02 - Raciocà - Nio Là gico-Matemático-1666133911482
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1. Noções de Lógica...............................................................................................................................................................................01
2. Diagramas Lógicos: conjuntos e elementos. ..........................................................................................................................02
3. Lógica da Argumentação. ..............................................................................................................................................................04
4. Tipos de Raciocínio. .........................................................................................................................................................................05
5. Proposições Lógicas Simples e Compostas. ...........................................................................................................................07
6. Conectivos Lógicos. .........................................................................................................................................................................09
7. Elementos de Teoria dos Conjuntos...........................................................................................................................................10
8. Resolução de Problemas com Frações, Conjuntos, Porcentagens e Sequências com Números, Figuras,
Palavras.......................................................................................................................................................................................................16
9. Estatística Descritiva e Análise Exploratória de Dados: gráficos, diagramas, tabelas, medidas descritivas
(posição, dispersão, assimetria e curtose). ..................................................................................................................................24
10. Técnicas de Amostragem: amostragem aleatória simples, estratificada, sistemática e por conglomerados.
10.1 Tamanho amostral........................................................................................................................................................................41
11. Análise Combinatória: arranjos simples e com repetição, permutações simples e com repetição e combi-
nações simples. Princípio da Casa dos Pombos; Identificação do Espaço Amostral e Evento de Experimentos
Aleatórios...................................................................................................................................................................................................49
12. Proporcionalidade; Razão e proporção; 12.1 Grandezas Direta e Inversamente Proporcionais; 12.2 Regra de
Três Simples e Composta; 12.3 Porcentagens; 12.4 Juros Simples e Compostos..........................................................55
13. Funções: Conceito de Função. 13.1 Função de Variável Real e seu Gráfico no Plano Cartesiano. 13.2 Es-
tudo das Funções de 1º e 2º graus. 13.3 Funções Crescentes e Decrescentes, Máximos e Mínimos de uma
Função.........................................................................................................................................................................................................59
Raciocínio Lógico-Matemático
1. NOÇÕES DE LÓGICA. O erro pode derivar de duas espécies de causas: das
palavras que o exprimem ou das ideias que o constituem.
No primeiro, os sofismas de palavras ou verbais; no
CONCEITO DE LÓGICA segundo, os sofismas de ideias ou intelectuais.
Lógica é a ciência das leis ideais do pensamento Exemplo de sofisma verbal: usar mesma palavra
e a arte de aplicá-los à pesquisa e à demonstração da com duplo sentido; tomar a figura pela realidade.
verdade. Exemplo de sofisma intelectual: tomar por essencial
Diz-se que a lógica é uma ciência porque constitui o que é apenas acidental; tomar por causa um simples
um sistema de conhecimentos certos, baseados em antecedente ou mera circunstância acidental (3).
princípios universais.
Formulando as leis ideais do bem pensar, a lógica LÓGICA
se apresenta como ciência normativa, uma vez que seu Lógica - do grego logos significa “palavra”,
objeto não é definir o que é, mas o que deve ser, isto é, “expressão”, “pensamento”, “conceito”, “discurso”,
as normas do pensamento correto. “razão”. Para Aristóteles, a lógica é a “ciência da
A lógica é também uma arte porque, ao mesmo demonstração”; Maritain a define como a “arte que nos
tempo que define os princípios universais do pensamento, faz proceder, com ordem, facilmente e sem erro, no ato
estabelece as regras práticas para o conhecimento da próprio da razão”; para Liard é “a ciência das formas
verdade (1). do pensamento”. Poderíamos ainda acrescentar: “É a
ciência das leis do pensamento e a arte de aplicá-las
EXTENSÃO E COMPREENSÃO DOS CONCEITOS corretamente na procura e demonstração da verdade.
Ao examinarmos um conceito, em termos A filosofia, no correr dos séculos, sempre se
lógicos, devemos considerar a sua extensão e a sua preocupou com o conhecimento, formulando a esse
compreensão. respeito várias questões: Qual a origem do conhecimento?
Vejamos, por exemplo, o conceito homem. Qual a sua essência? Quais os tipos de conhecimentos?
A extensão desse conceito refere-se a todo o Qual o critério da verdade? É possível o conhecimento?
conjunto de indivíduos aos quais se possa aplicar a
À lógica não interessa nenhuma dessas perguntas, mas
designação homem.
apenas dar as regras do pensamento correto. A lógica é,
A compreensão do conceito homem refere-se
portanto, uma disciplina propedêutica.
ao conjunto de qualidades que um indivíduo deve
Aristóteles é considerado, com razão, o fundador
possuir para ser designado pelo termo homem: animal,
da lógica. Foi ele, realmente, o primeiro a investigar,
vertebrado, mamífero, bípede, racional.
cientificamente, as leis do pensamento. Suas pesquisas
Esta última qualidade é aquela que efetivamente
lógicas foram reunidas, sob o nome de Organon, por
distingue o homem dentre os demais seres vivos (2).
Diógenes Laércio. As leis do pensamento formuladas por
JUÍZO E O RACIOCÍNIO Aristóteles se caracterizam pelo rigor e pela exatidão.
Entende-se por juízo qualquer tipo de afirmação Por isso, foram adotadas pelos pensadores antigos
ou negação entre duas ideias ou dois conceitos. Ao e medievais e, ainda hoje, são admitidas por muitos
afirmarmos, por exemplo, que “este livro é de filosofia”, filósofos.
acabamos de formular um juízo. O objetivo primacial da lógica é, portanto, o
O enunciado verbal de um juízo é denominado estudo da inteligência sob o ponto de vista de seu
proposição ou premissa. uso no conhecimento. É ela que fornece ao filósofo o
Raciocínio - é o processo mental que consiste em instrumento e a técnica necessária para a investigação
coordenar dois ou mais juízos antecedentes, em busca segura da verdade. Mas, para conseguirmos atingir
de um juízo novo, denominado conclusão ou inferência. a verdade, é preciso raciocinarmos com exatidão e
Vejamos um exemplo típico de raciocínio: 1ª) partirmos de dados exatos, a fim de que o espírito não
premissa - o ser humano é racional; 2ª) premissa - você é caia em contradição consigo mesmo ou com os objetos,
um ser humano; conclusão - logo, você é racional. afirmando-os diferente do que, na realidade, são. Daí as
O enunciado de um raciocínio através da linguagem várias divisões da lógica.
falada ou escrita é chamado de argumento. Argumentar Assim sendo, a extensão e compreensão do conceito,
significa, portanto, expressar verbalmente um raciocínio o juízo e o raciocínio, o argumento, o silogismo e o sofisma
(2). são estudados dentro do tema lógica. O silogismo, que é
um raciocínio composto de três proposições, dispostos
SILOGISMO de tal maneira que a terceira, chamada conclusão, deriva
Silogismo é o raciocínio composto de três logicamente das duas primeiras chamadas premissas,
proposições, dispostas de tal maneira que a terceira, tem lugar de destaque. É que todos os argumentos
chamada conclusão, deriva logicamente das duas começam com uma afirmação caminhando depois por
primeiras, chamadas premissas. etapas até chegar à conclusão.
Todo silogismo regular contém, portanto, três
proposições nas quais três termos são comparados, dois UMA CLASSIFICAÇÃO DA LÓGICA
a dois. Exemplo: toda a virtude é louvável; ora, a caridade
é uma virtude; logo, a caridade é louvável (1). Alguns autores dividem o estudo da Lógica em:
- LÓGICA INDUTIVA: útil no estudo da teoria da
SOFISMA probabilidade (não será abordada neste roteiro).
Sofisma é um raciocínio falso que se apresenta e
com aparência de verdadeiro. Todo erro provém de um - LÓGICA DEDUTIVA: que pode ser dividida em:
raciocínio ilegítimo, portanto, de um sofisma.
1
Raciocínio Lógico-Matemático
- Lógica Clássica- Considerada como o núcleo da ló- No diagrama de Venn a ordem dos elementos não
gica dedutiva. É o que chamamos hoje de CÁLCULO DE tem relevância e os elementos devem aparecer uma
PREDICADOS DE 1a ORDEM com ou sem igualdade e de única vez.
alguns de seus subsistemas. Os conjuntos podem ser classificados de acordo
Três Princípios (entre outros) regem a Lógica Clássi- com a quantidade de elementos que possuem:
ca: da IDENTIDADE, da CONTRADIÇÃO e do TERCEIRO - Conjunto finito – possui um limite de elementos,
EXCLUÍDO os quais serão abordados mais adiante. como por exemplo, o conjunto de vogais.
- Lógicas Complementares Da Clássica: Complemen- - Conjunto infinito – possui um número infinito de
tam de algum modo a lógica clássica estendendo o seu elementos, por exemplo, o conjunto dos números.
domínio. Exemplos: lógicas modal, deôntica, epistêmica, - Conjunto unitário – possui um único elemento.
etc. - Conjunto vazio – não possui nenhum elemento.
- Lógicas Não - Clássicas: Assim caracterizadas por Observação: o conjunto que possui apenas o número
0 é um conjunto unitário e não vazio.
derrogarem algum ou alguns dos princípios da lógica
- Conjunto universo – é o conjunto que possui todos
clássica. Exemplos: paracompletas e intuicionistas (der-
os elementos de uma situação, como por exemplo, o
rogam o princípio do terceiro excluído); paraconsisten-
conjunto dos dias da semana.
tes (derrogam o princípio da contradição); não-aléticas Estes são os diagramas lógicos estudados pelo
(derrogam o terceiro excluído e o da contradição); não- raciocínio lógico.
-reflexivas (derrogam o princípio da identidade); proba-
bilísticas, polivalentes, fuzzy-logic, etc...1 Esses elementos podem ser demonstrados da
seguinte forma:
- Extensão: Os elementos são separados por chaves;
2. DIAGRAMAS LÓGICOS: {1,2,3,4...}
CONJUNTOS E ELEMENTOS. - Compreensão: Escreve-se a caraterística em
questão do conjunto mencionado.
Diagrama de Venn: Os elementos são inseridos em
Os diagramas são utilizados como uma representação uma figura fechada e aparecem apenas uma vez.
gráfica de proposições relacionadas a uma questão de Todo A é B: Nesse caso o conjunto A é um subconjunto
raciocínio lógico. do B, sendo que A está contido em B.
Os diagramas lógicos são estruturas que auxiliam
na solução dos problemas que envolvem a matéria de
raciocínio lógico.
Para melhor entender os diagramas lógicos é
necessário primeiro aprender algumas regras da teoria
dos conjuntos.
Um conjunto é um determinado número de
elementos que possuem uma ou mais características
em comum, sendo que, tais características, definem ou
distinguem os conjuntos uns dos outros. Nenhum A é B: Nesse caso os dois conjuntos não
Exemplos: tem elementos comuns.
1- conjunto de números ímpares – é formado por
infinitos elementos – 1, 3, 5, 7…
2- conjunto das vogais – é formado por finitos
elementos – a-e-i-o-u.
3- conjunto de números primos – é formado infinitos
elementos – 2, 3, 5, 7…
Existem três formas de representar um conjunto. São Algum A é B: Esse diagrama representa a situação
elas: em que pelo menos um elemento de A é comum ao
Extensão – escreve-se os elementos entre chaves. elemento de B.
Exemplo: {a e i o u}.
Compreensão – escreve-se a característica que
define o conjunto. Exemplo: conjunto de números
primos de 1 a 10.
Diagrama de Venn – Coloca-se os elementos dentro
de uma figura fechada (um círculo). Exemplo:
Inclusão
Todo, toda, todos, todas.
Interseção
Algum, alguns, alguma, algumas.
Ex: Todos brasileiros são bons motoristas
Negação lógica: Algum brasileiro não é bom
motorista.
1 Fonte: www.sergiobiagigregorio.com.br/www.pucsp.br
2
Raciocínio Lógico-Matemático
Disjunção - Retire essas 10 pessoas do número fornecido pelo
Nenhum A é B. enunciado para aquelas que não sabiam do sistema=60
Ex: Algum brasileiro não é bom motorista. - O resultado é 135, pois ao somarmos 60+85-
Negação lógica: Nenhum brasileiro é bom motorista. 10=135.
3
Raciocínio Lógico-Matemático
a) todos os músicos são felizes. Retomando o nosso exemplo, podemos dizer que
b) não há cantores que são músicos e felizes. “Todo padre é homem” é uma proposição, assim como
c) os cantores que não são músicos são felizes. as duas outras afirmações – José é padre/Logo, José é
d) os felizes que não são músicos não são cantores. homem.
e) qualquer músico feliz é cantor. Eu tanto posso afirmar essas expressões como negá-
Solução: las.
-Como pode ser visto no diagrama, parte dos felizes (Alguns autores chamam as proposições de
não são músicos nem cantores.2 enunciado ou sentença. Mas o termo proposição é muito
mais comum).
O que é um argumento?
3. LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO. Agora que sabemos o que é uma proposição, fica
mais fácil entender o que é um argumento.
Vou citar novamente Copi:
A Lógica de Argumentação pode ser entendida
como o estudo criterioso da correção de um raciocínio.
Um argumento é qualquer grupo de proposições
Leia o que diz um dos grandes teóricos da lógica,
tal que se afirme ser uma delas derivada das outras, as
Cezar Mortari, em seu livro “Introdução à Lógica”:
quais são consideradas provas evidentes da verdade da
A Lógica não procura dizer como as pessoas primeira.
raciocinam (mesmo porque elas “raciocinam errado”, Irving Copi
muitas vezes). Mas se interessa primeiramente pela
questão de se aquelas coisas que sabemos ou em que Sim, o exemplo citado acima é um argumento. A
acreditamos – o ponto de partida do processo – de fato proposição “José é homem” é derivada das proposições
constituem uma boa razão para aceitar a conclusão anteriores – Todo padre é homem/José é padre.
alcançada, isto é, se a conclusão é uma consequência Um argumento é dividido em algumas partes.
daquilo que sabemos. Entenda melhor a seguir.
Ou, em outras palavras, se a conclusão está Premissas e conclusões
adequadamente justificada em vista da informação A conclusão de um argumento é a proposição
disponível, se a conclusão pode ser afirmada a partir da encontrada ao final da análise das premissas, que são as
informação que se tem. proposições iniciais.
Cezar Mortari
Voltemos ao nosso exemplo:
Podemos substituir a palavra “raciocínio” pela PREMISSA 1: Todo padre é homem.
palavra “inferência”, ou seja, o ato de concluir algo a PREMISSA 2: José é padre.
partir de duas ou mais informações conhecidas. A Lógica CONCLUSÃO: José é homem.
de Argumentação analisa a validade dos raciocínios e
das inferências. Veja mais um exemplo para você fixar melhor o que
Por exemplo, considere as seguintes informações: são as premissas e as conclusões:
Todo padre é homem. José é padre. Logo, José é PREMISSA 1: Nenhum boi bebe vinho.
homem. PREMISSA 2: Russo é um boi.
A partir de duas “informações” (Todo padre é CONCLUSÃO: Russo não bebe vinho.
homem/José é padre) chegamos à conclusão de que
Compreendeu?
José é homem.
Se você teve alguma dúvida até aqui deixe um
A Lógica de Argumentação verifica justamente se
comentário para que possamos sanar suas dificuldades.
raciocínios assim são válidos.
Com essa noção geral, vamos para os conceitos Verdade e Validade
específicos, para que tudo fique mais claro e preciso. Quando estamos falando de Lógica de Argumentação
não importa muito se as proposições são verdadeiras ou
O que é proposição não.
A partícula básica do estudo da Lógica de
Argumentação é a proposição, que nada mais é que Considere o argumento a seguir:
a expressão linguística que pode ser verdadeira ou PREMISSA 1: Toda planta tem asas
falsa. PREMISSA 2: A laranjeira é uma planta
Citando outro grande teórico da Lógica, Irving Copi, CONCLUSÃO: A laranjeira tem asas
fica mais fácil compreender:
Esse é um argumento válido, mesmo que as
As proposições são verdadeiras ou falsas, e nisto proposições que o integram sejam falsas.
diferem das perguntas, ordens e exclamações. Validade diz respeito à correção do raciocínio.
Só as proposições podem ser afirmadas ou negadas; Verdade diz respeito à correspondência entre o que se
uma pergunta pode ser respondida, uma ordem dada afirma e a realidade.
e uma exclamação proferida, mas nenhuma delas pode Para a lógica, não importa se as proposições são
ser afirmada ou negada. Não é possível julgá-las como verdadeiras ou falsas, quem estuda isso são as outras
verdadeiras ou falsas. disciplinas. Na biologia, seria absurdo dizer que uma
Irving Copi planta tem asas.
A lógica não se preocupa com isso. O importante é
2 Fonte: www.okconcursos.com.br/www.tudodeconcursosevestibulares.blogs-
pot.com que o raciocínio desenvolvido está correto.
4
Raciocínio Lógico-Matemático
Argumento conjuntivo Veja um exemplo:
Agora vamos começar a conhecer alguns tipos de PREMISSA 1: Os padres do Hemisfério Norte são
argumento. O primeiro deles é o argumento conjuntivo. homens.
Os argumentos conjuntivos são aqueles em que PREMISSA 2: Os padres do Hemisfério Sul são
ocorre a conjunção “e” em alguma das premissas. homens.
CONCLUSÃO: Todos os padres são homens.
Veja um exemplo: O que são falácias
PREMISSA 1: Todo padre é homem e possui nível Provavelmente você já deve ter ouvido falar que
superior.
alguém estava dizendo uma falácia. Você sabe o que
PREMISSA 2: José é padre.
isso significa? Sabia que isso tem muito a ver com Lógica
CONCLUSÃO: José é homem e possui nível superior.
