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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Instituto de Geociências e Ciências Exatas

“MÉTODOS DA ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO


INDUZIDA APLICADOS NOS ESTUDOS DA CAPTAÇÃO E
CONTAMINAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: UMA ABORDAGEM
METODOLÓGICA E PRÁTICA”

Antonio Celso de Oliveira Braga

Tese apresentada ao concurso público para


obtenção do título de Livre-Docente na disciplina
“Métodos Geoelétricos Aplicados à
Hidrogeologia” do Programa de Pós-Graduação em
Geociências e Meio Ambiente do Instituto de
Geociências e Ciências Exatas da Universidade
Estadual Paulista.

Rio Claro, 2006


Braga, A.C.O. i

ÍNDICE
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS....................................................................................... 1
1.2. JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS............................................................................... 2
1.3. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................... 3
CAPÍTULO 2. GEOFÍSICA APLICADA E A HIDROGEOLOGIA .................................. 4
2.1. GEOFÍSICA APLICADA............................................................................................. 4
2.2. HIDROGEOLOGIA ..................................................................................................... 8
CAPÍTULO 3. PRINCIPAIS MÉTODOS GEOELÉTRICOS E TÉCNICAS DE CAMPO
............................................................................................................................................. 14
3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS............................................. 14
3.2. MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE .............................................................. 17
3.3. MÉTODO DA POLARIZAÇÃO INDUZIDA ............................................................. 24
3.4. TÉCNICAS DE CAMPO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS.................................... 28
3.4.1. Sondagem Elétrica Vertical - SEV ...................................................................... 29
3.4.2. Caminhamento Elétrico - CE............................................................................... 38
3.5. PARÂMETROS E FUNÇÕES DE DAR ZARROUK .................................................. 41
CAPÍTULO 4. METODOLOGIA GEOELÉTRICA APLICADA NA HIDROGEOLOGIA
............................................................................................................................................. 47
4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................................................... 47
4.2. METODOLOGIA GEOELÉTRICA ADEQUADA...................................................... 47
4.2.1. Objetivos Gerais e Geologia Local ...................................................................... 49
4.2.2. Objetivos Específicos e Critérios de Análises ..................................................... 51
4.3. PROGRAMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS ENSAIOS GEOELÉTRICOS ...... 53
4.3.1. Sondagem Elétrica Vertical - Schlumberger ........................................................ 53
4.3.2. Caminhamento Elétrico – Dipolo-Dipolo ............................................................ 67
CAPÍTULO 5. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS............................................................................................................... 69
5.1. ROCHAS SEDIMENTARES...................................................................................... 69
5.1.1. Aqüíferos Granulares .......................................................................................... 70
5.1.2. Aqüíferos Cársticos............................................................................................. 77
5.1.3. Estimativa de Parâmetros Hidráulicos ................................................................. 78
5.2. ROCHAS CRISTALINAS.......................................................................................... 81
5.2.1. Aqüíferos Fraturados........................................................................................... 82
Braga, A.C.O. ii

5.2.2. Rochas Basálticas e Diabásios............................................................................. 86


CAPÍTULO 6. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NOS ESTUDOS DA CONTAMINAÇÃO
DE SOLOS, ROCHAS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ....................................................... 88
6.1. ROCHAS SEDIMENTARES...................................................................................... 88
6.1.1. Mapa Potenciométrico......................................................................................... 89
6.1.2. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação .................................... 91
6.1.3. Aplicação dos Parâmetros de Dar Zarrouk......................................................... 102
6.2. ROCHAS CRISTALINAS........................................................................................ 109
6.2.1. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação .................................. 110
CAPÍTULO 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 113
7.1. MÉTODOS GEOELÉTRICOS APLICADOS NA HIDROGEOLOGIA ..................... 113
7.1.1. Considerações Metodológicas ........................................................................... 113
7.1.2. Tratamento dos Dados e Produtos Obtidos ........................................................ 114
7.2. CONCLUSÕES........................................................................................................ 116
BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS E CONSULTADAS .......................................... 117
Braga, A.C.O. 1

“MÉTODOS DA ELETRORRESISTIVIDADE E POLARIZAÇÃO INDUZIDA


APLICADOS NOS ESTUDOS DA CAPTAÇÃO E CONTAMINAÇÃO DE
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA E
PRÁTICA”

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS


A Geofísica, cujas metodologias ao longo dos anos têm sido aperfeiçoadas e adaptadas
em função da solicitação crescente nos mais variados campos de atuação, tem nas questões
relacionadas às águas subterrâneas, um papel de extrema importância, tanto em estudos
visando à captação para abastecimento, como estudando e solucionando problemas
decorrentes de contaminações através de fontes variadas.
Tradicionalmente empregados nos estudos hidrogeológicos, os métodos geoelétricos,
apresentaram uma evolução na obtenção e tratamento dos dados, tanto na parte instrumental,
como no desenvolvimento de softwares visando à inversão dos dados de campo para obtenção
de modelos mais precisos e confiáveis.
Inicialmente esses métodos tiveram como objetivos maiores, a identificação de camadas
promissoras para captação de águas subterrâneas, visando o abastecimento de um modo geral.
Hoje em dia, além desses objetivos, e considerando a crescente contaminação em
subsuperfície através dos mais variados tipos de contaminantes, atuam em investigações,
relativamente rasas, procurando identificar e mapear contaminantes em solos, rochas e águas
subterrâneas, envolvendo as fases de: (1) investigações preventivas, na caracterização da
geologia, identificando áreas vulneráveis a contaminantes, e, (2) investigações
confirmatórias, remediação e monitoramento, estudando as possíveis alterações no meio
geológico, frente aos contaminantes.
A introdução de alguns tipos principais de contaminantes no subsolo, altera
significativamente os valores naturais dos principais parâmetros geoelétricos dos materiais
geológicos, dos quais os métodos geoelétricos se utilizam (por exemplo, a resistividade
elétrica e cargabilidade). Levantamentos pela eletrorresistividade, efetuados em refinarias de
combustíveis, procurando delimitar plumas de contaminação de derivados de hidrocarbonetos
através de vazamentos de gasolina e óleo diesel, obtém excelentes resultados, podendo
estimar inclusive a variação temporal das contaminações.
Braga, A.C.O. 2

Outra questão a ser levantada, diz respeito a pouca utilização, em nosso país, dos
parâmetros de Dar Zarrouk. Tais parâmetros têm se revelado de extrema utilidade,
contribuindo, em algumas situações, de maneira decisiva na definição dos objetivos
propostos. São parâmetros simples de serem utilizados, não envolvendo acréscimos nos custos
e prazos finais de uma campanha.
De um modo geral, os métodos geoelétricos apresentam ainda, uma particularidade em
relação a outros métodos geofísicos, ou seja, englobam vários métodos, técnicas de campo e
uma infinidade de arranjos possíveis de serem utilizados. Dessa maneira podem ser adaptados
em função da área a ser estudada. Entretanto, existem destaques dentro dessa vasta
metodologia, que devem ser priorizados em relação às demais

1.2. JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS


A utilização inadequada de técnicas geofísicas e/ou arranjos de campo, em função da
geologia e dos objetivos que se propõem alcançar em um determinado projeto, pode levar a
erros graves na definição final do modelo geoelétrico da área estudada. Portanto a escolha da
metodologia geofísica, constitui o primeiro passo para o sucesso ou fracasso da campanha
como um todo.
Vários casos comprovados de resultados incorretos obtidos por levantamentos
geoelétricos, atribuídos à “ineficiência da Geofísica”, foram resultados do emprego de
técnicas inadequadas em função dos objetivos esperados e da geologia local. Portanto, a
programação correta de uma campanha geofísica não é simples nem deve ser “automática”.
Ressalta-se também, que poucos autores e trabalhos técnicos utilizam os parâmetros de
Dar Zarrouk nas definições dos modelos geoelétricos finais. Constata-se, que quando são
utilizados, em alguns casos, o são de maneira incorreta. O emprego adequado de tais
parâmetros pode ser decisivo em várias situações, contribuindo no entendimento do modelo
geral da área estudada.
Considerando o exposto anteriormente, a pesquisa tem como objetivos gerais à aplicação
dos métodos geoelétricos na hidrogeologia, visando: (1) estudos para captação de águas
subterrâneas para abastecimento em geral; e, (2) estudos das contaminações de solos, rochas e
águas subterrâneas, envolvendo as fases de investigação preventiva, confirmatória,
remediação e monitoramento.
Como objetivos específicos, através da aplicação dos métodos da eletrorresistividade e
polarização induzida, utilizando-se das técnicas de campo da sondagem elétrica vertical –
arranjo Schlumberger e caminhamento elétrico – arranjo dipolo-dipolo, e dos parâmetros de
Braga, A.C.O. 3

Dar Zarrouk, tem-se uma discussão e proposição metodológica e prática, em função da


geologia local, sobre os produtos obtidos por essa metodologia, tais como: caracterização
geológica na identificação de aqüíferos promissores e investigação de áreas contaminadas
e/ou sujeitas à contaminação.

1.3. METODOLOGIA DA PESQUISA


A seqüência metodológica adotada na presente pesquisa é apresentada na Figura I-01.
Após o estabelecimento do tema da pesquisa com justificativas e objetivos, tem-se uma
conceituação teórica básica da Geofísica Aplicada e Hidrogeologia, com destaque na
utilização dos métodos geoelétricos – eletrorresistividade e polarização induzida, técnicas de
campo da sondagem elétrica vertical (SEV) e caminhamento elétrico (CE) e parâmetros de
Dar Zarrouk (DZ).
A seguir discutem-se as aplicações dessa metodologia na Hidrogeologia, considerando
as atuações nos estudos visando à captação de águas subterrâneas e envolvendo
contaminações dos materiais geológicos em subsuperfície, em função da geologia local,
definindo a(s) metodologia(s) adequada(s). Dessa maneira conclui-se sobre a interpretação
dos dados e produtos resultantes considerando o tema proposto, e casos históricos de
aplicação.

TEMA DA
PESQUISA

Justificativas e
Objetivos
GEOFÍSICA
HIDROGEOLOGIA
APLICADA
Métodos
Geoelétricos

Classificação dos Aplicações na


Métodos Geoelétricos Hidrogeologia

Métodos Geoelétricos Metodologia, Geologia


• Eletrorresistividade Programação e • Rochas Sedimentares
• Polarização Induzida Desenvolvimento • Rochas Cristalinas

Técnicas de Campo
Captação de Águas Abastecimento, irrigação,
• SEV – Schlumberger
Subterrâneas industrial, lazer, etc.
• CE – Dipolo-Dipolo
Parâmetros de Dar Zarrouk Contaminação de Solos, Investigação preventiva,
• Resistência Transversal Rochas e Águas confirmatória, remediação,
• Condutância Longitudinal Subterrâneas e monitoramento

Considerações Finais e
Conclusões

Figura I-01 - Fluxograma metodológico da pesquisa.


Braga, A.C.O. 4

CAPÍTULO 2. GEOFÍSICA APLICADA E A HIDROGEOLOGIA

2.1. GEOFÍSICA APLICADA


A origem da Geofísica Aplicada data de muitos anos atrás, sendo baseada em um
conjunto de técnicas físicas e matemáticas, cujo início e desenvolvimento foi relacionado à
exploração do subsolo, procurando localizar e estudar estruturas favoráveis à acumulação de
substâncias úteis para a sociedade humana, tais como, petróleo, águas subterrâneas, minerais,
etc..
A aplicação da Geofísica em estudos ambientais, envolvendo a contaminação de solos e
rochas e as águas subterrâneas, através de contaminantes inorgânicos e orgânicos, tais como
os resultantes de resíduos de aterros sanitários e/ou vazamentos de combustíveis, tem sido
freqüente e despertado a atenção de pesquisadores.
Geofísica pode ser definida, como: “a ciência que se ocupa do estudo das estruturas do
interior da Terra e da localização nesta, de corpos delimitados pelos contrastes de alguma de
suas propriedades físicas com as do meio circundante, usando medidas tomadas na sua
superfície, interior de furos de sondagens e levantamentos aéreos” (modificado de Orellana,
1972).
É uma ciência que apresenta uma íntima relação com a Física e a Geologia, procurando
resolver, a partir da Física, problemas colocados em termos geológicos. Tanto o geofísico
como o geólogo, estudam a parte sólida da Terra, e apesar de utilizarem instrumentos de
trabalho diferentes, seus objetivos convergem em uma mesma direção. É importante destacar
a necessidade do geólogo na programação dos trabalhos geofísicos, pois o conhecimento deste
profissional contribui para a definição das metodologias geofísicas adequadas e também suas
modalidades de aplicação, bem como na formulação do modelo final interpretado.
Os principais fenômenos físicos que ocorrem no interior da Terra (Figura II-01), nos
quais a Geofísica se baseia, estão ligados ao: campo magnético terrestre; fluxo geotérmico;
propagação de ondas sísmicas; gravidade; campos elétricos e eletromagnéticos; correntes
telúricas, e; radioatividade. Em função do parâmetro físico estudado, a Geofísica pode ser
dividida em quatro grupos de destaque, que podem ser denominados de métodos maiores:
gravimétrico, magnetométrico, geoelétricos e sísmicos.
Os métodos da gravimetria e magnetometria, são de campo natural, estudando as
perturbações que determinadas estruturas ou corpos produzem sobre campos preexistentes. Os
métodos geoelétricos (exceção do potencial espontâneo e magnetotelúrico) e os sísmicos são
Braga, A.C.O. 5

artificiais, ou seja, o campo físico a ser estudado é criado por meio de equipamentos
apropriados.

Os fundamentos teóricos desses


Geoelétricos
métodos geofísicos baseiam-se na
Magnetome-
Gravimetria
determinação de propriedades físicas que tria

caracterizam os diferentes tipos de materiais


que se encontram no ambiente geológico, e Paleomagne- MÉTODOS
Sísmicos
tismo GEOFÍSICOS
nos contrastes que estas propriedades podem
apresentar.
Ressalta-se o fato de que uma eventual Radiometria Sismologia

intervenção do homem neste ambiente pode Geotermia

gerar mudanças nos vários campos físicos e


nas suas propriedades. Figura II-01 - Principais métodos
geofísicos.

Várias definições podem ser encontradas na literatura para definir os campos de atuação
da Geofísica, tais como, Geofísica Básica ou Geofísica da Terra Sólida: ...área da Geofísica
que estuda a estrutura, composição e evolução da Terra em grande escala, envolvendo as
camadas mais profundas do planeta, sua origem e evolução. Normalmente estes estudos
visam aprofundar os conhecimentos sobre o planeta, e são desenvolvidos nas grandes
Universidades e centros de pesquisa, assumindo assim um caráter tipicamente acadêmico...; e
ainda Geofísica Aplicada: ...área da Geofísica que lida com a busca de minerais, petróleo,
água subterrânea ou auxilia grandes obras de engenharia civil, determinando parâmetros
geofísicos e estruturais...*1.
Ainda existem algumas tais como, Geofísica Pura: investiga as propriedades físicas da
Terra e sua constituição interna a partir de fenômenos físicos ligados a ela; e, Geofísica
Aplicada: estuda as ocorrências ou estruturas geológicas, relativamente pequenas,
localizadas na crosta terrestre ∗2.
Em outra definição, têm-se as divisões de Geofísica da Terra Sólida e Geofísica de
Exploração: ...Tectônica de placa, o estudo da estrutura interior da terra, e tais áreas
relacionadas como processos globais e regionais são coletivamente conhecidas como
Geofísica da Terra Sólida. A subdisciplina conhecida como Geofísica de Exploração, envolve

*1 http://www.iag.usp.br/siae98/geofisica/geofisica.htm, acessado: 11/04/2005.


∗2 http://www.igc.usp.br/geologia/geofisica_aplicada.php, acessado: 26/07/2005
Braga, A.C.O. 6

o uso de teoria geofísica e instrumentação, para localizar petróleo e outras fontes minerais.
Diferentemente da Geofísica da Terra Sólida, a Geofísica de Exploração, geralmente se
concentra em achar heterogeneidades laterais em uma parte relativamente pequena da crosta
da terra...∗3
Entretanto, mesmo estudos em “grande” (sic) escala , acadêmicos ou envolvendo a
constituição interna da Terra, podem ser aplicados a alguma atividade, por exemplo,
Geologia do Petróleo. A separação de atividades em função do tipo de campo utilizado
(natural ou artificial), resolução e profundidade de investigação, parece não ser a mais
adequada, resultando em sobreposições. A Figura II-02, define portanto, as principais
atividades da Geofísica, de um modo geral.

GEOFÍSICA

GEOFÍSICA BÁSICA GEOFÍSICA APLICADA

Domínio Teórico Domínio Prático


- Desenvolvimento de softwares e - Investigação de situações ou estruturas
instrumentação geofísica. existentes nos meios geológicos –
- Estudos teóricos de fenômenos físicos. partes rasas ou profundas da Terra.

(1) Geofísica Básica: cujas atividades envolvem o


Principais Áreas de Atuação
desenvolvimento de softwares e instrumentação
da Geofísica Aplicada
geofísica, e estudos sobre os fenômenos físicos que
ela utiliza, limitando na teoria, sua área de atuação – Prospecção
Hidrogeologia
Domínio Teórico; e, Mineral
(2) Geofísica Aplicada: cujas atividades envolvem a Geologia Geologia do
aplicação da teoria e instrumentação geofísica, na Ambiental Petróleo
investigação de situações ou estruturas existentes
nos meios geológicos (partes rasas ou profundas da Engenharia Geologia
Terra), visando, a exploração de águas subterrâneas, Civil Básica
minerais, petróleo; auxiliar obras de engenharia civil;
identificar a contaminação de solos, rochas e águas
Arqueologia Terremotos/Sismos
subterrâneas; etc. – Domínio Prático.

Figura II-02 – Geofísica Aplicada – principais áreas de atuação.

A interface entre essas duas atividades nem sempre é clara, podendo haver uma
sobreposição, como por exemplo, o desenvolvimento de um instrumental geofísico com
finalidade específica para uma área de atuação, por exemplo, Hidrogeologia.
A bibliografia disponível sobre Geofísica Aplicada é vasta, com inúmeros trabalhos
desenvolvidos para os mais variados fins. Vários métodos geofísicos têm sido utilizados em
estudos aplicados à Hidrogeologia, Geologia Ambiental, Prospecção Mineral, Geologia de
Engenharia, etc.. Destacam-se as possibilidades da Geofísica Aplicada, no controle das
alterações provocadas pelo homem no meio ambiente geológico, a qual seria baseada nas

∗3 http://seg.org/you-geo/definition.shtml - acessado: 26/07/2005


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investigações das deformações dos campos físicos e propriedades da litosfera, sob impacto
das atividades do homem. As observações geofísicas, de forma geral, não afetam o ambiente
geológico, podendo ser, se necessário, executadas várias vezes em uma mesma área.
Nos levantamentos geofísicos de campo, não deve ser descartada “a priori” a
possibilidade de se efetuarem algumas perfurações por sondagens mecânicas. Estas
sondagens, ainda que, normalmente, mais onerosas que os métodos geofísicos, fornecem
dados seguros e exatos sobre o subsolo, os quais servem para auxiliar na interpretação
geofísica, ajustando o modelo inicial.
Entretanto, em função dos custos elevados de uma perfuração, é preferível e mais
adequado cobrir uma determinada área, com levantamentos geofísicos, e programar as
sondagens mecânicas em função desses resultados. Deve-se lembrar que, os resultados da
Geofísica não devem ser encarados como definitivos, mas sim, como dados complementares
para o geólogo responsável decidir qual é o melhor caminho a ser seguido para solucionar os
problemas expostos.
Outra consideração que pode ser destacada, diz respeito ao fato de que, com freqüência,
se recorre aos métodos geofísicos somente quando as perfurações fracassam, devido, por
exemplo, às complexidades geológicas locais. Nestes casos, investigações que poderiam ser
realizadas economicamente por métodos geofísicos, com cobertura contínua e espacial da
área, aliados a perfurações de apoio, resultam muito onerosas e com prazos inadequados. Em
vários trabalhos desenvolvidos, por exemplo, na locação de poços tubulares profundos,
visando à captação de água subterrânea, comprovou-se esta realidade, sendo a Geofísica
Aplicada solicitada após perfurações sem sucesso.
Merece destaque ainda, o fato que diz respeito aos cuidados que se deve ter na escolha
da metodologia geofísica adequada. Em nosso país, cujas condições geológicas e geotécnicas
são diferentes dos países europeus e norte-americanos, têm-se espessas camadas de solo e
material alterado, portanto, os métodos e equipamentos geofísicos devem ser escolhidos
considerando nossas condições.
Entre os principais métodos geofísicos, os métodos geoelétricos, com suas diversidades
de modalidades, são muito utilizados no mundo inteiro, atuando nas mais variadas áreas de
conhecimento. Esta atuação abrange desde levantamentos puramente acadêmicos, até
levantamentos procurando atender solicitações mais práticas e de interesse imediato da
população, tais como: na Geologia de Engenharia, Prospecção Mineral, Hidrogeologia,
Geologia Ambiental, etc.. Neste Grupo, destacam-se os métodos da eletrorresistividade,
Braga, A.C.O. 8

polarização induzida e radar de penetração no solo, como sendo os mais utilizados e


importantes.

2.2. HIDROGEOLOGIA
A água existente na natureza faz parte de um sistema circulatório conhecido como o
ciclo hidrológico (Figura II-03). Conceitualmente, o ciclo hidrológico pode ser definido como
sendo uma sucessão de fases percorridas pela água ao passar da atmosfera ao solo e vice-
versa: evaporação do solo, do mar e das águas continentais; condensação para formar as
nuvens; precipitação; acumulação no solo ou nas massas de água, escoamento direto ou
retardado para o mar e re-evaporação.
3. Vapor de
Da precipitação então, a água: água -
condensação 2. Água 1. Aquece
aquecida, os solos e
(a) retorna à atmosfera: evaporação 4. Água líquida
evapora
evapotranspiração
as águas
- chuva
precipitação
das superfícies das águas e do solo
escoamento
superficial
ou transpiração das plantas
(Evapotranspiração); (b) regressa
aos oceanos sob a forma de infiltração

escoamento superficial ou "Run-


off" (sobre a superfície do solo); e,
(c) penetra no subsolo: infiltração.
Figura II-03 – Ciclo hidrológico.

A Hidrogeologia é o ramo da geologia que trata da água subterrânea e, especialmente,


de sua ocorrência. Pode ser definida como o estudo da origem, distribuição, escoamento e
avaliação dos recursos hídricos subterrâneos, envolvendo o estudo das recargas, reservas
totais, volumes explotáveis e suas condições de explotação e a proteção das águas
subterrâneas. Os materiais geológicos na subsuperfície podem ser divididos,
esquematicamente, em duas partes principais: zona não saturada e zona saturada (Figura II-
04).

A zona não saturada pode ser subdividida em:


unesp
Braga, A.C.O.
(1) zona de evapotranspiração, onde se tem a zona de evapotranspiração
saturada -
Zona não

umidade do solo
aeração

umidade retida pelas plantas e a evaporação; (2) zona de retenção - poros


praticamente não saturados
zona de retenção, onde se tem muito pouca água; e,
zona capilar
nível freático (NA)
(3) zona capilar, com a umidade próxima da
saturação. Zona saturada

Água subterrânea é a massa da água contida,


Braga, A.C.O. 9

principalmente, na zona saturada. O limite de Figura II-04 – Distribuição das


águas no solo.
separação entre estas duas zonas principais é
conhecido como nível d’água subterrânea ou nível
freático (NA).
A crosta terrestre é um vasto reservatório subterrâneo constituído de rochas com
numerosos interstícios ou vazios, que variam em formas e dimensões (de cavernas a muito
pequenas). Geralmente, os interstícios são interligados, permitindo o deslocamento das águas
infiltradas. Quando não são interligados, impede a circulação da água.
A água subterrânea, quando presente, ocorre em extensas áreas. Se esta ocorrência
coincide com áreas de demanda, não há necessidade de sistemas de distribuição, pois o
aqüífero pode ser acessado diretamente por poços. O crescimento da demanda é atendido com
a perfuração de mais poços, respeitando a capacidade do aqüífero prospectado.
Os custos de implementação de poços profundos, geralmente, são inferiores aos sistemas
superficiais, pois não envolvem custos com indenizações, barragens, adutoras e estações de
tratamento; a captação de águas subterrâneas, independe de períodos de estiagens prolongados
para recarga, não esta sujeita ao intenso processo de evapotranspiração e não provoca impacto
ambiental como, por exemplo, inundações de grandes áreas.
Entretanto, a avaliação final, em termos de atendimento à demanda requerida e custos da
implantação das obras de captação, será efetuada em função das relações oferta/demanda
obtidas através de estudos envolvendo, tanto a disponibilidade hídrica superficial quanto a
disponibilidade hídrica das águas subterrâneas.
Os estudos hidrogeológicos têm a finalidade de estabelecer o conhecimento de
numerosos dados para a estimativa dos recursos hídricos subterrâneos, de forma racional de
explotação e conservação. Referem-se às estruturas hidrogeológicas; características
hidrogeológicas da rocha armazenadora; fatores que condicionam o movimento das águas
subterrâneas; características físico-químicas das águas subterrâneas; características técnicas e
econômicas das obras de captação; balanço; e, reservas e recursos. A partir destes dados, é
possível estabelecer normas de explotação, proteção e conservação dos recursos das águas
subterrâneas.
Os materiais geológicos naturais, podem ser classificados em quatro grupos, de acordo
com a menor ou maior facilidade de armazenar e liberar as águas subterrâneas:
a. Aqüíferos: materiais porosos, saturados, que armazenam água e permitem sua circulação,
são verdadeiros reservatórios de águas subterrâneas. São constituídos por solos, sedimentos
Braga, A.C.O. 10

e rochas sedimentares com porosidade granular, maciços rochosos com porosidade de


fraturas e rochas com porosidade cárstica.
b. Aqüicludes: materiais porosos, saturados, que armazenam água mas permitem a circulação
apenas de forma muito lenta, com velocidades insuficientes a proporcionar um
abastecimento apreciável a um poço ou a uma fonte. São essencialmente argilosos, onde a
água está firmemente fixada em poros de pequenas dimensões por pressões moleculares e
tensões superficiais.
c. Aqüitardos: materiais porosos que, apesar de armazenarem água, permitem a circulação da
água com velocidade muito reduzida, em comparação a um aqüífero. São constituídos de
argilas siltosas ou arenosas.
d. Aqüífugos: materiais impermeáveis, com baixíssimo grau de porosidade, sem interstícios
interconectados, incapazes, portanto, de absorver ou transmitir água. São constituídos por
rochas duras, cristalinas, metamórficas e vulcânicas, sem fraturamento ou alteração.
A quantidade ou volume de água subterrânea que se pode dispor em uma determinada
área, depende das características hidrogeológicas dos aqüíferos e da capacidade de infiltração
ou recarga. Os principais tipos de aqüíferos, são denominados de:
• Aqüíferos Livres: as águas neles contidas estão como se estivessem em um reservatório
ao ar livre (submetidas, apenas, à pressão atmosférica); e,
• Aqüíferos Confinados: as águas neles contidas se encontram entre camadas
impermeáveis, sob pressão superior à atmosférica.
Em função das características principais dos materiais geológicos que o compõe os
aqüíferos e forma como as águas são armazenadas, podem-se destacar os tipos:
Rochas Aqüíferos Descrição
Compostos por materiais granulares (solos, rochas sedimentares,
Granulares
etc.), em que a água ocorre ocupando os espaços intergranulares.
Sedimentares Compostos por rochas duras ou materiais granulares, em que a água
Cársticos ocorre ocupando os espaços vazios formados pela dissolução do
material original.
Compostos por rochas compactas, em que a água ocorre ocupando
Cristalinas Fraturados
fissuras, fendas ou fraturas dessa rocha.

Alguns parâmetros na Hidrogeologia, são de fundamental importância na caracterização


dos aqüíferos. Dentre esses, pode-se citar a condutividade hidráulica e a transmissividade.
A condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade (K), pode ser definido,
como uma propriedade de um meio poroso combinada à do fluido escoando-se nesse meio
saturado e que determina a relação, chamada lei de Darcy, entre a descarga específica e o
gradiente hidráulico que a origina (ANA, 2001). O termo K, possui dimensão de uma
Braga, A.C.O. 11

velocidade (m/s). Essa propriedade, considera as características do meio, incluindo:


porosidade; tamanho, distribuição, forma e arranjo das partículas; e, as características do
fluido que esta escoando (viscosidade e massa específica).
A transmissividade (T) é um parâmetro importante nos estudos visando à captação de
águas subterrâneas, permite avaliar, a capacidade de transmissão dessas águas, pelo meio
geológico, através de toda sua espessura saturada. Pode ser determinada pelo produto da
condutividade hidráulica da formação, por sua espessura: T = K . E (m2/s).
Quanto ao movimento, as águas subterrâneas, de um modo geral, escoam lentamente no
subsolo, com velocidade relativamente pequena devido ao atrito nas paredes dos capilares e
dos poros. Numa areia a água movimenta-se com a velocidade de cerca de 1 m/dia; e nas
argilas o movimento é praticamente nulo. Nas rochas muito fraturadas a velocidade pode ser
muito rápida.
As águas que circulam os meios naturais (considerada um fluido perfeito, com
viscosidade nula e em fluxo permanente) apresentam energia total (h) conforme a equação:
2
p Vp
h = z+ + (m) II-01
γa 2g
onde: h = carga de energia total em cada ponto do meio; z = carga de elevação – referência a
um datum; v2/2g = carga de velocidade; p/γa = carga de pressão; v = velocidade de percolação
intersticial; e, γa = peso específico da água.
Nível Nível
Poço
Como pode ser observado piezométrico freático

livre

meio permeável
na Figura II-05, em cada ponto B
saturado
de um meio saturado (fluido em pA
impermeável

equilíbrio) existe uma pressão γa


hA zB hB
meio

confinado
na água (aqüífero livre = A

pressão atmosférica, aqüífero zA

confinado = p/γa). Plano de Referência - Datum


Figura II-05 – Potencial hidráulico em meio saturado.

Porém, nos fluxos em meios porosos, o termo que representa a carga de velocidade
(v2/2g) é muito pequeno, podendo ser desprezado na equação II-01. Se os pontos A e B estão
associados a um plano de referência (z) – nível do mar (cota), a carga de energia total ou nível
piezométrico (h) corresponde ao potencial hidráulico, e é dado por:
pA
hA = zA + (m) II-02 h B = z B (m) II-03
γa
Braga, A.C.O. 12

aqüíferos confinados aqüíferos livres

As diferenças de potencial hidráulico (perda de carga) resultantes do gradiente


hidráulico, são indispensáveis para o escoamento através de um meio poroso. Só existe
movimento das águas subterrâneas quando ocorrem variações no potencial hidráulico (Figura
II-06).
Gradiente Hidráulico
O fluxo se dá dos pontos de maior p
h1 = z1 + 1
h1 γa
P2
para os de menor potencial hidráulico (não Perda de
Carga - hL
P1
p2
L h 2 = z2 +
no sentido das menores pressões h2 γa
h1 − h 2 h L unesp

hidrostáticas). i= = Braga, A.C.O.


L L
As águas podem escoar de zonas da p  p 
h L =  1 + z1  −  2 + z 2 
 γ   γ 
baixa pressão para zonas de alta pressão –
se a diferença do potencial hidráulico for fluxo

favorável.
Figura II-06 – Fluxo d’água subterrâneo.

Portanto, em um determinado meio, conhecendo-se o nível piezométrico em vários


pontos podem-se traçar mapas de isopotencial hidráulico, os quais são denominados de Mapas
Piezométricos ou Mapas Potenciométricos. A confecção desses mapas permite estabelecer o
padrão do fluxo subterrâneo, expressando, o comportamento geral do escoamento subterrâneo,
evidenciado pelas redes de fluxo, que possibilitam a determinação do sentido e da direção do
fluxo.
Através desses mapas (Figura II-07),
é possível determinar os limites de uma
bacia hidrogeológica, os quais são as
extremidades laterais de uma determinada
divisor
área, a partir das quais os fluxos
subterrâneos não mais se direcionam para
lim

o interior.
ite

Se ao longo destes eixos os fluxos


são divergentes, ou seja, apresentam a
590 linhas de isovalor da cota do NA
mesma direção mas sentidos opostos, estes linhas de fluxo das águas subterrâneas

correspondem ao divisor de águas Figura II-07 – Mapa potenciométrico.


subterrâneas.
Braga, A.C.O. 13

Esses mapas permitem ainda, definir os gradientes hidráulicos, onde os limites e


divisores da bacia hidrogeológica são eixos, ao longo dos quais, as cargas hidráulicas são
máximas, relativamente às áreas adjacentes, e se relacionam, normalmente, às áreas de
recarga, ou seja, são porções do terreno onde ocorre a alimentação do aqüífero pela infiltração
das águas de superfície.
Áreas de menor carga hidráulica correspondem às áreas de descarga, para as quais
convergem as linhas de fluxo. Estas áreas podem estar associadas aos elementos de drenagem
superficial (rios, fontes, lagos, etc.), ou a elementos de drenagem artificial ou profunda dos
maciços (drenos em obras civis, escavações subterrâneas, cavernas em calcário, etc.).
Os mapas de fluxo das águas subterrâneas, são de extrema importância em estudos
ambientais, envolvendo fases pré e pós-empreendimento, tais como locais com aterros,
tanques de combustível, refinarias, etc., indicando zonas de concentração, direção e sentido
de eventuais plumas de contaminação. Esses mapas auxiliam a locação de poços de
monitoramento e/ou coleta do contaminante. Cabe ressaltar que, só tem sentido a confecção
dos mapas potenciométricos, quando os aqüíferos são sedimentares – livres ou confinados, e
não quando são fraturados.
A Hidrogeologia tem como suas principais aplicações os estudos das características de
solos e rochas, envolvendo o fluxo de fluidos em meios porosos, visando, principalmente, a
captação de água subterrânea para as mais variadas finalidades. Uma de suas atuações
importantes, hoje em dia, diz respeito aos estudos envolvendo a contaminação de solos,
rochas e águas subterrâneas, onde contaminantes, resultantes de aterros, vazamentos de
combustíveis, etc, tem degradado e comprometido suas qualidades.
Portanto, nesse trabalho as aplicações dos métodos geoelétricos em estudos
hidrogeológicos, deverão contemplar a:
1- Captação de água subterrânea: para abastecimento público, doméstico, industrial,
agricultura, lazer, etc.; e,
2- Estudos ambientais: para diagnóstico e monitoramento de solos, rochas e águas
subterrâneas frente a contaminantes.
Uma outra atuação da Hidrogeologia que cabe ser destacada, envolve a execução de
obras civis e mineiras, sistemas de culturas agrícolas, instalação de equipamentos públicos e
privados, etc., onde , por exemplo, é necessário o rebaixamento do lençol freático para a
execução das obras.
Braga, A.C.O. 14

CAPÍTULO 3. PRINCIPAIS MÉTODOS GEOELÉTRICOS E TÉCNICAS DE


CAMPO

3.1. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS


Uma questão importante quando se discute, não só os métodos geoelétricos, mas a
Geofísica como um todo, diz respeito à identificação de suas várias modalidades existentes. É
comum, encontrar profissionais ligados a esta área, ou até mesmo, os que dela se utilizam
como uma ferramenta de apoio, apresentarem certas confusões sobre as denominações das
modalidades em uso.
Os termos métodos, técnicas e arranjos, são utilizados algumas vezes de maneira
inadequada, trazendo, principalmente ao usuário leigo sobre o assunto, dificuldades no
entendimento da Geofísica como aplicação. Como citado anteriormente, os métodos
geoelétricos aplicados possuem inúmeras modalidades de uso, contribuindo para aumentar
essas confusões.
Em várias oportunidades, pode-se comprovar na prática, essa situação, onde o usuário da
Geofísica, solicitava determinada técnica de campo inadequada aos objetivos propostos,
quando na realidade, estava-se pensando no método. Mesmo, alguns geofísicos experientes,
quando solicitam a utilização do método da eletrorresistividade, por exemplo, estão
“pensando”, no emprego da técnica da sondagem elétrica vertical, ou vice-versa.
Como exemplo, pode-se citar Cetesb (1999), no Capítulo 4 na determinação de pluma
inorgânica na água subterrânea (íons e sais dissolvidos), tem-se: ...Para a determinação
desses contrastes de condutividade, o método eletromagnético indutivo é mais indicado que a
eletrorresistividade, principalmente pela rapidez de execução do levantamento e pela
precisão na determinação de variações laterais... Esta clara, na afirmação citada que os
autores devem se referir às técnicas de campo e não aos métodos. Ressalta-se porém que, o
método da eletrorresistividade, desenvolvido pela técnica do caminhamento elétrico – arranjo
dipolo-dipolo, permitindo estudar uma faixa vertical e lateral em subsuperfície, é bem mais
rápido e preciso que o levantamento eletromagnético, no qual, normalmente a profundidade
de investigação é rasa.
Algumas obras da literatura internacional, procuram apresentar uma classificação para
os métodos geoelétricos, tentando normalizar estas denominações. Iakubovskii & Liajov
(1980), apresentam uma classificação baseada em características, tais como: sistema de
excitação e medição do campo elétrico (Tabela III-01).
Braga, A.C.O. 15

Tabela III-01. Classificação dos métodos geoelétricos - Iakubovskii & Liajov (1980).
A-1. Método do campo natural
A. Métodos de Campo A-2. Método da resistividade – caminhamento e sondagem elétrica
Constante (freqüência A-3. Método de carga
0) A-4. Método de linhas equipotenciais
A-5. Método de relação de potenciais
B-1. Métodos do potencial induzido
B-2. Método do campo magnetotelúrico (sondagem e caminhamento
B. Métodos de Campo
magnetotelúrico)
Variáveis de Baixa
B-3. Sondagem eletromagnética de freqüência
Freqüência e não
B-4. Sondagem do campo em processo de formação (tempo do processo de
estacionários
formação 10 0 a 10 2 s)
(freqüência 10-2 a 10 4
B-5. Métodos indutivos de baixa freqüência (variantes terrestre, aérea e de poço)
Hz)
B-6. Método dos processos transitórios (tempo do processo de formação 10 -3 a
10 -2 s)
C. Métodos de Campo
Variáveis - C-1. Métodos de radiografia
Freqüências C-2. Caminhamento com ondas radiofônicas
Radiofônicas (10 5 a 10 7 C-3. Método rádio comparativo
Hz)

Ainda segundo os autores referidos, em função da natureza dos campos


eletromagnéticos investigados, se diferenciam os métodos de campo natural e métodos de
campo artificial. O segundo grupo é mais numeroso, o que está relacionado com a diversidade
dos métodos de excitação do campo. Em relação com a situação da fonte do campo e dos
pontos de observação, se diferenciariam em: superficiais, profundos, marinhos e aéreos.
Orellana (1972), apresenta uma classificação (Tabela III-02), também baseada no campo
eletromagnético criado: natural ou artificial, acrescentando outro critério, relacionado à
atribuição em subsuperfície, da informação obtida, ou seja, na vertical a partir de um ponto,
variando com a profundidade ou, então, ao longo de um perfil na superfície do terreno com
profundidades aproximadamente constantes (respectivamente, sondagens e caminhamentos).
Este autor referido, também considera se o campo eletromagnético é constante (corrente
contínua) ou varia com o tempo (métodos de campo variável).

