entre os métodos utilizados neste trecho.
O perfil de GPR (6.12-a) não migrado foi alinhado com os métodos elétricos. Em 6.12-
b observa-se o perfil de RC, com profundidade de investigação de aproximadamente 4
metros, o resultado apresenta resistividade anômala (>18000 ohm.m) entre P1 e P2. No
perfil de GPR, essa região é caracterizada por padrão caótico, com uma série de reflexões,
e hipérboles nas bordas.
O perfil de ER (figura 6.12-c), foi feito com espaçamento mínimo entre eletrodos
de 3 metros, que permitiu profundidade de investigação de aproximadamente 10 metros.
Com esse método foi possível observar em profundidade a parte do perfil de RC onde há
resistividade maior que 18000 ohm.m. Esse corpo resistivo apresenta topo em aproxima-
damente 2 metros de profundidade, entre 48 e 69 metros de distância x. A profundidade
desse material atinge a profundidade máxima do perfil e por isso não foi possível observar
a sua espessura total.
Ao lado esquerdo de P1 nota-se uma material condutivo com resistividade menor
que 800 ohm.m. No perfil de cargabilidade (6.12-d) houve anomalia de 22.8 mV/V que
intercepta a região condutiva. Sugere-se que esse material seja representado por uma re-
gião saturada em água e sedimento fino, que pode ter gerado polarização de membrana
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 105

ou presença de sulfetos. Esse ponto poderia corresponder a uma camada rica em minera-
lizações polimetálicas, para ajudar esse tipo de interpretação seria necessária a utilização
de espaçamento entre eletrodos maior para atingir maiores profundidades e observar se
esse corpo apresenta continuidade lateral.

Figura 6.13 – Resultados do perfil 6: a) GPR com antena de 200 MHz. b) RC. c) ER com
espaçamento mínimo entre eletrodos de 3 metros. d) Cargabilidade com espaçamento de
3 metros.

6.6 Perfil 6
Os resultados gerados a partir da antena de 270 MHz ficaram com mais detalhe em
baixas profundidades (figura 6.14-a). A região R1 apresentou contato inclinado entre uma
região caótica com amplitude média e uma outra com baixa amplitude. R2 é marcado por
feição plano paralela levemente concâva e R3 por feição sigmoidal (figura 6.14-b).
O resultado gerado com antena de 200 MHz ficou ruidoso porém é possível observar
com mais detalhe feições mais profundas que as da seção anterior (figura 6.14-c). As feições
R’1, R’2 e R’3 aparecem bem mais nítidas nessa seção (figura 6.14). R’1 é representado
por descontinuidade vertical que corta uma região caótica com camadas concavas. R’2 é
destacada por um material alocado verticalmente. R’3 demarca uma região com contato
horizontal, com o inferior caracterizado por um padrão vertical e logo ao lado um outro
com feições inclinadas em forma de sigmoides.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 106

Figura 6.14 – a) Seção de GPR gerado com antena de 270 MHz no perfil 6 e as regiões de
detalhe delimitadas por retângulos. b) Radarfácies detalhadas em R1, R2, e R3. c) Seção
de GPR gerado com antena de 200 MHz e delimitação das regiões detalhadas em R’1 R’2
e R’3 d) Radarfácies detalhadas com antena de 200 MHz

Para o perfil 6 foram realizadas comparações entre os perfis de GPR com antena
de 200 MHz (Figura 6.15-a), resistividade capacitiva (Figura 6.15-b), eletrorresistividade
com espaçamento de eletrodo igual a 3 metros (Figura 6.15-c), 5 metros (Figura 6.15-d)
e 10 metros (figura6.15-e).
O dado de GPR permitiu, novamente, delimitar a região com mais presença de
sedimentos inconsolidado e a região rochosa, assim como a variação lateral da região
(figura 6.15-a).
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 107