A conjunção nos leva à ideia de intersecção. Ou seja, de Argumentação?
um ou mais elementos que faz parte de mais de um Falácia nada mais é que um argumento inválido. É
conjunto. Nesse caso, “padre” faz parte do conjunto dos quando alguém utiliza premissas que parecem sustentar
homens e do conjunto do nível superior. a conclusão, mas que, após uma análise criteriosa
Argumento disjuntivo percebe-se que a sustentação é inválida.
Os argumentos disjuntivos são aqueles onde pelo A seguir, 4 tipos de falácias bastante comuns:
menos uma das premissas possui uma disjunção “ou”. Falácia do falso dilema
Quando limitamos as opções de escolha a um
Veja o exemplo a seguir: dilema, escondendo as demais possibilidades existentes.
PREMISSA 1: Todo padre é homem ou tem nível Exemplo: ou vota no PSDB, ou vota no PT.
superior. Na verdade, é possível votar em qualquer outro
PREMISSA 2: Padre José é homem. partido político.
CONCLUSÃO: Padre José não tem nível superior. Falácia do apelo à Ignorância
A disjunção traz a ideia de exclusividade de um É quando consideramos que algo é verdadeiro só
elemento em relação a dois conjuntos. No nosso porque não há provas de que é falso.
exemplo, quem é padre não pode ser, ao mesmo tempo Exemplo: existe vida após a morte. Nunca se provou
homem e ter nível superior. Se for um dos dois, não é o
o contrário!
outro.
O fato de não ter sido provado o contrário não
Argumento condicional
Esse é um tipo de argumento bastante comum para garante que há, de fato, vida após a morte.
ser analisado em provas de concursos. Caracteriza-se Falácia ad hominem
pela utilização da forma “Se… Então…”. É quando desconsideramos a verdade para atacar
quem profere a verdade.
Entenda melhor: Exemplo: João nunca jogou futebol, então não pode
PREMISSA 1: Se o Palmeiras é campeão, irei falar sobre as regras de uma partida.
comemorar. Mesmo não tendo jogado futebol, João pode saber
PREMISSA 2: O Palmeiras é campeão. as regras de uma partida.
CONCLUSÃO: Irei comemorar. Falácia do apelo à autoridade
Esse tipo de argumento é bem autoexplicativo. A Nesse caso, consideramos um argumento verdadeiro
premissa impõe uma condição para que algo ocorra. apenas porque determinada autoridade falou.
Argumento bicondicional Exemplo: Caetano Veloso disse que o violão tem
Nesse caso, a expressão que caracteriza o argumento cinco cordas. Como ele é um grande violonista, a
é “se, e somente se…”. afirmação é verdadeira.
A autoridade de Caetano Veloso como violonista
Veja um exemplo: não torna verdadeira a afirmação.
PREMISSA 1: O padre reza a missa se, e somente se,
Tabela de Verdade
for domingo.
Uma ferramenta bastante utilizada para verificar
PREMISSA 2: O padre reza a missa.
CONCLUSÃO: É domingo. a validade de argumentos em provas de concurso é a
Argumento Dedutivo chamada Tabela de Verdade.
Você já ouviu falar da diferença entre dedução e A Tabela de Verdade simula possibilidades de relações
indução? Ter essa compreensão é bastante importante entre premissas nos diversos tipos de argumento,
na Lógica de Argumentação. mostrando a conclusão que é obtida como resultado.3
Primeiro, vamos conhecer o que é um argumento
dedutivo. Ele ocorre quando partimos do geral para o
particular. 4. TIPOS DE RACIOCÍNIO.
A conclusão do argumento está implícita nas
premissas, como no nosso primeiro exemplo:
PREMISSA 1: Todo padre é homem. Em lógica, pode-se distinguir três tipos de raciocínio
PREMISSA 2: José é padre. lógico: dedução, indução e abdução.
CONCLUSÃO: José é homem. Em lógica, pode-se distinguir três tipos de raciocínio
Argumento Indutivo lógico: dedução, indução e abdução. Dada uma premis-
Já no argumento indutivo ocorre o contrário, sa, uma conclusão, e uma regra segundo a qual a pre-
passamos do particular para o geral. Ou seja, a partir da
missa implica a conclusão, eles podem ser explicados da
observação de vários casos particulares chegamos a uma
seguinte forma:
conclusão geral.
3 Fonte: www.segredosdeconcurso.com.br
5
Raciocínio Lógico-Matemático
- Dedução corresponde a determinar a conclusão. mas você não pode dar 100% de certeza. Existe a pos-
Utiliza-se da regra e sua premissa para chegar a uma sibilidade dessa sequência representar algo estranho,
conclusão. Exemplo: “Quando chove, a grama fica diferente do esperado, fazendo com que o próximo nú-
molhada. Choveu hoje. Portanto, a grama está molhada.” mero da série fuja do padrão óbvio.
É comum associar os matemáticos com este tipo de Outra forma comum de teste de raciocínio indutivo
raciocínio. consiste em sequências de figuras (raciocínio abstrato).
- Indução é determinar a regra. É aprender a regra a Eles seguem a mesma metodologia mencionada ante-
partir de diversos exemplos de como a conclusão segue riormente: encontre o padrão e extrapole para encontrar
da premissa. Exemplo: “A grama ficou molhada todas as a próxima figura.
vezes em que choveu. Então, se chover amanhã, a grama Raciocínio indutivo consiste basicamente nisso: olhe
ficará molhada.” É comum associar os cientistas com este para as informações dadas, faça uma generalização e ex-
estilo de raciocínio. trapole. Nesses casos, sempre haverá o julgamento de
- Abdução significa determinar a premissa. Usa- uma generalização, que pode ou não ser verdade. En-
quanto no raciocínio dedutivo, não há julgamento. As
se a conclusão e a regra para defender que a premissa
conclusões são verdades com base nas informações for-
poderia explicar a conclusão. Exemplo: “Quando chove,
necidas.
a grama fica molhada. A grama está molhada, então
pode ter chovido.” Associa-se este tipo de raciocínio aos
diagnosticistas e detetives.
Raciocínio Dedutivo
Raciocínio dedutivo significa usar um dado conjunto
de informações para deduzir outras informações a par-
tir da lógica. O raciocínio dedutivo pode ser usado para
provar que essas novas informações são verdadeiras.
Exemplo:
Premissa principal: Todos os seres humanos são
mortais.
Premissa menor: Sócrates é humano.
Conclusão: Sócrates é mortal.
Raciocínio Abdutivo
Combinando a regra geral “todos os seres humanos O raciocínio abdutivo é um pouco semelhante ao
são mortais” (premissa principal) com a situação espe- raciocínio indutivo. Inicialmente era chamado de “adivi-
cífica “Sócrates é humano” (premissa menor), pode-se nhação”, já que as conclusões apresentadas são basea-
concluir que “Sócrates é mortal”. Esse tipo específico de das em probabilidades. No raciocínio abdutivo presume-
raciocínio - duas premissas gerando uma conclusão - é -se que a conclusão mais plausível é também a correta.
chamado de silogismo e normalmente é tema de testes Exemplo:
de raciocínio dedutivo. Premissa principal: O pote está cheio de bolinhas
Observe que o raciocínio dedutivo não fornece no- amarelas.
vas informações, apenas rearranja informações que já Premissa menor: João tem uma bolinha amarela na
são conhecidas em novas afirmações ou verdades. En- mão.
Conclusão: A bolinha amarela na mão do João foi
tão, raciocínio dedutivo é “se isso for verdade, então isso
retirada do pote.
também é verdade”.
Por raciocínio abdutivo, a possibilidade de João ter
Raciocínio Indutivo pego a bolinha amarela do pote é razoável, mas é pu-
O raciocínio indutivo visa encontrar padrões ou ten- ramente baseada em especulação. A bolinha amarela
dências e, em seguida, fazer uma generalização e extra- poderia ter sido, por exemplo, comprada em uma loja.
polar. Portanto, não se tem certeza de que uma conclu- Portanto, abduzir que João pegou a bolinha amarela do
são baseada no raciocínio indutivo é 100% verdadeira. pote a partir da observação do “pote cheio de bolinhas
Uma hipótese famosa é: amarelas” pode levar a uma conclusão falsa.
“Todos os cisnes são brancos”
Raciocínio Lógico Formal e Informal
Esta conclusão foi obtida após observar-se que den- O raciocínio formal é um tipo de raciocínio lógico
tre uma grande quantidade de cisnes nenhum era negro. baseado em premissas e conclusões válidas e, portanto,
Consequentemente, assumiu-se que cisnes negros não é uma forma de raciocínio dedutivo. Enquanto que no
existem. O raciocínio indutivo é, portanto, uma forma raciocínio informal, além de todos os elementos dedu-
arriscada de raciocínio lógico, uma vez que a conclusão tivos do raciocínio formal, também é usado probabili-
pode ser facilmente refutada bastando, nesse caso dos dades para obter-se conclusões. Dessa forma, pode-se
cisnes, encontrar um único cisne negro. dizer que o raciocínio informal está relacionado ao ra-
Outro exemplo comum de raciocínio indutivo usa- ciocínio abdutivo.
do frequentemente em testes de aptidão são sequências O que você precisa entender é que a resposta corre-
numéricas. Tente determinar o padrão, generalize e ex- ta para qualquer argumento de raciocínio lógico requer
trapole para encontrar o próximo número da série. a identificação adequada de relações entre afirmações
6, 9, 12, 15, ? (tipicamente fatos e opiniões) e não a exatidão dessas
afirmações.4
A resposta lógica para essa tendência parece ser 18, 4 Fonte: www.fnde.gov.br/www.wikyhub.com
6
Raciocínio Lógico-Matemático
5. PROPOSIÇÕES LÓGICAS Podemos ver nos exemplos acima os conectivos em
SIMPLES E COMPOSTAS. negritos. Os conectivos conectam proposições simples.
Podemos, então, utilizar letras minúsculas para nomear
as proposições simples e o símbolo de cada conectivos.
Chamamos de proposições uma declaração que re- - A: p ∧ q
presenta um sentido completo, que pode ser verdadeira - B: b → e
ou falsa. - C: r ∨ s
Exemplo: - D: m ↔ v
-- 2 > 1: é uma proposição com valor lógico
verdadeiro; Analisando agora os valores lógicos de cada uma das
proposições podemos afirmas que A, B, C e D possuem
-- 2 = 0: é uma proposição com valor lógico falso.
os seguintes valores lógicos F, V, V e V, respectivamente.
A lógica matemática classifica as proposições basea-
do em dois princípios: Tabela Verdade
A tabela verdade é utilizada para poder descobrir
- Princípio da Não-Contradição o valor lógico de uma proposição composta. As
“Uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao proposições simples são relativamente fáceis de saber
mesmo tempo”. seu valor lógico, mas uma proposição composta formada
por outras proposições simples, pode ser difícil dizer se é
- Princípio do Terceiro Excluído verdadeira ou falsa.
“Toda proposição ou é falsa ou é verdadeira, não há Por esse motivo é que usamos a tabela verdade
uma terceira opção”. para analisar cada caso e descobrir o valor lógico da
proposição.
Valores Lógicos das Proposições Exemplo:
As proposições só podem ser verdadeiras ou falsas, Vamos construir uma tabela verdade para a seguinte
levando em conta os princípios acima. proposição: p ∧ q.
7
Raciocínio Lógico-Matemático
Vamos então construir a tabela verdade para p q p∨q
a proposição acima. A tabela terá 8 linhas, pois a
proposição composta, (p → q) ∨ r, é formada por três V V V
proposições simples, p, q e r, então pelo teorema das V F V
linhas, temos que: 23 = 8. F V V
F F F
Devemos agora colocar cada uma das proposições
simples separada em cada uma coluna. Depois devemos
Condicional
olhar para as proposições com dependência, como p → A condicional de duas proposições, p e q, é indicada
q, que está em parênteses e p e q dependem do valor por: p → q (leia-se: se p então q). A condicional é falsa
lógico uma da outra. Por fim, na última coluna colocamos quando a primeira proposição é verdadeira e a segunda
toda a proposição composta. é falsa, e verdadeira nos demais casos.
A tabela verdade para a condicional de duas propo-
p q r p→q (p → q) ∨ r sições é a seguinte:
V V V V V
V V F V V p q p→q
V F V F V V V V
V F F F F V F F
F V V V V F V V
F V F V V F F V
F F V V V
Bi-condicional
F F F V V A bi-condicional de duas proposições, p e q, é indi-
cada por: p ↔ q (leia-se: p se, e somente se, q). A bi-con-
Na primeira coluna, dividimos os valores lógicos na dicional é verdadeira quando as duas proposições têm o
metade, 4V e 4F. Na segunda coluna a metade da metade mesmo valor lógico.
da primeira, 2V e 2F, intercalados. E na terceira coluna a A tabela verdade para a bi-condicional de duas pro-
metade da metade da segunda, 1V e 1F, intercalados. posições é a seguinte:
Analisamos a proposição, p → q, que assume valor
lógico falso, quando p é verdadeiro e q falso, e valor
p q p↔q
lógico verdadeiro caso contrário.
Pela tabela verdade não podemos afirmar que a V V V
proposição composta, (p → q) ∨ r, é verdadeira, pois para V F F
um caso ela é falsa. F V F
F F V
Operações Lógicas sobre as Proposições e a Tabela
Verdade
Negação
Vamos agora analisar as operações lógicas das pro-
Negamos uma proposição atribuindo antes dela o si-
posições e também o valor lógico para as proposições
nal ¬ ou ~. Dessa forma a negação da proposição p é: ¬p
de acordo com cada um dos conectivos usados. Vamos
(leia-se: não p). A negação altera o valor lógico de uma
também construir a tabela verdade para cada caso.
proposição, ou seja, se p tem valor lógico verdadeiro, en-
tão ¬p terá valor lógico falso e vice-versa.
Conjunção A tabela verdade para a negação de uma proposição
A conjunção de duas proposições simples, p e q, é in- é a seguinte:
dicada por: p ∧ q (leia-se: p e q). A conjunção é verdadeira
quando as duas proposições têm valor lógico verdadeiro. p ¬p
A tabela verdade para a conjunção de duas proposi- V F
ções é a seguinte: F V
p q p∧q
V V V Tautologia
Tautologia é uma palavra de origem grega que tem o
V F F seguinte significado: tautó – significa: o mesmo; e logos
F V F – significa: a mesma coisa já dita.
F F F Na lógica matemática, uma tautologia é usada para
dizer que uma proposição é sempre verdadeira. No dia a
Disjunção dia usamos expressões que tem a mesma ideia.
A disjunção de duas proposições simples, p e q, é Exemplo:
indicada por: p ∨ q (leia-se: p ou q). A disjunção é verda- - Entrar para dentro;
deira quando pelo menos uma das proposições têm valor - O açúcar é doce.
lógico verdadeiro. As proposições compostas são verdadeiras quando
A tabela verdade para a disjunção de duas proposi- as proposições simples assumem valores lógicos diferen-
ções é a seguinte: tes e e mesmo assim elas continuam verdadeiras.
8
Raciocínio Lógico-Matemático
Podemos provar que uma proposição composta é
uma tautologia através da tabela verdade. Se a última co-
luna da tabela conter somente V, então a proposição é
uma tautologia.
Exemplo:
O caso mais simples de tautologia é p ∨ (¬p) (leia-se:
p ou não p). Podemos ver a tabela verdade a seguir:
p ¬p p ∨ (¬p)
DISJUNÇÃO INCLUSIVA
V F V A disjunção inclusiva une duas ou mais proposições
F V V através do conectivo “ou”.
Símbolo utilizado: ∨
Veja que na última coluna temos somente V.
Exemplo:
Exemplo: p: Eu gosto de Matemática.
Vamos ver se a proposição composta q → (p → q) é q: Eu gosto de Física
uma tautologia: p ∨ q: Eu gosto de matemática ou de Física.
Importante:
Na tabela verdade podemos ter as seguintes situa- DISJUNÇÃO EXCLUSIVA
ções: A disjunção exclusiva une duas ou mais proposições
- Última coluna ter somente V: tautologia; da seguinte forma:
- Última coluna ter V e F: contingente ou satisfatível; Dizemos: “ou p, ou q”
- Última coluna ter somente F: contradição ou Símbolo utilizado: ∨
insatísfatível.5
Exemplo:
p: Ana vai morar na Bahia.
q: Ana vai morar em São Paulo.
6. CONECTIVOS LÓGICOS.
p ∨ q: ou Ana vai morar na Bahia ou Ana vai morar
em São Paulo.
Os conectivos lógicos são utilizados para operar as A proposição composta resultante da disjunção
proposições simples, transformando-as em proposições exclusiva será verdadeira apenas quando apenas uma
compostas. Eles são de suma importância para a das proposições for verdadeira. Veja:
interpretação das questões nas provas de concursos.
São eles: “e”, “ou”, “se, então”, “se, e somente se” e
“ou… ou…”.
CONJUNÇÃO
9
Raciocínio Lógico-Matemático
Veja que a condicional será falsa em apenas um caso:
BICONDICIONAL
O conectivo lógico bicondicional é formado por duas condicionais.
Utilizamos uma bicondicional quando temos p→q e q→p.
Dizemos: “p se e somente q”
Símbolo utilizado: ↔
Exemplo:
p: 5 + 3 = 9
q: 9 – 5 = 3
p ↔ q: 5+3=9 se e somente se 9-5=3
A bicondicional será verdadeira quando as proposições utilizadas possuírem o mesmo valor lógico. Veja:6
Antes de analisarmos a teoria dos conjuntos em correlação com a lógica, vamos fazer uma breve abordagem sobre
a teoria dos conjuntos e na sequência, sua aplicação no estudo da lógica.