Tabela III-02. Classificação dos métodos geoelétricos – Orellana (1972).


A. Métodos A-3. Método magneto-telúrico (sondagens e
A-1. Método do potencial espontâneo
de Campo caminhamentos)
A-2. Método de correntes telúricas
Natural A-4. Método AFMAG
B-1-1. Método das linhas equipotenciais e do corpo carregado (mise-a-la-
B-1. Métodos
masse)
de Campo
B-1-2. Sondagens Elétricas (simétricas, dipolares, etc.)
Constante
B-1-3. Caminhamentos elétricos (várias modalidades)
B. Métodos B-2-1. Sondagens de freqüência
de Campo B-2-2. Sondagens por estabelecimento de campo (transitórios)
B-2. Métodos
Artificial B-2-3. Caminhamentos eletromagnéticos (métodos de inclinação de campo,
de Campo
Turam, Slingram, etc.)
Variável
B-2-4. Método “Radio-Kip”
B-2-5. Método de radiografia hertziana
B-3. Método da Polarização Induzida
Braga, A.C.O. 16

Entretanto, essas classificações propostas ainda não são as mais adequadas, podendo
apresentar certas confusões para o usuário leigo, misturando parâmetros físicos medidos com
procedimentos de campo.
Uma classificação proposta para os métodos geoelétricos, é baseada apenas em três
critérios: métodos geoelétricos, técnicas de investigação e arranjos de desenvolvimento de
campo. Essa classificação, procura revelar os métodos geoelétricos para qualquer tipo de
usuário, tornando simples o entendimento de suas várias modalidades existentes, e
conseqüentemente, seus empregos adequados em função dos objetivos e geologia a serem
estudadas.
Método nos leva a identificar as características dos diferentes materiais, pelas quais
alcançamos determinado fim ou objetivos, pode-se considerar uma forma de se chegar à
natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para explicá-lo. Os
diferentes materiais geológicos apresentam, determinadas propriedades físicas características,
as quais definem os métodos geofísicos. Portanto, considera-se como método geoelétrico,
aquele decorrente do parâmetro físico obtido, através de equipamentos apropriados. O método
visa levar a uma caracterização e identificação dos diferentes materiais geológicos,
procurando atingir os objetivos da pesquisa.
O método geoelétrico, se faz acompanhar das técnicas de campo, que são o suporte
prático de desenvolvimento, são os instrumentos que o auxiliam para que se possa chegar a um
determinado resultado. Para se estudar as variações do(s) parâmetro(s) físico(s) obtido(s) dos
materiais geológicos, tanto no campo como em laboratório, podem-se assumir três formas
práticas de investigação:
(a) investigações das variações do(s) parâmetro(s) físico(s) em profundidade, a partir de um
ponto fixo na superfície do terreno (sondagens);
(b) investigações laterais a partir de pontos não fixos na superfície do terreno, com uma ou
mais profundidades constantes (caminhamentos); e,
(c) investigações no interior de furos de sondagens mecânicas (perfilagens).
Para o desenvolvimento das técnicas de campo, diferentes procedimentos de campo
podem ser adotados, levando ao mesmo fim. Esses procedimentos referem-se à disposição dos
acessórios (eletrodos) necessários para a execução das técnicas, e são denominados de
arranjos de campo, os quais, apresentam uma grande variedade de opções.
Esses critérios, na prática, revelam-se de fácil entendimento e utilização, tornando claro
o tipo de levantamento geofísico empregado. Portanto, em função do exposto, apresenta-se
uma proposição para a classificação dos métodos geoelétricos aplicados, a qual pode ser
Braga, A.C.O. 17

definida conforme a Figura III-01. A Figura III-02, apresenta um detalhamento da


classificação proposta.

Parâmetro físico obtido MÉTODO • caracteriza e identifica os materiais


(variável) GEOELÉTRICO geológicos

Tipo de investigação dos TÉCNICA DE • suporte prático de auxílio, para se


parâmetros físicos INVESTIGAÇÃO atingir os objetivos

Procedimento de ARRANJO DE • disposição dos acessórios –


desenvolvimento das técnicas DESENVOLVIMENTO eletrodos, para execução das técnicas

Figura III-01 - Classificação dos métodos geoelétricos - geral.

Parâmetros físicos ARRANJOS


MÉTODOS TÉCNICAS
- Variáveis (principais)

Sondagem Elétrica
Schlumberger; Wenner.
Vertical - SEV

Resistividade (ρ) Eletrorresistividade Sondagem Elétrica Axial; Equatorial;


Dipolar - SED Azimutal.
Galvânicos

Perfilagem Elétrica Dipolo-Dipolo; Polo-


Cargabilidade (M) Polarização Induzida - PERF Dipolo; Polo-Polo;
Caminhamento Gradiente;
Elétrico - CE Schlumberger; Wenner.
Potencial
Potencial Espontâneo
Natural (V)

Eletromagnético - Sondagem Eletro-


Resistividade (ρ) Loop Central.
Domínio do tempo magnética - TDEM

Sondagem Eletro- Dipolo magnético e


Eletromagnético - magnética - SEM horizontal.
Domínio da freqüência
Caminhamento Vertical loop; Horizontal
Indutivos

Eletromagnético - CEM loop - Slingam; Turam.

Common Mid Point


Sondagens

- CMP
Condutividade (σ)
Paralelo; Perpendicular;
Radar de Wide Angle Reflection
Broadside; Endfire;
Penetração no Solo and Refraction - WARR
Permissividade Polarização cruzada.
Dielétrica (ε) Caminhamento
Common Offset

Figura III-02 – Classificação dos métodos geoelétricos - detalhamento.

3.2. MÉTODO DA ELETRORRESISTIVIDADE


Pertencente ao grupo dos métodos geoelétricos, a eletrorresistividade – ER, é um
método geofísico cujo princípio está baseado na determinação da resistividade elétrica dos
materiais que, juntamente com a constante dielétrica e a permeabilidade magnética,
expressam fundamentalmente as propriedades eletromagnéticas dos solos e rochas.
Os diferentes tipos de materiais existentes no ambiente geológico, apresentam como
uma de suas propriedades fundamentais o parâmetro físico resistividade elétrica, o qual reflete
algumas de suas características servindo para caracterizar seus estados, em termos de
Braga, A.C.O. 18

alteração, fraturamento, saturação, etc., e até identificá-los litologicamente, sem necessidade


de escavações físicas.
Da Lei de Ohm∗, define-se que a relação
A
entre a resistividade (ρ) e a resistência (R) de Circuito
I
um condutor homogêneo, de forma cilíndrica
R Cilindro condutor S
ou prismática (Figura III-03), é dada pela
L
equação:
L Figura III-03 - Relação resistividade e
R=ρ (ohms) III-01 resistência.
S
onde, L é o comprimento e S a seção transversal do condutor. A magnitude ρ é um coeficiente
que depende da natureza e do estado físico do corpo considerado e recebe o nome de
resistividade. Deste modo pode-se definir a resistividade elétrica deste corpo como sendo:
S
ρ=R (ohm.m) III-02
L
Portanto, a dimensão da resistividade é o produto de uma resistência elétrica por uma
longitude; em função disto, a unidade de resistividade no sistema SI será ohm.m. De maneira
simplista, a resistividade pode ser definida como sendo uma medida da dificuldade que a
corrente elétrica encontra na sua passagem em um determinado material, e isto está ligado aos
mecanismos pelos quais a corrente elétrica se propaga.
Na Terra, ou qualquer corpo tri-dimensional, a corrente elétrica não flui por um único
caminho, como no caso do condutor da Figura III-03.
A
Considerando uma bateria conectada ao
superfície do terreno
solo (Figura III-04), através de cabos e
lin
ha
eletrodos, por dois pontos distantes um do r de
co
rre
outro, a Terra, que não é um isolante perfeito, nt
e

conduz a corrente elétrica gerada pela bateria. de ial


ha nc
lin ote
uip
Neste estágio, assume-se que a eq

resistividade do solo é uniforme. Figura III-04 – Potencial no semi-


espaço.
ρ.r ρ
Aplicando a Equação III-01 no semi-espaço, tem-se: R= = ,
2π . r 2 2π . r
substituindo em V = R . I (Lei de Ohm), resulta em:
ρI
V= III-03
2π r
Braga, A.C.O. 19

Portanto, considerando o subsolo com uma resistividade constante, pode-se determinar


sua resistividade:
V
ρ = 2π r III-04
I
onde: V = potencial, I = corrente, ρ = resistividade, e r = distância entre o eletrodo de
corrente e o ponto no qual o potencial é medido.
Ao se conectar um cabo condutor de uma V A

bateria a um eletrodo de corrente (Figura III- superfície do terreno

05), pode-se medir o valor da intensidade de lin


ha
r de
corrente – I; e, conectando um voltímetro a co
rre
nt
e
dois eletrodos, um localizado próximo ao de
de al
a n ci
corrente e outro mais afastado (distância r), h
li pote
n
ui
eq
pode-se medir a diferença de potencial (∆V),
Figura III-05 – Diferença de potencial
entre estes dois locais. no campo.
Ocorre que na prática, este procedimento não é usual, devido a grande distância entre os
dois eletrodos de corrente. Portanto, devem-se reduzir as distâncias entre os quatros eletrodos.
Então, a configuração usual, consiste em se utilizar quatro eletrodos (AMNB), mantidos
conforme a Figura III-06.

A
V
A M N B
O unesp
Braga, A.C.O.
lin
ha
de
co
rre
nt
e

e
ad l
linh tencia
q u ipo
e

Figura III-06 – Configuração tetraeletródica usual de campo.

Em geral, os arranjos de campo dos métodos geoelétricos principais, constam de quatro


eletrodos cravados na superfície do terreno. Um par de eletrodos serve para introduzir a
corrente elétrica no subsolo (AB), enquanto que, o outro par, é utilizado para medir a
diferença de potencial que se estabelece entre eles (MN), como resultante da passagem desta
corrente.


Lei de Ohm: em um cilindro condutor, a corrente (I) é proporcional a voltagem (V) – V = R . I
Braga, A.C.O. 20

A determinação do potencial resultante deste campo elétrico criado, pode ser


demonstrado da seguinte maneira: conforme esquema apresentado na Figura III-06, a corrente
elétrica de intensidade I é introduzida no subsolo por meio dos eletrodos A e B e o potencial
V gerado, é medido por meio dos eletrodos denominados de M e N.
Ao supor que o meio investigado é homogêneo e isotrópico e tomar a Equação III-03,
tem-se que o potencial no eletrodo M e N, respectivamente, será dado por:
Iρ  1 1  Iρ  1 1 
VM =  −  III-05 VN =  −  III-06
2π  AM BM  2π  AN BN 
A diferença de potencial medida no equipamento para determinada posição dos
eletrodos MN, será: ∆VMN = VM – VN, assim:
Iρ  1 1 1 1 
∆VMN =  − − +  III-07
2π  AM BM AN BN 
Pode-se então, calcular o valor da resistividade ρ do meio investigado mediante as
seguintes equações:
−1
∆V onde, K = 2 π. 1 − 1 − 1 + 1 
ρ = K. III-08 III-09
I  AM BM AN BN 
Portanto, o uso do método da eletrorresistividade no campo, é baseado na capacidade do
equipamento em introduzir uma corrente elétrica no subsolo a diferentes profundidades de
investigação, e calcular as resistividades dos materiais geológicos a estas várias
profundidades.
Ao utilizar o mesmo arranjo de eletrodos para efetuar medições sobre um meio
homogêneo (Figura III-07a), a diferença de potencial observada ∆V será diferente da
registrada sobre um meio heterogêneo (Figura III-07b), pois o campo elétrico deverá sofrer
modificações em função desta heterogeneidade dos materiais geológicos.

A M N B A M N B

ρ1
ρ1 ρ2
Meio homogêneo Meio
unesp heterogêneo unesp
(a) Braga, A.C.O. (b) Braga, A.C.O.

Figura III-07 – Resistividade em meios homogêneos (a) e heterogêneos (b).

Como na prática o subsolo não pode ser considerado um meio homogêneo, a quantia
medida representa uma média ponderada de todas as resistividades verdadeiras em um volume
Braga, A.C.O. 21

de material em subsuperfície relativamente grande. Portanto ao efetuar as medições


pertinentes obtém-se uma resistividade aparente (ρ a), a qual é uma variável que expressa os
resultados das medições de alguns dos métodos geoelétricos, e é a que se toma como base
para a interpretação final. As dimensões da resistividade aparente, em virtude de sua
definição, são as mesmas que para a resistividade, e sua unidade será também ohm.m.
Em solos e rochas os mecanismos pelos quais a corrente elétrica se propaga, são
caracterizados pela sua condutividade σ, que numericamente pode ser expressa como o
inverso da resistividade, portanto:
1
σ= (siemens/m) III-10
ρ
Esses mecanismos de propagação das correntes elétricas podem ser do tipo
condutividade eletrônica ou iônica. A classificação destes tipos de condutividade pode ser
sintetizada da seguinte maneira:
• deve-se ao transporte de elétrons na matriz da rocha, sendo
Condutividad metais e
a sua resistividade governada pelo modo de agregação dos
e eletrônica semicondutores:
minerais e o grau de impurezas.
eletrólitos sólidos • deve-se ao deslocamento dos íons existentes nas águas
Condutividad (dielétricos) e contidas nos poros de uma massa de solo, sedimentos
e iônica eletrólitos inconsolidados ou fissuras das rochas. Este tipo de
líquidos: mecanismo é o que interessa na Hidrogeologia.

A resistividade das rochas que possuem condutividade iônica é função decrescente da


quantidade de água, da natureza dos sais dissolvidos e da porosidade total comunicante∗.
Praticamente, todas as rochas possuem poros em proporção maior ou menor, os quais podem
estar ocupados, totais ou parcialmente, por eletrólitos sendo que, em conjunto, elas se
comportam como condutores iônicos, de resistividades muito variáveis.
Segundo Iakubovskii & Liajov (1980), uma rocha condutora de corrente elétrica pode
ser considerada como sendo um agregado com estrutura de minerais sólidos, líquidos e gases,
na qual sua resistividade é influenciada pelos seguintes fatores:

1) resistividade dos minerais que 4) textura da rocha e a forma e distribuição de seus


formam a parte sólida da rocha; poros;
2) resistividade dos líquidos e 5) processos que ocorrem no contato dos líquidos
gases que preenchem seus poros; contidos nos poros e a estrutura mineral, tais como:
3) umidade e porosidade da rocha; processo de adsorsão de íons na superfície do esqueleto
mineral, diminuindo a resistividade total destas rochas.


Segundo Orellana (1972), a água contida em poros isolados tem pouca importância.
Braga, A.C.O. 22

Portanto, a resistividade das rochas, depende de vários fatores para que se possa atribuir
um só valor para um determinado tipo litológico. Rochas de mesma natureza, podem
apresentar suas resistividades influenciadas pelas condições locais de: conteúdo em água;
condutividade da água; e, tamanho dos grãos, porosidade, metamorfismo, efeitos tectônicos,
etc.
Um mesmo tipo litológico pode apresentar, então, uma ampla gama de variação nos
valores de resistividade. Como relata Sumner (1976), individualmente, os minerais são
razoavelmente consistentes em suas características elétricas, mas num agregado, como ocorre
na natureza, a variação total de suas resistividades é muito maior. A Figura III-08, apresenta
as variações típicas, nos valores de resistividade para sedimentos não saturados e saturados, e
rochas.

Sedimentos Rochas
100000

50000
30000
20000

10000

5000
Resistividade (ohm.m)

3000
2000

1000

500
300
200

100

50
30
20

10
não argiloso argilo- areno- arenoso argilito arenito marga calcário anidrita basalto meta- ígneas
saturado arenoso argiloso e/ou mórficas
diabásio

Figura III-08 – Faixas de variações nos valores de resistividade – solos/sedimentos e


rochas.

Para se efetuar uma correlação adequada com a geologia, em uma determinada área de
estudo, é fundamental a localização geográfica e o entendimento da geologia local em termos
estratigráficos. Entretanto, para a interpretação dos dados do método da eletrorresistividade,
alguns critérios para efetuar a associação resistividade/litologia, podem ser observados e
seguidos:
1. em uma área estudada, as margens de variação são bem mais reduzidas e em geral podem
identificar as rochas em função das resistividades;
Braga, A.C.O. 23

2. a partir de dados coletados previamente (SEV´s paramétricas, perfilagens elétricas,


mapeamento geológico, perfis geológicos de poços confiáveis, etc.), o modelo final pode
ser determinado.
Como demonstrado por diversos autores, as resistividades das águas que saturam os
materiais no subsolo, podem apresentar uma variação muito ampla, mas de baixos valores. Na
maioria dos casos, estas soluções aquosas contêm diversos sais minerais dissolvidos, sendo
um dos principais o cloreto de sódio (NaCl). A resistividade das águas é inversamente
proporcional à concentração destes sais dissolvidos.
A quantidade e classe, desses sais minerais, dependem da natureza das rochas nas quais
as águas tenham percolado em seu fluxo superficial ou subterrâneo. Como a maioria das
rochas existentes na natureza é constituída por minerais, tais como, o quartzo, os silicatos, a
calcita, etc., os quais são considerados praticamente isolantes em termos de propagação da
corrente elétrica, estas rochas seriam mal condutoras de eletricidade, sendo consideradas,
portanto, no seu todo, praticamente isolantes. Em alguns casos, as rochas com quantidade
apreciável de alguns minerais semicondutores, tais como, pirita, pirrotita, magnetita, etc.,
poderiam ser consideradas condutoras.
Entretanto, praticamente todas as rochas possuem poros em quantidades variáveis, os
quais podem estar preenchidos por eletrólitos. Estas rochas, comportam-se como condutoras
iônicas, pois a corrente elétrica flui praticamente através do eletrólito de saturação, pois a
estrutura mineral, como dito anteriormente, conduz mal a corrente elétrica.
A relação entre a resistividade global das rochas e a do eletrólito que preenche seus
poros, pode ser determinada através do coeficiente F - Fator de Formação, através de: F = ρr
/ ρa , onde, ρ r é a resistividade média da rocha (matriz e poros incluídos) e ρ a a resistividade
da solução de saturação dos poros.
O fator de formação é um coeficiente importante nos estudos da resistividade do
subsolo, podendo determinar, a partir de levantamentos geofísicos por eletrorresistividade,
uma estimativa bastante próxima do real, das porosidades de diferentes formações geológicas.
Os trabalhos de Griffiths (1976), Kelly (1977a e 1977b), Niwas & Singhal (1981),
Worthington (1976) e Orellana (1972), discutem a utilização da resistividade na determinação
da porosidade e permeabilidade das rochas.
Como se discutiu até agora, pode-se deduzir que as resistividades das rochas dependem,
realmente, de inúmeros fatores e podem apresentar uma ampla gama de variação. Portanto, na
interpretação dos dados de resistividades dos materiais no subsolo, obtidas a partir da
superfície do terreno, é fundamental, tanto a experiência do intérprete como o conhecimento
Braga, A.C.O. 24

geológico da área estudada, não podendo realizar esta associação (parâmetro físico-
geológico) de forma puramente automática.
As resistividades dos solos, quando saturados, seguem os padrões descritos
anteriormente, identificando e caracterizando os diferentes tipos de materiais geológicos
localizados em subsuperfície. Entretanto, quando os solos encontram-se secos, porção
localizada acima do nível d'água, seus valores são considerados atípicos, apresentando uma
ampla faixa de variação (por exemplo, 100 a 10.000 ohm.m) não identificando os materiais
em subsuperfície em termos litológicos. As variações das resistividades, neste caso, refletem
apenas as pequenas variações de saturação existentes.

3.3. MÉTODO DA POLARIZAÇÃO INDUZIDA


O método da polarização induzida – IP, teve sua origem por volta de 1920, quando o
pesquisador Conrad Schlumberger, ao realizar trabalhos geofísicos com os métodos
geoelétricos próximos de jazimentos de sulfetos, observou que, quando a corrente elétrica
introduzida no subsolo era interrompida, o campo elétrico criado não desaparecia
bruscamente, mas sim de uma maneira lenta (Orellana, 1974).
Esta polarização induzida ou residual, também denominada de sobretensão, não teve sua
importância considerada por Schlumberger, talvez não acreditando em sua utilidade prática.
Na obra de Sumner (1976), considerada uma das principais publicações referentes a esta
metodologia geofísica, é citado, historicamente, como sendo Schlumberger, o primeiro que
descreveu conclusivamente a "resposta IP".
Em estudos hidrogeológicos, Börner et al (1996), procuraram estimar a permeabilidade
hidráulica de um aqüífero, a partir da polarização induzida, citando que as propriedades
elétricas e hidráulicas de um material geológico são governadas pela geometria do espaço-
poro e pela relação das microestruturas do espaço poroso.
Conforme observado por pesquisadores, desde o início do século passado, na teoria, a
resposta da polarização induzida é uma quantidade, com dimensões, muito reduzida, sendo na
prática medida tal como uma variação de voltagem em função do tempo ou freqüência,
denominados, respectivamente, de IP-Domínio do Tempo (usado na presente pesquisa) e IP-
Domínio da Freqüência.
No IP - Domínio do tempo, ao se aplicar, por intermédio de eletrodos de corrente
denominados convencionalmente de A e B, cravados na superfície do terreno, uma diferença
de potencial ∆V primária ao solo, é provocada conseqüentemente uma polarização do mesmo.
Braga, A.C.O. 25

Esta diferença de potencial +∆Vp


envio
primária (∆Vp) não se estabelece e nem
repouso repouso
forma da onda
se anula instantaneamente quando a da voltagem forma da onda
primária da voltagem envio
corrente é emitida e cortada em pulsos transmitida secundária ou −∆Vp
∆Vp curva de
descarga IP
sucessivos.
Vs (t0)
Ela varia com o tempo na forma de
∆Vip (t)
uma curva ∆VIP = f(t). Esta curva, liga a
M1 M
2 M
assíntota ∆Vp em regime estacionário t1
3
t0 t1 t2 t3 t4 t
t0
com a assíntota zero após o corte da
Figura III-09 - Curva de descarga IP-
corrente (Figura III-09). Domínio do Tempo.

A amplitude de um valor ∆VIP (t) está diretamente ligada à maior ou menor capacidade
que os terrenos têm de se polarizarem, constituindo-se, portanto, na base do método. Esta
capacidade de polarização constitui a susceptibilidade IP dos materiais da terra.
Analogamente, pode-se descrever o fenômeno da polarização induzida, como se o solo
contivesse pequenos condensadores, que se carregariam durante a emissão de corrente,
descarregando-se após o corte. A curva ∆VIP = f(t) poderia ser chamada então de curva de
descarga IP.
Os fenômenos físico-químicos que poderiam explicar a polarização induzida são muito
complexos, sendo que a maior parte dos autores concordam em distinguir duas origens
possíveis para a polarização induzida:
a) Polarização Metálica ou Eletrônica: na superfície limite de um corpo ou partícula metálica
submetido à uma corrente elétrica, têm-se uma passagem da condução iônica para a
eletrônica, e vice-versa. Isto resulta no fato de que em duas superfícies opostas do corpo
sejam produzidas concentrações de íons, os quais não cederam suas cargas ao corpo, ou seja,
não tomaram elétrons do corpo nem cederam a ele.
Ao se cortar essa corrente, a distribuição dos íons se modifica e volta a seu estado
inicial levando, para isto, um certo tempo, durante o qual existe uma polarização no corpo,
atribuída aos efeitos observados (Figura III-10).
condução condução condução
iônica eletrônica iônica
- - + -- + +
Figura III-10 - Sobretensão de uma + - +++ - +
- -
partícula metálica submergida em um - - - + -
-+ + + +
eletrólito (Orellana, 1974). + - ++ - + -
- +
- +
- - ++ - + +
-
unesp
sentido da corrente Braga, A.C.O.
Braga, A.C.O. 26

Este fenômeno pode ser utilizado, na prática, na prospecção de minerais metálicos


condutores (condutibilidade eletrônica), os quais não precisam apresentar uma boa
continuidade elétrica. O fenômeno IP é tão mais intenso quanto menor a continuidade elétrica
entre os grãos minerais. As mineralizações finamente disseminadas em uma rocha fornecem
respostas muito intensas e isto constitui a grande vantagem da polarização induzida com
relação aos outros métodos geoelétricos, tais como, eletrorresistividade e eletromagnético.
b) Polarização de Membrana: este fenômeno ocorre em rochas carentes de substâncias
metálicas, e é devido a uma diferença de mobilidade entre os ânions e cátions, produzida pela
presença de minerais de argila (Figura III-11).
nuvem eletrólito com
caminho
catiônica cargas normais
do poro
+ ++ - - + + - +
- + + ++ + + + + + + +++
Figura III-11 - Polarização de (a) + - -- -- ---- - + - + - -- -- ---- -
membrana. (a) meio poroso antes da zona de
zona de
deficiência passagem
concentração ânions
aplicação de um campo elétrico. (b) de íons
de íons bloqueados
de cátions

meio poroso após a aplicação de um + + +


- + + ++ -
+ +- -+ + + + + +-
+ + + + +
campo elétrico (Ward, 1990). (b) - -
- - - -
++ -- - - + - + -- -- ----
unesp
partículas de argila Braga, A.C.O.
com carga negativa

Tais minerais se carregam negativamente, atraindo uma "nuvem catiônica" que permite a
passagem dos portadores positivos mas não dos negativos, exercendo o efeito de uma
membrana. Assim, são produzidos gradientes de concentração, que levam um tempo a
desaparecer depois de suprimida a tensão exterior, e que originam, portanto, uma sobretensão
residual.
Sumi (1965), relata que a polarização induzida em minerais e rochas não metálicas seria
causada principalmente pelo potencial de membrana, que aparece, se no eletrólito, contido
nos poros dos materiais, a corrente elétrica circula através de uma membrana semipermeável
(minerais de argila existentes na natureza). Isto ocorreria devido ao fato de que esta
membrana seria permeável somente para cátions.
Segundo Sumi (op.cit.), os minerais polieletrolíticos reagiriam com os eletrólitos de tal
maneira que a troca de íons na solução ocorreria entre eles mesmos. Minerais de argila
possuiriam a propriedade de conservar certos ânions e cátions durante a troca, atuando
portanto, como membranas semipermeáveis. Esta polarização da membrana atuaria também
após o corte do campo elétrico aplicado, até que a concentração de equilíbrio fosse
novamente obtida.
Braga, A.C.O. 27

Vacquier et al. (1957), em seus estudos sobre a aplicabilidade da polarização induzida


em aqüíferos, chegaram a algumas conclusões interessantes, quais sejam: (1) em arenitos ou
aluviões saturados com água, a polarização induzida aparece quando as superfícies da areia ou
cascalho são parcialmente revestidas com uma película de argila; (2) areia quartzosa pura,
saturada com água, não mostra quase nenhum efeito IP; (3) a magnitude da polarização
induzida depende da resistividade da solução, da quantidade e espécie de argila, e do cátion
que satura a argila; e, (4) geralmente, a polarizabilidade diminui com a diminuição da
resistividade, então camadas de argilas e águas salgadas dão pequenos efeitos IP.
Para o entendimento das variações da resistividade e cargabilidade com a litologia dos
materiais, pode-se utilizar o trabalho de Draskovits et al. (1990) - Figura III-12. Esses
autores, após uma correlação geológica-geoelétrica, obtida através das técnicas de campo, da
sondagem elétrica vertical e perfilagem elétrica IP-Resistividade, apresentaram as seguintes
conclusões:
10

(1) a resposta IP, em camadas com


misturas de areias e argilas, é bem
8
SILTES
maior que a resposta em camadas
CARGABILIDADE APARENTE (%)

argilosas puras; 6
AREIAS FINAS

(2) argilas puras, apresentam baixa


resistividade e baixa polarização; 4

(3) camadas arenosas, apresentam alta AREIAS GROSSAS


E
CASCALHO
resistividade e cargabilidade 2 ARGILAS

intermediária; e,
(4) camadas siltosas, apresentam alta 0
0 20 40 60 80 100
polarização e resistividade RESISTIVIDADE APARENTE (ohm.m)

intermediária. Figura III-12 – Resistividade, cargabilidade e


a litologia, (Draskovits et al., 1990).

Existem na literatura, diversas proposições de parâmetros para expressar as observações


da polarização induzida. No IP-Domínio do Tempo, a curva de descarga ∆VIP = f(t) é o objeto
de estudo. Na Figura III-09, mostrada anteriormente, tem-se a forma da onda primária
transmitida e a curva de descarga IP. A curva de descarga pode ser estudada em sua totalidade
ou apenas amostrada em alguns intervalos de tempo.
O parâmetro medido em IP (Tempo) é chamado de cargabilidade (M) e pode ser
expressa em % ou mV/V (Equação III-11), ou ainda ms, dependendo do equipamento
utilizado.
Braga, A.C.O. 28

∆VIP × 1000
M= (mV/V) III-11
∆VP
Como ocorre no método da eletrorresistividade, se as medidas da polarização induzida
são efetuadas sobre um terreno cujo subsolo é homogêneo, qualquer das magnitudes definidas
acima podem ser utilizadas como medida de sua polarização verdadeira. Na prática, como o
meio pode ser considerado heterogêneo, o parâmetro resultante das medidas, no IP-Domínio
do Tempo, é denominado de cargabilidade aparente (Ma).

3.4. TÉCNICAS DE CAMPO DOS MÉTODOS GEOELÉTRICOS


Como apresentado no sub-item 3.1., as técnicas de ensaios geofísicos dos métodos
geoelétricos, podem ser de três tipos principais: caminhamentos, perfilagens e sondagens. A
diferença básica entre essas técnicas, está no procedimento de campo para se obter o
parâmetro físico a ser estudado, ou seja, na disposição dos eletrodos na superfície do terreno
ou interior de furos de sondagens e a maneira de desenvolvimento dos trabalhos para se obter
os dados de campo, ligada aos objetivos da pesquisa e geologia da área.
Esses três tipos de técnicas de prospecção pelos métodos geoelétricos amplamente
utilizados, são ilustradas e definidos a seguir.

A técnica do caminhamento elétrico – CE,


A M N B
aplica-se principalmente, em situações cujos
objetivos das pesquisas visam determinar
descontinuidades laterais dos materiais
Investigação lateral
geológicos em subsuperfície, tais como: diques e
Investigações laterais das variações de
"sills", contatos geológicos, fraturamentos e/ou parâmetros geoelétricos, a uma ou mais
profundidades fixas, efetuadas na
falhamentos, corpos mineralizados, etc.. superfície do terreno.

Esta técnica pode ser empregada também em estudos ambientais, como determinar a
posição do lençol freático e a direção do fluxo d’água subterrâneo (menor precisão que as
SEV’s), e mapear a plumas de contaminação no subsolo.
Braga, A.C.O. 29

A perfilagem elétrica – PERF, é uma


A
técnica utilizada e desenvolvida no interior de
furos de sondagens mecânicas. Seus objetivos M
principais são os de estudar as variações de N
B
parâmetros físicos in situ. É aplicada na Investigação “in situ”
hidrogeologia e na prospecção de petróleo, como Investigações laterais e em profundidade
das variações de parâmetros geoelétricos,
por exemplo, na determinação de níveis efetuadas no interior de furos de
sondagens mecânicas.
arenosos/argilosos, permeabilidades, etc.

A sondagem elétrica - SE, é empregada em A M N B

situações cujos objetivos sejam investigar em


profundidade os diferentes tipos e situações
geológicas, determinando suas espessuras e Investigação em profundidade
resistividades e/ou cargabilidades, a partir de um Investigações das variações de
parâmetros geoelétricos com a
ponto fixo na superfície de terreno. profundidade, efetuadas na superfície do
terreno a partir de um ponto fixo.

Para se obter uma maior performance dessa técnica, as investigações devem ser
efetuadas, preferencialmente, em terrenos compostos por camadas lateralmente homogêneas
em relação ao parâmetro físico estudado, e limitadas por planos paralelos à superfície do
terreno - meio estratificado.
As sondagens elétricas podem ser simétricas ou dipolares. As simétricas são
denominadas de sondagens elétricas verticais - SEV, enquanto que as dipolares, são
denominadas de sondagens elétricas dipolares – SED (Orellana, 1972). Além de apresentar
excelentes resultados, a SEV é uma das mais utilizadas no mundo inteiro, envolvendo estudos
rasos aplicados à Geologia de Engenharia, Ambiental, Hidrogeologia, etc., como, pode ser
utilizada também, para estudos profundos de cunho acadêmico ou aplicados à Geologia de
Petróleo.
Essas técnicas de investigação do subsolo, apresentam maneiras de disposição dos
eletrodos na superfície do terreno - arranjos de campo - variando em função dos objetivos do
trabalho e de situações gerais de campo, tais como, topografia, ruídos artificiais indesejáveis,
urbanização, etc.