No perfil de RC (6.15-b), há duas anomalias de resistividade alta ao lado de P3, que


poderiam ser corpos distintos. Com o aumento da profundidade de investigação é possível
observar o topo de um corpo condutivo em P1, assim como dois corpos com resistividade
acima de 15000 ohm.m adjacente a este ponto. O primeiro, localizado a esquerda em 72
metros de distância x, foi considerado muito pequeno para ser explorado, ao passo que
o segundo está posicionado em P2 (6.15-c). Um terceiro provável material de barita está
posicionado em P3 e um quarto e de maior dimensão em P4. Com o método ER com
espaçamento de 5 metros (figura 6.15-d) foi detectado a barita presente em P2 e em P4,
ao passo que a posicionada em P3 não foi detectada.
Para o resultado de ER com espaçamento de 10 metros (figura 6.15-e) não foi
possível identificar os corpos de barita pois a resolução é menor e não permite identificar
alvos pequenos, embora esse dado permitiu atingir profundidades maiores, e consequente-
mente mapear materiais mais profundos que não foram nos outros métodos. Portanto, o
espaçamento entre eletrodos de metros foi o mais apropriado para identificar o maior nú-
mero de feições contendo barita. O GPR auxiliou no estudo da variação lateral, RC foi um
método usado para reconhecimento de área, embora tenha atingido baixa profundidade,
que impede o detalhe dos corpos de barita. O espaçamento mínimo entre eletrodos de 10
metros foi julgado o melhor para estudar a camada condutiva, ela apresentou continuidade
lateral.
Os dados de IP foram adquiridos como forma de diminuir a ambiguidade na in-
terpretação do material condutivo e aferir se o mesmo poderia apresentar sulfetos disse-
minados. Visto que a região é caracterizada por apresentar camadas polimetálicas de Pb,
Cu e Zn, nestas camadas, o IP se comportaria como anômalo. O fato de elas estarem em
profundidades maiores que 20 metros, torna-as mais difíceis de serem identificadas às de
barita.
Dados no domínio da frequência foram adquiridos com o objetivo em reduzir am-
biguidades da polarização de eletrodos e para se obter mais assinaturas relacionadas a
mineralização disseminada. Na camada condutiva, foi possível observar cargabilidades
maiores que 16,6 mV/V (figura 6.16-a). O resultado para PFE foi de valores que ultra-
passam 1,4% (figura 6.16-b), ao passo que para o Fator Metal os valores foram maiores
que 4,5 (figura 6.16-c). Os locais de anomalias IP coincidiram com a camada condutiva.
Esses valores indicam que pode haver presença de metais disseminados ou simplesmente
um material saturado em água e sedimentos finos ricos em minerais argilosos e sulfetos.
Se fosse confirmado que a interpretação verdadeira é a primeira, isto corroboraria que
nessa profundidade há uma rocha do tipo anfibolito ou calciosiliciclastica rica em sulfetos
de Zn, Pb e Cu.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 108

Figura 6.15 – a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c) ER com espaçamento de 3
metros; d) ER com espaçamento de 5 metros e e) ER com espaçamento de 10 metros.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 109

Figura 6.16 – Resultados de IP para o perfil 6: a) Cargabilidade; b) Percentual de Frequên-


cia Efetiva e c) Fator Metal.

6.7 Perfil 7
A seção do perfil 7 é marcado por uma região de baixa e média magnitude em até
aproximadamente 70 metros de distância e outra por alta magnitude de reflexões caóticas
no final do perfil (figura 6.17-a). Na figura 6.17-b é possível observar um detalhamento da
região R1 e R2. A primeira está próximo ao inicio do aparecimento da região caótica e há
reflexões características de borda de corpo resistivo e consolidado, além disso é possível
observar lineamento paralelo levemente inclinado, que ocorre até aproximadamente 3,5
metros. Em R2 há uma continuação lateral do padrão de R1 com lineamentos paralelos
levemente inclinados, algumas hipérboles imersas na região caótica e contato bem definido.
A seção 6.17-c corresponde ao resultado final após migração. A região de recorte
mostra a delimitação de uma região caótica com continuidade lateral. Entre 80 e 90 metros
abaixo de 4 metros de profundidade há um padrão menos caótico e plano-paralelo.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 110

Figura 6.17 – a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 7 e as regiões
R1 e R2 na ordem da esquerda para direita, delimitadas por retângulos. b) Radarfá-
cies detalhadas de R1 e R2. c) Perfil migrado e marcação de contato entre duas fácies
diferentes.