A teoria dos conjuntos é o ramo da matemática que estuda conjuntos, que são coleções de elementos. Vamos
começar estudando os símbolos matemáticos usados neste ramo.
s
Símbolos
: pertence : existe
6 Fonte: www.sabermatematica.com.br
10
Raciocínio Lógico-Matemático
Símbolos das operações
: A intersecção B
: A união B
a - b: diferença de A com B
a < b: a menor que b
: a menor ou igual a b
Produto Cartesiano
a > b: a maior que b
Dados os conjuntos A e B, chama-se produto
cartesiano A com B, ao conjunto AxB, formado por todos
: a maior ou igual a b
os pares ordenados (x,y), onde x é elemento de A e y é
elemento de B, ou seja
:aeb
11
Raciocínio Lógico-Matemático
Em geral, conjuntos são indicados por letras maiúsculas e os elementos dos conjuntos são indicados por letras
minúsculas.
Para indicar que um elemento x pertence ao conjunto A, usamos a notação x€A. Se o elemento x não pertence ao
conjunto A, denotamos por x A.
Se os elementos de um conjunto A possuem uma mesma propriedade P=P(x), escrevemos este conjunto na forma
A = { x: P(x) é verdadeira } ou A = { x| P(x) é verdadeira }.
Definição: Um conjunto A é subconjunto de B se, para todo x€A tem-se que x€B, denotando esta inclusão, por A
B. Se A é diferente de B, diz-se que A é um subconjunto próprio de B.
Definição: Um conjunto A é superconjunto de B se B A. Se A é diferente de B, diz-se que A é um superconjunto
próprio de B.
Definição: Dois conjuntos A e B são iguais, se e somente se, todo elemento de A é elemento de B e todo elemento
de B é elemento de A. Os conjuntos A e B são iguais se, e somente se, A B e B A. Quando A e B são iguais, usamos
a notação A=B.
Definição: Se dois conjuntos A e B não são iguais, diz-se que A e B são diferentes e usamos a notação A ≠ B.
Definição: A reunião de dois conjuntos A e B é o conjunto de todos os elementos que pertencem ao conjunto A
ou ao conjunto B
A B = {x : x€A ou x€B }
Definição: A interseção de dois conjuntos A e B é o conjunto de todos os elementos que pertencem ao conjunto
A e ao conjunto B
A B = {x : x€A e x€B }
U–S = { x€U : x S }
Sc = { x€U : x S }
Definição: A interseção dos conjuntos Ai é o conjunto de todos os elementos que pertencem a todos os Ai:
m
Ai = {x : x€Ai para todo i€M }
i=1
Nas definições acima, se o conjunto M for substituído pelo conjunto N={1,2,3,4,...} e a letra m for substituída pelo
símbolo , a reunião será indicada por:
e a interseção por:
Elementos de Lógica matemática: Este assunto é comum mas relembramos alguns conceitos da Lógica Matemática.
Uma proposição lógica verdadeira é denotada pela letra V ou pelo número 1 e uma proposição falsa é denotada pela
letra F ou pelo número 0.
12
Raciocínio Lógico-Matemático
Para não escrever e repetir muitas palavras, foram criados alguns símbolos lógicos:
Significado existe para todo e ou não implica equivale
Símbolo(s) ~ , ,
13
Raciocínio Lógico-Matemático
Algumas implicações lógicas:
1. p [q (~q)] p
2. p [q (~q)] p
3. p q (~p) q
4. ~(p q) p (~q)
5. (p q) (p q) (q p)
6. (p q) (p q) [(~p) (~q)]
7. p (q r) (p q) r
8. p q (~q) (~p)
Quatro importantes equivalências lógicas: Usando as tabelas-verdade, mostre que as proposições abaixo são
equivalentes:
1. p q
2. (~q) (~p)
3. (~q) p F (Afirmação absurda)
4. (~p) q V (Afirmação verdadeira)
Observação importante sobre a negação de uma frase lógica: Ao realizar a negação de uma afirmação matemática,
é muito comum ocorrer erro na troca das posições dos quantificadores, pois negar um quantificador existencial é
aceitar um quantificador universal e negar um quantificador universal é assumir um quantificador existencial.
A negação da afirmação
não é a afirmação
14
Raciocínio Lógico-Matemático
Chamamos:
um quinto quinze nonos
- de fração;
- a de numerador;
- b de denominador. um sexto um décimo
significa que, se dividíssemos o chocolate em 4 partes Frações equivalentes são frações que representam a
iguais, Roberval teria comido 3 partes: mesma parte do todo.
são equivalentes.
15
Raciocínio Lógico-Matemático
mos da fração pelo fator comum 3. Dizemos que a fração é uma fração simplificada de .
A fração não pode ser simplificada, por isso é chamada de fração irredutível. A fração não pode ser simplifi-
Números fracionários
Seria possível substituir a letra X por um número natural que torne a sentença abaixo verdadeira?
5.X=1
Substituindo X, temos:
X por 0, temos: 5.0 = 0
X por 1, temos: 5.1 = 5
Portanto, substituindo X por qualquer número natural, jamais encontraremos o produto 1. Para resolver esse pro-
blema, temos que criar novos números. Assim, surgem os números fracionários.
Toda fração equivalente representa o mesmo número fracionário.
Portanto, uma fração (n diferente de zero) e todas frações equivalentes a ela representam o mesmo número
fracionário .
Para somar frações com denominadores diferentes, uma solução é obter frações equivalentes, de denominadores
(10:5).4 = 8 (10:2).5 = 25
Resumindo: utilizamos o mmc para obter as frações equivalentes e depois somamos normalmente as frações, que
já terão o mesmo denominador, ou seja, utilizamos o caso 1.
16
Raciocínio Lógico-Matemático
Multiplicação e divisão de números fracionários Exemplo 2:
Na multiplicação de números fracionários, deve-
mos multiplicar numerador por numerador, e denomi- João Carlos é operário e seu salário é de apenas 520
nador por denominador, assim como é mostrado nos reais por mês. Gasta com aluguel e com alimentação
exemplos abaixo:
da família. Esse mês ele teve uma despesa extra: do seu
salário foram gastos com remédios. Sobrou dinheiro?
Resolução:
Para saber se o salário de João Carlos foi suficiente
para pagar todas as suas despesas é preciso encontrar o
valor que ele gastou com o pagamento do aluguel, com
a alimentação e com os remédios. Então, veja:
1 de 520 = 520 : 4 x 1 = 130.
Na divisão de números fracionários, devemos multi-
4
plicar a primeira fração pelo inverso da segunda, como é
mostrado no exemplo abaixo: 2 de 520 = 520 : 5 x 2 = 104 x 2 = 208
5
3 de 520 = 520 : 8 x 3 = 195.
8
17
Raciocínio Lógico-Matemático
Intersecção de Conjuntos Propriedade comutativa
A intersecção de conjuntos corresponde aos ele-
mentos que se repetem nos conjuntos dados. Ela é re- -
presentada pelo símbolo ∩. -
Propriedade associativa
-
-
Propriedade distributiva
Exemplo:
Dados os conjuntos A = {c, a, r, e, t } e B= B = {a, e, i, -
o, u}, represente o conjunto intersecção ( ). -
Devemos identificar os elementos comuns nos con-
juntos dados que, neste caso, são os elementos a e e, Se A está contido em B ( ):
assim o conjunto intersecção ficará:
= {a, e} -
Obs: quando dois conjuntos não apresentam ele- -
mentos em comum, dizemos que a intersecção entre -
eles é um conjunto vazio.
Nesse caso, esses conjuntos são chamados de dis- Leis de Morgan
juntos: A ∩ B = Ø Considerando dos conjuntos pertencentes a um uni-
verso U, tem-se:
Diferença de Conjuntos 1.º) O complementar da união é igual à intersecção
A diferença de conjuntos é representada pelos ele- dos complementares:
mentos de um conjunto que não aparecem no outro
conjunto.
Dados dois conjuntos A e B, o conjunto diferença é 2.º) O complementar da intersecção é igual à união
indicado por A - B (lê-se A menos B). dos complementares:
Sequência
No nosso dia-a-dia estamos envolvidos com
sequências, sem mesmo notarmos. Vejamos por
exemplo:
- O livro de ponto, onde está registado o nome dos
alunos e numa sequência (ordem alfabética);
Conjunto Complementar - Os dias de um mês (1,2,3,...30/31);
Dado um conjunto A, podemos encontrar o conjun- - Os dias do ano (1,2,3,...365);
to complementar de A que é determinado pelos elemen- - A numeração das portas das ruas;
tos de um conjunto universo que não pertençam a A. - A numeração dos transportes públicos;
Este conjunto pode ser representado por - A numeração dos lugares nos cinemas;
- E existem , ainda, muitos outros exemplos de
sequência que lidamos no nosso dia-a-dia.
Quando temos um conjunto B, tal que B está contido
em A ( ), a diferença A - B é igual ao complemento O que são sequências de números?
de B.
Exemplo: Sequências de números são listas ordenadas de
Dados os conjuntos A= {a, b, c, d, e, f} e B = {d, e, f, g, números que verificam uma dada propriedade ou
h}, indique o conjunto diferença entre eles. regra.
Para encontrar a diferença, primeiro devemos iden-
tificar quais elementos pertencem ao conjunto A e que Exemplos:
também aparecem ao conjunto B.
No exemplo, identificamos que os elementos d, e e - 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15 ... Sequência de números
f pertencem a ambos os conjuntos. Assim, vamos retirar impares
esses elementos do resultado. Logo, o conjunto diferen- - 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16 ... Sequência de números
ça de A menos B será dado por: pares
A – B = {a, b, c} - 3, 6, 9, 12, 15, 18,... Sequência de múltiplos de 3
- 1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100,...Sequência de
Propriedades da União e da Intersecção quadrados perfeitos
Dados três conjuntos A, B e C, as seguintes proprie- Concluímos então que sequência é todo conjunto
dades são válidas: ou grupo no qual os seus elementos estão escritos
com uma determinada ordem.
18
Raciocínio Lógico-Matemático
EXEMPLO:
Observando a sequência de figuras e seguindo a mesma regularidade, quantos pontos negros terá a décima
figura?
Verifica-se que o número de pontos negros em cada figura é igual ao número de pontos brancos.
Assim se pode concluir que os pontos negros P (Pnegros) são metade dos pontos que constituem cada figura
F(pontos da Figura).
Também verificamos que a figura seguinte é sempre um “retângulo” cujos lados aumentam um ponto:
Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 …. Figura 10
F (pontos da figura) 1x2 = 2 2x3 = 6 3x4 = 12 4x5 = 20 5x6 = 30 …. 10x11 =110
Podemos concluir que a 10ª figura tem 10x11 =110 pontos sendo que, o número de pontos negros são metade
(110 : 2 = 55) ou seja 55 pontos negros.
Uma sequência de números é um conjunto de números ordenados que obedece a uma determinada lei de
formação, ou seja, possui uma determinada regularidade.
OBS: A lei de formação ou expressão algébrica de uma sequência é uma regra que permite conhecer cada termo
da sequência a partir da sua ordem ou dos termos anteriores.
Os números triangulares têm um número de pontos necessários para formar um triângulo equilátero.
19
Raciocínio Lógico-Matemático
Assim, os termos 1, 3, 6, 10, 15, ...
formam a sequência dos números triangulares.
Mas esta sequência também pode ser representada por triângulos isósceles.
Os números quadrados são a sequência dos números de pontos necessários para formar uma sequência de
quadrados.
O 10º termo desta sequência é 100 e o n-ésimo termo desta sequência é o quadrado de n , n2 (lei de formação
ou expressão algébrica).
Nº de ordem 1 2 3 4 5 … n
Número de pontos 1 4 9 16 25 … n2
Nº de ordem 1 2 3 4 5 … n
Porcentagem
Ao número p associamos a razão p⁄100, ou seja, tomamos p partes de um todo que foi dividido em 100 partes iguais.
Exemplo: 5% (leia-se: cinco por cento) equivale a fração 5⁄100.
O nome tem origem do latim (per centum) e quer dizer por cento, ou seja, uma razão de base 100. É frequentemente
utilizado para cálculos de transações comerciais, entre outros.
20
Raciocínio Lógico-Matemático
Essas razões com denominadores 100 são chamadas Exercícios de Porcentagem
de razões centesimais, taxas percentuais ou, simplesmen-
te, porcentagens. Calcule 20% de 500
20% é o mesmo que escrevermos 20/100
Porcentagem no dia a dia 20% de 500 =
Um dos assuntos que caem em vestibulares, dos
mais concorridos aos menos concorridos do país, tam-
bém aparece frequentemente em questões do ENEM.
Além disso, sempre vimos nos telejornais notícias re-
lacionadas, por exemplo: “O preço da gasolina aumentou Coloque 5⁄4 na forma percentual.
10%”. Dessa forma, se a gasolina custa 5,00 reais e esta
irá sofrer um reajuste (aumento) de 10%, na matemática Essa é uma forma de conversão mais completa, aqui
escreveremos assim: usamos regra de três. Pegamos o valor que queremos
converter (5⁄4), depois colocamos o valor que não sabe-
10% de 5,00 = 10⁄100 . 5 = 0,50 mos na base 100 ( x/100 ).
Ou seja, a gasolina sofrerá um aumento de 50 cen- Próximo passo é usar a regra de três para encontrar
tavos por litro. o valor de x. Então multiplicaremos a proporção em cruz.
Ao calcularmos uma porcentagem em relação a um Após encontrar o valor de x, colocamos o valor que
valor dado, estamos também representando uma pro- queremos na base 100. Ou seja, reescrevermos, pois que-
porção em que um dos denominadores é igual a 100. remos na forma percentual, colocando o símbolo.
Pelo exemplo acima dado, dizemos que 0,50 repre-
senta em 5 o mesmo que 10 representa em 100. Veja:
21
Raciocínio Lógico-Matemático
Técnica operatória Cálculo do acréscimo (reajuste):
A técnica para resolver porcentagem por regra de
três é a seguinte:
Grandeza % (ou ‰) Grandeza do problema Assim, a conta de luz desse morador terá um reajuste
de R$ 9,60. Então, após aplicarmos o reajuste ele pagará:
100 (ou 1000) P 120 + 9,6 = 129,6.
i p’ A conta de luz passará a custar R$ 129,60.
22
Raciocínio Lógico-Matemático
das medidas, como é o caso do histograma. O próximo que a quantidade de valores corresponde a um número
passo na análise é quantificar alguns aspectos importan- par. Nesse caso, definimos a Mediana como sendo a Mé-
tes da distribuição. Duas medidas são amplamente utili- dia dos dois valores centrais:
zadas: uma para localizar a posição central e outra para (550 + 600)/2 → 1150/2 = 575
quantificar a variabilidade ou dispersão da distribuição. Vale destacar: Observe que se a lâmpada que sobre-
A medida de posição central é um valor represen- viveu 2000 dias tivesse sobrevivido 3950 dias, o valor da
tativo da distribuição em torno do qual as outras medi- mediana não se alteraria. Por outro lado, a média aritmé-
das se distribuem. Duas medidas são as mais utilizadas: tica aumentaria. Não ser afetada por valores extremos é
a média aritmética e a mediana. uma vantagem da mediana em relação à média. Quando
a distribuição dos dados é simétrica, os valores da média
O que é uma Média Aritmética na Estatística Des- e da mediana praticamente coincidem. Mas, quando a
critiva? distribuição é assimétrica, a média é “puxada” na direção
A média aritmética de um conjunto de n valores é da assimetria.
obtida somando-se todas as medidas e dividindo a soma Quase sempre, quando olhamos uma média, faze-
por n. Representamos cada valor individual por uma letra mos algum julgamento de valor. Por exemplo: se lemos
(x, y, z, etc.), seguida por um sub-índice, ou seja, repre- no jornal qual é a renda média de uma determinada co-
sentamos os n valores da amostra por x1, x2, x3, …, xn, na munidade, somos tentados a avaliar como é a situação
qual x1 é a primeira observação, x2 é a segunda e assim econômica dessa comunidade. No entanto, o valor da
por diante. Então, escrevemos: média pode ser alto e, mesmo assim, a situação social
ser muito ruim. Basta que poucos ganhem muito e mui-
tos ganhem pouco. A mediana, por outro lado, não é
influenciada por esses valores extremos e, nesse caso,
refletirá melhor a condição econômica da comunidade.
Considere S um símbolo matemático do qual se lê Por isso que, em qualquer estudo, é interessante re-
“somatório” de xi, para i variando de 1 a n, que é equiva- portar as duas medidas de centralidade.
lente a x1 + x2 + x3 +…+xn.
Confira um exemplo: O que é Moda na estatística descritiva?
Em um grupo de cinco pessoas, com idades de 19, A Moda de uma distribuição é o valor que ocorre
23, 25, 28 e 29 anos, qual é a Média Aritmética de suas com mais frequência ou o valor que corresponde ao in-
idades? tervalo de classe com a maior frequência. Assim a moda,
Primeiramente, é preciso somar suas idades: da mesma forma que a Mediana, não é afetada por va-
19 + 23 + 25 + 28 + 29 = 124 lores extremos.