3.4.1. Sondagem Elétrica Vertical - SEV


A técnica da sondagem elétrica consiste em uma sucessão de medidas de um parâmetro
geoelétrico (resistividades e/ou cargabilidades aparentes), efetuadas, a partir da superfície do
Braga, A.C.O. 30

terreno, mantendo-se uma separação crescente entre os eletrodos de emissão de corrente e


recepção de potencial. Quando os eletrodos são alinhados na superfície do terreno de maneira
simétrica, ou assimétrica com um eletrodo no “infinito”, e durante a sucessão de medidas, a
direção do arranjo e o centro do dipolo de recepção de potencial permanecem fixos, tem-se a
sondagem elétrica vertical.
Existem dois tipos principais de arranjos de campo para o desenvolvimento da técnica
da SEV: Schlumberger e Wenner (Figura III-13). Enquanto que o primeiro, é utilizado na
maioria dos países europeus, principalmente, França e Rússia e no Brasil, o segundo tipo é
utilizado mais no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.
(a) Schlumberger (b) Wenner
L L a a a
a
A M O N B A M O N B
MN ≤ AB/5

a: fixo unesp unesp


L: crescente Braga, A.C.O. a: crescente Braga, A.C.O.

Figura III-13 - Arranjo de campo Schlumberger - SEV.

Apesar das diferenças entre estes dois tipos de arranjo, serem pequenas, o Schlumberger
pode ser considerado superior, tanto em praticidade como em qualidade dos resultados
(Tabela III-03), e é o adotado na maioria dos trabalhos desenvolvidos em nosso país.

Tabela III-03. Diferenças práticas entre os arranjos Schlumberger e Wenner.


Schlumberger Wenner
- Mais prático no campo, é necessário o - Menos prático no campo, é necessário o
deslocamento de apenas dois eletrodos deslocamento dos quatro eletrodos (AMNB);
(AB); - As leituras estão mais sujeitas às interferências
- As leituras estão menos sujeitas às produzidas por ruídos indesejáveis;
interferências produzidas por ruídos - Mais susceptível a erros interpretativos devido a
indesejáveis; e, heterogeneidades laterais; e,
- Menos susceptível a erros interpretativos - Ideal para medidas da resistividade e/ou resistência
em terrenos não homogêneos. do solo para fins, por exemplo, de aterramento.

Arranjo Schlumberger
A idéia básica deste arranjo (Figura III-13/a), é fazer com que à distância a que separa
os eletrodos M e N se mantenha fixa e tenda a zero em relação à distância crescente de L
Braga, A.C.O. 31

(entre AO e OB). O modelo geoelétrico final obtido, através da interpretação dos dados, é
atribuído ao ponto central do arranjo.
As leituras, neste tipo de arranjo, estão menos sujeitas às variações laterais no parâmetro
físico medido, irregularidades na superfície topográfica e ruídos produzidos por fontes
artificiais. Com isto as leituras de campo apresentam maior precisão, resultando numa
interpretação mais próxima da realidade e coerente com os princípios gerais que norteiam a
técnica da SEV.
Segundo Orellana (1972), o erro produzido por esse tipo de arranjo, que se reflete nos
dados de campo, em função dos ajustes necessários nas equações gerais básicas, pode ser
considerado insignificante, não se traduzindo em desvantagem. Nas medições de campo,
pode-se adotar a norma sugerida pelo autor referido quanto à relação entre os eletrodos: MN
≤ AB/5; então, para MN = a e AB = 2L, demonstrou-se que para esta relação o erro nas
leituras de campo seria de aproximadamente 4%.
No desenvolvimento de uma SEV – arranjo Schlumberger, ao introduzir, no subsolo, a
corrente elétrica (I) por meio dos eletrodos A e B, resulta que entre os eletrodos M e N mede-
se a diferença de potencial (∆V) criada. As medidas obtidas são utilizadas para o cálculo da
resistividade aparente, utilizando-se as equações:

ρ a = K.
∆V
(ohm.m); III-12 K=
(
π. AM.AN ) III-13
I MN
onde, K é um fator geométrico que depende do espaçamento AMNB utilizado. Durante o corte
da corrente elétrica, o equipamento analisa e fornece o valor da cargabilidade aparente. Ao
aumentar-se à distância entre os eletrodos de corrente AB, o volume total da subsuperfície
incluída na medida também aumenta, permitindo alcançar camadas cada vez mais profundas.
Os resultados sucessivos estarão, portanto, estritamente ligados com as variações da
resistividade e/ou cargabilidade com a profundidade. A utilização de curvas logarítmicas, para
representação e interpretação dos dados de campo, se dá por que, nestes tipos de curvas, as
variações das estruturas geoelétricas representativas são realçadas, e, principalmente, reduzem
os cálculos teóricos para o traçado das curvas-modelos, usadas na interpretação (Iakubovskii
& Liajov, 1980; Kunetz, 1966; e, Orellana, 1972).
Braga, A.C.O. 32

Os dados geoelétricos, assim obtidos,


100
em cada SEV, são representados por meio 80
60
de uma curva bilogarítmica em função dos
40

Resistividade Aparente (ohm.m)


espaçamentos adotados entre os eletrodos
20
correspondentes - AB/2 (Figura III-14).
As interpretações das curvas de 10
8
campo das SEV’s, devem ser efetuadas 6

considerando os fundamentos que regem a 4

aplicação desta técnica, cuja utilização se


2

dá em áreas nas quais a distribuição do


1
parâmetro físico no subsolo corresponde, 1 2 4 6 8 10 20 40 60 80100
Espaçamento AB/2 (m)
com razoável aproximação, ao modelo dos
Figura III-14 – Plotagem dos dados - SEV.
meios estratificados.
A finalidade da interpretação de uma SEV é, portanto, (1) determinar a distribuição
espacial dos parâmetros físicos no subsolo, partindo dos dados das curvas de campo
observados na superfície do terreno, e (2) buscar o significado geológico de tais parâmetros.
Ambas as etapas não são de fácil execução, sendo que a primeira se baseia em leis físico-
matemáticas, e a segunda depende fundamentalmente de correlações entre os dados físicos e
geológicos, envolvendo muito a experiência do intérprete.
Os vários processos existentes na literatura para se cumprir a primeira etapa citada
anteriormente, são denominados de processamento dos dados de campo, já que a
"interpretação" inclui, também, a correlação entre os resultados de diferentes SEV’s e a
associação com a geologia das camadas geoelétricas e suas estruturas.
O modelo geoelétrico processado das SEV’s, pode ser obtido por softwares adequados
para computadores, tais como: IX1D versões 2 e 3 (Interpex Limited-USA), IPI2Win versão 3
– Resistivity sounding interpretation (Moscow State University). Esses softwares, além de
apresentarem maior rapidez no processamento, trouxeram uma maior precisão nos modelos
geoelétricos finais. A Figura III-15, ilustra as etapas necessárias na interpretação de uma
SEV, onde após a obtenção das curvas de campo e suavização dos dados, tem-se:
Braga, A.C.O. 33

• etapa-1, análise da morfologia das


curvas de campo, procurando identificar
INTERPRETAÇÃO
as camadas geoelétricas existentes, SEV

definindo um modelo de tipo de curvas. Curvas de Campo

Esta etapa é efetuada analisando-se


todas as SEV's em conjunto; 1. Análise Morfológica

• etapa-2, processamento dos dados das 2. Processamento dos


Dados de Campo
curvas, em função do modelo do item
anterior, utilizando-se de curvas 3. Associação com 4. Modelo Geoelétrico
a Geologia Inicial
preexistentes e/ou programas
5. Modelo Geoelétrico
computacionais, obtendo as Final

resistividades/cargabilidades e Figura III-15 – Etapas na interpretação -


espessuras reais das camadas SEV.
geoelétricas;
• etapa-3, associação com a geologia, envolvendo uma correlação dos modelos obtidos
entre as SEV’s e a geologia local, estabelecendo um modelo geoelétrico inicial (etapa-4);
se necessário, deve-se voltar a novo processamento dos dados de campo, procurando o
melhor ajuste do modelo inicial com a geologia; e, finalmente,
• etapa-5, estabelecimento do modelo geoelétrico final (Figura III-16).
Curva de Campo SEV - ER/IP
10000 Modelo Geoelétrico
8000
res IP ER
6000 1
4000 IP 9.5 400
Profundidade (m)

2000 1.5m
3.6 650
1000 2
800
ρa (ohm.m) e Ma (mV/V)

600 sedimentos
400 superficiais
3 não
200 saturados
4
100
80
60 5
5.5m
40 6
7 11.0 3200
20 modelo geoelétrico
8
9
10 10
8
6
4

2
20 NA
1 22.0m
2 4 6 8 20 40 60 80 200 400 600800
1 10 100 1000 4.5 180 sedimentos
Espaçamento AB/2 (m) 30 arenosos
aqüífero livre
40 42.0m
sedimentos
Obs.: nível geoelétrico descrito em termos de predominância 50 17.4 20 argilosos
do material geológico. 60

Figura III-16 – Interpretação de uma SEV-ER/IP – modelo geoelétrico final.


Braga, A.C.O. 34

A análise morfológica, constitui-se em uma das etapas mais importante da interpretação


das SEV´s. É, nesta análise, que o intérprete define, de maneira qualitativa, o modelo
geoelétrico da área estudada. Ela deve ser efetuada de maneira visual, com todas as SEV´s em
conjunto, procurando identificar as camadas geoelétricas e seus comportamentos em termos
espaciais ao longo da área estudada, considerando, sempre, a geologia local.
Uma questão importante nas análises morfológicas das SEV’s, diz respeito às variações
das resistividades em subsuperfície, correspondendo às distribuições verticais das
resistividades e/ou cargabilidades dentro de um volume determinado do subsolo. Estas
variações podem ser classificadas segundo seu número de camadas geoelétricas, isto é: de
uma (difícil na prática), duas, três, quatro camadas, etc. Em função do número de camadas
identificadas e das variações de resistividades, as colunas geoelétricas podem ser dos tipos:
• duas camadas - a) ascendente: ρ1<ρ 2; b) descendente: ρ1>ρ2;
• três camadas - a) K: ρ1<ρ2>ρ3; b) H: ρ1>ρ2<ρ3; c) A: ρ1<ρ2<ρ3; e, d) Q: ρ1>ρ2>ρ3;
• quatro camadas - a) KH: ρ1<ρ2>ρ3<ρ4; b) QH: ρ1>ρ2>ρ3<ρ4; etc.
As etapas anteriores, relacionadas à interpretação dos dados de uma SEV, são
importantes de serem destacadas, pois a definição do modelo final não é um simples ajuste
das curvas de campo com modelos teóricos, efetuados, principalmente, por meio de
programas existentes para computadores, sem levar em consideração uma análise dos dados
com a geologia da área.
A interpretação puramente automática pode levar a erros graves na definição do modelo
geoelétrico, resultando em uma descrença da técnica e até em prejuízos financeiros para os
usuários. Na prática, já se comprovou inúmeros casos ocorridos em que, a interpretação
efetuada de maneira inadequada, levou a resultados incompatíveis com a geologia da área;
normalmente, atribuindo à ineficiência da técnica.
Cabe destacar as metodologias de processamento dos dados de campo antes do advento
dos softwares existentes hoje em dia. Essas metodologias, apesar de trabalhosas e menos
precisas, são extremamente didáticas e devem ser utilizadas pelos geofísicos interpretes
iniciantes. Nessa linha tem-se o método da superposição, adotado pelos geofísicos franceses
da escola Schlumberger, o qual consiste basicamente na comparação da curva de campo com
curvas teóricas de catálogos existentes, até encontrar uma que coincida perfeitamente com a
de campo.
Uma limitação desta metodologia diz respeito ao fato de que, apesar da utilização de
escalas logarítmicas reduzirem os parâmetros da seção, a quantidade de casos possíveis leva à
Braga, A.C.O. 35

necessidade de uma derivação deste método para outro denominado de método do ponto
auxiliar (Koefoed, 1979a), entre os quais destaca-se o método de Ebert.
Segundo o autor referido, basicamente, o método de Ebert consiste em reduzir
artificialmente o número de camadas da curva de campo, substituindo as duas primeiras por
uma só equivalente a elas e assim sucessivamente, o que permite aplicar o método da
superposição com uma coleção de curvas teóricas de duas ou três camadas para seções
geoelétricas de várias camadas.
Zohdy (1965), apresenta uma relação importante entre o método do ponto auxiliar com
os parâmetros de Dar Zarrouk, ilustrada graficamente, mostrando a utilidade destes
parâmetros na interpretação das curvas de SEV. Considerações sobre a utilização desses
métodos de interpretação e uma coleção de curvas teóricas podem ser encontradas nas obras
de Orellana & Mooney (1966), Compagnie Générale de Géophysique (1963) e Rijkswaterstaat
(1969).
Entretanto, em qualquer método utilizado na interpretação das SEV’s, uma das
dificuldades que o intérprete dos dados encontra, diz respeito à ambigüidade na obtenção do
modelo final, uma vez que as curvas de campo podem admitir muitas soluções. Entre estas, o
intérprete têm que escolher, dentro das margens de variações possíveis, aquele conjunto de
soluções que tenham maior probabilidade de representar a seqüência geológica real da área.
Nessa ambigüidade, dois efeitos são muito importantes e fundamentais na interpretação
das SEV’s:

10000
8000 SEV-03 SEV-02 SEV-01
100 100 100
6000 Modelo Geoelétrico
600 600 600
(1) Supressão de Camadas: uma 4000
Resistividade Aparente (ohm.m)

85
75 camada de visualização
camada relativamente delgada, em 80 5000 difícil na curva de campo
da SEV-01
2000
relação à sua profundidade de 5000
5000

SEV-01
ocorrência, cuja resistividade é 1000
800
intermediária entre às das camadas 600
SEV-02

que a delimitam, pode influir muito 400 SEV-03

pouco na curva de campo, tornando-


200

se difícil sua visualização.


100
2 4 6 8 20 40 60 80
1 10 100
Espaçamento AB/2 (m)
Braga, A.C.O. 36

1000
800 Modelo 1 Modelo 2

600
E1 = 1,9 E1 = 2,2
ρ1 = 100 ρ1 = 97

400 E2 = 2,4

Resistividade Aparente (ohm.m)


(2) Equivalência: baseado no fato de E2 = 7,8 ρ2 = 4
ρ2 = 10
ρ3 = 11.000
que diferentes seções geoelétricas 200

ρ3 = 9.000
podem corresponder a curvas de
100
campo iguais ou muito semelhantes 80

60
entre si, resultantes das relações entre
40
as espessuras e resistividades das
camadas existentes. 20

10
2 4 6 8 20 40 60 80
1 10 100
Espaçamento AB/2 (m)

Koefoed (1979a), Kunetz (1966), Queiroz & Rijo (1995), Orellana (1972) e Souza &
Rijo (1995), discutem de forma detalhada esses efeitos mencionados, mostrando suas
conseqüências teóricas e práticas. Rigoti & Crossley (1987), apresentam um estudo
procurando reduzir essa ambigüidade na interpretação geofísica usando vários parâmetros
simultâneos na interpretação, tais como resistividade-DC, cargabilidade domínio-tempo e
dados magnetotelúricos.
Cabe destacar, que ao utilizar os dados de resistividade e cargabilidade em conjunto,
têm-se enormes vantagens sobre apenas a resistividade, pois no subsolo, podem ocorrer
camadas com respostas "IP" que não necessariamente correspondam a camadas de
resistividade, podendo ser identificadas.
Entretanto, para reduzir as ambigüidades, são fundamentais, a qualidade dos dados de
campo, o conhecimento geológico da área estudada, a familiaridade do intérprete com os
princípios teóricos básicos do método e técnica utilizados, bem como sua experiência. Deve-
se ressaltar que, em ensaios geofísicos pela técnica da sondagem elétrica vertical, é
importante, tanto na interpretação dos dados obtidos, como na redução das ambigüidades do
modelo geoelétrico final, a execução de algumas SEV's de calibração, tal como ensaios
executados junto a furos de sondagens mecânicas que contenham descrições geológicas
confiáveis, visando obter uma perfeita modelagem dos dados de campo com os dados
geológicos.
Cabe ressaltar ainda que, o modelo geoelétrico final reflete variações do parâmetro
físico obtido com a profundidade, a partir de investigações efetuadas na superfície do
terreno, de forma indireta, estando sujeito a imprecisões de acordo com a teoria da
Braga, A.C.O. 37

metodologia geofísica desenvolvida. Segundo Orellana (1972), o erro do modelo final, em


condições normais de trabalho, pode ser tomado como 10%.
Como referência, podem-se destacar alguns trabalhos pioneiros que discutem os
métodos interpretativos de uma SEV e suas ambigüidades, quais sejam: Bhattacharya & Patra
(1968), Kunetz & Rocroi (1970), Mooney & Wetzel (1956), Oldenburg & Li (1994), Seara &
Conaway (1980) e Zohdy (1968 e 1974).
As SEV’s – ER/Schlumberger, apresentam como vantagens principais, a característica
de permitir um recobrimento de extensas áreas, de maneira rápida, precisão satisfatória,
custos relativamente reduzidos e de efetuar investigações rasas até profundas, a partir da
superfície do terreno, sem alterar as condições e estados naturais dos materiais em superfície
e subsuperfície, o que pode ocorrer com as perfurações de poços tubulares.
Em relação a outros métodos geofísicos, outra vantagem da SEV, diz respeito a sua
pouca sensibilidade a “ruídos” provocados, por exemplo, por instalações elétricas, cabos de
alta tensão, etc., pois a gama de leitura dos potenciais primários gerados, normalmente são
superiores a esses ruídos. Ressaltam-se, principalmente, trabalhos efetuados no interior de
refinarias de combustíveis, onde o elevado nível de “ruídos”, inviabiliza a maioria dos
métodos/técnica geofísicos; sendo a SEV-ER, perfeitamente capaz de ser executada. O que já
não ocorre com o método da polarização induzida.
Outros métodos/técnicas geofísicos podem apresentar limitações nas profundidades de
investigação. Tais limitações práticas podem ser do tipo: camadas resistivas (refrator) –
sísmica de refração ou camadas muito condutivas – GPR; as quais podem limitar as
investigações dessas metodologias. Isso já não ocorre na SEV-ER, onde, independentemente
da seqüência estratigráfica, pode alcançar grandes profundidades. Cabe ressaltar ainda, que
normalmente os custos dos equipamentos geofísicos de eletrorresistividade -
eletrorresistivímetros, são considerados os mais baixos no mercado, possibilitando mais
facilmente suas aquisições.
Como limitações impostas a essa metodologia, podem-se destacar os efeitos produzidos
nos dados de campo por situações, tais como: presença de tubulações; cabos de alta tensão;
vazios no solo resultante de formigueiros, cupins ou erosões internas; fugas de corrente no
circuito AB; etc.; os quais podem ser significativos se localizados próximos dos eletrodos de
potenciais MN. Outra limitação prática das SEV’s, diz respeito aos espaços disponíveis para o
desenvolvimento do arranjo AB, onde, dependendo dos locais de ensaios, não se permite
atingir um espaçamento necessário conforme os objetivos programados.
Braga, A.C.O. 38

Na etapa de processamento dos dados, podem-se destacar, principalmente, os fenômenos


da ambigüidade (destacados anteriormente) e a precisão e qualidade dos softwares utilizados.
A disponibilidade de dados geológicos dos locais estudados, são fatores de extrema
importância. Entretanto, as limitações citadas podem ser minimizadas e/ou eliminadas desde
de que todos os cuidados recomendados na execução das SEV’s sejam observados e seguidos
com rigor.

3.4.2. Caminhamento Elétrico - CE


A técnica do caminhamento elétrico (CE) se baseia na análise e interpretação de um
parâmetro geoelétrico (resistividade e/ou cargabilidade), obtido a partir de medidas efetuadas
na superfície do terreno, investigando, ao longo de uma seção, sua variação na horizontal, a
uma ou mais profundidades determinadas.
Os resultados obtidos se relacionam entre si através de mapas (a uma ou mais
profundidades determinadas), ou de seções (com várias profundidades de investigação -
vários níveis de investigação). No desenvolvimento desta técnica, existem vários tipos de
arranjo possíveis de serem utilizados, tais como: dipolo-dipolo, polo-dipolo, gradiente,
Schlumberger, Wenner, etc.. Na presente pesquisa, discute-se o arranjo dipolo-dipolo.

Arranjo Dipolo-Dipolo
No desenvolvimento desse arranjo de campo, podem-se utilizar simultaneamente vários
dipolos de recepção (MN) dispostos ao longo da linha a ser levantada (Figura III-17). Cada
dipolo MN corresponde a um nível de investigação, podendo, dependendo do caráter do
trabalho, estudar as variações horizontais de um parâmetro geoelétrico ao longo de um perfil
com um ou mais dipolos, atingindo várias profundidades de investigações.
Nesse tipo de arranjo a profundidade teórica atingida em cada nível investigado, é
tomada, segundo alguns autores, como sendo Z = R/2 (metros), onde R é a distância entre os
centros dos dipolos considerados (AB e MN). Entretanto, na prática, essa relação é mais real
se for tomada como sendo aproximadamente R/4.
Braga, A.C.O. 39

R Sentido do
x nx x caminhamento
A V V V V V

A B M1 N1 M2 N2 M3 N3 M4 N4 M5 N5
) 45 o 45 o( unesp
Braga, A.C.O.
n1 ●

n2 ● x = espaçamento dos dipolos


R = espaçamento entre os
n3 ● centros dos dipolos
considerados
Linhas de Linhas de
n = níveis teóricos de
equipotencial corrente n4 ● investigação
Z=R/2 Z = profundidade teórica
n5 ● investigada

Figura III-17 – Arranjo de campo Dipolo-Dipolo - CE.

O ensaio é desenvolvido ao longo de perfis previamente estaqueados, com espaçamento


(x) constante, em função das profundidades de investigações requeridas, pois tanto o
espaçamento entre os dipolos como os números de dipolos utilizados regulam as
profundidades de investigações atingidas. Após a disposição do arranjo no terreno, e obterem-
se as leituras pertinentes, todo o arranjo é deslocado para a estaca seguinte e efetuadas as
leituras correspondentes, continuando este procedimento até final do perfil a ser levantado.
O sistema de plotagem dos parâmetros geoelétricos obtidos, é efetuado considerando
como ponto de atribuição das leituras, uma projeção de 45o a partir dos centros dos dipolos
AB e MN, até atingir-se o ponto médio entre os centros destes dipolos. Após a plotagem de
todos os parâmetros geoelétricos obtidos em um perfil levantado, tem-se uma pseudo-seção de
resistividade ou cargabilidade aparente.
No método da eletrorresistividade, o parâmetro obtido – resistividade aparente - é
determinado a partir da Equação III-08, onde, o coeficiente geométrico K, nesse caso, é dado
por:
1
K = 2π . G x , com G = III-14
1 2 1
− +
n n +1 n + 2
sendo, portanto: K = fator geométrico que depende da disposição dos eletrodos ABMN na
superfície do terreno, x = espaçamento dos dipolos AB e MN adotado e n = nível de
investigação correspondente.
Como na SEV, durante o corte da corrente elétrica, o equipamento analisa e fornece o
valor da cargabilidade aparente – método da polarização induzida.
A interpretação desses dados pode ser efetuada tanto em perfis como em mapas, sendo
entretanto, mais usual, efetuar-se primeiramente uma interpretação dos perfis individualmente
e posteriormente em conjunto podendo, representar e ilustrar os resultados dessa interpretação
Braga, A.C.O. 40

através de mapas de isovalores. A Figura III-18, ilustra as etapas necessárias na interpretação


de um CE, onde após a obtenção dos dados de campo e plotagem das pseudo-seções, tem-se:
• etapa-1, análise qualitativa das INTERPRETAÇÃO
CE
variações do parâmetro físico obtido,
considerando-se o sistema de plotagem Pseudo-Seções

de 45o graus e a posição dos dipolos –


Modelo Qualitativo
1. Análise Qualitativa
podendo-se definir o modelo Final

qualitativo final; 2. Processamento dos


Dados de Campo
• etapa-2, processamento dos dados,
3. Associação com 4. Modelo Geoelétrico
através de programas computacionais, a Geologia Inicial
obtendo as resistividades e/ou
5. Modelo Geoelétrico
cargabilidades e espessuras reais das Final – 2D

camadas geoelétricas – 2D; Figura III-18 – Etapas na interpretação - CE.


• etapas-3, 4 e 5, associação com a geologia e definição do modelo geoelétrico final.

As pseudo-seções do CE-DD podem ser processadas (quantificadas) através da inversão


2D dos dados de campo por softwares adequados, tais como: Res2dinv V. 3.5 - 2D e Res3dinv
V. 2.15 – 3D Resistivity and IP Inversion (Geotomo Software – Malaysia); RESIX-IPDI V.
3.04 - 2-D Resistivity and IP Forward and Inverse Modeling (Interpex - USA); e, DC
Resistivity 2.5d – forward modelling and inversion software versão 1.0 (Zond - Rússia).
Dessa maneira, pode-se obter uma seção geoelétrica real.
A Figura III-19 ilustra as etapas descritas anteriormente na interpretação de uma
pseudo-seção, desde a plotagem, análise qualitativa e inversão dos dados de campo,
resultando na seção geoelétrica. Normalmente, as anomalias resultantes de corpos ou
estruturas geológicas refletem dois flancos anômalos nas pseudo-seções, um em função dos
eletrodos de potenciais e outro em função dos eletrodos de corrente. A intensidade desses
flancos varia em função da geologia local.
Essa Figura, mostra uma anomalia condutora, associada a falhamento, posicionada na
superfície do terreno (barra azul). Pode-se observar que, o flanco anômalo à esquerda é
resultante da passagem dos eletrodos de potencial sobre a falha (anomalia de potencial) e que
o flanco anômalo à direita é resultante da passagem dos eletrodos de corrente (anomalia de
corrente). Na seção geoelétrica, as anomalias condutoras são posicionadas com maior
precisão, sendo a principal, localizada entre as E-260-300, com extensão para a direita (E-
440).
Braga, A.C.O. 41

Linha 3 - Pseudo Seção de Resistividade Aparente


0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 7000
0

Profundidade teórica (m)


4000
-20
366 330 386 408 422 207 80 180 254 408 600 1250 1250 1245
-40 2000
689 452 1130 603 118 95 71 254 296 350 723 1510 1130
-60

Resistividade (ohm.m)
1700 646 1270 132 92 238 93 353 268 410 780 985 1000
-80
2100 1130 203 90 203 292 97 537 537 580 920 600
-100
1950 151 95 242 237 363 95 373 650 700
-120 400
solo - alteração das
rochas metamórficas Linha 3 - Seção Geoelétrica solo - materiais detríticos 200
40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600
0 100
Profundidade

-20 micaxistos, 60
(m)

-40 micaxistos, filitos cavidade filitos


cavidade - - solo
calcários 40
-60 calcário

Figura III-19 – Interpretação do CE – Dipolo-Dipolo (software Res2dinv).

Visando determinar com maior precisão a posição na superfície do terreno das


anomalias qualitativas identificadas, as pseudo-seções podem ser filtradas, procurando
“eliminar” os flancos resultantes. Uma das maneiras consiste no sistema de plotagem
denominado médias dos triângulos. As médias triangulares podem ser obtidas de duas
maneiras (Figura III-20): médias triangulares totais - consiste em obter as médias de todos os
valores incluídos no triangulo, considerando os níveis investigados; e, médias triangulares
laterais - consiste das médias dos valores externos do triangulo. Nos dois sistemas, os valores
médios são plotados no centro do triangulo, na vertical.

Metodologias de Obtenção da Resistividade Média Triangular


40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640

1 1
FAIXA DE VALORES 1 2 1 2 FAIXA DE VALORES

NÃO CONSIDERADA 1 2 3 1 2 NÃO CONSIDERADA


1 2 3 4 1 2
M posição de plotagem dos
1 2 3 4 5 1 2 valores médios obtidos
resistividade aparente média resistividade aparente média
triangular total triangular lateral

Figura III-20 – Sistema de plotagem pelas médias triangulares – CE/Dipolo-Dipolo.

3.5. PARÂMETROS E FUNÇÕES DE DAR ZARROUK


Nas discussões teóricas sobre os meios condutores estratificados, determinados
parâmetros têm fundamental importância na interpretação e entendimento do modelo
geoelétrico para uma determinada situação geológica em profundidade. Tais parâmetros
resultam de uma combinação, por meio de multiplicação ou divisão, da espessura e
resistividade de cada camada geoelétrica obtida no modelo.
Como citado em Henriet (1975), Koefoed (1979a), Orellana (1963 e 1972) e Zohdy
(1965 e 1975), a importância desses parâmetros foi relatada pela primeira vez por Maillet
(1947), em trabalho, considerado por Orellana (1972), como decisivo para a teoria dos
Braga, A.C.O. 42

métodos geoelétricos. Neste trabalho Maillet propôs para os novos parâmetros a denominação
de parâmetros de Dar Zarrouk - DZ.
Considerando-se uma seção geoelétrica, como a indicada na Figura III-21, a corrente
elétrica ao fluir no subsolo pode tomar dois caminhos preferenciais: um perpendicular e outro
paralelo à estratificação. No fluxo perpendicular à estratificação as diferentes camadas
comportam-se como condutores em série cujas resistências se somam.

1m
Portanto, a resistência de uma camada i,
1m
sendo L seu comprimento e S sua seção ρ 1 E1

transversal, será dada por: ρ 2 E2


ρ 3 E3
L E
Ri = ρ i = ρ i i = ρ i E i III-15 ρ 4 E4
S 1×1
Figura III-21 – Parâmetros de DZ.
Este produto é denominado de resistência O conjunto das n primeiras
transversal unitária ″T″, resultando, portanto: camadas, corresponderá à resistência

Ti = ρ i E i III-16 total:
Ti = ∑ ρ i E i III-17
i

As dimensões de T são as de uma resistividade por uma longitude e sua unidade é ohm.m2

.
No fluxo de corrente paralelo à estratificação, a resistência da camada i será:
L 1 ρ
Ri´ = ρ i = ρi = i III-18
S Ei × 1 Ei
Assim estas resistências não podem ser somadas, por estarem em paralelo, portanto é
conveniente passar às suas inversas - as condutâncias, já que estas possuem a propriedade
aditiva.
Ao denominar de Si, a condutância da Cujo conjunto das n primeiras
camada i, tem-se a condutância longitudinal camadas da seção dará uma condutância
unitária ″S″, ou seja: total:
Ei Ei
Si = III-19 Si = ∑ III-20
ρi i ρi
As dimensões de S são as de uma condutância, medida em siemens (ou mhos).


Nas dimensões dessa magnitude, deve-se considerar que a seção transversal não influi, já que por definição,
é igual à unidade de superfície em qualquer sistema de unidades (Orellana, 1972).
Braga, A.C.O. 43

Os parâmetros T e S representam as componentes vertical e horizontal da resistência.


Como em geral, a direção da corrente no subsolo é oblíqua, tem-se que considerar ambas
magnitudes. Pode-se portanto, introduzir um novo conceito em função desses parâmetros, ou
seja, a resistividade transversal - ρT, e a resistividade longitudinal - ρL.
Considerando-se a Figura III-22 como um pacote homogêneo de uma camada com
espessura E, de modo que T e S sejam iguais para todo o conjunto, e a partir das Equações III-
16 e III-19, tem-se que:
E
T = ρT E III-21 S = III-22
ρL
Dadas essas equações, Orellana (1972) concluiu em sua obra, que um pacote de camadas
homogêneas e isotrópicas se comportam, de certa maneira, como um meio anisótropo, este
fenômeno foi denominado por Maillet de pseudo-anisotropia ∗.
As deduções de Orellana (op.cit.) podem ser sintetizadas da seguinte maneira:
• a pseudo-anisotropia A pode ser expressa • e, definindo uma resistividade média ρ m
numericamente a partir de: , tal que:

ρT ρm = ρT ρL III-24
A= III-23
ρL
Das equações anteriores, resultam:
ρm
ρT = A ρm III-25 ρL = III-26
A
Como foi demonstrado por Koefoed (1979a), Orellana (op.cit.) e Zohdy (1975), os
parâmetros T e S podem ser calculados, não só para camadas individualizadas, mas também
para profundidades intermediárias.
Ao multiplicar-se por E as Equações III-25 e 26, e considerando as III-21 e III-22, tem-
se portanto:

AZ = ∑ T.∑ S III-27 ρm = ∑T III-28


∑S
Então, dado uma seção geoelétrica, é possível calcular os valores de T e S que
correspondem a cada profundidade z, e a partir destes, por meio das Equações III-27 e III-28,
a pseudoprofundidade (ou profundidade DZ) Az e a resistividade média (ou resistividade DZ)
ρ m correspondente a cada z.


Denominação utilizada para diferenciar das anisotropias usuais.
Braga, A.C.O. 44

A Figura III-22 ilustra, de um modo geral, a relação entre as resistividades em função da


litologia de solos e rochas, sem considerar as profundidades dos materiais em subsuperfície:
• Figura III-22a: o esqueleto mineral e poros
da rocha, estão orientados desordenadamente
(materiais arenosos), como conseqüência, a a)

resistividade da rocha será a "mesma" em


qualquer direção. ρT ρL
• Figura III-22b: mostra o esqueleto mineral e b)

poros com formas alongadas, orientadas


Figura III-22 - Relação da resistividade
(materiais argilosos), sendo a resistividade
de uma rocha com sua estrutura
transversal (ρT) maior que a resistividade mineral (Iakubovskii & Liajov, 1980).
longitudinal (ρL).
A diferença entre estas resistividades, é a pseudo-anisotropia "A". Portanto, as
resistividades obtidas, refletem as resistividades longitudinais (Iakubovskii & Liajov, 1980).
A combinação das resistividades e espessuras das camadas geoelétricas, resultando nos
parâmetros e curvas de Dar Zarrouk, têm grande importância na teoria e interpretação de um
modelo geoelétrico obtido pelas curvas de resistividades aparentes de uma SEV.
Esses parâmetros, além de auxiliarem na definição do modelo final, podem ser utilizados
em outras questões práticas, como bem demonstrou Henriet (1975), cujo trabalho trata da
utilização dos parâmetros de Dar Zarrouk em estudos hidrogeológicos. O parâmetro T, pode
ser empregado na avaliação de propriedades hidrogeológicas de aqüíferos, tal como a
transmissividade; e o parâmetro S da camada sobrejacente, em estudos sobre a proteção de
aqüíferos frente a poluentes.
As Figuras III-23 e III-24, apresentam as relações dos parâmetros, respectivamente,
resistência transversal unitária e condutância longitudinal unitária, com as resistividades e
espessuras, em função da litologia.
Na correlação com a transmissividade de aqüíferos (Figura III-23), como sugestão,
pode-se adotar os valores de T ≥ 500 ohm.m2 (mínimo de T > 250,0 ohm.m2), como sendo
adequados em termos de potencial aqüífero.
Na correlação com a proteção de aqüíferos frente a contaminantes (Figura III-24),
recomenda-se os valores de S ≥ 1,0 siemens (mínimo de S > 0,3) para as camadas
sobrejacentes, como os adequados.
Braga, A.C.O. 45

1000 1000000

T
=
50
00
T
=
25
faixa de valores

Resistência Transversal Unitária (ohm.m2)


00
ideal -
aqüíferos mais

T
=
promissores

10
00
100 100000

T
=
Espessura (m)

50
0
T
=
25
0
T
=
10
0
10 10000
T
=
50

areno-argilosos
argilo-arenosos

arenosos
argilosos

1 1000
1 10 20 40 60 100 1000
Resistividade (ohm.m)

Figura III-23 – Relação resistência transversal unitária/transmissividade.

1000 1
0
5,
=
S
0
3,
=

Condutância Longitudinal Unitária (siemens)


faixa de valores
S

ideal -
aqüíferos mais
protegidos
0
1,
=
S

100 0.1
5
0,
Espessura (m)

=
S

3
0,
=
S
1
0,
=
S

10 0.01
05
0,
=
areno-argilosos
argilo-arenosos

S
arenosos
argilosos

01
0,
=
S

1 0.001
1 10 20 40 60 100 1000
Resistividade (ohm.m)

Figura III-24 – Relação condutância longitudinal unitária/proteção do aqüífero.

