Ficha de Exercícios Hidra

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação á Distância

A Contribuição da Educação Ambiental na Exploração Sustentável dos Recursos


Florestais. Caso da Localidade de Maqueze (2020-2023)

Lemos Londone Patrício Selemane

Maputo, Março de 2024


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação á Distância

A Contribuição da Educação Ambiental na Exploração Sustentável dos Recursos


Florestais. Caso da Localidade de Maqueze (2020-2023)

Lemos Londone Patrício Selemane

Código: 708203397

Projecto de Monografia Científica a ser


submetido ao Centro de Ensino à Distância –
Universidade Católica de Moçambique,
como requisito parcial para a obtenção do
grau Académico de Licenciatura, em Ensino
de Geografia.
Supervisor: Joaquim Constantino

Maputo, Março de 2024


Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO........................................................................................3

1.1. Contextualização.................................................................................................4
1.2. Problematização......................................................................................................4
1.3. Delimitação do tema...............................................................................................5
Questões de Pesquisa.....................................................................................................6
1.4. Objectivos...............................................................................................................6
1.4.1. Objectivo Geral...............................................................................................6

1.4.2. Objectivos Específicos....................................................................................6

1.5. Hipóteses.................................................................................................................6
1.6. Justificativa.............................................................................................................7
1.7. Relevância do estudo (motivação e contributo)......................................................7
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA...............................................................9

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DOS


RECURSOS FLORÍSTICOS – UMA ABORDAGEM TEÓRICA..................................9

2.1. Definição de conceitos básicos...............................................................................9


2.1.1. Floresta............................................................................................................9

2.1.2. Exploração Florestal........................................................................................9

2.1.3. Desflorestamento.............................................................................................9

2.1.4. Educação ambiental.......................................................................................10

2.2. Educação Ambiental.............................................................................................10


2.2.1. Marcos temporais da Educação Ambiental...................................................11

2.3. Conferência Das Nações Unidas Sobre O Desenvolvimento Sustentável Chamada


.........................................................................................................................................15

2.4. Teoria do desenvolvimento sustentável................................................................15


2.5. Consciência ecológica e os limites do crescimento..............................................18
2.6. Conservação dos recursos florestais.....................................................................19
2.7. Importância dos recursos florestais.......................................................................20
2.8. Sociedade e Educação Ambiental.........................................................................20
2.9. Envolvimento das comunidades na gestão dos recursos florestais.......................22
2.10. Factores de Gestão dos Recursos Florestais.......................................................23

0
2.10.1. Fraca difusão de legislação de exploração florestal....................................23

2.10.2. Fraco envolvimento das comunidades locais..............................................24

2.11. Consequências da exploração dos recursos florestais.........................................25


2.11.1. Ambientais...................................................................................................25

2.11.2. Socioeconómicos.........................................................................................26

2.12. Descrição da área de estudo................................................................................26


2.12.1. Descrição física...........................................................................................26

2.12.2. Descrição sócio-económica.........................................................................27

2.12.2.1. Actividades económicas...........................................................................28

CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS.......................................................29

3.1. Descrição da Área do Estudo...................................................................................29

3.1.1. Distrito de Chibuto.............................................................................................29


3.2. Método de pesquisa..............................................................................................29
3.2.1. Tipo de pesquisa............................................................................................30

CAPÍTULO: IV CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES............................................33

4.1. Cronograma das actividades.................................................................................33


5.Considerações Finais....................................................................................................34

6.Referências Bibliográficas............................................................................................35

1
ĺndice de figuras

Figura 1: Exemplo de corte dos recursos naturais.............................................................6

2
ĺndice de tabelas

Tabela 1:Descrição da amostra........................................................................................32


Tabela 2:Cronograma das actividades.............................................................................33

3
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

No final do século XX e início do século XXI, a humanidade vivencia o fenómeno de


esgotamento dos recursos naturais e da degradação do meio ambiente, o que tem
levados vários intelectuais, ambientalistas, políticos e educadores a defenderem que esta
época é marcada por uma “crise ambiental” sem precedentes na história. Tal
entendimento tem fomentado a realização de Conferências sobre o Meio ambiente e
Desenvolvimento em várias partes do mundo, a exemplo de Tbilisi (1977), em que seus
integrantes defenderam propostas de viabilização, nos diversos países, de processos
educativos que relacionem Educação Ambiental e interdisciplinaridade.

As crises socio ambientais que têm afectado o mundo actual colocam em pauta, em
diversas conferências, congressos e encontros nacionais e internacionais, a necessidade
de repensar o modelo de crescimento convencional que dilapidou com os recursos
naturais e degradou parte substancial da natureza. Conforme se pode perceber, a
localidade de Maqueze também não foge a regra, por isso que o presente trabalho visa
analisar o contributo da Educação Ambiental na Exploração sustentável dos recursos
florestais.

Para a recolha de informações a presente pesquisa conta com uma série de métodos e
técnicas descritos na parte da metodologia do trabalho, dentre os quais salientamos a
técnica de pesquisa bibliográfica, a entrevista e a observação directa sendo que foi com
base nestes métodos e técnicas que foi possível colher dados que constituíram a presente
pesquisa.

Em termos estruturais o trabalho compreende três capítulos fundamentais: o primeiro


capítulo corresponde a parte introdutória onde se faz a delimitação do tema, a
problematização, a descrição das hipóteses, objectivos, e Metodologia do trabalho.

Desta forma, serão identificadas as principais causas das perdas de energia eléctrica na
região, bem como serão propostas estratégias para a mitigação das mesmas.

4
1.1. Contextualização

O presente trabalho é resultado da pesquisa levado a acabo como requisito para


obtenção do grau de licenciatura, o mesmo será factos reais vividos na localidade de
Maqueze, no distrito de Chibuto.

As terras da localidade de Maqueze, são cobertas por florestas. A exploração sustentável


desse acervo florestal é crucial para a comunidade de Maqueze por três motivos.
Primeiro, as florestas abrigam e sustentam centenas de pessoas na região em estudo,
inclusive muitas entre as mais pobres de Maqueze. Segundo, o desflorestamento
acarreta graves danos ambientais nos níveis locais e terceiro, a exploração comercial
dos produtos florestais, se feita de maneira controlada e sustentável, poderia contribuir
para o crescimento econômico da localidade de Maqueze. Em virtude das características
intrínsecas das florestas, a exploração sustentável constitui um desafio para aquela
comunidade.
Contudo, há necessidade de capacitar e munir de conhecimento a comunidade de
Maqueze de modo que, haja o uso sustentável e consciente dos recursos naturais sem
comprometer o bem-estar das gerações futuras.

1.2. Problematização

Na perspectiva de Chizzotti (2000):

A formulação do problema é uma fase complexa e laboriosa de análise


de teses pressupõe um inventário crítico do que se escreve e se pesquisa
sobre o problema. Uma análise dos resultados já alcançados, das
limitações subsistentes e das metodologias de investigação a fim de
definir um projecto de pesquisa pertinente e original, esclarecer
conceitos, delimitar o próprio problema e estabelecer as linhas gerais
do referencial teórico e metodológico de análise como as hipóteses
preliminares, (p.35).

5
Em todos os encontros internacionais, promovidos devido a crescente preocupação
ambiental, reforçou-se a ideia de que a educação para o ambiente deve ser uma
estratégia e uma prática social, não só por causa das ameaças que vem sofrendo o
planeta, mas também pela necessidade de preservar os recursos naturais para as
gerações futuras, tendo também a capacidade de análise das actuais tendências de
produção e consumo características do sistema económico dominante.

Figura 1: Exemplo de corte dos recursos naturais

Fonte: Acervo Pessoa (2023)

Actualmente verifica-se na comunidade de Maqueze, a exploração massiva dos recursos


florestais, sem a sua respectiva reposição, o que provoca a escassez dos mesmos nos
últimos anos. Para além do abate das árvores para o fabrico de carvão e lenha, nas
tambeiras é retirada a casca para extracção dos fios usados na construção de casas em
detrimento de arames. Faz-se, por conseguinte, o corte de certas plantas para aquisição
de estacas usadas para erguer-se infra-estruturas habitacionais. Portanto, diante do
problema constatado, deparamo-nos com a seguinte questão:

“Até que ponto a Educação Ambiental se configura como estratégia na contribuição


para a exploração sustentável dos recursos florestais na Localidade de Maqueze?”