Uma distribuição de frequência que apresenta ape-
Em seguida, divide-se essa soma pelo número de nas uma moda é chamada de unimodal. Já se a distri-
“fontes de dados” (ou pessoas, se preferir). Veja: buição apresenta dois pontos de alta concentração, ela
(19 + 23 +25 +28 + 29)/ 5 → 124/5 = 24,8 é chamada de bimodal. Distribuições bimodais ou mul-
timodais podem indicar que na realidade a distribuição
Dessa forma, obtemos que a Média Aritmética (ou de frequência se refere a duas populações cujas medidas
simplesmente Média) da idade desse grupo é de 24,8 foram misturadas.
anos. Percebe que não é uma conta difícil de fazer? Por exemplo, suponha que um lote de caixas de lei-
te longa vida passa por um processo de amostragem e
O que é a Mediana na Estatística Descritiva? em cada caixa da amostra é medido o volume envasado.
A Mediana é uma medida alternativa à Média Arit- Se o lote é formado pela produção de duas máquinas
mética e sua função é representar o centro da distribui- de envase que estão calibradas em valores diferentes, é
ção, muito usada em estatística descritiva. A mediana de possível que o histograma apresente duas modas: uma
um conjunto de medidas (x1, x2, x3, …, xn) é um valor M para cada valor de calibração.
tal que pelo menos 50% das medidas são menores ou
iguais a M e pelo menos 50% das medidas são maiores O que são os Percentis (ou Quartis)?
ou iguais a M. Em outras palavras, 50% das medidas fi- Se o número de dados observados é grande, é in-
cam abaixo da mediana e 50% acima desse valor. teressante calcular algumas outras medidas de posição.
Confira um exemplo: Essas medidas são uma extensão do conceito de media-
Uma mulher, durante seu período reprodutivo, deu à na.
luz 5 crianças. Os pesos dos recém-nascidos foram, res- Suponha que estamos conduzindo um experimen-
pectivamente: 9.2, 6.4, 10.5, 8.1 e 7.8. Calcule a mediana to com animais. Eles recebem uma droga e medimos o
dos pesos. tempo de vida (em dias) após a ingestão dessa droga.
Os valores, ordenados do menor para o maior, são: Poderíamos fazer a seguinte pergunta: em quanto tem-
6.4 7.8 8.1 9.2 10.5. po 50% dos animais ainda estão vivos? Obviamente esse
Portanto, a mediana é 8.1 kg. valor será a mediana.
Agora veja outro exemplo, um pouco diferente: Por outro lado, poderíamos estar interessados em
Os dados abaixo são tempos de vida (em dias) de 8 saber qual é o tempo em que 75%, ou 25%, dos animais
lâmpadas: estão vivos. Esses valores são chamados de Quartis da
500 550 550 550 600 700 750 2000 distribuição (pois dividem a distribuição em quartas par-
Note que temos dois valores que satisfazem a con- tes) e são representados por Q1 (1º quartil – 25%) e Q3
dição de ser mediana, o quarto (550) e o quinto (600), já (3º quartil – 75%). O segundo quartil, Q2, que correspon-
de a 50%, é a mediana.
23
Raciocínio Lógico-Matemático
Esse conceito pode ser estendido um pouco mais e, De forma análoga, é como se você fosse procurar
em lugar de 25%, 50% e 75%, poderíamos querer calcu- um (a) pretendente, observasse a pessoa e fizesse uma
lar percentis (5%,10%, 90%, etc.). análise descritiva apontando os detalhes mais marcantes
Seja p um número qualquer entre 0 e 1. O 1100×p-é- (o que é aceitável ou não para o seu padrão): qual a
simo percentil é um valor tal que, depois de as medidas altura da pessoa, cor dos olhos, tipo de cabelo, cor da
terem sido ordenadas, pelo menos 100×p% das medi- pele, alto ou baixo, magro ou gordo; e por aí vai.
das são menores ou iguais a esse valor. E pelo menos É como se você resumisse rapidamente e de forma
100×(1-p)% das medidas são maiores ou iguais a esse eficiente, toda a informação contida nos dados (ou no
valor. que você está observando). Esse é o início das análises
Exemplo: O ganho de peso, em gramas, de 9 ratos que permitirão você tomar decisões de forma mais
submetidos a uma dieta são dados a seguir: consciente e assertiva.
93.9 105.8 106.5 116.6 125.0 128.3 132.1 136.7 152.4 “Em suma, as técnicas da análise exploratória de
dados nos ajudam a extrair informações relevantes de um
Como calcular o primeiro e o terceiro quartis? conjunto de dados”
Cálculo de Q1:
Q1 corresponde a 25%. Então, p = 0.25 . De maneira geral, não abra mão de utilizar as técnicas
O número de observações menores ou iguais a Q1 é da análise exploratória. Não economize. Use tudo que
0.25 × 9 = 2.25. for adequado na sua análise. Você pode aplicar, por
O número de observações maiores ou iguais a Q1 é exemplo:
(1-0.25) × 9 → 0.75 × 9 = 6.75 - Histogramas
Em outras palavras, pelo menos 3 observações têm - Polígonos
que ser menores ou iguais a Q1 e pelo menos 7 observa- - Ramo-e-folhas
ções têm que ser maiores ou iguais a Q1. A medida 106.5 - Box Plot
satisfaz esses requerimentos. Portanto, Q1 = 106.5. - Gráficos de simetria
Cálculo de Q3: - Diagrama de pontos
Argumentos semelhantes mostram que Q3 = 132.1.
Temos também que Q2 = 125.0, que é a Mediana. A partir daí você pode encontrar parâmetros para
Exemplo: cada uma das variáveis, como média, mediana, moda,
Calcular os quartis e os percentis 5%, 10%, 90% e percentis, quartis, mínimo, máximo, amplitude, desvio-
95% para a amostra de valor de venda de um produto padrão, variância, coeficiente de variação.
em 95 pontos de venda amostrados apresentado acima. Embora muitos profissionais “desprezem” essas
75% Q3 45.3 5% 35.2 técnicas, acreditamos que elas deveriam fazer parte de
50% Q2 42.2 10% 37.0 toda e qualquer análise que vocês façam. Se você já
25% Q1 39.5 90% 47.0 faz, aprimore. Se não, inclua em seus trabalhos. “Vire os
Média 42.4 95% 50.2 dados do avesso”; olhe por todos os ângulos.
24
Raciocínio Lógico-Matemático
b) Colunas Sobrepostas (gráfico comparativo)
População Urbana do Brasil por Região de 1940 a
1980 (x 1000)
Características:
- A área do gráfico equivale à totalidade de casos
(360° = 100%);
- Cada “fatia” representa a percentagem de cada
categoria
25
Raciocínio Lógico-Matemático
Gráfico Polar
É o tipo de gráfico ideal para representar séries
temporais cíclicas, ou seja, toda a série que apresenta
uma determinada periodicidade.
Cartograma
É a representação de uma carta geográfica. Este tipo
Os métodos mais eficientes para deixar de fumar de gráfico é empregado quando o objetivo é o de figurar
segundo 30.000 fumantes entrevistados no Canadá os dados estatísticos diretamente relacionados com as
áreas geográficas ou políticas
Exemplo:
26
Raciocínio Lógico-Matemático
Histograma
Polígono de Frequências
Altura em centímetros de 160 alunos do Curso de Administração da UFSM – 1990
27
Raciocínio Lógico-Matemático
Ogivas
Altura em centímetros de 160 alunos do Curso de Administração da UFSM – 1990
Características:
- Cada barra representa a frequência do intervalo respectivo;
- Os intervalos devem ter a mesma amplitude;
- As barras devem estar todas juntas.
28
Raciocínio Lógico-Matemático
Os histogramas também mostram o grau de dispersão da variável. Veja a figura 4.6. O histograma à esquerda
mostra pouca dispersão, mas o histograma à direita mostra grande dispersão.
29
Raciocínio Lógico-Matemático
Diagramas
Em estatística descritiva, diagrama de caixa, diagrama de extremos e quartis, boxplot ou box plot é uma
ferramenta gráfica para representar a variação de dados observados de uma variável numérica por meio de quartis
(ver figura 1, onde o eixo horizontal representa a variável). O boxplot tem uma reta (whisker ou fio de bigode) que
estende–se verticalmente ou horizontalmente a partir da caixa, indicando a variabilidade fora do quartil superior e do
quartil inferior. Os valores atípicos ou outliers (valores discrepantes) podem ser plotados como pontos individuais. O
boxplot não é paramétrico, apresentando a variação em amostras de uma população estatística sem fazer qualquer
suposição da distribuição estatística subjacente. Os espaços entre as diferentes partes da caixa indicam o grau de
dispersão, a obliquidade nos dados e os outliers. O boxplot também permite estimar visualmente vários {\displaystyle
L-}estimadores como amplitude interquartil, midhinge, range, mid-range, e trimean. Em resumo, o boxplot identifica
onde estão localizados 50% dos valores mais prováveis, a mediana e os valores extremos.
30
Raciocínio Lógico-Matemático
percentagem de trabalhadores que contribuem para o
INSS, ocorre com maior frequência, ou seja, é o que mais
se repete. Com base nessa nossa discussão, reflita: como
organizar os dados de uma variável quantitativa contínua
de forma mais eficiente, na qual se possa apresentar uma
quantidade maior de informações?
A resposta a essa pergunta será apresentada na
próxima seção. Fique atento e, em caso de dúvidas,
lembre-se de que você não está sozinho, basta solicitar
o auxílio de seu tutor.
31
Raciocínio Lógico-Matemático
Definindo, então, o limite inferior da primeira classe
basta, para você obter as classes da nossa distribuição,
somar a amplitude do intervalo de classe (c = 5) a cada
limite inferior.
Considerando que nessa pesquisa n = 20 Assim, você terá:
consumidores; temos, então, o número de classes
definido por
32
Raciocínio Lógico-Matemático
Apresentando os dados na forma de distribuição
de frequência, você consegue sintetizar as informações
contidas neles, além de facilitar sua visualização.
Considerando essa discussão, elaboramos a Tabela 4,
que traz as frequências (fa e fr) relacionadas à variável
analisada.
33
Raciocínio Lógico-Matemático
Podemos apresentar, a seguir, esses dados em uma Dados Tabelados com Valores Ponderados
distribuição de frequências. Nesse caso, não é necessário Média Aritmética Ponderada (Xw ), (onde Wi é o
definir intervalos de classes porque a variação dos peso)
valores é pequena (varia de 0 a 5) e a variável é discreta.
Quando a variável é discreta, mas você tem uma
quantidade muito grande de valores que ocorrem na
amostra, então, você irá trabalhar com uma distribuição
de frequências em classes.
Na Tabela 8, você pode visualizar a distribuição de
frequências do número de reclamações. Os cálculos das
frequências absoluta e relativa são obtidos de forma
semelhantes ao que foi visto anteriormente.
Distribuição de frequências
- Média Aritmética
Medidas Descritivas
Tem por objetivo descrever um conjunto de dados
de forma organizada e compacta que possibilita a
visualização do conjunto estudado por meio de suas
estatísticas, o que não significa que estes cálculos e
conclusões possam ser levados para a população. Características da Média Aritmética Simples
Podemos classificar as medidas de posição conforme 1a) A Média Aritmética Simples deverá estar entre o
o esquema abaixo: menor e o maior valor observado,
Medidas de Posição
34
Raciocínio Lógico-Matemático
Separatrizes (Mediana, Quartis, Decis e Centis ou
Percentis)
São medidas de posição que divide o conjunto de
dados em partes proporcionais, quando os mesmos são
ordenados.
a) Dados não tabelados
b) Média Geométrica: (Xg): Antes de determinarmos as separatrizes devemos
A aplicação da média geométrica deve ser feita, em primeiro lugar encontrar a posição da mesma.
quando os valores do conjunto de dados considerado se - Se o número de elementos for par ou ímpar, as
comportam segundo uma progressão geométrica (P.G.) separatrizes seguem a seguinte ordem:
ou dela se aproximam.
Dados tabelados
Dados Tabelados
b) Distribuição de frequências pontual: segue a
mesma regra usada para dados não tabelados
Usando um artifício matemático, pode-se usar para c) Distribuição de frequências intervalar
calcular a média geométrica a seguinte fórmula:
onde:
Emprego da média
1) Deseja-se obter a medida de posição que possui
a maior estabilidade;
2) Houver necessidade de um tratamento algébrico
ulterior.
35
Raciocínio Lógico-Matemático
Dados Tabelados
a) Distribuição de frequências pontual
- Moda Bruta
- Análise Gráfica
Emprego da moda
1) Quando se deseja obter uma medida rápida e
aproximada de posição;
2) Quando a medida de posição deve ser o valor
mais típico da distribuição.
36
Raciocínio Lógico-Matemático
Para dados não tabelados (n - 1) é usado como um fator de correção, onde
devemos considerar a variância amostral como uma
estimativa da variância populacional.
- Propriedades da Variância
1ª) Somando-se ou subtraindo-se uma constante k a
cada valor observado a variância não será alterada;
2ª) Multiplicando-se ou dividindo-se por uma
Para dados tabelados constante k cada valor observado a variância ficará
multiplicada ou dividida pelo quadrado dessa constante.
- Variância Relativa
37
Raciocínio Lógico-Matemático
completa das distribuições de frequências. Estas - Distribuição Simétrica: É aquela que apresenta a
distribuições não diferem apenas quanto ao valor médio e os quartis Q1 e Q3 equidistantes do
e à variabilidade, mas também quanto a sua forma Q2.
(assimetria e curtose).
Para estudar as medidas de assimetria e curtose,
é necessário o conhecimento de certas quantidades,
conhecidas como momentos.
Momentos
São medidas descritivas de caráter mais geral e
dão origem às demais medidas descritivas, como as
de tendência central, dispersão, assimetria e curtose.
Conforme a potência considerada tem-se a ordem ou o
grau do momento calculado.
- Distribuição Assimétrica
- Momentos simples ou centrados na origem (mr)
O momento simples de ordem “r” é definido como:
Onde: M0 = 1;
M1 = 0;
M2 = variância .
- Coeficiente momento de assimetria : É o
- Momentos abstratos terceiro momento abstrato.
Assimetria
Uma distribuição de valores sempre poderá ser
representada por uma curva (gráfico). - Intensidade da assimetria:
Essa curva, conforme a distribuição, pode apresentar
várias formas. Se considerarmos o valor da moda da
distribuição como ponto de referência, vemos que esse
ponto sempre corresponde ao valor de ordenada máxima,
dando-nos o ponto mais alto da curva representativa da
distribuição considerada, logo a curva será analisada
quanto à sua assimetria.
38
Raciocínio Lógico-Matemático
Curtose
Já apreciamos as medidas de tendência central, de 10. TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM: AMOSTRA-
dispersão e de assimetria. Falta somente examinarmos GEM ALEATÓRIA SIMPLES, ESTRATIFICADA,
mais uma das medidas de uso comum em Estatística, SISTEMÁTICA E POR CONGLOMERADOS.
para se positivarem as características de uma distribuição 10.1 TAMANHO AMOSTRAL.
de valores: são as chamadas Medidas de Curtose ou de
Achatamento, que nos mostra até que ponto a curva A amostragem é o processo de selecionar um grupo
representativa de uma distribuição é a mais aguda ou de indivíduos de uma população, a fim de estudar e ca-
a mais achatada do que uma curva normal, de altura racterizar a população total.
média. A ideia é bastante simples. Imagine que você quer
saber uma informação sobre um universo ou popula-
- Curva Mesocúrtica (Normal): É considerada a
ção, por exemplo, qual a porcentagem de fumantes no
curva padrão. México. Uma maneira de obter essa informação é entrar
- Curva Leptocúrtica: É uma curva mais alta do em contato com todos os habitantes do México (122 mi-
que a normal. Apresenta o topo relativamente alto, lhões de pessoas) e perguntar se são fumantes. A outra
significando que os valores se acham mais agrupados maneira é selecionar um subconjunto de indivíduos (por
em torno da moda. exemplo, 1.000 pessoas) e perguntar se eles fumam.
- Curva Platicúrtica: É uma curva mais baixa do que O grupo de 1.000 pessoas formam uma amostra e
a normal. Apresenta o topo achatado, significando que a maneira como eu seleciono este grupo é chamado de
amostragem.
várias classes apresentam frequências quase iguais.
No trecho anterior, introduzimos dois termos-chave
nessa série de posts:
• Universo ou população: O número total
de pessoas que desejam estudar ou caracterizar. No
exemplo acima, é a população do México, mas podemos
pensar em todos os tipos de universos, mais gerais e
mais específicos. Por exemplo, se eu quero saber quantos
cigarros os mexicanos fumam, o universo, neste caso,
seria “fumantes de México”.
• Amostra: O grupo de indivíduos do universo
selecionados para o estudo, geralmente através de um
- Coeficiente de Curtose questionário.
9 Fonte: www.fm2s.com.br/www.oestatistico.com.br/www.each.usp.br/www.
inf.ufsc.br/www.pt.wikipedia.org/www.cesadufs.com.br/www.professores.uff.br/
www.wiki.icmc.usp.br
39
Raciocínio Lógico-Matemático
Felizmente, o erro cometido pela generalização de Os dados acima ilustram que não importa quão
resultados pode ser limitado através de estatísticas. Para grande é o tamanho do universo, por exemplo, com 385
isso, usamos dois parâmetros: a margem de erro (di- pessoas é possível estudar todos os dados com o mes-
ferença máxima entre os dados observados na minha mo nível de erro (margem de 5% e 95% de confiança).
amostra e os dados reais do universo) e o nível de con- Por esta razão, a amostragem é tão poderosa: podemos
fiança (nível de certeza sobre os dados reais que está afirmar dados altamente precisos de um grande número
dentro da margem de erro). de indivíduos através de uma pequena parte do todo.