A Figura III-25 ilustra as aplicações comentadas anteriormente, para uma seção


geoelétrica. Para a camada aqüífera, observa-se um aumento da resistividade no sentido da
Braga, A.C.O. 46

SEV-04, conseqüentemente, pode-se assumir um aumento da condutividade hidráulica. Com o


aumento da resistividade e espessura da camada nesse sentido, tem-se um aumento da
resistência transversal unitária, conseqüentemente, assume-se um aumento da
transmissividade. Para a camada sobrejacente ao aqüífero, os valores de S > 1,0 indicam
locais de maior proteção frente a contaminantes.

SEV-01 SEV-02 SEV-03 SEV-04


0
não saturado ρ = 1500 ρ = 2500 ρ = 2000 ρ = 900
5
NA
10 aqüitardo
ρ = 35 ρ = 10 ρ = 10 S > 1: maior ρ = 10
S < 1: menor S = 1,5 de S = 1,5
15 S = 0,37 lu S = 1,7 proteção do
proteção do
q üic aqüífero
aqüífero a
20
ρ = 65
25 aqüífero T = 650 ρ = 80 maior
ρ = 95
30 T = 1280
T = 1425 ρ→ K ρ = 120
T = 3240
35 ρ = 10
ρ eE→ T
aqüiclude ρ=9
40 ρ = 15
ρ = 12
45

Figura III-25 – Relação condutância longitudinal unitária/proteção do aqüífero.


Braga, A.C.O. 47

CAPÍTULO 4. METODOLOGIA GEOELÉTRICA APLICADA NA


HIDROGEOLOGIA

4.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS


A técnica da SEV–ER, tem sido ao longo dos anos, importante instrumento de apoio em
estudos aplicados à Hidrogeologia, tendo como aplicação principal, investigações de
aqüíferos aluvionares (sedimentos inconsolidados) e aqüíferos sedimentares (rochas
sedimentares), visando à locação de poços tubulares para a captação de águas subterrâneas.
Em áreas de rochas calcárias e cristalinas (rochas ígneas e metamórficas), envolvendo a
identificação de aqüíferos, respectivamente, cársticos e fraturados, a técnica da SEV não
apresenta resultados satisfatórios. A técnica do CE–ER/IP (dipolo-dipolo), inicialmente muito
empregada na prospecção mineral, com o passar dos anos, foi sendo utilizada com mais
freqüência em estudos referentes a esses aqüíferos.
Em estudos ambientais, envolvendo a contaminação de solos, rochas e águas
subterrâneas, as técnicas da SEV e CE, em conjunto, tem sido utilizadas com grande sucesso,
tanto no que se refere à precisão dos resultados obtidos, quanto aos custos e prazos
relativamente reduzidos, resultando em um excelente apoio em nesses tipos de estudos. O
método da polarização induzida, tem sido utilizado nessas questões, juntamente com a
eletrorresistividade, ainda de maneira insatisfatória. Entretanto, a contribuição desse
parâmetro físico (cargabilidade), é significativa, auxiliando a interpretação da resistividade,
principalmente, quando se tem ocorrência de minerais argilosos.
Uma questão que merece destaque, na aplicação, não só dos métodos geoelétricos, mas
da Geofísica como um todo, diz respeito à divergência, dos resultados obtidos em um
levantamento geofísico, com dados geológicos de sondagens mecânicas. A primeira vista, a
Geofísica é sempre questionada quanto à sua “eficácia”, “não funciona”, é o comum de se
constatar, infelizmente. Antes de qualquer conclusão precipitada, estando seguro sobre a
correta metodologia geofísica utilizada, devem-se, além de rever as interpretações, rever a
geologia local, principalmente se os dados geológicos existentes são incompletos e pouco
esclarecedores.

4.2. METODOLOGIA GEOELÉTRICA ADEQUADA


No estabelecimento de uma programação de uma campanha pelos métodos geoelétricos,
a estratégia metodológica adotada é importante para se atingir com sucesso, os objetivos
Braga, A.C.O. 48

propostos. A Fig. IV-01, apresenta uma seqüência de etapas mínimas de um projeto de


desenvolvimento, que se aplica de um modo geral a toda Geofísica.

Tema do Projeto

Estabelecimento dos Pesquisa Bibliográfica e


Problemas - Justificativas Compilação de Dados

Objetivos Gerais Geologia da Área

Objetivos
Critérios de Análises
Específicos

Metodologia Geoelétrica Programação dos Ensaios

Execução dos Trabalhos Processamento e


de Campo Interpretação dos Dados

Análises e
Conclusões

Figura IV-01 – Etapas de uma campanha geoelétrica aplicada à Hidrogeologia.

Após o estabelecimento do tema do projeto com os objetivos gerais, a compilação de


dados pré-existentes é importante, pois além de fornecer dados geológicos sobre a área a ser
estudada, pode informar sobre suas condições gerais, tais como, topografia, acidentes
naturais, etc.. Essas características, dependendo das condições, podem inviabilizar uma
determinada metodologia geoelétrica.
Portanto, para melhor entendimento e utilização dos métodos geoelétricos na
Hidrogeologia, envolvendo a definição da metodologia mais adequada, e posterior
processamento dos dados, interpretação e obtenção de seus produtos finais, deve-se
considerar, inicialmente, os objetivos gerais e a geologia local, ou seja:
Objetivos Gerais Geologia Local
- captação de água subterrânea – para fins de - sedimentos inconsolidados – aqüíferos granulares
abastecimento, agricultura, industria, lazer; (ex. aluvião, coluvião);
- contaminação de solos, rochas e águas - rochas sedimentares – aqüíferos granulares e
subterrâneas - envolvendo as fases de investigação cársticos (ex. arenito, calcário);
preventiva, confirmatória e de remediação, e - rochas cristalinas – aqüíferos fraturados (ex.
monitoramento. granito, gnaisse).

A partir dos objetivos gerais e das características geológicas da área de interesse,


podem-se definir os objetivos específicos da pesquisa, tais como: identificação litológica,
identificação de aqüíferos sedimentares ou fraturados, elaborar mapas potenciométricos, etc..
Braga, A.C.O. 49

Portanto, em função dos objetivos gerais do projeto, geologia local e objetivos


específicos (considerando a classificação geoelétrica proposta - Capítulo 3), define-se a
metodologia geoelétrica adequada a ser utilizada. A partir desse estabelecimento
metodológico, podem-se obter produtos finais com segurança e sucesso, visando atingir os
objetivos propostos do trabalho.

4.2.1. Objetivos Gerais e Geologia Local


Quando o projeto visa à captação de águas subterrâneas, deve-se considerar a geologia
local: sedimentos inconsolidados (aqüíferos tipo granular; podendo, dependendo da situação
geológica, ser denominado de aqüíferos aluvionares), rochas sedimentares (aqüíferos
granulares ou cársticos) ou rochas cristalinas (aqüíferos fraturados).
No caso de sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares, a utilização dos métodos
da eletrorresistividade e polarização induzida, em conjunto, leva a uma caracterização
litológica mais consistente, servindo para identificar sedimentos arenosos, argilosos e areno-
argilosos e/ou argilo-arenosos. Em rochas cristalinas, a cargabilidade pode indicar a presença
de materiais argilosos preenchendo as fraturas.
Quando o trabalho envolve estudos ambientais, visando um diagnóstico de solos,
rochas e águas subterrâneas frente a prováveis contaminantes, deve-se ressaltar que os
parâmetros geoelétricos determinados, refletem o meio investigado, ou seja, solos e rochas
saturados, incluindo as águas subterrâneas, ou não saturados. Nesses estudos deve-se
considerar, inicialmente, além da geologia, a fase do empreendimento, por exemplo, se o
aterro, industria, refinaria de combustíveis, etc., já existem (pós-empreendimento) ou se estão
em fase de implantação (pré-empreendimento).
Na fase pré-empreendimento – investigação preventiva, os métodos geoelétricos
auxiliam na caracterização da geologia, determinação do nível d’água e elaboração de mapas
potenciométricos, e ainda caracterizando a área quanto ao grau de proteção de determinada
camada geológica frente a contaminantes.
Na fase pós-empreendimento, envolvendo investigação confirmatória, de remediação e
monitoramento, deve-se considerar a provável ocorrência de plumas de contaminação. Nesse
caso, os métodos geoelétricos podem delimitar eventuais plumas, tanto lateralmente como em
profundidade, auxiliando a locação de poços de monitoramento, e orientando a instalação
desses poços, quanto a eventuais riscos de perfuração de tanques enterrados contendo
resíduos, ou de dutos e galerias subterrâneas. Pode-se estimar, ainda, através da Geofísica,
áreas e volumes para as atividades de remoção e remediação de solos contaminados.
Braga, A.C.O. 50

Outro condicionante a ser considerado nesses estudos ambientais, refere-se, como na


captação, à geologia local: sedimentos inconsolidados (porosidade granular), rochas
sedimentares (porosidade granular ou cárstica) ou rochas cristalinas (porosidade de fratura).
Como a metodologia geoelétrica utilizada é a mesma, e para facilitar as discussões, os
sedimentos inconsolidados são incorporados nas discussões das rochas sedimentares.
De um modo geral, nos estudos visando a captação de águas subterrâneas e ambientais
em sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares, envolvendo aqüíferos granulares, deve-
se recorrer a técnicas, cujos princípios teóricos se baseiam em situações semelhantes a
modelos geológicos do meio estratigráfico − bacias sedimentares, cujas camadas devem
ocorrer, aproximadamente, plano paralelas à superfície do terreno.
A técnica a ser utilizada, deve ser desenvolvida SONDAGEM ELÉTRICA VERTICAL
a partir da superfície do terreno; com os
espaçamentos entre os eletrodos A-B crescentes; A M N B
unesp
Braga, A.C.O.
sendo o levantamento pontual, estudando as
ρ1
variações verticais do parâmetro físico medido, e
ρ2
conseqüentemente, o centro do arranjo AMNB,
ρ3 Investigação em profundidade
deverá permanecer fixo durante todo o
desenvolvimento do ensaio. Todas as condições citadas, definem a técnica da sondagem
elétrica vertical – arranjo Schlumberger.
No caso de rochas sedimentares (aqüíferos cársticos) e rochas cristalinas (aqüíferos
fraturados), as técnicas ideais, referem-se a aquelas que permitem obter um estudo lateral das
estruturas geológicas, ocorrendo, aproximadamente, de forma descontínua à superfície do
terreno, como seria o caso de fraturas e falhamentos, contatos geológicos, diques, etc. Nesse
caso, a variação lateral do parâmetro físico obtido interessa no ensaio, diferentemente das
SEV’s.
A técnica a ser utilizada, nesse caso, deve ser
CAMINHAMENTO ELÉTRICO
desenvolvida a partir da superfície do terreno; com unesp
Braga, A.C.O.

os espaçamentos entre os eletrodos A-B e M-N


A B M N
constantes; sendo o levantamento efetuado ao longo
de perfis, estudando as variações laterais do ρ1 ρ1
ρ4
parâmetro físico medido, conseqüentemente, o ρ2
ρ3

centro do arranjo AMNB, não deverá permanecer ρ3 Investigação lateral

fixo
Braga, A.C.O. 51

durante todo o desenvolvimento do ensaio. Todas as condições citadas, definem a técnica do


caminhamento elétrico – arranjo dipolo-dipolo.
A Fig. IV-02 apresenta a metodologia ideal nesses estudos, considerando a geologia
local e em função da resolução do método/técnica de investigação.

Metodologia
Geoelétrica

Contaminação de
Captação de Águas
solos, rochas e
Subterrâneas
águas subterrâneas

Sedimentos Rochas Rochas


Pré-empreendimento Pós-empreendimento
Inconsolidados Sedimentares Cristalinas

Aqüíferos Aqüíferos Aqüíferos Rochas Rochas Rochas Rochas


Granulares Cársticos Fraturados Sedimentares Cristalinas Cristalinas Sedimentares

Sondagem Elétrica Caminhamento Sondagem Elétrica Caminhamento Sondagem Elétrica


Vertical - SEV Elétrico - CE Vertical - SEV Elétrico - CE Vertical - SEV

Eletrorresistividade
Polarização Induzida

Figura IV-02 – Metodologia geoelétrica – captação de águas subterrâneas e estudos


ambientais.

4.2.2. Objetivos Específicos e Critérios de Análises


Na definição da metodologia geoelétrica adequada, além dos condicionantes citados
anteriormente e em função da classificação dos métodos geoelétricos proposta, deve-se
considerar os objetivos específicos do trabalho e certos critérios de análises. Como já
comentado anteriormente, os objetivos específicos de um trabalho envolvem a identificação
litológica, identificação de aqüíferos sedimentares ou fraturados, determinação do nível
d’água e elaboração de mapas potenciométricos, etc.. Esses objetivos devem estar claramente
definidos, pois esta é uma condição básica e essencial para o desenvolvimento e obtenção de
conclusões sérias.
A Tabela IV-01 apresenta a metodologia ideal na captação de águas subterrâneas e
estudos ambientais detalhando a Fig. IV-02, com os objetivos específicos principais
(produtos) a serem obtidos.
A Tabela IV-02, apresenta uma relação dos critérios a serem considerados para,
juntamente com as condições citadas anteriormente, definir a metodologia adequada com
melhor precisão.
Braga, A.C.O. 52

Tabela IV-01 – Metodologia e produtos geoelétricos.

Objetivos Fases do Geologia Objetivos Específicos – Principais Metodologia


Gerais Empreendimento Tipo Porosidade Produtos Geoelétrica

- Nível d’água - Mapa potenciométrico


SEV-ER
- Parâmetros hidráulicos
Avaliação Sedimentos - Litologia - Topo rochoso
Hidrogeológica - Inconsolidados e/ou Granular
Captação de - Profundidade e espessura do aqüífero SEV-ER/IP
Identificação de Rochas
Águas
aqüíferos promissores Sedimentares - Contato água doce/salgada
Subterrâneas
(locação de poços
tubulares) - Cavidades
Cárstica - Cárstes CE-ER/IP
Rochas Cristalinas Fratura - Fraturas e falhamentos
- Nível d’água - Mapa potenciométrico
SEV-ER
Sedimentos - Parâmetros hidráulicos
Inconsolidados e/ou Granular
Investigações - Litologia - Topo rochoso SEV-ER/IP
Pré Rochas
Prévias Sedimentares - Cavidades
Cárstica - Cárstes CE-ER/IP
Rochas Cristalinas Fratura - Fraturas e falhamentos
- Nível d’água - Mapa potenciométrico SEV-ER
Estudos Sedimentos - Litologia - Topo rochoso SEV-ER/IP
Ambientais - Inconsolidados e/ou Granular
Contaminação Investigações - Plumas de contaminação
Rochas
de Solos, Rochas confirmatórias Sedimentares - Cavidades
e Águas CE-ER/IP
Subterrâneas Cárstica - Cárstes e contaminação
Rochas Cristalinas Fratura - Fraturas, falhamentos e contaminação
Pós
- Nível d’água - Mapa potenciométrico SEV-ER
Sedimentos - Litologia - Topo rochoso SEV-ER/IP
Investigações Inconsolidados e/ou Granular
para - Evolução de plumas de contaminação
Rochas
remediação e Sedimentares - Cavidades
monitoramento CE-ER/IP
Cárstica - Cárstes e contaminação
Rochas Cristalinas Fratura - Fraturas, falhamentos e contaminação

Tabela IV-02 – Critérios de análise na definição da metodologia geoelétrica adequada.


Profundidade de Estudos envolvendo o uso e ocupação do solo (questões ambientais): métodos e
investigação a ser técnicas geofísicas de estudos rasos. Estudos visando à captação de águas
atingida subterrâneas: métodos e técnicas geofísicas de estudos relativamente profundos.
Corpos com pequena espessura, localizados estratigraficamente a uma grande
Espessura e forma do profundidade, em relação à superfície do terreno, podem não ser detectados
corpo a ser dependendo da técnica utilizada. Corpos planos paralelos à superfície do terreno
prospectado sugerem técnicas de investigação diferentes de corpos verticais ou subverticais à
superfície do terreno.
Contrastes de
propriedades físicas - Dependendo do tipo de materiais geológicos, determinados métodos geofísicos
corpo não apresentam contrastes de propriedades físicas. Portanto, a escolha do método
investigado/meio deve considerar as diferentes situações em cada tipo de pesquisa.
encaixante
Poder de resolução, Os métodos e técnicas a serem utilizadas, devem aliar, a capacidade de atingir os
custo e rapidez objetivos propostos, com custos dos ensaios e prazos adequados.
Topografias muito acidentadas e áreas ocupadas por instalações diversas, podem
Topografia e área de
inviabilizar determinadas técnicas, necessitando o emprego de técnicas não muito
estudo
precisas, mas adequadas à situação.
Braga, A.C.O. 53

4.3. PROGRAMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOS ENSAIOS GEOELÉTRICOS


Após a escolha da metodologia a ser utilizada na pesquisa, deve-se proceder à
programação e o desenvolvimento dos ensaios, também considerados fundamentais para o
sucesso da campanha, pois, numa pesquisa Geofísica, os resultados obtidos, podem ser
considerados satisfatórios, na medida em que a coleta de dados e a interpretação final,
apresentem, do ponto de vista técnico, segurança e precisão.
Nada adianta, um geofísico intérprete, experiente e conhecedor das leis básicas que
regem a metodologia utilizada, se os dados de campo forem obtidos por operadores
inexperientes, levando a uma não confiabilidade nos dados coletados. Ressalta-se que, até
mesmo operadores experientes podem enfrentar situações adversas, as quais podem resultar
em dados não confiáveis. Pode ocorrer ainda, a situação inversa, na qual os dados são
confiáveis, mas o intérprete não tem uma razoável experiência ou não dispõe de dados
geológicos consistentes.
Nas discussões, a seguir, sobre as técnicas da SEV e CE, os arranjos referidos, são,
respectivamente, o Schlumberger e o Dipolo-Dipolo, em função de suas precisões, qualidade
dos resultados e praticidade nas operações de campo.

4.3.1. Sondagem Elétrica Vertical - Schlumberger


Como já ressaltado, uma campanha por SEV – Schlumberger, depende do tipo de
investigação a ser efetuada, ou seja: objetivos propostos do trabalho, geologia a ser estudada,
profundidade a serem atingidas, etc..
Para a programação de uma campanha por SEV, além de uma visita prévia na área de
estudo, é importante dispor de alguns dados gerais, tais como: mapas topográficos, mapas e
seções geológicas, informações de subsuperfície (poços, cacimbas, etc.), geologia em detalhe
e outras informações sobre a infra-estrutura, tais como: vias de comunicação, clima, presença
de instalações industriais, redes de energia elétrica, rios, etc. Os mapas devem ser em escala
adequada ao trabalho a ser executado e os dados de poços devem ser confiáveis.
Outra condição para a utilização adequada de uma SEV diz respeito à topografia. Se esta
apresenta uma inclinação muito acentuada, os dados podem ser imprecisos e até inviabilizar
os trabalhos, considerada suas dimensões em relação aos espaçamentos dos eletrodos
utilizados.
Braga, A.C.O. 54

O mergulho das camadas a) b)


B A M N B
geológicas, em relação à
A
superfície do terreno, também M
N ρ2
deve ser considerado. ρ1 ρ1
ρ2 ρ3
A Fig. IV-03 ilustra
c) d)
situações inadequadas em relação A M N B A M N B

à topografia do terreno (a) e


ρ1
mergulho acentuado das camadas ρ1
(b) e (c); e, adequadas (d) ao ρ2 ρ2

desenvolvimento das SEV’s. Figura IV-03 –Desenvolvimento de uma SEV.

A programação de uma campanha de SEV inclui, além das questões de organização,


logística, infra-estrutura, etc., a escolha da densidade das medições, situação dos locais dos
centros das SEV´s, direções das linhas AMNB, e ainda, a determinação do espaçamento final
– profundidade de investigação, ou seja, quando dar por encerrada uma SEV?

Densidade dos Ensaios


A distância entre os centros de SEV´s contínuas – malha adotada, depende, de um lado,
do caráter e fase da investigação, e de outro, das estruturas geológicas existentes. Para que os
modelos geoelétricos, resultantes das interpretações das SEV´s, tenham uma correlação
satisfatória, recomenda-se que a distância adequada de separação entre os locais de
investigação, seja menor ou igual a duas vezes a profundidade do objetivo a ser atingido. Na
medida do possível, deve-se iniciar por um levantamento de caráter regional e posteriormente
detalhar os locais de maior interesse.
Para estabelecer uma malha de ensaios, estimando a quantidade de SEV’s a serem
executadas em função da profundidade de investigação (m) e das dimensões da área de estudo
(m2), pode-se utilizar a Equação IV-01.
2
 área 
SEV =  
 IV-01
 2 × prof . ínv . 

Entretanto, a programação de uma campanha por SEV, deve aliar além da qualidade e
segurança dos resultados, prazos disponíveis e custos. Em áreas de grandes dimensões, com
profundidades de investigação relativamente pequenas, as relações anteriores, podem-se
tornar inviável, tanto economicamente como em termos de prazos. As relações entre, as
dimensões da área de estudo e a escala do trabalho, devem ser consideradas na definição da
malha ideal.
Braga, A.C.O. 55

Entretanto, uma das dificuldades encontradas na programação, principalmente


envolvendo profissionais inexperientes, diz respeito às relações entre as dimensões da área de
estudo e escala adequada a ser utilizada, ou seja, quais os tipos de escala mais adequados para
representar uma anomalia em níveis de detalhes diferenciados. Normalmente, utiliza-se o bom
senso, mas em alguns casos, os mapas apresentados, não apresentam uma representatividade
em função do grau de detalhe exigido na pesquisa.
Como uma tentativa de contribuição na programação de uma campanha de SEV, a Fig.
IV-04, apresenta um ábaco, que pode ser utilizado como um indicativo inicial para orientar a
quantidade de ensaios a serem desenvolvidos, em uma determinada área de trabalho. A
utilização do ábaco da Fig. IV-04 é simples: 1) de posse das dimensões da área de pesquisa - z
(metros quadrados), deve-se encontrar a reta correspondente; 2) ao longo dessa reta,
determinar a escala (x) de trabalho a se utilizada; e, 3) nesse ponto, tomar o valor
correspondente ao eixo y – quantidade de SEV’s recomendadas (y). Recomenda-se,
entretanto, um número mínimo de três ensaios.

1000 300000000
900
800
Dimensões da Área (m2)
700 a) 2.500 g) 160.000 200000000
600 b) 5.000 h) 320.000
500 c) 10.000 i) 640.000
400 d) 20.000 j) 1.280.000 100,000,000
300
e) 40.000 k) 3.000.000
f) 80.000 l) 5.400.000
200
m)10.000.000 50000000
unesp
Braga, A.C.O.
30000000

100
90 20000000
80
QUANTIDADE DE SEV

70
60
50
m
10,000,000
Dimensões da Área (m2 )

40

30 l
5000000

20
k
3000000

2000000
10
9
8
j
7
6 1,000,000
5
i
4

3
limite mínimo recomendado 500000

h
2 300000

200000
g
a b c d e f
1
500 1000 2000 3000 5000 10000 20000 30000 50000
ESCALA DA PESQUISA (1:)

Figura IV-04 – Densidade de ensaios/escala – Programação de SEV.

Ressalta-se que esse ábaco foi elaborado, considerando áreas de trabalho até 10.000.000
m2 (10 Km2). Isso se deve ao fato, de que a grande maioria dos trabalhos, para fins
Braga, A.C.O. 56

hidrogeológicos e ambientais, apresentam áreas menores que este limite estabelecido, e a


metodologia de cálculo deve mudar para áreas maiores.
Entretanto, através das Equações IV-02 e IV-03, a metodologia anterior pode ser
sintetizada, incluindo áreas maiores que as do ábaco, estimando-se a quantidade de SEV’s, em
função das dimensões da área de pesquisa e das escalas sugeridas, simultaneamente:
Áreas (m2) Escalas Sugeridas (1:) Equações

( ) ( )
≤ 1.280.000 ≤ 20.000
y = x −1 × 1,14 z 0,905 IV-02
1.280.000 a 10.000.000 10.000 a 30.000

> 10.000.000 25.000 a 500.000 ( ) (


y = x −2 × 16,7 z1,05 ) IV-03
onde, y = quantidade de SEV’s recomendadas; x = escala de trabalho e z = dimensões da área de
pesquisa (m2).

Os valores obtidos para as quantidades de SEV’s, devem ser aproximados, de


preferência para mais, facilitando a programação. Deve-se ressaltar entretanto, que a
quantidade de ensaios finais, estará sempre ligada às especificidades de cada projeto. A
Tabela IV-03, apresenta alguns exemplos de aplicação dessas equações.

Tabela IV-03 – Estimativa da quantidade de SEV’s em função das dimensões da área de


pesquisa e da escala sugerida.
Escalas Sugeridas (1:) Quantidade de SEV’s
Área - z (m2)
-x recomendadas - y
1.000 5
10.000
500 10 Equação IV-02
5.448.437 (5,45 Km2) - (Fundunesp, 1998) 12.000 119
624.000.000 (624 Km2) ~ Folha IBGE/1:50.000 50.000 12 Equação IV-03
2
250.000.000.000 (250.000 Km ) ~ Geológico do 500.000 62 Levantamentos de
Estado de São Paulo/1:500.000 - IPT caráter regional
250.000 248

Escolha do Local do Centro da SEV e Direção da Linha AMNB


A escolha do local do centro da SEV (ponto de atribuição dos resultados) é de
fundamental importância. Deve-se proceder a um reconhecimento prévio, procurando evitar
situações em possam interferir na qualidade dos resultados, tais como: encanamentos e
tubulações, formigueiros com grandes dimensões, caixas de alta tensão, etc.. Tais ocorrências,
situadas entre os eletrodos de potencial MN, podem provocar uma distorção do campo
elétrico, alterando os resultados de maneira contínua, afetando grande parte da curva de
campo. Já, próximas dos eletrodos de corrente AB, apresentam distorções pontuais, podendo
ser desprezadas, não prejudicando a curva final de campo.
Braga, A.C.O. 57

A Fig. IV-05, ilustra uma situação em que, os eletrodos de potenciais foram afetados
pelos materiais em subsuperfície. Esses eletrodos, cravados em solos pouco compactos, com
muitas raízes e presença de seixos (situação 1 – M1), não apresentam um contato eletrodo/solo
adequado, podendo resultar em dados totalmente imprecisos. Já na situação 2 – M2, com os
eletrodos de potenciais cravados em um solo mais compacto, resultou em dados adequados,
com a curva de campo dentro do esperado.
600
M1 - leituras com os eletrodos
de MN cravados em solo fofo
400 (grama com raízes) M1
M2 - leituras com os eletrodos
de MN cravados mais
Observa-se ainda nessa profundos (ultrapassando M2

Resistividade Aparente (ohm.m)


solo seco, fofo,
200 a grama com raízes)
com muitas raízes

figura, que a camada superficial, de solo seco,


compacto,
sem raízes
pequena espessura, ainda pode ser 100
80

notada em função da diferença nos 60

segmentos de MN/2 = 0,30 e MN/2 40

= 2,0; já não se fazendo notar, com 20


MN/2=0,3
os segmentos de MN/2 = 2,0 e MN/2=2,0
MN/2=5,0

MN/2 = 5,0. 10
1
2 4 6 8
10
20 40 60 80
100
Espaçamento AB/2 (m)

Figura IV-05 – Efeitos nos eletrodos de


potenciais - SEV.

Devido a resistências de contato solo/eletrodo elevadas, o trabalho pode até ser


inviabilizado. Estas resistências afetam, tanto o circuito de emissão de corrente, como o
circuito de recepção de potencial.

Circuito de Emissão:
Este circuito consiste basicamente, de: uma fonte de alimentação; dois eletrodos de
barras de aço inoxidável (A e B); de um amperímetro (ou miliamperímetro) para as medidas
de I; e, dois cabos e elementos de conexões necessários. A partir da equação III-12, sendo K
= cte, tem-se que ∆V é proporcional a I. Tomando um esquema equivalente (Figura b) ao de
campo (Figura a), pode-se denominar: RF = resistência da fonte; RC = resistência ôhmica dos
cabos, RA e RB = resistência de contato eletrodos/solo; e, U = f.e.m. do gerador.
Braga, A.C.O. 58

mA
A B

a) esquema prático
Como RF e RC (linhas curtas) são pequenos, I só
depende de RA e RB. Ressalta-se que U é limitado por mA
RF
razões práticas e de segurança. Portanto, conclui-se que,
RC
as resistências de contato entre eletrodos/solo, são fatores RA RB

que limitam na prática o valor da intensidade I. b) esquema equivalente

U
I=
R F + R C + R A +R B

Circuito de Recepção:
Para este circuito, tem-se: RI = resistência do
equipamento; RM e RN = resistência de contato
mV
eletrodos/solo. Disso, resulta: o ∆V’ é o potencial lido no M N

equipamento, que é menor que o potencial criado. Isto se a) esquema prático

deve à RM e RN, as quais produziriam uma queda de


mV
tensão na leitura do equipamento. Como RM e RN não RI
RM RM
podem ser diminuídos além de um certo limite, é melhor
que RI seja muito maior que estas, ou seja, deve-se
b) esquema equivalente
empregar um equipamento de impedância de entrada
muito grande.

Ressalta-se que na utilização de eletrodos metálicos para medidas do potencial (M e N),


o fenômeno da polarização que ocorre entre estes e o solo (ORELLANA, 1972), normalmente
induz a erros nas leituras do potencial analisado, principalmente, na polarização induzida
(cargabilidade), na qual os valores são muitos baixos.
Visando minimizar estes efeitos de circuito de
medição de MN
polarização do solo, recomenda-se a rolha

utilização de eletrodos impolarizáveis placas de cobre

solução de sulfato
do tipo pote de cerâmica (Fig. III.8), de cobre
Parte externa
parcialmente saturados, com solução impermeabilizada

aquosa de sulfato de cobre, conectado à Parte externa


porosa unesp
Braga, A.C.O.
linha de medição através de placas de
cobre eletrolítico. Figura III.8 – Eletrodo de recepção
Braga, A.C.O. 59

impolarizável.
A solução de CuSO4, entra em contato com o solo, através de uma parte inferior porosa
do eletrodo. Deste modo, se consegue que essas polarizações sejam iguais em ambos eletrodos
e se anulem.
Situações naturais, tais como: depressões acentuadas no terreno, variações litológicas,
etc., também podem resultar em imprecisões nas leituras de campo. Portanto, o centro de uma
SEV deve atender uma melhor aproximação das condições de homogeneidade lateral,
atendendo a teoria dos meios estratificados.
A direção da linha AMNB deve se manter paralela às estruturas geológicas (contatos,
falhas, etc.) e de modo que a superfície topográfica apresente a mínima variação na direção
escolhida. Os eletrodos, preferencialmente, não devem cruzar falhamentos e/ou contatos
geológicos, pois essas variações laterais de resistividade, podem distorcer os campos elétricos
criados, levando à obtenção de dados imprecisos.
A Fig. IV-06, ilustra o desenvolvimento
adequado de várias SEV’s, em situação de ρ1 ρ2
unesp
Braga, A.C.O.
2
ocorrência de falhamento geológico, com 4
Falha/Contato
Geológico
6
diferentes resistividades dos materiais presentes
1
8
em superfície e subsuperfície. 3 10
5 12
O perfil investigado é perpendicular à
7
estrutura geológica, enquanto que a direção da SEV – direção do
azimute AMNB
9
A B 11
linha AMNB se mantém aproximadamente
paralela à estrutura, procurando manter os
Figura IV-06 – Locação das SEV’s.
eletrodos sem heterogeneidades laterais.
Os cuidados citados anteriormente, no desenvolvimento dos trabalhos de campo, são
considerados de extrema importância, para a qualidade dos dados de uma SEV. De nada vale,
softwares sofisticados, intérpretes experientes, se os dados não apresentam qualidade
adequada.

Espaçamento AB Final – Profundidade de Investigação


O espaçamento AB final de uma SEV, para se atingir os objetivos propostos, deve ser
estimado na programação dos ensaios. Pode-se tomar a relação AB/4 como sendo a
profundidade teórica atingida. Na prática alguns procedimentos podem ser seguidos para
escolher sobre o AB final:
Braga, A.C.O. 60

1) basear-se em resultados de campanhas


1000
anteriores realizadas na área ou em áreas

Resistividade Aparente
800

600
geologicamente semelhantes;
400

(ohm.m)
2) efetuar algumas SEV´s em pontos
estratégicos da área ou junto a poços que 200

contenham descrições confiáveis; e,


100
3) tomar a relação AB/4 e prosseguir as 2 4 6 8 20 40 60 80
1 10 100

leituras, até se obter, no mínimo, três Espaçamento AB/2 (m)

pontos na curva de campo após atingir o Figura IV-07 – Espaçamento AB final -


SEV.
objetivo esperado (Fig. IV-07).

Na Hidrogeologia, as profundidades solicitadas visando à captação de águas


subterrâneas, de um modo geral, situam-se entre 100 e 500 metros. Portanto, a técnica a ser
utilizada não pode apresentar limitações, principalmente, quando envolve grandes
profundidades, sendo a técnica da SEV – Schlumberger, superior às demais, tanto na
resolução quanto na penetração.
Em estudos profundos, como é o caso do aqüífero Guarani (por volta de 1.500 metros
nas regiões oeste e noroeste do Estado de São Paulo), as SEV’s – Schlumberger, podem ser
utilizadas com sucesso. Nesse caso, podem-se destacar os trabalhos efetuados pelo Consórcio
CESP/IPT - PAULIPETRO (Fig. IV-08 - IPT, 1980).
Os objetivos dessas SEV’s foram o de determinar o topo do embasamento cristalino, em
áreas de afloramento dos sedimentos da Bacia do Paraná. O espaçamento utilizado foi de AB
= 10.000 m, determinando o topo do embasamento cristalino a 2.082,0 metros de
profundidade.
Braga, A.C.O. 61

Sondagem Elétrica Vertical - Arranjo Schlumberger MODELO GEOELÉTRICO


SEV- 002/49 SEV-002/49
10 10.0m
Local: Folha de Avaré/SP (1:50.000 - IBGE) 1600 sedimentos

Profundidade (m)
Data: 28/01/1980 - Coordenadas UTM: 719,90E - 7.453,40N superficiais
zona não
20 saturada
Curva de Campo NA 23.0m
10000 34
8000 30
6000
40
4000 Fm Bauru
50
Resistividade Aparente (ohm.m)

60
2000 70
80
90
1000 100
800
600 138.0m
340
400
200
Fm Serra Geral
200
300

100 400 400.0m


80 500 42
60 600
40 700
800 Sedimentos
900 Mesozóicos e/ou
1000 Paleozóicos
20

10
20 30 50 200 300 500 20003000 5000 2000
10 100 1000 10000 2082.0m
Espaçamento AB/2 (m) 5000
3000 Embasamento
Obs.: níveis geoelétricos descritos em termos de predominância 4000
Cristalino
do material geológico.

Figura IV-08 – SEV profunda (IPT, 1980).