Foram feitas comparações entre os dados de GPR com antena 200 MHz (Figura
6.18-a), RC (Figura 6.18-b), ER com espaçamento minimo entre eletrodos igual a 3 metros
(Figura 6.18-c) e 5 metros (Figura 6.18-d).
Em P1 foi calculado um zona resistiva ( 15000 ohm.m) e de P2 até o final do perfil
uma mais resitiva (>18000 ohm.m) que assim como nos outros perfis foi interpretada
como o local mais provável em encontrar material contendo barita com pureza satisfatória.
No resultado de resistividade capacitiva foi possível observar apenas uma pequena parte
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 111

do topo da rocha resistiva presente em P3. No resultado de ER com espaçamento de


3 metros, neste ponto há uma região que parece indicar descontinuidade lateral como
rocha fraturada. Ao passo que na seção referente ao espaçamento de 5 metros , a rocha
não parece está fraturada, essa diferença ocorre devido ao fato do primeiro espaçamento
detalhar mais as estruturas. Ainda nesta mesma região P3, o dado de GPR registrou
regiões anômalas com padrão caótico, hipérboles, e reflexões tipicas em bordas de rochas
com maior grau de metamorfismo como o quartzito e material contendo barita. Além
disso, também é possível observar as regiões com material inconsolidado, mais friável e
hidratado, marcadas por atenuação de sinal.
O dado de ER com espaçamento de 5 metros, mapeou o corpo em profundidade
e delimitou o limite desta rocha, com o topo em aproximadamente 2,5 metros e a base
em 10 metros de profundidade, ou seja, um bloco de 7,5 metros de espessura. Esse último
fato pode ser um indício que corrobora que a maior parte da barita da região se aloca em
camadas de quartzito em forma de lentes ou preenchidas em fraturas. Sendo assim, ER
com menor espaçamento detalha a variação lateral ao passo o detalhe da variação vertical
é dado com o maior espaçamento. O GPR auxiliou no detalhamento da borda do material
mais metamorfizado (quartzito/xisto/barita). O material com resistividade entre 2000 e
5000 ohm.m foi interpretado sendo correspondente a material inconsolidado ou xisto e foi
agrupado na mesma classe por ser difícil de separa-los e por não apresentar importância
em termos práticos na exploração do material de interesse. Porém, a delimitação desses
materiais pode ser observada no dado de GPR, visto que o material não consolidado
irá apresentar maior atenuação no sinal e o xisto, assim como o quartzito e barita irão
apresentar um padrão mais caótico, como pode ser observado em P2 e P3.
A figura (6.19) refere-se aos resultados IP. No ponto IP há uma anomalia de
20,4 mV/V para a cargabilidade, ao passo que para IP-F os valores foram baixos de
aproximadamente 1,40% para o PFE e valores menores que 3 para FM. Esses valores
foram bem parecidos com os resultados de IP do perfil 4 (figura 6.11), onde foi observado
um material de saprólito com presença de piritas milimétricas.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 112

Figura 6.18 – Resultados para o perfil 7: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; ER
com espaçamento de 3 metros; c) ER com espaçamento de 5 metros.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 113

Figura 6.19 – Resultados de IP para o perfil 7: a) Cargabilidade; b) PFE e c) Fator Metal