Por exemplo, no caso dos fumantes mexicanos, se Em contrapartida, a amostragem não funciona mui-
selecionamos uma amostra de 471 indivíduos e pergun- to bem em pequenos universos. Se eu tiver uma clas-
tamos se eles fumam, o resultado obtido será uma mar- se de 10 alunos, a opinião de cada um é fundamental
gem de erro máxima de + 5% com um nível de confiança para compreender a opinião global, não pode deixar de
de 97%. Esta forma de expressar os resultados é correta lado nenhum indivíduo. Para não apresentar falhas neste
quando se utiliza a amostragem.
caso, é preciso considerar o universo de 10 indivíduos e
examinar todos.
O tamanho da amostra
Qual o tamanho da amostra que eu preciso para es-
tudar um universo? Depende do tamanho do universo e Vantagens e inconvenientes da amostragem:
do nível de erro que você está disposto a aceitar. Quan- Vantagens:
to mais alta for a precisão, maior será a amostra necessá- - Necessita estudar menos indivíduos e apresenta
ria. Se você quiser ter absoluta certeza no resultado, até menos recursos (tempo e dinheiro);
a última casa decimal, a amostra precisar ser tão grande - A manipulação de dados é muito mais simples. Se
quanto o universo. uma amostra de 1.000 pessoas é suficiente, para que eu
Mas o tamanho da amostra tem uma propriedade preciso analisar um arquivo com milhões de registros?
fundamental que explica o porquê a amostragem utiliza
diversas áreas do conhecimento. Esta propriedade pode Inconvenientes:
ser resumida da seguinte forma: a medida que estuda- - Existe um erro controlado no resultado, devido
mos universos maiores, o tamanho da amostra cada vez a própria natureza da amostragem e a necessidade de
mais representa uma porcentagem menor desse univer- generalizar os resultados;
so. Há um risco de má seleção da amostra. Por exemplo,
Suponhamos que queremos fazer uma pesquisa se eu não selecionar os indivíduos de forma aleatória,
para encontrar uma porcentagem (% de pessoas que meus resultados podem ser seriamente afetados.
fumam) com uma margem de erro de 5% e uma mar-
gem de confiança de 95%. Se o universo estudado en- A amostra aleatória simples: definição e
globar 100 pessoas, a amostra teria 79,5 indivíduos (ou alternativas
seja, 79,5% do universo, que representa uma parte muito A teoria de amostragem baseia-se no conceito da
importante de todo o universo). Se o universo fosse de amostra aleatória simples. É aquela amostra que sele-
1.000 pessoas, a minha amostra seria de 277,7 pessoas ciona indivíduos do universo de forma completamente
(27,7% do universo). E se o meu universo fosse 100.000, aleatória. Sendo assim, todos os indivíduos devem ter a
a amostra necessária seria de 382,7 pessoas (3,83% do idêntica probabilidade (sem ser nula) de serem selecio-
universo). nados na amostra.
Portanto, à medida que o universo for maior, a amos-
Uma coisa é a teoria e a outra é a prática. Apenas em
tra deve crescer de forma desproporcional, com a ten-
ambientes muito controlados é possível fazer com que
dência de estagnar, cada vez mais representando uma
as amostras sejam aleatórias. Além disso, quando temos
porcentagem menor do universo. Na verdade, a partir de
um certo tamanho do universo (cerca de 100.000 indiví- universos compostos por grupos homogêneos (entre si)
duos), o tamanho da amostra não cresce mais, conforme de pessoas, podemos aproveitar esse grupo para melho-
observamos no exemplo abaixo: rar a qualidade da minha amostra (ou reduzir o tamanho
Tamanho da amostra necessária para obter nível de dela).
erro em 5% e nível de confiança em 95%
Amostragem probabilística: Amostra estratifica-
da
Agora vamos explorar a amostra estratificada.
40
Raciocínio Lógico-Matemático
Esta técnica pertence a família de amostras proba- Se usamos a amostra estratificada proporcional, a
bilísticas e consiste em dividir toda a população ou o amostra deverá obter camadas que obtenham as mes-
“objeto de estudo” em diferentes subgrupos ou estratos mas proporções observadas na população. Se queremos
diferentes, de maneira que um indivíduo pode fazer criar uma amostra de 1.000 indivíduos, os estratos preci-
parte apenas de um único estrato ou camada. Após sam ter este tamanho:
as camadas serem definidas, para criar uma amostra, se- Estrato População Proporção Amostra
lecionam-se indivíduos utilizando qualquer técnica de
1 42,4M 41,0% 410
amostragem em cada um dos estratos de forma separa-
da. Por exemplo, se usamos a amostra aleatória simples 2 37,6M 36,3% 363
em cada estrato, estamos falando de amosta aleatória 3 23,5M 22,7% 227
estratificada (M.A.E. que veremos mais para frente). Po-
demos usar outras técnicas de amostragem em cada es- (2) Amostra estratificada uniforme
trato (amostra sistemática, aleatória, com reposição, etc). Para definir uma amostra uniforme, é necessário
As camadas ou estratos são grupos homogêneos de atribuir o mesmo tamanho de amostra para todas as
indivíduos, que por sua vez, são heterogêneos entre di- camadas, independentemente do peso dos estratos da
ferentes grupos. Por exemplo, se num estudo esperamos população. Continuando com o exemplo acima, a amos-
encontrar um comportamento diferente entre homens tragem estratificada uniforme definiria a seguinte amos-
e mulheres, é conveniente definir duas camadas, uma tra por estrato:
para cada gênero. Se a seleção desses estratos for cor-
reta, encontraremos: (1) os homens devem se compor- Estrato População Proporção Amostra
tar de forma muito semelhante entre si, (2) as mulheres
devem se comportar de forma muito parecida entre si e 1 42,4M 41,0% 334
(3) homens e mulheres devem mostrar comportamentos 2 37,6M 36,3% 333
diferentes entre si. 3 23,5M 22,7% 333
Se a condição comentada anteriormente é cumprida
de forma correta (estratos internamente homogêneos e Esta técnica favorece os estratos que têm menor
heterogêneos entre si), o uso da amostragem aleatória peso na população, equivalendo a importância dos es-
estratificada reduz o erro amostral, melhorando a preci- tratos mais relevantes. Globalmente, reduz a eficiência
são dos resultados ao realizar um estudo sobre a amos- da nossa amostra (resultados menos precisos), mas em
tra. troca, permite estudar características de cada camada de
É relativamente habitual definir os estratos de acor- forma mais eficiente. No nosso exemplo, se emitirmos
do com algumas variáveis características da população, uma declaração específica sobre a população do estrato
tais como: idade, sexo, classe social ou região geográfica. 3 (mais de 44 anos), podemos fazê-lo com menor erro
Essas variáveis permitem dividir facilmente a amostra em de amostragem.
grupos mutuamente exclusivos e frequentes, permitem
discriminar comportamentos diferentes dentro da popu- (3) Amostra estratificada ótima (a respeito do
lação. desvio-padrão)
Neste caso, o tamanho das camadas da amostra não
Tipos de amostra estratificada será proporcional com a população. Por outro lado, o
Dependendo do tamanho atribuído as camadas, es- tamanho das camadas é definido em proporção com o
tamos falamos sobre os diferentes tipos de amostragem desvio-padrão das variáveis estudadas. Isto é, se obtêm
estratificada. Também é costume falar sobre diferentes camadas maiores dos estratos com maior variabilidade
formas de definir as camadas da amostra. interna para representar melhor o total da amostra nos
grupos populacionais mais difíceis de estudar.
(1) Amostra estratificada proporcional
Quando selecionamos uma característica dos indiví- Eficiência dos diferentes tipos de amostras estra-
duos para definir camadas, frequentemente o tamanho tificadas
resultante das subpopulações do universo são diferen- As perguntas inevitáveis são: Quando devemos usar
tes. Por exemplo, queremos estudar a % da população a estratificação? Que tipo de estratificação é mais con-
fumante no México e estipulamos que a idade pode ser veniente?
um bom critério para a estratificação (ou seja, existem - A amostra estratificada proporcional produz
diferenças significativas de fumantes de acordo com a um erro amostral menor ou igual a amostra aleatória
idade). Definimos três camadas: menores de 20 anos, 20 simples, é mais precisa. A igualdade ocorre quando
a 44 e superiores a 44 anos. as médias ou as proporções que estamos analisando
É de se esperar que, ao dividir a população mexi- são iguais em todos os níveis dos estratos. Portanto,
cana, essas 3 camadas não resultam em grupos de ta- a estratificação produz mais benefícios quanto mais
manhos iguais. Na verdade, se olharmos para os dados diferentes as camadas são.
oficiais, obtemos: - A amostragem estratificada ótima é sempre
* Estrato 1 - População mexicana menor de 19 anos: igual ou mais precisa que a amostra estratificada
42,4 milhões (41,0%) proporcional. Ambos os métodos são igualmente
* Estrato 2 - População mexicana de 20 a 44 anos: precisos quando os desvios-padrão são iguais dentro
37,6 milhões (36,3%) de cada camada, neste caso ambos os métodos são
* Estrato 3 - População mexicana maior de 44 anos: completamente equivalentes. A estratificação ótima
23,5 milhões (22,7%) produz mais benefícios quando maior for o número de
41
Raciocínio Lógico-Matemático
diferenças entre cada grupo, situação que podemos reduzir o tamanho da amostra dos grupos mais homogêneos para
beneficiar os mais heterogêneos. Em contrapartida, é um método complexo que exige ter muita informação antes de
se obter a amostra estudada, algo que normalmente não temos.
e consideramos que todas as variáveis das camadas são iguais (σh=σ) e o tamanho das camadas são idênticas
(Wh=1/L), o resultado que obtemos é:
42
Raciocínio Lógico-Matemático
Amostra probabilística: Amostra sistemática
Anteriormente, quando a informática não estava tão desenvolvida, a amostra sistemática era muito popular. An-
tigamente existia inúmeros problemas que quebravam a cabeça dos pesquisadores: selecionar de forma aleatória
dentro de uma amostra. A medida que os computadores facilitaram esta tarefa de gerar números aleatórios, essa
dificuldade desapareceu.
Esta técnica continua sendo utilizada para selecionar indivíduos a longo prazo. Por exemplo, para estudar a satis-
fação de um serviço, podemos eleger sistematicamente e perguntar a 1 de cada N clientes que nos visitam. Nessas
circunstancias onde pode existir diferentes variáveis entre os indivíduos em diferentes períodos de tempo, a amostra
sistemática pode ser mais precisa que a amostra aleatória pura.
O processo
De forma concreta, o processo que seguiríamos numa amostra sistemática seria:
1- Elaborar uma lista ordenada dos N indivíduos da população (marco amostral).
2- Dividir o marco amostral em N fragmentos, onde N é o tamanho da amostra que desejamos. O tamanho
desses fragmentos será:
K=N/n
3- Número de início: obtemos um número aleatório inteiro A, menor ou igual ao intervalo. Este número cor-
responderá ao primeiro sujeito que iremos selecionar para a amostra dentro do primeiro fragmento que dividimos a
população.
4- Seleção dos N-1 indivíduos restantes: Selecionamos os seguintes indivíduos a partir do indivíduo elegido
aleatoriamente, mediante uma sucessão aritmética, selecionando aos indivíduos do resto do fragmento que dividimos
a amostra, onde está o sujeito inicial. Selecionaremos os indivíduos:
A, A + K, A + 2K, A + 3K, ...., A + (n-1)K
Exemplo
Suponhamos um marco amostral de 5.000 indivíduos e desejamos obter uma amostra com 100 deles. Em primeiro
lugar, dividimos o marco amostral em 100 fragmentos de 50 indivíduos. Selecionamos um número aleatório entre
1 e 50 para extrair o primeiro indivíduo de forma aleatória: por exemplo o número 24. A partir deste indivíduo, está
definida como será extraída a amostra, com intervalos de 50 unidades, conforme a equação: 24, 74, 124, 174, …, 4.974
43
Raciocínio Lógico-Matemático
Eficiência da amostra sistemática O processo da amostra
A amostra sistemática foi idealizada para aperfeiçoar O primeiro passo para aplicar essa técnica consiste
as propriedades da amostra aleatória simples, porém o em definir os aglomerados. Trata-se de identificar uma
grau melhora de acordo com as propriedades do univer- característica que permita dividir a população em gru-
so estudado. pos distintos (não sobrepostos) e exaustivos (todos os
Para entender as propriedades de amostragem, de- indivíduos devem estar em um grupo), de modo que os
vemos: grupos não diferem em relação ao que queremos medir.
Se prestamos atenção no intervalo ou coeficiente Uma vez que tenhamos definido esses agrupamentos,
de elevação de acordo com o tamanho da amostra que basta selecionar aleatoriamente alguns deles para estu-
necessitamos, só há um elemento aleatório dentro do do.
processo de amostragem: a unidade inicial que selecio- Um critério bastante habitual para definir os con-
namos do primeiro bloco de indivíduos. O resto continua glomerados são os clusters geográficos. Por exemplo, se
fixo. Quer dizer que: só temos K possibilidades de obter queremos estudar qual a proporção de argentinos que
amostras diferentes, e para obter a amostra é só escolher fumam, podemos dividir o total da população em pro-
K de amostras disponíveis. víncias e selecionar algumas delas para estudo. Se não
É possível demonstrar que quanto maior a variação temos um parâmetro para a % de fumantes, que poderia
dentro das K possibilidades de amostras, mais precisão variar de uma província a outra, esta solução vai permitir
ganhamos usando a amostragem sistemática em relação uma concentração de amostragem em uma única área
a amostragem simples. geográfica. Se o estudo for realizado através de entre-
A amostra sistemática é mais precisa que a aleató- vistas pessoais, esta técnica representaria uma economia
ria simples quando a variabilidade dentro das possíveis significativa nos custos de viagem.
amostras é superior a variabilidade dentro das unidades Uma vez definido os conglomerados, o próximo
da população. A precisão da amostra sistemática coinci- passo é selecionar os grupos para realizar o estudo, por
de com a aleatória simples quando ambas variabilidades amostragem aleatória simples ou amostragem sistemá-
coincidem, ou seja, quando os elementos da população tica.
são totalmente aleatórios. Por último, uma vez que selecionados os conglo-
merados, podemos pesquisar a todos os indivíduos que
Amostra probabilística: Amostra por conglome- formam parte dos mesmos grupos, ou aplicar uma ou-
rados tra técnica de amostragem dentro do cluster, como por
A amostra por conglomerados é uma técnica que exemplo, realizar uma amostragem aleatória simples ou
explora existência de grupos (clusters) na população. sistemática. Se optarmos por essa possibilidade, esta-
Esses grupos representam adequadamente a população mos falando de uma amostra de duas etapas ou bietá-
total em relação a característica que queremos medir. pica: a primeira etapa é a seleção do conglomerado e a
Em outras palavras, estes grupos contêm variabilidade segunda é a dos indivíduos dentro do cluster. Se em vez
da população inteira. Se isso acontecer, você pode sele- disso, estudarmos todos os indivíduos conglomerados,
cionar apenas alguns desses conglomerados para reali- estaremos realizando uma amostragem por conglome-
zar o estudo, conforme ilustra a figura. rados unietápica.
44
Raciocínio Lógico-Matemático
- A principal desvantagem é o risco dos clusters não Por exemplo, suponhamos que você quer saber
serem realmente homogêneos entre eles. No exemplo a opinião de estudantes universitários chilenos sobre
citado anteriormente, poderia acontecer de em uma das política. Para realizar uma amostra probabilística, seria
províncias ser mais propensas o número de fumantes necessário ter acesso a todos os estudantes universitá-
por ser uma área mais urbana ou outras razões culturais. rios chilenos, selecionar um grupo aleatório e realizar a
pesquisa. Já para realizar uma amostra por conveniência,
Como podemos comparar esta técnica com as poderíamos abordar três universidades próximas, sim-
demais? plesmente porque representam o local onde a popula-
Normalmente essa relação poderá ser representada ção da pesquisa “reside” e perguntar a alguns estudan-
pelo coeficiente de correlação entre os conglomera- tes do período matutino que concordam em participar.
dos (δ), definido como o coeficiente de correlação linear As limitações desse tipo de amostragem são óbvias.
entre todos os pares de valores das variáveis do estudo, Analisando o exemplo anterior, poderia ocorrer que as
medidos através das unidades dos conglomerados e es- universidades tenham diferentes estratos sociais e pon-
tos de vista políticos. Além disso, se eu selecionar 3 estu-
tendido a todos os grupos. Em síntese, este coeficiente é
dantes no período da manhã, pode ser que eles tenham
uma medida de homogeneidade dentro de clusters.
opiniões distintas dos estudantes do período vespertino
Quanto menor o coeficiente de homogeneidade en-
e noturno.
tre conglomerados δ, maior eficiência terá a amostra- Isso significa que os resultados de uma amostra por
gem por conglomerados. Vale lembrar que o ideal é que conveniência são totalmente irrelevantes e não diz nada
os conglomerados sejam heterogêneos como a amostra da população? Não exatamente. Temos boas razões para
total, de modo que a seleção de um conglomerado nos acreditar que a amostra por conveniência não irá intro-
forneça a mesma informação que a seleção dos indiví- duzir viés em relação à população total, os resultados
duos da população aleatória total. que eu obtenho podem ser uma boa imagem do univer-
Comparando a amostra aleatória simples com a so estudado.
amostragem por conglomerados, se δ =0 , podemos Se temos boas razões para acreditar que a seleção
afirmar que os métodos são equivalentes. Esta condição por conveniência não irá introduzir viés em relação à po-
implica que os clusters são tão heterogêneos como a pulação total, os resultados obtidos podem ser uma boa
população total. O pior caso seria δ=+1, e o caso mais imagem do universo estudado. O problema é não saber
favorável seria δ=-1/(M-1), onde M é o tamanho do exatamente o quão boa é a imagem: não é possível
conglomerado. No entanto, δ normalmente será sempre usar ferramentas estatísticas como a margem de erro e o
maior do que 0, pois um conglomerado sempre tem nível de confiança para medir a precisão dos resultados.
alguma semelhança uns com os outros. Os leitores do estudo precisarão confiar nos critérios da
Outra forma de ver o impacto deste problema é seleção feita pelo pesquisador.
calcular o tamanho da amostra necessário para obter a
mesma precisão de amostragem aleatória simples. Seria Vantagens e inconvenientes
a expressão seguinte: A principal vantagem da amostra por conveniência
nc = na (1 + (M-1) δ) é... sua conveniência! Simples, econômica, rápida. Nos
Onde nc é o tamanho da amostra por conglomerado pode oferecer informações valiosas em inúmeras cir-
e na é o tamanho da amostra necessária para a amostra- cunstâncias, especialmente quando não existem razões
gem aleatória simples. Portanto, (1+(M-1) δ é a variação fundamentais que diferenciem os indivíduos acessíveis
do tamanho da amostra necessária devido ao uso de que formam o total da população.
