Fichamento Dos Textos de Apoio - Gabriel
Fichamento Dos Textos de Apoio - Gabriel
Fichamento Dos Textos de Apoio - Gabriel
DESCONHECIDA
SILVA, Dayse de Paula Marques da – UERJ GT: Gênero, Sexualidade e
Educação / n.23 Agência Financiadora: Sem Financiamento
Gênero e Sexualidade
Se, por um lado, esta citação insinua uma crítica à naturalidade do corpo através
da afirmação de variações culturais, por outro, ao final do trecho, a sexualidade é
reinscrita como um invariante histórico, uma entidade natural que perpassaria
todas as culturas ainda que se manifeste nestas de formas diferentes. Ainda que o
documento admita manifestações diversificadas da sexualidade, ele não
problematiza a categoria sexualidade sob o ponto de vista de sua constituição
histórica, da mesma forma que em relação a outras categorias, como
homossexualidade e heterossexualidade.
(ALTMANN, 2001, pág. 7. Texto PDF, Sciello)
Sou professora temporária há quase dez anos nas redes estadual e municipal. Já fiz
três concursos. Num deles, fiquei na 38ª colocação e só convocaram até a 33ª . Os
contratos são de no máximo 12 meses e todo ano é uma angústia esperar para ver
se vou pegar uma classe. E, quando isso acontece, o governo leva de dois a três
meses para fazer o primeiro pagamento. Deveríamos ter os mesmos benefícios que
os efetivos, afinal fazemos o mesmo trabalho que eles. O contratado também não
tem acesso aos cursos que os concursados podem fazer. E, sem uma remuneração
regular, como posso me programar para fazer uma boa capacitação? Os maiores
prejudicados nessa história toda acabam sendo os alunos
(Depoimento. Revista Nova Escola, Abril 2007. pág 33)
. Inúmeros fatores geram entraves no processo de educação sexual nas escolas. Entre
eles: discutir papeis de gênero e o sexo entre pessoas de gêneros afins, redesignação,
abuso sexual, estruturas sociais misóginas, hierarquização e outros fatores em uma
sociedade com raízes conservadoras. Além disso, há a delimitação sobre o espaço
escolar e familiar e até que ponto essa educação influencia ativamente nas relações
parentais. Também vale questionar até onde o professor pode transpassar suas
convicções sobre o tema em prol do ensino e se este o fará de maneira completa
. Elucidando as problemáticas, faz-se entender que o caminho melhor adequado para
saná-las é justamente através do estudo de gênero, não ignorando os princípios e
amarras impostas na relação identidade/expressão/performance, mas justamente se
aprofundando para que estas sejam questionadas, problematizadas e então
contribuam para a formação de um conhecimento capaz de destrinchar as
hierarquizações e promover a equidade. Sanando as dúvidas e entendendo as
cicatrizes históricas, é construído o entendimento das relações sexuais e afetivas
entre pessoas do mesmo gênero como direito inegociável, que diz respeito à vida
íntima de cada indivíduo
. Os campos de estudos de gênero somam ainda mais a esse tema, evidenciando o
corpo biológico como uma estrutura cuja definição não esgota as possibilidades
pretendidas pelo indivíduo.
. Uma proposta viável seria iniciar ao contrário do que é proposto nos PCN’s,
direcionando o primeiro contato para o gênero e não a sexualidade. Ao estabelecer o
conhecimento sobre as hierarquizações, a misoginia, as naturalizações estruturadas
nas culturas, falas, interpretações, por consequente o tema “sexualidade” seria
destrinchado com um olhar mais atento aos papeis propostos para cada lado. Esse
traçar metodológico também se estenderá a situações além da sala, como nas aulas
de educação física, por exemplo, onde serão propostos times mistos, visando a
compreensão das aptidões de cada aluno, sanando questões estruturais e
compreendendo as diferenças fisiologicamente, sem necessariamente apartar o aluno
e aluna da sua área de interesse (compreensão de como os corpos funcionam, quais
seus pontos sensíveis e não sensíveis, em quais este estabelece potência). Contudo,
essas premissas não devem ignorar as fluências orientadas pelos fatores fisiológicos.
. Tais informações acabam por criar um terreno turvo para o educador, sem um
devido norteamento de quais assuntos dessa problemática são de domínio público e
quais pertencem à intimidade do educando, inclusive no que se refere a própria
intimidade do professor
. Os PCNs, apontam uma alternativa para o cuidado com a “invasão” e exposição,
apenas quanto as crianças quando abordam o trato do corpo, não apresentando uma
“solução” para os adolescentes.
Nas atividades relacionadas com este bloco é importante que nenhum aluno se sinta
exposto diante dos demais. Um recurso possível para evitar que isso aconteça é o
da criação/adoção de um personagem imaginário pelo grupo de crianças. Por
intermédio deste personagem podem-se trabalhar dúvidas, medos, informações e
questões das crianças ligadas ao corpo, de forma a ninguém se sentir ameaçado ou
invadido em sua intimidade. Com relação à linguagem a ser utilizada para
designar partes do corpo, o mais indicado é acolher a linguagem utilizada pelas
crianças e apresentar as denominações correspondentes adotadas pela ciência (
PCNs – Orientação Sexual, pág.142).
. Embora as PCN’s avancem no que se refere a pluralizar a pauta, não deixando-a
apenas para os psicopedagogos, psicólogos e assistentes sociais. Por consequente,
faz-se necessário maior capacitação dos professores para essa modalidade de ensino
. Ainda com os devidos encaminhamentos, vale ressalvar que o tema “gênero” pode
ser considerado uma pauta muito contemporânea no campo da problematização.
Muitos juízos de valores estão arraigados e permeados em toda uma estrutura social,
tornando-os difíceis de mitigar. Relegar toda essa carga para um professor sem uma
orientação específica só gera ainda mais entraves ao processo
. É necessário entender as propostas das PCN’s como um avanço das pautas sociais
nas escolas, sendo enriquecedor para alunos e professores. Contudo, tal qual os
currículos em geral, essas propostas devem ser revistas, analisadas em seu cerne e
reformuladas de acordo com as necessidades apresentadas para que se estabeleçam
corretamente e alcancem o devido propósito: educar
O tema Orientação Sexual foi publicado junto com o tema Pluralidade Cultural, no
volume 10, apresentando um material bem mais reduzido, o que revela um
investimento maior no primeiro. De alguma forma, ele ficou associado ao tema
Pluralidade como se este fosse o tema principal, e a orientação sexual um
“subtítulo”, apesar do destaque na capa.