6.8 Perfil 8
O resultado para o perfil 8 apresenta algumas regiões levemente caóticas e predo-
minantemente plano paralelas ou levemente inclinadas (figura 6.20-a). Esse padrão pode
ser observado nas radarfácies R1 e R2. Na primeira é observado um lineamento inclinado
com pequenas hipérboles espaçadas de forma caótica em meio a um meio de amplitude
média. A R2, por sua vez, apresenta padrão com amplitude mais alta, levemente caó-
tica e com lineação curva. Por fim, o resultado migrado demonstra que de fato há uma
continuidade lateral nas reflexões e poucas variações bruscas.
As comparações entre os resultados foram feitas com GPR de antena 200 MHz
(figura 6.21-a), RC (figura 6.21-b), ER com espaçamentos: 3 m (figura 6.21-c) e 5 m
(figura 6.21-d); cargabilidade (figura 6.21-e), PFE (figura 6.21-f) e FM (figura 6.21-g).
Com o GPR foi possível observar que não há uma região tipica de locais pro-
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 114

missores a exploração de barita, encontrada em outros perfis, como por exemplo áreas
extremamente caótica com hipérboles e padrões de reflexão em bordas de corpos rocho-
sos. As fácies R1 e R2 seria o mais próximo disto, porém ambas correspondem a uma
pequena área não muito expressiva. O resultado com RC confirmou a não presença do
topo de alguma corpo de barita. Como ambos os métodos são rasos, foi usado ER com
espaçamento de 5m com o intuito em confirmar a não presença de barita em profundidade.
Esses resultados confirmaram que de fato é difícil encontrar barita com expressões econô-
micas em profundidades altas e que os métodos GPR e RC usados conjuntamente, são
confiáveis em determinar as linhas que compensam fazer aquisições de ER para detalhe
em profundidade.
Os dados de IP foram utilizados para analisar a possibilidade de ocorrência de uma
camada rica em sulfetos. O ponto P1 é marcado por uma cargabilidade intermediária de
16,6 mV/V (figura 6.21), PFE abaixo de 1,10% e FM menor que 1,20. Novamente, esse
padrão apareceum, o que sugere uma área com presença de pirita em baixa concentração
e não uma camada de anfibólio rico em sulfetos de Cu-Pb-Zn.

Figura 6.20 – a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 8 e as regiões
R1 e R2 delimitadas por retângulos, na ordem da esquerda para direita. b) Radarfácies
detalhadas em R1 e R2. c) Perfil 8 de GPR migrado
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 115

Figura 6.21 – Resultados para o perfil 8: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c) ER
com espaçamento de 3 m. d) ER com espaçamento de 5 m e mesma escala de cor para
RC e ER de 3m; e) Cargabilidade; f) PFE e g)Fator Metal

6.9 Perfil 9
A seção de GPR gerado por meio de antena 200 MHz para o perfil 9 mostra brusca
variação nos padrões de reflexão e quatro regiões a serem descritas (figura 6.22-a).
O padrão R1, é plano-paralela próximo a superficie, semelhante ao encontrado
em outros perfis. Em R2 há um lineamento levemente caótico e plano-paralelo. R3 é
caracterizado por reflexões geradas por um contato vertical abrupto. A região R4 está
inserida no material do contato de R3 e é observado padrão fortemente caótico, locais
com lineamentos plano-paralelos e hipérboles imersas nesses lineamentos (figura 6.22-b).
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 116

Na seção migrada, representada na figura 6.22-c, é possível observar a continuidade


lateral do material descrito em R4 assim como o contato vertical observado em R3.

Figura 6.22 – a) Seção de GPR gerado com antena de 200 MHz no perfil 9 e as regiões de
detalhe R1, R2, R3 e R4, na ordem da esquerda para direita, delimitadas por retângulos.
b) Radarfácies detalhadas em R1, R2, R3 e R4. c) Perfil 9 migrado e detalhe de uma zona
de contato.

A comparação entre os resultados do perfil 9 foi feita com o GPR de 200 MHz
migrado, RC, ER/Cargabilidade com espaçamento mínimo entre eletrodos de 3 metros
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 117