O principal inconveniente, a falta de representati-
aglomerados. Normalmente, este será um incremento.
vidade, impossibilita a realização de declarações sobre
Este fator é conhecido como efeito de desenho.
os resultados sem correr nenhum risco devido ao critério
de amostra aplicado. No pior dos casos, a minha amostra
Amostragem não probabilística: Amostra por por conveniência pode representar um desvio sistemáti-
conveniência co em relação à população total, produzindo resultados
A amostragem não probabilística. Vale recordar que distorcidos.
este tipo de amostragem é utilizado quando não temos
acesso a lista completa dos indivíduos que formam a Amostragem não probabilística: Amostra por
população (marco amostral), portando não sabemos a quotas
probabilidade que cada indivíduo ser selecionado para a O post de hoje é dedicado a técnica de amostragem
amostra. A principal consequência dessa falta de infor- conhecida como: amostra por quotas. Essa técnica é fre-
mação é que não podemos generalizar resultados com quentemente usada em pesquisas online através de pai-
precisão estatística. néis. Podemos encontra a amostragem por quotas como
a versão não probabilística da amostra estratificada. Essa
Amostra por conveniência amostra é composta por três fases:
Esta técnica é muito comum e consiste em selecio-
nar uma amostra da população que seja acessível. Ou 1- Segmentação
seja, os indivíduos empregados nessa pesquisa são se- Em primeiro lugar, dividimos a população do estudo
lecionados porque eles estão prontamente disponíveis, em grupos de forma exaustiva (todos os indivíduos estão
não porque eles foram selecionados por meio de um em um grupo) mutuamente exclusivos (um indivíduo só
critério estatístico. Geralmente essa conveniência repre- pode estar em um único grupo), semelhante à divisão
senta uma maior facilidade operacional e baixo custo de em camadas usadas na amostragem estratificada. Nor-
amostragem, porém tem como consequência a incapa- malmente, esta segmentação é feita através de alguma
cidade de fazer afirmações gerais com rigor estatístico variável sócio-demográfica, como: sexo, idade, classe so-
sobre a população. cial ou região.
45
Raciocínio Lógico-Matemático
2- Definindo o tamanho das quotas Inicialmente, aquelas variáveis que parecem distor-
Estabelecemos a meta de indivíduos a serem en- cidas numa seleção amostral de um painel online a res-
trevistados para cada um desses grupos. Normalmente peito da população: por exemplo, a idade (geralmente
definimos estes objetivos de forma proporcional ao ta- os painéis online apresentam uma maior proporção de
manho do grupo populacional. Por exemplo, se nós de- jovens na população) e classe social (os painéis têm di-
finimos segmentos por sexo numa população em que ficuldades em atrair as pessoas de classes mais baixas,
há 60% das mulheres e 40% homens, e queremos obter especialmente na América Latina).
uma amostra de 1.000 pessoas, definimos uma meta de Podemos definir as quotas por região. Normalmen-
600 mulheres e 400 homens. Estes objetivos são conhe- te os painéis online não são segmentados para uma de-
cidos como quotas. Neste exemplo, teríamos uma quota terminada região, mas estão acessíveis a partir de qual-
de gênero de 600 mulheres e 400 homens. Em algumas quer local. O interessante é analisar as diferenças regio-
ocasiões, se definem quotas não proporcionais à popu- nais a partir das diferenças socioeconômicas. Se a região
lação, para poder aprofundar a análise de um grupo es- que queremos estudar não apresenta grandes diferenças
pecífico. socioeconômicas, não terá nenhum benefício usar uma
quota deste tipo.
3 - Seleção de participantes e comprovação de Se atendemos ao segundo critério (quotas que po-
quotas dem afetar o resultado medido) , podemos optar por
Para finalizar, buscam-se por participantes para co- adicionar uma quota por sexo: normalmente o hábito
brir todas as quotas definidas. Este ponto é onde nos de fumar varia entre homens e mulheres e, ao menos
afastamos da amostra probabilística: Na amostragem que trabalhemos com um painel em garanta que a com-
por quotas é permitido que a seleção de indivíduos não posição dos sexos é perfeita em comparação com a po-
seja aleatória, ou seja, os indivíduos podem ser selecio- pulação, é aconselhável verificar esta quota também.
nados através da amostra por conveniência. Por exem-
plo, em um estudo no qual nós definimos uma quota de Amostra por quotas e representatividade
A utilização de quotas em uma amostragem não
100 pessoas com menos de 25 anos e 100 pessoas com
probabilística não nos permitirá transformá-la em pro-
idades entre 25 anos ou mais, caso não conseguimos
babilística. Não é possível calcular a margem de erro
atingir 100% da quota prometida, poderíamos sair nas
e nível de confiança dos resultados. Ou seja, o uso de
ruas e abordar pessoas, entrevistando aquelas que cum-
quotas não permite medir a precisão dos resultados.
prem as idades restantes para fechar a quota referente
Que significa usar ou não usar quotas? A amostra
a nossa meta.
por conveniência é equivalente a amostra por quotas? A
De acordo com a descrição acima, a diferença en-
resposta é NÃO!
tre a amostra estratificada e amostra por quotas está na O uso de quotas oferece certos controles aos vie-
forma como selecionamos os participantes. Na amostra ses que podem ocorrer pelo método de seleção usado,
estratificada, disponibilizamos de uma lista de possíveis nos garante que em uma série de variáveis-chave, vamos
entrevistados, todos com uma certa probabilidade (co- reproduzir a composição da população em nossa amos-
nhecida) de serem selecionados. Na amostra por quotas tra. O problema é que, embora seja uma prática muito
não. A medida que vou obtendo candidatos para fazer comum entre os pesquisadores, não podemos afirmar
parte da amostra, comprovo se são válidos para o meu a representatividade da amostra. As quotas melhoram a
estudo (ou seja, ele pode fazer parte dos participantes ou representatividade, mas não sabemos quanto.
exceder as quotas). Quando, eventualmente, eu descarto A amostra por quotas é um dos métodos de amos-
um participante (preciso de 100 mulheres, e já temos 101 tragem mais populares e, praticamente, o único méto-
mulheres), falamos que este indivíduo foi descartado por do viável quando realizamos pesquisas online (exceto
quota-full. quando temos um painel probabilístico). Usar quotas é
um sistema efetivo e econômico de obter amostras que
Seleção de variáveis proporcionam informação relevante.
“Quais variáveis eu devo escolher numa amostra-
gem por quotas? Como segmento a população?” Esta Vantagens e inconvenientes
pergunta é um fator chave para esta técnica. A principal vantagem da amostra por quotas é que
O uso de quotas precisa garantir que a amostra ela oferece resultados extremamente úteis a um custo
seja o mais representativa possível dentro do universo baixo e, se as variáveis foram escolhidas de forma corre-
estudado. Quando definimos quotas de sexo e idade em ta, os resultados serão totalmente confiáveis.
uma amostra, independente do método de seleção de Este método apresenta dois inconvenientes: (1) a im-
indivíduos, garantimos que a amostra apresentará pro- possibilidade de limitar o erro neste tipo de amostragem
porções idênticas do universo quanto ao sexo e a idade. e (2) evitar o risco de uma parte significativa do estudo.
Para definir as variáveis, precisamos definir quotas Por exemplo, se num estudo eleitoral não existia uma
que cumpram duas condições: (1) A população pode quota por regiões, provavelmente irá existir tendências
ser alterada devido ao processo de seleção não aleatório de voto diferentes em algumas regiões, distorcendo for-
que aplicamos, (2) Pode influenciar no dado que quere- temente os resultados globais do estudo.
mos medir.
Vamos analisar os critérios citados anteriormente Amostragem não probabilística: Amostra por
através de um exemplo concreto: uma amostra obtida bola de neve
através de um painel online. Suponhamos que quere- A amostra por bola de neve é uma técnica de amos-
mos medir a % de fumantes de uma população extraída tragem não probabilística onde os indivíduos seleciona-
a partir de um painel online. Quais variáveis devemos dos para serem estudados convidam novos participantes
definir por quotas? da sua rede de amigos e conhecidos. O nome de “bola de
46
Raciocínio Lógico-Matemático
neve” provem justamente dessa ideia: do mesmo modo A respeito dos inconvenientes:
que uma bola de neve rola ladeira a baixo, cada vez mais - Falta de controle sobre como se constitui a amostra,
ela aumenta seu tamanho. O mesmo ocorre com a essa já que está nas mãos dos próprios respondentes e seu
técnica amostral, ela vai crescendo à medida que os indi- critério para selecionar os indivíduos.
víduos selecionados convidam novos participantes. - Como toda técnica não probabilística, a bola de
A bola de neve é usada com frequência para acessar neve não garante a representatividade, nem permite
a populações de baixa incidências e indivíduos de di- saber o grau de precisão.
fícil acesso por parte do pesquisador. - Esta técnica é especialmente sensível aos vieses
Quando você deseja estudar um grupo específico
de amostragem. Dado que os participantes são obtidos
(por exemplo, colecionadores de selos), pode ser muito
pelo convite de outros indivíduos, eles compartilham
mais eficaz obter uma amostra através de conhecidos e
amigos dos colecionadores, do que uma seleção pura- certas características do estudo. O único inconveniente é
mente aleatória, onde um grande número de indivíduos que amostra não será suficientemente diversa.
pode ser descartado. Supostamente, é provável que um - Tamanho da amostra incontrolada: a técnica não
colecionador de selos conheça outros colecionadores de permite determinar com precisão o tamanho da amostra
selos, o que torna esta técnica uma maneira eficaz para que vamos obter.
acessar a pessoas que poderiam ser inacessíveis para o
pesquisador. Outras considerações
Portanto, a técnica de bola de neve funciona muito Sem dúvida, o principal problema da bola de neve é
bem quando queremos agrupar indivíduos e favorecer o risco dos “vieses da comunidade”: acessamos a um
seu contato social. É mais comum do que parece. Ob- subgrupo de indivíduos dentro do nosso target e o re-
viamente, colecionadores, profissionais ou praticantes crutamento de novos membros não consegue sair desse
de algum esporte específico podem cumprir com essa subgrupo. O único remédio contra esse mal é fazer uma
premissa, mas também se aplica a outros grupos, como boa seleção inicial de indivíduos, que nos garante que
pacientes com uma doença rara, por exemplo, como qualquer subgrupo existente seja acessível na rede de
suas circunstâncias pessoais fazem com que entrem em contatos dos indivíduos iniciais.
contato com outras pessoas com a mesma característica Vale destacar que essa técnica, muitas vezes, é a
(no consultório do médico, em associações, etc).
única técnica possível quando nos dirigimos a grupos
pequenos onde não é possível ter um quadro amostral.
Processo
O processo de criação de uma amostra por bola de Muitos pesquisadores estão trabalhando para aperfei-
neve se fundamenta em usar a rede social dos indiví- çoar a técnica para corrigir os seus vieses. Especifica-
duos iniciais para ter acesso ao coletivo. Podemos dividir mente, uma das técnicas mais promissoras é conhecida
esse processo nos seguintes passos: como Respondent Driven Sampling. Trata-se de um sis-
1. Definir um programa de participação, onde os tema que corrige mediante a um modelo matemático
indivíduos convidam outros membros. alguns possíveis vieses na seleção dos indivíduos.10
2. Identificar grupos ou organizações que podem
fornecer acesso a alguns indivíduos iniciais que cumpram
com a característica do estudo.
3. Após obter os contatos iniciais, precisamos 11. ANÁLISE COMBINATÓRIA: ARRANJOS
pedir sua participação. Esta parte seria similar a uma SIMPLES E COM REPETIÇÃO, PERMUTAÇÕES
técnica de amostra convencional, porém destinada a SIMPLES E COM REPETIÇÃO E COMBINAÇÕES
obter um tamanho de amostra reduzida. SIMPLES. PRINCÍPIO DA CASA DOS POMBOS;
4. Posterior a primeira entrevista, solicitamos aos
participantes o acesso aos outros convidados. IDENTIFICAÇÃO DO ESPAÇO AMOSTRAL E
5. Assegurar a diversidade dos contatos através EVENTO DE EXPERIMENTOS ALEATÓRIOS
da seleção adequada dos indivíduos iniciais e promover
que a recomendação não se limite apenas a contatos
A análise combinatória é a área da Matemática res-
próximos.
ponsável pela análise das possibilidades e das combina-
Tipos de amostra bola de neve ções. É um conjunto de procedimentos que possibilita a
Basicamente podemos identificar dois tipos de construção de grupos, formados por um número finito
amostra por bola de neve: de elementos de um conjunto sob certas circunstâncias.
1. Amostra lineal: Cada indivíduo participante
deve recomendar outro indivíduo, de forma que a Análise combinatória: probabilidade, permuta-
amostra cresça num ritmo linear. ção e combinação
2. Amostra exponencial: Cada indivíduo precisa A análise combinatória ou combinatória pode te
convidar dois ou mais indivíduos a participar da amostra. ajudar a fazer essa conta, já que trata da quantificação
Dessa forma, quanto mais gente participar do estudo, das possibilidades de combinações para determinados
mais pessoas serão adicionadas. eventos.
Quando há um conjunto de elementos distintos
Vantagens e inconvenientes em um determinado local, é possível misturá-los das
As principais vantagens dessa técnica são: mais variadas formas e chegar a diversos resultados.
- Realizar amostra populações de difícil acesso. Para conseguir projetar os possíveis resultados, a
- É um processo econômico e simples.
análise combinatória pode ser uma forma simples de
- Requer planejamento e poucos recursos humanos:
realizar essa tarefa.
os próprios entrevistados fazem a mão de obra.
10 Fonte: www.netquest.com
47
Raciocínio Lógico-Matemático
Ela pode ser usada de formas diferentes e para va- Arranjo sem repetição
riados tipos de análise. Iremos entender melhor como Se você organiza uma corrida com 20 atletas e vai
funcionam os arranjos, permutações e também as com- premiar os 5 primeiros, é preciso criar um arranjo sem
binações e conhecer as diferenças entre eles. repetição. Para isso, a fórmula é a seguinte:
11 Fonte: www.uel.br/www.grupomadretereza.com.br/www.somatemati-
ca.com.br/www.stoodi.com.br/
48
Raciocínio Lógico-Matemático
Como vimos acima, os tipos de análises combinatórias são os arranjos, combinações e permutações, então veja-
mos mais detalhadamente sobre eles agora.
Os três principais tipos de agrupamentos são arranjos, permutações e combinações. Cada um deles pode ser
simples ou com elementos repetidos. Neste tópico, estudaremos os agrupamentos simples.
Fatorial de um número
O fatorial de um número natural n, representado por n!, é o produto de todos os inteiros positivos menores ou
iguais a n.
n! = n.(n-1).(n-2)...3.2.1
Definições especiais
0!=1
1!=1
Exemplos
1) Calcule o valor da expressão 100!+101!
99!
49
Raciocínio Lógico-Matemático
3) Quatro times de futebol (ê Santos, São Paulo e Flamengo) disputam o torneio dos campeões do mundo. Quan-
tas são as possibilidades para os três primeiros lugares?
R. Existem 4 possibilidades para o 1º lugar, sobrando 3 possiblidades para o 2º lugar e 2 possibilidades para o 3º
lugar 4.3.2 = 24 possibilidades.
Arranjo simples
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p é um número natural, é qualquer
ordenação de p elementos dentre os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se diferenciam
pela ordem e natureza dos elementos. A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
5) Quantos números de 3 algarismos distintos podemos formar com os algarismos do sistema decimal
(0,1,2,3,4,5,6,7,8,9) sem os repetir, de modo que:
a) COMECEM COM 1
R: O número pode possuir três algarismos, sendo que para o primeiro existe apenas 1 possibilidade (1) e para os
outros dois ainda existem 9 números disponíveis:
Agora calculamos quantos divisíveis por 5 terminam com 5: para o terceiro algarismo existe apenas uma possi-
bilidade (5). Para o primeiro algarismo existem ainda 8 possibilidades, pois o número não pode começar com 0 (senão
seria um número de 2 algarismos). E para o segundo algarismo também existem 8 possibilidades (o segundo algarismo
pode ser 0)
50
Raciocínio Lógico-Matemático
6) Quantos são os números compreendidos entre 2000 e 3000 formados por algarismos distintos escolhidos entre
1,2,3,4,5,6,7,8 e 9?