1.3. Delimitação do tema

O Presente trabalho tem como tema: A contribuição da Educação Ambiental na


Exploração sustentável dos recursos florestais. A presente pesquisa será desenvolvida
na Localidade de Maqueze no Posto Administrativo de Alto Chagane, Distrito de
6
Chibuto. Especificamente iremos trabalhar com os recursos florestais que têm sido os
principais alvos na produção de carvão e de lenha por parte da população local. O
presente estudo insere-se no espaço compreendido entre 2020 a 2023

Questões de Pesquisa

 Qual é o envolvimento da comunidade de Maqueze na contribuição da educação


ambiental na exploração sustentável dos recursos florestais?
 Que importância tem a educação ambiental na exploração sustentável dos
recursos florestais?

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo Geral

 Compreender o contributo da Educação Ambiental na Exploração sustentável


dos recursos florestais na Localidade de Maqueze.

1.4.2. Objectivos Específicos

 Identificar as principais espécies florestais exploradas na produção de lenha e


carvão;
 Descrever as principais formas de exploração dos recursos florestais;
 Explicar a importância da Educação Ambiental como estratégia para a
exploração sustentável dos recursos florestais;
 Explicar a contribuição da Educação Ambiental na exploração sustentável dos
recursos florestais;e
 Propor algumas medidas visando uma gestão sustentável dos recursos florestais.

1.5. Hipóteses

Na esteira de Carvalho (2009)

Hipóteses são suposições colocadas como respostas possíveis e provisórias


para o problema de pesquisa. É um enunciado conjectural das relações entre
duas ou mais variáveis. São sentenças declarativas que relacionam de alguma
forma variáveis a variáveis, (p.124).

7
 Possivelmente a Educação Ambiental se sirva para consciencializar a
comunidade de Maqueze sobre o uso sustentável dos recursos naturais,
contribuindo deste modo para o desenvolvimento sustentável; e
 Provavelmente a falta de consciência ambiental na comunidade de Maqueze,
seja a principal causa da degradação ambiental que se verifica no local.

1.6. Justificativa

A presente pesquisa é subordinada ao tema “A contribuição da Educação ambiental na


exploração sustentável dos recursos florestais, sendo de maior importância para a
geografia visto que a forma como são explorados estes recursos levanta muita
inquietação no que diz respeito á sustentabilidade ambiental.

Ao decorrer do curso, serão aprofundados assuntos relevantes que dizem respeito às


formas do processo de gestão dos recursos florestais, que resultam a sustentabilidade.
Todavia, na localidade em causa verifica-se a não observância do cenário,
impressionando a autora a ter que desenvolver uma pesquisa conducente á minimização
do mesmo.

O autor por ser nativo do distrito onde está inserida a localidade em estudo, tem
observado o cenário das actividades feitas pelos exploradores florestais, e é de lamentar
que estes recursos estão no processo de extinção pois, é pouco notável a reposição das
espécies, o que implica a insustentabilidade da população local e até mesmo do distrito.

O principal interesse nesta pesquisa, é melhorar o processo de gestão dos recursos


florestais em Maqueze através de uma educação Ambiental, o que poderá favorecer no
melhoramento das condições de vida da própria comunidade e do meio ambiente visto
que, a maior parte depende destes para a sua sobrevivência, fazendo o corte das árvores
para o fabrico de carvão vegetal e combustível lenhoso para o seu uso como também
para a venda dos mesmos com objectivo de adquirir valores monetários para o auto-
sustento.

1.7. Relevância do estudo (motivação e contributo)


O Ministério da Terra e Ambiente deve contribuir para a difusão de conhecimentos
sociológicos e antropológicos, assim como capacitar as comunidades em matérias
ligadas a educação ambiental, de modo que as comunidades possam utilizarem os
recursos florestais na forma sustentável, pois o uso insustentável dos recursos pode

8
trazer vários problemas ligados aos fenómenos naturais tais como: ciclones,
aquecimento global, erosão entre outros. Neste âmbito, o trabalho que pretende-se
desenvolver permitirá constatações mais acertadas na concernente a contribuição da
educação ambiental na exploração sustentável dos recursos florestais na comunidade de
Maqueze. A pesquisa será igualmente relevante ao nível social e científico pois
permitirá com que haja uma explicação dos factores que motivam a iniciação na
contribuição da educação ambiental na exploração sustentável dos recursos florestais. O
estudo permitirá ainda uma observação e posterior análise do contexto das actividades
quotidianas da comunidade, a frequência de abate das árvores para a produção do
carvão para o uso doméstico e para a comercialização e as diversas consequências que
advêm do abete das árvores para a geração vindoura tanto para o meio ambiente.

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL DOS


RECURSOS FLORÍSTICOS – UMA ABORDAGEM TEÓRICA.

2.1. Definição de conceitos básicos

2.1.1. Floresta

De acordo com Dntf (2007) e Guambe (2013) sustentam que floresta é a cobertura
vegetal capaz de fornecer madeira ou produtos vegetais, albergar a fauna e exercer um
efeito directo ou indirecto sobre o solo, clima ou regime hídrico.
Para Knapic (1996) e Manusso (2011), salientam que a floresta é o conjunto de sistemas
biológicos, físicos e sociais.

A floresta constitui um conjunto de biomas. Entretanto, concordo com os autores, mas,


alio-me ao primeiro porque ele coloca os elementos constituintes da floresta claramente.

2.1.2. Exploração Florestal

A exploração florestal é entendida como um conjunto de medidas de operações ligadas


á extracção de produtos florestais designadamente abatem, transporte, serragem de
material lenhoso, extracção, secagem incluindo o fabrico de carvão. Ibid.

9
Em conformidade com Riem (2010) apud Guambe (2013), a exploração florestal
implica a retirada de material vegetal do local indicado.

Não concordo com Riem pelo facto dele só se limitar em dizer que a exploração
florestal é a retirada do material no local, isto é, não explica exactamente o que acontece
nessa retirada. Portanto, o meu voto vai para (Knapic) por ter ido para mais além
designando as formas de extracção. Neste sentido, um indivíduo que encontra ramo de
uma árvore no chão e levar consigo podemos dizer também que extraiu, todavia, é
preciso que coloquemos balizas no que pretendemos.

2.1.3. Desflorestamento

Segundo Dos Muchangos (1999) e Manusso (2011), desflorestamento é destruição ou


abate indiscriminado de matas e florestas sem a reposição devida.

Segundo Ombe e Pessane (2014), desflorestamento é destruição em grande escala das


matas concretamente refere-se a provocada ela acção humana, para explorar da madeira
ou destinado a superfície florestal a fins como cultivos agrícolas, pecuária, exploração
mineral ou urbanização de regiões entre outros.

Ambos afirmam que desflorestamento é a destruição das matas ou floresta para


realização de várias actividades, onde se destaca o homem como activo nessa
actividade. No entanto, voltam a divergir porque o primeiro só se limita na
classitficação das actividades que levam ao desflorestamento e o último salienta que não
é o abate, mas sim a falta da reposição devida.

2.1.4. Educação ambiental

De acordo com a Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental,


realizada em 1977 em Tbilisi, Geórgia (ex. URSS) a educação ambiental é considerada
um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do
meio ambiente e adquirem os conhecimentos, os valores, as habilidades, as experiências
e a determinação que os tomam aptos a agir individual e coletivamente para resolver
problemas ambientais presentes e futuros (Dias, 1992, p. 99).

Dias (1994) refere que a educação ambiental foi definida como uma dimensão dada ao
conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos
do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação activa e
10
responsável de cada indivíduo e da colectividade. Essa definição é adoptada no Brasil e
pela maioria dos países membros da Organização das Nações Unidas-ONU (p.123).

Como dizia Dias (1994), a educação ambiental se caracteriza por incorporar as


dimensões sociais, políticas, económicas, culturais, ecológicas e éticas, o que significa
que ao tratar de qualquer problema ambiental, deve-se considerar todas as dimensões. E
continua o autor..."a maior parte dos problemas ambientais tem suas raízes na miséria,
que por sua vez é gerada por políticas e problemas económicos concentradores de
riqueza e responsáveis pelo desemprego e degradação ambientar.