Entretanto, para profundidades maiores que, aproximadamente, 2.500 metros (AB =


10.000 m), as SEV’s – arranjo Schlumberger não são produtivas, em termos de rendimento de
campo. Neste caso, deve-se recorrer às sondagens elétricas dipolares – arranjo equatorial
(Orellana, 1972). Em investigações envolvendo a contaminação de solos, rochas e águas
subterrâneas, as profundidades de investigação requeridas, são relativamente rasas,
normalmente não ultrapassando 100 metros. Nesses casos, as SEV’s apresentam uma relação
custo/benefício, satisfatória, sendo empregadas com sucesso.
As profundidades de investigação de uma SEV (AB/4), referidas anteriormente, são
teóricas, pois na prática, camadas de alta e baixa resistividade, podem mudar a relação
proposta. Uma questão importante na SEV-ER, diz respeito à profundidade de investigação
em terrenos sedimentares de alta resistividade, localizados superficialmente na zona não
saturada. A ocorrência desses materiais, pode ocasionar um “atraso” significativo nas curvas
de campo, deslocando os espaçamentos AB.
Orellana (1972), cita que em alguns casos, onde ocorre uma camada de alta resistividade
(podendo ser considerada isolante), a penetração de uma SEV não cresceria com o
espaçamento AB. O referido autor ressalta também que, a presença de camadas espessas e de
altas resistividades, em relação às camadas sobrejacentes, produziria na curva de
resistividades aparentes um ramo ascendente seguido de outro descendente, sendo que para se
Braga, A.C.O. 62

obter uma definição da camada resistiva, que permitiria sua interpretação, o espaçamento AB
teria que ser superior a dez vezes ou mais a profundidade de seu topo.
Em estudos geofísicos desenvolvidos nos estados de Tocantins e Pará (IPT, 1985/86),
foram executados ensaios por sísmica de refração e eletrorresistividade (SEV). De um modo
geral, as curvas de campo das SEV’s, apresentaram altos valores de resistividades aparentes
para as camadas superficiais. Essas curvas mostraram nos ramos iniciais, configuração
semelhante à descrita anteriormente por Orellana (op. cit.).
Analisando o tipo das curvas obtidas, constatou-se esse efeito em mais de 90% das
SEV’s executadas. Ao efetuar a interpretação dessas SEV’s, o modelo geoelétrico resultante
não era compatível com as informações geológicas disponíveis e com os resultados da sísmica
de refração – profundidades muito elevadas, indicando um claro deslocamento dos
espaçamentos AB.
Após várias análises dessas curvas, pode-se observar que o ramo final poderia ser
deslocado, mantendo as resistividades aparentes, para a esquerda do gráfico até coincidir com
as primeiras leituras de campo, eliminando com isso o efeito devido à camada resistiva
resultando em uma curva “reduzida”. Tomando-se um ou dois pontos AB/2 coincidentes, a
relação entre eles resulta em um fator denominado de fator de redução da profundidade –
FRP (equação IV-04).
(AB / 2) reduzido
FRP = IV-04
(AB / 2)campo
As Fig.s IV-09 e IV-10 ilustram as situações descritas, sendo apresentadas as curvas de
campo, curva reduzida, modelo geoelétrico de campo e modelo geoelétrico reduzido e o
modelo da sísmica de refração.
No caso 1 (Fig. IV-09) os dados de campo, a partir do AB/2 = 30, foram deslocados até
coincidir com o início da curva original de campo (AB/2 = 3,0) resultando em um FRP = 0,1.
Tomando-se as profundidades do modelo de campo e aplicando o FRP, eliminando as
camadas superficiais delgadas, tem-se o modelo reduzido perfeitamente compatível com a
situação esperada.
No caso 2 (Fig. IV-10), tomou-se para redução os AB/2 = 6,0 e 60,0; sendo nesse caso
as resistividades aparentes do ramo inicial reduzidas. Observa-se nesse caso, a perfeita
correspondência do modelo reduzido com a sísmica de refração.
Braga, A.C.O. 63

Velocidade da
Sondagem Elétrica Vertical - Arranjo Schlumberger SEV - Resistividade
onda sísmica
SEV-35-E11/MD Modelo Modelo Modelo
campo reduzido Refração
Local: Tocantins - Santa Isabel - Marabá/PA 1
5700.0

Profundidade (m)
Eixo Sono 4 - Margem Direita/TO 6000.0
Data: 29/04/1986 1.5m 1.6m
2
Curva de Campo não saturado
10000
8000 RES - campo 0.3
6000 220.0
RES - reduzida
4.3m NA
4 4.0m
4000
2500.0
5.4m
6
Resistividade Aparente (ohm.m)

2000 solo arenoso


8
10 22.0 1.4
1000
800 12.0m
6500.0 12.7m
600
15.8m 290.0 arenito 2.7
400
20 20.0m 20.0m
200

277.0 fator de redução da


100 40 profundidade
80 42.8m
AB/2campo 20,0
60
60 FRP = = = 10,0
40 AB/2reduzida 2,0
80
20 100 23.0
127.4m
10 230.0
2 3 5 20 30 50 200 300 500
1 10 100 1000
200 200.0m
Espaçamento AB/2 (m)
Obs.: nível geoelétrico descrito em termos de predominância
do material geológico.

Figura IV-09 – Efeito da resistividade na curva de campo – Caso 1.


Velocidade da
Sondagem Elétrica Vertical - Arranjo Schlumberger SEV - Resistividade
onda sísmica
SEV-20-E5/ME Modelo Modelo Modelo
campo reduzido Refração
Local: Tocantins - Santa Isabel - Marabá/PA 1
15100.0
Profundidade (m)

Eixo Balsas 2 - Margem Esquerda/TO 1.2m


12000.0
Data: 23/04/1986 1.5m

2 não saturado
Curva de Campo
10000
8000 RES - campo 0.5
3.8m NA
6000 1270.0 3.5m
RES - reduzida 4 2770.0
4000 4.5m

6
Resistividade Aparente (ohm.m)

solo arenoso
2000
8
1000 10
800
600 5000.0
14.6m 51.0 1.6
400 16.6m 16.5m
20 arenito
320.0 2.6
200 25.0m 25.0m

824.0
100 40 38.6m
80
60 fator de redução da
60 profundidade
40
80 AB/2campo 20,0
20 100 FRP = = = 10,0
AB/2reduzida 2,0
10 54.0
2 3 5 20 30 50 200 300 500 165.8m
1 10 100 1000
200
Espaçamento AB/2 (m) 300.0
250.0m
Obs.: nível geoelétrico descrito em termos de predominância
do material geológico.

Figura IV-10 – Efeito da resistividade na curva de campo – Caso 2.

Desenvolvimento dos Trabalhos de Campo


Os trabalhos de campo de uma SEV iniciam-se pela escolha do local exato do centro da
linha AMNB, considerando o exposto anteriormente. Neste local coloca-se uma estaca
Braga, A.C.O. 64

identificando o número da sondagem; recomenda-se que a numeração de identificação das


SEV’s seja seqüencial, independente das localizações. A partir desta estaca, mantendo a
direção da linha AMNB de acordo com o programado, esticam-se duas trenas, uma para cada
lado, previamente demarcadas com os espaçamentos a serem utilizados.
As trenas podem ter o comprimento de 100 metros com as devidas marcas dos
espaçamentos, o que facilita muito o início do ensaio, tornando-o mais rápido. A partir de 100
metros, as marcas (podem ser de 50 em 50 metros) devem ser fixadas nos próprios cabos das
bobinas, sendo controladas pelo operador. Como já comentado, ao introduzir-se, no subsolo, a
corrente elétrica (I) por meio dos eletrodos A e B, resulta que entre os eletrodos M e N mede-
se a diferença de potencial criada (∆V). As medidas obtidas são utilizadas para o cálculo da
resistividade aparente utilizando-se as Equações III-12 e III-13. O aumento do espaçamento
AB, implica em um aumento da profundidade de investigação.
Na obtenção do parâmetro cargabilidade aparente (método da polarização induzida), o
procedimento de campo e a atribuição dos dados obtidos é o mesmo descrito anteriormente,
diferindo na análise do potencial obtido. Enquanto que, na obtenção da resistividade o
equipamento analisa o momento de envio de corrente no subsolo, estudando o potencial
primário criado, na obtenção da cargabilidade aparente, o equipamento analisa o potencial
secundário (curva de descarga), no momento do corte da corrente elétrica.
No gráfico utilizado para a representação dos dados tem-se no eixo das ordenadas o
valor da resistividade aparente – ρ a (ohm.m) e/ou cargabilidade aparente - Ma (mV/V ou ms)
e no eixo das abscissas a distância - AB/2 (m).
Cabe ressaltar a importância da utilização do gráfico, com os cálculos de campo sendo
plotados simultaneamente às leituras. Uma técnica, cuja interpretação deve resultar em
modelos quantitativos reais de campo, obrigatoriamente tem que ter um maior controle sobre
a qualidade dos dados de campo obtidos. Em levantamentos de campo, esperam-se curvas
suaves, sem interrupções bruscas, situações que só através dessas curvas, podem ser
identificadas (Fig.s IV-05 e IV-06).
A profundidade de investigação, como já comentado, de uma SEV é governada,
principalmente, pelo espaçamento entre os eletrodos de corrente AB, podendo ser tomada
como = AB/4. É definida como uma profundidade teórica investigada, pois, dependendo dos
contrastes entre, por exemplo, as resistividades das camadas geoelétricas, na prática, esta
relação pode ser alterada.
No desenvolvimento de uma SEV (arranjo Schlumberger), ao aumentar-se o
espaçamento entre os eletrodos AB (MN = fixo), o valor de ∆V diminui rapidamente, podendo
Braga, A.C.O. 65

atingir valores imprecisos. Uma das maneiras de se manter o ∆V com valor razoável, seria
através do aumento da intensidade da corrente I, entretanto, existe um limite, tanto devido às
características técnicas do equipamento em uso, como devido a problemas de segurança.
Visando melhorar as leituras de potenciais, uma operação utilizada, em conjunto com o
aumento da intensidade de corrente (I), é a chamada operação "embreagem". Esta operação
consiste, em aumentar o valor de ∆V, aumentando a separação entre os dois eletrodos de
potencial, mantendo-se fixos os dois eletrodos de corrente. Para isto, com o espaçamento AB
fixo, realizam-se duas leituras da diferença de potencial: uma com o espaçamento MN inicial;
e, outra com um espaçamento MN maior.
Após estas duas leituras, passa-se para o espaçamento AB seguinte, no qual, novamente,
realiza-se duas leituras de potencial, com os mesmos espaçamentos de MN anteriores.
Recomenda-se que para cada espaçamento AB/2, sejam efetuadas duas leituras do parâmetro
físico até o final do ensaio. Teremos, portanto, vários segmentos de curva plotados no gráfico.
A operação embreagem, além de melhorar o sinal medido, determina a qualidade dos
resultados obtidos, pois os vários segmentos de curva, devem manter um paralelismo. A Fig.
IV-11 ilustra um exemplo de embreagem com dois espaçamentos de MN. A diferença entre os
ramos se dá em função da área investigada em subsuperfície, sendo essa diferença mais
realçada quanto maior as variações laterais do terreno investigado.

10000
a (ohm.m)

A M2 M1 N1 N2 B

1000
∆V1

∆V2

100
1 10 AB/2 (m) 100

Figura IV-11 – Esquema da embreagem nas curvas de SEV.

Os espaçamentos dos eletrodos AB e MN, a serem utilizados em um levantamento de


SEV são importantes e muitas vezes fundamentais. Dependendo do espaçamento, pode
ocorrer que uma camada de pequena espessura, não seja identificada em uma curva de campo.
Como já ressaltado, a identificação das camadas geoelétricas em uma curva de campo de
SEV, depende, além da existência de contrastes entre as propriedades físicas da camada com
as adjacentes, da relação de sua espessura com a profundidade em que esta camada ocorre.
Uma camada geoelétrica de pequena espessura (por exemplo: 2 metros), localizada a
pequena profundidade (10 metros), pode ser visualizada em uma curva de SEV; entretanto,
Braga, A.C.O. 66

esta mesma camada localizada a uma maior profundidade (por exemplo: 500 metros), não será
identificada. Portanto, o espaçamento ideal para os eletrodos AB, deve apresentar um bom
detalhamento, sem, entretanto, serem exagerados.
Ressalta-se ainda, que os espaçamentos utilizados, devem manter o limite da relação
MN ≤ AB/5 (Schlumberger), pois, desta maneira, trabalha-se com potenciais mais elevados,
reduzindo os efeitos perturbadores dos potenciais indesejáveis.

Fugas de Corrente
Uma das causas de erro mais freqüente e grave nas medidas de campo de uma SEV,
consiste no aparecimento das chamadas "fugas de corrente" no circuito de emissão. Estas
"fugas" se dão em função de um "escape" de corrente, gerada pelo transmissor, em um ponto
do circuito diferente das posições dos eletrodos A e B, aparecendo normalmente em dias de
chuva. Isto pode ocorrer devido a problemas de isolamento dos cabos, tal como pedaços de
fios descascados, situados em solo muito úmido e/ou fios submersos em poças d´águas e rios,
ou ainda, nas próprias bobinas do circuito AB.
A presença destas fugas equivaleria ao ∆VMN = ∆V1 + ∆V2
A M N B
de um eletrodo suplementar, que produziria
uma diferença de potencial adicional (∆V2) I1 I2
no circuito, em função da corrente adicional
I2, resultando em uma leitura da ∆VMN = ∆V1
+ ∆V2 (Fig. IV-12). Figura IV-12 – Fuga de corrente.

Estas fugas podem ser percebidas durante a plotagem dos valores calculados da
resistividade aparente na curva de campo. As embreagens, que deveriam manter um
paralelismo, começam, de maneira suave, a se distanciar. A Fig. IV-13, ilustra duas situações
de fugas de corrente.
Na Fig. IV-13(a) a fuga se dá próxima de um dos eletrodos com espaçamento de MN/2 =
0,30, resultando em um ramo da curva com falsa tendência de indicar a presença de uma
camada geoelétrica de alta resistividade. Pode-se observar, neste caso, que o espaçamento
MN/2 = 2,0 não é afetado pela corrente adicional, como foi demonstrado pela curva real
obtida após a eliminação dessa fuga. Na Fig. IV-13(b), a fuga, próxima de um dos eletrodos
MN/2 = 2,0, começou a partir da leitura do espaçamento de AB/2 = 20,0, quando se iniciou
uma forte chuva.
Braga, A.C.O. 67

(a) (b)
10000 100000
9000 90000
8000 80000
7000 70000 MN/2=0,30
6000 60000 MN/2=2,0
leituras afetadas pela
5000 50000
fuga de corrente MN/2=5,0
4000 40000
Resistividade Aparente (ohm.m)

Resistividade Aparente (ohm.m)


3000 30000

2000 20000

leituras afetadas pela


1000 10000 fuga de corrente
900 9000
800 8000
700 7000
600 6000
500 5000
400 4000
MN/2=0,30
300 3000
MN/2=2,0 - sem fuga

200
MN/2=5,0
2000
MN/2=0,30
- com fuga
MN/2=2,0

100 1000
2 3 4 5 6 7 8 9 20 30 40 50 60 708090 2 3 4 5 6 7 8 9 20 30 40 50 60 708090
1 10 100 1 10 100
Espaçamento AB/2 (m) Espaçamento AB/2 (m)

Figura IV-13 – Exemplos de campo de fugas de corrente.


Uma maneira de comprovar sua existência, é executar o "teste de fuga": (1) desconectar
o cabo de um dos eletrodos A ou B, mantendo sua extremidade isolada; (2) enviar corrente
pelo equipamento; (3) se as leituras não são nulas, existem fugas deste lado do circuito.
Repetir este procedimento para o outro segmento do circuito. Comprovada sua existência,
deve-se proceder a uma verificação dos cabos, procurando localizar trechos expostos e efetuar
o devido isolamento, ou ainda, providenciar o isolamento das bobinas. Este teste deve ser
efetuado com cuidado, evitando possíveis choques no pessoal ajudante.

4.3.2. Caminhamento Elétrico – Dipolo-Dipolo


A programação de uma campanha pela técnica do CE - Dipolo-Dipolo, inclui, como na
SEV, além das questões de organização, logística, infra-estrutura, etc., a escolha do:
espaçamento entre os eletrodos AB-MN, os níveis a serem investigados, os espaçamentos
ideais entre os perfis, e ainda, as direções das linhas ABMN.

Espaçamento Entre os Eletrodos AB-MN e Níveis de Investigação


Tomando a Fig. III-17, tem-se que, o espaçamento x a ser utilizado deve ser definido em
função dos objetivos do trabalho e da profundidade máxima de investigação a ser atingida,
controlada pelo número de níveis investigados. Para estudos envolvendo a locação de poços
para captação de águas subterrâneas, em meios fraturados, recomenda-se adotar o
espaçamento x = 40 m – mínimo de cinco níveis. Para estudos ambientais, pode-se utilizar o
espaçamento x = 20 m – mínimo de cinco níveis.
Na escolha do espaçamento, deve-se considerar o número ideal de mudanças em função
das dimensões da área estudada, a fim de se obter uma seção representativa. Recomenda-se
Braga, A.C.O. 68

obter 10 mudanças completas de cinco níveis, e que o arranjo se inicie e termine além da área
de interesse de investigação.

Programação e Desenvolvimento dos Trabalhos de Campo


Os levantamentos devem ser executados, em linhas, previamente estaqueadas, paralelas
entre si, mantendo, de preferência, uma distância entre elas de 2 vezes o espaçamento dos
dipolos (x). As linhas devem manter uma direção perpendicular às estruturas de interesse,
como ilustrado na Fig. IV-14.

a) unesp b) unesp
ρ1 ρ2 Braga, A.C.O. Aterro Braga, A.C.O.
sanitário
Falha/Contato
Geológico pluma de
x x x contaminação
A B M N A B M N

2x ρ2
A B M N A B M N
CE – direção do CE – direção do
azimute ABMN azimute ABMN ρ1
A B M N A B M N

Figura IV-14 – Locação das linhas do CE.


No caso de zonas de fraturamento e/ou falhamento, as linhas devem ser locadas
perpendiculares às estruturas de interesse - Fig. IV-14(a), de modo a interceptar as prováveis
zonas de falhas. No caso de mapeamento de plumas de contaminação (aterros, vazamentos,
etc.) as linhas devem ser locadas paralelas ao aterro - Fig. IV-14(b), acompanhando as curvas
de nível (topografia do terreno), e perpendiculares à provável direção da pluma. As direções e
sentidos da evolução das plumas de contaminação, podem ser estimados previamente a partir
de mapas potenciométricos obtidos por SEV’s.
No desenvolvimento do CE - Dipolo-Dipolo, após a disposição do arranjo no terreno, e
obterem-se as leituras pertinentes, todo o arranjo é deslocado para a estaca seguinte e
efetuadas as leituras correspondentes, continuando este procedimento até final do perfil a ser
levantado.
Uma das grandes vantagens desse arranjo, é o fato de poder utilizar, simultaneamente,
vários dipolos de recepção dispostos ao longo da linha a ser levantada. Como já comentado,
cada dipolo refere-se a um nível de investigação, podendo, dependendo do caráter da
pesquisa, estudar as variações laterais de um parâmetro geoelétrico, ao longo de um perfil,
com um ou mais dipolos, atingindo várias profundidades de investigações. Dessa maneira, em
estudos ambientais, eventuais plumas de contaminação, podem ser delimitadas lateralmente e
em profundidade.
Braga, A.C.O. 69

CAPÍTULO 5. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NA CAPTAÇÃO DE ÁGUAS


SUBTERRÂNEAS

5.1. ROCHAS SEDIMENTARES


Nos estudos hidrogeológicos para captação de águas subterrâneas, visando
abastecimento de determinada população, para fins industriais, agricultura, etc., em
sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares, o aqüífero granular é constituído por
camadas predominantemente arenosas, de certo modo, plano paralelas à superfície do terreno.
A Figura V-01 apresenta a metodologia recomendada em estudos visando à captação de águas
subterrâneas em rochas sedimentares, com os principais produtos a serem obtidos.

METODOLOGIA
GEOELÉTRICA

Captação de Águas
Subterrâneas

Rochas
Sedimentares

Aqüíferos Aqüíferos
Granulares Cársticos

SEV CE-ER-IP
ER ER-IP
Schlumberger Dipolo-Dipolo

Profundidade do Litologia –
Nível d´Água Topo Rochoso

Mapa Carstes e
Potenciométrico Cavidades

Estimativa de Prof. e Espessura


Par. Hidráulicos do Aqüífero

Contato Água
Doce/Salgada

Figura V-01 – Metodologia e produtos na captação de água subterrânea – Rochas


Sedimentares.

Ressalta-se que, neste caso também, os sedimentos inconsolidados foram incorporadas


nas discussões envolvendo as rochas sedimentares – aqüíferos granulares. Dos produtos
referidos, destacam-se a determinação da: profundidade do nível d’água e identificação
litológica – caracterização do aqüífero, contato água doce/salgada – aqüíferos sedimentares
costeiros, cavidades em sedimentos, e estimativa de parâmetros hidráulicos.
Braga, A.C.O. 70

5.1.1. Aqüíferos Granulares


Após a análise qualitativa das curvas de campo, identificando os vários níveis
geoelétricos presentes, e o processamento dos dados de campo através de softwares
adequados, procurando determinar as resistividades, cargabilidades e espessuras reais das
diferentes litologias presentes, define-se a estratigrafia geoelétrica inicial da área. Nessa fase,
cabe destacar que na definição do modelo inicial, a inversão conjunta dos dados de
resistividade e cargabilidade podem contribuir para diminuir a ambigüidade da interpretação –
efeito de supressão de camadas (Capítulo 3).
A Figura V-02, ilustra um caso, no qual a definição do 2o e 5o nível geoelétrico, efetuou-
se com precisão, a partir da curva de cargabilidade aparente, pois a resistividade não
identificou com clareza estes níveis. Esse tipo de supressão de camada (5o nível), se dá, não
tanto em função de espessuras reduzidas, mas, mais em função dos contrastes de
resistividades, uma vez que, um nível geoelétrico com alta resistividade, pode "atrasar" a
identificação de outro subjacente.

4000 400
3o nível

2000 200

1000 100
Resistividade aparente(ohm.m)

Cargabilidade aparente (mV/V)


800 4o nível 80
2o nível
600 60

Figura V-02 - Supressão de 400 40


1o nível
camada na curva de 5o nível
resistividade aparente, 200 20

identificada pela 1o nível


3 nível
o
5o nível

cargabilidade - Fm Rio 100 10


80 8
Claro (Modificado de Braga,
60 6
1997). 4o nível
40 2 nível
o 4

campo-ER
20 campo-IP 2
modelo-ER
modelo-IP
10 1
2 4 6 8 20 40 60 80 200 400
1 10 100
Espaçamento AB/2 (m)

Pode ocorrer a situação inversa, na qual, a definição de um nível geoelétrico, seria


efetuada a partir da curva de resistividade aparente, não sendo clara, sua identificação na
cargabilidade.

Profundidade do Nível d’Água


Braga, A.C.O. 71

Na identificação da profundidade do nível d’água (NA), delimitando as zonas não


saturada e saturada, recomenda-se a SEV-ER; cuja determinação do NA deve ser efetuada,
inicialmente, de maneira qualitativa nas curvas de campo, procurando identificar as “quebras”
nos valores de resistividade aparente.
A Figura V-03, ilustra duas situações típicas de SEV’s executadas em áreas de rochas
sedimentares. A parte inicial das curvas é do tipo K, evidenciando, nas duas primeiras
camadas geoelétricas, as porções do solo não saturado: zona de evapotranspiração e retenção.
A terceira camada, que corresponderia à franja capilar, pode variar em função da litologia
local.

Na SEV-01, a franja capilar, 1000


800
praticamente não ocorre, ou ocorre mas 600

com espessuras pequenas, apresentando 400 franja capilar


Resistividade Aparente (ohm.m)

SEV-02
uma queda acentuada nos valores (AB/2
200
= 6,0 a 8,0) - curva tipo KH,

satu
sat

rad
ura
SEV-01
característica de sedimentos arenosos.

o
100

do
80
Já, a SEV-02, apresenta uma 60

inflexão intermediária na queda dos 40

valores (AB/2 = 20,0), caso típico de


20
sedimentos argilosos, resultando na
ocorrência da franja capilar de 10
2 4 6 8 20 40 60 80
1 10 100
espessura significativa, identificada nas Espaçamento AB/2 (m)

curvas de campo - curva tipo KQH. Figura V-03 – Curva de campo e o NA - SEV.

Na definição do nível d’água, tem-se constatado em vários trabalhos de campo, que a


cargabilidade não apresenta a mesma resolução que a resistividade. Procurando ilustrar essa
constatação, foram efetuadas medidas em laboratório, em amostras de sedimentos areno-
argilosos, conforme esquema da Figura V-04.
As medidas foram efetuadas A
V
inicialmente na amostra seca e A M N
B

posteriormente com a amostra


totalmente saturada, com três
30cm
espaçamentos de MN (2, 6 e 10 cm).
Figura V-04 – Esquema de medidas em
amostras.
Braga, A.C.O. 72

Pode-se observar na Figura V-05, que as resistividades apresentam uma ampla variação
nas faixas de valores para a amostra não saturada e saturada. Já a cargabilidade apresenta uma
insignificante variação entre os valores da amostra não saturada e saturada.
4000 40
Resistividade Cargabilidade
3000 seco seco 30
saturado saturado
2000 20

1000 10
900 9

Resistividade Aparente (ohm.m)


800 8

Cargabilidade Aparente (ms)


Figura V-05 – Medidas de 700
600
7
6
resistividade e cargabilidade em 500 5

amostra não saturada e saturada. 400 4

300 3

200 2

100 1
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
Espaçamento MN (m)

No campo, conforme Braga (1997) - Figura V-06, sedimentos argilosos da Formação


Corumbataí (COR), apresentaram os valores de cargabilidade para a zona não saturada
aproximadamente com a mesma faixa de variação que os valores para zona saturada.

100 100
Fm Rio Claro
Zona não saturada
Zona saturada
os
os
r en
d .a
10 se 10
Cargabilidade (mV/V)
Cargabilidade (mV/V)

sed. areno-argilosos

1 1

Fm Corumbataí
Zona não saturada
Zona saturada
0.1 0.1
100 1000 10000 100000 10 100 1000 10000
Resistividade (ohm.m) Resistividade (ohm.m)

Figura V-06 – Resistividade/Cargabilidade e o NA (modificado de Braga, 1997).

Para os sedimentos arenosos da Formação Rio Claro (RC), os valores de cargabilidade


da zona não saturada são mais elevados que para os valores da zona saturada, enquanto que os
sedimentos areno-argilosos dessa formação, apresentaram faixas de cargabilidade semelhantes
para as zonas não saturada e saturada. Já, a resistividade, para as duas formações geológicas,
Braga, A.C.O. 73

define claramente as duas zonas de saturação dos solos, não importando a predominância
litológica.
Pode-se concluir das análises anteriores que, para sedimentos arenosos a cargabilidade
poderia definir a posição do nível d’água, embora sem a mesma intensidade que as
resistividades; já para sedimentos com ocorrência das argilas, essa definição seria inviável.

Identificação Litológica
A partir da quantificação do modelo inicial, faz-se então, a correlação com os dados
geológicos disponíveis, visando definir o tipo litológico identificado nas camadas geoelétricas
– modelo geoelétrico final (Figura V-07). Na zona não saturada, os valores de resistividade
apresentam uma ampla gama de variação, em função, principalmente, das variações no
conteúdo em água nesses sedimentos.
Dessa maneira, nessa porção do solo, os
SEV Modelo Geoelétrico
valores de resistividade não caracterizam a ρ1 = 1.200
Evapotranspiração Sedimentos
litologia local. Apenas podem indicar a 4,0m
ρ2 = 5.000 superficiais
Retenção Zona não
ocorrência estratigráfica das faixas de 9,0m
ρ3 = 300 saturada
Capilar NA
evapotranspiração, retenção e capilar. 10,0m
ρ4 = 80
Na zona saturada, os valores de Sedimentos
25,0m arenosos
resistividade definem, em termos de ρ5 = 10 Zona
Sedimentos saturada
predominância, as diferentes litologias presentes, 52,0m argilosos
ρ6 = 300
em função do conhecimento geológico da área em Rocha sã - Basalto
Figura V-07 – Modelo geoelétrico.
questão.
A partir da coletânea de resultados de vários trabalhos desenvolvidos, a Tabela V-01
apresenta faixas de variação dos valores de resistividade e cargabilidade para sedimentos e
alguns tipos de rochas, para zona não saturada e saturada.

Tabela V-01 – Resistividade/cargabilidade e a litologia.

Resistividad Cargabilidade
Tipo Litológico: Sedimentos/(Rochas)
e (ohm.m) (mV/V)
Zona não saturada 20 a 30.000 2,0 a 25,0
Sedimentos Argilosos – (Argilitos) ≤ 20
1,0 a 2,0
Sedimentos Argilo-Arenosos 20 a 40
Sedimentos Areno-Argilosos 40 a 60
Zona saturada 7,0 a 30,0
Sed. Silte-Argilosos – (Siltitos Argilosos)
25 a 40
Sed. Silte-Arenosos – (Siltitos Arenosos)
2,5 a 6,0
Sedimentos Arenosos – (Arenitos) ≥ 60
Braga, A.C.O. 74

A Figura V-08, ilustra a correlação entre sedimentos arenosos e argilosos com a


resistividade e cargabilidade, para os sedimentos da zona saturada.
40

30

areno-argilosos
20

silte-argilosos

sedimentos
sedimentos
10
9

Cargabilidade (mV/V)
8
Figura V-08 – Variações da 7
resistividade e cargabilidade em 6

silte-arenosos
função da litologia na zona

sedimentos
5
sedimentos
saturada. 4
arenosos
ou arenitos
3

2
sedimentos sedimentos
argilosos argilo-
ou argilitos arenosos
1
10 20 40 60 80 100 200 400
Resistividade (ohm.m)

Portanto, na definição da litologia visando identificar camadas geológicas com potencial


aqüífero para captação de águas subterrâneas, a partir da resistividade e cargabilidade, e
ainda, considerando as conclusões de Vacquier et al. (1957) e Draskovits et al. (1990) -
Capítulo 3, algumas considerações podem ser efetuadas:
1) a Figura V-08, modo geral concorda com os limites propostos por Draskovits et al. (op cit)
– Figura III-12, e utilizados por Braga (1997), e as camadas argilosas apresentam baixos
valores de resistividade e cargabilidade;
2) camadas argilo-arenosas, silte-arenosas e silte-argilosas, com a mesma faixa de variação
nos valores de resistividade, podem ser individualizadas a partir da cargabilidade;
3) camadas siltosas ou arenosas, com misturas de argilas (sedimentos siltes-argilosos e areno-
argilosos), apresentam uma resposta IP bem maior que a resposta em camadas argilosas ou
arenosas puras;
4) camadas arenosas, apresentam alta resistividade e cargabilidade intermediária; e,
5) em rochas sedimentares, os aqüíferos a serem explorados, em função da resistividade
e cargabilidade, devem apresentar valores, respectivamente, entre: 60,0 < ρ < 300,0
ohm.m e 2,5 < M < 6,0 mV/V.

A Figura V-09, apresenta um caso (Braga et al., 2005) de identificação litológica do


primeiro nível geoelétrico saturado – aqüífero livre (mapa) e uma seção geoelétrica, perfil
Braga, A.C.O. 75

AB, da seqüência estratigráfica da área, procurando delimitar a ocorrência dos aqüíferos livre
e confinado, a partir da técnica da SEV.
0m 200m 400m 600m lago

Rio Sa área industrial


pucaia
sondagem elétrica vertical

-29O 51´ 58´´


?

-29O 52´ 31´´


A unesp B
Braga, A.C.O.
resistividade (ohm.m)
250 200 150 100 80 60 50 40 30 25 20 15 10
50O 52´ 31´´ 50O 49´ 26´´

>60 arenoso 41-60 areno-argiloso 20-40 argilo-arenoso <20 argiloso


A escala horizontal B
não saturado 0m 200m 400m 600m

aqüífero livre sed. argilosos

aqüífero confinado

sed. argilosos

Figura V-09 – Mapa de resistividade do primeiro nível geoelétrico saturado e seção


geoelétrica AB (modificado de Braga et al., 2005).
10000
A Figura V-10a mostra 8000
6000 embasamento
e/ou diabásio fraturado
um caso de SEV-ER
solo de alteração de diabásio

cristalino
4000

executada no município de
2000
Nova Odessa-SP, com a
Resistividade Aparente (ohm.m)

27,0m

finalidade de auxiliar a 1000


350,0m

800

locação de poço tubular 600


diabásio - rocha sã
4,6m

400 sedimentos
profundo para captação de superficiais
250,0m

não
saturados
água subterrânea. 200
NA=2,2m

Pode-se observar a curva 100 arenito


80
de campo – resistividade 60

40 Vazão = 12.000 l/h embasamento


aparente, a curva de Poço Tubular Bomba a 220m arenito cristalino

solo de alt. de diabásio e/ou diabásio fraturado diabásio rocha sã


resistividade real – modelo 20
2 4 6 8 20 40 60 80 200 400 600 800
1 10 100 1000
geoelétrico e o perfil do poço Espaçamento AB/2 (m)
Figura V-10a – SEV na locação de poço tubular
tubular perfurado.
profundo.

A seqüência estratigráfica da geologia local, indicava uma perfuração de risco, espessa


intrusão de diabásio e incerteza na ocorrência de aqüíferos promissores em profundidade
Braga, A.C.O. 76

(Formação Itararé). Após a perfuração do poço tubular, com uma vazão de 12.000 l/h, os
dados obtidos mostraram a boa precisão do modelo geoelétrico obtido previamente.
De acordo com a geologia e área a ser estudada, a técnica do CE-DD, pode ser
empregada na identificação litológica e determinação do nível d’água subterrâneo, com maior
detalhe que as SEV’s, as quais podem ser executadas, em menor número, sendo utilizadas
para calibrar o modelo da inversão do CE. A Figura V-10b, apresenta três seções geoelétricas
processadas, cujo modelo é associado com a geologia local.

15 SEV-03/E68 Seção Geoelétrica - Linha 1 - Petrosix


25 35 45 55 65
75 85
370 95
800 143 105 115
67 125 135
331
145 155
795 165 175
185 195
205 215
Elevação (m)

790 225 235


245 255
57
785 265 275

mento
Descrição das 285
780 sondagens mecânicas

falha
775 solo argiloso seco
folhelho
770 folhelho e marga
marga folhelho Resistividade (ohm.m)
siltito solo argiloso 600 e/ou marga 80 siltito arenoso 40 siltito argiloso

Seção Geoelétrica - Linha 1 - Mogi Guaçu


10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
0
Profundidade (m)

-5

-10

-15
Resistividade (ohm.m)
-20 arenoso 60 areno-argiloso 40 argilo-arenoso 20 argiloso

Seção Geoelétrica - CE-DD - Coronel Macedo-SP


40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760
0
Profundidade (m)

-20

-40

-60
dique diabásio Resistividade (ohm.m)
não saturado 300 ou capilar 100 arenoso 40 argiloso

Figura V-10b – Seções geoelétricas do CE-DD e a litologia.

Aqüíferos Sedimentares Costeiros


Uma aplicação importante da SEV-ER e com excelentes resultados, diz respeito a estudo
para captação de água subterrânea em aqüíferos sedimentares costeiros, onde nesse caso, as
intrusões salinas poderiam ser classificadas como poluição “natural”, podendo ser induzida
pelo homem.
Braga, A.C.O. 77

SEV-01
600
A Figura V-11 ilustra um nível freá SEV-02
tico
300 nível do
exemplo de estudo em zona litorânea, mar
água
subterrânea
com duas SEV’s executadas. Para os 85 doce 90
oceano
sedimentos arenosos saturados com
ha
água doce, a resistividade é bem mais cun
a
salin 4 água
subterrânea
elevada (85 e 90 ohm.m) que para os 5000 salgada
embasamento
mesmos sedimentos saturados com cristalino 5000

água salgada (4 ohm.m). Figura V-11 – Aqüíferos sedimentares


costeiros.

Cavidades em Sedimentos
A Figura V-12 apresenta o modelo geoelétrico resultante da inversão dos dados de
campo da técnica do CE-DD, em estudos de identificação de cavidades em sedimentos,
visando: a proteção de frentes de lavras em mineração de areias – Caso 1, e a captação de
águas subterrâneas superficiais – Caso 2. Nos dois casos, as cavidades apresentam-se
saturadas – resistividades baixas.

SEV-01
CASO 1 - Seção Geoelétrica - Linha R4 - Jundu
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260
660 23580 280 300 320 340 360 380
3360
Elevação (m)

650
8790
640
NA
630
Resistividade (ohm.m) 380
620 10000 8000 6000 5000 4000 3000 2500 2000 1500

CASO 2 - Seção Geoelétrica - Itirapina


-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140
0
Profundidade (m)

-10

-20
NA
-30

Resistividade (ohm.m)
anomalias condutoras projetadas 4000 3000 2500 2000 1500 1000 800 700 600 500 400 300
provável extensão lateral
provável cavidade não saturada

Figura V-12 – Cavidades em sedimentos.