(figura 6.23).
Ao observar a figura 6.23-a é possível observar uma região nitidamente caótica
entre P1 e P2. Em 80 metros há um contato abrupto vertical e com reflexões inclinadas
tipica de borda entre diferentes materiais, esse padrão foi determinante para prosseguir a
investigação nesse ponto.
O perfil de RC atingiu profundidade máxima de 3 metros e é marcado por uma
área com resistividade anômala em P2, que está inserida em um material com resistividade
intermediária (>5000 ohm.m) de 50 metros até o final (figura 6.23-b).
O perfil de ER foi adquirido para detalhar a espessura do material anômalo en-
contrado nos resultados anteriores. Uma feição anômala um pouco mais profunda foi
encontrada em P1, essa região apresenta inúmeras reflexões e é marcada pela borda uma
região caótica. A fácies caótica ficou restrita no material com resistividade maior que
10000 ohm.m (figura 6.23-c). Por fim, o resultado de IP indicou três estruturas verticais
com cargabilidade maior que 17,7 mV/V. Essas feições apresentam centro com resistivi-
dade aproximada de 20.1 mV/V, estão alocados em rochas com alta resistividade e indica
que são corpos pequenos e inexpressivos para exploração (figura 6.23-c)

Figura 6.23 – Resultados para o perfil 9: a) GPR com antena de 200 MHz; b) RC; c)
ER com 3 metros de espaçamento d) Cargabilidade com espaçamento entre eletrods de 3
metros.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 118

6.10 Perfil 10
O perfil 10 foi realizado em uma área que não se espera encontrar material rochoso.
A área de aquisição desse perfil é paralelo ao trend estrutural da barita e por isso já se
previa que não seria encontrado variação brusca de material geológico. Além disso, já era
de conhecimento que nessa linha o nivel freático era raso, aproximadamente 4 metros de
profundidade, e de dominio poroso.
O resultado de GPR com antena de 200 MHz, demonstra exatamente o que
esperava-se: reflexões plano-paralelas, porém essas reflexões não são continuas ao longo de
todo o perfil, há locais de atenuação do sinal. A aquisição desse perfil foi feita em local de
mata de galeria com a presença de muitas árvores e por isso é possível observar pequenas
hipérboles próximas a superfície característica das raízes das árvores. Por fim, também é
possível delimitar o contato entre o solo e o nível freático (6.24-a).
Com o resultado de RC foi corroborado o observado no dado de GPR e assim
mapear o topo do possível nivel freático (6.24-b). Os dados de ER e IP-T foram adquiridos
com espaçamento mínimo ente eletrodos de 20 metros. Não foi observado resistividades
altas tipicas de barita e a cargabilidade alta sugere novamente uma camada saturada em
água e argilominerais dissociados (6.24-c e 6.24-d).

Figura 6.24 – Resultados para o perfil 10: a) GPR com antena de 200 MHz, b) RC, c) ER
com espaçamento entre eletrodos de 10 metros d) Cargabilidade com espaçamento entre
eletrodos de 10 metros
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 119

6.11 Otimização de cava


Os resultados das linhas de ER foram dispostas em seções 3D (figura 6.25). A visu-
alização dos perfis em três dimensões facilitou a interpretação da disposição dos prováveis
corpos de barita.
Os perfis P1, P4, P5, P6 e P7 foram usados para modelar os sólidos de barita. Essa
escolha se deu pelo fato de apresentarem dimensões satisfatórias para exploração. Além
do mais, esses perfis foram dispostos perpendicularmente ao trend estrutural das lentes de
barita. Não coincidentemente, foi interpretado continuidade entre esses corpos. Isto per-
mite gerar possíveis geometrias e consequentemente calcular o volume de minério/estéril
e os custos de exploração

Figura 6.25 – Seções de eletrorresistividade dispostas em 3D. Destaque para P1, P4, P5,
P6 e P7, com os corpos de barita interpretados como os mais promissores.