2.2. Educação Ambiental

A Educação Ambiental Inamb (1989):


“é um processo de formação contínua (que deve continuar após o fim da
escolaridade) onde os conhecimentos, competências e motivações
conduzem a um sentido de participação e empenhamento capazes de
contribuir para a resolução dos graves e complexos problemas,
desequilíbrios ambientais, esgotamento de recursos de um mundo em
rápida transformação, no sentido de defender, preservar e melhorar a
qualidade ambiental, (p.21).
E podemos ainda acrescentar que, segundo Fernandes (1990:21):
“A Educação Ambiental não é uma nova educação. Ela é,
certamente, uma forma diferente e uma filosofia diferente para
uma confrontação com o sistema, tendo em vista a busca de uma
acção racional que salve e garanta a existência de um futuro
viável para esse mesmo sistema. Ela é, também, o empreender,
com um espírito novo, a construção de uma comunidade de
espíritos, sem precedentes, capazes de integrar harmoniosamente
o ecossistema humano no conjunto dos ecossistemas terrestre
(…)”.

Atendendo a que a Educação Ambiental é um direito que assiste a cada um de nós, cabe
assim a cada Estado criar as condições necessárias para uma apropriada implementação,
no sentido de não ignorar as potencialidades da EA bem como a própria renovação
curricular.

11
No entanto, podemos constatar que essa implementação tem ficado aquém da
expectativa, pois as escolas tratam a EA como um tópico isolado e marginal na
escolaridade, independentemente dos acordos internacionais que atrás destacámos, bem
como o discurso dos governos (Almeida, 2007).

2.2.1. Marcos temporais da Educação Ambiental

Foi no seio da antiga União Internacional para a Protecção da Natureza (UIPN),


actualmente designada União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN),
por ocasião da conferência realizada em Paris, em 1948 que o conceito Educação
Ambiental foi utilizado pela primeira vez (Palmer, 1998; Teixeira, 2003). Desde essa
altura vários foram os eventos que marcaram os passos relevantes na trajectória da EA
contemporânea:

2.2.1.1.A década 1960

A década 1960 foi conhecida pelos conflitos ente preservacionistas e


desenvolvimentistas. O debate, iniciou-se com a publicação do livro Primavera
silenciosa de Rachel Corsoneme1962 que trouxe um alerta sobre a utilização de
pesticidas na agricultura.

1968 – Conferência da Biosfera (Paris) foi uma das primeiras reuniões internacionais
sobre o ambiente. Fundou-se o Clube de Roma, uma organização independente sem fins
lucrativos em que participaram cientistas, políticos e empresários com o objectivo de
discutir e analisar os imites do crescimento económico as custas do uso crescente dos
recursos naturais.

1972 – Conferência de Estocolmo (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio


Humano), foi a primeira conferência mundial sobre o Meio Ambiente, organizada pelas
Nações Unidas- ONU em que se recomendaram medidas relativas à educação ambiental
e não apenas aos problemas ambientais. Dentro dos princípios da Declaração do
Ambiente, apresentava-se uma referência constitutiva para a EA – Princípio 19º:

“É essencial ministrar o ensino, em matérias de ambiente, à juventude


assim como aos adultos, tendo em devida consideração os menos
favorecidos, com o fim de criar as bases que permitam esclarecer a

12
opinião pública e dar aos indivíduos, às empresas e às colectividades o
sentido das suas responsabilidades no que respeita à protecção e
melhoria do ambiente, em toda a sua dimensão humana.”

Nesta Conferência foi decidida a criação do Programa de Ambiente das Nações Unidas
(UNEP) Alves, (1998) e Alberto (2001), para informar e formar os responsáveis pela
gestão ambiental.

1975 – Conferência de Belgrado sistematiza e impõe o conceito EA. Deste Seminário


saiu a Carta de Belgrado, a qual apela para um novo conceito de desenvolvimento, mais
de acordo com o meio ambiente, de acordo com cada região, tendo em vista erradicar as
causas básicas de pobreza, o analfabetismo e a exploração, entre outras; critica o
crescimento do consumo e incita a universalizar uma ética mais humana. Atendendo a
estes factores constata-se que a educação é de uma importância capital. Uma das metas
da EA incluídas nesta carta é a seguinte (Gaudiano, 2005, p.33):

“Conseguir que a população mundial tome consciência do Meio


ambiente e se interesse por ele e pelos problemas ligados a ele e que
conte com os conhecimentos, aptidões, atitudes, motivações e desejo
necessários para trabalhar, individual e colectivamente na procura de
soluções para os problemas actuais e para prevenir os que possam
aparecer posteriormente.”

Nesta conferência desenvolveram-se importantes metodologias para a implementação


da Educação Ambiental, como intercâmbio de informação e elaboração de materiais
didácticos (Alberto, 2001).

1977 – Conferência de Tbilissi, procurou definir o que é uma política de Ambiente,


bem como o conceito e a forma de realizar a educação para o Ambiente. Segundo
definido nesta conferência, a educação ambiental deverá ter em conta seis grandes
dimensões (Pereira, 2002, p. 153):

1. Consciencialização – promover a sensibilização para o ambiente e os seus problemas.


2. Conhecimento – adquirir uma compreensão fundamentada do ambiente global, dos
problemas dele dependente, da presença humana nesse ambiente, da responsabilidade e
do papel crítico que cabe a cada indivíduo.

13
3. Atitudes – adquirir valores sociais relativos ao ambiente, motivação para participar na
sua protecção e na sua melhoria, assim como na gestão racional dos seus recursos.
4. Competências – adquirir competências necessárias para a procura de soluções para os
problemas do ambiente.
5. Avaliação – adquirir capacidades para avaliar as medidas em matéria de ambiente,
em função de factores ecológicos, políticos, económicos, sociais e estéticos.
6. Participação – desenvolver o sentido da responsabilidade e promover o
envolvimento activo na implementação de medidas apropriadas para resolver os
problemas do ambiente.

Esta conferência considerou “o ambiente como a totalidade dos aspectos naturais e


humanos; daqui resulta que a Educação Ambiental tem de ser determinante nas
práticas educativas, e orientada para a prevenção e resolução dos problemas concretos
do ambiente; tem de ter uma perspectiva interdisciplinar e também a participação
activa de cada indivíduo e da sociedade” (Conf. De Tbliss, 1997, in Azevedo,
2001:46).

1980 – A UICN trouxe a público The World Conservation Strategy (Estratégia Mundial
para a Conservação), onde além do levantamento dos principais problemas ambientais,
se aponta para uma Educação Ambiental como indispensável para a mudança de
comportamentos da Humanidade para com a natureza, de acordo com uma nova ética
relativamente às plantas, aos animais e à própria Humanidade (Esteves, 1998).

1987 – Conferência de Moscovo também conhecido por Tbilissi PlusTen (Dez anos
após Tbilissi), defendia que a EA deveria preocupar-se tanto com a promoção da
consciencialização e transmissão de informações, como com o desenvolvimento de
hábitos e habilidades, promoção de valores, estabelecimento de critérios e padrões e
orientações para a resolução de problemas e tomada de decisões (Pedrini, 1997).

São estabelecidas as prioridades da EA para a Década de 90: acesso à informação;


desenvolvimento da investigação e experimentação; desenvolvimento curricular
adequado e elaboração de materiais didácticos; formação inicial e contínua de
formadores; formação profissional e técnica; informação e sensibilização do cidadão;
incorporação da dimensão ambiental no ensino universitário; formação de especialistas
e cooperação regional e internacional que conduz a uma optimização dos resultados
(Alves, 1998).

14
Ainda neste ano foi lançado o relatório Brundtland O nosso futuro comum pela
Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento, criada e presidida pela
primeira ministra da Noruega Gró Harlem Brundtland. Este relatório engloba um
conjunto de preocupações, desafios e esforços relacionados com a implementação de
um desenvolvimento sustentável que e aquele que atende as necessidades do presente
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas
necessidades. O objectivo deste relatório consistia em (Brundtland, 1997):

“Propor estratégias ambientais de longo prazo para se obter um


desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 e daí em diante;
recomendar maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se
traduza em maior cooperação entre os países em desenvolvimento e
entre países em estágios diferentes de desenvolvimento económico e
social e leve à consecução de objectivos comuns e interligados que
considerem as inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e
desenvolvimento”.