5.1.2. Aqüíferos Cársticos


Neste tipo de aqüífero, um caso particular de bacias sedimentares – rochas calcárias, é
importante, tanto a caracterização dos materiais de maneira pontual (SEV), como a
caracterização de estruturas descontinuas a superfície do terreno (CE), como no caso de
falhamentos e cavidades por dissolução do material calcário. Como técnica principal, têm-se o
Braga, A.C.O. 78

CE-DD, o qual apresenta boa precisão. A técnica da SEV, pode ser utilizada para determinar
o topo das camadas, nível d´água, etc..
Como os resultados e produtos obtidos pelo CE-DD, em rochas calcárias, são
semelhantes aos obtidos em rochas cristalinas, serão discutidos no sub-item Rochas
Cristalinas.

5.1.3. Estimativa de Parâmetros Hidráulicos


O parâmetro físico resistividade pode ser correlacionado com certos parâmetros
importantes utilizados na Hidrogeologia, essas correlações, mesmo apresentando um caráter
aproximado, podem contribuir no entendimento dos modelos hidrogeológicos de uma
determinada área de estudo, minimizando os custos e prazos dos projetos.

Resistividade e a Porosidade
As relações entre as resistividades de uma formação aqüífera saturada não argilosa, a do
eletrólito que preenche seus poros e a porosidade total, podem ser estimadas através do
coeficiente F - Fator de Formação (Archie, 1942). Este fator pode ser calculado a partir das
equações:
ρR 1
F= ,e V-01 Pm = V-02
ρW F
onde, ρR = resistividade média da rocha (matriz e poros incluídos); ρW = resistividade da
solução de saturação dos poros; P = porosidade total; e, m = coeficiente de cimentação. Das
equações anteriores, tem-se:
ρW
Pm = V-03
ρR
Medidas da porosidade em laboratório, permitem calcular "m"; senão, tomando ρW = 10
ohm.m e a Equação V-01, pode-se estimar a porosidade a partir do gráfico da Figura V-13.
Vacúolos isolados não são considerados, portanto, obtém-se a porosidade total comunicante.
Assume-se que, para valores de porosidade total > 45%, predominam sedimentos argilosos.
Nesse gráfico, foram lançados valores de resistividade obtidos por 120 SEV’s por Braga
et al. (2005), aplicadas a estudos de aqüífero livre e confinado, apresentando a correlação
fator de formação/porosidade, com a litologia dos sedimentos definida pelos valores de
resistividade.
Na faixa de sedimentos argilo-arenosos (20<ρ<40 ohm.m), valores de porosidade >
45%, indicam muito pouco material arenoso; já valores de porosidade < 45%, indicam
Braga, A.C.O. 79

aumento na ocorrência de sedimentos arenosos. O aumento da granulometria dos sedimentos,


implica em um aumento dos valores de resistividade, e conseqüentemente, numa diminuição
da porosidade.
Resistividade (ohm.m)
10 100 1000 10000

• curva 1 (m = 1,3):
20 40 60 80 200 400 600 800 2000 4000 60008000
100
90
80

70
sedimentos argilosos formação fofa – sedimentos
60
inconsolidados;
50
sedimentos argilo-arenosos
45 • curva 2 (m = 1,9): rocha
40

consolidada com
30 sedimentos areno-argilosos
porosidade de interstícios
Porosidade Total (%)

20 (quartzitos, arenitos);
• curva 3 (m = 2,35): rocha
sedimentos arenosos
consolidada, para a qual a
10
9
8
porosidade resultante da
7
3 fissuração é mais
6

5 importante que a de
4
interstício (calcários,
1 2
3
2 4 6 8 20 40 60 80 200 400 600 800
derrames basálticos).
1 10 100 1000
Fator de Formação

Figura V-13 – Fator de formação e a porosidade (modificado de Archie, 1942).

Resistividade e a Condutividade Hidráulica e Transmissividade


A condutividade hidráulica (K) e a transmissividade (T) de uma camada geológica
(Capítulo 2), podem ser correlacionados com os parâmetros geoelétricos resistividade e
espessura das camadas processadas. Como demonstraram, entre outros, Henriet (1975) e
Griffiths (1976), a resistividade elétrica de sedimentos arenosos e argilosos saturados, pode
ser tomada como sendo diretamente proporcional à condutividade hidráulica desses materiais.
Portanto, como a resistência Resistência Transversal
Transmissividade - T
Unitária - TDZ
transversal unitária TDZ (Capítulo 3), é o
produto da resistividade pela espessura T = K x E (m2/s) TDZ = ρ x E (ohm.m2)

de uma camada (Equação III-16), tem-se


Como: K é diretamente proporcional a ρ
a seguinte correlação: Então: T é diretamente proporcional a TDZ

Em estudos hidrogeológicos envolvendo camadas arenosas ou argilosas saturadas, a


associação de mapas de resistência transversal unitária com mapas de resistividade, referentes
Braga, A.C.O. 80

a uma determinada camada de interesse, contribui significativamente com esses estudos,


podendo dirigir a locação dos poços tubulares em alvos mais promissores.
Como exemplo de aplicação desse parâmetro TDZ, apresentam-se a seguir alguns
resultados da campanha geofísica por Braga et al. (2005). A Figura V-14, mostra os valores
obtidos pelo modelo geoelétrico referente à primeira camada geoelétrica saturada, lançados no
gráfico padrão (Figura III-24). O estudo dessa primeira camada saturada, visou caracterizar o
aqüífero livre.

1000 T
=
50
00
T
=
25

faixa de valores
00

ideal -
aqüíferos mais
T
=

promissores
10
00

100
T
=
Espessura (m)

50
0
T
=
25
0
T
=
10
0

10
T
=
50

areno-argilosos
argilo-arenosos

arenosos
argilosos

1
1 10 20 40 60 100 1000
Resistividade (ohm.m)

Figura V-14 – Relação resistência transversal unitária/transmissividade (Braga et al.,


2005).

Os valores de TDZ para os sedimentos arenosos, tendem a serem mais elevados que para
os sedimentos argilosos, entretanto podem-se observar também valores para os sedimentos
argilosos maiores que para os sedimentos arenosos; isto se dá em função de um aumento da
espessura dessa camada. Portanto, os valores de TDZ têm que estar associados a litologia –
mapa de resistividade.
A Figura V-15 mostra o mapa de TDZ para a área estudada, indicando locais associados à
maior transmissividade do aqüífero livre (TDZ > 400 ohm.m2), correlacionado com o mapa de
resistividade dessa primeira camada saturada.
Braga, A.C.O. 81

lago
0m 200m 400m 600m

Rio Sa
pu área industrial
caia
sondagem elétrica vertical

-29O 51´ 58´´


?

-29O 52´ 31´´


unesp
Braga, A.C.O.

resistência transversal resistividade (ohm.m)


250 200 150 100 80 60 50 40 30 25 20 15 10
50O 52´ 31´´ T (ohm-m2 ) 50O 49´ 26´´

> 400 areno-


arenoso argilo-arenoso argiloso
argiloso

Figura V-15 – Mapa de resistência transversal unitária e resistividade do aqüífero livre


(Braga et al., 2005).

5.2. ROCHAS CRISTALINAS


Na captação de águas subterrâneas, visando abastecimento, em terrenos cristalinos, o
aqüífero é constituído por falhas e/ou fraturas nas rochas, normalmente não paralelas à
superfície do terreno, cujo objetivo principal da geofísica é o de posicionar os falhamentos
e/ou fraturamentos em superfície, indicando o sentido de mergulho.
Conforme já comentado no sub-item
4.2.1., a técnica mais adequada sugerida, é o METODOLOGIA
GEOELÉTRICA
caminhamento elétrico – arranjo dipolo- Captação de Águas
Subterrâneas
dipolo (CE-DD), com os métodos da
Rochas Aqüíferos
eletrorresistividade e polarização induzida. A Cristalinas Fraturados

técnica do SEV, pode ser utilizada em SEV-ER-IP CE-ER-IP


Schlumberger Dipolo-Dipolo
situações específicas, com menor detalhe do
Contatos Falhas e
que a técnica do CE. Geológicos Fraturamentos
A Figura V-16, apresenta a metodologia Diques/
Derrames Basálticos
recomendada em estudos visando à captação
Topo
de águas subterrâneas em rochas cristalinas, Rochoso

com os principais produtos a serem obtidos. Figura V-16 – Metodologia e produtos na


captação de água subterrânea – Rochas
Com destaque para a determinação de falhas
Cristalinas.
e fraturamentos.
Braga, A.C.O. 82

5.2.1. Aqüíferos Fraturados


Este tipo de aqüífero é composto por rochas compactas, nas quais a água ocorre
ocupando fissuras, fendas ou fraturas dessa rocha. Ressalta-se que nesse caso, devido ao
caráter da anomalia visada, incluem-se nessa discussão os aqüíferos cársticos (rochas
sedimentares). Através do CE, pode-se posicionar, em superfície, a zona de anomalia
condutora (associada a falhamentos e/ou fraturamentos saturados), bem como estimar o
mergulho da estrutura identificada.
Recomenda-se, a utilização do arranjo dipolo-dipolo, com no mínimo três linhas
topográficas de levantamento, espaçamento entre os dipolos x = 40 metros e, no mínimo,
cinco níveis de investigação, os quais atingiriam a uma profundidade teórica total de 120
metros, satisfatória para se identificar anomalias significativas. De um modo geral, as
resistividades das rochas cristalinas (por exemplo, granito, gnaisses) e calcárias, possuem
valores elevados, apresentando um bom contraste com as zonas fraturadas e/ou falhadas
saturadas com água – faixas de baixa resistividade.
Inicialmente, a determinação das anomalias geofísicas, pode ser efetuada
qualitativamente, nas pseudo-seções, posicionando-as na superfície do terreno, com o
mergulho indicado. Mapas dos vários níveis investigados pelo dipolo-dipolo, podem ser
traçados, procurando localizar, em planta, as direções das zonas de interesse, em várias
profundidades de investigação, constituindo uma visão em 3D.
Procurando analisar as anomalias resultantes de fraturas/falhamentos na rocha, quanto a
sua forma e intensidade, alguns casos históricos são discutidos, sendo aplicados os parâmetros
DZ: condutância longitudinal total (S), resistência transversal total (T) e resistividade média
(ρm). As pseudo-seções, obtidas pelo CE, podem ainda ser interpretadas em 2D utilizando-se
de softwares que possibilitam a inversão dos dados de resistividade aparente – interpretação
quantitativa, gerando um modelo geoelétrico real.

Caso Histórico - 1:
A Figura V-17 ilustra uma aplicação em aqüíferos cársticos. Observa-se nessa figura,
que a intensidade da anomalia na seção de condutância longitudinal total (S) é maior que na
seção de resistência transversal total (T), isto se deve, principalmente, ao fato de que nesta
situação a resistividade longitudinal é mais sensível à zona fraturada que a resistividade
transversal.
A seção de resistividade média, “filtra” as resistividades aparentes, indicando a posição
da anomalia na superfície do terreno, e a direção do mergulho (E-280 para E-360, à direita da
seção); fato confirmado por dados geológicos disponíveis.
Braga, A.C.O. 83

Linha 3 - Resistividade Aparente - Cajamar


0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640
0

Profundidade teórica (m)


-20
366 330 386 408 422 207 80 180 254 408 600 1250 1250 1245
-40
689 452 1130 603 118 95 71 254 296 350 723 1510 1130
-60
1700 646 1270 132 92 238 93 353 268 410 780 985
-80
2100 1130 203 90 203 292 97 537 537 580 920
-100
1950 151 95 242 237 363 95 373 650 700
-120

Linha 3 - Resistividade Média - Cajamar


0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640
0
Profundidade teórica (m)

-20
366 330 386 408 422 207 80 180 254 408 600 1250 1250 1245
-40
534 398 729 516 199 130 74 221 278 372 671 1400 1177
-60

-80
888

1175
493

663
917

537
280

194
146

162
169

203
82

87
272

346
274

349
388

448
717

784
1198

ρm =
∑T
-100

-120
1343 421 331 205 180 240 89 354 419 512 ∑S
Linha 3 - Condutância Longitudinal Total - Cajamar
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640
0
Profundidade teórica (m)

-20
0.11 0.12 0.10 0.10 0.09 0.19 0.50 0.22 0.16 0.10 0.07 0.03 0.03 0.03
-40
0.09 0.13 0.05 0.10 0.51 0.63 0.85 0.24 0.20 0.17 0.08 0.04 0.05
-60
0.05 0.12 0.06 0.61 0.87 0.34 0.86 0.23 0.30 0.20 0.10 0.08
-80
Ei
-100
0.05 0.09 0.49 1.11 0.49 0.34 1.03 0.19 0.19 0.17 0.11
Si = ∑
-120
0.06 0.79 1.26 0.50 0.51 0.33 1.26 0.32 0.18 0.17 i ρi
Linha 3 - Resistência Transversal Total - Cajamar
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640
Profundidade teórica (m)

-20
14640 13200 15440 16320 16880 8280 3200 7200 10160 16320 23986 50000 50000 49772
-40
41340 27120 67800 36180 7080 5700 4260 15240 17760 21000 43400 90600 67800
-60
136000 51680 101600 10560 7360 19040 7440 28240 21440 32800 62061 78878
-80

-100
210000 113000 20300 9000 20300 29200 9700 53700 53700 58000 92120
Ti = ∑ ρ i E i
234000 18120 11400 29040 28440 43560 11400 44760 78000 84000 i
-120

Figura V-17 – Resistividade aparente e os parâmetros de DZ – CE-DD (Caso 1).

Procurando analisar a anomalia condutiva, quanto a sua forma e intensidade, a Figura V-


18 apresenta a pseudo-seção de resistividade aparente plotada pelo sistema de média
triangular lateral (sub-item 3.4.2. – Figura III-20). A posição e o mergulho da anomalia
condutora, ficam bem evidentes.
Linha 3 - Resistividade Aparente Média Triangular Lateral - Cajamar
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640
0
1
Profundidade teórica (m)

-20
422 207 80 180 254 408 1 2
-40
360 106 83 162 275 323 1 2
-60
681 185 92 295 180 381
-80 1 2
666 247 93 370 414 338
-100 1 2
1093 262 95 307 443 531
-120 resistividade aparente média
triangular lateral

Figura V-18 – Pseudo-seção de resistividade aparente – plotagem média triangular


lateral.

A Figura V-19, mostra o resultado da inversão da Linha 3 – resistividade aparente,


utilizando o software Res2dinv, com a seção geoelétrica real, sendo as resistividades e
profundidades obtidas pela inversão das resistividades aparentes. Observa-se, pela inversão,
Braga, A.C.O. 84

uma anomalia condutiva vertical, centralizada entre as estacas 280 e 320, com pequeno
prolongamento à direita, semelhante à Figura V-18.
Seção Geoelétrica - Linha 3 - Cajamar
40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600
0
Profundidade (m)

-20

-40

-60
Resistividade (ohm.m)
7502 3882 2502 1613 1039 670 432 278 179 116 75 48 31 20 13 8 5

Figura V-19 – Inversão da Linha 3 – Caso 1 - Res2dinv (Geotomo).

Caso Histórico - 2:
A Figura V-20, ilustra um caso de rochas cristalinas (Fundunesp, 1997/a), sendo que as
mesmas considerações e conclusões anteriores podem ser aplicadas nesse caso. Com destaque
para as seções de resistividade média e condutância longitudinal.
Campinas - LINHA 1 - Resistividade Aparente
160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040
0
Profundidade teórica (m)

-20
577 325 215 202 176 281 310 118 142 356 635 491 499 538 97
-40
317 239 227 299 437 248 136 364 343 139 222 244 229 197 225
-60
402 307 324 740 366 240 226 972 260 123 262 339 364 305 198
-80
471 418 752 565 336 346 670 649 312 145 327 499 481 322 503
-100
587 911 531 485 963 417 686 391 177 588 508 831 97
-120
1042 610 418 482 566 440 793 484 186 1102 149 89
-140

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040
0

∑T
Profundidade teórica (m)

-20
325 215 202 176 281 310 118 142 356 635 491 499 538 97
-40
ρm =
∑S
270 222 255 302 261 190 230 240 204 341 324 314 297 160
-60
286 263 410 327 251 204 422 248 165 306 330 334 300 175
-80
327 385 455 330 282 314 478 269 158 313 382 380 307 255 Resistividade Média
-100
449 421 463 330 416 338 524 300 163 377 382 413 416 194
-120
610 418 482 566 440 793 484 186 1102 149 89
-140

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040
0
Profundidade teórica (m)

-20 Ei
-40
0.12 0.19 0.20 0.23 0.14 0.13 0.34 0.28 0.11 0.06 0.08 0.08 0.07 0.41
Si = ∑
-60
0.25 0.26 0.20 0.14 0.24 0.44 0.16 0.17 0.43 0.27 0.25 0.26 0.30 0.27
i ρi
0.26 0.25 0.11 0.22 0.33 0.35 0.08 0.31 0.65 0.31 0.24 0.22 0.26 0.40
-80 Condutância Longitudinal
0.24 0.13 0.18 0.30 0.29 0.15 0.15 0.32 0.69 0.31 0.20 0.21 0.31 0.20
-100 Total
0.13 0.23 0.25 0.12 0.29 0.17 0.31 0.68 0.20 0.24 0.14 1.24
-120
0.23 0.33 0.29 0.25 0.32 0.18 0.29 0.75 0.13 0.94 1.57
-140

160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040
0
Profundidade teórica (m)

Ti = ∑ ρ i E i
-20
13000 8600 8080 7040 11240 12400 4720 5680 14240 25400 19640 19960 21520 3880
-40
14340 13620 17940 26220 14880 8160 21840 20580 8340 13320 14640 13740 11820 13500 i
-60
24560 25920 59200 29280 19200 18080 77760 20800 9840 20960 27120 29120 24400 15840 Resistência Transversal
-80
41800 75200 56500 33600 34600 67000 64900 31200 14500 32700 49900 48100 32200 50300 Total
-100
109320 63720 58200 115560 50040 82320 46920 21240 70560 60960 99720 11640
-120
85400 58520 67480 79240 61600 111020 67760 26040 154280 20860 12460
-140

Figura V-20 – Resistividade aparente e os parâmetros de DZ – CE-DD (Caso 2).

A Figura V-21, mostra o resultado da inversão da Linha 1, utilizando o mesmo software


anterior. O modelo geoelétrico definiu, como nas seções da Figura V-20, uma anomalia
condutora, posicionada entre as E-520 a E-560; entretanto o modelo apresenta um
fraturamento horizontal ao longo da seção.
Braga, A.C.O. 85

Seção Geoelétrica - Linha 1 - Campinas


Profundidade (m) 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000
0
-20
-40
-60
Resistividade (ohm.m)
5549 3000 2000 1500 1000 800 600 500 400 200

Figura V-21 – Inversão da Linha 1 – Caso 2 - Res2dinv (Geotomo).

A pseudo-seção de resistividade aparente, foi processada e plotada pelo sistema de


média triangular lateral (Figura V-22). Observa-se na seção “filtrada” que a anomalia
condutora não apresenta uma continuidade em profundidade, evidenciando um fraturamento
lateral, como mostra a Figura V-21. Nesse caso, o poço tubular perfurado entre as estacas
560-600, apresentou uma vazão que atendia à demanda, entretanto com rebaixamento
significativo, não mantendo a vazão inicial.
Campinas - LINHA 1 - Resistividade Aparente Média Triangular Lateral
160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800 840 880 920 960 1000 1040
0
1
Profundidade teórica (m)

-20
281 310 118 142 356 635 491 499 538 97 1 2
-40
342 192 250 353 241 117 233 236 213 211
-60 1 2
490 296 606 243 547 261 241 313 332 281
-80
549 617 492 329 407 488 405 313 324 501 1 2
-100
937 474 585 435 570 502 643 449 504 342 1 2
-120
804 525 605 483 393 583 545 947 316 137
-140 resistividade aparente média
triangular lateral

Figura V-22 – Pseudo-seção de resistividade aparente – plotagem média triangular


lateral (Caso 2).

Caso Histórico - 3:
Cabe ressaltar que os levantamentos
geofísicos, podem inviabilizar uma perfuração
para captação de água subterrânea, dependo
dos resultados obtidos. A Figura V-23, ilustra
um caso de aplicação do CE – arranjo
gradiente, na identificação de zonas favoráveis
à locação de poço tubular (UHE Balbina/AM).
Nesse caso, as resistividades
determinaram uma faixa anômala de altos
valores de resistividades, indicando uma zona,
de falhamento resistivo, não adequada à
13000 11000 9500 8000 6500 5000 3750 3000
locação de poços visando à captação de água
subterrânea. Figura V-23 – CE/Gradiente.
Braga, A.C.O. 86

Posteriormente, mesmo com os resultados da geofísica, foi perfurado um poço no centro


da anomalia, e como se esperava, totalmente seco, indicando uma falha preenchida de arenito
silicificado.

5.2.2. Rochas Basálticas e Diabásios


A Figura V-24, apresenta um caso de mapeamento de um dique de diabásio em rochas
sedimentares da Bacia do Paraná-SP, através da técnica do CE-DD. A anomalia resistiva da
pseudo-seção de resistividade aparente, associada ao dique, é bem definida, apresentando um
flanco (efeito dos eletrodos de corrente) mais intenso, indicando um forte mergulho aparente à
direita da linha. Nesse caso, interpreta-se o sentido do mergulho para esquerda da linha.

CE-DD - Dique - Resistividade Aparente


0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

60 278 735 531 407 729 596 358 133 1252 787 355 206 230 270 102 76
-40
Prof. teórica (m)

45 47 62 64 60 71 53 68 89 267 133 80 110 38 62 69 41


-60
45 23 29 36 39 49 55 51 63 103 109 63 58 22 66 56
-80
35 24 29 47 70 59 41 46 44 176 117 45 38 28 61
-100
34 12 34 92 93 43 36 29 77 176 92 32 50 30
-120
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

Resistividade
Média
60 278 735 531 407 729 596 358 133 1252 787 355 206 230 270 102 76
-40
Prof. teórica (m)

50 99 180 157 135 193 150 136 105 507 280 148 142 81 114 81 53
-60
-80
48
43
57
45
97
73
93
78
85
81
121
101
109
84
94
76
84
67
268
240
197
169
106
81
96
70
50
42
92
81
69
ρm =
∑T
-100
40 32 63 81 84 83 69 59 69 223 145 63 64 39
∑S
-120

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

Condutância
Longitudinal
0.67 0.14 0.05 0.08 0.10 0.05 0.07 0.11 0.30 0.03 0.05 0.11 0.19 0.17 0.15 0.39 0.53 Total
-40
Prof. teórica (m)

1.33 1.28 0.97 0.94 1.00 0.85 1.13 0.88 0.67 0.22 0.45 0.75 0.55 1.58 0.97 0.87 1.46
-60
1.78 3.48 2.76 2.22 2.05 1.63 1.45 1.57 1.27 0.78 0.73 1.27 1.38 3.64 1.21 1.43
-80
Ei
-100
2.86 4.17 3.45 2.13 1.43 1.69 2.44 2.17 2.27 0.57 0.85 2.22 2.63 3.57 1.64 Si = ∑
3.53 10.00 3.53 1.30 1.29 2.79 3.33 4.14 1.56 0.68 1.30 3.75 2.40 4.00 i ρi
-120

0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

Resistência
Transversal
2400 11120 29400 21240 16280 29160 23840 14320 5320 50080 31480 14200 8240 9200 10800 4080 3040
-40 Total
Prof. teórica (m)

2700 2820 3720 3840 3600 4260 3180 4080 5340 16020 7980 4800 6600 2280 3720 4140 2460
-60
3600 1840 2320 2880 3120 3920 4400 4080 5040 8240 8720 5040 4640 1760 5280 4480
-80
-100
3500 2400 2900 4700 7000 5900 4100 4600 4400 17600 11700 4500 3800 2800 6100
Ti = ∑ ρ i E i
4080 1440 4080 11040 11160 5160 4320 3480 9240 21120 11040 3840 6000 3600 i
-120
Seção Geoelétrica - CE-DD - Coronel Macedo-SP
40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760
0
Profundidade (m)

-20

-40
dique
-60 diabásio
dique diabásio
não saturado 300 ou capilar 100 arenoso 40 argiloso
Resistividade (ohm.m)

Figura V-24 – Resistividade (CE-DD) – rocha intrusiva/diabásio.


Braga, A.C.O. 87

As seções DZ, apenas destacam a anomalia resistiva referida. A seção geoelétrica


resultante da inversão dos dados de resistividade aparente, define a posição do dique,
indicando o sentido de mergulho. Observa-se, nas seções, a posição do nível d’água bem
definida.
Os resultados do levantamento magnetométrico executado na mesma linha que o CE-DD
são apresentados na Figura V-25. Pode-se observar que os resultados são semelhantes,
confirmando a posição e o sentido de mergulho do corpo do dique, definidos na seção
geoelétrica – modelo geoelétrico resultante da inversão.

23700
Estacas
320 360 400 440 480
0
23600 Modelo da
Profundidade (m)

Magnetometria -10

Profundidade = 16,0m
23500 -20
Largura = 40,0m 35 o
Campo Total - nT

Direção = N60W
Mergulho = 35 SW -30
23400
-40

23300

23200

23100
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800
Estacas - Magnetometria
Figura V-25 – Magnetometria – rocha intrusiva/diabásio.

Procurando analisar a anomalia resistiva do caso anterior, quanto a sua forma e


intensidade, a Figura V-26 apresenta a pseudo-seção de resistividade aparente plotada pelo
sistema de médias triangulares laterais. Observa-se que a pseudo-seção resultante indica a
posição real de mergulho da anomalia, conforme os resultados indicados anteriormente da
magnetometria e seção geoelétrica com inversão dos dados.

CE-DD - Dique - Resistividade Aparente Média Triangular Lateral


0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 400 440 480 520 560 600 640 680 720 760 800

1
407 729 596 358 133 1252 787 355 206 230 1 2
-40
Prof. teórica (m)

62 66 62 61 79 178 200 107 95 74 1 2


-60
34 43 47 50 59 77 86 83 84 43 1 2
-80
47 44 44 58 52 109 82 45 107 73 1 2
-100
64 28 35 61 85 110 64 31 64 103 resistividade aparente média
-120 triangular lateral

Figura V-26 – Pseudo-seção de resistividade aparente – plotagem média triangular


lateral (rocha intrusiva/diabásio).

O método de plotagem dos dados de campo, pela média triangular lateral, pode auxiliar
na interpretação final, de maneira qualitativa, posicionando as anomalias com maior precisão.
Braga, A.C.O. 88

CAPÍTULO 6. MÉTODOS GEOELÉTRICOS NOS ESTUDOS DA


CONTAMINAÇÃO DE SOLOS, ROCHAS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

6.1. ROCHAS SEDIMENTARES


Nos estudos ambientais, visando obter um diagnóstico de solos, rochas e águas
subterrâneas, frente a contaminantes, em sedimentos inconsolidados e rochas sedimentares,
tem-se as técnicas mais adequadas sugeridas, considerando resolução, custo e rapidez, a
sondagem elétrica vertical – arranjo Schlumberger (SEV) e o caminhamento elétrico – arranjo
Dipolo-Dipolo (CE), com os métodos da eletrorresistividade e polarização induzida.
A técnica do CE-DD, assume papel importante nesses estudos ambientais, delimitando
com detalhe, lateralmente e em profundidade, eventuais plumas de contaminação, com maior
resolução e prazos reduzidos em relação as SEV’s e demais métodos/técnicas geofísicas.
Quanto à resolução, a superioridade dessa técnica em relação, por exemplo, ao radar de
penetração no solo (GPR), deve-se ao fato de que, além de não ser afetada por várias
interferências comuns no GPR, não apresenta problemas quanto à profundidade de
investigação na presença de camadas muito condutoras, podendo, dependendo do
espaçamento entre os dipolos, atingir profundidades ideais nesse tipo de estudo.
Como já ressaltado
METODOLOGIA
anteriormente, nos estudos envolvendo GEOELÉTRICA

prováveis contaminações, a fase do Contaminação de


Solos, Rochas e
Águas Subterrâneas
empreendimento, pré ou pós-
Rochas
instalação, juntamente com a geologia Sedimentares
Pré Pós
local, é importante na definição da empreendimento Estimativa de empreendimento
Par. Hidráulicos
metodologia geoelétrica e nos SEV-ER Profundidade do
Schlumberger Nível d´Água SEV-ER
produtos a serem obtidos. Schlumberger
Mapa
A Figura VI-01, apresenta a SEV-ER-IP
Potenciométrico
Schlumberger Litologia – SEV-ER-IP
metodologia recomendada, com os
Topo Rochoso Schlumberger
CE-ER-IP
principais produtos. Ressalta-se que, Dipolo-Dipolo CE-ER-IP
Contaminação
Dipolo-Dipolo
neste caso também, os sedimentos
Plumas de
inconsolidados foram incorporadas nas Contaminação

discussões envolvendo as rochas Figura VI-01 – Metodologia e produtos em


sedimentares – aqüíferos granulares. estudos ambientais – Rochas Sedimentares.
Braga, A.C.O. 89

Dos produtos referidos na Figura VI-01, destacam-se a determinação da: profundidade


do nível d’água, mapa potenciométrico, identificação litológica, identificação e delimitação
de plumas de contaminação e estimativa de parâmetros hidráulicos. Os produtos
profundidade do nível d’água e identificação litológica, foram abordados no Capítulo 5, e
suas discussões aplicam-se nos estudos ambientais envolvendo as fases pré e pós-
empreendimento.

6.1.1. Mapa Potenciométrico


Na elaboração do mapa potenciométrico, o método da eletrorresistividade com a técnica
da SEV – Schlumberger, adquire um papel fundamental, para o entendimento do fluxo d’água
subterrâneo, permitindo um recobrimento de pequenas a grandes áreas de estudos, de maneira
rápida, precisão satisfatória e custos relativamente reduzidos.
Outro fato que merece destaque, diz respeito à coleta de dados do nível d’água de poços
de monitoramento (PM) para elaboração do mapa potenciométrico, pois se deve prestar a
atenção nos aqüíferos perfurados pelos poços (Figura VI-02). Não tem sentido misturar dados
referentes a aqüíferos livres e confinados, e traçar um mapa.
PM – NA=3,2m SEV – NA=5,0m
Em muitos dados de poços 0

1500
2
NA-poço Não saturado
disponíveis, essa informação não esta 4
NA
6
8
h livre = z 80 Aqüífero livre
clara. Neste ponto, as SEV’s são 10 Sed. argilosos
15
12
fundamentais, pois podem individualizar 14
16
filtro h conf = z + p / γ a 65
Aqüífero
confinado
esses diferentes aqüíferos, fornecendo 18
20 12 Sed. argilosos
com certeza os dados necessários.
Figura VI-02 – Nível d’água – PM e SEV.
Na identificação do NA, para elaboração de mapas potenciométricos, cabe ressaltar
ainda que, na zona não saturada, os valores de resistividade tendem a serem altos
(normalmente, superiores a 500 ohm.m), diminuindo, significativamente, quando atingem as
zonas saturadas, sendo possível identificar com razoável precisão o nível d’água.
A Figura VI-03 (Braga et al., 2005) apresenta os mapas topográfico e potenciométrico
em 3D de uma refinaria de combustível. A área apresenta grandes dimensões (> 4 Km2),
inviabilizando o levantamento através de poços, mais caro e demorado que as SEV’s. A partir
dos resultados da campanha de 120 SEV’s, poços de monitoramento foram locados com maior
precisão em alvos pré-determinados, diminuindo a quantidade inicialmente programada.
A Figura VI-04, ilustra os mapas topográfico e potenciométrico 3D, em área de
mineração de areia. Nesse caso, efetua-se um monitoramento anual do comportamento das
águas subterrâneas frente ao avanço da lavra.
Braga, A.C.O. 90

MAPA TOPOGRÁFICO - 3D
20 curvas de nível (metros) lago
TOPOGRAFIA - 3D
SE-01F2
área industrial sondagem elétrica vertical

SEV

Sapuca
ia River

0m 40m 80m 120m


MAPA POTENCIOMÉTRICO - 3D
curvas de nível das águas
subterrâneas (metros)
fluxo
MAPA POTENCIOMÉTRICO - 3D
isovalor da cota do NA
linhas de fluxo

divisor de águas
subterrâneas

Sapuca
ia Rive
r

0m 500m 1000m

Figura VI-03 – Potenciométrico em 3D – Figura VI-04 – Potenciométrico em 3D -


SEV (modificado de Braga et al., 2005). SEV.

Entretanto, em áreas pós-


SEV-01 aterro unesp
empreendimento, com ocorrência de SEV-02 Braga, A.C.O.
ρ = 1800
poluentes, as resistividades naturais da ρ = 1500 zona não
ρ = 18 saturada
chorume
zona não saturada, normalmente, sedimentos
NA arenosos
ρ = 1200
diminuem devido à presença de
ρ = 90 sedimentos
aqüífero livre ρ = 80
determinados tipos de poluentes, arenosos
sedimentos
ρ = 12 ρ = 15
dificultando a correta definição do NA argilosos

(Figura VI-05a). Figura VI-05a – NA e contaminantes.

Essa alteração, em função da presença de contaminantes, nos valores dos parâmetros


geoelétricos dos materiais geológicos, também pode trazer certas dificuldades na identificação
litológica. A interpretação conjunta de várias SEV’s, dados de poços e localização dos
ensaios, revelam-se fundamentais na definição do modelo final.
A Figura VI-05b, apresenta uma situação típica, na qual o nível geoelétrico condutor
identificado na SEV-02 (15 ohm.m), foi caracterizado como sedimentos arenosos
contaminados em função, tanto dos dados dos poços como suas localizações na área de
estudo.
Braga, A.C.O. 91

planta P2 NA=11,0m
P1 NA=12,0m
P-1 Aterro
P-2
Sed. Sed.
arenosos arenosos
L-1
SEV-1 SEV-2 SEV-3

27,0m 28,0m
Rocha sã Rocha sã
- Granito L-2 rio - Granito

seção 0
0
L-1 SEV-1 SEV-2 SEV-3
5
5 1200 Não saturado 1350 1250

10
10 NA
15
80
Sed . arenosos 85 60
15

20
20

25
15
25
30
5000 Cristalino 5000 contaminante 5000
30

Figura VI-05b – Identificação de contaminantes - SEV.

6.1.2. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação


A introdução de alguns tipos principais de contaminantes no subsolo, altera
significativamente os valores naturais dos principais parâmetros geoelétricos. Experiências de
campo, comprovam que valores de resistividades, por exemplo, de sedimentos arenosos, na
presença de chorumes, podem diminuir até dez vezes o valor natural. Na identificação e
delimitação de plumas de contaminação, a técnica do CE-DD, é de extrema utilidade.
Através dessa técnica, as Primeiro Nível
Profundidade
evoluções das plumas podem ser Teórica de
Investigação = 10,0 m

estudadas lateralmente e em
profundidade a partir de mapas
extraídos das pseudo-seções, revelando
o comportamento dos contaminantes em Terceiro Nível
Profundidade
1500 800

Teórica de
3D. Investigação = 20,0 m
resistividade aparente (ohm.m)

A Figura VI-06(a) (Fundunesp,


500
300

1997/b), ilustra os resultados obtidos


200

pela técnica do CE-DD, representados


100

Quinto Nível
Profundidade
60

Teórica de
pelos mapas de resistividades aparentes Investigação = 30,0 m
40

referentes ao primeiro, terceiro e quinto


25
15

nível de investigação. A pluma de


contaminação, é bem caracterizada, e
tem sua evolução bem definida Figura VI-06 (a) – Mapas de resistividade
lateralmente e em profundidade. aparente (Fundunesp-1997/b).
Braga, A.C.O. 92

A Figura VI-06(b) - Funep, 2005(b), mostra um caso de identificação e delimitação da


pluma de contaminação pela técnica do CE-DD (n1 = 10,0 metros) e o mapa potenciométrico
pela técnica da SEV-Schlumberger. Podendo ser observada a correspondência das plumas com
as direções e sentidos do fluxo subterrâneo.