R. O número deve ter quatro algarismos (pois está entre 2000 e 3000). Para o primeiro algarismo existe apenas
uma possibilidade (2), e para os outros três ainda existem 8 números disponíveis, então:
Permutação simples
É um caso particular de arranjo simples. É o tipo de agrupamento ordenado onde entram todos os elementos.
8) Calcule de quantas maneiras podem ser dispostas 4 damas e 4 cavalheiros, numa fila, de forma que não
fiquem juntos dois cavalheiros e duas damas.
R. Existem duas maneiras de fazer isso:
C –D –C- D- C- D- C- D ou D – C- D- C- D- C- D- C
Colocando um cavalheiro na primeira posição temos como número total de maneiras:
Combinação simples
É o tipo de agrupamento em que um grupo difere do outro apenas pela natureza dos elementos componentes.
9) Resolver a equação
51
Raciocínio Lógico-Matemático
Resposta: m = 5.
Obs.: m =1 não é a resposta porque não pode haver
10) Com 10 espécies de frutas, quantos tipos de salada, contendo 6 espécies diferentes podem ser feitas?
11) Numa reunião com 7 rapazes e 6 moças, quantas comissões podemos formar com 3 rapazes e 4 moças?
O resultado é o produto
O princípio do pombal ou princípio da casa dos pombos é a afirmação de que se n pombos devem ser postos
em m casas, e se n > m, então pelo menos uma casa irá conter mais de um pombo. Matematicamente falando, isto
quer dizer que se o número de elementos de um conjunto finito A é maior do que o número de elementos de um outro
conjunto B, então uma função de A em B não pode ser injetiva.
É também conhecido como teorema de Dirichlet ou princípio das gavetas de Dirichlet, pois supõe-se que o
primeiro relato deste princípio tenha sido feito por Dirichlet em 1834, com o nome de Schubfachprinzip (“princípio das
gavetas”).
O princípio do pombal é um exemplo de um argumento de calcular que pode ser aplicado a muitos problemas
formais, incluindo aqueles que envolvem um conjunto infinito.
Embora se trate de uma evidência extremamente elementar, o princípio é útil para resolver problemas que, pelo
menos à primeira vista, não são imediatos. Para aplicá-lo, devemos identificar, na situação dada, quem faz o papel dos
objetos e quem faz o papel das gavetas.
Exemplo 1
• Quantas pessoas são necessárias para que possa garantir que há pelo menos duas delas fazendo aniversário
no mesmo mês?
Resposta: 13 pessoas. Pelo princípio da casa dos pombos se houver mais pessoas (13) do que meses (12) é certo
que pelo menos duas pessoas terão nascido no mesmo mês.
52
Raciocínio Lógico-Matemático
Exemplo 2 Então: S = {(cara, cara), (cara, coroa),(coroa, cara),(-
• Todos os pontos de um plano são pintados de coroa, coroa)}
amarelo ou verde. Prove que podemos encontrar dois Observe que o conjunto S pode ser finito ou infinito.
pontos de mesma cor que distam exatamente um metro: Evento: é um conjunto de resultados do experimen-
Solução: Basta imaginarmos um triângulo equiláte- to, em termos de conjuntos, é um subconjunto S. em
ro de lado igual a um metro. Como são duas cores (ca- particular, S e Φ (conjunto vazio) são eventos. S é dito o
sas) e três pontos (pombos),pelo PCP (princípio da casa evento certo e Φ o evento impossível.
dos pombos) teremos dois de mesma cor. Se usarmos as operações com conjuntos, podemos
Embora este princípio seja uma observação trivial, formar novos eventos:
pode ser usado para demonstrar resultados possivel- a) A ∩ B → evento que ocorre se A e B ocorrem;
mente inesperados. Por exemplo, em qualquer grande b) A ∪ B → evento que ocorre se A ou B ocorrem;
cidade (digamos com mais de 1 milhão de habitantes) c) Ā → é o evento que ocorre se A não ocorre.
existem pessoas com o mesmo número de fios de cabelo. Exemplo: Considere o experimento: jogar duas moe-
Demonstração: Tipicamente uma pessoa tem cerca de das e observar os resultados:
150 mil fios de cabelo. É razoável supor que ninguém S = {(c, c), (c, k), (k, c), (k, k)}
tem mais de 1.000.000 de fios de cabelo em sua cabeça. Evento A: ocorrer faces iguais.
Se há mais habitantes do que o número máximo de fios Logo A = {(c, c), (k, k)}
de cabelo, necessariamente pelo menos duas pessoas
terão precisamente o mesmo número de fios de cabelo. Eventos mutuamente exclusivos
Eventos mutuamente exclusivos são aqueles que não
Generalizações do princípio podem ocorrer simultaneamente. Portanto dois eventos
Uma versão generalizada declara que, se “n” objetos A e B são mutuamente exclusivos se AB = Φ
distintos para ser alocados à “m” recipientes, então pelo Exemplo: Considere o experimento: jogar um dado e
menos um recipiente deve conter não menos que [n/m] observar o resultado.
S = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
{\displaystyle \lceil n/m\rceil } objetos, onde {\displaysty-
Sejam os eventos:
le \lceil x\rceil }[x] denota o menor inteiro igual ou supe-
A = ocorrer número par e B = ocorrer números ímpar.
rior a x (a função tecto).
Logo: A = {2, 4, 6}, B = {1, 3, 5}
Uma generalização probabilística do princípio da
A e B são considerados mutuamente exclusivos pois
casa dos pombos define que se “n” pombos são coloca-
A∩B=Φ
dos aleatoriamente em “m” casas com uma probabilida-
de uniforme 1/m, então pelo menos uma casa de pom-
Experimentos aleatórios
bos terá mais de um pombo com probabilidade: Entendemos por experimento aleatório os fenômenos
que, quando repetidos inúmeras vezes em processos
semelhantes, possuem resultados imprevisíveis.
O lançamento de um dado e de uma moeda são
considerados exemplos de experimentos aleatórios, no
caso dos dados podemos ter seis resultados diferentes
{\displaystyle 1-{\frac {m!}{(m-n)!\;m^{n}}}=1-{\frac {1, 2, 3, 4, 5, 6} e no lançamento da moeda, dois {cara,
{m^{\underline {n}}}{m^{n}}},\!} coroa}.
onde {\displaystyle m^{\underline {n}}} é um fa- Do mesmo modo, se considerarmos uma urna com
torial decrescente até n. Para n = 0 e para n = 1 (e m > 50 bolas numeradas de 1 a 50, ao retirarmos uma bola
0), que provavelmente é zero; em outras palavras, se tem não saberemos dizer qual o número sorteado. Essas
apenas um pombo, então não deve haver conflitos. Para situações envolvem resultados impossíveis de prever.
n > m (mais pombos do que casa de pombos) é um, Podemos relacionar esse tipo de experimento com
neste caso coincide com o princípio de casa dos pom- situações cotidianas, por exemplo, não há como prever
bos normal. Mas mesmo que o número de pombos não a vida útil de todos os aparelhos eletrônicos de um lote,
exceda o número de casa de pombos (n ≤ m), devido a pois isso dependerá das condições de uso impostas pelas
natureza da atribuição aleatória das casas aos pombos pessoas que adquirirem o produto. Outro exemplo que
existe uma chance substancial que um confronto ocorra demonstra a característica de um experimento aleatório
muitas vezes. Por exemplo, se 2 pombos são colocados são as previsões do tempo.
aleatoriamente em 4 casas de pombos, há uma chance Os experimentos aleatórios produzem possíveis
de 25% que pelo menos uma casa de pombo ter mais resultados que são denominados espaços amostrais.
do que um pombo, para 5 pombos e 10 casas, a proba- O espaço amostral possui subconjuntos denominados
bilidade é de 69,76%; e para 10 pombos em 20 casas a eventos. Como já citado anteriormente, temos que o
probabilidade é de 93,45%. número possível de elementos no lançamento de um
dado é o seu espaço amostral, isto é, {1, 2, 3, 4, 5, 6} e os
Identificação do espaço amostral e evento de ex- subconjuntos, os possíveis eventos são {(1), (2), (3), (4),
perimentos aleatórios (5), (6)}. No caso da moeda, o espaço amostral são os
Espaço amostral: para cada experimento aleatório dois possíveis resultados {cara e coroa} e os eventos são
E, define-se espaço amostral S o conjunto de todos os {(cara), (coroa)}.
possíveis resultados desse experimento. As cartas também são ótimos exemplos utilizados
Exemplos: nos estudos probabilísticos. Temos que o espaço amostral
Jogar um dado e observar o número da face de cima. das cartas é constituído de 52 cartas, onde podemos ter
Então; S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} vários eventos, dependendo da característica escolhida.
Jogar duas moedas e observar o resultado. Veja:
53
Raciocínio Lógico-Matemático
26 cartas vermelhas e 26 cartas pretas. Proporcionalidades: direta e inversa
13 cartas de ouro, 13 cartas de copas, 13 cartas de Quando estabelecemos a relação entre duas gran-
espadas e 13 cartas de paus.12 dezas, a variação de uma grandeza provoca uma mu-
dança na outra grandeza na mesma proporção. Ocorre
então uma proporcionalidade direta ou inversa.
Grandezas diretamente proporcionais
Duas grandezas são diretamente proporcionais
quando a variação ocorre sempre na mesma razão.
Exemplo: Uma indústria tem instalado um medidor
de nível, que a cada 5 minutos marca a altura de água
no reservatório. Observe a variação da altura de água ao
longo do tempo.
Tempo (min) Altura (cm)
10 12
15 18
20 24
54
Raciocínio Lógico-Matemático
Atenção! 2. É possível trocar os extremos e os meios de lugar,
Para você encontrar a razão entre duas grandezas, as por exemplo:
unidades de medida terão de ser as mesmas.
Exemplos
A partir das grandezas A e B temos: é equivalente
Lembre-se que numa fração, o numerador é o nú- O que são grandezas proporcionais?
mero acima e o denominador, o de baixo. Uma grandeza é definida como algo que pode ser
medido ou calculado, seja velocidade, área ou volume
de um material, e é útil para comparar com outras me-
didas, muitas vezes de mesma unidade, representando
uma razão.
A proporção é uma relação de igualdade entre ra-
Se o denominador for igual a 100, temos uma razão zões e, assim, apresenta a comparação de duas grande-
do tipo porcentagem, também chamada de razão cen- zas em diferentes situações.
tesimal.
A igualdade entre a, b, c e d é lida da seguinte forma:
a está para b, assim como c está para d.
A relação entre as grandezas pode ocorrer de ma-
neira diretamente ou inversamente proporcional.
Além disso, nas razões, o coeficiente que está locali-
zado acima é chamado de antecedente (A), enquanto o Como funcionam as grandezas diretamente e in-
de baixo é chamado de consequente (B). versamente proporcionais?
Quando a variação de uma grandeza faz com que a
outra varie na mesma proporção, temos uma proporcio-
nalidade direta. A proporcionalidade inversa é observada
quando a mudança em uma grandeza produz uma alte-
Exemplo 2 ração oposta na outra.
Qual o valor de x na proporção abaixo?
Proporcionalidade direta
Duas grandezas são diretamente proporcionais
quando a variação de uma implica na variação da outra
3 . 12 = x na mesma proporção, ou seja, duplicando uma delas, a
x = 36 outra também duplica; reduzindo pela metade, a outra
Assim, quando temos três valores conhecidos, po- também reduz na mesma quantidade... e assim por dian-
demos descobrir o quarto, também chamado de “quarta te.
proporcional”. Graficamente a variação diretamente proporcional
Na proporção, os elementos são denominados de de uma grandeza em relação à outra forma uma reta
termos. A primeira fração é formada pelos primeiros ter- que passa pela origem, pois temos y = k.x, sendo k uma
mos (A/B), enquanto a segunda são os segundos termos constante.
(C/D).
Nos problemas onde a resolução é feita através da
regra de três, utilizamos o cálculo da proporção para en-
contrar o valor procurado.
Propriedades da Proporção
1. O produto dos meios é igual ao produto dos ex-
tremos, por exemplo:
Logo:
A·D = B·C
Essa propriedade é denominada de multiplicação
cruzada. Gráfico de y proporcional a x
55
Raciocínio Lógico-Matemático
Exemplo de proporcionalidade direta Exemplo de proporção inversa
Uma impressora, por exemplo, tem a capacidade de Quando se aumenta a velocidade, o tempo para
imprimir 10 páginas por minuto. Se dobrarmos o tem- concluir um percurso é menor. Da mesma forma, ao di-
po, dobramos a quantidade de páginas impressas. Da minuir a velocidade mais tempo será necessário para fa-
mesma forma, se pararmos a impressora na metade de zer o mesmo trajeto.
um minuto, teremos a metade do número de impressões Confira a seguir uma aplicação de relação entre es-
esperadas. sas grandezas.
Agora, veremos com números a relação entre as João decidiu contar o tempo que levava indo de casa
duas grandezas. à escola de bicicleta com diferentes velocidades. Obser-
Em uma gráfica são feitas impressões de livros es- ve a sequência registrada.
colares. Em 2 horas, são realizadas 40 impressões. Em 3
horas, a mesma máquina produz mais 60 impressões, em
4 horas, 80 impressões, e, em 5 horas, 100 impressões. Tempo (min) 2 4 5 1
Tempo (horas) 2 3 4 5 Velocidade (m/s) 30 15 12 60
Impressões (número) 40 60 80 100
Podemos fazer a seguinte relação com os números
das sequências:
A constante de proporcionalidade entre as grande-
zas é encontrada pela razão entre o tempo de trabalho
da máquina e o número de cópias realizadas. Escrevendo como igualdade de razões, temos:
O quociente dessa sequência (1/20) recebe o nome Nesse exemplo, a sequência de tempo (2, 4, 5 e 1) é
de constante de proporcionalidade (k). inversamente proporcional à velocidade média pedalan-
O tempo de trabalho (2, 3, 4 e 5) é diretamente pro- do (30, 15, 12 e 60) e a constante de proporcionalidade
porcional ao número de cópias (40, 60, 80 e 100), pois ao (k) entre essas grandezas é 60.
dobrar o tempo de trabalho o número de cópias tam- Observe que quando um número de uma sequên-
bém dobra. cia dobra, o número da sequência correspondente reduz
pela metade.
Cálculo de grandeza diretamente proporcional
com regra de três. Cálculo de grandeza inversamente proporcional
Para calcular um valor desconhecido entre grande- com regra de três.
zas diretamente proporcionais, podemos usar a Regra de No exemplo do João indo de casa à escola de bici-
Três. cleta.
No exemplo anterior da gráfica, em 5 horas, quantos ↑ maior velocidade = ↓ menor tempo (grandezas in-
livros serão impressos? versas)
2 horas imprimem 40 livros Andando a 30 m/s João demora 2 min para chegar à
5 horas imprimem x livros escola. Se andar a 12 m/s, quanto tempo ele levará para
↑ mais horas de trabalho = ↑ mais livros impressos completar o percurso?
(grandezas diretas)
Escrevendo as proporções
Usando a propriedade fundamental das proporções, Como se trata de grandezas inversas, devemos in-
temos: verter uma razão.
Como havíamos visto na tabela, em 5 h, 100 livros Utilizando a propriedade fundamental das propor-
são impressos.
ções, multiplicamos cruzado.
Como vimos na tabela do exemplo, se João diminuir
Proporcionalidade inversa
a velocidade para 12 m/s, ele aumentará o tempo para
Duas grandezas são inversamente proporcionais
quando o aumento de uma implica na redução da ou- 5 min.
tra, ou seja, dobrando uma grandeza, a correspondente
reduz pela metade; triplicando uma grandeza, a outra Regra de Três Simples e Composta
reduz para terça parte... e assim por diante. A regra de três é um processo matemático para a
Graficamente a variação inversamente proporcional resolução de muitos problemas que envolvem duas ou
de uma grandeza em relação à outra forma uma hipér- mais grandezas diretamente ou inversamente pro-
bole, pois temos y = k/x, sendo k uma constante. porcionais.
Nesse sentido, na regra de três simples, é necessá-
rio que três valores sejam apresentados, para que assim,
descubra o quarto valor.
Em outras palavras, a regra de três permite descobrir
um valor não identificado, por meio de outros três.
A regra de três composta, por sua vez, permite des-
cobrir um valor a partir de três ou mais valores conhe-
cidos.
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Raciocínio Lógico-Matemático
Grandezas Inversamente Proporcionais Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e
Duas grandezas são inversamente proporcionais encontrar a seguinte expressão para o montante:
quando, o aumento de uma implica na redução da ou- A fórmula que encontramos é uma função afim, des-
tra. ta forma, o valor do montante cresce linearmente em
função do tempo.
Juros Simples e Compostos
Os juros simples e compostos são cálculos efetua- Exemplo
dos com o objetivo de corrigir os valores envolvidos nas Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$
transações financeiras, isto é, a correção que se faz ao 25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros
emprestar ou aplicar uma determinada quantia durante simples?
um período de tempo. Solução
O valor pago ou resgatado dependerá da taxa co- Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada
brada pela operação e do período que o dinheiro ficará no problema.
emprestado ou aplicado. Quanto maior a taxa e o tem- C = R$ 1 000,00
po, maior será este valor. J = R$ 25,00
t = 1 mês
Diferença entre juros simples e compostos i=?
Nos juros simples a correção é aplicada a cada perío- Agora que fizemos a identificação de todas as gran-
do e considera apenas o valor inicial. Nos juros compos- dezas, podemos substituir na fórmula dos juros:
tos a correção é feita em cima de valores já corrigidos.