Esta visão deixa claro que não existe um limite mínimo para o bem-estar da sociedade,
mas que há também um limite máximo para a utilização dos recursos naturais de modo
que sejam a preservados.

Este relatório desenvolve-se essencialmente em torno de duas questões: (i) quais as


problemáticas ambientais que mais afectam o mundo (ex. aumento demográfico,
desenvolvimento energético, desaparecimento de espécies e ecossistemas, entre outros)
e (ii) quais as soluções que se podem encontrar para diminuir o impacto negativo da
degradação ambiental (Esteves, 1998).

2.3. Conferência Das Nações Unidas Sobre O Desenvolvimento Sustentável


Chamada
Ainda em 2002 houve a segunda conferência das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento Sustentável chamada Rio+20 que constituiu a segunda etapa da
cúpula da terra (ECO-92), ocorreu na cidade do Rio de Janeiro. Nesta conferência
participaram líderes dos 193 países que fazem parte da ONU, cujo objectivo foi renovar
e reafirmar a participação dos líderes dos países com relação ao Desenvolvimento
Sustentável no planeta Terra.

15
A Rio+20 teve dois temas principais: A economia verde no contexto do
Desenvolvimento Sustentável e a erradicação da pobreza e a estrutura institucional para
o Desenvolvimento sustentável (Janis Elisa Ruppenthal).

2005 – Protocolo de Quioto (Japão), assinado por 115 Países, (com excepção dos
EUA), e cujo objectivo é lutar contra as alterações climáticas através de uma acção
internacional de redução das emissões de determinados gases com efeito de estufa
responsáveis pelo aquecimento global (Machado, 2006).

2005-2014 – Decénio das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento


Sustentável – esse decénio consagra e reforça o desenvolvimento sustentável como
“finalidade da humanidade” e o papel da educação como “meio de execução” de um
programa político, globalizado e globalizante (Gaudiano, 2005).

2.4. Teoria do desenvolvimento sustentável

Mueller foi um dos primeiros autores a focalizar a questão do meio ambiente. Num
primeiro trabalho, “As contas nacionais e os custos ambientais da actividade
económica” (Mueller, 1995), debate a questão do meio ambiente em relação ao sistema
de contas nacionais. Num trabalho posterior, "Economia ambiental na perspectiva do
mundo industrializado: uma avaliação da economia ambiental neoclássica”, Mueller
sugere uma versão estilizada e simplificada de como o desenvolvimento deve se
apresentar para ser sustentável económica, social e ambientalmente.

Muller (1996) destaca que os argumentos com os quais o raciocínio anterior se


justificava eram limitados em relação ao ecossistema, às demandas de matérias e de
energia do sistema econômico, bem como às suas emissões de resíduos e rejeitos. Por
isso, o autor identifica que os estudos da economia ambiental neoclássica se basearam
em dois ramos principais, a teoria da poluição e as teorias dos recursos naturais (p.27).

A primeira teoria analisa os problemas decorrentes do despejo no ecossistema de


rejeitos pelo processo de produção e de consumo. A segunda diz respeito à extração,
pelo sistema económico, de recursos naturais do ecossistema. Ambas estão voltadas
para responder qual é o padrão óptimo de uso de recursos naturais, o que deve guiar o
emprego ótimo de tais recursos, qual é a taxa óptima de redução de recursos não-
renováveis e se os recursos naturais podem estabelecer limites físicos ao crescimento
económico.

16
A abordagem de Mueller sobre o desenvolvimento sustentável por meio da teoria
neoclássica enfoca principalmente os problemas ambientais decorrentes do crescimento
económico e, dessa forma, discute como preservar esses recursos para que os mesmos
sejam sustentáveis. Quanto às questões sociais, na conclusão do seu estudo, Mueller
argumenta que "essa é uma questão resolvida há muito tempo pelo pensamento
neoclássico.

O autor afirma que para os membros radicais da escola neoclássica, a economia deve
concentrar-se no estudo da eficiência na alocação de recursos, pois os problemas de
distribuição de renda e riqueza são províncias de outras disciplinas. Para Mueller, essa
teoria prioriza, implicitamente, o requisito da manutenção ou da ampliação do bem-estar
da geração presente que habita as economias de mercado do primeiro mundo.

Na percepção do autor, algumas correntes sobre o desenvolvimento sustentável


enfatizam a manutenção do bem-estar dos países ricos no presente, outras dão
prioridade ao bem-estar dos actuais habitantes dos países pobres, e, ainda, há outras que
centram suas preocupações no bem-estar enquanto sobrevivência das gerações futuras,
numa perspectiva de longuíssimo prazo.

Porém, ele acredita que o desenvolvimento deve assegurar, simultaneamente, pelo


menos, a manutenção do bem-estar da actual geração que habita os países
industrializados, uma considerável elevação do bem-estar da geração presente que
habita os países pobres e, por último, a manutenção ou a ampliação do bem-estar das
gerações futuras.

Em outro artigo de Mueller (1999), “Economia, entropia e sustentabilidade: abordagem


e visões de futuro da economia da sobrevivência”, ele examina a economia da
sobrevivência, que dá ênfase a preservação das oportunidades das gerações futuras e
tem como base a segunda lei da termodinâmica, que é a lei da entropia4. Conforme
Mueller, na visão da economia da sobrevivência, se os actuais padrões de expansão
económica forem mantidos, a humanidade enfrentará rápida redução de recursos
naturais vitais, como também uma extensa destruição de espécies e perigosa
acumulação no ecossistema de dejectos tóxicos.

Segundo Mueller (1999) a ideia de que a qualidade do meio ambiente vai assumir
importância quando a população atingir um padrão de vida mais elevado pode ser
rejeitada, baseando-se no que Arrow acreditava: ainda que o crescimento econômico
17
possa estar associado a melhorias em alguns indicadores ambientais, isso não garante
uma melhoria ambiental generalizada, não impede o efeito de seus impactos no meio,
além do facto de que não existe base de recursos no globo terrestre capaz de sustenta-lo
indefinidamente.

Outra autora que destacamos é Corazza (2000), a qual se refere especificamente à


economia do meio ambiente, que tem sua origem no início do século XX, com raízes
firmadas na economia do bem-estar (The Economics of Welfare, de Pigou). Em termos
gerais, o estudo de Corazza analisa o uso dos recursos naturais, com enfoque nas
externalidades e considera a natureza como um bem público. Nessa linha de
pensamento, identificamos também o estudo de Ramos (1996), “Qualidade do meio
ambiente e falhas do mercado”, no qual ele evidencia a qualidade do meio ambiente
como um bem público, ressaltando que a alocação desse bem não pode ser deixada
apenas ao funcionamento do mercado.

Em relação ao desenvolvimento sustentável, Corazza (2000) afirma ser “uma expressão


que anuncia um pretendido conceito e oculta profundo desacordo pois, em uma
perspectiva económica ele exige a manutenção do bem-estar económico das gerações
futuras e isto requer invariabilidade do capital através do tempo” (p.254).

Em estudo mais recente, a mesma autora aborda a questão do meio ambiente e a


adopção de tecnologias limpas. Nesse trabalho, Corazza discute como conseguir atingir
o “óptimo de Pareto”, sabendo-se que a ocorrência de externalidades impede o alcance
do ponto de equilíbrio. Corazza (2003) afirma que os problemas ambientais surgem
como insuficiência ou falhas no sistema de mercado em alcançar o estado social óptimo.

Observando a produção de Corazza, pode-se perceber que se trata de um enfoque


extremamente voltado para as questões ambientais, quais sejam, a poluição, a protecção
do meio ambiente e a utilização dos recursos naturais, em resumo, o estado social
óptimo ou de bem-estar associado ao meio ambiente e sua preservação.

No estudo realizado por Norgaard (1997), “Economicismo, ambientalismo e economia


ecológica”, o autor verifica qual dos argumentos, economicismo ou ambientalismo, é
mais compatível com a teoria económica para analisar as questões ambientais. O autor
afirma que entre os dois conceitos, o economicismo é o ideal, pois apresenta um
processo de definição das possibilidades de economia ecológica capaz de resolver os
conflitos ambientais e económicos.
18
O estudo de Norgaard é voltado especificamente ao factor ambiental, ele não discute o
significado do conceito de desenvolvimento sustentável, nem a questão social. Outros
estudos que fixam suas análises apenas na questão ambiental são os que direccionam a
abordagem somente em algum elemento do meio ambiente, como exemplo a água.