20 L-4
anomalia condutora L-3 40
projeta na superfície 0

10
L-2 60
SEV-01 SEV 0 20
SEV-01
80
200 220

Provável ocorrência de contaminantes


20
CE - DD 40

20
L-1 100
40
60

Resistividade Aparente (ohm.m)


120

30
L-1 0 60
80
140
20 80
100

40
160
SEV-02
40 SEV-07100 SEV-05
120
180
SEV-0960 120

50
140
200
80 140
160
220

60
100 160
180
240
120 180 SEV-03
SEV-06
200

80
260
140 SEV-08 200
SEV-10 220
280
160 220 SEV-04

100
240
linhas de
s

300
nea

180 240
260 fluxo
sub guas

320
Escala (m)
terrâ
de á or

200 260
280
s

0 0.025 0.05 0.075 340


divi

220 25 50 75
280
300
360

Figura VI-06(b) – Pluma de contaminação e mapa potenciométrico (Funep, 2005b).

As SEV’s também podem ser utilizadas na identificação de plumas de contaminação;


entretanto apresentam resultados pontuais, exigindo um detalhamento improdutivo (custos e
prazos) em relação ao CE-DD. O emprego das SEV’s é recomendado em situações onde as
áreas de estudos são de grandes dimensões, por exemplo > 4 Km2, onde, nesse caso, o CE-DD
não é aconselhável; podendo ser utilizado, entretanto, em detalhamento das anomalias
identificadas nas SEV’s.

Derivados de Hidrocarbonetos
Nesse caso em particular, a contaminação dos materiais em subsuperfície por derivados
de hidrocarbonetos, por exemplo, gasolina e óleo diesel, apresentam um aspecto em
particular, no qual as resistividades desses materiais geológicos, apresentam uma variação
com o tempo (Sauck, 2000 e Fapesp, 2005).

(1) Projeto FAPESP (2005) – Ensaios em Laboratório


Ensaios geofísicos pelos métodos da eletrorresistividade e polarização induzida, através
das técnicas de campo da SEV - (arranjo Schlumberger), CE (arranjos dipolo-dipolo e
gradiente) e PERF (arranjo polo-dipolo), foram efetuados em modelos reduzidos de
Braga, A.C.O. 93

laboratório, em três tanques contendo sedimentos areno-argilosos e arenosos da Formação Rio


Claro, contaminados por derivados de hidrocarbonetos (gasolina e óleo diesel).
As SEV’s apresentaram um espaçamento máximo AB/2 de 16 cm. Para o CE – arranjo
dipolo-dipolo, o espaçamento utilizado, considerando o fator de escala 100, foi de 5 cm, com
quatro níveis de investigação. No arranjo Gradiente, os espaçamentos foram os seguintes: AB
= 40 cm; MN = 2 cm; cuja profundidade teórica de investigação foi de 10 cm. O terço central
investigado foi de 14x16 cm. Foram locadas 9 linhas, de 14 cm cada, espaçadas entre si de 2
cm.
No tanque 3, de dimensões 100,0 cm x 34,0 cm x 40,0 cm (Figura VI-07), com
sedimentos secos (solo orgânico) e saturados (areia da Fm Rio Claro) – nível d’água = 6,0 cm,
foram executadas as técnicas do caminhamento elétrico – arranjos dipolo-dipolo e gradiente, e
da sondagem elétrica vertical – arranjo Schlumberger.

Tanque Seção
0
CE-GRAD
CE-DD
-5 0 5 10 15 20SEV 25 30 35 40 45 50

-10
solo orgânico
Nível d'Água
-15

-20 Furos - introdução do trincheira


areia - Fm RC
contaminante
-25
Escala Gráfica
-30 0cm 5cm 10cm 15cm

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

Figura VI-07 – Esquema do tanque 3 utilizado nos ensaios de laboratório (Fapesp, 2005).

As contaminações foram monitoradas durante dez meses. Para apresentação nesse


trabalho, apenas alguns resultados das SEV’s e CE-DD, mais representativos, do tanque 3
(gasolina), são discutidos, sendo que todas as observações referentes à gasolina, aplicam-se
ao óleo diesel (tanques 1 e 2). Os ensaios geofísicos foram iniciados da seguinte maneira:
Data Técnica Geoelétrica/Arranjo Situação
05/01/04 SEV – Schlumberger • sem contaminação
CE - Dipolo-Dipolo e Gradiente • sem contaminação
06/01/04 CE – Gradiente • 30 minutos após contaminação
SEV – Schlumberger • 60 minutos após contaminação
07/01/04 CE - Dipolo-Dipolo • com contaminação

Conforme resultados do projeto de pesquisa desenvolvido, demonstrou-se que os valores


de resistividade de sedimentos areno-argilosos não saturados, aumentaram até 4 vezes o
valor natural no dia seguinte à contaminação por gasolina. Depois de seis meses de
Braga, A.C.O. 94

monitoramento (aproximadamente 219 dias), esses valores inverteram e tornaram-se


condutivos em relação aos valores naturais. Os valores de cargabilidade apresentaram uma
variação, também significativa, com valores mais baixos que os naturais, sem contaminação.
Entretanto, com o tempo, os valores se tornaram, aproximadamente, constantes,
diferentemente da resistividade. Em todos os ensaios, pode-se observar que a cargabilidade
não responde imediatamente à presença da gasolina, como a resistividade.
A Figura VI-08, apresenta resultados obtidos pelas SEV –ER/IP, ao longo do tempo.

1000 100
800 80 05/01 - sem contaminação
06/01 - 60 minutos após
600 60
04/02 - 29 dias após
Resistividade Aparente (ohm.m)

400 40 03/03 - 57 dias após

Cargabilidade Aparente (ms)


22/04 - 107 dias após
12/08 - 219 dias após
200 20 08/10 - 275 dias após

100 10
80 8
60 6

40 4

20 2

10 1
0.01 0.1 1 0.01 0.1 1
Espaçamento AB/2 (m) Espaçamento AB/2 (m)

Figura VI-08 – SEV–ER/IP (Fapesp, 2005).

Na Figura anterior, são apresentadas algumas curvas de campo, pois o monitoramento se


desenvolveu com pelo menos quatro SEV’s por mês. Ressalta-se que as SEV’s foram
desenvolvidas com um espaçamento AB/2 máximo de 16 cm, e mantendo o MN/2 de 0,3 cm,
procurando evitar o efeito lateral das caixas nas leituras (Orellana, 1972).
Na discussão qualitativa, observa-se que as curvas de campo de resistividade e
cargabilidade aparentes, apresentaram alterações significativas, variando totalmente o ciclo na
escala logarítmica (eixo y), considerando a SEV-05/01 – sem gasolina e SEV-06/01 – com
gasolina. Os valores de resistividade aumentaram expressivamente, já os valores de
cargabilidade diminuíram.
A partir do mês de agosto, nas SEV’s 12/08 (219 dias após contaminação) e 08/10 (275
dias após contaminação), a parte inicial das curvas de campo de resistividade, tornaram-se
mais condutivas que a SEV-05/01; enquanto que os valores de cargabilidade continuavam
abaixo dos valores iniciais, sem contaminante; entretanto a SEV 08/10, apresenta uma
tendência de se aproximar da SEV 05/01.
Braga, A.C.O. 95

O CE-DD (Figura VI-09), foi desenvolvido com espaçamento de 5 cm, com quatro
níveis de investigação (profundidades teóricas: 2,5 – 3,75 – 5,0 – 6,25 cm). A contaminação
por gasolina se deu entre as estacas 20 e 25, cuja anomalia resultante resistiva, esta
perfeitamente definida na DD-2 (dia 07/01). A cargabilidade apresenta uma anomalia de
baixos valores.

DD1 - Dia 06/01 - Resistividade Aparente - sem contaminação DD2 - Dia 07/01 - Resistividade Aparente - 1 dia após contaminação
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0 0.0
Prof. teórica (cm)

Prof. teórica (cm)


-2.5 -2.5
26.1 45.6 34.7 30.2 48.0 33.4 43.4 65.3 42.0 30.6 72.9 40.0 67.7 40.0 44.8 39.5
-5.0 -5.0
38.4 47.5 35.1 38.6 45.1 37.5 45.8 40.6 58.8 30.5 42.5 77.0 46.8 45.9
-7.5 -7.5
39.7 44.6 32.3 32.4 35.4 36.7 63.2 24.7 34.4 38.3 73.7 42.4
-10.0 -10.0
32.2 40.4 28.1 27.7 37.4 26.9 23.5 30.0 36.5 63.8
-12.5 -12.5
DD1 - Dia 06/01 - Cargabilidade Aparente - sem contaminação DD2 - Dia 07/01 - Cargabilidade Aparente - 1 dia após contaminação
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0 0.0
Prof. teórica (cm)

Prof. teórica (cm)


-2.5 -2.5
2.7 3.0 2.6 3.0 6.8 5.4 5.5 8.3 1.3 1.1 1.6 1.6 0.7 1.8 1.7 1.8
-5.0 -5.0
3.4 3.2 3.6 4.6 6.5 5.3 3.0 1.5 1.6 1.6 1.6 0.5 1.7 1.9
-7.5 -7.5
3.3 3.5 3.0 3.7 2.8 3.1 0.1 1.5 1.7 2.1 1.7 1.6
-10.0 -10.0
3.2 3.5 4.0 2.3 3.2 6.7 7.4 1.5 0.9 1.8
-12.5 -12.5
DD10 - Dia 05/08 - Resistividade Aparente - 212 dias após contaminação
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0
Prof. teórica (cm)

-2.5 Resistividade Aparente (ohm.m)


16.8 15.2 23.8 18.6 21.2 18.8 22.6 19.4
-5.0 80 60 50 40 30 25 20
20.4 23.4 24.5 21.4 22.0 26.1 23.0
-7.5
25.3 20.1 22.6 17.7 25.9 23.9
-10.0
19.8 17.0 16.2 17.8 22.1
-12.5
Cargabilidade Aparente (ms)
DD10 - Dia 05/08 - Cargabilidade Aparente - 212 dias após contaminação
7.5 6 5 4 3 2 1.5 1 0.5 0.3 0.1 0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0
Prof. teórica (cm)

-2.5
0.0 0.3 0.5 0.5 0.2 0.5 0.3 0.3
-5.0
-7.5
0.1 0.6 0.2 0.4 0.1 0.4 0.4 Anomalia projetada na superfície do terreno
-10.0
0.6 0.2 0.5 0.4 0.5 0.3 - contaminante
0.3 0.4 0.2 0.6 0.3
-12.5

Figura VI-09 – CE-DD (Fapesp, 2005).

O levantamento DD-10 (dia 05/08) foi desenvolvido 212 dias após contaminação,
mostrando, como nas SEV’s, que os valores de resistividades aparentes foram mais baixos que
os registrados antes da contaminação (DD-1 - 06/01), e as cargabilidades continuam com
valores baixos.
Na Figura VI-10, tem-se a inversão dos dados de resistividade aparente, com seus
modelos geoelétricos, dos três levantamentos anteriores. Observa-se na seção invertida DD-2
a contaminação pela gasolina perfeitamente definida, mostrando uma evolução à direita da
seção. Na DD-10 fica claro o caráter condutivo temporal dos sedimentos, em relação à DD-1.
Nessas seções invertidas, pode-se observar o nível d’água a 6,0 cm.
Os dados da cargabilidade aparente foram processados e as seções resultantes da
inversão dos dados de campo são apresentadas na Figura VI-11. Como nas SEV’s, observa-se
na DD-2 uma anomalia de baixos valores de cargabilidade entre as estacas 15-25. Na DD-10,
os valores ainda continuam baixos em relação à DD-1.
Braga, A.C.O. 96

DD-1 - Resistividade - Seção Geoelétrica - sem contaminação


5 10 15 20 25 30 35 40 45
0
Profundidade (m)

190
-2
solo - Fm
150
-4
NA
-6 100
DD-2 - Resistividade - Seção Geoelétrica - 1 dia após contaminação
5 10 15 20 25 30 35 40 45

Resistividade (ohm.m)
80
0
Profundidade (m)

-2 pluma 60
solo - Fm contaminação
-4
NA 50
-6
DD-10 - Resistividade - Seção Geoelétrica - 212 dias após contaminação 40
5 10 15 20 25 30 35 40 45
0
Profundidade (m)

30
-2 solo - Fm
20
-4 NA
-6 10

Figura VI-10 – CE-DD - Modelo geoelétrico/resistividade (Fapesp, 2005).

DD-1 - Cargabilidade - Seção Geoelétrica - sem contaminação


5 10 15 20 25 30 35 40 45
0 11.0
Profundidade (m)

-2 10.0
solo - Fm
8.0
-4
6.0
-6
DD-2 - Cargabilidade - Seção Geoelétrica - 1 dia após contaminação 5.0
5 10 15 20 25 30 35 40 45 4.0
0
Profundidade (m)

Cargabilidade (ms)
3.0
pluma
-2 solo - Fm contaminação 2.5
-4 2.0

-6 1.5
DD-10 - Cargabilidade - Seção Geoelétrica - 212 dias após contaminação 1.0
5 10 15 20 25 30 35 40 45
0.8
0
Profundidade (m)

0.6
-2
solo - Fm 0.5
-4
0.4
-6 0.3

Figura VI-11 – CE-DD - Modelo geoelétrico/cargabilidade (Fapesp, 2005).

A Figura VI-12 apresenta os resultados do CE-Gradiente, com destaque para o perfil da


linha 5. Ressaltando que a profundidade teórica de investigação desse arranjo é de 10 cm.
Braga, A.C.O. 97

GRAD1 - Dia 06/01 - sem contaminação GRAD2 - Dia 06/01 - 30 minutos após
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
L-1 Gradiente - L5 - Resistividade
180
GRAD-1 GRAD-12
9 10 11 12 13 14 15 16 9 10 11 12 13 14 15 16 GRAD-13
GRAD-2
L-2 160 GRAD-3

Resistividade (ohm.m)
17 18 19 20 21 22 23 24 17 18 19 20 21 22 23 24
L-3 140

25 26 27 28 29 30 31 32 25 26 27 28 29 30 31 32 120
L-4
100
33 34 35 36 37 38 39 40 33 34 35 36 37 38 39 40
L-5
80
41 42 43 44 45 46 47 48 41 42 43 44 45 46 47 48
L-6
60
49 50 51 52 53 54 55 56 49 50 51 52 53 54 55 56
L-7 40
33 34 35 36 37 38 39 40
57 58 59 60 61 62 63 64 57 58 59 60 61 62 63 64 Estacas
L-8
fontes de contaminação
65 66 67 68 69 70 71 72 65 66 67 68 69 70 71 72
L-9 0cm 2cm 4cm 6cm
GRAD3 - Dia 07/01 - 1 dia após GRAD12 -Dia 05/08 - 212 dias após GRAD13 -Dia 15/09 - 252 dias após
1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
L-1
9 10 11 12 13 14 15 16 9 10 11 12 13 14 15 16 9 10 11 12 13 14 15 16 170
L-2
17 18 19 20 21 22 23 24 17 18 19 20 21 22 23 24 17 18 19 20 21 22 23 24
L-3 150

Resistividade (ohm.m)
25 26 27 28 29 30 31 32 25 26 27 28 29 30 31 32 25 26 27 28 29 30 31 32
100
L-4
33 34 35 36 37 38 39 40 33 34 35 36 37 38 39 40 33 34 35 36 37 38 39 40
L-5 80

41 42 43 44 45 46 47 48 41 42 43 44 45 46 47 48 41 42 43 44 45 46 47 48
L-6 60

49 50 51 52 53 54 55 56 49 50 51 52 53 54 55 56 49 50 51 52 53 54 55 56
L-7 50

57 58 59 60 61 62 63 64 57 58 59 60 61 62 63 64 57 58 59 60 61 62 63 64
L-8 40

65 66 67 68 69 70 71 72 65 66 67 68 69 70 71 72 65 66 67 68 69 70 71 72
L-9 30

Figura VI-12 – CE-GRAD (Fapesp, 2005).

A pesquisa demonstrou que a resistividade dos sedimentos aumentou significativamente,


imediatamente após a introdução dos contaminantes, enquanto a cargabilidade diminuiu. Com
o passar do tempo, aproximadamente seis meses após a contaminação, os valores de
resistividade diminuíram, tornando os sedimentos mais condutivos em relação ao meio não
contaminado. A cargabilidade, apesar de não voltar ao padrão inicial, apresentou uma
tendência de elevação nos valores.
Portanto, pode-se concluir de uma maneira geral, que em vazamentos de derivados de
hidrocarbonetos, o fator tempo é fundamental na caracterização dos parâmetros geoelétricos:
resistividade e cargabilidade. Em relação ao meio natural (sem contaminante), vazamentos
recentes deverão apresentar: resistividades altas – anomalias resistivas e cargabilidades
baixas – anomalias de baixa cargabilidade. Em vazamentos antigos, a situação se inverte: a
resistividade deverá ser baixa - anomalias condutivas, e a cargabilidade alta - anomalias de
alta cargabilidade.

(2) Refinarias de Combustível - Petrobrás


Braga, A.C.O. 98

Em áreas de grandes dimensões envolvendo um diagnóstico do solo, rochas e águas


subterrâneas frente a eventuais contaminantes, como é o caso de refinarias de combustíveis (>
4 Km2), as SEV’s podem ser utilizadas em forma de semidetalhe, visando à elaboração de
mapas potenciométricos, identificação litológica e de eventuais contaminações no subsolo.
Conforme já comentado, se for necessário, pode-se utilizar o CE-DD, inviável em termos de
prazos e custos nesses casos, em locais de maior interesse, detalhando os resultados das
SEV’s.
Nessas áreas, o método da eletrorresistividade é insubstituível, pois com equipamentos
adequados, as leituras de campo apresentam precisão satisfatória. A utilização da técnica da
SEV, apresenta a vantagem de que, em eventuais interferências locais nas leituras de campo
(existência de tubulações, galerias, etc.), estas podem ser desprezadas nas curvas de campo,
não afetando a interpretação final como um todo.
No projeto Cubatão-SP Fundunesp (1999/a), a Figura VI-13 apresenta o mapa, com
valores de resistividades correspondentes à zona não saturada, onde normalmente os valores
tendem a serem altos. Portanto, baixos valores podem ser associados à presença de
contaminantes não recentes, nos sedimentos superficiais não saturados. Essa tendência é
perfeitamente coerente com os mapas do topo do embasamento cristalino e potenciométrico,
cujo fluxo subterrâneo esta associado ao contorno do embasamento.
0.00
0.0 33.46 0.00
0.0 23.20
127149 8.08
148 129 0.00 132
125.0
0.00
0.0 8.37 58
144
0.00
0.0 145 146147
9.50
143.0 0.00
0.0 8.75 140
583.0 183.0
65 0.00.00
0.00 0.00.00
8.40
0.0 9.00
0.00 152
472.0
9.45
0.00.0
0.00 0.00
.00.0
9.308.85 8.55
0.0 8.76
P18
67 407.0 0.00
0.0
0.00
0.0 9.57
0.00
09.57 8.75 218.0
96.0 141 0.00
0.0 6.00
0.00
0.0 12.15 126 119.0 858.0 0.00
585.00.0
167.0207.0
797.0 311.0
8.80
764.0
108.0
9.82
0.00
0.0 37.43 P17 57138139 143 142 56 6.40 773.0
0.00
0.0
4 686.0 200.0 0.00
0.0
9.30 42 100.0
8.54 0.0 264.0
0.00 6.47
0.0
0.00 29.75 153 207.0 130
0.00
0.00.00 7.10
0.0 0.007.05
0.00.00
0.0 6.85 55
6.65
0.00
0.0 6.46
7 0.00
0.0 11.00 40 P21 0.00
0.0
0.00
0.0
8.41
8.79
60 137 70.087.0146.0 488.0
268.0
0.00
0.0 22.60 558.0 154 312.0 0.00
0.0 9.31 134
8.90
162.0
176.0
59136
0.00
0.0 0.00
0.0
7.54 8.50 0.00
0.0 6.45
380.0

151.0 3 0.00
0.0 160
13.00 0.00
769.0 64
0.0 7.35 0.00
0.00.00 51.0 185.0
61345.0
47 0.0 7.857.75
7.24 135 54
0.00
183.00.0 12.00 122.0 0.00
0.0 7.40
0.0
0.00 24.46 0.00
0.0 128.0
0.00
0.0 23.61 155 0.00
0.0 7.65
59.0 132.0
331.0
232.0 242.0
24 241.0 53 0.00 0.0 8.00
8 48
0.00
0.0 16.40 90.0 0.00
0.0 7.94 126.0
0.00
0.0 19.86 929.0 0.00
0.0 12.42
3.56
3.6 21.23
225.0
533.0 62
79.0
166.0 11 18 0.00
0.0 7.91
2.01
2.0 25.00 159
49 0.00
0.0 12.48 0.00
0.0 11.25
167.0
0.00
0.0 17.87 156.0
474.0
184.0
156 259.0
0.00
0.0 12.75
93 92 91 P10
90 89 664.0 63 P8
41 8.38
0.00
0.0 12.79 0.00
0.0 12.70 0.00
0.0 12.63 0.00
0.0 12.61
0.00
0.0 12.66
19 0.00
0.0
0.00
0.0 7.84 21
128.0 91.0 235.0 6.0 22.0 15811.41210.0 0.00
0.0 8.29
0.00
0.0 11.74
10 0.0273.010.50
0.00 92.0
1.98
2.0 440.0
P9 88 17.64 157 271.0
96 114 0.00
0.0 11.8082
107.0
11.89
0.44
0.4 8.17
44 0.00
0.0 15.34
0.00
0.0 11.00
0.00
0.0 1.17
1.2
10.05 11.72 175.0 373.0
118.0 256.0 23
190.0 125.0
P20 87 86 P7
0.00
0.0 7.62
0.00
0.0 11.29
0.00
0.0 11.92 7.37
11.90 185.0
45 P12 85 131.0 232.0 22
83
0.00
0.0 9.64 0.00
0.0
95 10.17 9.42 0.00
0.0 9.52 162
207.0
71 P6 84 0.00
0.0 9.45
248.0 161 0.00
0.0 6.85
P11 9.31 144.0
não contaminados

68 P16
850
0.00
0.0
46 94 70 0.9P1 9.43261.0
0.00
0.0 10.28 10.27 10.06 128.0 69 0.92 0.79
0.8 10.27 9.42
0.00
0.0 8.00 43.0
0.00
0.0 8.95 0.00
0.0 9.40 0.66
0.7 10.19 1.01
1.0 10.09 10.32
450.0 89.0
451.0 2.0
246.0 172.0 9.0 2.0 72
20

Figura VI-13 – Mapa de


0.00
0.0 6.55 79
sed. secos

0.00
0.0 7.15 0.72
0.7 6.66
85.0
Resistividade aparente (ohm.m)

98 558.0 67.0
99
107 97 160.0
P13
0.00
0.0 5.87
7.40 0.00
0.0 6.19
100 117
0.00
0.0
81
7.75 0.00
0.0
73
0.00
0.0
7.10
78
77 188.0
6.33 750
resistividade do nível não
P19 0.00
0.0 5.54
43.0 283.0 53.0
0.00
0.0 6.640.00
0.0 7.02 0.00
0.0 6.64
0.00
0.0 5.41
5.78 9 76
225.0 231.0 122.0 272.0 0.00
0.0 7.72 0.00
0.0 6.96 165.0
112 109 34
0.00
0.0 0.00
0.0
6.09 6.11 101 35 370.0
80 147.0
110 74
650
0.00
0.0 7.50

saturado (Fundunesp,
1.37
1.4 7.05 0.00
0.0 7.36
223.0
0.00
0.0
122.0
6.10 0.00
0.0 6.08
116 118 354.0
106 75
0.00
0.0 6.76
95.0 108
117.0
111 404.0 0.000.0
0.00
7.39
0.0 7.17 139.0
103.0
0.00
0.0 5.09 0.00
0.0 7.24
0.65
0.7 4.97 0.00
0.0 6.01 112.0
214.0 113 482.0
102 239.0
33 152.0
106.0
0.00
0.0 6.18
0.00
0.0 6.40 115 0.00
0.0 7.23

1999/a).
36 105 229.0104 103 227.0 0.00
0.0 7.05 315.0
P2
0.00
0.0
376.0
7.19
0.00
0.0
87.0
5.26 0.69
0.7
6.22
81.0
6.84 0.00
0.0

0.00
0.0
121
144.0
6.24

7.25
0.0
0.00
1 163.0
7.18 Escala 550
Rio Cubatão
25
P5
181.0
56.0

600 m
31 120
0 200 400
1.12
1.1 7.83
6.8 8.12 0.00
0.0 6.93 1990.00
0.0 7.50
123
450
provável contaminação

0.00
0.0 7.05
206.0
339.0
16 167.0 0.00
0.0 7.73
30 122
0.00
0.0 5.77 235.0 125
0.00
0.0 7.09 0.00
0.0 5.30 1240.00
131.0 0.0 7.61
653.0 155.0 0.00
0.0 6.55130.0
27 17
sed. secos com

103.0
0.00
0.0 8.08 1.10
1.1 6.47
P3

0.00
0.0
514.0
26
10.14 28
63.0 6.37
350
298.0 1.26
1.3 5.97
63.0
15
32
250
1.45
1.5 5.54
47.0
12 0.00
0.0 4.60
0.00
0.0 6.06
208.0
112.0
51
0.00
0.0 4.23
2 111.0

150
0.0
0.00 6.18
P4 94.0
5.57
29 50
0.00
0.0 5.44 0.00
0.0 5.75
301.0 142.0

área construída 50
0.00
0.0
14
217 0
4.49
0.00
0.0
13
4.91
0000
0
52
4 79
da Refinaria

A Figura VI-14 apresenta um dos resultados do projeto Fundunesp (1999/b),


desenvolvido visando mapear pluma de contaminação no solo não saturado, resultante de
vazamento de óleo diesel. Observa-se nas seções de resistividade aparente e geoelétrica
Braga, A.C.O. 99

(inversão) da linha 3, anomalia condutora bem definida, entre as estacas 70-95 e estaca 120,
associada à contaminação por óleo diesel. Ressalta-se que de acordo com as conclusões
anteriores, essa anomalia deve corresponder a vazamentos com mais de quatro a cinco meses
de ocorrência.
CE3 - Pseudo Seção de Resistividade Aparente
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
0
Prof. teórica (m)

-5
215 490 1264 1055 490 177 92 279 149 34 537 573 3994 1036 5690 4145 5369 4936
-10
512 1221 1643 995 588 196 286 445 23 392 398 3240 3640 1259 4672 4898 6707
-15
754 1281 2355 772 414 433 301 38 207 358 1714 2054 3203 904 5087 6029
-20
754 6368 867 490 791 414 75 377 188 1432 904 1545 1959 1055 6029
-25
CE3 - Seção Geoelétrica
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
0
Prof. (m)

-5

-10

25000 10000 8000 5000 4000 3000 2000 1500 1000 800 500 400 300 200 Resistividade (ohm.m)

solo não saturado contaminante

Figura VI-14 – Linha 3 – CE-DD (Fundunesp, 1999/b).

Nos estudos ambientais que se desenvolvem na refinaria de combustível da Petrobrás,


em Paulínia-SP (Fundunesp, 2002/b), foram executadas 100 SEV’s, visando traçar o mapa
potenciométrico, identificar a litologia e eventuais plumas de contaminação (Figura VI-15).
Nessa Figura, tem-se o mapa de resistividade da zona não saturada, com as faixas de baixos
valores de resistividades (< 200 ohm.m), associadas à provável antigas contaminações desses
sedimentos, e o potenciométrico.

SEV09
SEV08
SEV10
0m 500m 1000m
SEV25

SEV04 SEV06 SEV07


SEV24 SEV26
SEV02 SEV11
SEV19
SEV03
SEV23 SEV42 SEV12
SEV20 SEV05
SEV41
SEV21 SEV13
SEV33 SEV43
SEV22 SEV28
SEV35 SEV37 SEV27 SEV14
SEV34 SEV39 SEV40 SEV29
SEV36 SEV38
SEV45
SEV57 SEV47
SEV15
SEV44 SEV30
SEV49
SEV59 SEV52
SEV100
SEV46 SEV50
SEV51 SEV54
SEV48 SEV53 SEV31
SEV58 SEV61 SEV55
SEV60 SEV56
SEV73 SEV63 SEV65 SEV67
SEV74 SEV62 SEV64 SEV66 SEV71
SEV75
SEV76 SEV80
SEV77 SEV32
SEV86SEV68
SEV69
SEV78
SEV01 SEV72
SEV79
SEV81 SEV83
SEV82
SEV87
SEV70
SEV84
Resistividade do não saturado (ohm.m) - Contaminado SEV85

200 100 80 60 50 40 30 20 10 SEV90 SEV93 SEV89


SEV94 SEV95

SEV91 SEV92
SEV99
isovalor da cota do NA SEV96
SEV98
SEV88
linhas de fluxo
divisor de águas subterrâneas
SEV97

Figura VI-15 – Potenciométrico e Resistividade do não saturado (Fundunesp, 2002/b).

Disposição de Outros Tipos de Resíduos – Aterros


Braga, A.C.O.100

A Figura VI-16 apresenta os resultados do CE-DD – seção geoelétrica (inversão) de


duas linhas representativas dos ensaios efetuados em área de disposição de resíduos sanitários
(lixão) no município de São Carlos/SP. A linha 1 foi executada próxima do lixão e a linha 2 à
jusante.
Seção Geoelétrica - Linha 1 - São Carlos
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210
Profundidade (m)

0
-5 chorume -
-10 pluma de contaminação
-15
Seção Geoelétrica - Linha 2 - São Carlos Resistividade (ohm.m)
10000 5000 3000 1000 400 200 100 60 40 20
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Profundidade (m)

0
-5
contaminante - chorume
-10 chorume -
pluma de contaminação
-15

Figura VI-16 – Área de lixão/Linhas 1 e 2 - CE-DD.

Pode-se observar nas figuras anteriores, o contraste significativo entre os valores de


resistividade do solo não saturado e do solo contaminado pelo chorume (E-40 a E-170 – Linha
1; e, E-40 a 80 – Linha 2), resultante da decomposição dos resíduos. Poços de monitoramento
podem ser locados com grande precisão, resultando em dados representativos.
O projeto Fundunesp (2002/c), apresentou um resultado interessante, em termos de
identificação de plumas de contaminação. A indústria estudada localiza-se no município de
Matão-SP, e os resíduos gerados da fundição, dispostos na superfície do terreno, são:
chumbo, cromo total, alumínio, ferro e manganês, conforme análises efetuadas.

1
0 L-
1
2
2
A Figura VI-17 apresenta a 4
3
1
0 L-
5 3
6
2 L-
localização dos ensaios geofísicos 3 0
7
4 1
de
8
5 2 4
ão L-
9
3 0
iç 10
6
realizados, sendo quatro linhas de s
po uos 11
7 4 1

Dis resíd
8 5 2
12 6
13 9 3
10 7
14 SEV-02
CE-DD e três SEV’s. SEV-035
1
12
11
9
8 5
4

16 6
17 13 10 7
O nível d’água, na época do 19
18
15
14
12
11
9
8
20 16 13
21 10
17 14
levantamento, localizava-se a uma 23
22
19
18
16
15
12
11

24 17 13
20 SEV-01
18 14
profundidade de 15,0 a 17,0 metros, 22
21
20
19
16
15 0m 10m 20m 30m

23
21 17 1 0 linhas do caminhamento elétrico - CE
conforme dados das SEV’s e poço 23
22
19
18
estacas topográficas
20 SEV-01
21 sondagem elétrica vertical - SEV
tubular existente.
Figura VI-17 – Mapa de localização dos ensaios
geofísicos (Fundunesp, 2002/c).

Entretanto, conforme se pode observar na Figura VI-18, as seções de resistividade


aparente e geoelétricas (inversão) de duas linhas representativas (L-1 e L-2) identificaram
Braga, A.C.O.101

camadas planas-paralelas à superfície do terreno, cujas resistividades aparentes diminuem em


profundidade, até atingir o terceiro nível (muito condutor). Já, o último nível de investigação,
apresentou valores extremamente altos, indicando, como nos dados das SEV’s e poço, que a
seção do CE investigou a zona não saturada, não atingindo o nível d’água.
Portanto, pode-se concluir que os valores baixos de resistividade devem refletir os
resíduos metálicos dispostos no terreno, “devidamente” cobertos e compactados, não
refletindo percolação iônica. Ressaltando que os ensaios geofísicos foram executados em um
período de, aproximadamente, cinco meses sem chuvas. Nesse caso, a resistividade é
influenciada, principalmente, pela condutividade eletrônica dos minerais metálicos dispostos,
e não pela condutividade iônica – fluidos incompressíveis, como nos casos anteriores
discutidos.

Linha 1

Linha 2

Figura VI-18 – CE-DD - linhas 1 e 2 (Fundunesp, 2002/c).


Braga, A.C.O.102

O modelo do CE-DD - Linha 2, foi ajustado ao modelo da SEV-02, executada na E-100


do CE (Figura VI-19), mostrando a perfeita identificação dos níveis contaminantes. Portanto,
nesse tipo de geologia e situação, a técnica do caminhamento elétrico executada com, por
exemplo, oito níveis de investigação, poderiam definir com precisão a situação da área
estudada com maior detalhe que as SEV’s.
Linha 2 - Seção Geoelétrica - Matão
SEV-02
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210
0 1500
Profundidade (m)

-5 188
4
-10
548
-15 contaminante Resistividade (ohm.m)
NA 7000 5000 3000 1500 800 500 300 200
7 sedimentos
argilosos saturados

Figura VI-19 – Modelo do CE-DD – linha 2 - ajustado com modelo da SEV-02.

6.1.3. Aplicação dos Parâmetros de Dar Zarrouk


Na fase de prevenção, ou seja, pré-empreendimento, a aplicação dos parâmetros de Dar
Zarrouk pode contribuir de maneira significativa com os estudos hidrogeológicos. Através dos
parâmetros resistividade e resistência transversal unitária - TDZ, discutidos no Capítulo
anterior, podem-se estimar áreas de maior condutividade hidráulica e transmissividade das
formações geológicas.
O parâmetro condutância longitudinal unitária - SDZ, na fase de pré-empreendimento,
assume papel de extrema importância nos estudos de prevenção a contaminantes, envolvendo
aqüíferos. Através desse parâmetro, pode-se ter uma avaliação de quanto esse aqüífero estaria
vulnerável ou não a determinado tipo de contaminante. Seus resultados poderiam orientar
futuras instalações de áreas de disposição de resíduos, bacias de tratamento de efluentes, etc.

A Figura VI-20, apresenta a correlação SDZ com o


grau de proteção de um aqüífero (camada 3). Calculando a ρ1 Camada 1 – não saturado
E1
condutância longitudinal unitária para a camada 2, tem-se
que, quanto maior o valor de S2, maior será o grau de ρ2
E2
Camada 2 S2 =
E2 ρ2
proteção do aqüífero, frente a contaminantes superficiais,
pois: (1) Quanto maior a espessura da camada 2: maior o ρ3 Camada 3 – aqüífero
E3
tempo de percolação do poluente – maior filtro; e, (2)
Figura VI-20 – Condutância
Quanto menor sua resistividade: mais argiloso – mais longitudinal unitária/proteção
do aqüífero.
impermeável.

A seguir apresentam-se os resultados da campanha geofísica por SEV’s, já referida em


Braga et al. (2005). Os valores da condutância longitudinal da camada sobrejacente ao
aqüífero confinado, foram calculados e lançados no gráfico padrão (Figura III-24) e
Braga, A.C.O.103

apresentados na Figura VI-21. Para sedimentos argilosos, os valores de SDZ, tendem a serem
mais elevados que para os sedimentos arenosos, entretanto têm-se valores para os sedimentos
arenosos maiores que para os sedimentos argilosos (função das espessuras), portanto, o valor
de SDZ, como no caso de TDZ tem que estar associado a litologia, para uma perfeita
associação.