Por isso, os juros compostos também são chamados Entretanto, observe que essa taxa é mensal, pois
de juros sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre usamos o período de 1 mês. Para encontrar a taxa anual
um valor que já foi corrigido. precisamos multiplicar esse valor por 12, assim temos:
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou i = 2,5.12= 30% ao ano
empréstimo a correção por juros compostos fará com
Fórmula de juros compostos
que o valor final a ser recebido ou pago seja maior que o
O montante capitalizado a juros compostos é en-
valor obtido com juros simples.
contrado aplicando a seguinte fórmula:
Sendo,
M: montante
C: capital
i: taxa de juros
t: período de tempo
Diferente dos juros simples, neste tipo de capitaliza-
ção, a fórmula para o cálculo do montante envolve uma
variação exponencial. Daí se explica que o valor final au-
mente consideravelmente para períodos maiores.
Exemplo
Calcule o montante produzido por R$ 2 000,00 apli-
cado à taxa de 4% ao trimestre, após um ano, no sistema
de juros compostos.
Diferença entre juros simples e compostos Solução
com o passar do tempo. Identificando as informações dadas, temos:
C = 2 000
A maioria das operações financeiras utiliza a corre- i = 4% ou 0,04 ao trimestre
ção pelo sistema de juros compostos. Os juros simples se t = 1 ano = 4 trimestres
restringem as operações de curto período. M=?
Substituindo esses valores na fórmula de juros com-
Fórmula de juros simples postos, temos:
Os juros simples são calculados aplicando a seguinte
fórmula: Observação: o resultado será tão melhor aproxima-
Sendo, do quanto o número de casas decimais utilizadas na po-
J: juros tência.
C: valor inicial da transação, chamado em matemáti- Portanto, ao final de um ano o montante será igual
ca financeira de capital a R$ 2 339,71.
i: taxa de juros (valor normalmente expresso em por-
centagem) Porcentagem
t: período da transação A Porcentagem ou Percentagem representa uma
Podemos ainda calcular o valor total que será resga- razão cujo denominador é igual a 100 e indica uma com-
tado (no caso de uma aplicação) ou o valor a ser quita- paração de uma parte com o todo.
do (no caso de um empréstimo) ao final de um período O símbolo % é usado para designar a porcentagem.
predeterminado. Um valor em porcentagem, pode ainda ser expresso na
Esse valor, chamado de montante, é igual a soma do forma de fração centesimal (denominador igual a 100)
capital com os juros, ou seja: ou como um número decimal.
57
Raciocínio Lógico-Matemático
Exemplo: Então é só resolver a seguinte equação:
Assim, 30% de 300 é igual a 90.
3) 90 corresponde a quanto por cento de 360?
Podemos resolver esse problema escrevendo na for-
ma de fração:
Ou ainda, podemos resolver usando regra de três:
Para facilitar o entendimento, veja a tabela abaixo:
Porcentagem Razão Centesimal Número Decimal
1% 1/100 0,01
5% 5/100 0,05
10% 10/100 0,1
120% 120/100 1,2
Desta forma, 90 corresponde a 25% de 360.13
250% 250/100 2,5
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Raciocínio Lógico-Matemático
Note que o conjunto de A {1, 2, 3, 4} são as entradas, Exemplo:
“multiplicar por 2” é a função e os valores de B {2, 4, 6,
8}, que se ligam aos elementos de A, são os valores de
saída.
Portanto, para essa função:
- O domínio é {1, 2, 3, 4}
- O contradomínio é {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
- O conjunto imagem é {2, 4, 6, 8}
Tipos de funções
As funções recebem classificações de acordo com Para a função acima:
suas propriedades. Confira a seguir os principais tipos. - O domínio é {-1, 1, 2, 4}
- O contradomínio é {2, 3, 5, 7}
Função sobrejetora - O conjunto imagem é {2, 3, 5, 7}
Na função sobrejetora o contradomínio é igual ao
conjunto imagem. Portanto, todo elemento de B é ima- Função inversa
gem de pelo menos um elemento de A. A função inversa é um tipo de função bijetora, por
isso é sobrejetora e injetora ao mesmo tempo.
Notação: f: A → B, ocorre a Im(f) = B
Através desse tipo de função é possível criar novas
Exemplo: funções ao inverter os elementos.
Função composta
A função composta é um tipo de função matemática
que combina duas ou mais variáveis.
Duas funções, f e g, podem ser representadas como
função composta por:
fog (x) = f(g(x))
gof (x) = g(f(x))
Função modular
A função modular associa elementos em módulos e
Para a função acima: seus números são sempre positivos.
- O domínio é {-4, -2, 2, 3}
- O contradomínio é {12, 4, 6} Função afim
- O conjunto imagem é {12, 4, 6} A função afim, também chamada de função do 1º
grau, apresenta uma taxa de crescimento e um termo
Função injetora constante.
Na função injetora todos os elementos de A pos- f(x) = ax + b
suem correspondentes distintos em B e nenhum dos a: coeficiente angular
elementos de A compartilham de uma mesma imagem b: coeficiente linear
em B. Entretanto, podem existir elementos em B que não
Função linear
estejam relacionados a nenhum elemento de A.
A função linear é um caso particular da função afim,
Exemplo: sendo definida como f(x) = ax.
Quando o valor do coeficiente (a) que acompanha o
x da função for igual a 1, a função linear é uma função
identidade.
Função quadrática
A função quadrática é também chamada de função
do 2º grau.
f(x) = ax2+ bx + c, sendo a ≠ 0
a, b e c: coeficientes da função polinomial de grau 2.
Para a função acima:
Função logarítmica
- O domínio é {0, 3, 5} A função logarítmica de base a é representada por
- O contradomínio é {1, 2, 5, 8} f(x) = loga x, sendo a real positivo e a ≠ 1.
- O conjunto imagem é {1, 5, 8} Ao invertermos a função logarítmica passamos a ter
uma função exponencial.
Função bijetora
Na função biejtora os conjuntos apresentam o mes- Função exponencial
mo número de elementos relacionados. Essa função A função exponencial apresenta uma variável no ex-
recebe esse nome por ser ao mesmo tempo injetora e poente e a base é sempre maior que zero e diferente de
sobrejetora. um.
f(x) = ax, sendo a > 0 e a ≠ 0
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Raciocínio Lógico-Matemático
Função polinomial
A função polinomial é definida por expressões polinomiais.
f(x) = an . xn + an – 1 . xn – 1 + ...+a2 . x2 + a1 . x + a0
an, an-1, ... , a2, a1, a0: números complexos
n: número inteiro
x: variável complexa
Funções trigonométricas
As funções trigonométricas estão relacionadas com as voltas no ciclo trigonométrico, como:
Função Seno: f(x) = sen x
Função Cosseno:f(x) = cos x
Função Tangente: f(x) = tg x
Para construir um gráfico, cada elemento x da função deve ser inserido no eixo horizontal (abcissas) e os elemen-
tos y são posicionados no eixo vertical (ordenadas).
Confira alguns exemplos de gráficos de funções.
Variáveis e Funções
Podemos designar função como uma relação entre dois conjuntos, representada por uma lei de formação, que
associa os valores de x e y. De acordo com a lei de formação, cada valor de y depende do valor de x, essa relação de
dependência é a principal característica de uma função. O estudo das funções exige conhecimentos básicos, que aju-
dam na interpretação de situações problemas e desenvolvimento de cálculos.
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Raciocínio Lógico-Matemático
Escala numérica real
Consiste em uma reta onde são representados por meio de pontos os números reais. Um número somente é re-
presentado por um único ponto e vice-versa. Os números positivos e negativos são representados em lados opostos,
em relação ao referencial 0 (zero). A distância entre os pontos numéricos e o 0 é determinada pelo módulo do número.
A direita do 0 estão situados todos os números em ordem crescente e a esquerda do 0, todos os números em ordem
decrescente.
Variável
É um símbolo representativo (incógnita) capaz de representar o número de um conjunto real. O conjunto destaca-
do é o campo ou domínio da incógnita. Veja os exemplos:
x é um produto na prateleira de um supermercado. O domínio de x pode ser o conjunto dos inteiros 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,
8, ..... 15.
x é um dia do mês de janeiro. O domínio é representado pelos números 1, 2, 3, 4, 5, 6, ..., 31.
x é a quantidade (em litros) de combustível de um tanque de automóvel que pode ser usado, cuja capacidade é de
60 litros. O domínio será 0 ≤ x ≤ 60.
Constante
Refere-se a uma determinada quantidade a qual o valor permanece inalterado num determinado problema. O
domínio de uma constante é meramente um número.
Para construir o gráfico de uma função f, basta atribuir valores do domínio à variável x e, usando a sentença ma-
temática que define a função, calcular os correspondentes valores da variável y.
Vamos construir o gráfico da função definida por y=x/2. Escolhemos alguns valores para o domínio, como por
exemplo D={2,4,6,8}. Agora calculamos os respectivos valores de y. Assim temos:
x=2 y=2/2 = 1
x=4 y=4/2 = 2
x=6 y=6/2 = 3
x=8 y=8/2 = 4
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Raciocínio Lógico-Matemático
O gráfico da função será uma reta que passará pelos quatro pontos encontrados. Basta traçar a reta, e o gráfico
estará construído.
Obs: para desenhar o gráfico de uma reta são necessários apenas dois pontos. No exemplo acima escolhemos 4
pontos, mas bastaria escolher dois elementos do domínio, encontrar suas imagens, e logo após traçar a reta que passa
por esses 2 pontos.
Função de 1º grau
A formação de uma função do 1º grau é expressa da seguinte forma: y = ax + b, onde a e b são números reais
e a é diferente de 0.
Consideremos x e y duas variáveis, sendo uma dependente da outra, isto é, para cada valor atribuído a x corres-
ponde um valor para y. Definimos essa dependência como função, nesse caso, y está em função de x. O conjunto de
valores conferidos a x deve ser chamado de domínio da função e os valores de y são a imagem da função.
Toda função é definida por uma lei de formação, no caso de uma função do 1º grau a lei de formação será a se-
guinte: y = ax + b, onde a e b são números reais e a ≠ 0.
Esse tipo de função deve ser dos Reais para os Reais.
A representação gráfica de uma função do 1º grau é uma reta. Analisando a lei de formação y = ax + b, notamos
a dependência entre x e y, e identificamos dois números: a e b. Eles são os coeficientes da função, o valor de a indica
se a função é crescente ou decrescente e o valor de b indica o ponto de intersecção da função com o eixo y no plano
cartesiano. Observe:
Função crescente: à medida que os valores de x aumentam, os valores correspondentes em y também aumentam.
Função decrescente: à medida que os valores de x aumentam, os valores correspondentes de y diminuem.
Exemplos de funções do 1º grau
y = 4x + 2, a = 4 e b = 2
y = 5x – 9, a = 5 e b = –9
y = – 2x + 10, a = – 2 e b = 10
y = 3x, a = 3 e b = 0
y = – 6x – 1, a = – 6 e b = – 1
y = – 7x + 7, a = –7 e b = 7
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Raciocínio Lógico-Matemático
Vamos determinar a raiz das funções a seguir: Função de segundo grau completa e incompleta
y = 4x + 2 Uma função de segundo grau pode ser classificada
y=0 como completa se todos os seus coeficientes (a, b e c)
4x + 2 = 0 forem diferentes de 0 (zero).
4x = –2 Exemplos:
x = –2/4 f(x) = 2x² + 2y+ 1 --> a = 2, b = 2 e c = 1
x = –1/2 f(x) = x² + 4y+ 6 --> a = 1, b = 4 e c = 6
A reta representada pela função y = 4x + 2 intersecta A função de segundo grau também pode ser
o eixo x no seguinte valor: –1/2 classificada como incompleta se um dos coeficientes, b
y = – 2x + 10 ou c, forem iguais a 0 (zero).
y=0 Exemplos:
– 2x + 10 = 0
f(x) = 2x² + 2 --> a = 2, b = 0 e c = 2
– 2x = – 10 (–1)
f(x) = 5x² --> a = 5, b = 0 e c = 0
2x = 10
x = 10/2
x=5 Gráfico da função de segundo grau
A representação gráfica da função de segundo grau
A reta representada pela função y = – 2x + 10 inter- é uma parábola. Se a > 0, a concavidade da parábola
secta o eixo x no seguinte valor: 5 estará voltada para cima e se a < 0, a concavidade da
y = – 7x + 7 parábola estará voltada para baixo.
y=0
–7x + 7 = 0
–7x = –7
x=1
A função de segundo grau é ordenada de forma Vértice - para identificar o valor do vértice deve-se
decrescente em relação aos seus expoentes. Confira as fórmulas abaixo:
como acontece a organização dela:
• f(x) = bx+ ax² + cx°: os expoentes que
acompanham a incógnita x são respectivamente: 1, 2 e 0;
• f(x) = ax² + bx + cxº=0: deve-se organizar
de forma decrescente os valores dos expoentes que Pontos do vértices
acompanham as incógnitas; Onde, = b² - 4ac e:
• f(x) = ax² + bx + c = 0: sabendo que qualquer
valor elevado ao expoente 0 (zero) é 1, temos cxº= c, De acordo com é possível prever em quantos
logo 1 = c. pontos o eixo x será interceptado:
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Raciocínio Lógico-Matemático
• Se > 0, a função tem duas raízes reais distintas e Funções crescentes
a parábola intercepta o eixo x em dois pontos diferentes; Um exemplo de função crescente é a função y = 4x
• Se = 0, a função tem duas raízes reais iguais e a + 5. Para perceber isso, observe a tabela a seguir:
parábola é tangente ao eixo x;
• Se < 0, a função não tem raízes reais e a parábola
não intercepta o eixo x;
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Raciocínio Lógico-Matemático
Quando uma função não é crescente nem decres-
cente, ou seja, quando a = 0, ela é uma função constan-
te. Sempre que aumentamos ou diminuímos o valor de
x, y permanece constante. O gráfico de um exemplo de
função constante é o seguinte:
y=2
Exemplo:
Mostre que a função y = – x é decrescente.
Para tanto, basta mostrar que, aumentando-se o va-
lor de x, o valor de y diminui. Escolheremos, para isso, os
valores x = 0 e x = 1. Observe:
Se x = 0, Observando o gráfico podemos identificar que os
y=–x=–0=0 pontos f(a) e f(b) são pontos de máximo local e f(0) é
Se x = 1, ponto de mínimo local.
y=–x=–1 Ainda mais, podemos dizer que o ponto f(b) é um
Observe que, aumentando-se uma unidade no valor máximo absoluto e f(0) é ponto de mínimo absoluto,
de x, o valor de y cai uma unidade; logo, a função é de-
pois f(b) é o maior valor de f e f(0) é o menor valor de f :
crescente.
.
Como identificar funções crescentes e decrescen-
tes sem cálculos Mas como encontrar estes pontos em uma função
Existe uma maneira de dizer se uma função do pri- qualquer que não se conheça o gráfico?
meiro grau é crescente ou decrescente sem fazer qual- Observamos que nos pontos de máximos e de míni-
quer cálculo. Para isso, basta observar o valor do coefi- mos de uma função com intervalos infinitos encontram-
ciente “a” da função. Esse coeficiente é proveniente da -se os pontos críticos (pontos de inflexão).
forma geral da função do primeiro grau: Assim, quando derivamos e igualamos a zero, en-
y = ax + b contram-se estes pontos, .
“a” é o número que multiplica a variável, e b é uma
constante. A regra para identificar se funções do primei- Cuidado: nem todo ponto de inflexão é um ponto
ro grau são crescentes ou não é a seguinte: de máximo ou mínimo, sempre faça o estudo do sinal da
Se a > 0, a função é crescente; função antes e depois dos pontos encontrados, pois o
Se a < 0, a função é decrescente. sinal deve mudar.
Veja o exemplo da função para o domí-
Vamos determinar se as funções a seguir são cres-
nio , na qual e onde en-
centes ou decrescentes.
a) y = 2x contramos , porém esta função é monótona cres-
Crescente, pois a = 2 > 0. cente (sempre crescente), não havendo troca de sinal em
b) y = – x 0. Logo, não há pontos de máximos e de mínimos.
Decrescente, pois a = – 1 < 0. Obs: quando temos uma função f continua em um
c) y = – 4x + 7 intervalo fechado, [a,b], então tem-se pontos de máxi-
Decrescente, pois a = – 4 < 0. mos ou mínimos locais em a e b, mas não necessaria-
d) y = 4x – 7 mente máximos ou mínimos absolutos.14
Crescente, pois a = 4 > 0. 14 Fonte:https://mundoeducacao.uol.com.br/https://www.somatematica.com.
br/https://www.dicasdecalculo.com.br/https://www.educamaisbrasil.com.br/
https://www.todamateria.com.br
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Raciocínio Lógico-Matemático
EXERCÍCIOS
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Raciocínio Lógico-Matemático
09. (CESPE/2017 – SEDF) Um levantamento selecionadas aleatoriamente 50 turmas. Em seguida,
estatístico, feito em determinada região do país, os entrevistadores aplicarão questionários para todos
mostrou que jovens com idades entre 4 e 17 anos os estudantes matriculados nessas 50 turmas.
assistem à televisão, em média, durante 6 horas por Com base nessas informações, julgue o seguinte
dia. A tabela a seguir apresenta outras estatísticas item.
produzidas por esse levantamento. A técnica de amostragem a ser empregada nesse es-
tudo deverá ser a da amostragem aleatória estratificada,
em que cada turma constitui um estrato de estudantes
do 5.º ano do ensino fundamental da rede pública do DF.
( ) Certo ( ) Errado
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Raciocínio Lógico-Matemático
Anotações
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