2.5. Consciência ecológica e os limites do crescimento

O forte crescimento económico, que mediou o período entre a Segunda Guerra Mundial
e os anos sessenta, alicerçou-se num contínuo e crescente consumo de energia e
matérias-primas. Até então poucos duvidaram se as reservas de alguns recursos-chave
do desenvolvimento permitiriam ou não sustentar, no futuro, os padrões de crescimento.
Esta questão começa a surgir e toma visibilidade com o denominado Clube de Roma,
em 1970. Este grupo, ainda antes do choque petrolífero, colocou o problema do rápido
depauperamento dos recursos naturais, que a curto prazo comprometeria o crescimento
económico.

Em 1972, a publicação da obra Thelimits to growth, defende esta tese e faz um alerta
especial para os recursos energéticos e para o facto dos próprios recursos renováveis se
poderem tornar esgotáveis, para além de um determinado limite de utilização (Faucheux
e Noël, 1995). Nesta década, as previsões feitas, conjugadas com as sucessivas subidas
do preço do petróleo, que mergulharam o Mundo numa crise energética com graves
consequências económicas, demonstraram a fragilidade e mesmo a possibilidade de
colapso do sistema económico, em situações de dificuldade de abastecimento dos
mercados.

Saliente-se, ainda, que o sistema económico, que nos proporciona todos os bens e
serviços, é suportado pelos sistemas ecológicos. Por conseguinte, além de preservar os
recursos é urgente assegurar a manutenção do regular funcionamento da biosfera. Tal
implica ter em conta que a própria extracção dos recursos e os processos industriais que
os transformam em bens de consumo, pressupõem a libertação de inúmeros poluentes.
Estes bens, no fim do seu ciclo de vida útil, são restituídos ao ambiente sob a forma de
resíduos.

O fabrico e deposição destes produtos interferem com a biosfera e os seus efeitos podem
originar a destruição de ecossistemas detentores de grande valia em termos de
biodiversidade, comprometer a sustentabilidade ambiental e mesmo a qualidade de vida
das populações. Também a capacidade de carga dos sistemas naturais, em termos de
19
poluentes, tem um limite que não deve ser ultrapassado, sob pena de pôr em causa a
própria sobrevivência do Homem na Terra.

Aos Estudos de Viabilidade Técnica e às Análises de Custo-Benefício, que verificam os


projectos do ponto de vista, respectivamente, da engenharia e dos custos, juntou-se a
componente relativa aos valores ambientais e aos efeitos negativos dos projectos. Neste
período, também as imagens da Terra obtidas nas viagens espaciais, evidenciaram a
reduzida dimensão do nosso Planeta relativamente ao espaço exterior e alertaram, ainda
mais, para a necessidade de encontrar uma escala adequada para o desenvolvimento,
consentânea com os recursos existentes e com a preservação do ambiente da nossa casa
comum que é a Terra.

2.6. Conservação dos recursos florestais

O conceito de conservação aplica-se à utilização racional de um recurso qualquer, de


modo a se obter um rendimento considerado bom, garantindo-se, entretanto, sua
renovação. Assim, por exemplo, a conservação do solo é compreendida como a sua
exploração agrícola, adoptando-se técnicas de protecção contra erosão e redução de
fertilidade. Analogamente, a conservação ambiental significa usar o meio ambiente,
dentro dos limites capazes de manter sua qualidade e seu equilíbrio, em níveis
aceitáveis.

Segundo Oliveira (1991), sustenta que, assim no caso vertente dos recursos florestais, a
conservação são práticas locais, que podem funcionar com base nos arranjos
institucionais e práticas de intervenção a nível do ecossistema florestal. Em instituições
locais correspondem a um conjunto de normas e costumes acreditadas e bem definidas
pelas comunidades locais e envolvem um conjunto de conhecimentos e experiência em
regras tradicionais de acesso, uso e maneio dos recursos florestais enquanto as práticas
de intervenção do ecossistema florestal (p.36).

2.7. Importância dos recursos florestais

As florestas são uma fonte infinita de recursos para o homem. Possuem uma série de
produtos que muitas vezes não são percebidos por nós, seres humanos. Esses produtos
são divididos em importantes benefícios directos e indirectos. Os benefícios directos são
considerados bens e se dividem em: Produtos madeireiros, Produtos não madeireiros,

20
Recreação e Turismo, Fontes de plantas medicinais, Áreas de pesquisa e Educação e,
Fonte de recursos genéticos.

Segundo Seling (2002), argumenta que com a produção de madeira (produção de bens
materiais), a floresta produz bens imateriais, que são conceituados como benefícios
indirectos. Alguns destes benefícios indirectos são: manutenção da fertilidade do solo e
reciclagem de nutrientes, protecção de bacias hidrográficas, redução da poluição do ar,
regulações climáticas, fixações de carbono e manutenção da biodiversidade (p.23).

2.8. Sociedade e Educação Ambiental

A questão ambiental vem sendo inserida nos diversos campos do conhecimento, ao


mesmo tempo, em que se torna uma preocupação de carácter eminentemente mundial
em decorrência dos problemas socio ambientais que afectam as sociedades. A visão de
progresso, adoptada pela humanidade nos últimos tempos, baseada no modelo
convencional de crescimento económico, provocou a utilização irracional dos recursos
naturais, comprometendo as gerações presentes e futuras, conduzindo a necessidade de
uma (re) orientação comportamental da humanidade em relação ao meio ambiente.

A maioria dos problemas ambientais vivenciados no século XXI é consequência de


nossas atitudes. Sendo assim, a crise ambiental de hoje, revela-se a “nós como um limite
no real, que resinifica e reorienta o curso da história: limite do crescimento económico e
populacional; limite dos desequilíbrios ecológicos e das capacidades de sustentação da
vida; limite da pobreza e da desigualdade social” (Leff, 2001, p.191).

Ao longo do tempo, a questão da sobrevivência humana esteve ligada aos recursos


existentes na natureza, mas o modelo de crescimento convencional baseado na
acumulação e concentração de capital, iniciado com o advento da Revolução Industrial
provocou a exploração dos recursos naturais de forma inadequada, retirando da natureza
muito além das necessidades humanas em favor do capitalismo que visa apenas o
processo de acumulação de capital. Tal procedimento tem provocando desequilíbrio na
relação do homem com o meio natural, degradando os ecossistemas e comprometendo a
qualidade de vida das populações em situação de riscos.

Ao abordar esta questão, Beck (1998) alerta que o desequilíbrio ambiental foi uma
construção do século XIX, em que o homem teve como finalidade dominar a natureza.
Naquele contexto, ela foi vista como um fenómeno externo e como uma fonte de
21
recursos inesgotáveis. Entretanto, no final do século XX, ocorreu uma mudança nessa
visão, porque a própria natureza passou a apresentar sinais de esgotamento. Sendo
assim, a natureza explorada passou a ser vista, sobretudo pelos educadores ambientais
como um fenómeno produzido pelas acções dos próprios homens.

O autor estudou a relação sociedade-natureza situando os efeitos da degradação


ambiental no cerne de uma teoria da modernidade, apresentando as características e os
perigos causados pelo processo de modernização e industrialização, enfocando,
sobretudo a maneira como esses processos modificaram a constituição da sociedade
industrial clássica que ocasionou os problemas socio ambientais.

Assim, ele compreendeu a sociedade de risco como “um estágio da modernidade em


que começam a tomar corpo às ameaças produzidas até então no caminho da sociedade
industrial. Isto levanta a questão da autolimitação daquele desenvolvimento, assim
como da tarefa de redeterminar os padrões (de responsabilidade, segurança, controle,
limitação do dano e distribuição das consequências do dano) atingidos até aquele
momento, levando em conta as ameaças potenciais” (Beck, 1998:17).

Sendo assim, a noção de “Sociedade de riscos” elaborada pelo autor, permite entender
que o contexto actual está marcado por uma natureza contaminada industrialmente,
deixando os seres vivos ameaçados e quase sem protecção. Tais ameaças decorrem de
um estilo de vida de uma época em que não foram respeitados os limites da natureza,
conduzindo os perigos produzidos pelas indústrias a se deslocarem por meio do vento e
da água, afectando os elementos naturais que são extremamente necessários à existência
de vida no planeta.