A figura 6.26 representa o fluxograma de etapas para a otimização de cava. A


primeira etapa foi gerar o modelo topográfico ou modelo digital de elevação (MDE). As
seções geofísicas foram transferidas para o programa Micromine, foram desenhadas as
malhas triangulares referentes ao que foi interpretado como barita e os sólidos foram
gerados. Os modelos de blocos tanto da topografia quanto dos sólidos de barita foram
criados, visto que foi interpretado três lentes de baritas separadas. Esses dois modelos
foram combinados, visto que os blocos de barita foram atribuídos como minério e os da
topografia como material estéril. Por meio dos dados de engenharia de minas, expostos no
capítulo de aquisições, o esboço das cavas otimizadas foram geradas por meio do método
Lerchs & Grossmann, explicado no capitulo de Fudamentação Teórica.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 120

Figura 6.26 – Fluxograma com as etapas para gerar a otimização de cava. Os dois primeiros
modelos gerados foram o de topografia e os sólidos (barita). Posteriormente, foram gerados
modelos de blocos para cada um dos anteriores, e ambos combinados em um. Por fim, a
proposta de otimização de cava foi gerada.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 121

As cavas operacionais foram desenhadas e geradas com base nas superfícies criada
durante a etapa de otimização observada na figura 6.26. Por fim, relatório com os dados de
volume peso e lucros foram feitos por meio de cubagem. O resultado das cavas operacionais
e a cubagem foram os seguintes:
-Cava 1 (Sul):
A figura 6.27 indica a vista em planta da cava 1 e o pé, crista e estrada que fazem
parte de uma cava operacional.

Figura 6.27 – Planta da cava 1 com o pé, crista e estrada (esquerda) e a sua respectiva
superfície, inserida na topografia (direita).

A tabela 6.1 indica os valores que o programa calculou para o volume e peso de
material retirado, de acordo com o modelo de blocos. A tabela 6.2 representa o relatório
gerado pelo programa. Esse relatório contêm REM igual 1,12, ou seja, para cada 1 tonelada
de minério extraído, 1,12 T de estéril é retirado; o lucro estimado para essa cava é dada
pela diferença entre a venda e o gasto, aproximadamente 197.386,00 US$.

Tabela 6.1 – Volume e peso de minério e material estéril estimado no modelo proposto
para a cava 1 (sul).
Material Densidade (𝑇 /𝑚3 ) Volume (𝑚3 ) Peso (T)
Estéril 2.7 6811.19 18390.22
Minério 4.2 3907.99 16413.54
Total 3.25 10719.18 34803.76

Tabela 6.2 – Valores de gasto, venda e lucro para a cava 1.


REM 1.12
Venda (US$) 1378737.848
Gasto (US$) 1181351.308
Lucro (US$) 197386.5406
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 122

-Cava 2 (Meio):
A cava 2, entre a cava mais ao norte e a mais ao sul está representada na figura
6.28.

Figura 6.28 – Planta da cava 2 com o pé, crista e estrada (esquerda) e a sua respectiva
superfície, inserida na topografia (direita).

O volume total de estéril e minério previsto é de 11824.53 𝑚3 e 6357.37 𝑚3 ,


respectivamente (tabela 6.5).

Tabela 6.3 – Volume e peso de minério e material estéril estimado no modelo proposto
para a cava 2 (meio).
Material Densidade (𝑇 /𝑚3 ) Volume (𝑚3 ) Peso (T)
Estéril 2.7 11824.53 31926.22
Minério 4.2 6357.37 26700.96729
Total 3.22 18181.90 58627.19055

O fator REM desta cava é de 1.19 e o lucro total é de 254782,03 US$ (tabela 6.6)

Tabela 6.4 – Valores de gasto, venda e lucro para a cava 2.


REM 1.19
Venda (US$) 2242881.253
Gasto (US$) 1988099.223
Lucro (US$) 254782.0298

-Cava 3 (norte):
A cava 3 está mais posicionada a norte. A figura 6.29 ilustra o desenho em planta
da cava a esquerda e o modelo da superfície da cava inserida na topografia.
Capítulo 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 123

Figura 6.29 – Planta da cava 3 com o pé, crista e estrada (esquerda) e a sua respectiva
superficie, inserida na topografia (direita).

A tabela 6.5 mostra que o volume total de estéril e minério previsto é de 9180,92
𝑚 e 22615,71 𝑚3 , respectivamente.
3

Tabela 6.5 – Volume e peso de minério e material estéril estimado no modelo proposto
para a cava 3 (norte).
Material Densidade (𝑇 /𝑚3 ) Volume (𝑚3 ) Peso (T)
Estéril 2.7 9180.92 24788.47
Minério 4.2 22615.71 94985.99
Total 3.79 31796.63 119774.46

O fator REM desta cava é de 0,26 e o lucro total é de 3836293,639 US$ (6.6)

Tabela 6.6 – Valores de gasto, venda e lucro para a cava 1.