1000

0
5,
=
S
0
3,
=
faixa de valores

S
ideal -
aqüíferos mais
protegidos

0
1,
=
S
100

5
0,
Espessura (m)

=
Figura VI-21 –
S

Condutância
3
0,

longitudinal unitária
=
S

resultante da relação
1

resistividade -
0,
=
S

10 espessura (Braga et al.,


05

2005).
0,
=
areno-argilosos
argilo-arenosos

S
arenosos
argilosos

01
0,
=
S

1
1 10 20 40 60 100 1000
Resistividade (ohm.m)

A Figura VI-22 apresenta o mapa da condutância longitudinal unitária sobreposto ao


mapa de resistividade da camada sobrejacente ao aqüífero confinado.
Braga, A.C.O.104

50O 52´ 31´´ 50O 49´ 26´´


0m 200m 400m 600m lago

Rio Sa área industrial


pucaia
sondagem elétrica vertical

-29O 51´ 58´´

3
-29O 52´ 31´´

unesp
Braga, A.C.O.
Condutância Longitudinal Unitária da Camada Sobrejacente (siemens) Resistividade da Camada Sobrejacente (ohm.m)
< 0.5 fraca 1.0 - 3.0 boa < 20 argila
0.5 - 1.0 média >3.0 muito boa 20 - 40 argilo-arenoso

Figura VI-22 – Relação condutância longitudinal unitária e resistividade da camada


sobrejacente ao aqüífero confinado (Braga et al., 2005).
Na figura anterior tem-se que, locais com SDZ > 1,0 siemens apresentam boa proteção ao
aqüífero confinado, destacando as faixas com valores SDZ > 3,0 siemens. Já nos demais locais,
recomenda-se cuidados, pois esse aqüífero apresenta-se mais vulnerável às contaminações, ou
devido à ocorrência de sedimentos mais arenosos, ou em função de menor espessura da
camada sobrejacente.
Na fase pós-empreendimento, supondo a existência de contaminantes nos solos e águas
subterrâneas, não tem sentido a aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk na correlação com
parâmetros hidráulicos, pois os valores naturais de resistividade modificam-se em função da
presença dos contaminantes, resultando em uma correlação totalmente inadequada.
Entretanto, como discutido no Capítulo anterior, visando analisar as anomalias, resultantes
da técnica do CE-DD, quanto suas intensidades e definições, os parâmetros de DZ podem ser
aplicados em estudos ambientais, auxiliando na interpretação das anomalias existentes.
A Figura VI-23 apresenta os resultados já referidos, do projeto Fapesp (2005), aplicando
os parâmetros de Dar Zarrouk, antes (DD1-06/01) e depois (DD2-07/01 – 1 dia após e DD10-
05/08 – 212 dia após) da contaminação dos sedimentos por gasolina. Esses resultados
compreendem as fases, respectivamente, pré e pós-empreendimento. As escalas de cores das
pseudo-seções foram mantidas as mesmas, antes e depois da contaminação.
As pseudo-seções DD-1 e DD-10, são similares quanto às variações dos valores ao
longo da seção, diferindo no fato de que nas seções da DD-10, o contaminante esta presente
em toda a seção, com valores refletindo essa contaminação, ou seja, valores mais baixos nas
seções de resistividade aparente, resistividade média e resistência transversal total, e mais
Braga, A.C.O.105

altos na condutância longitudinal total. Ressalta-se que na pseudo-seção de resistência


transversal total da DD-10, a anomalia condutora é mais intensa que nas demais seções desse
levantamento.
Já nas pseudo-seções da DD-2, com a gasolina presente em forma de pluma, as
anomalias são mais significativas, com destaques para a resistência transversal total, e a
resistividade média, pois conforme já comentado anteriormente, a resistividade média “filtra”
os dados de resistividade aparente, e como pode ser observado nesse levantamento,
identificou um flanco mais intenso à direita da seção, indicando uma percolação do
contaminante nessa direção, o que pode ser comprovado pela seção geoelétrica invertida
(Figura VI-10).
DD1 - 06/01 (sem contaminação) DD2 - 07/01 (1 dia após a contaminação) DD10 - 05/08 (212 dias após a contaminação)
Resistividade Aparente Resistividade Aparente
Resistividade Aparente
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0
-2.5
26.1 45.6 34.7 30.2 48.0 33.4 43.4 65.3 42.0 30.6 72.9 40.0 67.7 40.0 44.8 39.5 16.8 15.2 23.8 18.6 21.2 18.8 22.6 19.4
-5.0
38.4 47.5 35.1 38.6 45.1 37.5 45.8 40.6 58.8 30.5 42.5 77.0 46.8 45.9 20.4 23.4 24.5 21.4 22.0 26.1 23.0
-7.5
”V 39.7 44.6 32.3 32.4 35.4 36.7 63.2 24.7 34.4 38.3 73.7 42.4 25.3 20.1 22.6 17.7 25.9 23.9
-10.0

Prof. teórica (cm)


Áa = K.
I 32.2 40.4 28.1 27.7 37.4 26.9 23.5 30.0 36.5 63.8 19.8 17.0 16.2 17.8 22.1
-12.5
Resistividade Média Resistividade Média Resistividade Média
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0
-2.5
26 46 35 30 48 33 43 65 42 31 73 40 68 40 45 39 17 15 24 19 21 19 23 19
-5.0
33 47 35 35 46 36 45 41 45 43 41 73 44 45 19 20 24 20 22 23 23
-7.5
∑T 36 46 34 34 41 36 50 35 39 40 73 43 21 20 24 19 23 23
-10.0 ρ m =
∑S 34 44 32 32 40 40 30 36 39 70 21 19 21 19 23
-12.5

Profundidade teórica (cm)


Condutância Longitudinal Total Condutância Longitudinal Total Condutância Longitudinal Total
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0
-2.5
0.19 0.11 0.14 0.17 0.10 0.15 0.12 0.08 0.12 0.16 0.07 0.13 0.07 0.12 0.11 0.13 0.09 0.17 0.09 0.16 0.09 0.13 0.10 0.11
-5.0
0.20 0.16 0.21 0.19 0.17 0.20 0.16 0.18 0.13 0.25 0.18 0.10 0.16 0.16 0.16 0.20 0.17 0.22 0.15 0.18 0.15
-7.5
Ei 0.25 0.22 0.31 0.31 0.28 0.27 0.16 0.41 0.29 0.26 0.14 0.24 0.21 0.33 0.24 0.30 0.21 0.24
-10.0 Si = ∑
i ρi 0.39 0.31 0.44 0.45 0.33 0.46 0.53 0.42 0.34 0.20 0.32 0.46 0.33 0.42 0.28
-12.5

Profundidade teórica (cm)


Resistência Transversal Total Resistência Transversal Total Resistência Transversal Total
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0.0
-2.5
131 228 173 151 240 167 217 326 210 153 365 200 338 200 224 197 266 151 269 155 268 185 256 226
-5.0
288 356 264 290 338 281 344 305 441 229 319 578 351 345 361 285 336 260 364 312 385
-7.5
397 446 323 324 354 367 632 247 344 383 737 424 471 304 422 330 477 417
-10.0 Ti = ∑ ρ i E i
i 402 505 351 346 467 336 293 375 457 797 495 342 480 375 559
-12.5

Profundidade teórica (cm)


Resistividade Aparente e Média Condutância Longitudinal (siemens) Resistência Transversal (ohm.m2 )
80 60 50 40 30 25 20 0.55 0.5 0.4 0.3 0.25 0.2 0.15 0.1 0.05 800 600 500 400 300 250 200 150

Anomalia projetada na superfície do terreno - contaminante

Figura VI-23 – Correspondência dos parâmetros ER-DZ, antes (DD1) e depois (DD2 e DD10) da contaminação - (Fapesp, 2005).
Braga, A.C.O.106
Braga, A.C.O.107

Pode-se concluir que, nas investigações de anomalias associadas a plumas de


contaminação em terrenos sedimentares, a resistividade transversal é mais representativa que
a resistividade longitudinal, conseqüentemente a resistência transversal total deve refletir,
essas anomalias, com maior intensidade, e que a resistividade média posiciona com maior
precisão as anomalias resultantes dos contaminantes presentes, mostrando uma seção bem
próxima da real.
Exemplos das conclusões anteriores podem ser vistos nos casos históricos, já
comentados anteriormente, e destacados a seguir:

(1) Projeto REVAP (Fundunesp, 1999/b)


A aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk nos dados de campo desse projeto (Figura
VI-24), mostra que a seção geoelétrica resultante da inversão (Figura VI-14) é bem
semelhante à pseudo-seção de resistividade média, em termos de posicionamento da anomalia
condutiva devida à ocorrência do óleo diesel (entre as E-60-125, com centro nas E-100-110 e
70-80).

CE3 - Resistividade Aparente


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
0.0
Prof. teórica (m)

-5.0
215 490 1264 1055 490 177 92 279 149 34 537 573 3994 1036 5690 4145 5369 4936
-10.0
512 1221 1643 995 588 196 286 445 23 392 398 3240 3640 1259 4672 4898 6707
-15.0
754 1281 2355 772 414 433 301 38 207 358 1714 2054 3203 904 5087 6029
-20.0
754 6368 867 490 791 414 75 377 188 1432 904 1545 1959 1055 6029
-25.0
CE3 - Resistividade Média
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
0.0
Prof. teórica (m)

-5.0
215 490 1264 1055 490 177 92 279 149 34 537 573 3994 1036 5690 4145 5369 4936
-10.0
347 811 1462 1021 542 187 172 361 54 127 455 1473 3793 1154 5100 4548 6075
-15.0
-20.0
468 964 1769 913 487 263 211 139 85 170 783 1641 3545 1047 5095 5090
ρm =
∑T
-25.0
538 1829 1410 748 568 302 154 175 103 306 815 1614 2929 1050 5375
∑S
CE3 - Condutância Longitudinal
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
0.0
Prof. teórica (m)

-5.0
0.047 0.020 0.008 0.009 0.020 0.056 0.109 0.036 0.067 0.294 0.019 0.017 0.003 0.010 0.002 0.002 0.002 0.002
-10.0
0.024 0.010 0.008 0.013 0.021 0.064 0.044 0.028 0.543 0.032 0.031 0.004 0.003 0.010 0.003 0.003 0.002
-15.0
0.020 0.012 0.006 0.019 0.036 0.035 0.050 0.395 0.072 0.042 0.009 0.007 0.005 0.017 0.003 0.002 Ei
-20.0
0.023 0.003 0.020 0.036 0.022 0.042 0.233 0.046 0.093 0.012 0.019 0.011 0.009 0.017 0.003
Si = ∑
-25.0 i ρi
CE3 - Resistência Transversal
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
0.0
Prof. teórica (m)

-5.0
2150 4900 12640 10550 4900 1770 920 2790 1490 340 5370 5730 39940 10360 56900 41450 53690 49360
-10.0
6400 15263 20538 12438 7350 2450 3575 5563 288 4900 4975 40500 45500 15738 58400 61225 83838
-15.0
11310 19215 35325 11580 6210 6495 4515 570 3105 5370 25710 30810 48045 13560 76305 90435
-20.0
13195 111440 15173 8575 13843 7245 1313 6598 3290 25060 15820 27038 34283 18463 105508 Ti = ∑ ρ i E i
-25.0 i

Figura VI-24 – Parâmetros de DZ – Pós-empreendimento (Fundunesp, 1999/b).

(2) Projeto Limeira (Fundunesp, 1997/b)


Braga, A.C.O.108

Nesse projeto, a linha 3 foi destacada (Figura VI-25). A anomalia condutora principal
esta situada entre as E-150-160 com prolongamento para o final da linha, outra anomalia
localiza-se entre as E-10-20. Interessante notar na seção de resistividade média os efeitos
correspondentes a essas anomalias identificadas. Enquanto que a anomalia entre as E-10-20
assume um caráter mais pontual, com mergulho definido à direita da pseudo-seção, a
anomalia entre as E-150-160 evidencia uma extensão do condutor no sentido do final da linha,
comportando-se como uma camada de baixa resistividade. O efeito registrado nessa pseudo-
seção, nas E-10-20, é semelhante ao registrado nas rochas cristalinas identificando fraturas e
falhamentos (Capítulo 5).

Seção Geoelétrica - Linha 3 - Limeira


-40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260
0
Prof. (m)

-5
-10
-15
Resistividade (ohm.m)
3900 1400 600 250 110 45 20 8 3

Limeira - Linha 3 - Resistividade Aparente


-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270
profundidade teórica (m)

0
cont. contaminação
-5
1355 1338 612 234 291 186 315 351 233 271 270 264 207 232 238 277 140 96 15 36 61 43 36 25 36 86 76
-10
1051 1522 641 335 482 369 291 414 358 403 463 411 411 407 401 457 252 170 45 49 30 89 50 44 40 92 67 179
-15
754 603 254 546 589 433 309 904 484 539 543 492 596 546 565 326 223 89 94 63 35 96 60 63 118 73 141 212
-20
286 207 414 565 761 414 241 420 558 575 593 618 699 701 373 234 122 109 117 66 32 117 79 188 83 143 171
-25
138 346 462 791 791 392 293 475 590 646 725 676 857 462 227 218 145 145 112 59 36 152 260 142 162 188
-30

Limeira - Linha 3 - Resistividade Média


-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270
profundidade teórica (m)

0
-5
-10
1355 1338 612 234 291 186 315 351 233 477 510 513 529 520 484 447 392 342 279 241 203 196 187 179 173 170 169
ρm =
∑T
-15
-20
1051 1453
869
863
980
427
506 475
360
445
336
376
243
270
371
552
355
408
323
404
476
484
503
502
508
513
525
525
516
518
483
478
442 386
434 370
325
317
271
264
233
224
201
200
193
190
185
182
177
176
172
171
169
169
169
169 ∑S
545 560 476 505 536 389 260 504 456 457 498 511 523 533 511 465 414 357 309 256 214 198 188 183 175 171 169
-25
350 498 472 577 599 390 269 495 492 505 527 525 543 529 490 450 397 347 301 246 205 198 189 182 175 171
-30

Limeira - Linha 3 - Condutância Longitudinal


-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270
profundidade teórica (m)

0
E
Si = ∑ i
-5
0.01 0.01 0.02 0.04 0.03 0.05 0.03 0.03 0.04 0.04 0.04 0.04 0.05 0.04 0.04 0.04 0.07 0.10 0.68 0.28 0.16 0.23 0.28 0.40 0.28 0.12 0.13
-10
-15
0.01 0.01 0.02 0.04 0.03 0.04 0.05 0.04 0.04 0.04 0.03 0.04 0.04 0.04 0.04 0.03 0.06 0.09 0.33 0.31 0.50 0.17 0.30 0.34 0.38 0.16 0.22 0.08 i ρi
0.03 0.03 0.08 0.04 0.03 0.05 0.06 0.02 0.04 0.04 0.04 0.04 0.03 0.04 0.04 0.06 0.09 0.23 0.21 0.32 0.57 0.21 0.33 0.32 0.17 0.28 0.14 0.09
-20
0.09 0.12 0.06 0.04 0.03 0.06 0.10 0.06 0.04 0.04 0.04 0.04 0.04 0.04 0.07 0.11 0.20 0.23 0.21 0.38 0.78 0.21 0.32 0.13 0.30 0.17 0.15
-25
0.22 0.09 0.06 0.04 0.04 0.08 0.10 0.06 0.05 0.05 0.04 0.04 0.03 0.06 0.13 0.14 0.21 0.21 0.27 0.51 0.83 0.20 0.12 0.21 0.19 0.16
-30

Limeira - Linha 3 - Resistência Transversal


-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270
profundidade teórica (m)

0
-5
13546 13376 6123 2336 2911 1861 3146 3514 2327 2713 2704 2638 2072 2317 2383 2769 1404 961 147 355 608 433 363 250 364 860 765
Ti = ∑ ρ i E i
-10 i
15769 22834 9608 5030 7235 5539 4369 6217 5369 6048 6952 6161 6161 6104 6019 6856 3787 2543 678 729 452 1328 752 661 593 1379 1012 2685
-15
15072 12058 5087 10927 11775 8666 6180 18086 9684 10776 10852 9834 11926 10927 11304 6519 4465 1771 1884 1262 697 1922 1206 1262 2355 1451 2826 4239
-20
7159 5181 10362 14130 19028 10362 6029 10503 13942 14366 14837 15449 17474 17521 9326 5840 3062 2732 2920 1649 801 2920 1978 4710 2072 3580 4286
-25
4154 10386 13847 23738 23738 11770 8803 14243 17705 19386 21760 20277 25717 13847 6825 6528 4352 4352 3363 1780 1088 4550 7814 4253 4847 5638
-30

Figura VI-25 – Rochas sedimentares - Aplicação dos parâmetros de DZ – Pós-


empreendimento (Fundunesp, 1997/b).

(3) Projeto Capivari (Funep, 2005-c)


As mesmas considerações do projeto anterior, aplicam-se nesse caso (Figura VI-26),
com destaque para a pseudo-seção de resistividade média.
Braga, A.C.O.109

Linha 1 - Resistividade Aparente


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
Profundidade teórica (m) 0 2 1
-5
394 396 332 187 377 313 157 138 99 70 54 43 124
-10 301 332 215 158 249 191 161 129 78 73 58 137 214
226 171 160 113 132 170 141 92 73 66 154 194 232
-15 249 516 117 90 109 151 83 83 68 158 185 177 170
-20
Linha 1 - Resistividade Média
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
Profundidade teórica (m)

-5

∑T
394 291 317 146 156 313 183 122 90 69 54 94 160
-10 339 332 296 148 177 238 161 123 87 70 56 137 169
ρm =
-15
289
275
232
315
160
135
140
90
165
151
208
188
150
119
92
87
84
68
69
85
85
107
166
170
179
177 ∑S
-20
Linha 1 - Condutância Longitudinal
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
Profundidade teórica (m)

-5
0.03 0.03 0.03 0.05 0.03 0.03 0.06 0.07 0.10 0.14 0.18 0.23 0.08
-10 Ei
Si = ∑
0.04 0.04 0.06 0.08 0.05 0.07 0.08 0.10 0.16 0.17 0.22 0.09 0.06
0.07 0.09 0.09 0.13 0.11 0.09 0.11 0.16 0.20 0.23 0.10 0.08 0.06
-15 0.07 0.03 0.15 0.19 0.16 0.12 0.21 0.21 0.26 0.11 0.09 0.10 0.10 i ρi
-20
Linha 1 - Resistência Transversal
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
Profundidade teórica (m)

-5
3938 3956 3316 1865 3768 3127 1573 1375 991 703 544 430 1238
-10 3768 4145 2685 1969 3109 2393 2016 1611 980 914 725 1714 2675 Ti = ∑ ρ i E i
3391 2572 2402 1696 1978 2543 2120 1385 1102 989 2317 2911 3476
-15 4352 9034 2044 1583 1912 2638 1451 1451 1187 2769 3231 3099 2967
i

-20
Seção Geoelétrica - Linha 1 - Capivari
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
2 1
0
Prof. (m)

-5

-10

Resistividade (ohm.m)
1780 1000 800 600 400 300 200 150 100 80 50 40 0

Figura VI-26 – Rochas sedimentares - Aplicação dos parâmetros de DZ – Pós-


empreendimento (Funep, 2005-a).

6.2. ROCHAS CRISTALINAS


Nos estudos ambientais, visando obter um diagnóstico dos aqüíferos fraturados, frente a
contaminantes, em rochas cristalinas, tem-se a técnica mais adequada, considerando
resolução, custo e rapidez, o caminhamento elétrico – arranjo Dipolo-Dipolo (CE-DD), com
os métodos da eletrorresistividade e polarização induzida. Nesse caso, o radar de penetração
no solo (GPR), também pode ser utilizado com relativo sucesso, entretanto, caracteriza-se por
atingir pequenas profundidades de investigação, o que não é o caso do CE-DD.
Como já ressaltado anteriormente, nos estudos envolvendo prováveis contaminações,
resultantes de aterros, refinarias, postos de combustíveis, etc., a fase do empreendimento, pré
ou pós-instalação, juntamente com a geologia local, é importante na definição da metodologia
geoelétrica e nos produtos a serem obtidos. A Figura VI-27, apresenta a metodologia
recomendada, com os principais produtos a serem obtidos, considerando as fases do
Braga, A.C.O.110

empreendimento. Dos produtos referidos nessa figura, destaca-se a determinação de: falhas e
fraturamento e plumas de contaminação.

METODOLOGIA
GEOELÉTRICA
Contaminação de
Solos, Rochas e
Águas Subterrâneas
Rochas
Cristalinas
Pré Pós
empreendimento empreendimento
Diques/
Derrames Basálticos

Falhas e
CE-ER-IP Fraturamentos CE-ER-IP
Dipolo-Dipolo Dipolo-Dipolo
Plumas de
Contaminação

SEV-ER-IP SEV-ER-IP
Topo Rochoso
Schlumberger Schlumberger

Figura VI-27 – Metodologia e produtos em estudos ambientais – Rochas Cristalinas.

Nas fases pré e pós-empreendimento, envolvendo a determinação de falhas e


fraturamentos, a metodologia geoelétrica e análise dos dados seguem o descrito no Capítulo 5.

6.2.1. Identificação e Delimitação de Plumas de Contaminação


Como já comentado no Capítulo 5, os valores de resistividade das rochas cristalinas -
granitos, gnaisses, etc., são altos (normalmente, superiores a 3.000 ohm.m), sendo que, nesse
caso, técnicas geoelétricas aplicadas visando identificar aqüíferos fraturados, determinará
anomalias condutoras em relação ao meio, associadas a fraturas/falhas nas rochas.
Portanto, tanto na fase pré-empreendimento quanto na fase pós-empreendimento,
determinam-se zonas de fraturamento, com suas direções e mergulhos, caminho provável dos
contaminantes, sendo difícil identificar se as águas percolantes estão ou não contaminadas.
A Figura VI-28, apresenta mapa de resistividade aparente do primeiro nível, de um
estudo visando determinar provável pluma de contaminação (Fundunesp, 2002/a). O resíduo
industrial disposto no tanque, é resultante da industria de curtume da região. Os resultados
obtidos na interpretação das pseudo-seções, estão sintetizados na figura com o mapa do
primeiro nível.
O estudo se deu em rochas basálticas fraturadas. Pode-se observar nessa figura, uma
zona de baixos valores de resistividade, associada à zona de fratura na rocha, passando ao
lado do tanque de resíduos.
Braga, A.C.O.111

Mapa de Resistividade Aparente - Primeiro Nível


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
L-4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130


L-3

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130


L-2

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130


L-1
tanque de disposição anomalias condutoras projetadas
de resíduos na superfície do terreno
resistividade aparente (ohm.m)
9000 6000 4000 2500 1500 800 500 300 100

0m 10m 20m 30m

Figura VI-28 – Mapa de resistividade aparente – Fundunesp (2002/a).

Devido à ocorrência da anomalia condutora na Linha 1, realçada a partir do segundo


nível – mais profunda (pseudo-seção – Linha 1) e situada à montante da área estudada
(topograficamente mais elevada), não se pode afirmar a priori, que o condutor reflete
contaminação.
Nesse caso, pode-se simplesmente indicar zona de fratura condutora, sendo, portanto,
necessário a locação de um poço de monitoramento (Linha 3 – E-60), para coleta e análise das
águas subterrâneas. A partir dos resultados da geofísica, pode-se direcionar com maior
precisão a locação desse(s) poço(s).
Entretanto, o projeto Fundunesp (2000/c), executado em um aterro sanitário localizado
em terrenos cristalinos (Figura VI-29), com aproximadamente 40 metros de resíduos
acumulados, apresentou resultados interessantes utilizando as técnicas da sondagem elétrica
vertical e caminhamento elétrico.
A partir de SEV’s executadas, pode-se traçar o mapa potenciométrico do aterro com as
direções e sentido do fluxo do fluido incompressível (contaminante) subterrâneo. Em função
dos resultados do CE-DD - Linha 1 (Figura VI-30), observa-se duas anomalias condutoras
bem definidas entre as E-120-140 e E-200-240, associadas a fraturamento/falhamento na
rocha.
Essas anomalias do CE-DD, bem caracterizadas na seção geoelétrica, aliadas ao mapa de
fluxo das SEV’s, demonstram uma percolação do contaminante (chorume) nesse sentido (NE),
contrariando a tendência geral de sentido leste. A ocorrência do contaminante nessa região,
foi confirmada após a instalação de poço de monitoramento e coleta e análise das águas.
Braga, A.C.O.112

LINHA 1C E-120-140
E-200-240
LINHA 4C

0m 30m 60m 90m


LINHA 2C
Legenda dos Resultados da Geofísica
linhas de isovalor da cota
do nível d´água (m)

linhas de fluxo d´água subterrâneo

anomalia muito condutora (CE)

sondagens elétrica verticais


SEV

caminhamento elétrico
CE-DD

LINHA 3C

Figura VI-29 – Mapa potenciométrico e resultados do CE-DD – Fundunesp (2000/c).


Seção Geoelétrica - Linha 1 - Jundiaí
20 40 60 80 100 120 140 160 180
800 200
220
240
790 260
280
300
Elevação (m)

780 320
340
770 360 380 400 420 440
760 Resistividade (ohm.m)
1400 540 210 82 32 12 5 2
750

740
anomalias condutoras projetadas Seção Geoelétrica - Linha 4 - Jundiaí
provável extensão lateral 90 100 110 120 130 140
80
770
70
50 60
Elevação (m)

30 40
20
760

Resistividade (ohm.m)
2300 900 420 200 95 45 20 10 5
750

Figura VI-30 –Seção geoelétrica – processamento das Linhas 1 e 4/CE-DD – Fundunesp


(2000/c).

Ressalta-se que na linha 4 do CE-DD, bem no centro, localiza-se um poço de


monitoramento e coleta de chorume para tratamento. A partir desses resultados, novos poços
foram programados.
Braga, A.C.O.113

CAPÍTULO 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1. MÉTODOS GEOELÉTRICOS APLICADOS NA HIDROGEOLOGIA


7.1.1. Considerações Metodológicas
Além das considerações teóricas e práticas sobre os métodos da eletrorresistividade e
polarização induzida e das técnicas da sondagem elétrica vertical – Schlumberger e
caminhamento elétrico - dipolo-dipolo, esse trabalho apresentou uma proposta de
classificação para os métodos geoelétricos de maneira geral, na qual procurou-se normalizar
e, principalmente, facilitar o entendimento das variáveis que envolvem esses métodos,
evitando confusões entre, por exemplo: métodos, técnicas e arranjos. Nessa proposta
procuraram-se definir de maneira simples e objetiva, os métodos geoelétricos como aplicação,
principalmente, para usuários da Geofísica.
Discutiu-se ainda a escolha da metodologia geoelétrica mais adequada, considerando os
objetivos gerais do trabalho, ou seja, a aplicação visando à captação de águas subterrâneas,
atendendo às mais variadas finalidades, e estudos de caráter ambiental, envolvendo a
contaminação de solos, rochas e águas subterrâneas. Nessa definição metodológica mais
adequada, a geologia local aliada aos objetivos específicos do trabalho - produtos, é
fundamental na decisão final.
Dependendo da geologia da área estudada, determinada metodologia pode se tornar
inviável, sendo necessário recorrer a outro tipo menos precisa. Os objetivos específicos
envolvem os produtos a serem obtidos, tais como: determinação da profundidade do nível
d’água, mapa potenciométrico, identificação litológica, aqüíferos promissores,etc. No alcance
desses objetivos específicos, certos critérios de análise, devem ser considerados, tais como:
profundidade de investigação a ser atingida, espessura e forma do corpo a ser prospectado
(ligada à geologia), tipos e contrastes de propriedades físicas entre o corpo a ser prospectado
e o meio encaixante, além de levar em consideração as questões de custos e prazos do projeto.
Quanto à definição dessa metodologia, consideraram-se ainda, as diferentes fases de um
projeto envolvendo questões ambientais (pré ou pós-empreendimento), onde a ocorrência ou
não de eventuais plumas de contaminação, somam às outras considerações anteriores na
utilização ou não de determinadas técnicas de campo.
Nas discussões sobre a programação e desenvolvimento da técnica de campo da SEV-
Schlumberger, apresentou-se, como uma tentativa de contribuição na programação, um ábaco,
que pode ser utilizado como um indicativo inicial para orientar a quantidade de ensaios a
serem desenvolvidos, em uma determinada área de pesquisa. Ressalta-se entretanto, que a
Braga, A.C.O.114

quantidade de ensaios finais, estará sempre ligada às especificidades de cada pesquisa.


Quanto à profundidade de investigação de uma SEV, procurou-se abordar questões práticas,
tais como o efeito de penetração em terrenos de alta resistividade, determinando-se o fator de
redução da profundidade. Várias outras questões práticas, envolvendo também a técnica do
CE-Dipolo-Dipolo, foram abordadas.

7.1.2. Tratamento dos Dados e Produtos Obtidos


Nas discussões envolvendo o tratamento dos dados de campo e seus principais produtos
obtidos (Capítulos 5 e 6), ressalta-se a definição da litologia, a partir da resistividade e
cargabilidade, visando identificar camadas geológicas com potencial aqüífero para captação
de águas subterrâneas em terrenos de rochas sedimentares. Concluiu-se, principalmente, que
os aqüíferos a serem explorados, em função da resistividade e cargabilidade, devem
apresentar valores, respectivamente, entre: 60,0 - 300,0 ohm.m e 2,5 - 6,0 mV/V.
De acordo com a geologia e área a ser estudada, a técnica do CE-DD, pode ser
empregada na identificação litológica e determinação do nível d’água subterrâneo, com maior
detalhe que as SEV’s, as quais podem ser executadas, em menor número, sendo utilizadas
para calibrar o modelo da inversão do CE
As aplicações dos parâmetros de Dar Zarrouk, resistência transversal e condutância
longitudinal, revelam-se de extrema utilidade no entendimento do modelo final. Nos estudos
visando tanto à captação de águas subterrâneas como no diagnóstico ambiental de solos,
rochas e águas subterrâneas, esses parâmetros podem ser utilizados com critérios
estabelecidos.
Nas associações dos parâmetros hidrogeológicos: condutividade hidráulica e
transmissividade, com os parâmetros de Dar Zarrouk, mostrou-se que os valores de resistência
transversal (TDZ) para sedimentos arenosos, tendem a serem mais elevados que para
sedimentos argilosos. Entretanto observaram-se também valores para os sedimentos argilosos
maiores que para os sedimentos arenosos, evidenciando que nesse tipo de correlação, a
litologia, através por exemplo do mapa de resistividade, tem que ser considerada.
Em terrenos de rochas cristalinas ou em rochas cársticas, onde os aqüíferos a serem
investigados apresentam semelhanças em termos de investigação geoelétrica, observou-se
que, de um modo geral, ao aplicar os parâmetros de Dar Zarrouk na técnica do CE-Dipolo-
Dipolo, a intensidade da anomalia na pseudo-seção de condutância longitudinal total (SDZ) é
maior que na pseudo-seção de resistência transversal total (TDZ), isto se deve, principalmente,
ao fato de que nesta situação a resistividade longitudinal é mais sensível à zona fraturada que
Braga, A.C.O.115

a resistividade transversal. Nas pseudo-seções de resistividade média, observou-se uma


filtragem das resistividades aparentes, indicando posições mais precisas de anomalias e suas
direções de mergulho. As inversões dos dados do CE, através do software Res2dinv
(Geotomo), apresentaram resultados bem satisfatórios, cujos modelos geoelétricos finais são
bem próximos à geologia.
Nas questões ambientais, estudando as diferentes fases de um empreendimento,
destacam-se os resultados obtidos no Projeto FAPESP/2005 – ensaios em laboratório.
Conforme resultados do referido projeto, demonstrou-se que os valores de resistividade, de
sedimentos areno-argilosos não saturados, aumentaram significativamente, imediatamente
após a contaminação por gasolina. Depois de seis meses de monitoramento, esses valores
tornaram-se condutivos em relação aos valores naturais.
Já, os valores de cargabilidade apresentaram uma variação, também significativa, com
valores mais baixos que os naturais, sem contaminação. Entretanto, com o tempo, os valores
se tornaram, aproximadamente constantes, diferentemente da resistividade. Em todos os
ensaios, observou-se que a cargabilidade não responde imediatamente à presença da gasolina,
como a resistividade.
Portanto, conclui-se a partir desses estudos em laboratório que, de uma maneira geral,
em vazamentos de derivados de hidrocarbonetos, atingindo os solos e rochas sedimentares e
as águas subterrâneas, o fator temporal é fundamental. Em relação ao meio natural (sem
contaminante), vazamentos recentes deverão apresentar: resistividades altas – anomalias
resistivas e cargabilidades baixas – anomalias de baixa cargabilidade. Em vazamentos
antigos, a situação tende a se inverter: a resistividade deverá ser baixa - anomalias
condutivas, e a cargabilidade alta - anomalias de alta cargabilidade. Em vários projetos
desenvolvidos em refinarias de combustíveis, antigos vazamentos de derivados de
hidrocarbonetos, apresentaram baixos valores de resistividade em relação ao meio sem
contaminação, fato devidamente comprovado por poços de monitoramento.
Nesses estudos ambientais, a aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk na técnica do
CE-Dipolo-Dipolo, em terrenos sedimentares, mostrou que a resistência transversal total
realçou mais a anomalia que a condutância longitudinal total, isto se deve ao fato de que,
nesses casos, a resistividade transversal predomina sobre a resistividade longitudinal.
Destaca-se ainda a importância da aplicação do parâmetro condutância longitudinal unitária
obtida principalmente através das SEV’s, visando estudar o grau de proteção de uma camada
aqüífera frente a contaminantes.
Braga, A.C.O.116

A aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk (TDZ e SDZ) é fundamental em uma fase pré-
empreendimento, e não recomendados em fases pós-empreendimento, onde as presenças de
contaminantes alteram os valores de resistividade do meio natural, tornando inviável qualquer
correlação com os tipos litológicos e suas características. Nessa fase pós-empreendimento, a
aplicação dos parâmetros de Dar Zarrouk visa apenas obter uma análise das anomalias
existentes quanto às suas intensidades e definições, auxiliando na interpretação do modelo
final.

7.2. CONCLUSÕES
Somado aos objetivos, amplamente discutidos anteriormente, esse trabalho procurou
apresentar uma discussão sobre os principais métodos e técnicas de campo dos métodos
geoelétricos aplicados em estudos hidrogeológicos, com destaque na captação para
abastecimento e diagnóstico de solos, rochas e águas subterrâneas frente a poluentes.
É evidente que a integração de vários métodos geofísicos, aplicados simultaneamente,
podem definir as diferentes características geológicas de cada área estudada, com maior
precisão e detalhamento. Entretanto, essa proposição metodológica apresentada, procurou
aplicar uma relação entre a resolução de métodos e técnicas com custos e prazos adequados a
um trabalho envolvendo a Geofísica Aplicada em estudos hidrogeológicos.
O emprego da eletrorresistividade, com as técnicas da SEV e CE, por si só, revela-se
decisivo para atingir os mais variados fins envolvendo esses tipos de estudos. A resistividade
elétrica dos materiais geológicos, é definida, principalmente, em função de seus constituintes
mineralógicos e o tipo de fluido presente, sendo, portanto, ideal para os estudos
hidrogeológicos de maneira geral. Cabe ressaltar ainda, que além do fato desse método
apresentar conceitos simples para seu entendimento e os valores de resistividade,
normalmente, não necessitarem de filtros especiais para suas determinações, os equipamentos
eletrorresistivímetros, estão entre os que apresentam os custos mais reduzidos no mercado.
Braga, A.C.O.117

BIBLIOGRAFIAS REFERENCIADAS E CONSULTADAS

São apresentadas a seguir as publicações que foram referenciadas no desenvolvimento


do texto dessa monografia e as publicações consultadas, importantes no trabalho, mas não
referenciadas. Algumas publicações são consideradas clássicas nas discussões sobre os
métodos geoelétricos e outras apresentam aplicações práticas e atuais.
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