Diante do cenário de natureza contaminada pelas acções humanas, torna-se necessária a


construção de processos educativos informais e formais, que utilizem instrumentos e
materiais didácticos dinâmicos e relevantes, nas escolas que se encontram em situação
de risco ambiental, com capacidade para viabilizar um processo de Educação Ambiental
que possibilite mudanças de hábitos e costumes compatíveis com as necessidades das
comunidades, conforme recomendam as Conferências Mundiais sobre Meio Ambiente.

2.9. Envolvimento das comunidades na gestão dos recursos florestais

Segundo Cunha & Associações ou organizações não-governamentais ligadas aos


recursos florestais, ou ao desenvolvimento comunitário local; ainda de acordo com

22
Colchester, (2000), sustentam que, o envolvimento das comunidades locais na gestão
dos recursos florestais contribui não só para a sua conservação, mas também para a
protecção da fauna neles existentes. Em última análise, as comunidades beneficiam da
exploração sustentável dos seus recursos e assumem um papel privilegiado para ter
apoio quer do estado quer das ONG`s, o que poderá concorrer para a melhoria da
qualidade de vida das mesmas.

Na óptica de Oliveira (2004) as comunidades tradicionais têm-se preocupado em


transmitir seus conhecimentos a seus descendentes num processo de educação que
permeia as formas de agir, pensar, falar, correlacionar consigo e com outro, adquirindo
características únicas de cultura em relação a seu ambiente (p.13).

Às teorias acima mencionadas, associa-se a teoria de Castro (2002cit.em Loureiro2015),


que afirma que para avaliar o envolvimento das comunidades na gestão dos seus
próprios recursos é necessário aprofundar o conhecimento dos sistemas sociais, Pessoas
singulares ou colectivas com actividades ligadas aos recursos florestais; -Representantes
das comunidades locais (p.34).

Faz-se necessário o envolvimento das comunidades com a valorização dos


conhecimentos locais, justificando-se pelo facto de a conservação e regeneração das
florestas poderem reverter o processo generalizado de degradação ambiental em
pequenas diversas escalas, e poder contribuir de diversas formas para a manutenção das
condições ambientais necessárias à sobrevivência do homem.

Segundo Saket (1994:21), a gestão de recursos florestais, constituídos por igual o


envolvimento comunitário nos recursos florestais é feito pelo estabelecimento conselhos
locais de número de membros dos seguintes sectores: económicos e geográficos mais
amplos, dentro dos quais ela tem uma função nas características de exploração dos
recursos florestais. Desta teoria entende-se que, a utilização dos recursos florestais deve
ser estritamente sustentável, uma vez que pode estar a sustentabilidade da utilização da
floresta nativa ameaçada pelas queimadas, agricultura itinerante, corte de lenha e carvão
e licenças simples, observáveis nas florestas comunitárias.

2.10. Factores de Gestão dos Recursos Florestais

Serra (2006) explica que, as razões que explicam o fraco sucesso de implementação de
modelos de gestão dos recursos florestais têm sido de natureza diversa, mas que podem
23
ser sintetizadas em termos da situação política, económica e social desses países. Por
outro lado, a falta de conhecimentos sobre o funcionamento e os processos que ocorrem
nos ecossistemas tropicais torna mais difícil a elaboração de modelos mais adequados
para o uso dos recursos florestais. Assim podem se sintetizar os factores de gestão dos
recursos florestais em: Fraca consciência ambiental e da função ecológica dos recursos
florestais; etc (p.37).

2.10.1. Fraca difusão de legislação de exploração florestal

A gestão comunitária dos recursos naturais é suportada por um leque de regulamentos


descritos basicamente nas Leis de Terra, Florestas e Fauna Bravia e do Ambiente. Estas
apresentam as responsabilidades, direitos e deveres dos intervenientes na gestão dos
recursos florestais, constituindo aspectos que interferem no maneio comunitário dos
recursos florestais, a comunidade deve conhecer esses regulamentos para que possa
devidamente aplicá-los na defesa dos recursos florestais.

Segundo Serra (2008), explica que, a fraca disseminação da lei das Florestas e Fauna
Bravia, confirma a existência de lacunas no seio dos membros comunitários na gestão e
conservação dos recursos florestais; para a afirmação de atitudes e procedimentos legais
durante a realização das actividades. Esta situação constitui um factor de risco para o
sucesso das actividades de gestão. Este facto justifica-se pelo facto de a legislação é que
dita toda a forma de actuação e funções na gestão dos Recursos Naturais, ainda que se
admita a utilização de normas e práticas costumeiras na gestão, (p.363).

Portanto, o fraco conhecimento sobre a Lei do Ambiente e Regulamento de Florestas e


Fauna Bravia verificado na gestão e conservação dos recursos florestais, pode estar
ligado por um lado, ao baixo nível de escolaridade, e por outro, ao fraco
aprofundamento dos temas e conteúdos abordados com vista a capacitação para a
aplicação por parte dos membros.

2.10.2. Fraco envolvimento das comunidades locais

O fraco envolvimento das comunidades constitui um factor que agrega diversos factores
subsequentes no processo de gestão de recursos florestais tais como: descentralização
das responsabilidades, insuficiência de conhecimento e educação ambiental para além
de outros que mais adiante são mencionados e explicados.

24
Cunha e Almeida (20021), afiram que, como resultado da exploração excessiva dos
recursos florestais, extensas áreas ficam devastadas e desmatadas, reduzindo-se a
cobertura vegetal e consequentemente desertificação. Ainda de acordo com estes
autores, o desflorestamento que surge da exploração dos recursos florestais, tem
contribuído para privar o mundo de inúmeras espécies, destruindo o capital de
biodiversidade, e perdendo espécies com potenciais usos na medicina, agricultura e
indústria (p.19).

Os impactos ecológicos e ambientais da exploração florestal, manifestam-se na


degradação da qualidade da vegetação, perda de biodiversidade, danos à saúde dos
ecossistemas florestais, perda de habitats selvagens, poluição do ar, dos rios e estuários
e num retrocesso ecológico geral.

De acordo com a FAO (1995) o estudo da gestão local de florestas é indispensável para
a manutenção de qualquer projeto de sustentabilidade de florestas comunitárias. O
conhecimento tradicional do uso e gestão dos recursos florestais varia de lugar para
lugar, havendo necessidades de estudar o sistema de gestão destes recursos, (p.72).

2.11. Consequências da exploração dos recursos florestais

2.11.1. Ambientais

 Alteração do microclima e de solos


A exploração dos recursos florestais possui várias consequências ambientais
devastantes, estas afectam significativamente o clima, em parte, porque a floresta
desempenha um papel vital no ciclo da água, reciclando a chuva de volta às nuvens,
quando recebe precipitação. Assim, segundo Silva (1989cit.em Ferrara): o derrube de
árvores o arraste e a construção de estradas e trilhas de arraste são operações da
exploração florestal que reduzem, em primeira instância, a área da cobertura florestal
(p.104).

A dimensão da área aberta por essas actividades dependerá, sobretudo, da intensidade


de exploração e do seu planeamento e organização. A diminuição da cobertura florestal,
ou seja, a quantidade de áreas abertas no povoamento está directamente relacionada
com a intensidade de exploração, que pode ser expressa pelo volume ou número de
árvores extraídas, por hectare. a destruição das árvores, não só remove estes
“absorventes de carbono”, mas por adição, a queima e decomposição das árvores,
25
liberta ainda mais dióxido de carbono para a atmosfera, bem como metano, outro dos
gases principais, que contribuem para o efeito de estufa.

Para Ferrara (2009) a exploração dos recursos florestais envolve uma mudança drástica
nos microclimas. Por exemplo, se os arbustos e árvores são cortados, o sol do meio-dia
incidirá directamente no solo até agora com sombra; o solo tornar-se-á mais quente e
seco, os organismos que vivem no solo deslocam-se para evitar as condições mais
severas. Os impactos climáticos da desflorestação à escala local, meso-escala, e em
larga escala ficam demonstrados (p.13).