REM 0.26
Venda (US$) 7978822.968
Gasto (US$) 4142529.33
Lucro (US$) 3836293.638
124

7 CONCLUSÃO

Foi possível gerar todos os modelos interpretativos propostos pelos objetivos gerais:
três modelos de cavas otimizados e operacionais, criados com base nas interpretações
geofísicas para corpos de barita.
O método de georadar mostrou que nos locais onde haviam afloramentos rochosos
em lajedo, padrçao de reflexão foi caótico, as vezes com descotinuidades verticais e com
amplitude de moderada a alta.
O resultados de alta RC coincidiram com os padrões caóticos/verticais do GPR.
Esses valores, maiores que 15000 ohm.m , foram interpretados como barita. Os valores de
resistividades associados com quartzito, que apresentaram média de 5000 ohm.m, á priori,
não foram diferenciados da barita, pelo menos com os processamentos básicos executados
para dados de GPR.
Os resultados de ER permitiram visualizar maiores profundidades e consequen-
temente, possibilitaram detalhar as feições de barita em profundidade. Nos perfis 3, 8 e
10 foram caracterizados resistividade de no máximo 5000 ohm.m e reflexões atenuadas,
por ora plano paralelas, amplitude fraca a média e raramente padrão vertical (perfil 8).
Conclui-se que nesses perfis não foram identificados material de barita. Os perfis P2 e
P9 foram caracterizados por apresentarem corpos pequenos de barita, Em P2 há padrão
de reflexão verticalizado e o formato e o formato da parte resistiva (>15000 ohm.m) é
verticalizado, interpretado como veio de aproximadamente 2,5 metros d espessura. Em
P9 o padrão de GPR é caótico com corpos resistivos interpretados como barita de largura
próxima a 7,5 metros e espessura de 4 metros. Esses dois perfis não foram usados na
modelagem final pois além de serem pequenos, não foi realizada aquisições paralelamente
a esses perfis, o que impossibilita visualização 3D da continuidade dos materiais. Os perfis
1, 4, 5, 6 e 7 foram considerados os com maiores materiais de barita. P1 apresentou padrão
de reflexão caótico, com hipérboles e descontinuidades verticais. Os materiais resistivos
apareceram dispostos ao longo de quase todo o perfil tanto em ER quanto em RC. Nos
outros quatro perfis houveram padrões semelhante. Os perfis com espaçamento minimo
entre eletrodos de 10 metros (P6 e P4) não obtiveram boa resolução para descrever a
barita mas foram usados para analisar materiais mais profundos.
Em P1 a anomalia de alta cargabilidade (>16 mV/V) foi encontrada próximo a
uma região condutiva de até 5000 ohm.m no ponto P4, em um local de discontinuidade
vertical, entre dois valores altos maiores que 15000 ohm.m. No perfil 3 cargabilidade
intermediária (até 14 mV/V), PFE intermediário (até 1,2%) e alto FM (acima de 4.2)
foi identificado em uma região de baixa resistividade (até 700 ohm.m). P4, por sua vez,
Capítulo 7. CONCLUSÃO 125