A diferença de radiação e balanço de energia, entre a floresta e arroteamento, produz


maiores temperaturas nas áreas arroteadas, particularmente na estação seca. Em áreas
onde houve uma grande desflorestação, fluxos maiores de calor sensível das áreas
arroteadas, produzem nas margens, camadas convectivas mais profundas, com
diferenças observáveis no coberto de nuvens, e sendo previsíveis circulações à meso-
escala.

 Degradação dos Recursos Pedológicos


A exploração dos recursos dita de uma forma geral a remoção da vegetação, onde a sua
intensificação contribui para a exposição da camada superfícies do solo ao vento e
chuva.

Para Cunha e Almeida (200) sustentam que, a erosão do solo tornou-se uma questão
importante, pois causa a lixiviação dos nutrientes, a possibilidade de desastres naturais
durante períodos de chuva intensa, ou até desertificação (p.21).

2.11.2. Socioeconómicos

Segundo Silva (1989) a manipulação e exploração dos recursos florestais feitas de


forma cuidadosa de acordo com as limitações impostas pelos elementos do meio
biofísico (vegetação, solo e clima), pode fornecer ganhos, tais como bens e serviços à
sociedade de forma sustentável. Interessa aqui referir que a exploração dos recursos
florestais de ponto de vista de natureza socioeconómica dita algumas consequências
para a vida das comunidades de que dela dependem (p.47).

A conservação e regeneração das florestas podem reverter o processo generalizado de


degradação ambiental em pequenas diversas escalas, e pode contribuir de diversas
formas para a manutenção das condições ambientais necessárias à sobrevivência do
26
homem, se essa reversão das mesmas for feita para as comunidades com maior
significância.

De acordo com Silva (1989), todas estas mudanças microclimáticas também trazem
mudanças ecológicas. O ecossistema está a ser alterado, na maioria dos casos,
adversamente. A partir dai, estes processos resultam não só, numa perda de
produtividade biológica, mas também, na degradação dos microclimas de superfície.
Fenómenos tais como o aquecimento global e o efeito de estufa, que têm a sua origem
na desflorestação e desertificação, entre muitas outras causas, são mais sérios, globais
em alcance, e, portanto, potencialmente mais ameaçadores.

2.12. Descrição da área de estudo

2.12.1. Descrição física

 Clima
Para Dos Muchangos (2005) a localidade de Maqueze é caracterizada por um clima
tropical húmido, com cerca 660 mm de precipitação média anual, tendo um período
seco no inverno que vai de Março a Outubro. Caracteriza-se ainda por registar
grandes variações pluviométricas ao longo do ano e a época chuvosa ocorre de
Novembro a Abril e constitui o período principal para a produção agrícola. Possui
temperaturas médias anuais de 23,5°C.

Devido a sua localização geográfica, é susceptível a calamidades tais como secas e


ciclones, sendo a mais frequente a seca. Encontra-se na zona de influência de sistemas
frontais e que transportam massas de ar polares marítimas que podem originar chuvas e
aguaceiros na época fresca, aguaceiros e trovoadas na época quente. A maioria da chuva
ocorre durante a estação quente, com o pico em Janeiro e Fevereiro.

 Vegetação

A localidade possui uma vegetação de savana decídua de miombo, com abundância os


cajueiros, espécie tipicamente dos solos arenosos, conforme diz Dos Muchangos (1999),
pelas tambeiras (vulgo ntsondzo), muito usadas em família como combustível lenhoso e
ainda pelos ecossistemas secos muito abundante, assim como a formação herbácea.

 Relevo e Solos

27
De acordo com a caracterização de Dos Muchangos (2005), a localidade de Maqueze
enquadra-se na classificação dos solos cinzentos-pardos e arenosos, são solos fáceis de
trabalhar, de cultivo intenso, principalmente para culturas muito resistentes, como a
mandioca. É uma área que não tem melhores condições de humidade, isto é, o solo tem
característica de fraca retenção de água facto que contribui bastante para maior
permeabilidade do solo (p.234).

Este facto provoca, por conseguinte, uma rápida humidade do solo, por infiltração e
elevada porosidade acelerando desta forma a evaporação, o que faz com que a
cobertura vegetal se torne sensível á estiagem. A área em estudo encontra-se num
relevo plano mas em alguns casos pode-se verificar áreas predominadas por dunas com
altitudes inferiores a 200m.

2.12.2. Descrição sócio-económica

 População
Em conformidade com o CENSO 2007 a localidade de Maqueze é constituída por cerca
de 8.220 habitantes, tendo, por conseguinte, uma densidade populacional de 21
habitantes por km². Na localidade de Maqueze a questão demográfica constitui um
aspecto importante para a formulação de políticas e programas sociais e económicas. As
estruturas económicas adoptadas ao longo tempo, assim como as diferentes estratégias
de desenvolvimento e dos factores políticos, influenciaram de forma preponderante no
tamanho e na composição da população local.

2.12.2.1. Actividades económicas

A actividade económica na localidade de Maqueze é fundamental para a sobrevivência


da população residente e para as localidades circunvizinhas.

 Agricultura
A maioria da população desta localidade se dedica a agricultura, constituindo assim o
maior potencial para as famílias apesar de apresentar baixa produtividade devido ao
baixo nível de conhecimentos técnicos, ausência de fornecimento de insumos agrícolas
melhorados, uso de tecnologias rudimentares, incidência de pragas e doenças nas
culturas, baixa fertilidade dos solos, escassez da chuva e as queimadas em suas
machambas. As principais culturas são a castanha, feijão nhemba, amendoim e a
mandioca.
28
 Pecuária
A criação de animais é um prestígio para as famílias, mas com pouco significado
comercial, visto que a criação é feita pelo sector familiar sendo o gado suíno e bovino.
Este último é destinado para a tração animal. Em muitas famílias os animais são usados
em momentos festivos, lobolo e missas a venda destes animais constitui último recurso
para os criadores, pois a produção é de baixa produtividade devido a falta de técnica de
produção.

 Comércio
No que concerne ao comércio, em épocas diferentes nota-se variados produtos ao longo
da estrada e de forma ambulatório como carvão, lenha (comércio permanente), mangas,
castanhas (partidas e a grosso), feijão Nhemba e Mafurra.

29
CAPÍTULO III: ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1. Descrição da Área do Estudo

Este estudo estará focalizado no distrito de Chibuto, na localidade de Maqueze.

3.1.1. Distrito de Chibuto

O distrito de Chibuto está situado na parte sul da província de Gaza, em Moçambique.


A sua sede é a cidade de Chibuto. Tem limites geográficos, a norte com o distrito
de Chigubo, a leste com o distrito de Manjacaze e com o distrito de Panda da província
de Inhambane, a sul com os distritos de Chongoene e Chokwé, e a oeste com os distritos
de Guijá.

O distrito de Chibuto tem uma superfície de 5 878 km² e uma população recenseada em
2017 de 222. 774 Habitantes, tendo como resultado uma densidade populacional de 29,3
habitantes/Km² e correspondendo a um aumento de 19,3% em relação aos 197.214
habitantes registados no Censo de 2007.

3.2. Método de pesquisa

Para o desenvolvimento deste trabalho será usado o método com a linha de abordagem
indutiva. Segundo Lakatos e Marconi (2017), indução é um processo mental por
intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-
se uma verdade geral ou universal.

Este método será útil para o desenvolvimento deste trabalho porque segue etapas que
serão uteis na elaboração do mesmo, dentre elas:

Colecta de informações a partir da observação rigorosa da natureza: esta etapa


compreende a observação do local presencialmente ou por meio de softwares (como é o
caso deste trabalho), extracção de coordenadas geográficas e o cálculo da distância entre
os pontos de estudo.

Colhidos os dados acima passa para a reunião, organização sistemática e racional dos
dados recolhidos, seguindo-se assim a formulação de hipóteses segundo a análise dos
dados recolhidos e por final por meio de cálculos e simulações do sistema, fazer a
comprovação das hipóteses levantadas.

30
3.2.1. Tipo de pesquisa

Segundo Lakatos e Marconi (2017), a pesquisa é um procedimento reflectivo


sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos factos ou dados, relações
ou leis, em qualquer campo do conhecimento. Com isso, as pesquisas podem ser
classificadas de ponto de vista da sua natureza, forma de abordagem do problema, dos
seus objectivos e do ponto de vista dos procedimentos técnicos.

A Pesquisa é qualitativa, de como nos mostra Appolinário (2006) é aquela que


normalmente prevê a colecta de dados através de interações sociais do pesquisador com
o fenómeno pesquisado e uma análise dos mesmos com base na hermenêutica do
próprio pesquisador e sem possibilidades de efectuar generalizações, (p.23).

É o tipo de pesquisa que valoriza o aspecto qualitativo dos fenômenos, a interpretação


dos fenômenos e atribuição dos significados. O tipo de pesquisa qualitativa não separa o
sujeito do objecto de pesquisa, este tipo de pesquisa relaciona-se com o presente
trabalho pelo facto de fazer o estudo da contribuição da educação ambiuental na
exploração sustentável dos recursos florestais, sem no entanto precisar os dados de
forma quantitativa.

3.2.1.1. Quanto a natureza

O este trabalho, quanto a natureza de pesquisa é considerado aplicada. De acordo com


Silva & Meneses (2001), pesquisa aplicada é aquela que objectiva gerar conhecimentos
para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos.

3.2.1.2. Quanto aos objectivos

A presente pesquisa quanto aos objectivos é uma pesquisa descritiva e exploratória.


Segundo Prodanov & Freitas (2013), na pesquisa descritiva, o pesquisador observa,
analisa e ordena os dados sem interferir neles, visando descrever as características de
uma determinada população ou fenómeno e procura descobrir a frequência com que um
facto ocorre, suas características e causas. E as pesquisas exploratórias têm por
finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que se pretende investigar e
assumem geralmente a forma de pesquisa bibliográfica.

Contudo, optou-se em usar o método descritivo, visto que ele parte da ideia de que as
rádios enlaces já são conhecidas, porém, o pesquisador vai descrever o objecto de forma

31
a ter uma nova versão na realidade da citação; e exploratório, porque visa fazer uma
sondagem e se familiarizar com o tema de estudo em apreço.

3.2.1.3. Método de procedimento para recolha de informação


 Pesquisa bibliográfica
Este método é considerado por Gil (2003), como sendo um apanhado geral sobre os
principais documentos e trabalhos realizados a respeito do tema escolhido, abordados
anteriormente por outros pesquisadores para a obtenção de dados para a pesquisa. Essa
bibliografia deve ser capaz de fornecer informações e contribuir com a pesquisa. Neste
caso, na operacionalização do presente método fizemos uma busca em obras literárias já
publicadas que versam sobre a educação ambiental; a exploração florestal e os impactos
sócio ambientais advindos da exploração florestal. Estas informações estão patentes na
parte da revisão da literatura e constituíram o suporte para a nossa pesquisa.

 Método de Observação

É um dos mais utilizados nas ciências sociais e apresenta alguns aspectos curiosos. Por
outro lado, pode ser considerado como o mais primitivo, e consequentemente o mais
impreciso. (Gil, 1999). Ora, este método permitiu uma observação directa da actual
situação das florestas na comunidade de Maqueze, a forma como as árvores estão a ser
exploradas e a finalidade dessa exploração, elementos estes que foram ilustrados sob
forma de imagens fotográficas que foram captadas no local em estudo.

3.2.1.4. Técnicas e instrumentos de pesquisa


Entrevista

Esta técnica foi usada para obter-se informações sobre a gestão dos recursos florestais,
onde mais do que ouvir entraremos em contacto directo com os entrevistados da área do
desflorestamento. Para Alves, Mazzotti (1999), Marconi e Lacatos (2009), a entrevista
pode ser de natureza interactiva, permite tratar de temas complexos, que dificilmente
poderiam ser investigados adequadamente através do questionário, explorando-os em
profundidade

3.2.1.5.Tratamento dos Dados


A análise dos dados qualitativos obtidos durante as entrevistas em profundidade será
feita através de leitura crítica. Por meio desta análise serão identificados os pontos que

32
mereceram uma maior atenção e que devem ser mais valorizados pelos gestores
ambientais em benefício da população local

Os dados quantitativos obtidos a partir da tabulação do questionário serão divididos e


analisados conforme a disposição do questionário, analisando-se primeiramente os
aspectos pertinentes ao perfil da população estudada.

3.2.1.6. Tamanho de amostra


Universo de pesquisa ou população, segundo Stevenson (1981), consiste no todo
pesquisado, do qual se extrai uma parcela que será examinada e que recebe o nome de
amostra. Como amostra para o nosso trabalho foram seleccionados 22 elementos
descriminados da seguinte maneira.

Entidade População Liderança local Técnico Distrital do MICOA

Sub-total 20 1 1

Total 22

Tabela 1:Descrição da amostra

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CAPÍTULO: IV CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES

4.1. Cronograma das actividades.

Actividade Mês
Junho Julho Agosto Setembro Outubro
Revisão Bibliográfica
Redação do projecto preliminar
Redação do projecto final
Elaboração dos instrumentos de
recolha de dados
Recolha dos dados
Análise dos dados
Redação do Trabalho final
Tabela 2:Cronograma das actividades.

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5.Considerações Finais

1. Intensificar a exploração do potencial de EA através da criação de intercâmbio de


trabalho conjunto e contínuo com foco na conservação dos ecossistemas locais. Para tal,
as partes envolvidas devem apresentar condições favoráveis à parceira, sendo uma
dessas condições garantir representatividade através de educadores ambientais, o que
vai culminar com a unificação de energias para a elaboração de projectos de EA na
busca de alternativas de subsistência.
2. Trabalhar no sentido de desenhar e implementar políticas e estratégias de governação
para o alívio da dependência dos recursos naturais pelas comunidades.
3. Continuar a explorar o potencial de EA, motivar a comunidade e intensificar as
acções de EA de campo e implementar novos métodos participativos focados na
construção de conhecimento e compartilha de experiência entre os membros da
comunidade, dentre os quais se encontra a criação de clubes e oficinas ambientais
divididos em faixas etárias, sendo liderados pelos nativos de Maqueze e orientados pelo
especialista do meio ambiente.
4.Contudo, a educação ambiental na comunidade de Maqueze tem sido um dos
instrumentos que as autoridades tem usado para a preservação das florestas e redução
dos impactos ambientais, sendo que este instrumento tem surtido efeitos positivos na
medida em que boa parte da população já aplica as estratégias ambientalmente
sustentáveis, o que contribui sobremaneira na regeneração de certas espécies e
reflorestamento local, mas há que reconhecer também que a educação ambiental desta
comunidade persiste como um desafio na medida em que existe os prevaricadores que
continuam destruindo florestas.

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6.Referências Bibliográficas

Barbosa, G. S. (2008). O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. Revista Visões, 4ª


Edição, Rio de Janeiro.

Baroni, M. (s.d). Ambiguidade e deficiências do conceito de desenvolvimento


sustentável. Revista de Administração Empresarial.

Cossa, L. J. (2004). Participação Comunitária na Gestão dos Recursos Naturais.


Estudo de Caso: Posto Administrativo de Cangalane (1995 á actualidade). Maputo.

Cunha, A. M., & Souza, G. Q. (acessado em 04/09/2017). O Conceito de Processo de


Trabalho para Alinhar Sistemas de Informação com os Objetivos das Organizações,
Rio de Janeiro, s/a. Recuperado de
http://www.modernizacao.mpf.mp.br/bpm/publicacoes/manual-de-gestao-por-
processos.pdf

Guambe, E. A. (2013). Uma Análise da Exploração Florestal de Mecruse em Memo.

Libâneo, J. C. A., & Serra (2006). Didáctica e a Aprendizagem do Pensar e do


Aprender: A teoria histórico-cultural da atividade e a contribuição de Vasili Davydov.
São Paulo.

Macarajá, Silva, & Stevenson (2012). A Educação Ambiental e a Educação Turística


no Ensino Fundamental, 12ª edição, Rio de Janeiro.

Manusso, M. P., & David (s.d). O impacto socioambiental do Desflorestamento.

Marconi, M., & Lakatos, E. (2007). Fundamentos da metodologia científica. 3. ed. São
Paulo: Atlas.

Moçambique. (2000). Regulamento do Decreto nº 15/2000 de 20 de Junho. Maputo.

Muchangos, A. D. (1992). Geografia Física de Moçambique. Livraria Universitária,


Maputo, 2005.

Mutombene. (2014). Recursos florestais é um ecossistema no qual as árvores ocupam


um lugar predominante. In Argola (2004).

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