houve alta cargabilidade (acima de 16 mV/v), PFE intermediário e baixo FM (até 2,4)
em uma resistividade intermediária (até 3000 ohm.m). Nesse último perfil foi visualizado
em um afloramento em corte de cava abaixo da linha material inconsolidado com presença
de pirita. Essa observação corrobora o fato que alta cargabilidade pode ser gerado por
pequenas quantidades de sulfetos, sendo essa propriedade por si só não suficiente para
indicar presença de grandes quantidade de sulfetos. Em P4 obsevou-se cargabilidade alta
de até 22 mV/V em uma região de descontinuidade vertical com baixa resistividade, de
até 700 ohm.m. Em P6 foi observado alta cargabilidade (>16 mV/V), alto PFE (> 1,60
%) e alto FM (> 4) em uma feição plana de baixa resistividade (até 700 ohm.m). Em P7
e P8 o padrão de IP foi semelhante ao P4, alta cargabilidade, PFE intermediário e FM
baixo em resistividade baixa de até 2000 ohm.m. Em P9 foi encontrado pequenos corpos
de alta cargabilidade, que chega até 20 mV/V em uma resistividade intermediária e P10
alta cargabilidade (>20 mV/V) em uma área condutiva de até 700 ohm.m.
Conclui-se que nesse caso o IP no domínio do tempo sozinho não é diagnostico
para identificação de minério sulfetado relevante para exploração mineral devido a ambi-
guidade na interpretação. Os perfis com valores altos para IP-T e IP-F, observados em
material condutivo como é o caso do perfil 6 e perfil 4, embora esse último tenha sido
adquirido apenas no domínio do tempo, foi interpretado como provável anomalia provinda
de efeito de membrana e foi mapeada como filito. Com os dados de IP não foi possível
identificar áreas com quantidades expressivas de sulfetos. Recomenda-se usar os métodos
em afloramentos conhecidos que haja presença de sulfetos. A limitação para esse cenário
se deve ao fato da literatura aferir que esses materiais estão posicionados em profundi-
dades maiores que 20 metros, recomendado furos de poços. Como houve maiores indícios
desses valores de IP alto serem provindos de filito, recomenda-se estudos mais detalhados
antes de recorrer ao furos.
Com os dados de ER conclui-se que os maiores corpos de barita são mais prováveis
de estarem controlados estruturalmente por camadas lenticulares plano paralelas, invés
de veios. Além disso, o método foi utilizado para auxiliar na modelagem de tais corpos
mineralizados. Essa última modelagem foi usada para aferir os melhores locais a serem
investigados por meio de cavas. Três cavas foram geradas pelo método de otimização
de cava Lerchs & Grossmann. Por meio dessas modelagens as cavas otmizadas foram
geradas e foi aferido valores de lucro total de 197.386 US$, 254.782 US$ e 3.836.293 US$
para as cavas 1 (sul), 2 (meio) e 3 (norte, respectivamente. A quantidade de material
retirado mensalmente pela mineradora não foi informada, o que impossibilita o cálculo
de vida útil das cavas. Cabe ao proprietário recorrer a pesquisa para avaliar a versidade
desses modelos, principalmente para a cava 3, onde foi obtido valores altos. Para o maior
detalhamento e refinamento dos modelos recomenda-se aquisições de linhas retilineas e
mais próximas uma das outras. Essa recomendação deve-se ao fato de que o corpo da
cava 3 foi feita com base em linhas distantes em 160 metros, que pode ter gerado um
Capítulo 7. CONCLUSÃO 126

modelo incerto; a cava 2 e 1 foi feita com base em linhas distantes em aproximadamente
80 metros. Quanto mais linhas e quanto mais próximas mais rebuscados serão os modelos.
Por fim, recomenda-se tanto para esse trabalho quanto para os outros trabalhos feitos na
região um acompanhamento para comparar o a quantidade de material proposto pelo
modelo teórico com o quanto de material foi de fato retirado dessas cavas. Essa proposta
poderia inferir dados estatísticos como por exemplo o erro do método e o quanto de barita
é retirado com base no modelo de resistividade maiores que 15000 ohm.m, interpretados
para identificar barita.
Por fim, a direção do lineamento regional encontrado com a aeromagnetometria
para a falha Lancinha foi de aproximadamente N50E, ao passo que o modelo mineralizado
com base na geofisica variou de N50E a N60E, fato esse que corrobora a efetividade do mo-
delo. Conclui-se, que o método de ER é aconselhado para o planejamento/sequenciamento
de lavra e pode ser usada na engenharia de minas para elaborar estratégias de exploração
com o viés de economizar gastos na exploração e aumentar o lucro.
127

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